Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Imunidade a vírus e bactérias No processo de resposta imune inata existem os receptores que são associados à detecção de PAMPs, basicamente os ácidos nucleicos. Apesar de existir vírus envelopado e não envelopado todos vírus possuem ácido nucleico (material genético) que pode ser detectado. Esse material genético pode ser reconhecido basicamente por dois tipos de receptores: do tipo Toll endossomais (detecta intracelular) e receptores semelhante a RIG (que detecta RNA viral). Dentre os receptores endossomais, o TLR3 detecta RNA de fita dupla, o TLR7 e TLR8 detectam RNA de fita simples e o TLR9 detecta DNA de fita dupla metilado. A detecção mediante TLR ativa via MyD88 resultando na ativação do fator de transcrição NF kappa beta levando à ativação de genes inflamatórios com produção de citocinas (TNF alfa, IL-1B e IL-6) e quimiocinas (CCL2, CXCL8…), além disso, produção de moléculas que adesão que aumentam a capacidade de adesão para a diapedese celular (integrinas, E-selectinas e P-selectinas) e moléculas co-estimulatórias (como CD80 e CD86). Dessa forma, esse processo culmina em um quadro de inflamação aguda que serve de estímulo para a geração de uma imunidade adaptativa. Além disso, quando mediado por outros receptores quinases como TRIF e IRAK, ocorre o estímulo de fatores de transcrição de IFN alfa beta que leva à ativação do estado antiviral. → Estado antiviral: é um mecanismo em que as células são estimuladas por proteínas antivirais a diminuírem seu metabolismo e expressão de receptores de superfície, para que haja menor possibilidade de penetração de um vírus e consequentemente diminuindo a capacidade e chances desse vírus se replicar. Em um processo de infecção viral, esse vírus se liga à superfície da membrana celular por meio de receptores podendo formar endossomos ou liberar o capsídeo no interior da célula com liberação do material genético no citoplasma da célula infectada. Quando ocorre a liberação do material genético viral para a replicação, esse material genético pode ser detectado por meio dos TLR ou por outros receptores RIG, MDA5, tipo DyN citoplasmáticos. A ativação desses receptores leva a uma cascata de sinalização intracelular que culmina na ativação de fatores de transcrição de IFN, fazendo com a célula expresse o IFN alfa beta e quimiocinas, citocinas pró inflamatórias. Os interferons possuem um papel importante na resposta imune inata. Existem dois tipos de IFN: IFN tipo 1 (alfa beta) e IFN tipo 2 (gamma). O IFN alfa tem estrutura proteica e é produzido por células infectadas e leucócitos em infecção viral de RNA dupla fita (vírus de RNa fita simples em algum momento da replicação vai expressar um DNa de fita dupla), assim como o IFN beta, porém a estrutura do IFN beta é uma glicoproteína e é produzido por fibroblastos. Quando ocorre a produção de IFN tipo 1 (alfa beta) estabelece-se o estado antiviral. Já o IFN gama é também uma glicoproteína, assim como o beta, mas são produzidos por linfócitos T e células NK ao reconhecerem mitógenos e antígenos via MHC e passam a ter função não no estado antiviral, mas sim, na modulação do sistema imune (ativação e estimulação de macrófagos, de células B para produção de IgG). Quando há uma célula infectada que produz IFN do tipo 1, esse IFN é capturado por células vizinhas não infectadas através de receptores para IFN e no interior dessa célula ocorre a ativação de várias vias, como o aumento do receptor de PK que gera ativação de RNA de dupla fita levando à fosforilação de fatores de transcrição EF2A que leva à inibição de sínteses proteicas virais e assim mesmo que haja a penetração de material genético viral não ocorrerá a replicação devida a não expressão de proteínas virais. Além disso, o IFN tipo 1 pode aumentar a sintetase de oligoA que também leva à ativação de RNA de dupla fita com produção de oligoA ativando RNAses (que detectam e degradam RNA) e se um vírus entrar nessa célula, essas RNAses rapidamente vão degradar o material genético viral. Ocorre também a ativação de casactas de proteínas GTPases que vão levar a uma multimerização de proteínas com uma diminuição de expressão gênica viral para montagem de vírus pela diminuição da capacidade energética para a célula produzir as proteínas necessárias para a montagem do vírus. Com tudo isso, mediante o IFN tipo 1, ocorre uma diminuição da capacidade do vírus se replicar nas células em estado antiviral. → Evasão de vírus ao IFN: alguns vírus são capazes de bloquear os receptores quinases PkR que induzem ao estado antiviral. Outros, são capazes de controlar os fatores de crescimento e de sinalização celular na tentativa de impedir o estado antiviral na célula. Por exemplo, o vírus da hepatite C produz proteínas capazes de se ligar a proteínas celulares fazendo com que a mitocôndria aumente sua produção energética e também possui a capacidade de produzir enzimas que fazem o bloqueio de proteínas para bloqueio do estado anti viral. Algumas proteínas ainda regulam a expressão de proteínas anti viral. Alguns outros vírus produzem proteínas que bloqueiam o reconhecimento pelos TLR3. Outro exemplo são os Pox vírus (varíola), os quais produzem receptores para IFN gama e IL-1 que bloqueiam no espaço extracelular o estado antiviral (impedindo que essas citocinas cheguem às células). → Vírus e células NK: as células NK ao detectar as células que estão infectadas com vírus liberam grânulos para a destruição dessas células infectadas. Uma célula normal, não infectada, constantemente apresenta MHC de classe 1 com peptídeos próprios e expressa constantemente, também, um ligante de ativação. A célula NK, por sua vez, possui um receptor inibitório e um receptor de ativação, o qual se liga ao ligante de ativação. Porém, com o reconhecimento do receptor inibitório da NK com o MHC de classe 1 não acontece a liberação de grânulos. Já as células infectadas com vírus passam a expressar menos MHC porque o vírus estimula a menor expressão de MHC, com menor reconhecimento por células de defesa TCD8. Contudo, quando o ligante de ativação se liga ao receptor de ativação da célula NK e não há estimulação do receptor de inibição por que não há MCH, a célula NK é estimulada e libera grânulos contra a célula destruindo-a. Além disso, as células Nk produzem citocinas importantes para o processo de resposta imune adaptativa (IFN gama) padrão Th1, estímulo de macrófagos, produzem também TNF alfa. Então, a resposta imune inata contra vírus é caracterizada por produção de IFN do tipo 1 relacionados com o estado antiviral e há também a ativação das células NK que também são importantes para o controle das infecções virais. Após 4 a 7 dias começa então a capacidade de detecção da imunidade adaptativa, por isso quando se faz diagnóstico de uma infecção viral por meio de testes de anticorpos deve se levar em conta o período até que a resposta adaptativa seja estimulada, não sendo correto fazer teste de anticorpos logo no início da infecção. No início de infecção viral o que dá para ser feito testes de detecção de proteínas virais, PCR. No caso da dengue, pode ser pedido teste NS1 (proteína não estrutural 1). No caso do coronavírus deve ser feito teste PCR-RT (como ele é vírus de RNA se faz a transcrição reversa e depois a amplificação do material genético) ou teste de procura de antígeno, porque se há infecção há a apresentação de antígeno. Ainda dentro da imunidade inata contra vírus, há diferentes mecanismos de evasão dessa resposta imune. Dentro da família dos Herpesvírus, há mecanismos de evasão bastantes estudados. Por exemplo, o herpes vírus simples são capazes de inibir a apresentação de antígeno, interferem na TAP (proteína que media a entrada de proteínas vindas do proteossomo para a entrada na fenda) e com isso impedem a expressão de proteínas virais como antígenos no MHC. Outro vírusdessa família é o citomegalovírus que inibem a apresentação de antígeno, removem moléculas de MHC de classe 1. Os Epstein-Barr também inibem a apresentação de antígenos e também da atividade do proteassomo. Apesar de os vírus serem muito pequenos eles ainda sofrem a ação do sistema complemento, principalmente para a inflamação mediante C3a e C5a e para a opsonização pelos depósitos de C3b e ligação de anticorpos. Além disso, a deposição de sistema complemento, por exemplo as manoses, receptores de lectina, podem se ligar a mais de um vírus formando agregação, o que impedem que o vírus possa penetrar nas células. Desse modo, o sistema complemento age de forma neutralizante aos vírus. Na opsonização as estruturas C3b podem ser reconhecidas por macrófagos e serem fagocitados. em menor efeito há também a lise viral pela formação de MAC com instabilidade da partícula viral e assim o vírus perde sua capacidade infectiva. Os vírus desenvolveram mecanismos de escape dentro das vias de ativação do sistema complemento. Quanto à via clássica há vírus que conseguem inibir a formação de C1 (como o citomegalovírus). Na via alternativa, na formação de C3bB é preciso o fator B e esse pode ser inibido por vírus como da família dos herpesvírus, vacin vírus (varíola), com bloqueio da cascata da via alternativa do sistema complemento. → Imunidade adquirida contra vírus: as APCs apresentam antígeno viral aos linfócitos TCD4 por meio de MHC classe 2 ativando-o a produzir IL-2 com retroalimentação e expansão clonal com formação de célula TCD efetora e TCD de memória. As células TCD8 também são ativadas via apresentação de antígenos pelas APCs, sofrem expansão clonal com formação TCD8 efetoras e TCD8 de memória. Esse processo ocorre também para as células B. Por isso, uma vacina que não produz grande quantidade de anticorpos ou depois de um tempo não há grande quantidade de anticorpos circulantes, não quer dizer que a vacina não é efetiva porque a vacina estimula a imunidade adaptativa por meio de células T também com memória celular e se entrar em contato novamente com o antígeno rapidamente se formam células T efetoras. As TCD4 fazem ativação de macrófagos, de estado inflamatório e a ativação de células B com produção de anticorpos (como é um segundo contato haverá produção de IgG de alta afinidade ao antígeno). As TCD8: citolíticas - que atuam na eliminação das células alvo infectadas e ativação de macrófagos). O que ocorre na imunossenescência é a perda mais rápida de células de memória, sendo o organismo mais idoso susceptíveis a infecções por uma resposta mais demorada ao antígeno. Quando um vírus infecta uma célula, as células dendríticas rapidamente capturam os vírus e migram para os vasos mais próximos para atingir a circulação linfática e atingir o linfonodo para apresentar os antígenos para as células T naive do linfonodo. O padrão de resposta para vírus é o padrão TH1 (patógeno intracelular) com estímulo de produção de IFN tipo 1 para esses linfócitos T que passam a produzir IL-2 com retroalimentação e polarização para padrão Th1 de resposta com produção de IFN gama que estimula ativação de macrófagos e estímulo de células B para produção de anticorpos principalmente da classe IgG. O macrófago pode apresentar antígenos aos linfócitos T ocorrendo uma ativação mútua, o macrófago estimula o linfócito T e o linfócito T estimula o macrófago (via clássica - M1) que passa a liberar citocinas recrutando leucócitos, neutrófilos e monócitos para a tentativa de eliminação do vírus mediante a grande quantidade de imunidade celular. Mas esses linfócitos T efetores se não forem estimulados pelos macrófagos (como no caso do final da infecção, não há mais infecção) esses linfócitos morrem. Isso é importante porque no caso de uma infecção resolvida não há antígeno a ser capturado pelos macrófagos e não há macrófagos para estimular o linfócito T o qual não é preciso mais e morre, sendo uma forma de regulação da resposta frente a uma infecção resolvida. → Imunidade adquirida humoral contra vírus: é estimulada via células T que estimulam células B a produzirem plasmócitos de vida curta que inicialmente produzem anticorpos de classe IgM. Esse estímulo constante e a apresentação de antígenos por células dendríticas foliculares residentes leva à produção de plasmócitos de vida longa que produzem grande quantidade anticorpos da classe IgM pentamérico, importante para a ativação de sistema complemento, e, depois, ocorre a troca de isotipo (troca de cadeia pesada gama) com produção de IgG e com o passar do tempo ocorre a maturação de afinidade em que os anticorpos com maior afinidade com o antígeno passam a ser mais produzidos e secretados. Esse estímulo das células dendríticas foliculares residentes também geram a produção de células B de memória de tudo que foi produzido, tendo memória de plasmócitos de vida curta, de plasmócitos de vida longa, de células B de alta afinidade. Por isso, em uma infecção secundária há a produção rápida de células B produtoras de anticorpos de alta afinidade (igG de alta afinidade). As células T naive passam a produzir anticorpos IgM e depois IgG, os quais tendem a baixar seus níveis. Isso não quer dizer que quando se baixam os níveis de anticorpos se perde a proteção e imunidade, pois ainda há as células de memória. As células de memória, quando há um segundo contato, reconhece o patógeno e passa a produzir uma grande quantidade de IgG específico. Apesar de tudo isso, os vírus também criaram mecanismos que permitem uma evasão à imunidade do hospedeiro. Um dos vírus que possui mecanismo grande de evasão é o da gripe e nos obriga anualmente a tomar vacina contra a gripe. Eles são vírus segmentados (8 segmentos) e podem ter dois processos: shift e drift (mutações pontuais e trocas de material genético). A troca de material genético propiciou a pandemia de gripe aviária (influenza H1N1), porque existem o influenza suína, aviária e a humana, sendo que o porco se infectou com mais de um vírus havendo trocas de segmentos gerando um vírus com fragmentos de genes de outros. Como os genes regulam a produção da estrutura das proteínas virais, esse novo vírus produziu uma estrutura diferente e nova ao organismo, que apesar de haver imunidade de memória e anticorpos contra o influenza humano, somos suscetíveis ao H1N1. Todo ano há a necessidade de produzir vacina com os vírus influenza circulantes do ano por causa dessa capacidade de troca de segmentos, variantes. Uma coisa importante de se falar sobre a imunidade adquirida humoral é a janela imunológica. Porque há um período de tempo até o reconhecimento da imunidade inata e ativação da imunidade adquirida e então a produção de anticorpos. A janela imunológica depende muito de vírus para vírus e da capacidade de estimulação do sistema imune. O vírus da dengue, por exemplo, exames de detecção de anticorpos podem ser feitos depois de 7 dias de infecção, para o coronavírus a partir do oitavo dia, para HIV entre 15 a 30 dias. Se forem feitos exames sorológicos de detecção de anticorpos dentro do período de janela imunológica, o resultado pode ser de um falso negativo. Qual a importância dos anticorpos (humoral) para as infecções virais? É importante porque os anticorpos são os neutralizantes, se ligam à partícula viral e impedem que o vírus se liga à célula impedindo sua replicação, visto que vírus é um parasita intracelular obrigatório. Como o vírus não consegue adentrar às células ele fica suscetível à fagocitose por opsonização, porque os macrófagos possuem receptores para a porção Fc dos anticorpos que estão ligados ao vírus, sendo ele um anticorpo neutralizante ou não. Além disso, os anticorpos ligados ao vírus podem ativar a via clássica ou alternativa do sistema complemento levando à lise do vírus. Se ocorrer de uma célula ser infectada,essa célula é capaz de expressar moléculas de proteínas virais (do envelope viral para que o vírus replicado possa sair da célula) que podem ser reconhecidas por anticorpos e sistema complemento. Os anticorpos ligados a essa célula infectada podem ser reconhecidos pelos macrófagos e NK que farão a lise celular dessa célula na tentativa de destruir esse vírus também (citotoxicidade mediada por anticorpos). Em casos de terapia com anticorpos, o funcionamento não é por meio de ativação da imunidade inata e depois da adaptativa com produção de anticorpos, esses anticorpos já vem prontos e justamente com a intenção de que eles façam a neutralização, opsonização e ative a citotoxicidade mediada. Contudo, a imunidade humoral pode desenvolver problemas como a formação de imunocomplexos. Quando há uma grande quantidade de vírus infectando os anticorpos se ligam formando os imunocomplexos, os anticorpos ligados ao vírus. Esse imunocomplexo quando passa pelo baço, os macrófagos residentes no baço deveriam reconhecer a porção Fc dos anticorpos e fagocitar esse imunocomplexo. Porém, em infecções virais crônicas como na hepatite C há a formação constante de produção de anticorpos e formação de imunocomplexo. Por mais que esses imunocomplexos possam ser fagocitados pelos macrófagos, em uma infecção crônica com o passar dos anos os imunocomplexos não removidos podem se depositar em glomérulos podendo gerar um processo inflamatório por ativação no glomérulo do sistema complemento porque a porção Fc dos anticorpos ligado ao vírus fica exposta. Com a inflamação pode ocorrer lesão do glomérulo com reparação de tecido com fibrose diminuindo a função glomerular levando a uma insuficiência renal. A imunidade adquirida celular contra vírus é semelhante ao já visto para outros microrganismos, mediante TCD8 que reconhece o MHC classe I que degranula e destrói a célula infectada por levá-la à apoptose. ⇒ Imunidade a bactérias extracelulares Imunologicamente a resposta imune inata a bactérias extracelulares é caracterizada por processos de reconhecimento de PAMPs (açúcares, LPS) por moléculas de reconhecimento presentes tanto em células imunológicas como outras células do tecido (Toll. NODs). A detecção dessas estruturas bacterianas leva à ativação de macrófagos e produção de citonas. Basicamente, as bactérias extracelulares vão estimular a migração de macrófagos e neutrófilos (ambas células fagocídicas, além disso o neutrófilo degranula e produz substâncias proteicas NETs que formam uma rede de captura). Essas duas células são praticamente a imunidade inata contra bactérias extracelulares. Além disso, há o sistema complemento ativado tanto pela via clássica (se já houver anticorpos) quanto pelas vias alternativa e das lectinas. Se pensarmos em um caso de infecção urinária, por exemplo, e for feito um exame de urina tipo I haverá, provavelmente, na contagem celular uma grande quantidade de leucócitos (migram para a região) e em um hemograma pode ocorrer um aumento de leucócitos (o organismo entende que se está ocorrendo uma infecção ele precisa aumentar o número de células capazes de controlar a infecção, sendo os neutrófilos, ocorrendo aumento de leucócitos com especificidade para neutrófilos: leucocitose com neutrofilia - podendo gerar desvio à esquerda por uma demanda muito grande de neutrófilos há uma grande produção de neutrófilos jovens, os bastonetes). A resposta celular contra bactérias se dá pela apresentação de antígenos pelas APCs às células T naive (TCD4) que se polariza para o padrão Th17 produzindo principalmente IL-17, IL-22, TNF e outras citocinas de inflamação, ocorre também a produção de IFN gama que ativa macrófagos para fagocitose e destruição bacteriana, assim como citocinas que ativam células B a produzirem anticorpos. Então, a resposta celular contra bactérias extracelular ativa padrão Th17, em que APCs apresentam antígenos por meio de MHC de classe I à células TCD4, o qual é estimulado pelas IL-1 e IL-6 das APCs e por TGF beta produzido por macrófagos. Esse estímulo faz no TCD4 a ativação de duas vias, a STAT3 e ROR gamaT, o que estimula que os TCD4 passem a produzir IL-21 que faz uma retroalimentação ativando esses TCD4 para o padrão Th17 com estímulo também da IL-23 produzida por APCs. A célula TCD4 em padrão Th17 passa a secretar IL-17 (aumento de quimiocinas, TNF, IL-1, IL-6 e fator de crescimento e diferenciação de neutrófilos) e IL-22 (faz com que células teciduais aumentem sua função de barreira) e as duas, a IL-17 e IL-22, fazem com que células epiteliais aumentem sua produção de defensinas e de peptídeos antimicrobianos. Efeitos prejudiciais da resposta imune às bactérias extracelulares. Um grande problema nessa resposta é a hiperexpressão de produção de citocinas podendo levar a um quadro bastante grave chamado de sepse. No processo de infecção há a produção de IL-1 beta, IL-6 e TNF alfa, os quais fazem efeitos importantes, agem sobre o fígado fazendo com que ele produza a PCR (proteína C reativa), ativam proteínas do sistema complemento, estimulam o endotélio da medula óssea a produzir maior número de neutrófilos e mobilização dos neutrófilos maduros para a corrente sanguínea. Além disso, essas IL também estimulam o hipotálamo a aumentar a temperatura corporal e a mobilização de proteínas e energia de músculo e gordura para esse aumento da temperatura corporal. Esse conjunto de processos fazem com que haja a diminuição da replicação bacteriana, maior processamento do antígeno, com resposta imune específica aumentada. O TNF estimula as células dendríticas à migrarem para o linfonodo e a maturação dando início à resposta imune adaptativa. Até esse ponto, são funções importantes para a resposta imune contra as bactérias extracelulares. Porém, se houver uma baixa quantidade de TNF a inflamação vai ser local, se houver uma produção mais elevada de TNF pode haver efeitos mais sistêmicos como a febre, a PCR e a migração de leucócitos (como dito acima), por se tratar então de uma infecção bacteriana mais severa. Contudo, se haver uma produção mais severa de TNF pode haver a condição de sepse levando ao choque séptico com bradicardia, baixa resistência periférica com aumento da possibilidade de formação de trombos, hipoglicemia e comprometimento hepáticos. Por exemplo, uma infecção urinária por E. coli ascendente, que chega aos rins, causando um quadro de pielonefrite. Sendo uma bactéria gram negativa, levará a uma liberação sistêmica de TNF alfa pelos macrófagos. Essa ativação de TNF alfa é tão grande que gera edema sistêmico que causa diminuição de volume sanguíneo, hipoproteinemia, neutropenia seguido por neutrofilia, o volume sanguíneo reduzido causa colapso de nervos, há eventos de coagulação intravascular disseminada que resulta em menor recepção de nutrientes e oxigênio pelos órgãos levando-os à falência (falência múltipla de órgãos) e morte do indivíduo. Por isso, as bactérias extracelulares mesmo que em maioria é de fácil controle inicial ou até pelo uso de antibióticos, se resultar em um processo de infecção maior pode gerar um grande comprometimento não somente por a bactéria em si, mas também pela resposta gerada contra ela de forma exacerbada. Além disso, há alguns efeitos prejudiciais da resposta imune às bactérias extracelulares relacionados com a ativação de receptores de células T para peptídeos ocorre a ativação de imunidade protetora com o reconhecimento pelo TCR do peptídeo o MHC. Porém, pode ocorrer a ligação do que se chama de super antígeno. Os superantígenos tem capacidade de estimular grandemente as células T com uma ativação policlonal de um grupo de células T chamado V-beta-3+. Quando isso acontece ocorre uma hiperexpressão de citocinas (tempestade de citocinas) que podem levar a um comprometimento sistêmico devido à ação dessa grande quantidade de citocinasleva a quadros semelhantes a quadros de sepse.Uma outra complicação relacionada às bactérias extracelulares é uma complicação tardia da resposta humoral, que está relacionada com o patógeno e também a suscetibilidade do hospedeiro. Um hospedeiro suscetível quando em contato repetidamente de infecções por Streptococcus do tipo A gera respostas imunes (acontece muito com infecções em valvas cardíacas). Eventualmente ocorre um evento precipitante que é uma infecção por uma cepa de Streptococcus do tipo A com fatores de virulência específicos e isso faz com que o sistema imune crie uma resposta específica para esse streptococcus do grupo A. Essa resposta imunológica grande cria um mimetismo molecular (a resposta acaba não sendo gerada só contra o patógeno, mas também contra moléculas do próprio hospedeiro), isso está relacionado com fatores genéticos pré dispostos no indivíduo. Isso é chamado de febres reumáticas agudas. Outro efeito prejudicial é a formação de depósitos de complexos ligados à essas bactérias que podem se depositar em vasos causando vasculite e também a possibilidade de desenvolvimento de gromerulonefrite. ⇒ Imunidade a bactérias intracelulares A imunidade vai acontecer muito semelhante a protozoários intracelulares e a vírus, porque o processo é também intracelular. A imunidade inata com ativação de macrófagos importantíssimos para a fagocitar essas bactérias quando estiverem fora das células, para a produção de IL-12 estimulando células T lá na adaptativa e dentro da inata estimulando células Nk que os co-estimula com IFN gama. Esses macrófagos na imunidade adaptativa estimula via IL-2 as células T a produzirem IFN gama para mais estimulação de macrófagos para tentar eliminar a infecção de células infectadas. Na imunidade inata há a importância da célula Nk que tem a capacidade de detectar um célula infectada por uma bactéria intracelular e levá-la à morte. As células NK estimulam macrófagos que fagocitaram bactérias através de IFN gama a produzirem mais reativos de oxigênio para levar à morte dessa bactéria intracelular no macrófago. As células NK reconhecem também células infectadas por meio do MHC de classe I ativando a degranulação e morte desta célula infectada. Os mácrofagos são importantes porque vão fagocitar as bactérias que ainda estão fora da célula e processá- la no fagolisossomo e com o estímulo de IFN gama vindo de células TCD4 ativas como por células NK passa a produzir mais reagentes de oxigênio (NO) para degradação dessa bactéria no fagolisossomo. Quando o macrófago não consegue destruir a bactéria (porque bactérias intracelulares são de difícil destruição por serem encapsuladas) ele apresenta os peptídeos para as células TCD8 que vão destruir esse macrófago e destruindo, assim, as bactérias que estão no interior desse macrófago. Como são de difícil destruição podem formar também os granulomas. O padrão de resposta contra organismos intracelulares é o padrão Th1 e para as bactérias intracelulares também. Com esse padrão há a produção do TNF alfa (proliferação e ativação de macrófagos) e IFN gama (aumento da produção de reativos de oxigênio pelos macrófagos). Eventualmente há a produção de um padrão regulatório Th2 com produção de IL-10, IL-4 e IL-13 inibindo a ativação clássica de padrão Th1 de macrófagos. Se houver maior tendência para o padrão Th2 pode haver a supressão da resposta celular e proliferação bacteriana, podendo ser visto isso na Hanseníase. Na hanseníase com padrão Th1 desenvolve hanseníase tuberculóide, se padrão Th1 defeituosa ou com polarização para padrão Th2 desenvolve hanseníase lepromatosa com maior número de lesões e altas contagens bacterianas por não haver macrófagos para a fagocitose da bactéria.
Compartilhar