Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Waleska – MED IX Características principais da resposta imune aos patógenos: * São mediadas por mecanismos da imunidade inata e adaptativa. *Dependendo do local onde está o patógeno, da morfologia, dos compostos imunogênicos que ele possui, temos uma resposta específica para este patógeno. *Ao mesmo tempo, temos alguns mecanismos de evasão, em que muitos agentes infecciosos desenvolveram com o objetivo de burlar os mecanismos imunes. Quanto aos processos patológicos gerados, é necessários compreender que: *Podem ser gerados pelo próprio patógeno, que está causando os processos de lesão no corpo. * Ou podem ser gerados pelo próprio sistema imune, que causa inflamação para combater o patógeno, formando lesões nos tecidos e dor. Bactérias - Os fatores de virulência são estruturas, produtos ou estratégias que as bactérias utilizam para “driblar” o sistema de defesa do hospedeiro e causar uma infecção. Eles interferem nesse processo de evasão da resposta imune. Temos: 1. Adesinas - moléculas envolvidas na adesão da bactéria ao hospedeiro aquelas que conseguem aderir ao hospedeiro têm uma taxa de sobrevida maior. 2. Cápsula - revestimento das bactérias, ricas em polissacarídeos que, como são hidrofílicos, aumentam a viscosidade ao redor de sua cápsula para proteger do encontro com proteínas do complemento e proteínas de anticorpos protege contra fagocitose e opsonização. 3. Exotoxinas - produtos secretados por bactérias. Ex. Estreptolisina O, toxina tetânica, toxina diftérica. 4. Endotoxinas – componentes das paredes dos patógenos. Um grande exemplo são os lipopolissacarídeos presentes na parede de gram negativas que são liberados quando há lise da bactéria. Como já vimos, os patógenos podem ser encontrados em diversos compartimentos do corpo, onde devem ser combatidos por diferentes mecanismos de defesa. Quase todos os patógenos têm uma fase extracelular, na qual são vulneráveis às células circulantes, às células da imunidade inata e aos anticorpos. Todos eles eliminam o microrganismo primariamente pela realização de sua fagocitose pelos fagócitos do sistema imune. A fase intracelular dos patógenos, principalmente dos vírus, não está acessível a estes mecanismos; em vez disso, a célula infectada é atacada pelas células NK ou pelas células TCD8+. A ativação dessas células pode induzir o macrófago a matar os patógenos que vivem dentro das vesículas macrofágicas. As infecções e as respostas imunes podem ser dividas em estágios. No primeiro, ocorre a adesão do microrganismo à mucosa ou ao epitélio. Se não há adesão, não há penetração. Assim, eles penetram através de pequenas lesões e feridas. Quando entram, procuram fugir da resposta imune inata local para se multiplicarem e depois se disseminarem pelo corpo. Essa disseminação pode ser: - Pelo próprio tecido - caminhando célula a célula - Pela via sanguínea - entra na circulação sanguínea e dissemina pelo corpo - Por vasos linfáticos - sendo que, nos vasos linfáticos, ele terá o contato com a imunidade adaptativa mais frequente, já que chegam aos órgãos linfoides secundários. É preciso entender que a disseminação pode acontecer de formas bem diferentes. Algumas bactérias nem chegam a penetrar no corpo, mas liberam exotoxinas ou endotoxinas que geram processos patológicos ao penetrarem no corpo Ex.: Corynebacterium diphtheriae (difteria), Clostridium Tetani (tétano). Outros patógenos penetrarão e serão opsonizados pelas células do sistema imune, que se disseminam para chegar até os órgãos linfoides e apresentar o patógeno. Todavia o patógeno usa mecanismos de fuga e consegue escapar, utilizando o sistema imunológico como “cavalo de Tróia” para disseminar pelo corpo (Por essa vocês não esperavam, ein?) Ex.: Mycobacterium leprae, Staphylococcus aureus. Ou seja, diferentes formas de disseminação! Bactérias extracelulares Quanto à imunidade inata: Temos a ativação do complemento, a fagocitose com a ativação da inflamação através do, a produção de quimiocinas e citocinas no intuito de aumentar o recrutamento de células para o local da inflamação e a produção de proteínas da fase aguda no sentido de melhorar a resposta imunológica e também sinalizar para o corpo que está ocorrendo algum problema. Nesse recrutamento, temos a ação de duas células: neutrófilos e monócitos (que serão transformados em macrófagos). Esses fagócitos têm espécies reativas de oxigênio (ROS) e oxido nítrico (NO) que eliminarão o patógeno. Além disso, existe uma concentração de macrófagos vigilantes embaixo dos tecidos normais (macrófagos teciduais) que estarão prontos para promover o processo de sinalização das primeiras citocinas. Por falar nelas, a TNF-alfa e a IL-6 atuarão no endotélio de forma sistêmica e no fígado para produção de PC-R, que ativa as proteínas do complemento. Essas citocinas terão efeito no hipotálamo gerando sinais de febre e atuarão nos vasos sanguíneos, aumentando a quantidade de selectinas e moléculas de adesão intracelular. Resposta imune a agentes infecciosos Waleska – MED IX Quanto à resposta imune adaptativa: Os anticorpos vão ter funções efetoras básicas (que nós já vimos) de: opsonização, neutralização, ativação do complemento, facilitação dos processos de fagocitose. Além disso. Temos as células T auxiliares liberando citocinas para aumentar a resposta de produção de anticorpos pelos linfócitos B. O IFN-gama, por exemplo, agem nos macrófagos aumentando os efeitos microbicidas dessas células. O TNF aumenta o recrutamento de fagócitos para o local da inflamação. A IL-17 age sobre queratinócitos para aumentar o fator estimulante de colônia, aumenta produções de células inflamatórias e aumenta o recrutamento pra esses locais. Nesse caso, o G-CSF vai estimular a produção de monócitos, mas em menores níveis do que acontece em GM-CSF, que vai estimular grandes quantidades de produção de neutrófilos. G-CSF Fator estimulante de colônia de granulócitos. GM-CSF Fator estimulante de colônia granulócito macrófago. Apesar de ter IL-17 (que polariza para a formação de Th17), as bactérias extracelulares ativam fortemente o sistema imune inato, que vai produzir grande quantidade de citocinas, principalmente IL-12, que polariza pra Th1. Bactérias intracelulares Quanto à imunidade inata: Aqui notamos a importância das citocinas IL-12 e IFN-y. Nesse processo as células apresentadoras de antígeno produzem citocinas como IL-12 que polariza a resposta do perfil Th1. Esse linfócito tem o IFN- y entre sua citocinas produzidas. O IFN-y, por sua vez, ativa os macrófagos com os efeitos microbicidas através do aumento da oxido nítrico sintase que vai aumentar espécies reativas de oxigênio e óxido nítrico. Como eu sei qual perfil de linfócito será estimulado? Depende do patógeno (É ele quem me diz quais citocinas serão estimuladas e assim qual perfil). Não tem a ver se o patógeno é intra ou extracelular, tem a ver com a característica do que o patógeno vai estimular. Se o patógeno estimula citocinas que polarizam para o perfil Th1, o linfócito vai polarizar para Th1, independente de onde ele esteja. É óbvio que a gente tem uma predisposição para esses patógenos extracelulares induzirem, no caso de bactérias, para o perfil Th1. Mas isso não significa que todos extracelulares induzirão Th1. Os fungos, em sua maioria, são extracelulares, mas polarizam para o perfil Th17. Lembrando que: IL-1 + IL-6 + TGF-B = Th17 IL-17, IL-22 IL-12 + IFN-Y = Th1 IFN- Y IL-4 = Th2 IL-4, IL-5, IL-13 Outra célula importante nesse processo são as células NK. Elas são ativadas pela citocinas IL-12 e TNF para manter a produção de IFN-γ (que vão aumentar a produção de espécies reativas do oxigênio nos macrófagos) antes de ser gerada uma resposta de Th1. As células NK, quando ativadas, induzirão a célulainfectada a apoptose. Isso se dá quando há a diminuição do reconhecimento dos sinais inibitórios, que é principalmente a presença de MHC na membrana ou o reconhecimento de moléculas indutoras de estresse, como MIC-A e MIC-B. Quanto à imunidade adaptativa: Já falamos um pouco no tópico anterior sobre a relação entre citocinas produzidas e polarização do linfócito T helper, então daremos continuidade. As bactérias que foram fagocitadas estimulam o IL-12 que vai polarizar TCD4 para o perfil Th1. Esse perfil produz IFN-y que age nos macrófagos fazendo que aumente a capacidade microbicida deles e também aumenta a capacidade de apresentação de antígeno. Esse aumento da capacidade de apresentação de antígeno está relacionado também com o aumento da produção de moléculas apresentadoras de antígenos como, por exemplo, MHC e também da quantidade de moléculas coestimulatórias. Dessa forma, as células conseguem apresentar de forma mais eficiente para os linfócitos TCD8, que farão a lise dessas células com a liberação de perforinas e granzimas gerando apoptose. O paciente pode eliminar o patógeno ou manter a infecção de forma contida (sem sintomas, mas vai ter alguma quantidade de patógeno circulando dentro dele). Isso acontece porque a bactéria já fagocitada produz substâncias que inibirão a fusão do vacúolo fagocítico com o lisossomo. Sem formação do fagolissomo, bactéria não morre. Assim, temos uma infecção persistente, com seguidos ciclos de necrose com destruição do tecido e reconstituição do tecido por tecido fribótico. Forma tuberculóide: - Paciente com baixos níveis de bactérias e de anticorpos circulando, após resposta do Th1. - As bactérias invadem as fibras nervosas para sobreviver a resposta imunológica destrói essas fibras nervosas fazendo com que a pessoa perca a sensibilidade no local (Lembra, no comecinho, quando falei que o próprio sistema imune pode causar o processo patológico?). Forma virchowiana: - O paciente desenvolve o perfil Th2, que não apresenta uma resposta tão boa quanto a do Th1, por isso não consegue conter a infecção. - proliferação excessiva da bactéria e níveis crescentes de Ac. - macrófagos cheios de parasitas, sem conseguir eliminar, já que o perfil Th2 não libera IFN-Y (que estimula ROS) assim como Th1. Mas, a maioria dos pacientes apresenta uma forma dimórfica. É uma forma intermediária entre as duas. Você não tem nem o padrão clínico totalmente tuberculóide, nem o padrão clínico totalmente virchowiano. Você vai ter um padrão intermediário entre esses dois. Isso mostra que a capacidade de polarizar para o perfil Th1 ou Th2 interfere diretamente na clínica desse paciente. Um outro exemplo Mycobacterium tuberculosis Agora, vamos entender como acontece com algumas bactérias: Mycobacterium leprae Waleska – MED IX acontece com o protozoário da Leishmaniose. Se o paciente produz uma resposta Th1, ele vai tender ao processo de recuperação ou manter as infecções de forma contida, principalmente aquelas infecções cutâneas em forma de botão, no caso da leishmaniose tegumentar. Se produz uma resposta Th2, Ele tem a forma disseminada da doença, onde a Leishmaniose se dissemina pelo corpo todo. Mecanismos patogênicos - Disseminação de endotoxinas que levam ao choque séptico ou através do superantígeno (proteína maior geralmente de vírus ou bactérias que não precisa fazer o processo de apresentação de antígeno, liga-se diretamente ao TCR pela via lateral) que ativa os linfócitos de forma inespecífica, fazendo com que eles se proliferem, liberem uma descarga de citocinas que geram um quadro de inflamação sistêmica – semelhante ao choque séptico. Enterotoxina estafilocócica, muito comum em intoxicações alimentares por alimentos contaminados. A toxina é muito comum em mulheres durante o processo de menstruação que não trocam os absorventes com frequência. - Mimetização de antígenos próprios – Os patógenos que tem proteínas muito semelhantes às proteínas do hospedeiro. Quando você gera uma resposta imunológica para esses antígenos do patógeno, como ele tem grande semelhança com os antígenos próprios, você tá gerando uma resposta contra os próprios antígenos. Então, você vai ter, nesse caso, um dos mecanismos que está envolvido com o processo de indução de autoimunidade. Streptococcus que tem antígenos muito semelhantes ao do miocárdio, então você gera resposta imune para estes streptococcus quando na verdade você tá gerando anticorpos para o miocárdio. A ativação do macrófago em resposta a micróbios intracelulares é capaz de causar lesão tecidual – Existe uma grande quantidade de antígeno em um local e o corpo não consegue eliminar a fonte desses antígenos. Então cria uma barreira ao redor desse local pra impedir que esses antígenos disseminem pelo corpo. Ao redor do local onde tem o patógeno, começa a colocar fibrina fazendo fibrose gerando estruturas que são os granulomas. Ex.: Esquistossomose - Como tem grande quantidade de ovos dos parasitos sendo eliminado, você recobre esses ovos com a fibrose, gerando esses granulomas, vai gerando massas e aumentando o volume do corpo. Evasão da resposta imunológica 1. Variação antigénica: diferentes patógenos de uma mesma espécie que produzem antígenos diferentes. Isso significa que ao gerar resposta imunológica para certo antígeno e se infectar posteriormente com a mesma bactéria que produz outro antígeno, ela vai conseguir fugir da resposta imunológica. Ex.: o Streptococcus pneumoniae possui 84 tipos. – As vacinas serão feitas apenas com os antígenos mais comuns na região. 2. Secreção tipo III: bactérias gram negativas injeta proteínas tóxicas dentro da célula do hospedeiro, e essas proteínas, induzem a célula à apoptose. Assim, quando o linfócito se aproxima, ela induz a morte dessa célula. Ex.: Pseudomonas. 3. Cápsula: as bactérias encapsuladas possuem uma cápsula muito rica de carboidratos que vai ser extremamente hidrofílica, causando uma viscosidade, que vai causar o impedimento dos processos de fagocitose, pois impede a opsonização e a ativação do complemento. Ex.: Haemophilus influenzae e a Neisseria meningitidis. 4. Alguns patógenos resistem à destruição por mecanismos de defesa ou se utilizam destes para a sua sobrevivência: - Micobacterium tuberculosis: vive no macrófago, evitando a fusão dos fagossomos com os lisossomos, protegendo-se do efeito do conteúdo lisossomal - Listeria monocitogenes: possui a proteína a imolisima, que causa lise na parede do vacúolo e que consegue fugir para o citoplasma, onde multiplica-se rapidamente, e espalha-se para células adjacentes, sem alcançar o meio extracelular - Treponema pallidum: evita o reconhecimento dos Acs por se recobrir com proteínas próprias do hospedeiro. - Algumas bactérias produzem ácido siálico, um ácido inibidor do complemento. Nós temos uma grande quantidade de ácido siálico na superfície celular. -Estafilococos: produz catalase que age inibindo o peróxido de hidrogênio. Então, ele acaba fugindo, neutralizando a formação de espécies reativas do oxigênio. Mecanismos patológicos indiretos - Doença do soro, onde você gera grande quantidade desses imunocomplexos. Se esses imunocomplexos não forem retirados nos processos de fagocitose, eles podem depositar nos rins, nos pequenos vasos, gerando uma da glomerulonefrite endotenite, - anticorpos anti-hospedeiro, como por exemplo a febre reumática e a anemia hemolítica. O Streptococcus pyogenes tem a proteína M, que é muito semelhante às proteínas, por exemplo, do tecido cardíaco, gerando uma reação cruzada, que causa os processos de quadro de febre reumática. - lesão tecidual devido à grande quantidade de disseminação de patógenos no tecido. Acontece a lise de uma grande quantidade do tecido coo uma resposta do sistema imune, como acontece,por exemplo, em uma hepatite. Fungos A resposta ao fungo depende da sua localização: se ele é intracelular ou extracelular. Primeiramente, os neutrófilos combatem de forma intensa e os macrófagos produzem espécies reativas de oxigênio e enzimas lisossomais que fazem a digestão dos fungos. Um dos mecanismos mais conhecidos que temos, está relacionado com os receptores dectinas. Esses receptores, quando reconhecem açúcares nos fungos, fazem o processo de sinalização via moléculas do inflamossomo e via moléculas de NFκB polarizando o linfócito para se tornar um Th17. Isso não quer dizer que não terá resposta Th1 Waleska – MED IX também combatendo o fungo, mas fungos têm a característica de polarizar para Th17 por ativar os receptores de dectina. Ativando o Th17, ele fará o seu papel efetor, do qual já falamos várias vezes: Produção de peptídeos antimicrobianos, principalmente na pele a no tecido de mucosa, estimulando a produção de catelecidinas, defensinas; Aumento de quimiotaxia de neutrófilos, por aumentar as quimiocinas que os recruta; Aumento de granulopoiese, por aumentar os fatores estimulantes de colônia. Pacientes Th2 são mais propensos a ter infecções mais severas com fungos porque polariza para um perfil mais anti-inflamatório, assim não geram respostas suficientes para combater. Existe também a interação de TCD4 e TCD8, principalmente na morte de fungos intracelulares. Temos a ação de anticorpos opsonizantes e da proteína C-reativa (PC-R), que reconhece porções de fosfocolina que estão nos fungos. Ela também mantém a ativação do complemento até ocorrer a produção de anticorpos. Vírus O corpo pode se defender contra a penetração do vírus ou contra as células que foram infectadas e passaram a funcionar como uma “fábrica” de novos vírus. Quanto à imunidade inata: Ao entrar na célula (ou seja: intracelular) o vírus ativa diferentes mecanismos, seja dentro do fagossomo através de receptores Toll-like das membranas endossomais ou através de receptores citoplasmáticos. Por exemplo, os receptores Tipo RIG, ao encontrarem RNA de fita dupla ou com fosforilações diferentes no citoplasma, sinaliza perigo. Ou quando receptores Tipo NOD encontram DNA citoplasmático (Lugar de DNA é dentro do núcleo né? Fora do núcleo indica problema!). Então, ativam os fatores de transcrição IRF, que agem no núcleo estimulando a produção de IFN- e IFN- β – citocinas que estimulam o ESTADO ANTIVIRAL. Estado Antiviral é um estado de sinalização da célula para combater a infecção dos vírus. O estado antiviral pode agir de forma parácrina, uma vez que a célula que está infectada ela produz IFN para que a célula do lado não seja infectada, Como ela já esta infectada, seus mecanismos de combate ao vírus estão limitados, por isso ela prepara a célula do lado para que ela já esteja no estado antiviral. O estado antiviral também aumenta a produção de certas enzimas, como a PKR, uma proteína quinase que faz o processo de inibição da ativação do RNA, ou seja, o RNA não vai ser traduzido, impedindo a formação de proteínas necessárias para a formação desses vírus. Outro exemplo, a oligo A sintetase aumenta a quantidade de oligo A dessa molécula que será reconhecida pela RNAase. Essa enzima cliva o RNA viral do vírus, impedindo que ele seja traduzido para formar novas moléculas. Existe também a proteína NX-GTPase que une as partículas virais dentro da célula, formando multímeros desses vírus. As partículas se aglutinam e ficam presas dentro do citoplasma. Além disso, temos a produção do IFN tipo I (α e β), que induz a expressão de enzimas que bloqueiam a replicação viral, impede que o vírus entre na célula ou que permaneça apenas dentro dela. Os vírus diminuem a quantidade de MHC na superfície das células, na tentativa de diminuir a apresentação dos seus antígenos para os linfócitos. As células NK ganham um papel importante ao reconhecerem essa célula que tem uma diminuição do nível MHC e matarem por indução de apoptose. Nessas células infectadas também pode ocorrer a ativação do complemento no sentido de lisar essas células infectadas se tiverem antígenos na membrana. Quanto à imunidade adaptativa: Um mecanismo é a produção de anticorpos. Mesmo que os vírus sejam intracelulares, para ir de uma célula a outra, eles acabam saindo da célula. Por isso, ao sair, esses anticorpos neutralizam esses vírus impedindo que ele penetre na outra célula. Acontece também o reconhecimento de antígenos pela apresentação de Via MHC I aos linfócitos TCD8, que lisam as células infectadas pelo processo de apoptose. O linfócito Th1 produz INF-gama também, que vai atuar nos macrófagos estimulando a produção de espécies reativas do oxigênio e de óxido nítrico para combater essas moléculas. Outro mecanismo envolve a Citotoxidade Celular Dependente de Anticorpo (ADCC). Algumas células ficam com partículas virais em sua membrana quando alguns vírus saem e deixam essas moléculas, por isso, os anticorpos contra os vírus reconhecem essas células e as células NK reconhecem essa porção Fc do anticorpo, liberando perforinas e granzimas para que essa célula entre em apoptose. Como já falamos antes, em algumas doenças, o quadro patológico está associado ao processo de lesão pelo sistema imune e não exatamente ao patógeno. Novamente o exemplo da hepaptite: O vírus da hepatite não é citolítico, é um vírus citostático; ele se multiplica sem causar nenhum dano; mas nosso corpo entende que ele é um patógeno e por isso deve combater – então geramos resposta imunológica para matar as células infectadas do fígado. Mesmo com tantos mecanismos, alguns vírus conseguem fugir dessa resposta imunológica: - vírus Epstein-Barr (EBV) e citomegalovírus (CMV) inibem a molécula do proteassomo. Assim, não tem formação de peptídeos para apresentação do MHC ao linfócito. - o adenovírus e o citomegalovírus impedem o processo e saída de MHC no retículo endoplasmático. - o vírus da Herpes simples impede a proteína TAP de colocar os peptídeos para dentro do retículo endoplasmático. - Outro vírus produzem moléculas iscas de MHC, que interferem no reconhecimento pelas células TCD8+, além de enganarem as células NK, fingindo que tem MHC na membrana do linfócito. - Epstein-Barr (EBV) produz uma molécula semelhante a citocina IL-10, que suprime a resposta imunológica. - Vacinia, Poxvirus e Citomegalovírus produzem homólogos de receptor de citocina. Se a citocina se liga na molécula do vírus, ela fica impedida de se ligar ao receptor da céula, impossibilitando Waleska – MED IX que a célula crie um mecanismo de ativação da resposta para esse vírus. Variação antigênica Geração de novas cepas do vírus por recombinação genética. É o que acontece com o H1N1 O genoma do vírus influenza é composto por 8 fitas de RNA separadas que permitem a recombinação por rearranjos dos segmentos em vários hospedeiros, como aves, suínos e humanos. Os rearranjos formam vírus com antígenos distintos, portanto, capazes de escapar do sistema imune de novos hospedeiros. Parasitos Resposta para helmintos e para protozoários. O que os dois têm em comum é que o patógeno tem varias formas evolutivas e conforme muda de forma, o sistema tem que começar a resposta imunológica de novo contra essa forma evolutiva. Estrogilóides, como no caso das lombrigas, têm larva L1, L2, L3 e L4. Cada larva apresenta uma característica de presença de antígeno e para cada larva você vai produzir uma resposta imunológica. Esquistossomose tem a cercária, tem o ovo e tem o verme adulto e para cada uma dessas formas evolutivas você tem que gerar uma resposta imunológica. Isso resulta em um processo demorado, já que toda vez que o sistema imune gera uma resposta, o patógeno trocou de forma. Além disso, a resposta acontece conforme a localização do patógeno também:Se ele está no lúmen intestinal, precisa de uma resposta imunológica de mucosa, por exemplo. Quanto à imunidade inata: A principal resposta da imunidade inata aos protozoários é a fagocitose, mas muitos desses parasitas são resistentes à fagocitose e podem se replicar mesmo dentro de macrófagos. As espécies de Plasmodium, Toxoplasma gondii e espécies de Cryptosporidium expressam lipídios glicosil fosfatidilinositol que podem ser reconhecidas por TLRs que ativam os fagócitos. Os fagócitos também podem atacar os parasitas helmintos através da secreção de substâncias microbicidas já que são muito grandes para serem fagocitados. Mas, muitos helmintos possuem tegumentos espessos que os tornam resistentes aos mecanismos citocidas de neutrófilos e macrófagos. Alguns helmintos podem ativar a via alternativa do complemento, embora parasitas obtidos de hospedeiros infectados parecem ter desenvolvido resistência à lise mediada pelo complemento. Quanto à imunidade adaptativa: O principal mecanismo de defesa contra os protozoários que sobrevivem dentro de macrófagos é a resposta imunológica mediada por células, em particular pela ativação de macrófagos por citocinas derivadas de células Th1. A citocina IFN-γ tem sido apresentada como protetora em muitas infecções por protozoários, incluindo malária, toxoplasmose e criptosporidiose. Protozoários que replicam dentro de várias células do hospedeiro e lisam estas células, estimulam anticorpos específicos e as respostas de TCD8+, semelhante aos vírus citopáticos. Plasmodium (da malária) é combatido pelo linfócito citotóxico. A defesa contra muitas infecções por helmintos é mediada pela ativação das células Th2, o que resulta na produção de anticorpos IgE e ativação de eosinófilos. O anticorpo IgE reveste os parasitas e os eosinófilos se ligam à IgE e são ativados para liberar seus conteúdos granulares, que destroem os helmintos. As ações combinadas de mastócitos e eosinófilos também contribuem para a expulsão dos parasitas do intestino. Mas a expulsão de alguns nematódeos intestinais pode ocorrer devido a mecanismos dependentes de IL-4 que não requerem IgE, como o aumento da peristalse. Os anticorpos IgE junto com os anticorpos IgA conseguem neutralizar os vermes para que não fiquem aderidos na superfície de mucosa, assim como acontece com os ancilostomídeos (amarelão), que aderem na parede dos órgãos intestinais para se alimentarem de sangue. Ao sair, eles deixam uma erosão no tecido que gera uma hemorragia tecidual. Os anticorpos podem, além de fazer opsonização e ativação do complemento, estimular o mecanismo de Citotoxidade Celular Dependente de Anticorpo (ADCC) para protozoários extracelulares- principalmente helmintos. Para protozoários intracelulares acontece a neutralização antes de entrar na célula, impedindo, no caso da malária, a entrada do esporozoito nos hepatócitos. O toxoplasma é um parasito intracelular; as APC’s vão produzir IL- 12 que vai polarizar para um perfil Th1, produtor de IFN-Y, que age no macrófago aumentando ROS e NO para matar essa célula. A célula infectada aumenta a produção de TNF pra aumentar o recrutamento de célula para os locais da infecção. Mas pode acontecer também que o linfócito TCD8 lise célula infectada. E as células NK também podem produzir IFN-GAMA inicialmente pra estimular a polarização desses linfócitos T helper pra se transformar em Th1 e também pode matar células infectadas. Então acontece diferentes mecanismos para combater o parasita. Todavia, também pode acontecer que o parasita chegue a uma região rica em IL10 e TGF-B, que neutralizaram esses processos de polarização do perfil Th1. Assim, o patógeno vai fugir da resposta imune e se multiplicar, levando o individuo ao óbito. É isso que acontece com pacientes imunossuprimidos. Evasão Imune de protozoários 1. Reclusão anatômica: -Leishmania e Trypanosoma conseguem viver dentro dos macrófagos, fugindo da resposta imunológica. - Plasmodium dentro do eritrócito, não será reconhecido pelas células NK nem por linfócitos citotóxicos, já que as hemácias são anucleadas e sem MHC não fazer apresentação. 2. Variação antigênica: O tripanossomo africano escapa do sistema imunológico humano porque está revestido com um antígeno chamado glicoproteína variante de superfície (VSG, em inglês), que muda aleatoriamente de tempo em tempo, devido aos genes cassettes, de VSG. 3. Perda antigênica: Toxoplasma gondii Waleska – MED IX A Entamoeba histolytica, quando produz uma resposta imunológica através do reconhecimento de uma proteína pelo anticorpo, move suas proteínas de mebrana. Ela vai deslocando a proteína reconhecida para trás, até uma região chamada de uroide, onde ela joga o anticorpo fora. Evasão Imune de helmintos 1. Tamanho: quanto maior o tamanho, maior a dificuldade para eliminar esse patógeno. 2. Cobertura com moléculas do hospedeiro: os cestódeos, como a Tênia, e os trematódeos, como os Schistosoma, recobrem o corpo com proteínas do hospedeiro. 3. Reclusão anatômica: como por exemplo, o Trichinella spiralis é um patógeno que vive dentro do miócito, onde consome os nutrientes. Pacientes com essa infecção apresentam grande quantidade de câimbras, justamente porque deixam esse tecido debilitado. Os casais de vermes adultos do Schistosoma mansoni vivem na circulação sanguínea e depositam os ovos no sistema porta do fígado. Então, passam a circular no sistema gastrointestinal e ficam presos nos pequenos vasos. Uma grande quantidade de antígenos gera o recrutamento de células pra gerar o processo inflamatório e faz com que esses ovos caiam dentro do lúmen dos órgãos intestinais para ser eliminados nas fezes. Apesar de alguns ovos conseguirem ser eliminados por esse mecanismo, alguns ficam presos nos órgãos, principalmente nos pequenos vasos do fígado e isso causa uma grande estimulação de antígenos nesse local e, consequentemente, uma grande inflamação com produção de TNF, IL-1, IL-6 e IL-12 pelos fagócitos. Também ocorre uma polarização para o perfil Th1, apesar de a maioria ser Th17. Os ovos são muito grandes para eliminar, por isso, o corpo passa a recobrir com fibrina, gerando granulomas. Como se trata de centenas de ovos que são liberados por dia, a formação excessiva de granulomas provoca crescimento do órgão e consequente distensão abdominal no paciente, que é a característica clássica do paciente que tem “barriga d’água”. Ao mesmo tempo, temos o aumento da pressão arterial no sistema porta, já que os órgãos vão comprimir os vasos do fígado. Essa pressão começa efeitos compensatórios e disfunção de líquidos para as cavidades e com isso aumentando a barriga, que é o quadro clínico da Barriga d’água. Então, tem resposta Th2, que é a principal para combater os helmintos, principalmente no tecido gastrointestinal, mas pode acontecer de ter resposta do perfil Th1 para algumas fases do patógeno. Schistosoma mansoni
Compartilhar