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Métodos Alternativos aos Testes em Animais A história da utilização de animais pela Medicina, Farmacologia e Cosmética é longa. Animais de várias espécies foram submetidos aos mais diferentes procedimentos de manipulação de seus corpos e saúde, quando usados em experimentos científicos. Por ano, mais de 100 milhões de animais, como ratos, sapos, cães e gatos, são sacrificados em laboratórios para o uso em aulas, pesquisas e testes. Além de serem questionáveis do ponto de vista ético, os testes in vivo podem ser mais caros, já que há custos para obter, manter e manipular as cobaias, e menos eficientes, já que nem sempre os resultados observados em animais se aplicam ao ser humano. Para acabar com os testes de laboratório em animais, os 3Rs fazem toda a diferença, pois prega a preferência, sempre que possível, por métodos de pesquisa que dispensem animais, a redução do uso de cobaias nos testes e a aplicação de técnicas que minimizem seu sofrimento. Os métodos alternativos são aqueles que podem ser utilizados para substituir, reduzir ou refinar o uso de animais nas pesquisas. Segundo a Lei Arouca, uma experiência não pode ser realizada em animais quando existirem recursos alternativos. Foi criado, por meio do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS), o Centro Brasileiro de Validação de Métodos Alternativos (BraCVAM), que foi o primeiro centro da América Latina a validar e coordenar estudos de validação de métodos de substituição no uso de animais em testes de laboratório, uma iniciativa que foi viabilizada por uma parceria da Fiocruz com a Anvisa. A Fiocruz também integra a Rede Nacional de Métodos Alternativos ao uso de animais. A criação do Renama permite a existência de uma infraestrutura laboratorial e de recursos humanos especializados, capazes de implantar métodos alternativos ao uso de animais e desenvolver e validar novos métodos no Brasil. A proposta do Renama vem ao encontro do panorama internacional que estimula e privilegia o princípio dos “3Rs”. Essa sigla em inglês representa a Redução, que estabelece que o número de animais utilizados por experimento deve ser sempre o menor possível; o Refinamento, que implica que quando o uso dos animais for necessário, deve ser feito de forma a aliviar ou minimizar a dor, o sofrimento e o estresse desses animais, prezando pelo se bem-estar; e a Substituição, que recomenda a utilização de métodos que não usem animais para alcançar os mesmos resultados, sempre que esses métodos alternativos estiverem disponíveis. Por exemplo, os mamíferos devem ser substituídos por animais com sistema nervoso menos desenvolvido. Mas, apesar de muitos esforços em todo o mundo, nas condições atuais, a ciência não pode dispensar o uso de animais em experimentação. O desenvolvimento de métodos capazes de proporcionar a redução, o refinamento ou a substituição do uso de animais como modelos experimentais ainda é um grande desafio para a ciência. Com base no Princípio dos 3Rs, diversos métodos alternativos para avaliar a segurança e a eficácia de produtos vêm sendo desenvolvidos e validados também para fins de registro e comercialização, garantindo que produtos cheguem ao mercado de forma segura, sem a necessidade de testes em animais. Algumas iniciativas de pesquisadores e empresas em busca de alternativas para evitar o uso de animais em laboratórios: - Produção artificial: os testes in vitro têm se mostrado uma das alternativas mais acessíveis para evitar o uso dos animais em laboratório. Com a técnica, células e tecidos são criados artificialmente para estudo e manipulação. Na Alemanha, um grupo de pesquisadores criou células nervosas em laboratório, cultivadas artificialmente, para estudar como os compostos químicos podem afetar o desenvolvimento do cérebro de uma criança ainda no útero da mãe. Um dos pesquisadores envolvidos declarou em entrevista que “O bom desse método é que realmente trabalhamos com células nervosas humanas e podemos ver diferenças nervosas específicas”. - Impressão 3D: A L’Oreal anunciou recentemente uma parceria com a empresa de bioimpressão 3D Organovo. A ideia é imprimir tecidos da pele 3D para testar os produtos da marca. A bioimpressão permitirá a reprodução automatizada de tecidos humanos que imitam a forma e a função dos tecidos originais do organismo. A empresa Organovo já imprime fígado e está desenvolvendo agora a impressão de rins. - Kit pele: No Brasil, um grupo de pesquisa da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, está produzindo pele artificial a partir de células retiradas de doadores. A pele criada reproduz os mesmos tecidos biológicos da humana e pode ser utilizada para avaliar a toxicidade e a eficácia de novos compostos nas indústrias farmacêuticas e de cosméticos. - Simulações: Usando computadores e softwares, os pesquisadores não conseguem eliminar, mas podem, ao menos, reduzir o número de animais usados em testes. Existem tecnologias que simulam a biologia humana e a progressão de doenças e preveem a toxicidade de produtos químicos Vantagens dos métodos alternativos https://www.nc3rs.org.uk/the-3rs#The%203Rs%20definitions Os métodos in vitro têm grande potencial para reduzir e até mesmo substituir o uso de animais. São métodos, em muitos casos, mais rápidos e baratos, pois apesar dos altos custos envolvidos no processo de desenvolvimento de uma nova metodologia, podemos dizer que, uma vez validadas, as metodologias alternativas apresentam um custo menor do que aquelas relacionadas à manutenção de animais e infra-estrutura de biotérios. O cumprimento das normas internacionais de bioterismo exige cuidados especiais com o ambiente, como controle de temperatura, umidade, luminosidade, troca de ar etc, com os animais, freqüência de trocas, limpeza de caixas e gaiolas etc., bem como o treinamento e atualização dos técnicos que manipulam esses animais, o que eleva muito o custo destes ensaios, além de terem condições experimentais altamente controladas e resultados quantificáveis, diferente de alguns testes em animais que geram resultados subjetivos e demandam mais tempo e gastos. Outra vantagem é a possibilidade de utilização de células humanas, compradas de bancos de células, eliminando o problema da distância filogenética entre animais e humanos e levando a uma maior taxa de sucesso na transição dos testes pré-clínicos para os clínicos. Limitações dos métodos alternativos Apesar de suas vantagens, nenhum método alternativo sozinho é capaz de substituir o uso de animais, pois cada um dos métodos reproduz apenas parcialmente a complexa resposta fisiológica que ocorre em um organismo vivo. Por exemplo, testes de irritação ocular que utilizam células epiteliais da córnea indicam o potencial de lesão de uma substância abordagem integrada tem maiores chances de levar à apenas na córnea e sabemos que outras estruturas oculares, como íris e conjuntiva, também são importantes no processo de irritação ocular. Uma combinação de diversos métodos alternativos em uma completa substituição. O teste de Draize nos olhos de coelhos para avaliar o potencial de irritação ou corrosão ocular pode ser substituído, por exemplo, por uma combinação de dois métodos alternativos que utilizam células de epitélio da córnea de coelho, provenientes de uma linhagem celular comercial, e epitélio de córnea tridimensional humano reconstruído em laboratório. Este conjunto de dados obtidos em testes integrados deve oferecer resultados com o mesmo nível de informação científica em relação aos obtidos com os modelos animais. Para testes de segurança de cosméticos e agroquímicos, por exemplo, já é possível substituir o uso de animais. No entanto, quando o assunto são os medicamentos, a indústria farmacêutica ainda precisa testá-los em animais, para simular as reações complexas que podem ocorrer no organismo após o uso destas substâncias, já que as avaliações para testes de medicamentos em humanos são muito mais rigorosas. Neste https://www.oecd-ilibrary.org/environment/test-no-491-short-time-exposure-in-vitro-test-method-for-identifying-i-chemicals-inducing-serious-eye-damage-and-ii-chemicals-not-requiring-classification-for-eye-irritation-or-serious-eye-damage_9789264242432-enhttps://www.oecd-ilibrary.org/environment/test-no-491-short-time-exposure-in-vitro-test-method-for-identifying-i-chemicals-inducing-serious-eye-damage-and-ii-chemicals-not-requiring-classification-for-eye-irritation-or-serious-eye-damage_9789264242432-en caso, os métodos alternativos podem ser utilizados antes da experimentação animal como um filtro para encontrar compostos que sejam realmente promissores, a fim de reduzir testes desnecessários em animais.
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