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1 Espelho-resposta Fo n te : A d ap ta d o d e D im it ri s V et si ka s. P ix ab ay . Luna Luna tem três anos de idade e é aluna da creche José Serrão, próxima à Unidade de Saúde da Família Nossa Senhora das Margaridas. Durante a atividade do banho de mangueira na creche, Luna caiu. A professora percebeu ferimentos leves na face e a avulsão do dente 61. De imediato, acionou Maria, a mãe de Luna, para levá-la ao dentista mais próximo. Maria guardou o dente e levou Luna à Unidade de Saúde da Família Nossa Senhora das Margaridas, sem agendamento prévio, em busca de tratamento odontológico de urgência. Atividade formativa 1 Antes da realização do procedimento odontológico mais invasivo, é importante conduzir anamnese e exame clínico para o caso. Para identificação de quais tecidos bucais foram lesionados, a primeira conduta a ser realizada é a limpeza do rosto do paciente, seguida da anamnese para identificar possíveis hemorragias e complicações neurológicas. No caso apresentado, é fundamental observar e registrar no prontuário se Luna consegue se comunicar de forma coerente, de acordo com o esperado para a idade de três anos. Se as pupilas permanecerem dilatadas mesmo diante do estímulo luminoso ou se uma das pupilas estiver contraída e a outra dilatada (anisocóricas), pode ser um indicativo de lesão cerebral. Devem ser observados e registrados: náuseas; histórico de vômitos em jatos; presença de sangue ou líquido de cor clara proveniente de ouvidos ou nariz; alteração de diâmetro pupilar; confusão mental; dores de cabeça e sonolência excessiva e resposta pupilar anormal. Caso Luna apresente comprometimento neurológico, é prioridade encaminhá-la ao atendimento médico para verificação de qualquer outra lesão traumática. Diante dessa situação, como o cirurgião-dentista da Unidade de Saúde deve conduzir a consulta da criança, considerando a avulsão do elemento 61? Você usou seus conhecimentos para responder ao questionamento apresentado. Parabéns! Agora compare sua resposta à proposta a seguir e verifique de que modo elas se distanciam ou se aproximam. Desse modo, você pode mapear os pontos do conteúdo que compreendeu bem e aqueles que precisam ser reforçados. 2 Quando não há sinal de comprometimento neurológico, a anamnese e o exame clínico devem continuar a ser feitos. É importante identificar condições sistêmicas que possam interferir no atendimento odontológico, como síndromes, condições hereditárias, discrasias sanguíneas e alergias. É fundamental perguntar sobre o evento traumático. Deve-se questionar: quando (indicará o fator tempo, o que poderá determinar a escolha do tratamento); como (compreender como o acidente ocorreu pode ajudar a definir a gravidade do trauma e localizar injúrias específicas); onde (saber o local onde o trauma ocorreu é importante para se ter ideia da contaminação dos ferimentos e a necessidade de profilaxia para o tétano, além de permitir a localização dos fragmentos dos dentes). No exame clínico, devem ser avaliados não apenas os elementos dentais, mas também os tecidos moles circundantes e extraorais. Nota-se que aproximadamente metade dos pacientes que buscam atendimento devido à presença de traumas dentais apresentam lesões em tecidos moles também. O exame clínico inclui palpação, teste de vitalidade, no entanto, esse último apresenta valor limitado ao ser realizado logo após o trauma. Se estiver disponível na Unidade de Saúde, é importante realizar exame radiográfico para avaliar se há comprometimento do germe do permanente, extensão da lesão etc., podendo ser realizadas radiografias periapicais modificadas e técnica lateral de Fazzi. No caso apresentado, o trauma dental foi a avulsão do elemento dental 61 e o recomendado é a realização da tomada periapical para identificar possíveis presenças de corpo estranho. Como conduta terapêutica, não é recomendável o reimplante do dente decíduo. É importante realizar o acompanhamento do trauma até erupção do dente sucessor permanente. Além disso, como a mãe guardou o dente da criança, uma possibilidade é usar a coroa desse dente para construir o mantenedor de espaço a fim de devolver a estética, fonação e mastigação, preservando o espaço para a erupção do dente permanente. Caso não haja material disponível para a construção do mantenedor, Luna pode ser encaminhada para o Centro de Especialidades Odontológicas para a realização desse procedimento. Este recurso faz parte de: CANTANHEDE, Luana Martins; COSTA, Susilena Arouche; SOUZA, Soraia de Fátima Carvalho. Abordagem inicial ao paciente com trauma dentoalveolar na dentição decídua e na permanente. In: UNIVERSIDADE ABERTA DO SUS. UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO. Saúde Bucal na APS: urgências, doenças transmissíveis, gestantes, puérperas e pessoas com deficiência. Cuidado em saúde bucal para pessoas em situações de urgências odontológicas. São Luís: UNA-SUS; UFMA, 2020.
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