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Os senhores fabricantes afirmavam, portanto, que as determina-
ções meticulosas da lei de 1844 sobre as refeições dariam ao trabalhador
apenas a permissão para comer e beber antes de entrar na fábrica e
depois de sair dela, ou seja, em casa! E por que não poderiam os
trabalhadores almoçar antes das 9 horas da manhã? Os juristas da
Coroa decidiram, entretanto, que as refeições prescritas
“deveriam ser realizadas em pausas da jornada real de trabalho
e que era ilegal fazer trabalhar 10 horas sucessivas, das 9 horas
da manhã até as 7 horas da noite sem interrupção.”511
Depois dessas cordiais demonstrações, o capital encaminhou sua
revolta através de um passo, o qual correspondia à letra da lei de
1844, sendo portanto legal.
A lei de 1844 proibia ocupar crianças de 8 até 13 anos, que
fossem ocupadas pela manhã antes das 12 horas, outra vez depois da
1 hora da tarde. Não regulava, de modo nenhum, entretanto, as 6 1/2
horas de trabalho das crianças cujo tempo de trabalho começasse ao
meio-dia ou depois! Crianças de 8 anos podiam, portanto, quando co-
meçassem o trabalho ao meio-dia, ser utilizadas das 12 até 1 hora, 1
hora; das 2 horas até as 4 horas da tarde, 2 horas, e das 5 horas até
8 1/2 da noite, 3 1/2 horas; no total, as 6 1/2 horas legais! Ou melhor
ainda. Para adaptar sua aplicação à atividade do trabalhador adulto
até as 8 1/2 da noite, o fabricante precisava somente não dar-lhes
nenhum trabalho antes das 2 horas da tarde e podia mantê-los daí
em diante ininterruptamente na fábrica até as 8 1/2 da noite!
“E agora é expressamente admitido que, em virtude da ganância
dos fabricantes que querem manter sua maquinaria funcionando
por mais de 10 horas, foi introduzida na Inglaterra a prática de
fazer trabalhar crianças de 8 a 13 anos, de ambos os sexos, até as
8 1/2 da noite, junto com homens adultos,512 após todos os adoles-
centes e todas as mulheres terem deixado a fábrica.”
Trabalhadores e inspetores de fábrica protestaram por motivos
higiênicos e morais. O capital, porém, respondeu:
“Que meus atos recaiam sobre minha cabeça! Meu direito exijo
eu! A multa e o penhor do meu título!”513
Na verdade, segundo dados estatísticos apresentados à Câmara
dos Comuns em 26 de julho de 1850, apesar de todos os protestos, 3 742
crianças em 257 fábricas estavam submetidas a essa “prática”, em 15
de julho de 1850.514 Ainda não bastava! O olhar de lince do capital
OS ECONOMISTAS
400
511 Reports etc. for 31st Oct. 1848. p. 130.
512 Reports etc. Op. cit., p. 142.
513 SHAKESPEARE. O Mercador de Veneza. Ato IV. Cena I. (N. da Ed. Alemã.)
514 Reports etc. for 31st Oct. 1850. p. 5-6.

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