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COMPOSIÇÃO DO SISTEMA URINÁRIO: Rins Ureteres Bexiga Uretra FUNÇÕES DOS RINS: Eliminar resíduos metabólicos (ureia, creatinina, ácido úrico, ácidos orgânicos, bilirrubina conjugada, drogas e toxinas) Reter nutrientes (proteínas, aminoácidos, carboidratos) Controlar o equilíbrio ácido-básico Manutenção da composição, osmolaridade e volume do líquido extracelular Sintetizar eritropoetina, calcitriol (vitamina D) e renina NÉFRONS: Unidades funcionais dos rins Filtração, reabsorção, secreção e excreção Esses processos são controlados pela pressão osmótica e hidrostática, pelo suprimento de sangue renal e pela secreção de hormônios OBJETIVOS DA AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO RENAL: Filtração glomerular: fator que melhor se correlaciona com a capacidade dos rins em manter a composição dos líquidos corpóreos Fluxo sanguíneo renal: manutenção da homeostase Função tubular: complexa pelas diferentes ações realizadas pelos túbulos DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA, ÍONS E SOLUTOS: A distribuição de água pelo nosso corpo depende de dois fatores principais: Idade Tipo celular Alterações na osmolaridade do líquido extracelular promovem mudanças na distribuição de água entre o meio intra e extracelular, podendo acarretar: Desidratação Edema As concentrações de cátions e ânions também sofrem alterações entre os meios intracelular, extracelular e plasma sanguíneo A quantidade total de água e eletrólitos depende do equilíbrio entre o ganho e a perda URINA Formada nos rins e armazenada na bexiga COMPOSIÇÃO NORMAL: Água (95%) Eletrólitos (sódio, potássio, cálcio, magnésio e cloreto) Produtos químicos nitrogenados (ureia, creatinina) Ácidos orgânicos (p.ex., ácido úrico) Outros compostos orgânicos A presença na urina de glicose, albumina, pigmentos biliares ou quantidades anormais de algumas substâncias, incluindo as constituintes habituais, é indicador de doenças. MECANISMO DE FORMAÇÃO DA URINA: 1. No glomérulo: Filtração do plasma (formação do ultra-filtrado com todos os constituintes plasmáticos exceto, normalmente, proteínas e substâncias ligadas a elas). 2. No túbulo proximal: reabsorção de algumas substâncias (glicose, creatinina, aminoácidos, vitaminas, lactato, e também de água, cloretos, sódio, potássio, fosforo e outros eletrólitos) 3. Nos ramos descendente, ascendente e na alça de Henle: mais reabsorção de água e íons 4. No túbulo distal: ajuste da concentração de eletrólitos de acordo com as necessidades orgânicas 5. No túbulo coletor se processa a transformação do filtrado em urina hipertônica O volume diário de urina varia entre 500 a 1.800 ml (varia de acordo com volume corporal, consumo de líquidos, sudoração e temperatura ambiente): Poliúria: excreção de mais de 2L de urina por dia Oligúria: excreção menor que 500ml de urina por dia Anúria: sem excreção urinária EXAME DE ÚRINA (SUMÁRIO DE URINA TIPO I): Não invasivo e barato Fornece informações sobre várias funções metabólicas do organismo Diagnóstico e tratamento de doenças renais ou do trato urinário, além de detecção de doenças metabólicas ou sistêmicas não relacionadas com o rim Coleta: Primeira urina da manhã (mais concentrada) ou com intervalo mínimo de 2 horas após a última micção Coletar jato médio Após coletar a urina, a amostra deve ser levada ao laboratório o mais rápido possível (no máximo 40 minutos a 1 hora) – proliferação bacteriana Parâmetros analisados: Aspectos macroscópicos (exame físico): volume, aspecto, cor e densidade Aspectos microscópicos (exame físico): presença de células e estruturas (hemácias, bactérias, leucócitos e cristais) Análise química: Ph, glicose, proteína, nitrito, bilirrubina, etc. Análise macroscópica (exame físico): Volume Aspecto (límpida, opaca, leitosa, levemente turva, turva ou fortemente turva) Coloração: Normal: amarelo citrino ao amarelo âmbar Infecção bacteriana ou uso de medicamentos: verde Enfermidades purulentas do trato urinário ou lipidúria maciça: branco Carcinoma de bexiga, glomerulonefrite aguda, medicamentos: marrom Hematúria, hemoglobinúria, mioglobinúria, icterícia hemolítica, medicamentos, contaminação menstrual: vermelho Densidade: De 1,005 a 1,030 Função direta, mas não proporcional do número de partículas na urina Parâmetro de função tubular Aumenta em casos de: nefropatia obstrutiva, obesidade, diabetes. Diminui em casos de: alcoolismo, insuficiência renal crônica, polinefrite crônica. Análise microscópica (exame físico): Avaliação do sedimento urinário após centrifugação Leucócitos: Qualquer parte do TU ou através de secreções genitais A piúria de origem renal costuma ser acompanhada de proteinúria significativa Os cilindros leucocitários constituem uma evidência definitiva que os leucócitos têm sua origem nos rins Valores de referência: de 2 a 5 leucócitos por campo Infecções do TU ou neoplasias Hemácias: Normalmente em pequenas quantidades Número aumentado representa rompimento da integridade vascular, por injúria ou doença na membrana glomerular ou no TU Os cilindros hemáticos constituem a forma mais confiável de localizar a origem do sangramento no rim Infecções do TU, neoplasias, distúrbios hemorrágicos, cálculo renal ou distúrbios da coagulação Cilindros: Conglomerados proteicos que adquirem a forma dos túbulos renais onde são formados (túbulo contornado distal e túbulo coletor) Fatores que interferem na formação: pH (ácido) Concentração elevada de substâncias solventes Proteinúria Tipos: Cilindros celulares (leucócitos, hemácias e/ou células epiteliais) Cilindros hialinos (somente proteínas) Cilindros gordurosos (cilindros granulosos de célula epitelial) Cilindros hemoglobínicos Cristais: Podem constituir uma evidência de formação de cálculos e da presença de certas doenças metabólicas Tendem a ser dependentes do Ph: Cristais de urina ácida: cristais de ácido úrico, oxalato de cálcio, cistina, uratos amorfos Cristais de urina básica: cristais de fosfatos na forma de fosfato triplo (fosfato-amoníaco- magnesiano) e fosfato amorfo Células epiteliais: Células escamosas (menor significado): são grande indício de contaminação Células transicionais: são raras e podem indicar carcinoma renal Células dos túbulos renais: nefrite, doenças tubulares renais Espermatozoides (contaminação) Parasitas (tricomonas) Leveduras (candida sp.) Muco (não é clinicamente significativo) Exame químico: Realizado através de fitas reagentes Leucócitos esterase: Nível de esterase está correlacionada com o número de neutrófilos presentes (a esterase catalisa a hidrólise de um éster produzindo um álcool e o ácido correspondente) Sensibilidade de carca de 80-90% - infecções do TU Nitrito (bactérias): Prova indireta para diagnóstico precoce de bacteriúria significativa e assintomática Microrganismos comumente encontrados nas infecções urinárias (E. coli, Enterobacter, Proteus, Klebsiella, etc.) – esses microrganismos produzem enzimas que reduzem o nitrato a nitrito Diagnóstico de cistite e pielonefrite Monitorização de terapia com antibióticos e em casos de pacientes com alto risco de ITU Urobilinogênio: Formado no intestino a partir da redução da bilirrubina pelas bactérias intestinais, parte é reabsorvido pelo intestino, caindo no sangue para ser levado ao fígado. Na passagem pelos rins é filtrado pelos glomérulos Aumento na quantidade de urobilinogênio pode indicar: hepatopatias, distúrbios hemolíticos Proteína: A membrana glomerular impede a passagem da maior parte das proteínas, apenas uma pequena parte é filtrada, sendo uma grande fração desta reabsorvida pelos túbulos, sendoo restante excretado Albumina é a principal constituinte da proteinúria Proteinúria: doenças sistêmicas ou patologia renal Pré-renal: febre, condições tóxicas, congestão venosa Renal: glomerulonefrite, síndrome nefrótica, lesões parenquimatosas destrutivas Pós-renal: infecção da pelve ou do ureter, cistite, uretrite, prostatite Contaminações com secreções vaginais Obs.: Gravidez e exercício físico intenso também provocam proteinúria Ph: Pode variar de 4,5 a 8,5, sendo o pH normal de 5,0 a 6,0 Diminuição do Ph: acidose metabólica, acidose respiratória, intoxicação pelo álcool Aumento do Ph: alcalose metabólica, alcalose respiratória, infecções urinárias bacterianas (transformam a ureia em amônia) Sangue (hemoglobina): A maior parte dos casos de hematúria são microscópicas Macroematúria e microemotúria Hematúria x hemoglobinúria A mioglobina reage como a hemoglobina A presença dos cilindros hemáticos é evidência definitiva de sangramento do parênquima renal Cetona: Inclui 3 substâncias: ácido beta-hidroxibutírico (ABHB), acetoacetato e acetona Ocorre a excessiva formação destes compostos devido a distúrbios no metabolismo dos carboidratos e lipídios Aumenta sua concentração sanguínea e consequentemente a excreção urinária Bilirrubina: Detecção da bilirrubina conjugada pois a não conjugada não é excretada pelos rins Pacientes portadores de doenças hepatocelulares ou icterícia obstrutiva (intra ou extra-hepática) A bilirrubinúria precede a icterícia clínica Glicose: A glicosúria mais comum é a da DM Glicosúria sem hiperglicemia: gravidez, problemas renais de reabsorção, agentes nefrotóxicos Glicosúria com hiperglicemia: DM, glicosúria alimentar, doenças endócrinas ou tumores produtores de hormônios, hipertireoidismo TESTES DE FUNÇÃO RENAL Características de uma substância ideal para avaliação da taxa de filtração glomerular: Produção endógena Presença constante na corrente sanguínea Seja livremente filtrada pelo glomérulo Não seja reabsorvida ou excretada pelo túbulo Não seja eliminada por via extra-renal Taxa de filtração glomerular = Clearance renal (volume de plasma depurado de uma dada substância, por unidade de tempo) Substâncias utilizadas para diagnóstico, prognóstico e acompanhamento das patologias renais: Creatinina e clearence de creatinina Uréia Ácido úrico Cistatina C (muito caro e não tem em todos os laboratórios) CREATININA SÉRICA: Origina-se a partir do metabolismo da creatina A creatina está localizada no fígado, nos rins e no pâncreas e é utilizada pelos músculos como forma de armazenamento de energia (fosfocreatina) Quando o músculo necessita de energia, a fosfocreatina libera o grupamento fosfato e se transforma em creatinina A creatinina é liberada nos fluidos corporais (taxa constante), livremente filtrada pelos rins, não é reabsorvida e sofre pequena secreção no túbulo distal. Sua taxa independe da ingestão de proteínas. Considerada o melhor marcador endógeno para função renal (permite avaliar o ritmo de filtração glomerular Seu nível sérico acompanha a gravidade da lesão (quanto maior a lesão, maior a quantidade de creatinina) Sua dosagem é de fácil execução laboratorial e de baixo custo Apesar de suas concentrações plasmáticas e urinárias sofrerem interferência devido à essa pequena secreção, à massa muscular e ao nível de hidratação, essas interferências são menores que as sofridas pela ureia e o ácido úrico Além dessa função, a concentração urinária da creatinina também é utilizada como índice para diluição urinária e como padrão interno para avaliação de outros biomarcadores renais como cistatina C, microalbumina e proteínas Hipercreatininemia: Causas não renais (lesões musculares) Necrose e distrofia muscular Insuficiência cardíaca congestiva Causas renais: Lesões glomerulares e tubulares Obstruções do trato urinário (hipertrofia prostática e compressões dos ureteres) Hipocreatininemia: É rara e geralmente não tem significado clínico UREIA: É o principal produto do catabolismo proteico Sintetizada no fígado e excretado pelos rins e pelo suor Sua concentração plasmática é afetada por: Causas não renais: Conteúdo proteico da dieta Estado de hidratação Integridade hepática Causas renais: Doença renal Lesão glomerular ou tubular Causas pós-renais: Obstruções do trato urinário Livremente filtrada pelos glomérulos, mas 40% a 50% são reabsorvidos no túbulo contornado proximal Azotemia: elevação dos compostos nitrogenados não proteicos na corrente sanguínea (45% de ureia no plasma e 75% na urina) Hiperuremia: Causas não renais (aumento de ureia sem alteração da creatinina): Desidratação Catabolismo proteico aumentado Jejum prolongado Causas renais (aumento da ureia e da creatinina e diminuição da taxa de filtração glomerular) Doenças renais Glomerulonefrites Causas pós-renais (aumento da ureia e creatinina com oligúria ou anúria): Obstrução do trato urinário Hipouremia: Doenças hepáticas Diarreia Vômitos Desnutrição Gravidez ÁCIDO ÚRICO: Derivado do catabolismo das purinas É livremente filtrado nos glomérulos, mas sofre reabsorção de cerca de 98 a 100% nos túbulos proximais e sofre pequenas secreções nos túbulos distais Excretado pelos rins (70%), mas também há excreção nas fezes (30%) Concentração é influenciada por sexo, obesidade e alimentação Hiperuricemia: Aumento no catabolismo das purinas Defeitos na eliminação: nefropatias e insuficiência renal Hipouricemia: Sem significado clínico CISTATINA C: Proteína de baixo peso molecular produzida constantemente pelas células nucleadas É filtrada livremente nos glomérulos sendo a seguir reabsorvida e totalmente catabolizada pelas células dos túbulos contorcidos proximais, desta forma sua concentração plasmática dependerá quase exclusivamente de filtração glomerular Desvantagem: alto custo CLEARENCE RENAL (DEPURAÇÃO): Volume de sangue ou plasma limpo (depurado) de uma determinada substância por unidade de tempo, sendo expressa matematicamente por: Para a medida ser realizada com precisão, a substância a ser analisada deve ter as seguintes características: Não ser reabsorvida nem secretada pelos túbulos Ser estável na urina durante o período da coleta Disponibilidade no organismo Nível plasmático constante Fácil análise bioquímica Substâncias utilizadas: Inulina 51Cr-EDTA 99mTc-DTPA 125I-iodotalamato Esses metabólitos são infundidos e usados para medir a taxa de filtração glomerular, porém a creatinina é a mais utilizada na prática de rotina Clearence de creatinina: Teste utilizado para analisar a taxa de filtração glomerular em avaliação da função renal, calculado através de fórmulas. O método mais utilizado pelos laboratórios clínicos usa coleta de urina em 24h, dosagem de creatinina sérica e dosagem de creatinina na urina. Deve-se fazer a correção para a superfície corporal – nomograma: Hoje existem 3 métodos que são simples e que são utilizados para calcular a taxa de filtração glomerular (utilizados em sites e programas): Cockcroft-Gault: Calculada por uma fórmula que utiliza creatinina sérica, idade, peso e sexo. Cálculo mais simples. Modification of diet in renal disease (MDRD): Faz uma estimativa da TFG com base na idade, etnia, sexo e creatinina sérica. Marcador mais fidedigno. Chronic Kidney Disease Epidemiology Consortium (CKD- EPI): É calculada com base em idade, etnia e creatinina sérica. Validade para pacientes com TFG >60Ml/min.
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