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A Linguagem Descritiva em Diferentes Gêneros

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- -1
PRODUÇÃO TEXTUAL II
DESCRIÇÃO: A LINGUAGEM DOS DETALHES
- -2
Olá!
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1. Aplicar os conceitos da estrutura descritiva em diversos gêneros narrativos;
2. refletir acerca da estrutura descritiva;
3. relacionar seus elementos a alguns gêneros textuais descritivos;
4. verificar que há diversos gêneros do tipo descritivo em nossa vida cotidiana.
- -3
Para Othon M. Garcia (1973), "Descrição é a representação verbal de um objeto sensível (ser, coisa, paisagem),
através da indicação dos seus aspectos mais característicos, dos pormenores que o individualizam, que o
distinguem.“
Assim, descrever é prover elementos para que o leitor/ouvinte adquira informações acerca do objeto descrito.
Em outras palavras, é localizar, identificar ou qualificar o objeto da descrição de acordo com os objetivos do
autor.
Vamos a um exemplo? Voltemos a nossa infância com “A Casa”, de Vinícius de Moraes:
Era uma casa muito engraçada
Não tinha teto, não tinha nada
Ninguém podia entrar nela, não
- -4
Porque na casa não tinha chão
Ninguém podia dormir na rede
Porque na casa não tinha parede
Ninguém podia fazer pipi
Porque pinico não tinha ali
Mas era feita com muito esmero
Na rua dos bobos, número zero
https://www.youtube.com/watch?v=mpnRWnAz60I&feature=player_embedded
Nessa canção, o foco do interesse é a descrição de uma determinada casa. Não há o relato de alguém que morava
nela ou de qualquer outra ação que a pudesse envolver.
Mas ao contrário disso, o autor provoca a imaginação do leitor/ouvinte elencando as características dessa casa:
“muito engraçada/ não tinha teto, não tinha nada”, etc.
Clique no link e veja mais um exemplo: http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/gon066/pdf
/aula5_a_casa_materna.pdf
Apesar de todos esses exemplos pontuais, ou seja, textos essencialmente descritivos, sabemos que a descrição
costuma ser parte de outros tipos textuais.
Certamente, o tipo textual que mais recorre à descrição é a narração. Vejamos o exemplo dado por Carneiro
(2003, p. 50).
Observemos o texto a seguir, de Graciliano Ramos.
“Entreabriu a porta, mergulhou na faixa de luz que passou pela fresta , correu o trinco devagarinho.
Avançou, temendo esbarrar nos móveis. Acostumando a vista, começou a distinguir manchas:
cadeiras baixas e enormes, que atravancavam a saleta. Escorregou para uma delas, o coração aos
baques, o fôlego curto. Afundou no assento gasto. As rótulas estalaram, as malas do traste rangeram
levemente.
Ergueu-se precipitado, encostou-se à parede, com receio de vergar os joelhos. Se juntas fizessem
barulho, os moradores iriam acordar, prendê-lo. Achou-se fraco, sem coragem para fugir ou
defender-se. Acendeu a lâmpada e logo se arrependeu. O círculo de luz passeou pelo assoalho, subiu
numa cadeira e sumiu-se. A escuridão voltou. Temeridade acender a lâmpada”
https://www.youtube.com/watch?v=mpnRWnAz60I&feature=player_embedded
http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/gon066/pdf/aula5_a_casa_materna.pdf
http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/gon066/pdf/aula5_a_casa_materna.pdf
- -5
Segundo o professor Carneiro, podemos perceber, de imediato, que se trata de um texto narrativo, uma vez que
se podem perceber sequências de ações que obedecem a uma ordem cronológica, indicadas pelos verbos 
entreabriu, mergulhou, correu, avançou, etc.
Entretanto, há uma interrupção dessa sequência por um segmento descritivo: cadeiras baixas e enormes; que
. Depois, retorna-se à sequência de ações com a forma verbal escorregou.atravancavam a saleta
Dessa forma, podemos perceber que o processo descritivo interrompe a sequência dos acontecimentos a fim de
focalizar características relevantes para o processo de significação do texto.
Além disso, quando lemos um romance, um conto ou uma crônica, sabemos que a descrição das personagens,
dos lugares, etc. é importante para a construção dos sentidos do texto.
Mas não é só em gêneros narrativos que encontramos a descrição. Podemos ter essa tipologia em Músicas, como
“A casa”, de Vinícius de Moraes, em poemas, em propagandas, etc.
Vejamos mais exemplos:
O poema MAR PORTUGUÊS, de Fernando Pessoa, é um exemplo de poema descritivo. Veja abaixo:
As lágrimas pelas perdas ressaltadas no poema apontam para um mar perigoso, agitado e cheio de complicações,
ou seja, para suas características. Por isso, podemos afirmar que há uma atmosfera descritiva nesse trecho.
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas
mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Veja, agora, um anúncio de um veículo usado. Certamente, o objetivo desse gênero é vender o carro, mas
realçando as características do veículo:
- -6
PALIO EX FIRE 4 PORTAS COMPLETO–DIREÇÃO, RARIDADE COM AR CONDICIONADO, VIDROS ELÉTRICOS,
TRAVAS ELÉTRICAS, PNEUS ZERADOS E AINDA GNV. AUTOMÓVEL IMPECÁVEL, TUDO FUNCIONANDO, 2012
VISTORIADO, DISPENSO TROCA POR CORSA, UNO, GOL, FIESTA KA 206, CELTA, CLIO. CONSIGO
FINANCIAMENTO COM AS MENORES TAXAS DO MERCADO, APENAS R$14 e 900 OU ENTRADA DE 1 E 900 E 60
PRESTAÇÕES DE 417 FIXAS NO CDC. LIGUE E COMPROVE: 0000000 OU XXXXXXXX
Elementos da Descrição
Os exemplos que analisamos até agora apontam para o fato de que a descrição é realizada, basicamente, por
meio de adjetivos e atributos relacionados ao elemento que se vai descrever. Segundo Carneiro (2003, p. 51):
“Todo texto descritivo apresenta alguns elementos fundamentais:
1º) um observador;
2º) um tema-núcleo, que pode ser um objeto, um ser animado ou inanimado, ou um processo;
3º) um conjunto de dados pertinentes ao tema-núcleo selecionado.”
A seguir, vamos proceder à análise desses elementos, com base em Carneiro (2003):
O observador
Não podemos nos esquecer de que toda descrição nada mais é do que o olhar do observador em relação ao que
se descreve.
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Em “A casa materna” – texto de Vinicius de Moraes, que lemos durante esta aula – fornece-nos a visão do poeta
em relação a essa casa.
Todos os adjetivos e atributos relatados são impressões que ele tem da casa, o que corrobora o ponto de vista
saudoso em relação à casa materna.
Não podemos nos esquecer de que toda descrição nada mais é do que o olhar do observador em relação ao que
se descreve.
Em “A casa materna” – texto de Vinicius de Moraes, que lemos durante esta aula – fornece-nos a visão do poeta
em relação a essa casa.
Todos os adjetivos e atributos relatados são impressões que ele tem da casa, o que corrobora o ponto de vista
saudoso em relação à casa materna.
Outro dado importante acerca do observador refere-se às limitações físicas e psicológicas que ele pode ter.
Vamos a um exemplo? É muito comum técnicos de futebol usarem um fone de ouvido ligado a um rádio
comunicador quando estão à beira do gramado comandando seu time.
Isso ocorre, na maioria das vezes, porque um de seus auxiliares técnicos estão em outro lugar do estádio –
geralmente no alto, seja nas arquibancadas, seja nas tribunas – olhando o jogo de outro ângulo, sob outra
perspectiva.
Assim, a visão “de cima” favorece um olhar mais amplo do posicionamento das equipes, segundo analistas
esportivos.
A descrição , segundo Carneiro (2003, p.53), pode refletir o estado de alma do observador. Assim, a descrição
poderá ser afetada por questões subjetivas, psicológicas. Voltemos a um trecho de :A casa materna
A casa materna é o espelho de outras, em pequenas coisas que o olhar filial admirava ao tempo que tudo era
belo: o licoreiro magro, a bandeja triste, o absurdo bibelô. E tem um corredor à escuta de cujo teto à noite pende
uma luz morta, com negras aberturas para quartos cheios de sombras. Na estante, junto à escada, há um tesouro
da juventude com o dorso puído de tato e de tempo. Foi ali que o olhar filial primeiro viu a forma gráfica de algo
que passaria a ser para ele a forma suprema de beleza: o verso.Veja que o autor utiliza-se de algumas expressões, como em “bandeja triste”, “absurdo bibelô”, “luz morta”, que
refletem o saudosismo e a melancolia do poeta.
Em outras palavras, traços psicológicos podem ser verbalizados através da descrição.
Outra limitação por parte do observador é a do referente utilizado. Seu alguém descreve um homem qualquer,
tal descrição pode se dar por suas características físicas, psicológicas, por sua profissão, paternidade, etc.
Como pai, ele pode ser atencioso, carinhoso, etc. O referencial utilizado foi a paternidade. Já como profissional,
pode ser negligente, incompetente, etc.
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O tema-núcleo
O tema-núcleo nada mais é do que o objeto a ser descrito. Entretanto, é preciso salientar que descrever é dar
elementos que caracterizam esse tema-núcleo, mas não necessariamente todos os elementos.
Somente aqueles que são relevantes para o entorno textual.
Conforme advoga Carneiro (2003, p. 51) “uma informação dada traz consigo a expectativa de alguma utilidade
textual.”
A descrição de seres humanos, por exemplo, pode ser física, psíquica ou físico-psíquica. Carneiro (2003, p.55)
sugere o seguinte exemplo realçando a caracterização física:
“Zeca era pequeno, tez baça e magríssimo. Nunca vi ninguém mais magro. Magro assim, só quem está
nas últimas. Mas o Zeca era magro assim e tinha um porte, uma vivacidade de rapaz com perfeita
saúde. Esse contraste era coisa surpreendente.” (Manuel Bandeira. “Na câmara de José do
Patrocínio).
Já para a descrição psicológica, o autor cita o seguinte trecho de “O dono”, de Drummond:
“O dono do pequeno restaurante era amável, sem derrame, e a fregueses mais antigos costumava
oferecer, antes do menu, o jornal do dia “facilitado”, isto é, com traços vermelhos cercando as
notícias importantes. Uma vez por outra indaga se a comida está boa, oferece cigarrinho, queixa-se
do resfriado crônico e pergunta pelo nosso…”
Entretanto, há casos em que temos ambos os aspectos:
“Ar de empregada ela não tinha: era uma velha mirrada, muito bem arranjadinha, mangas compridas, cabelos em
bando num vago ar de camafeu – e usava mesmo um, fechando-lhe o vestido ao pescoço. Mas via-se que era
humilde e além do mais impunha dentro de casa certo ar de discrição e respeito… (Fernando Sabino, “Dona
Custódia”).
Já a descrição de paisagens pode ocorrer por diversas razões. Identificar um lugar específico, convencer alguém
a visitar determinado lugar, ressaltar a influência da paisagem ou do local no modo de ser de alguém ou de
algum personagem, etc.
Assim, Carneiro (2003, p. 56) advoga que, nesse caso, predominam vocábulos de função nomeadora ou
identificadora, além de certa riqueza de detalhes. Um exemplo muito simples seria o pedido de orientação a
algum transeunte quando estamos perdidos em uma cidade cujos lugares não conhecemos muito bem, não é
mesmo?
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Um dos exemplos que Carneiro (2003) nos fornece é um trecho do famoso livro “O cortiço”, de Aloísio de
Azevedo, onde as características locais influenciam diretamente o comportamento das pessoas:
“E aquilo (o cortiço) se foi constituindo numa grande lavanderia, agitada e barulhenta, com as suas
cercas de varas, as suas hortaliças verdejantes e os seus jardinzinhos de três e quatro palmos, que
apareciam como manchas alegres por entre a negrura das limosas tinas transbordantes e o
revérbero das claras barracas de algodão cru, armadas sobre os lustrosos bancos de lavar.
E os gotejantes jiraus, cobertos de roupa molhada, cintilavam ao sol, que nem lagos de metal branco.
E naquela terra encharcada e fumegante, naquela umidade quente e lodosa, começou a minhocar, a
esfervilhar, a crescer, um mundo, uma coisa viva, uma geração, que parecia brotar espontânea, ali
mesmo, daquele lameiro, e multiplicar-se como larvas no esterco.”
Objetos podem também ser descritos. A descrição de objetos é estática e com finalidade de identificação.
Segundo Carneiro, a precisão, a simplicidade e o objetivismo são suas qualidades fundamentais.
Clique no link abaixo e conheça um bom roteiro para descrição de objetos:
http://gmmmz.blogspot.com/2012/03/roteiro-para-descricao-de-objeto.html
Veja um outro exemplo:
http://gmmmz.blogspot.com/2012/03/roteiro-para-descricao-de-objeto.html
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Um cilindro de madeira, de cor preta, medindo aproximadamente 17,5cm. de comprimento por 0,7cm. de
diâmetro, envolve um cilindro menor, de grafite, de mesmo comprimento, porém de 0,15cm. de diâmetro
De uma das extremidades, foi retirada madeira, formando-se um cone, cujo ápice é uma fina ponta de grafite.
Dados e Técnicas Descritivas
Por fim, ainda com base em Carneiro (2003, p.58), observamos que os dados fornecidos pelo observador, ainda
que fruto de seu ponto de vista ou de sua perspectiva em relação ao que se descreve, podem se apoiar em um
critério de classificação que tem como base os sentidos, restritos a seres de existência concreta: visuais,
auditivos, olfativos, tácteis e gustativos.
Ainda segundo o autor, “quando as realidades não são apreendidas pelos sentidos, mas por nossas capacidades
intelectuais, os dados selecionados estarão incluídos dentro de cada campo do conhecimento: artístico, científico,
religioso, moral, político, literário, etc.”.
O que vem na próxima aula
• A estrutura dos textos injuntivos;
• A utilidade dos textos injuntivos no cotidiano;
• A importância do reconhecimento dessa estrutura tanto para a produção como para a compreensão 
textuais.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Compreendeu a dinâmica de vários gêneros descritivos;
• Aprendeu a estrutura básica desses textos;
• Analisou e aplicou alguns pontos teóricos relevantes a fim de fixar a matéria.
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	Olá!
	
	Elementos da Descrição
	O que vem na próxima aula
	CONCLUSÃO

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