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NOÇÕES INTRODUTÓRIAS – EMPRÉSTIMO EM GERAL ● Empréstimo é contrato pelo qual uma das partes entrega à outra coisa fungível ou infungível, com a obrigação de restituí-la; ● Nossa legislação civil distingue duas modalidades de empréstimo, que se diferenciam quanto a seus efeitos e objetos. Vejamos: - a)Comodato (empréstimo de uso): o comodatário recebe apenas a posse de coisa não fungível (infungível), móvel ou imóvel, que deve ser restituída ao final do contrato; - b)Mútuo (empréstimo de consumo): o mutuário recebe a propriedade da coisa emprestada, já que neste caso trata-se de empréstimo de coisa fungível, que não pode ser utilizada sem perecimento, devendo, ao final do contrato, ser restituída coisa equivalente. Ex: dinheiro DO COMODATO (Arts. 579 a 585, CC/02) ● Tem seu conceito no art. 579, CC/02: “O comodato é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis. Perfaz-se com a tradição do objeto.” ● Recordando...Art. 85, CC/02 = “São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade.” à daqui se extrai o que são bens (coisas) não fungíveis!! ● Comodante - Quem empresta ● Comodatário - Quem recebe ● Trata-se, portanto, de um contrato benéfico, pelo qual uma pessoa (comodante), transfere a outrem (comodatário) a posse de um determinado bem, móvel ou imóvel, não fungível, para que o use (empréstimo de uso) graciosamente e, posteriormente, a restituir (obrigação de restituir). ● Ex: João (comodante) cede o uso de seu apartamento a José (comodatário) seu amigo, impondo-lhe a obrigação de devolver. ● Há apenas a transferência da posse da coisa, e não da propriedade. Assim, o comodatário tem a posse precária da coisa = podendo ser compelido à restituição pelo comodante a qualquer tempo. CARACTERÍSTICAS ● Característica do comodato: - a)Contrato real: somente se considera concluído quando o comodante entrega o bem ao comodatário. Art. 579, CC/02: “[...] Perfaz-se com a tradição do objeto.”; - b)Contrato unilateral: somente o comodatário contrai obrigações = guardar e conservar a coisa como se fosse sua, devendo restituí-la ao final do contrato ou quando o comodante o exigir; - c)Contrato gratuito: se há retribuição pelo uso da coisa transforma-se em locação. - d)Fiduciário: Traduz a ideia de confiança - boa fé objetiva – não costuma-se emprestar algo a quem não nos inspira confiança; - e)Temporário: se for perpétuo, transforma-se em doação. O ajuste pode ser por prazo determinado ou indeterminado – art. 581 CC/02. A posse do comodatário é sempre precária. Não se transmite aos herdeiros do comodatário.; - f)Intuitu personae: É contrato personalíssimo; - g)Não solene: não exige forma especial, podendo se ultimar na forma verbal, como é comum que aconteça. PRAZO ● Art. 581, 1ª parte, CC/02 = “Se o comodato não tiver prazo convencional, presume-se-lhe-á o necessário para o uso concedido[...]”. ● Como se trata de contrato temporário, presume-se que a coisa deva ser utilizada pelo comodatário durante certo prazo, ou até que se conclua a determinada finalidade; ● Na ausência de prazo avançado, cabe no caso concreto analisar o fim colimado. ● Em regra é por prazo indeterminado, devendo o comodante comunicar o comodatário acerca da restituição; ● Se o comodatário não restituir a coisa, cabe ação de reintegração de posse; ● Art. 581, 2ª parte, CC/02 = “[...] não podendo o comodante, salvo necessidade imprevista e urgente, reconhecida pelo juiz, suspender o uso e gozo da coisa emprestada, antes de findo o prazo convencional, ou o que se determine pelo uso outorgado.” ● O Comodante deve abster-se de pedir a coisa emprestada antes de findo o prazo avançado ou presumido pelo uso. ● Exceção: necessidade imprevista e urgente do comodante, devidamente comprovada em sede judicial. Ex: o comodante foi despejado do imóvel que residia. ● Necessidade imprevista é aquela que não podia ser aferida ou não existia quando da conclusão do contrato. PARTES E OBJETO ● Comodante = proprietário da coisa emprestada; OBS: não é indispensável que o comodante seja proprietário da coisa, bastando que tenha sobre ela um direito real ou pessoal de uso e gozo e possa transferir a posse. Ex: usufrutuário; ● Comodatário = beneficiário do contrato/possuidor da coisa; OBS: sem autorização do comodante, não pode ceder em comodato (subcomodato), sob pena de abuso/desvio de finalidade; ● Requer-se a capacidade geral para figurar no comodato; ● Art. 580, CC/02 = não podem figurar como comodantes (não se trata de incapacidade, e sim falta de legitimidade), SALVO, autorização judicial. ● Tem por objeto, regra geral, coisas infungíveis, móveis e imóveis, ou seja, que não se podem substituir por outras do mesmo gênero, quantidade e qualidade, independente do valor; ● Exceção no caso de comodato ad pompam vel ostentationem, no qual se empresta uma cesta de frutas ou garrafa de uísque para uma exibição, as partes podem transformar a coisa fungível por sua natureza em infungível, pois dessa maneira findo o contrato, será possível a restituição da mesma coisa que foi emprestada. DIREITOS E OBRIGAÇÕES DO COMODATÁRIO ● 1.CONSERVAR A COISA; - Art. 582, 1ª parte, CC/02; - Vedação ao subcomodato - Despesas extraordinárias devem ser comunicadas ao comodante – serão indenizadas em caso de urgente e necessário – Vide art. 583, CC/02 ● 2.USAR DE MODO ADEQUADO - Uso inadequado pode gerar resolução do contrato - Art. 582, CC/02 - Art. 584, CC/02 ● 3.RESTITUIÇÃO DA COISA - Deve ser restituída no prazo convencionado (ação de reintegração de posse) - Art. 582, 2ª parte, CC/02 DIREITOS E OBRIGAÇÕES DO COMODANTE ● Respeitar o prazo do negócio, não turbando a utilização nem pleiteando a devolução da coisa; ● Indenização por vício oculto, acaso os conhecia e deixou de avisar ao comodatário; ● Reembolso pelas despesas extraordinárias e urgentes; ● Receber a coisa em restituição; ● Exigir conservação da coisa; ● Exigir que efetue gastos ordinários, restituindo findo o prazo convencionado; ● Cobrar aluguel como penalidade para satisfação de perdas e danos em caso de atraso na restituição; EXTINÇÃO DO COMODATO ● Pelo advento do termo convencionado ou uso da coisa de acordo com a finalidade do empréstimo; ● Pela resolução, por iniciativa do comodante, em caso de descumprimento, pelo comodatário, de suas obrigações; ● Por sentença, a pedido do comodante, provada a necessidade imprevista e urgente (art. 581, CC/02); ● Pela morte do comodatário – intuito personae ● Por resilição unilateral: nos casos de duração indeterminada, mediante notificação do comodatário. ● Pelo perecimento do objeto do contrato: art. 583, CC/02
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