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Introdução Caro(a) estudante, iniciaremos nosso caminho até o �nal do material discutindo a gestão da cadeia de suprimentos, um tópico que tem sido cada vez mais levado em conta pelas empresas na atualidade. Quando pensamos em gerenciar a cadeia de suprimentos, o ideal é que não �quemos GESTÃO DA CADEIA DEGESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOSSUPRIMENTOS MODELOS DE PREVISÃO DE DEMANDA,MODELOS DE PREVISÃO DE DEMANDA, POLÍTICAS DE ESTOQUE EPOLÍTICAS DE ESTOQUE E PROGRAMAÇÃO DE SUPRIMENTOSPROGRAMAÇÃO DE SUPRIMENTOS Au to r ( a ) : M e . M a r i o H e n r i q u e B u e n o M o re i ra C a l l e f i R ev i s o r : A l e x a n d re B u e n o Tempo de leitura do conteúdo estimado em 1 hora e 10 minutos. presos à ideia de que nossa preocupação deve girar apenas em torno do ato de entregar os produtos aos clientes no tempo certo e da maneira correta. É necessário, então, ter em mente a importância das questões relacionadas à previsão de demanda, às políticas de estoque e aos programas de suprimentos. Ficou interessado, não é mesmo? Então vamos começar! Bons estudos! Diante do que vimos acima, entendemos que as organizações precisam organizar suas operações de maneira que saibam a necessidade exata de compra de produtos e na quantidade certa, pois, caso uma matéria-prima não esteja disponível em determinado momento, isso pode prejudicar toda a produção. Do mesmo modo, estoques desnecessários geram custos que podem prejudicar o futuro da empresa. Prezado(a) estudante, você sabia que a previsão é um pré-requisito fundamental para a maioria das atividades operacionais? Isso mesmo, pois, sem uma estimativa do futuro, não é possível planejar o nível de atividade que se espera e, portanto, resta inviável estimar os recursos que precisam ser projetados, planejados e controlados para cumprir esse nível de atividade (PIRES, 2009). Desse modo, para tomar decisões inteligentes sobre a compra de seus insumos, as organizações devem ter conhecimento sobre tudo aquilo de que vão precisar. A diferença entre comprar um produto por semana e comprar 100 produtos por dia pode ter um grande efeito sobre a escolha do fornecedor e quanto a empresa deverá pagar por esse produto. Essa estimativa da quantidade de demanda de determinado item é chamada de previsão de demanda. Podemos dizer que o maior desa�o no que diz respeito à previsão de demanda é que quase nunca é possível saber exatamente de quanto e quando de insumos a empresa realmente irá precisar. As necessidades variam de acordo com alguns fatores, sendo um deles o quanto de produtos acabados os clientes decidem comprar. Diante desse cenário de variações, é necessário fazer algumas suposições, fundamentadas sobre quanto uma empresa deve comprar, o que levará à escolha dos fornecedores certos, bem como à negociação de termos mais exatos sobre as compras de suprimentos. Modelos de Previsão de Demanda Ainda sobre a previsão da demanda, Ballou (2007) destaca que essas atividades são de extrema importância para as organizações, principalmente no que tange às ações para se planejar e controlar as diferentes áreas funcionais dentro das organizações, em especial o marketing e a logística. Veri�camos, assim, que a relevância em se prever a demanda está no fato de que a quantidade de suprimentos que uma empresa compra afeta diferentes fatores operacionais, abrangendo questões �nanceiras, espaço para estocagem, entre outros aspectos importantes. Apesar das vantagens em se prever a demanda, existem também críticas a essa prática na literatura. De acordo com Corrêa (2019), sobre a previsão de demanda, temos: Quando uma empresa que vende para outra empresa parceira faz suas previsões sobre as compras que seu cliente colocará, está na verdade tentando antecipar um processo decisório do seu cliente. Por meio de uma maior aproximação, troca de informações e coordenação de processos decisórios, é possível ter do cliente informações a respeito de seus planos de produção para o futuro, com horizonte mais longo, para, dessa forma, ser capaz de, em vez de tentar “prever” o processo decisório de compra do cliente, “coordenar” a visão futura de demanda da empresa com o processo de planejamento do cliente. Com isso, as vantagens podem ser muito substanciais, principalmente em termos de redução das incertezas das previsões (e, portanto, melhorando o processo decisório da empresa). Entretanto, em muitas situações, principalmente quando se trata de prever a demanda do consumidor, previsões necessitam ser feitas (CORRÊA, 2019, p. 224). Dessa forma, concluímos que, mesmo diante das desvantagens da previsão da demanda, elas são extremamente necessárias para as empresas se planejarem e, também, tornarem-se competitivas. Nesse sentido, de acordo com Thomopoulos (2015), veri�camos que as organizações modernas se deparam continuamente com um �uxo acelerado de planejamento de negócios e situações de tomada de decisão. Uma previsão, seja ela de qualquer tipo, é usada como base para atender a muitas dessas necessidades, e, quanto mais con�áveis as previsões, melhor o resultado para o planejamento e as decisões. A previsão tem atormentado o gerenciamento por séculos, contudo, agora, diante do avanço dos computadores e dos métodos de previsão, é possível explorar essa ferramenta. No grá�co apresentado na Figura 2.1, observamos um exemplo de como a demanda pode oscilar ao longo de determinado período. Acompanhe. Além dessas questões, devemos entender que o sistema de previsão sólido é uma necessidade no mundo do gerenciamento de mudanças no fornecimento, permitindo que as empresas lidem com as mudanças constantes na demanda por seus produtos e recursos. O objetivo comum, assim, é ter o mínimo de estoque para satisfazer as demandas dos clientes por seus produtos e, ao mesmo tempo, minimizar o custo de compra e de manutenção do estoque. Uma empresa com excesso de oferta de estoque incorre em custos indevidos causados por excesso de armazenamento, deterioração do estoque e obsolescência dos itens. Porém a falta do estoque necessário à empresa também pode apresentar problemas, entre eles, insatisfação dos clientes, perda de vendas por oportunidade e atraso na produção. Dessa forma, previsões con�áveis são essenciais para a sobrevivência e o crescimento de uma empresa. Antes de debatermos sobre os detalhes de alguns modelos, vamos conhecer algumas características sobre a demanda. Para tanto, o elemento interativo a seguir apresenta alguns aspectos essenciais sobre a demanda. Acompanhe. 1. Temporalidade da demanda: a demanda pode sofrer importantes mudanças ao longo do tempo. Por exemplo, uma empresa pode vender mais em determinado período do ano e, em outro, bem menos em relação à média anual de produtos vendidos. Por esse motivo, as organizações devem sempre estar atentas a mudanças de demanda ao longo do período de análise. 2. Regularidade da demanda: essa característica é semelhante ao aspecto de temporalidade, ou seja, se a demanda se mantém regular ou não ao longo do tempo. Assim, acompanhar essa regularidade permite compreender se a demanda segue ou não uma linha contínua ao longo do tempo. Figura 2.1 - Exemplo de variação da demanda em um período Fonte: Novaes (2007, p. 164). #PraCegoVer: a imagem apresenta o grá�co da variação da demanda em um período de 36 meses. Ao lado esquerdo da imagem, no eixo y, está em ordem crescente; de baixo para cima, os valores mensais, 0, 100, 200, 300, 400, 500, 600, 700, 800 e 900. No eixo x, estão os meses, 0, 6, 12, 18, 24, 30 e 36 meses. O grá�co apresenta uma linha pontilhada cortando o eixo x, no ponto 589, com uma seta e um texto, no qual se lê “média = 589”. O grá�co apresenta, ainda, diversos pontos, demonstrando que, em certos períodos, a demanda oscila para baixo ou para cima da média calculada. O ponto mais abaixo da média da demanda está em cerca de 420 no eixo x e cerca de 8 no eixo y. Já o ponto mais acima da média da demanda está em cerca de 790 e cerca de 32 no eixo y. 3. Dependência da demanda: a demanda pode ser dependente ouindependente. Desse modo, se a demanda depender de uma quantidade elevada de clientes, ela é considerada independente, já que não existe um cliente que possa in�uenciá-la fortemente; porém, caso existam clientes que representem uma alta fatia da demanda, essa é considerada dependente. Para levar em conta todas as especi�cidades da demanda, as organizações precisam utilizar-se de modelos de previsão da demanda. Esses modelos podem ser qualitativos e quantitativos, a escolha de qual modelo utilizar dependerá diretamente das características da demanda a ser analisada. Métodos Qualitativos de Previsão de Demanda e seu Relacionamento com Cadeia de Suprimentos Os métodos qualitativos baseiam-se, principalmente, na experiência da força de trabalho ou em pesquisas, embora também possam fazer uso de ferramentas matemáticas simples para combinar diferentes previsões. Ballou (2007) destaca que os métodos qualitativos podem ser entendidos da seguinte maneira: [...] aqueles que recorrem a julgamento, intuição, pesquisas ou técnicas comparativas a �m de produzir estimativas quantitativas sobre o futuro. As informações relativas aos fatores que afetam a previsão são tipicamente não quantitativas, �exíveis e subjetivas. Quanto aos dados históricos, é possível que não estejam ao alcance ou que tenham escassa relevância para a previsão. A natureza não cientí�ca desses métodos torna difícil sua padronização ou mesmo a validação de sua exatidão. Há, porém, ocasiões em que esses métodos são todo o arsenal de que se dispõe para prever o sucesso de novos produtos, mudanças de políticas de governo, ou o impacto de uma nova tecnologia (BALLOU, 2007, p. 245). Além disso, os métodos qualitativos são, geralmente, empregados para previsões de longo e médio prazo, quando não há histórico su�ciente para usar uma abordagem quantitativa. É o caso, por exemplo, quando um novo produto ou serviço é lançado no mercado, quando a embalagem de um produto é alterada ou quando se espera que o padrão de demanda futura seja afetado por mudanças políticas ou por avanços tecnológicos (GHIANI; LAPORTE; MUSMANNO, 2004). Os métodos qualitativos mais usados são a avaliação da força de vendas, a pesquisa de mercado e o método Delphi. No método de avaliação da força de vendas, uma previsão é desenvolvida pelos vendedores da empresa. Comumente, a força de trabalho pode fornecer estimativas precisas, pois está próxima dos clientes. Por outro lado, a pesquisa de mercado é baseada em entrevistas com consumidores ou usuários em potencial. Um problema de se utilizar o método da pesquisa de mercado é que esse método pode despender um alto tempo de trabalho e requer um conhecimento profundo da teoria de amostragem. Por essas razões, ele é usado apenas ocasionalmente, por exemplo, ao decidir se um novo produto deve ser lançado. No método Delphi, uma série de questionários é submetida a um painel de especialistas. Cada vez que um grupo de perguntas é respondido, novos conjuntos de informações se tornam disponíveis. Em seguida, um novo questionário é preparado, de forma que cada especialista se depara com as novas descobertas. Esse procedimento elimina o efeito de onda da opinião da maioria. O método Delphi termina assim que todos os especialistas compartilhem do mesmo ponto de vista. Essa técnica é usada, principalmente, para estimar a in�uência de mudanças políticas ou macroeconômicas na demanda de um item. Métodos Quantitativos de Previsão de Demanda e seu Relacionamento com Cadeia de Suprimentos Métodos quantitativos podem ser usados sempre que houver histórico de demanda su�ciente. Essas técnicas pertencem a dois grupos principais: métodos causais e extrapolação de séries temporais. Uma de�nição de métodos causais é apresentada, a seguir, por Ballou (2007): A premissa básica em que se assentam os métodos causais de previsão sustenta que o nível da variável de previsão é derivado do nível de outras variáveis relacionadas. Por exemplo, se o serviço ao cliente tem um efeito positivo sobre as vendas, conhecendo o nível de serviços oferecido é possível projetar o nível das vendas. Pode- se dizer que o serviço “causa” vendas. Até onde as boas relações de causa-e-efeito podem ser descritas, os modelos causais têm realmente efetividade na antecipação de grandes mudanças nas séries de tempo e na previsão exata para períodos de médio a longo alcances. (BALLOU, 2007, p. 248). De acordo com Ghiani, Laporte e Musmanno (2004), os métodos causais baseiam-se na hipótese de que a demanda futura depende dos valores passados ou atuais de algumas variáveis. Eles incluem regressão, modelos econométricos, modelos de entrada e saída, análise do ciclo de vida, modelos de simulação de computador e redes neurais. A maioria dessas abordagens é difícil de implementar, mesmo para empresas maiores. Na prática, apenas regressão única ou múltipla é usada para planejamento e controle logístico. Por outro lado, a extrapolação da série temporal ou de projeção histórica pressupõe que algumas características do padrão de tempo de demanda passado permanecerão as mesmas. O padrão de demanda é, então, projetado no futuro. Isso pode ser feito de várias maneiras, incluindo técnica elementar, médias móveis, técnicas de suavização exponencial, abordagem de decomposição e método Box-Jenkins. A escolha da técnica de previsão quantitativa mais adequada depende do tipo de dados históricos disponíveis e do tipo de produto (ou serviço). No entanto, como regra, é aconselhável selecionar a abordagem mais simples possível. SAIBA MAIS Existem diferentes técnicas que podem ser usadas para prever a demanda que uma organização terá. Os autores do artigo apresentam um estudo com diversas técnicas de previsão de demanda com dados provenientes da comercialização de materiais eletromecânicos. Essa pesquisa permitiu entender o comportamento de diferentes técnicas a No conteúdo apresentado até aqui, vimos que as organizações podem optar entre o uso de modelos qualitativos ou quantitativos para prever sua demanda para determinado período. A escolha acerca de qual das técnicas será utilizada dependerá do quanto de exatidão, assim como das características, da demanda que a organização pretenda. Além das já citadas, existem técnicas mais atuais, que se utilizam de princípios da tecnologia de inteligência arti�cial para tentar prever a demanda de maneira mais exata; contudo, na realidade da maioria das empresas, em razão de limitações �nanceiras e tecnológicas, são acessíveis apenas os métodos mais clássicos de previsão de demanda. Conhecimento Teste seus Conhecimentos (Atividade não pontuada) Considere o trecho a seguir: “O planejamento do processo de distribuição depende da antevisão da forma como a demanda dos produtos vai evoluir no futuro. [...] Dessa forma, projeções da demanda bem elaboradas e robustas podem signi�car ganhos competitivos, econômicos e �nanceiros para a empresa e para a cadeia de suprimento em que ela se insere.” NOVAES, A. G. Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. p. 159. Considerando a citação apresentada e os conteúdos estudados, analise as asserções a seguir e a relação proposta entre elas. I. A previsão de demanda deve ser a primeira escolha para qualquer organização que queira entender melhor seu futuro. Porque: II. Os modelos de previsão permitem que as organizações entendam como a demanda irá se comportar ao longo de determinado período de tempo. A seguir, assinale a alternativa correta: a) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I. partir dos dados levantados e da análise matemática realizada. Para saber mais, acesse: https://revista.feb.unesp.br/index.php/gepros/article/viewFile/171/119 https://revista.feb.unesp.br/index.php/gepros/article/viewFile/171/119 b) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I. c) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. d) A asserção I é uma proposiçãofalsa, e a II é uma proposição verdadeira. e) As asserções I e II são proposições falsas. Caro(a) estudante, como você sabe, no meio empresarial, a chegada e a saída de produtos são ações bastante rotineiras. Um dos fatores essenciais para garantir que esse �uxo sempre ocorra adequadamente são os estoques, uma vez que, se a empresa precisar fabricar um produto e não ter estoque, todo �uxo da produção é comprometido. Os estoques podem abranger tanto as matérias-primas necessárias para o processo produtivo como produtos acabados, à espera da ordem para serem despachados para os clientes. Desse modo, o processo de gerenciamento adequado dos estoques é uma etapa de grande importância para garantir o sucesso organizacional (JACOBS; CHASE, 2018). Uma correta política de estoques é essencial para as organizações modernas, visto que a e�ciência e a qualidade dos processos de natureza logística estão diretamente ligadas aos estoques encontrados na empresa. A importância dessa decisão se deve ao fato de o custo dos estoques pode representar mais de 30% do custo total das atividades logísticas. Dessa forma, gerenciar adequadamente a quantidade estocada pela empresa possibilita a redução de custos e, também, que essa seja uma fonte de vantagem competitiva para as organizações modernas (WATERS, 2010). Funções do Estoque Muitas ideias ligadas à produção enxuta defendem que o nível de estoques seja o menor possível. Porém, apesar de os estoques serem considerados um dos vilões para as empresas, há algumas vantagens em se optar pelos estoques. Segundo Ballou (2007), as razões básicas para a existência de estoques é a possibilidade de melhorar o nível de serviço junto aos clientes, bem como promover a redução de custos. Políticas de Estoques Dessa forma, a existência de estoques permite que as empresas atendam de forma adequada a seus clientes. Por exemplo, se um cliente está disposto a pagar mais, por um prazo menor de entrega, é necessário que se tenha matéria-prima disponível para produção imediata. Caso isso não ocorra, ele poderá desistir da compra ou, ainda, poderá ser veri�cada uma diminuição signi�cativa da sua satisfação em relação à empresa. Como citado anteriormente, além da busca por satisfazer os clientes, a existência de estoques é vital para redução de custos. Partindo da ótica da produção enxuta, podemos pressupor que a existência de estoques só gera custos desnecessários; contudo, os estoques podem contribuir para reduzir custos de compras. Isso ocorre porque somente comprar no momento em que a empresa precisa realmente de uma mercadoria pode elevar os custos signi�cativamente; ou seja, caso a empresa escolha comprar de um fornecedor da cidade, e em pouca quantidade, os custos poderão ser bem mais altos. Por outro lado, se a empresa realizar uma compra em alta quantidade, ela poderá reduzir seus custos com a matéria-prima. Modelos de Planejamento e Curva ABC Diante da importância e dos perigos de se manter estoques, as organizações modernas têm buscado maneiras de planejá-los adequadamente. Esse planejamento deve acontecer de modo a evitar custos desnecessários de estoques parados, ao passo que seja possível atender a demandas dos clientes a tempo. Normalmente, conforme destaca Ballou (2007), as organizações têm como foco principal utilizar abordagem agregada de controle de seus estoques. Isso ocorre porque é mais fácil entender o valor do estoque como um todo do que entender o valor do estoque unidade por unidade. Os métodos mais empregados para o controle de estoque de maneira agregada são: classi�cação ABC, giro de estoques e agregação de riscos. Assim, a curva ABC permite que os produtos possam ser categorizados em um número reduzido de categorias, permitindo um controle mais adequado e mais efetivo de estoque. A lógica por trás do conceito da curva ABC é o fato de que poucos produtos em estoque podem responder por uma grande proporção das vendas da empresa. Essa lógica da curva ABC é também conhecida como curva 80-20 ou, ainda, princípio ou lei de pareto. Dessa forma, veri�ca-se que 80% da quantidade total de vendas envolve apenas 20% do número de produtos existentes. Essa lógica do 80-20, porém, é teórica, uma vez que, di�cilmente, esse valor será atingido realmente. É importante, diante de tudo o que vimos sobre o assunto, estarmos atentos ao fato de que a maior parte das vendas envolve uma baixa quantidade de itens em uma empresa. Na Figura 2.2, apresentamos um exemplo de curva ABC. Acompanhe. Outro modelo de planejamento bastante conhecido é o giro de estoques. Esse modelo analisa o valor da resultante da divisão entre o total de vendas em um ano ao custo de estoque em relação ao valor médio investido em estoque. Em outras palavras, veri�ca-se quantas vezes o estoque se renovou ao longo de determinado período. As empresas modernas buscam girar constantemente seus estoques, garantindo uma redução no risco da existência de estoques parados. Ballou (2007) destaca que é recomendável que o giro de estoque em empresas de varejo seja de 8:1; em empresas de atacado, 9:1; e, em empresas manufatureiras, o giro de estoque deve seguir uma razão de 9:1. Já a técnica de agregação de riscos parte da ideia de que, se existir uma quantidade menor de locais com estoques, consequentemente, haverá uma tendência signi�cativa de que também se reduza a quantidade de estoques em toda empresa, diminuindo, assim, os custos (BALLOU, 2007). Centralização e Descentralização: A Localização dos Estoques na Cadeia de Suprimentos O problema clássico de compensação entre os custos de transporte, armazenamento e manutenção de estoque e vendas perdidas está associado à escolha de uma estratégia de distribuição de centralização ou descentralização. Esse aspecto afeta não apenas os custos dos processos logísticos, mas, também, o nível dos serviços logísticos e, portanto, a competitividade da empresa (MILEWSKI, 2020). Figura 2.2 - A curva 80-20 com uma classi�cação ABC de produtos arbitrária Fonte: Ballou (2007, p. 78). #PraCegoVer: A imagem apresenta um grá�co da curva 80-20 com uma classi�cação ABC. Ao lado esquerdo da imagem, no eixo y, em ordem crescente, de baixo para cima, os valores totais em porcentagem: 0, 10, 20, 30, 40, 50, 60, 70, 80, 90, 100. No eixo x, estão os totais de itens, em porcentagens: 0, 20, 40, 60, 80, 100. O grá�co tem duas linhas perpendiculares ao eixo x, uma no ponto x = 20 e outra no ponto x=50. No lado esquerdo da primeira linha perpendicular, está escrito “itens a”; no lado direito da primeira linha perpendicular, está escrito “itens b”; no lado direito da segunda linha perpendicular, está escrito “itens c”. Nesse grá�co, existe uma curva que têm início nos pontos x = 0 e y = 10; posteriormente, ela corta a primeira linha perpendicular ao eixo x no ponto x = 20 e y aproximadamente 6; em seguida, ela corta a segunda linha perpendicular ao eixo x no ponto x = 50 e y aproximadamente 85. Por �m, a curva �naliza nos pontos x = 100 e y = 100. A estratégia de estoque centralizado é usada por algumas empresas. Os benefícios dessa estratégia são, principalmente, a redução de estoques e de custos de armazenamento. Como as entregas, nessa estratégia, têm de ser feitas, muitas vezes, em distâncias mais longas e, possivelmente, diretamente aos clientes, os custos de transporte podem aumentar, especialmente se, após a centralização, as mercadorias forem entregues em pequenas quantidades. Os custos de transporte também podem aumentar em razão da necessidade de aumentar a velocidade e a �exibilidade das entregas. Normalmente, a implementação da estratégia de estoques centralizados na distribuição contribui para a melhoria do nível de serviço logístico medido pela disponibilidade de estoque. Embora a distância possa aumentar o tempo de entrega e exista o risco de atrasos nessas entregas, a disponibilidade de estoque no armazém central costuma ser maior (MILEWSKI, 2020). A estratégia de centralização também traz consequências para o meio ambiente. O aumento do transporte de cargas emquantidades menores pode resultar não apenas no aumento de custos operacionais de transporte, mas, também, em maior impacto no meio ambiente, já que, quanto mais viagens forem dadas, maior será a quantidade em quilômetros registrada e, consequentemente, maior a poluição gerada pelos veículos de transporte. Dessa forma, muitas organizações optam por uma estratégia de estoque descentralizada. O armazenamento descentralizado leva a tempos de entrega reduzidos, uma vez que os armazéns estão muito mais próximos dos clientes. A ideia é que existam estoques intermediários em áreas especí�cas próximas dos grandes pontos consumidores, melhorando, assim, o escoamento de materiais ao longo �uxo logístico. Além disso, se as demandas dos clientes não estiverem correlacionadas, o estoque de segurança agregado exigido por um sistema centralizado é signi�cativamente menor do que a soma dos estoques de segurança em um sistema descentralizado. Esse fenômeno pode ser explicado qualitativamente da seguinte forma: nas hipóteses supracitadas, se a demanda de uma zona de consumo for maior do que a média, então, provavelmente, haverá uma zona de consumo com demanda abaixo da média. Portanto, a demanda originalmente alocada para uma zona pode ser realocada para a outra, e, como resultado, são necessários estoques de segurança mais baixos (GHIANI; LAPORTE; MUSMANNO, 2004). Tecnologia Aplicada à Gestão do Estoque (RFID, Código de Barras e outras Tecnologias) O advento da tecnologia de identi�cação por radiofrequência (RFID) criou uma onda gigantesca de informações, pesquisas e artigos que elogiam essa nova tecnologia. Grandes varejistas como Tesco, Marks & Spencer, Wal-Mart e Prada já começaram a utilizar essa nova tecnologia em suas cadeias de suprimentos; outras empresas, porém, esperam para ver se o RFID realmente terá potencial de melhorar suas operações (WHITE, 2007). Um dos maiores benefícios que o RFID oferece é que os itens podem ser rastreados em toda a cadeia de suprimentos, podendo, ainda, serem localizados em um depósito em segundos. Essa é uma vantagem muito atraente para as empresas, que buscam tornar suas cadeias de suprimentos mais e�cientes e reduzir desperdícios, roubos e erros. Dessa forma, no que se refere à gestão de estoques, as organizações podem se utilizar do RFID para ter um controle mais e�caz dessa área, uma vez que é possível identi�car a exata posição de cada item no estoque. Essa aplicabilidade é bastante interessante para grandes empresas que apresentam armazéns de estoques com grandes dimensões, em que é ine�caz o controle à moda antiga. Outra ferramenta bastante interessante para a gestão de estoques são os códigos de barras, pois, por meio dessa ferramenta, as empresas podem controlar melhor seus estoques. O código de barras é uma espécie de observação composta por uma série de barras e espaços arranjados regularmente e caracteres correspondentes, que podem ser reconhecidos pelos olhos da pessoa, indicando algumas informações. No código de barras, se a combinação do número for diferente, a largura da barra e do espaço irá mudar, o que leva a dados importantes do material. Dessa maneira, é possível vincular arti�cialmente um código de barras a uma mercadoria, fazendo uso da relação um-a-um que surge entre o código de barras e a mercadoria, a �m de obtermos informações sobre as mercadorias por meio de uma leitura rápida. De forma resumida, podemos a�rmar que o uso dessa ferramenta indica que a e�ciência do gerenciamento de mercadorias pode ser melhorada (GHIANI; LAPORTE; MUSMANNO, 2004). No infográ�co, a seguir, apresentamos uma comparação entre o RFID e o código de barras. O potencial do EDI (Intercâmbio Eletrônico de Dados) para melhorar o desempenho da empresa e mudar a estrutura da indústria foi amplamente estudado, pois as ligações entre fornecedor e cliente tornaram-se uma importante fonte de vantagem competitiva. Por exemplo, as cadeias de supermercados de varejo utilizam o EDI para transmitir dados sobre vendas diárias e níveis de estoque aos fabricantes, que usam esses dados para determinar as quantidades de remessa de produtos necessárias para manter níveis de estoque adequados nos compradores de varejo. Sendo #PraCegoVer: o infográ�co estático tem o título “Comparação entre o RFID e o código de barras” e imagem do lado direito e conteúdo escrito do lado esquerdo. A imagem ao lado é em vetor e apresenta dois ícones, um de caixa semiaberta com a sigla “RFID” e, acima, na diagonal e na parte aberta da caixa, há alguns arcos, como se estivessem simbolizando um sinal, uma conexão, e o outro, um código de barras, está logo abaixo. Do lado esquerdo, o fundo é azul-claro e apresenta o seguinte conteúdo em lista, respectivamente: “Localização a distância: enquanto o código de barras só pode ser lido se o leitor estiver acima da etiqueta com o código de barras, o RFID pode estar localizado a uma certa distância. A distância vai depender da tecnologia RFID utilizada, e cada sensor RFID apresenta características diferentes no que tange à distância de acesso”; “Número de itens analisados ao mesmo tempo: enquanto o RFID possibilita que diferentes itens possam ser lidos simultaneamente, o código de barras permite que apenas um item seja lido por vez”; “Capacidade de ser lido em ambientes inóspitos: enquanto o código de barras pode ser lido apenas se estiver em bom estado, ou seja, não podem existir sujeiras acima da etiqueta do código de barras, o RFID pode ser lido em ambientes mais inóspitos, mesmo se houver um alto nível de sujeira”. assim, é considerado uma tecnologia interessante a ser utilizada para o gerenciamento de estoques (LEE; CLARK; TAM, 1999). atividade Atividade Leia o trecho a seguir: O gerenciamento de estoque desempenha um papel essencial na gestão da cadeia de suprimentos. Ao analisar os planos de produção agregados, os estoques são importantes, naturalmente, no caso de uma escassez temporária da capacidade de recursos prevista, tornando necessário fabricar alguns produtos ou peças bem antes de sua demanda ser percebida. ZIJM, H. et al. Operations, logistics and supply chain management. Cham: Springer, 2019. Com base no que foi apresentado, pesquise e selecione o exemplo de uma empresa real, ou, ainda, imagine uma empresa �ctícia, que enfrenta problemas para gerenciar seus estoques, uma vez que neles estão contidos itens em elevada quantidade. A partir disso, identi�que quais ações essa empresa poderia realizar para resolver o problema. Prezado(a) estudante, vale ressaltar, neste momento do nosso estudo, que a programação de suprimentos é uma importante maneira de as organizações se manterem competitivas na atualidade. Isso ocorre porque, sem a existência de suprimentos, as fábricas não são capazes de produzir seus produtos, tampouco enviá-los aos demais canais de distribuição. Programação de Suprimentos Sabendo disso, é notório que as empresas precisam adotar maneiras adequadas para ter suprimentos. Assim, essa programação deve garantir que não existam estoques excessivos, o que, por sua vez, geraria custos inadequados para a organização. Gerenciamento Integrado de Suprimentos Quando falamos de gerenciamento integrado de suprimentos, referimo-nos a ações para programar as atividades relativas aos suprimentos, considerando toda a cadeia de suprimento, ou seja, os fornecedores e os clientes. No contexto da produção puxada pelo cliente, é recomendável que o evento que gere a necessidade da compra de material seja o pedido dos clientes (BALLOU, 2007). Dessa forma, as empresas saíram de uma abordagem na qual os itens para a produção eram comprados a partir de uma previsão de demanda, para uma abordagem enxuta, na qual a quantidade de estoque é a menor possível. Em resumo, o que irá iniciar a compra de matérias- primas é a existência de pedidos de�nitivos dos clientes. Outro ponto importante em nosso estudo é que a gestão integrada de suprimentos, apesar de possibilitar a redução de estoques, tem como desvantagem a necessidade de aumentar a quantidadede pedidos e, consequentemente, a realização de pedidos com menores quantidades. Essa redução da quantidade de produtos solicitados em pedidos pode fazer com que a empresa tenha custos maiores. Assim, uma forma de resolver essa situação é �rmando contratos em longo prazo com fornecedores, nos quais se veri�que uma redução do valor da matéria-prima, por meio de acordos de exclusividade, durante determinado período. Distribuição Física (Milk Run, Cross Docking, Transit Point, Merge in Transit, Condomínio Industrial) REFLITA Sabendo que, na atualidade, os clientes priorizam cada vez mais a compra em empresas que sejam capazes de entregar os produtos em um prazo menor, como as empresas modernas podem, ao mesmo tempo, estar preparadas para cumprir prazos cada vez menores e, também, ter estoques reduzidos? O ambiente de negócios, como sabemos, está cada vez mais competitivo, o que pode ser veri�cado à medida que as expectativas dos clientes empresariais da cadeia de suprimentos aumentam e a capacidade de as empresas concorrentes em fornecer qualidade consistente a preços baixos continua a se desenvolver (CHRISTOPHER; TOWILL, 2001). Algumas das principais técnicas relacionadas à distribuição física são o Milk Run, Cross Docking, Transit Point, Merge in Transit, Condomínio Industrial. A seguir, conheceremos algumas delas, de maneira que possamos saber como aplicar esses conceitos na prática. Em um sistema Milk Run, as entregas de cargas menores de vários fornecedores são coletadas por um caminhão, a �m de obter maior utilização da frota e do abastecimento contínuo. Ao contrário do sistema de consolidação, um caminhão visita, consecutivamente, vários locais de fornecedores para pegar mercadorias. O sistema de consolidação envolve, ainda, vários caminhões (menores) para remessas entre os fornecedores e o ponto de consolidação, além de capacidades maiores entre o centro de consolidação e o destino (ZIJM et al., 2019). Na Figura 2.3, a seguir, você poderá analisar a representação do sistema Milk Run. Na �gura anterior vemos que a fábrica busca matérias-primas em diversos fornecedores, permitindo que se possa gerir a produção de maneira mais adequada, evitando, principalmente, a ocorrência de estoques desnecessários na planta produtiva. Quando vários fornecedores atendem a várias fábricas, um importante conceito de logística na distribuição de muitos para muitos é o Cross Docking, que também é amplamente utilizado na logística de transporte de varejo. Vários fornecedores entregam produtos pré-embalados em um ponto de Cross Docking, onde os pacotes são encaminhados para as entregas de saída para vários destinos. A chegada coordenada dos fornecedores e as saídas aos destinos reduzem os estoques e, ao mesmo tempo, possibilita o carregamento completo dos caminhões, tanto na entrada quanto Figura 2.3 - Representação do sistema Milk Run Fonte: Zijm et al. (2019, p. 237). #PraCegoVer: a imagem apresenta diversos elementos. Da esquerda para a direita, de cima para baixo, a ilustração de uma fábrica, seguida de uma seta azul, que aponta para a ilustração de uma fábrica; seguida de uma seta azul que aponta para uma ilustração de uma fábrica; seguida de uma seta azul que aponta para a ilustração de uma fábrica. Da ilustração da quarta fábrica, existe uma seta apontando para a ilustração de uma fábrica maior na parte direita da imagem. Por �m, existe uma seta azul, na parte de cima da ilustração de uma fábrica maior, que aponta para a primeira ilustração da fábrica na parte esquerda. na saída. Enquanto cada fornecedor envia apenas volumes de carga inferior a caminhões para cada planta ou armazém do cliente, agregar as remessas para vários destinos permite cargas completas de caminhões para o Cross Docking. Após a classi�cação e o reagrupamento, novamente cargas completas de caminhões do Cross Docking seguem para múltiplos destinos (ZIJM et al., 2019). No card, a seguir, podemos ver o resumo de como funciona um sistema híbrido, que utiliza conceitos do Milk Run e do Cross Docking. Outro modo de modelar a distribuição de física é o Transit Point. Neste modelo, as cargas são divididas normalmente em paletes, conforme a região de entrega. A empresa, então, transporta toda essa carga para um local de distribuição e, a partir dele, a carga será enviada para as regiões de entrega �nal. Esse tipo de distribuição física pode, em um primeiro momento, ser parecida com o Cross Docking, porém, no Transit Point não é realizada nenhuma operação de manipulação da carga; ou seja, a integridade da carga se mantém igual ao momento da retirada inicial. Outro tipo de distribuição bastante utilizado nos dias atuais é o Merge in transit, que pode ser considerado um modelo de distribuição no qual várias remessas originadas em diferentes locais de despacho são consolidadas em uma entrega ao cliente, sem estoques nos pontos de consolidação. Esse processo elimina a necessidade de depósitos de distribuição na cadeia de abastecimento e permite que os clientes recebam entregas completas de seus pedidos (ZIJM et al., 2019). Por último, temos o Condomínio Industrial, que é um tipo de distribuição física muito comum na indústria automobilística. Esse modelo consiste na exigência de que as fábricas tenham fornecedores dentro da mesma planta produtiva, ou seja, dentro do mesmo condomínio industrial. Dessa forma, é possível garantir que as demandas da empresa matriz sejam atendidas no tempo certo e na quantidade correta. Conhecimento Teste seus Conhecimentos (Atividade não pontuada) Leia o excerto a seguir: “Coordenar o �uxo de bens e serviços entre instalações físicas é um dos principais focos na gestão da cadeia de suprimentos. Decidir quanto, quando e como movimentar os produtos e, igualmente, onde comprá-los, é preocupação constante. Essas decisões de programação ocorrem no canal de suprimentos, e a boa administração impõe que sejam coordenadas com outras atividades no todo da empresa, especialmente com a produção.” BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos/logística empresarial. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2007. p. 341. Considerando as informações apresentadas sobre a distribuição física, analise as a�rmativas a seguir. I. A entrega de produtos pré-embalados é uma característica do modelo de distribuição Cross Docking. II. A existência de cargas maiores é o foco do sistema Milk Run, o qual é empregado para distribuição física. III. O sistema Transit Point apresenta características semelhantes ao modelo de distribuição física Cross Docking. IV. A distribuição física do tipo Merge in Transit busca que os fornecedores de uma fábrica estejam próximos. Está correto o que se a�rma em: a) I e II, apenas. b) I e IV, apenas. c) III e IV, apenas. d) I e III, apenas. e) II e III, apenas. A e�cácia da cadeia de suprimentos determina o sucesso de uma empresa. Dessa forma, as organizações, para dar aos clientes o que eles querem e quando eles querem, devem decidir entre: produzir antes mesmo de os clientes estarem prontos para comprar determinado produto ou esperar até que façam o pedido. A escolha do ambiente de produção certo se baseia, então, em dois fatores: o que a empresa está fazendo e o que seus clientes precisam. Existem dois tipos principais de ambientes de produção para escolher: Make to Stock e Make to Order. Na Figura 2.4, a seguir, apresentamos a comparação entre os sistemas Make to Stock e Make to Order. Vamos analisá-la para agregar ainda mais conhecimento sobre o conceito. Dessa maneira, precisamos conhecer esses dois ambientes de produção, de maneira que possamos entender quais dessas estratégias são melhores em cada situação que as empresas possam enfrentar. Make to Stock Diante de tudo o que vimos até aqui, é possível deduzir que, se os clientes precisam de um produto imediatamente, sem a exigência de personalização, a empresa desejaria ter alguns itens pré- fabricados e prontos para atender a esses clientes. Essa abordagem é chamada de Make to Stock, Operações de Internas Figura 2.4- Comparação entre os sistemas Make to Stock e Make to Order Fonte: Adaptado de Stanton (2018). #PraCegoVer: a imagem apresenta um grá�co que compara o sistema Make to Order com o sistema Make to Stock. Ao lado esquerdo da imagem, no eixo y, temos um texto escrito “customização”; do lado direito, na parte de cima, está escrito “Alta”; na parte de baixo, está escrito “Nenhuma”. No eixo x, está escrito, abaixo, “Lead Time”; acima desse texto, na parte esquerda, está escrito “Baixo” e, na parte direita, “Alta”. No grá�co, o texto escrito “Make to Stock” está localizado em “nenhuma” no eixo y e no eixo x, “Baixo”, e o texto escrito “Make to Order” está localizado no meio do eixo y e no meio do eixo x. ou simplesmente fazer para estoque. O estoque, neste caso, garante que a empresa possa atender aos pedidos dos clientes rapidamente (STANTON, 2018). O maior benefício de uma estratégia de produção para estoque é que os clientes podem ter seus pedidos atendidos imediatamente. Assim, ter um alto nível de disponibilidade do produto é importante para manter os clientes satisfeitos e aumentar a participação da empresa no mercado. Isso ocorre porque, se uma empresa não tiver produtos disponíveis para um cliente comprar, ela pode levar esses clientes a comprarem dos concorrentes. A seguir, apresentamos um elemento interativo sobre o trade-off entre a escolha de ter estoques ou não. Podemos veri�car, no entanto, que uma estratégia de produção para estoque apresenta, de acordo com Stanton (2018), alguns desa�os. Quando uma empresa fabrica um produto antes de receber o pedido, seus clientes precisam levar o produto do jeito que está, ou seja, as empresas não podem personalizá-lo. As empresas precisam prever o quanto seus clientes comprarão e quando farão essa compra. Em outras palavras, as empresas devem assumir um risco e especular que haverá demanda no futuro. Depois de fazer os produtos, eles �cam no estoque e empatam o dinheiro até serem vendidos, o que é custoso para empresa. Além disso, deve-se considerar os custos do espaço do armazém e as pessoas necessárias para mover, gerenciar e manter o estoque. O inventário pode ser roubado, dani�cado ou, ainda, tornar-se obsoleto e inutilizável. Dessa forma, foi possível identi�car que o sistema Make to Stock é marcado pela necessidade de as empresas identi�carem possíveis compras de produtos em determinado período de tempo, sendo exigido, então, certo nível de estoque para atender essas demandas. Make to Order O estoque adiciona custos à cadeia de suprimentos, porém, também cria valor, ao reduzir os prazos de entrega para os clientes de uma empresa. Dessa maneira, como forma de garantir o equilíbrio, as organizações devem manter um nível de estoque su�ciente, a �m de atender às necessidades de seus clientes e nada mais. Se o lead time de fabricação for menor do que o tempo de resposta exigido pelo cliente, a empresa pode não precisar ter nenhum estoque. Em vez disso, essa empresa pode esperar até que um pedido chegue, e, então, produzir o produto para seu cliente (STANTON, 2018). Essa estratégia Make to Order tem muitos benefícios em relação à abordagem de produção para estoque. A produção sob encomenda elimina os custos de estoque e armazenamento, liberando dinheiro, o que se traduz diretamente em maiores lucros (STANTON, 2018). Uma lanchonete fast-food é um bom exemplo sobre a estratégia Make to Order de produção. Dessa forma, no caso desse tipo de lanchonete, os ingredientes estão prontos, mas não é recomendável fazer hambúrgueres antes do pedido. Em vez disso, a lanchonete espera que um cliente faça o pedido e, em seguida, prepara o lanche. Para aplicar com sucesso uma abordagem de produção sob encomenda, você precisa enfrentar três desa�os: A empresa deve saber o tempo de resposta esperado do cliente. O lead time de fabricação da empresa deve ser menor do que o lead time exigido por seus clientes. O processo de fabricação das empresas deve ser con�ável e ter capacidade su�ciente para atender às demandas dos clientes. Rajagopalan (2002) ressalta que alguns autores defendem a ideia de que os itens de menor demanda devem ser produzidos a partir da estratégia Make to Order, e os itens de alta demanda devem ser produzidos a partir da estratégia Make to Stock. Os itens, portanto, são pedidos com base na demanda crescente, e a decisão está em identi�car um item de limite, de forma que os itens com menor demanda sejam feitos sob encomenda, e os demais, para estoque. Com base no exposto acima, foi possível identi�car que o sistema Make to Order é marcado pela decisão de fabricar o produto apenas quando se tem, concretamente, um pedido. Essa estratégia tem como principal vantagem a eliminação dos custos da existência de estoques. A empresa, no entanto, pode perder vendas por oportunidades (quando o cliente está disposto a pagar mais pela entrega em um prazo mais reduzido) adotando essa estratégia. atividade Atividade Leia o trecho a seguir: A fase de produção é dividida em produção sob encomenda (Make to Order) e produção para estoque (Make to Stock). No caso do Make to Stock, os produtos são enviados ao comprador a partir do estoque do vendedor. No caso do Make to Order, os produtos são enviados ao comprador imediatamente após serem fabricados pelo vendedor. NAKANO, M. Supply chain management: strategy and organization. Singapore: Springer, 2019. Com base no que foi apresentado, pesquise e selecione um exemplo de uma empresa real ou imagine uma empresa �ctícia. Considere que essa empresa fabrica roupas infantis e está decidindo se irá ter estoques ou não; ou seja, essa empresa deverá tomar uma decisão acerca de uma estratégia de produção, escolhendo entre a estratégia Make to Stock ou a estratégia Make to Order. A partir disso, identi�que qual poderia ser o caminho para que essa empresa tome a melhor decisão para o problema em questão. Material Complementar F I L M E The Lunchbox Ano: 2013 Comentário: O �lme mostra o contexto indiano, abrangendo a história de um sistema especializado na entrega de marmitas com comida. Na Índia, é bastante comum que as famílias produzam marmita e contratem uma empresa para entregar essas marmitas para outras pessoas. Nesse �lme, podemos analisar, de certa maneira, o contexto da logística no cotidiano das pessoas. Para conhecer uma prévia do �lme, acesse o trailer, disponível em: TRA I LER L I V R O Logística operacional: guia prático Editora: Érica Autor: José Antonio de Mattos Castiglioni ISBN: 978-85-365-0577-0 Comentário: o Capítulo 2 deste livro abrange os fundamentos da gestão de estoques, contemplando aspectos como administração, controle e nivelamento de estoques. No Capítulo 4, você conhece as ferramentas de administração de estoque. A partir desses conceitos, será possível aprofundar seu conhecimento sobre as temáticas gestão de estoques e administração de estoques. Conclusão Prezado(a) estudante, �nalizamos nosso estudo concluindo que a previsão de demanda, as políticas de estoque e a programação de suprimentos são partes importantes e integrantes do gerenciamento da cadeia de suprimentos. A partir dos modelos de previsão da demanda, as organizações são capazes de enxergar a demanda para um período e, com isso, conseguir planejar suas ações a médio e longo prazo. Da mesma maneira, por meio das políticas de estoque, as empresas podem obter melhores resultados, principalmente quanto à redução de custos desnecessários de estoques parados. Além disso, por meio da correta programação de suprimentos, as organizações podem se manter competitivas, uma vez que conseguem atender melhor e mais e�cientemente as demandas dos clientes. Referências BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos/logística empresarial. 5 ed. Porto Alegre: Bookman, 2007. CASTIGLIONI. J. A. de M. Logística operacional: guia prático. 3. ed. São Paulo: Érica, 2009. CHRISTOPHER, M.; TOWILL, D. An integrated model for the design of agile supply chains. International Journal of Physical Distribution& Logistics Management, v. 31, n. 4, p. 235-246, 2001. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/235277869_An_Integrated_Model_for_the_Design_of_Agile_Supply_Chains Acesso em: 23 maio 2021. CORRÊA, H. L. 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