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1 Ana Carolina De Alvarez MED103 A sensibilidade é uma função do sistema nervoso, relacionada com os neurônios. São responsáveis pela interpretação e percepção de sinais, enviando resposta pela via motora além da realização de sinapses dos arcos reflexos. A sensibilidade é tudo aquilo que conseguimos perceber em um meio. Usado para se encontrar e como um mecanismo de defesa. É onde percebemos temperatura de algo, toques, posicionamentos de músculos e órgãos etc. A sensibilidade afeta diretamente o posicionamento e locomoção. A todo momento em que nos movimentamos, sofremos estímulos e respostas externas. Essas nos ajudam a conseguir manipular e concertar nossos movimentos. Ex: quando você está andando distraído pela rua e tropeça no meio fio. Você não irá cair de cara no chão. Tenta se equilibrar ou se proteger antes e isso acontece graças a sua sensibilidade. Uma pessoa que perdeu a sensibilidade tem queixas de tontura, de sensação de estar flutuando, sem equilíbrio. Muitas vezes essa perda da sensibilidade é por uma neuropatia, e não apenas uma labirintite. A sensibilidade Ela começa nos sensores da pele e músculos que mudam os estímulos recebidos para um elétrico que ira dos neurônios ao cérebro onde as informações serão interpretadas. Ocorre através das Via ascendente começa na periferia e termina no cérebro. Via de 3 neurônios: para recebermos ações sensitivas do corpo, são necessários 3 neurônios. O primeiro periférico e o último é sempre do SNC. OBS: Quando há interrupção de uma das vias de sensibilidade, perde a sensibilidade daquela área que aconteceu a interrupção para tras. Para cima permanece igual. Quadro clínico pode apresentar sinais positivos e negativos. Negativos: paciente que não sente dores nem toques. Esses se machucam com mais facilidade. Começa com a diminuição da sensibilidade e vai se agravando. Pode ser por polineuropatia diabética onde o paciente não sente as lesões e gera uma porta para infecções graves. Positivos: apresenta parestesia. Pode ter uma dor neuropática. Essa dor ocorre por lesão de nervos sensitivos gerando dor em queimação exacerbada. Respeita o território dos nervos acometidos. Tende a piorar a noite por diminuição de temperaturas. Paciente pode ter tonteiras pelo acometimento da sensibilidade superficial. Por exemplo: de tiver uma lesão do nervo mediano dando dor neuropática nesse território (palma da mão e dedos) Estímulos se iniciam nos receptores, sendo alguns de terminações dolorosas para terminações nervosas livres para dor, tato, temperatura etc. Esse receptor receberá estímulos que serão traduzidos para elétrico e correr nos neurônios. Grupamentos de neurônios formam um nervo. Existem receptores não só não pele como em régios mais profundas como músculos e articulações. Os dermatomos são áreas do corpo correspondentes a raízes nervosas. Uma compressão dessas raízes pode gerar alterações sensitivas em faixas especificas do corpo, faixa do dermatomo. Por exemplo em um caso de hernia de disco unilateral, há compressão de C5. Paciente irá se queixar de perda de sensibilidade na área afetada em amarelo. Um paciente com perda de sensibilidade em faixa sempre vai ser devido a lesão de raiz Importante O paciente que chega com perda de sensibilidade unilateral, é gerada por uma compressão de raiz. A raiz comprimida esta do lado acometido. 2 Ana Carolina De Alvarez MED103 Paciente que sofre acidente de moto e se queixa de perda da sensibilidade do umbigo para baixo, teve uma lesão central medular. Desse ponto para trás, houve lesão do nervo. Quando há lesão de canal medular, acomete bilateralmente esse paciente, perdendo sensibilidade desse ponto em diante. A parte do cérebro responsável pela percepção e interpretação da sensibilidade está no lobo parietal e no giro pós central, onde estão as áreas primarias sensitivas (áreas de Brodmann). No giro pós central encontramos representações de partes do corpo. A sensibilidade sobe como se fosse um nervo só, representando toda uma região. Quando esse nervo entra na medula há caminhos separados para sensibilidade superficial e profunda. Sensibilidade superficial Engloba o tato grosseiro, dor e temperatura. Ocorre por vias lentas, isso é, neurônios com pouca ou nenhuma bainha de mielina. Alguns pacientes perdem a sensibilidade superficial antes da profunda. Isso acontece, pois, a degradação da parede de mielina faz com que haja essa perda. Com isso, os superficiais que possuem menos camadas, são completamente degradados antes dos profundos, que possuem camada mais grossa. É um processo global e não localizado. A via que passa pela medula é chamada de trato espinotalâmico. Sensibilidade profunda Responsável por vibrações, tato fino, noção de posição segmentar (propriocepção) e pressão. Ocorre por vias rápidas, que tem bastante mielina envolvida. É mais precisa. Via que passa pela medula é chamada de trato lemniscal ou cordão posterior. Precisa ser uma via rápida para gerar resposta rápida na mudança de posição ou velocidade. OBS: No trato grosseiro iremos sentir algo tocando, mas não especificamente o que é, enquanto no fino sabe se definir o que está sendo tocado. Vias sensitivas são as vias da medula. Trato espinotalâmico lateral / anterior e Sistema Lemniscal – Coluna Dorsal (fascículo grácil e cuneiforme). Trato Espinotalâmico Lateral É a via lenta, da sensibilidade superficial. Seu primeiro neurônio é periférico(direto do SNP) percorrendo todo caminho da ponta dos dedos, braço até chegar na medula. Entra por trás e chega na raiz, realizando a sinapse. Aí começa o segundo neurônio. O segundo realiza uma decussao na medula. Sobe pelo talo espinotalâmico contralateral, até chegar ao giro pós central no lobo paretal. Tudo que é relativo à sensibilidade superficial que será sentido de um lado, será percebido no hemisfério contralateral. Acima do mesencéfalo está localizado o tálamo. Ele é como se fosse uma central que recebe e distribui informações. Quando o segundo neurônio sensitivo chega lá, realiza a segunda sinapse. Nesse ponto terminamos o segundo neurônio, iniciando o terceiro. A partir daqui o terceiro seguirá do tálamo até o giro pós central. Coluna Dorsal / Sistema Lemniscal É a via mais rápida, da sensibilidade profunda. Nela sobem apenas um neurônio, então sobe junto a sensibilidade superficial perifericamente. Quando chegam a medula se separam. Vai pela via periférica no primeiro neurônio e entra por trás da medula, mas não realiza sinapses. Sobe pela parte posterior da medula do mesmo lado, não fazendo decussao. Chega no tronco cerebral na parte mais inferior do bulbo. Assim termina o primeiro neurônio e inicia o segundo. Ai sim, o segundo neurônio fara a primeira sinapse e assim ocorrera a decussao na medula, na parte inferior do bulbo, subindo contra lateralmente por todo o tronco cerebral. Quando chega no tálamo ocorre a segunda sinapse, onde começa o terceiro neurônio aonde vai do tálamo ao giro pós central. No mesmo nível que cruza a via motora, é onde vai cruzar a sensibilidade profunda. 3 Ana Carolina De Alvarez MED103 Toda a sensibilidade cruza em algum momento. Na medula para superficial e no bulbo para a superior. A partir do bulbo, se houver lesão em uma das metades em qualquer uma das sensibilidades já ocorreu o cruzamento. AVC unilateral do hemisfério esquerdo, paciente perde a sensibilidade ao lado direito do corpo. Exame neurológico da sensibilidade Exame neurológico mais subjetivo. Requer mais tempo e é necessário atenção e cooperação do paciente. Pode dar alterações inespecíficas ou definir um diagnóstico. Sensibilidade superficial -Testa-se: Dor. Temperatura. Tato protopático (tato grosseiro). Perguntar somente se o paciente sente o tato ou não. Sensibilidade profunda -Testa-se: Pressão (barestesia). Vibração(palestesia). Noção de posição segmentar / propriocepção (batiestesia). Como fazer? Orientar o paciente sobre os procedimentos. Paciente deve começar de olhos fechados. Sensibilidade superficial Tátil: algodão, pincel ou dedo Encostar levemente no paciente. Iniciar na parte distal das mãos ou pés. Testa bilateralmente. Espera-se que responda a sensibilidade no local. Dolorosa: alfinete. Faz uma leve pressão em determinado local. Dista para proximal. Bilateralmente. Responda ou sinta incomodo sob pressão. Térmica: tubos de ensaio com água gelada e quente. Alterna-se esses tubos. Distal para proximal e bilateralmente. Sensibilidade profunda Noção de posição segmentar: no sinal de romberg, quando o paciente fecha os olhos e cai ou perde equilíbrio, te a propriocepção alterada. Avalia também alterações vestibulares. Paciente cai sempre para o mesmo lado e há uma latência para cair após fechar os olhos. Outra manobra para propriocepção das articulações, o paciente com olhos fechados segura-se nos dedos dos pés distal e lateralmente, balançando o dedo para cima e baixo e uma ora parar. Quando parar o paciente deve sinalizar se o dedo está apontado para cima ou baixo. Vibração: diapasão. Bate nele para gerar vibração e coloca a ponta base do instrumento em uma superfície óssea. Paciente irá perceber a vibração. Pressão: segurar nas duas pernas do paciente e apertar uma mais que a outra. Deve identificar qual foi. Termos Médicos Alodinia = Hiperalgesia: dor exacerbada. Por conta de uma lesão nervosa, os receptores desses neurônios podem ficar mais sensíveis, causando uma dor mais forte do que deveria. Analgesia: ausência da dor. Hipoalgesia: diminuição da dor. Anestesia: perda de toda a modalidade sensitiva. Hipoestesia: diminuição da sensibilidade. Abatiestesia: ausência da propriocepção. Hipobatiestesia: diminuição da propriocepção. Apalestesia: ausência completa da sensibilidade vibratória. Hipopalestesia: diminuição da sensibilidade vibratória. Disestesia: é por estímulo. O paciente sente um formigamento na região em que se estimula naquele momento. Parestesia: é espontânea. O paciente sente um formigamento, uma dormência. Disestesia e Parestesia são perversões da sensibilidade, ou seja, há a provocação de um certo estímulo e o paciente responde outro. Sensações Especiais: Funções Sensitivas Complexas As agnosias. Paciente sente e não percebe. Por exemplo, quando médico dá um objeto ao paciente, que sente que há algo, mas não sabe identificar o que. Não liga sensação a memória. Pacientes com demência as vezes não consegue perceber quando tem 2 pontos o tocando simultaneamente. Quando sente apenas como um toque, pode ser patológico. Estereognosia: perceber um objeto na palma da mão. De olhos fechados dar um objeto ao paciente. Ao palpa-lo saberá dizer qual objeto é aquele. Consegue ligar sensação a memória. Grafestesia: testa a linguagem. Percebe letra ou número escrito na palma da mão. Interpretar e Localizar Onde está a lesão? Mais importante do que examinar o paciente é tentar saber localizar onde está o problema. Se está nos nervos periféricos, se é uma lesão de raiz, se é uma lesão medular, se é um AVC... É importante saber o padrão da alteração sensitiva. Diante da anamnese e do exame físico, tenta-se localizar a lesão. Padrões Das Lesões Nervo único (mononeuropatia): hanseníase, síndrome do túnel do carpo, lesão por esforço repetitivo, lesão traumática. 4 Ana Carolina De Alvarez MED103 Raízes nervosas: hérnia de disco. Nervos periféricos e simétricos (polineuropatia periférica): doenças que começam de baixo para cima, ou seja, de forma distal. Polineuropatia diabética, polineuropatia alcóolica. Medula: pode ser uma lesão completa ou parcial. Daquele ponto para baixo perde-se totalmente a sensibilidade. Tronco cerebral: padrão dimidiado, ou seja, na metade do corpo. Tálamo e Córtex sensitivo: AVC. Lembrar que a perda de sensibilidade é contralateral ao local da lesão. OBS: os padrões de lesões no tronco cerebral e tálamo são muito parecidos. Para diferenciá-las, testa-se a sensibilidade do rosto do paciente Lesões parciais de medula Siringomielia: perda de sensibilidade em chale, na região cervical. Lesão no meio da medula, no canal central. Faz-se uma cavidade no meio da medula, gerando liquor. A sensibilidade que cruza no meio da medula é a sensibilidade superficial da via espinotalamica. Nessa região cervical afetada (braços e parte do tórax), o paciente perde a sensibilidade tátil, dolorosa e térmica. A sensibilidade profunda é preservada, já que sua via não cruza no meio da medula. É mais comum a região cervical ser afetada devido a sua alta mobilidade. Tabes Dorsalis (Sífilis Medular), Deficiência De Vit B12 E Hiv: São doenças que têm uma lesão na região posterior da medula. É na região posterior da medula em que há a sensibilidade profunda. O paciente tem perda da sensibilidade profunda de um determinado ponto para baixo. sensibilidade superficial é preservada. O paciente apresenta uma perda de sensibilidade bilateral. Síndrome de brown – séquard: Lesão de metade da medula. Toda a sensibilidade superficial que entrar na medula irá precisar cruzar, e ela cruza dois níveis acima de onde entrou. Então, na metade à esquerda, o paciente preserva a sensibilidade superficial. Entretanto, a sensibilidade profunda é perdida, pois quando a via entrar na medula, ela precisará subir do mesmo lado e não é possível que isso ocorra mais. Do lado direito, o paciente perde a sensibilidade superficial, porque a via não conseguirá subir ao cruzar na medula, já que o lado da medula em que isso ocorreria está prejudicado. A sensibilidade profunda, nesse caso, ficará preservada. O paciente perde a sensibilidade superficial contralateral à lesão e perde a sensibilidade profunda do mesmo lado em que ocorreu a lesão.
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