Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Autoconhecimento e Liderança TROL Autoconhecimento e Liderança Rogério Guimarães 2ª e d iç ão Autoconhecimento e Liderança G963a Guimarães, Rogério. Autoconhecimento e Liderança / R ogério Guimar ães ; revisão de Walter P. V alverde Júnior. 1. ed. – Niterói, RJ: EAD/UNIV ER SO, 2011. 214 p. : il 1. Administração de empresas. 2. Desenvolvimento organiz acion al. 3. Lideranç a. 4. Relações human as. 5. Administração de pessoal. 6. Planejamento empresarial. I. Valverde Júnior, W alter P. II. Título. CDD 658.4 DIREÇÃO SUPERIOR Chancele r Joaqu im de Oliveira Reitora Marlene Salg ado de Oliveir a Pres idente da Mantene dora Wellington Salg ado de Oliveira Pró- Reitor de Planejamento e Finanças Wellington Salg ado de Oliveira Pró- Reitor de Organizaçã o e Desenvolv imento Jefferson Salgado de Oliveira Pró- Reitor Adm inistrativo Wallace Salgado de Oliveira Pró- Reitora Acadêm ica Jain a dos Santos Mello Ferreir a Pró- Reitor de Exte nsão Manuel de Souza Esteves DEPARTAMENTO DE ENSINO A DISTÂNCIA Assessora Andrea Jar dim FICHA TÉCNICA Texto: Rogério Guimar ães Revisão Ortográf ica : Tatiane Rodrigues de Souz a e Walter P. V alverde Júnior Projeto Gráf ico e E ditoração: Andreza Nacif, Anto nia Machado, Eduar do Bor doni, Fabrício Ramos, Marcos Antonio Lima da Silva e Ruan Carlos Vieira Fausto Supe rvisão de Materiais Instruc ionais : Janaina Gon çalves de Jesus Ilustração: Eduardo Bordoni e Fabrício R amos Capa: Edu ardo B ordoni e Fabr ício R amos COORDENAÇÃO GERAL: Departamento de Ensino a Dis tânc ia Rua Marechal Deodoro 217, Centro, Niterói, R J, CEP 24020-420 www.universo.edu.br Fich a cat alogr áfic a elabor ada pela B ibliotec a Universo – Campus Niterói Bibliotec ária An a Marta Toledo Piz a Viana CRB 7/2224 © Departamento de Ensino a Distância - U niversidade Salgado de Oliveira Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publica ção pode ser reproduzida, arquivada ou transmitida de nenhu ma forma ou por nenhum meio se m permissão expressa e por escrito da Associação Salgado de Oliveira de Educa ção e Cultura, mantenedora da Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO). Autoconhecimento e Liderança Informações sobre a disciplina Carga horária: 60 horas Créditos: 04 Ementa: O processo histórico da gestão. Gestão Contemporânea. Desvendando a liderança. Teorias da liderança. Liderando equipes. Liderança no século XXI. Autoconhecimento. Objetivo: Compreender o ambiente organizacional de atuação do gestor, relacionando-o com as habilidades necessárias para o desempenho da função de líder. Conteúdo Programático: Unidade 1: O processo histórico da gestão Evolução histórica da gestão. O que é uma organização? O que é gestão? Gestão X Administração. As funções básicas do gestor. Autoconhecimento e Liderança Unidade 2: Gestão Contemporânea. O ambiente de atuação dos gestores. A função gerencial. Líderes x Gerentes. Empowerment: uma tecnologia de gestão. O que é empowerment ? Implantando o empowerment. Considerações finais sobre o empowerment. Unidade 3: Desvendando a liderança. O que é liderança? Liderança como função do indivíduo. Liderança como função do grupo. Liderança como função da situação. Considerações finais sobre o conceito de liderança. Motivação humana O que é motivação? Teorias Motivacionais. Teoria dos dois fatores. Teoria das necessidades. Teoria das necessidades x Teoria dos dois fatores. Teorias X, Y e Z. Ciclo motivacional. Autoconhecimento e Liderança Unidade 4: Conhecendo as teorias da liderança Teorias da liderança. Teorias dos traços de personalidade. Teorias sobre os estilos de liderança. Grade Gerencial. Teorias situacionais. Teorias da liderança – uma abordagem moderna. Teoria da liderança conectiva. Teoria da liderança tridimensional. Teoria da liderança cosmopolita. Teoria da liderança compartilhada. Teoria da liderança visionária. Teorias da Liderança – considerações finais. Unidade 5: Liderando equipes. O que é uma equipe? Tipos de personalidade. Perfeccionista Autocrático. Centralizador / Desconfiado. “Fiz tudo o que pude”. “Sempre apressado”. Dependente. Tipos de equipe. Autoconhecimento e Liderança Etapas do trabalho em equipe. Habilidades requeridas para trabalhar em equipe. Papel do líder na equipe. Considerações finais. Unidade 6: Liderança no século XXI. O contexto da mudança nas organizações. O líder do terceiro milênio. Papel do líder do futuro. Atributos do líder do futuro. Abordagem de um grande executivo. Abordagem de pesquisadores. Unidade 7: Autoconhecimento. Autoconhecimento. Fatores para o autoconhecimento. Aprendizagem autoconduzida. Janela de Johari. Características da Janela de Johari. Áreas da Janela de Johari. Posições da Janela de Johari. O processo de dar e receber feedback. Autoconhecimento: considerações finais. Autoconhecimento e Liderança Referências Bibliográficas Bibliografia Básica CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração. 6ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000a. MOTTA, Paulo Roberto. Gestão contemporânea: a ciência e a arte de ser dirigente. Rio de Janeiro: Record, 1996. OLIVEIRA, Deise de (organização); FILHO Pedro Haase (Coordenador). Valorize sua carreira: como ter uma trajetória profissional de sucesso. Porto Alegre: RBS Publicações, 2003. Bibliografia Complementar: ARAUJO, Luis César G. de. Tecnologias de gestão organizacional. São Paulo: Atlas, 2001. CHIAVENATO, Idalberto. Administração nos novos tempos. 2ª ed . Rio de Janeiro: Campus, 1999. DRUCKER, Peter F. O líder do futuro – visões, estratégias e práticas para uma nova era. São Paulo: Futura, 1996. FRITZEN, Silvino José. Janela de Johari – exercícios vivenciais de dinâmica de grupo, relações humanas e de sensibilidade. 18ª ed. Petrópolis: Editora Vozes, 2001. NANUS, Burt. Liderança visionária – como planejar o futuro de sua empresa. Rio de Janeiro: Campus, 2000. Autoconhecimento e Liderança Autoconhecimento e Liderança Palav ra da Reitora Acompanhando as necessidades de um mundo cada vez mais complexo, exigente e necessitado de aprendizagem contínua, a Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO) apresenta a UNIVERSO Virtual, que reúne os diferentes segmentos do ensino a distância na universidade. Nosso programa foi desenvolvido segundo as diretrizes do MEC e baseado em experiências do gênero bem-sucedidas mundialmente. São inúmeras as vantagens de se estudar a distância e somente por meio dessa modalidade de ensino são sanadas as dificuldades de tempo e espaço presentes nos dias de hoje. O aluno tem a possibilidade de administrar seu próprio tempo e gerenciar seu estudo de acordo com sua disponibilidade, tornando-se responsável pela própria aprendizagem. O ensino a distância complementa os estudos presenciais à medida que permite que alunos e professores, fisicamente distanciados, possam estar a todo momento ligados por ferramentas de interação presentes na Internet através de nossa plataforma. Além disso, nosso material didático foi desenvolvido por professores especializados nessa modalidade de ensino, em que a clareza e objetividade são fundamentais para a perfeita compreensão dos conteúdos. A UNIVERSO tem uma história de sucesso no que diz respeito à educação a distância. Nossa experiência nos remete ao final da década de 80, com o bem- sucedido projeto Novo Saber. Hoje, oferece uma estrutura em constante processo de atualização, ampliando as possibilidades de acesso a cursos de atualização, graduaçãoou pós-graduação. Reafirmando seu compromisso com a excelência no ensino e compartilhando as novas tendências em educação, a UNIVERSO convida seu alunado a conhecer o programa e usufruir das vantagens que o estudar a distância proporciona. Seja bem-vindo à UNIVERSO Virtual! Professora Marlene Salgado de Oliveira Reitora Autoconhecimento e Liderança Autoconhecimento e Liderança Sumário Apresentação da disciplina................................................................................................................................ 13 Plano da disciplina ................................................................................................................................................... 15 Unidade 1 – O processo histórico da gestão ......................................................................................... 19 Unidade 2 – Gest ão Contemporâne a ......................................................................................................... 45 Unidade 3 – De svendando a liderança...................................................................................................... 71 Unidade 4 – Conhecendo as teorias da liderança .............................................................................. 97 Unidade 5 – Liderando e quipes...................................................................................................................... 121 Unidade 6 – Liderança no século XXI .......................................................................................................... 151 Unidade 7 – Autoconhecimento.................................................................................................................... 175 Considerações finais ............................................................................................................................................... 199 Conhecendo as autoras........................................................................................................................................ 201 Referências.................................................................................................................................................................... 203 Anexos ............................................................................................................................................................................ 207 Autoconhecimento e Liderança 12 Autoconhecimento e Liderança 13 Apresentação da Disciplina Caro aluno, Seja bem-vindo à disciplina Autoconhecimento e Liderança. A globalização e seus reflexos nas sociedades e organizações é tema dos mais debatidos na atualidade. A velocidade das mudanças e o acúmulo de informações ocorrem em graus nunca dantes vistos. Neste ambiente de volatilidade é que os gestores-líderes deverão atuar. Sabemos que as organizações são formadas por pessoas; e liderar pessoas é atribuição do líder. O objetivo da disciplina não é transformar você em um líder assim que termine todo o conteúdo. O propósito é sim, modificar comportamentos e visões a respeito do tema; mostrar que a liderança pode ser apreendida e aperfeiçoada a cada dia. Neste contexto, o autoconhecimento surge como um instrumento eficaz para que o líder conheça seus pontos fortes e fracos, com o objetivo de aperfeiçoar sua capacidade de refletir criticamente sobre os principais dilemas a serem enfrentados nas organizações, assim como, influenciar seus liderados na busca dos objetivos e metas propostos. É bastante gratificante para nós termos você como aluno da disciplina Autoconhecimento e Liderança na metodologia de Ensino a Distância. O curso oferece uma grande disponibilidade de tempo para o cumprimento de todas as atividades. Aconselhamos a você somente não deixar para o último momento a realização delas. Desejamos que o seu interesse em desvendar o mundo dinâmico da liderança seja constante. Esteja certo de que essa perseverança o levará a uma reflexão mais apropriada sobre os ambientes voláteis que o gestor-líder atua. Esperamos que o seu desempenho beire a excelência. Autoconhecimento e Liderança 14 Autoconhecimento e Liderança 15 Plano da Discip lina A disciplina Autoconhecimento e Liderança possui objetivos próprios no que diz respeito ao processo ensino-aprendizagem e todos eles baseiam-se em competências e habilidades necessárias para o aperfeiçoamento da liderança nas organizações.Seu objetivo principal é fazer com que o aluno Compreenda o ambiente organizacional de atuação do gestor, relacionando-o com as habilidades necessárias para o desempenho da função de líder. O conteúdo desta disciplina está dividido, para efeito didático e estrutural, em sete unidades de estudo que abordarão desde o Processo Histórico da Gestão até o Autoconhecimento. Seguiremos com a apresentação de cada unidade: Unidade 1 – O Processo Histórico da Gestão Em nossa primeira unidade estudaremos os conceitos básicos em relação à organização e à gestão. Objetivos: Identificar os principais marcos da evolução histórica da gestão; Reconhecer os elementos básicos necessários para definição de organização e gestão Conhecer as funções básicas do gestor. Unidade 2 – Gestão Contemporânea Nesta unidade debateremos um pouco sobre a função gerencial no ambiente de incertezas e constantes mudanças que afeta as organizações de hoje. Objetivos: Descrever o ambiente de atuação dos gestores; Identificar os novos desafios a serem enfrentados pelos gestores no desempenho de suas funções Reconhecer o empowerment como uma eficaz tecnologia para gestão de pessoas. Autoconhecimento e Liderança 16 Unidade 3 – Desvendando a Liderança Em nossa terceira unidade desvendaremos o mundo da liderança. Objetivos: Identificar os principais elementos para definição de liderança Reconhecer as principais características das teorias da motivação humana. Unidade 4 – Conhecendo as Teorias da Liderança Em Nossa quarta unidade estudaremos as teorias da liderança Objetivos: Identificar as características basilares das principais teorias da liderança Reconhecer as novas abordagens sobre elas. Unidade 5 – Liderando Equipes Nesta unidade trataremos de um tema muito difundido nas organizações: o trabalho em equipe. Objetivos: Identificar o que é uma equipe e o papel do líder na liderança de equipes. Reconhecer os principais tipos de personalidade existentes no ambiente de trabalho Autoconhecimento e Liderança 17 Unidade 6 – Liderança no Século XXI Em nossa penúltima unidade examinaremos o novo enfoque relativo à liderança no ambiente volátil do terceiro milênio Objetivos: Identificar as características da mudança nas organizações do século XXI; Reconhecer o novo enfoque da liderança e identificar os papéis e atributos do líder no novo milênio. Unidade 7 – Autoconhecimento E para finalizar nossos estudos em nossa ultima unidade estudaremos um assunto muito importante que envolve diretamente o íntimo do ser humano. Objetivos: Identificar os fatores para se chegar ao autoconhecimento; Reconhecer a importância do autoconhecimento para o desempenho das funções de líder; Distinguir as principais posições da Janela de Johari Identificar os elementos necessários para um bom processo de dar e receber feedback. Bons estudos! Autoconhecimento e Liderança 18 Autoconhecimento e Liderança 19 O Processo Histórico da Gestão Evolução histórica da gestão. O que é uma organização? O que é gestão? As funções básicas do gestor. 1 Autoconhecimento e Liderança 20 Caro aluno, começa aqui nossa jornada no mundo do autoconhecimento e liderança. Esperamos que no final deste curso você se torne um líder mais conscientedo seu papel frente às novas necessidades organizacionais. Nesta primeira unidade abordaremos conceitos básicos em relação à organização e à gestão. Acreditamos que você terá sucesso ao longo de todo o curso! Objetivos da Unidade : Identificar os principais marcos da evolução histórica da gestão; Reconhecer os elementos básicos necessários para definição de organização e gestão Conhecer as funções básicas do gestor. Plano da Unidade: Evolução histórica da gestão. O que é uma organização? O que é gestão? As funções básicas do gestor. Seja bem-vindo à primeira Unidade de Estudo. Sucesso! Autoconhecimento e Liderança 21 Evolução Histórica da Gestão A gestão, ao longo da história, vem sofrendo transformações conceituais, conforme trabalhos práticos e teóricos desenvolvidos por diversos estudiosos e precursores do assunto, nos mais variados campos de atividades. A evolução dessas contribuições pode ser visualizada na linha cronológica a seguir, estabelecida de acordo com as principais abordagens das teorias administrativas reconhecidas no meio acadêmico e empresarial. Com base na linha cronológica, identifica-se que as principais teorias administrativas surgiram a partir do século XX, mais especificamente a partir do ano de 1.900. Contudo, tais teorias tomaram forma com o advento da Revolução Industrial (1750), período das grandes transformações que forjaram as organizações conhecidas atualmente. A Revolução lançou as bases dos novos tempos: acelerou o ritmo da produção com a implementação de máquinas e equipamentos nos parques fabris, baixou o preço das mercadorias com a produção em escala, concentrou a massa populacional nas áreas urbanas, criou modelos produtivos com adoção de grandes contingentes de mão-de-obra, fez surgir novas relações sociais de produção, provocou um salto tecnológico principalmente no desenvolvimento das comunicações e da logística, e muitas outras transformações. Tais mudanças não só alteraram os modelos organizacionais, como também toda a estrutura da sociedade. Autoconhecimento e Liderança 22 Vamos identificar os principais marcos da evolução da gestão? Etapa - Primórdios da gestão: 5.000 a.C. => os sumérios criam a escrita cuneiforme com o objetivo de registrar as colheitas realizadas e as mercadorias negociadas. 4.000 a.C. => os egípcios passam a reconhecer a necessidade de planejar, organizar e controlar suas tarefas. Para se ter uma idéia, a construção da pirâmide de Cheops envolveu nada menos do que 100.000 pessoas. A palavra supervisor origina- se da egípcia vizier. Autoconhecimento e Liderança 23 2.000 a.C. => os egípcios reconhecem a necessidade de estabelecer ordens escritas. Utilização, também, de consultoria de staff. 1.800 a.C. => Instituição do Código de Hamurabi (Babilônia) com a finalidade de regular as relações interpessoais, comportamentos pessoais, salários, punições e outros mais. 500 a.C. => Mencius (China) introduz o princípio da especialização (padrões). 1750 d.C. => Surge, na Inglaterra, a Revolução Industrial que provocou a disseminação de máquinas e equipamentos no processo produtivo, produção em escala, grande contingente de mão-de-obra, etc. 1776 d.C. => Adam Smith (Inglaterra) forma o princípio de especialização dos operários, bem como, o conceito de controle. Em sua clássica obra “A riqueza das Nações”, o autor trata da divisão do trabalho. 1810 d.C. => Robert Owen (Inglaterra) reconhece a importância do indivíduo, enfatizando as condições adequadas para a realização do trabalho, a cooperação, o treinamento, as diferenças individuais e capacidades de cada pessoa. 1832 d.C. => Charles Babbage (Inglaterra) começa a ressaltar a abordagem científica, implementando o estudo de tempos e movimentos, contabilidade de custos, divisão do trabalho, etc. (Cronologia adaptada de CHIAVENATO, 2000a: 22-23) Autoconhecimento e Liderança 24 Etapa - Teorias Administrativas Chiavenato (2000b) ao abordar as teorias administrativas nos dá uma importante contribuição, pois relaciona cada uma delas com as principais características. Para isso, representou de forma esquemática sua análise: Ênfase Teorias Administrativas Ano Principais Enfoques Nas Tarefas Administração Científica 1903 Racionalização do trabalho no nível operacional. Teoria Clássica Teoria Neoclássica 1916 1954 Organização formal. Princípios gerais da administração. Funções do administrador Teoria da Burocracia 1909 Organização formal burocrática. Racionalidade organizacional. Na Estrutura Teoria Estruturalista 1947 Múltipla abordagem: Organização formal e informal. Análise intra-organizacional e análise interorganizacional. Teoria das Relações Humanas 1932 Organização informal. Motivação, liderança, comunicações e dinâmica de grupo. Teoria do Comportamento Organizacional 1957 Estilos de administração. Teoria das decisões. Integração dos objetivos organizacionais e individuais. Nas pessoas Teoria do Desenvolvimento Organizacional 1962 Mudança organizacional planejada. Abordagem de sistema aberto. Teoria Estruturalista 1947 Análise intra-organizacional e análise ambiental. Abordagem de sistema aberto. No ambiente Teoria da Contingência 1972 Análise ambiental (imperativo ambiental). Abordagem de sistema aberto. Na tecnologia Teoria da Contingência 1972 Administração da tecnologia (imperativo tecnológico). As teorias administrativas e seus principais enfoques (Adaptado de CHIAVENATO, 2000b: 24) Autoconhecimento e Liderança 25 Etapa - Novas Tendências Com o advento da globalização e com a conseqüente queda das fronteiras comerciais entre os países, a sociedade como um todo experimentou uma nova fase em que a velocidade da informação vem provocando em todas as esferas do conhecimento profundas transformações. Não foi diferente com a gestão. Novas teorias e tecnologias de gestão organizacionais começaram a surgir e influenciar o dia-a-dia das organizações. Contudo não sejamos simplistas ao ponto de afirmar que as teorias administrativas de anos anteriores são inúteis para os novos tempos. Cada teoria, em sua época, surgiu no intuito de apresentar possíveis caminhos na solução de problemas gerenciais despontados nas organizações. Até certo ponto, essas teorias são úteis e importantes para o gestor de hoje. Cabe a ele reconhecê-las e aplicá-las da melhor forma possível às situações a serem enfrentadas no cotidiano do ambiente organizacional. Dentre as inúmeras tendências, abordaremos de forma sucinta duas, em virtude de acreditarmos estarem mais voltadas ao propósito deste curso: Teoria Z A teoria Z tem a ver com o estudo do comportamento humano. Antes de tratarmos da Teoria Z devemos nos reportar às Teorias X e Y criadas no final dos anos 50 pelo psicólogo Douglas McGregor, um dos mais conceituados autores da abordagem behaviorista da administração. Behaviorismo - Ramo da psicologia que estuda o comportamento humano. É conhecido como teoria comportamental ou comportamentalismo. Um dos seus maiores estudiosos foi John Broadus Watson (1878-1958), considerado o pai do behaviorismo. Watson defendia a importância do meio na construção e desenvolvimento do indivíduo. Autoconhecimento e Liderança 26 McGregor, ao estudar a natureza humana, identificou e comparou dois estilos opostos e antagônicos da arte de administrar, denominando-os de teoria X e Y. A teoria X parte do pressuposto de que as pessoas não gostam de trabalhar, a não ser que sejam provocadas para tal. Segue a linha da Administração Científica iniciada pelo engenheiro americano Frederick W. Taylor, da Teoria Clássica concebida pelo engenheiro francês Henri Fayol eda Teoria Burocrática desenvolvida pelo sociólogo alemão Max Weber. Em contrapartida, a teoria Y defende que fatores como motivação, criatividade, competência estão presentes nas pessoas. Sustenta que os indivíduos podem alcançar a auto-realização no trabalho, bem como, cumprir os objetivos da instituição, desde que o gestor crie as condições organizacionais adequadas para este fim. A abordagem de pensamento reflete-se na Teoria Comportamental e nas teorias administrativas que vieram logo em seguida, cujo foco voltou-se para a prática democrática e participativa da gestão, baseados em valores humanos e sociais. A teoria Z, desenvolvida por William Ouchi nos idos de 1981, é uma variante da teoria Y de McGregor. Ela defende que existe um grau de envolvimento análogo entre trabalhadores e gestores quando é aplicado na organização um sistema eficaz de incentivos e recompensas. A teoria fundamenta-se em princípios e normais comportamentais praticados principalmente nos países orientais (Japão, Coréia, etc.). Enfatiza a importância do indivíduo nas organizações. O sucesso é reflexo da motivação humana e não somente da aplicação de tecnologias nos processos produtivos. O homem passa a ser o centro das atenções. Autoconhecimento e Liderança 27 Vejamos alguns enfoques dessa teoria: o indivíduo é o maior patrimônio da organização; o indivíduo é criativo e responsável; o indivíduo quer ser original e ter iniciativa; o indivíduo quer liberdade e estabilidade; o indivíduo é um eterno insatisfeito; o indivíduo sempre busca uma qualidade de vida melhor; o indivíduo não é individualista; a segurança do indivíduo depende da coesão e estabilidade da equipe. Autoconhecimento e Liderança 28 Como podemos observar, a teoria Z coloca o homem como a mola propulsora das organizações. Sua importância se faz presente em todos os níveis hierárquicos, desde o institucional até o operacional. Isto é, preza a liberdade para as pessoas questionarem e sugerirem mudanças dos processos, métodos, rotinas, procedimentos, etc. adotados pela organização, no sentido de crescimento mútuo. Gestão da sociedade do conhecimento (Peter Drucker) A sociedade do conhecimento ou sociedade da informação foi um termo cunhado pelo austríaco-americano Peter Drucker, considerado o pai da Administração, recentemente falecido. A expressão surgiu no final do século XX, principalmente depois da disseminação da globalização, para caracterizar uma nova era em que as informações são transmitidas a velocidades e quantidades nunca antes imaginadas. Essa sociedade ainda em formação e expansão trouxe novos horizontes para o ambiente das organizações. O que dizer da internet e dos atuais blogs que disseminam informações instantâneas que refletem direta e indiretamente na vida das instituições? Como lidar com essa nova perspectiva? Drucker, considerado o “guru dos gurus” dos gestores, tenta navegar por essas águas da mudança e incerteza. Ele informa que as organizações precisam lidar com um novo tipo de trabalhador (o trabalhador do conhecimento) - “knowledge worker” – indivíduos com aspirações e motivações diferentes daquelas dos trabalhadores das organizações tradicionais. Blogs : diário publicado por uma pessoa na internet relativo a qualquer assunto de seu interesse. Geralmente possui um campo específico para que outros usuários possam interagir. Autoconhecimento e Liderança 29 Esse novo enfoque, por conseqüência, implicou em reajustes profundos na gestão das organizações. Para se ter idéia, o controle do gerenciamento das informações transformou-se em um diferencial competitivo para as organizações. Todavia, gerenciar somente as informações nos dia de hoje não basta, é preciso gerenciar o conhecimento – tarefa que consiste em interpretar o significado da informação, dimensionar os seus impactos para a organização e o ambiente inserido e transformá-la em um diferencial para a tomada de decisão. Este procedimento, detalhado de forma simplista, é conhecido como gestão do conhecimento. A gestão do conhecimento tem por objetivos: compartilhar as melhores práticas e tecnologias adotadas por outras organizações, mediante o acesso criterioso de grande quantidade de informação corporativa; identificar e mapear as informações das organizações transformando-as em conhecimento organizacional; criar ambiente propício a geração de novos conhecimentos, permitindo o estabelecimento de vantagens competitivas; tornar os dados trabalhados utéis e compreensíveis não só para a organização, como também, para os colaboradores e a comunidade. A sociedade do conhecimento coloca as organizações sobre novos dilemas: quais modelos de organização e gestão passarão a existir? Um fato já é certo: não existirão modelos universais de organizações! O ambiente mutável é que determinará a estrutura e o modo de agir das organizações. Autoconhecimento e Liderança 30 Os indivíduos serão mais independentes e conhecedores de suas atribuições, isto é, estarão mais preocupados na gestão de si mesmos. Bem como, não existirá um modelo ideal de gestão de pessoas. Neste contexto de incertezas e mudanças, o desafio caberá aos atuais gestores. Drucker compara a função do gestor a de um maestro, que mesmo não sabendo tocar todos os instrumentos da orquestra, conduz todos os músicos a executarem a sinfonia de forma harmônica. Cabe ressaltar que o propósito deste curso não é aprofundar-se sobre cada etapa da evolução da gestão, pois o assunto é amplo e existe vasta bibliografia (Há indicações destas no final da unidade.) a respeito. O que é uma Organização? “Uma organização é uma combinação intencional de pessoas e de tecnologia para atingir um det erminado objetivo.” (Hampton, 1992, p. 8). Analisando o conceito de Hampton, podemos afirmar que uma empresa, uma universidade, uma prefeitura e outras instituições congêneres são consideradas organizações; bem como suas segmentações - divisões, departamentos, setores, secretarias de Estado, seções ou subseções - são, também, consideradas organizações. Autoconhecimento e Liderança 31 Verifique o organograma a seguir: Autoconhecimento e Liderança 32 Observando o organograma da organização Prefeitura, podemos identificar que cada uma de suas segmentações: Secretarias, Divisões, Coordenadorias, Seções e Subseções podem ser consideradas organizações, em virtude de serem compostas por pessoas que se utilizam de tecnologias para alcançarem as metas do setor ao qual pertencem e, por conseqüência, os objetivos da organização maior – Prefeitura. Vamos refletir Pode existir uma organização dentro de outra organização? A resposta é sim. Analisando sistematicamente as organizações podemos observar que os setores – organizações menores dentro da organização maior – existem para um propósito comum: objetivo organizacional. Ou seja, são concebidos para atuar de forma integrada em prol de um objetivo maior. Todavia, podem existir organizações dentro de outra, não só no sentido de segmentação, mas no que se refere a parcerias, visando otimização no emprego de recursos. Exemplo: fornecedora de autopeças que atua dentro de uma montadora de veículos automotores. Acabamos de visualizar a organização, principalmente, na sua perspectiva física, local em que as pessoas concentram seus esforços para alcançarem algo em comum. Passemos agora a tratar de suas partes básicas: pessoas, tarefas e gestão. Objetivo organizacional: objetivo maior de toda a organização. Geralmente são de longo prazo e estabelecidos pela alta administração. Direcionam os objetivos e metas de todos os setores da organização. Autoconhecimento e Liderança 33 A empresa Alpha produz sapatos decouro costurados à mão. Uma parte do processo de fabricação consiste em costurar o couro nos moldes produzidos pelo maquinário do setor de produção. O setor de costura é composto por seis pessoas, uma na função de supervisor e as outras cinco na de costureira. As costureiras possuem um padrão de qualidade a ser seguido na costura do couro nos moldes. Quanto ao supervisor, sua função é orientar e observar se os padrões estão sendo seguidos para evitar rejeição do produto (sapato). Analisando o processo da empresa Alpha, notamos a presença das três partes básicas que compõem todas as organizações: Pessoas: grupo de costureiras e o supervisor; Tarefa: costurar o couro nos moldes dentro dos padrões pré- estabelecidos; Gestão: planejar, coordenar, orientar e controlar o desempenho das pessoas envolvidas na realização da tarefa. Notamos, então, que essas partes devem estar bem gerenciadas para a que o objetivo da organização seja concretizado. Nesse contexto, não devemos esquecer das tecnologias que são empregadas para realização das tarefas, bem como, do ambiente no qual as organizações estão inseridas. Lembre-se de que as organizações são compostas de indivíduos e de recursos considerados não-humanos como: financeiros, materiais, tecnológicos, físicos e outros mais. A conjugação e aplicação desses recursos resultam em bens, produtos e serviços que são os propósitos finais das organizações. Autoconhecimento e Liderança 34 Observe o esquema a seguir: O propósito do esquema é representar a interação da organização com o ambiente. É do ambiente que as organizações extraem os insumos básicos (matéria-prima, recursos financeiros, tecnologia, etc.) para o processamento nas suas instalações. Após processamento nos setores da organização, os insumos são disponibilizados novamente no ambiente sob as formas de bens, produtos ou serviços. Portanto, ao elaborar uma definição para organização não esqueça de abordar os recursos que a compõem e influenciam: humanos, financeiros, físicos, materiais, gerenciais, tecnológicos, ambiental, etc. Todavia, cabe ressaltar que com o aumento da complexidade dos ambientes e exigência cada vez maior do público consumidor, as organizações têm se empenhado em atender às futuras demandas da sociedade. No alcance desse objetivo, o indivíduo passou a ocupar posição de destaque. As organizações, conhecedoras da importância desta tendência, têm buscado conciliar os seus ativos com a capacidade do quadro funcional na busca da construção de um diferencial organizacional. No mundo contemporâneo são as competências pessoais que constituirão as competências organizacionais. Autoconhecimento e Liderança 35 “O que os gestores e líderes de empresas estão percebendo é que a tecnologia e o patrimônio não diferem uma organização de outra, mas sim as pessoas. A valorização do capital humano e das habilidades pessoais, mais do que uma tendência, surge como uma resposta à competitividade empresarial e à necessidade de melhorar as relações do trabalho.” (Valorize sua carreira, 2003, p.10) O que é Gestão? Sabemos que as pessoas, ao combinarem seus esforços para atingir um propósito comum, criam uma organização. As organizações são criadas para produzirem bens, produtos ou serviços para a comunidade. Na produção desses bens, produtos e serviços as organizações aplicam seus recursos – humanos, financeiros, materiais, etc. – para em conjunto alcançarem os objetivos organizacionais. O que leva uma organização a ter sucesso ou fracasso na consecução de seus objetivos? A organização, para atingir o sucesso, precisa combinar e direcionar os recursos que estão à sua disposição para concretizar seus objetivos. Essa arte de relacionar as variáveis em busca de um propósito comum é o alicerce da gestão. Voltando ao caso da empresa Alpha, o responsável para cumprir essa atividade era o supervisor. Sua função era providenciar as condições necessárias para que as costureiras pudessem produzir de acordo com os padrões de qualidade determinados pela organização. Isso é gestão. Como tratado anteriormente, o estudo da gestão evoluiu ao longo dos anos, mais especificamente no final do século XX. Portanto, elaborar uma definição universal sobre gestão seria muita pretensão. Contudo há um consenso de que gestão, na essência, é um conjunto de atividades realizadas com o intuito de otimizar o emprego de todos os recursos disponibilizados pela organização em prol dos objetivos pré-estabelecidos. Autoconhecimento e Liderança 36 Gestão X Administração Segundo Motta (1996), a administração como profissão surgiu no setor público para significar uma função subordinada aos conselhos e às assembléias do poder político. Sua acepção mais nobre tem procedência no século XVII com a institucionalização do cargo de ministro. “O administrador era, assim, o executor das decisões emanadas dos órgãos públicos superiores ou dos parlamentos e das assembléias legislativas.” (Motta, 1996, p. 13) Em relação à gerência, a expressão aparece na área privada para denotar subordinação aos conselhos administrativos superiores da organização. O gerente, o supervisor ou o executivo tinham a incumbência de executar as ordens baixadas pelos diretores, presidentes, proprietários e pelos conselhos de administração. Na realidade, ao comparamos as funções desempenhadas pelo diretor, executivo, gerente, supervisor, gestor e administrador ao longo das diversas teorias administrativas, podemos notar que esses indivíduos trabalham fundamentalmente com o processo de tomada de decisão. Seria, então, muito difícil elaborar definições universais para cada cargo administrativo ocupado pelos indivíduos, nas mais diversas organizações espalhadas pelo mundo, pois, na essência, todos lidam com pessoas e variáveis organizacionais na escolha do melhor caminho para a instituição. Cada organização possui a liberdade de escolher o nome do cargo a ser ocupado pelo funcionário: presidente, CEO, diretor executivo, diretor administrativo, executivo sênior, gerente geral, gerente executivo, supervisor geral e muitos outros. Sem contar o encurtamento dos níveis hierárquicos das organizações provocado pelo mundo contemporâneo. A distância entre o topo e a base da organização está diminuindo a cada dia. As funções administrativas entre esses níveis estão se assemelhando. As atribuições do gestor de nível superior e do inferior nunca foram tão parecidas. Autoconhecimento e Liderança 37 Existe, contudo, autores que prezam a diferença entre administração e gestão. Fischer considera “gestão como uma ação na qual há menor grau de previsibilidade sobre o resultado do processo a ser gerido.” (Fischer, 1998, p . 49), e acrescenta que: “um navio é dirigido, uma empresa é administrada, uma relação humana pode, no máximo, ser gerida, quando se admite que os dois agentes têm consciência e vontade própria.” (Fischer, 1998, p. 50). No presente curso, adotaremos administração e gestão como sinônimos, bem como administrador, gestor, gerente, supervisor e executivo, pois como afirma Motta (1996, p. 14): “No rigor vernacular, as palavras administração, gerência e gestão são sinônimas. O mesmo se pode dizer no sentido conceitual: nenhum conceito novo foi introduzido quando se procurou acentuar o uso de uma palavra em detrimento de outra, salvo, evidentemente, o de deixar o adquirido desgaste de uma para recuperar conceitos anteriores, através da nobreza de um novo termo.” As Funções Básicas do gestor Concomitantemente à Teoria da Administração Científica – ênfase nas tarefas – surgia na Europa, em 1916, a Teoria Clássica da Administração, cuja ênfase recaía sobre a estrutura na qual a organização necessitaria apresentar para ser eficiente. A Teoria Clássica partia do pressuposto de que paraalcançar a eficiência, a organização deveria ser considerada como um todo; enquanto a Administração Científica preconizava a individualização, racionalização e divisão do trabalho. Eficiência: realizar corretamente as coisas. A ênfase recai sobre os meios. Enquanto que na eficácia a ênfase recai sobre os resultados, isto é, realizar as coisas corretas. Autoconhecimento e Liderança 38 Neste novo horizonte, Henri Fayol (1841-1925), instituidor da Teoria Clássica da Administração, estabeleceu as funções básicas do gestor, sintetizadas no quadro a seguir: Função Descrição Prever Visualizar o futuro. Elaborar planos de ação, estabelecendo objetivos e metas. Organizar Desenvolver atividades, sistematizando as tarefas. Comandar Direcionar e orientar os indivíduos na busca dos objetivos e metas. Coordenar Inter-relacionar todos os recursos da organização. Controlar Comparar o planejado com o executado. Verificar se tudo está ocorrendo dentro dos padrões estabelecidos. Importante A função prever, estabelecida por Fayol, é conhecida nos dias de hoje como planejar. A previsão refere-se às possibilidades que podem acontecer. Geralmente antecede ao ato de planejar. Planejar - Determinar o que deve ser feito. Fayol explica que essas funções gerenciais são identificadas em todos os níveis hierárquicos e setores da organização, seja na alta administração ou nos níveis mais baixos da organização. Cada indivíduo, dentro da sua esfera de atribuição, desenvolverá todas essas funções com maior ou menor amplitude. Autoconhecimento e Liderança 39 Chegamos ao final da primeira Unidade e esperamos que vocês tenham gostado. E não esqueçam: as teorias administrativas são importantes balizadoras para o exercício da função gerencial; os indivíduos são peças fundamentais nas organizações; funções básicas do gestor: Prever (Planejar), Organizar, Comandar, Coordenar e Controlar. Na próxima unidade , vamos estudar a função gerencial Leitura complementar Aprofunde seus conhecimentos sobre a Teoria Z lendo o livro: Ouchi, William G. Teoria Z - Como as empresas podem enfrentar o desafio japonês - Ed. Livraria Nobel SA. Nesta obra, Ouchi além de discriminar os principais aspectos da teoria Z, mostra, também, a aplicação da teoria na cultura organizacional das empresas japonesas, principalmente no que tange à participação na tomada de decisões. Caso você queira se aprofundar um pouco mais nos temas, sugerimos: Primórdios e Teorias da Administração: Chiavenato, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração. 6.ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000. Chiavenato, Idalberto. Administração – Teoria, Processo e Prática. 3. ed. São Paulo: Makron Books, 2000. Autoconhecimento e Liderança 40 Novas tendências: Drucker, Peter F. A administração na próxima sociedade. São Paulo, Ed. Livraria Nobel S.A, 2003. Drucker, Peter F. Administrando em tempos de grandes mudanças . São Paulo, Ed. Livraria Nobel S.A, 1997. É HORA DE SE AVALIAR! Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo, elas irão ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino- aprendizagem. Em caso de dúvidas, ou questionamentos diversos, entre em contato com o seu tutor virtual, através do nosso ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Interaja conosco! Autoconhecimento e Liderança 41 Exercícios – Unidade 1 Exercícios - Unidade 1 1) As principais teorias administrativas surgiram no século XX, todavia o marco histórico anterior a essa época que serviu de berço para a evolução dessas teorias é conhecido como: a) Revolução Francesa. b) Revolução Industrial. c) Revolução Russa. d) Revolução Anglo-americana. e) Revolução Macedônica. 2) Relacione as colunas de acordo com as ênfases das teorias administrativas e marque a alternativa que contém a seqüência correta: (1) Administração Científica ( ) Racionalidade organizacional. (2) Teoria Clássica ( ) Organização informal. (3) Teoria da Burocracia ( ) Racionalização do trabalho. (4) Teoria das Relações Humanas ( ) Organização formal. a) 3 – 4 – 1 – 2 b) 3 – 4 – 2 – 1 c) 2 – 4 – 1 – 3 d) 2 – 1 – 4 – 3 e) 2 – 4 – 3 – 1 3) Henri Fayol, um dos mais renomados pensadores da Teoria Clássica da Administração, estabeleceu as funções básicas do gestor. A função estabelecida por Fayol que hoje é reconhecida como planejar é: a) Controlar. b) Organizar. c) Coordenar. d) Comandar. e) Prever. Autoconhecimento e Liderança 42 4) As teorias X e Y foram desenvolvidas por Douglas McGregor. A teoria Z, de Ouchi, é uma variante da teoria Y. Das alternativas abaixo, assinale aquela que NÃO apresenta uma das características da teoria Z. a) O indivíduo não é individualista. b) O indivíduo é criativo e responsável. c) O indivíduo quer ser original e ter iniciativa. d) O indivíduo é um eterno satisfeito. e) O indivíduo quer liberdade e estabilidade. 5) As teorias administrativas podem ser classificadas segundo a ênfase na qual foram desenvolvidas. A teoria cuja ênfase recai nas tarefas é conhecida como: a) Teoria Neoclássica. b) Teoria da Administração Científica. c) Teoria da Burocracia. d) Teoria das Relações Humanas. e) Teoria Estruturalista. 6) A sociedade do conhecimento foi um termo cunhado por Peter Drucker para caracterizar uma nova era em que as informações são transmitidas a velocidades e quantidades nunca antes imaginadas. Neste contexto, as organizações precisam de pessoas, chamadas por Drucker de trabalhador do conhecimento, aptas a atuar nesse ambiente volátil. Das qualidades listadas abaixo, assinale a única que NÃO corresponde a uma característica desejável ao trabalhador do conhecimento. a) Flexibilidade. b) Automotivação. c) Iniciativa. d) Individualidade. e) Aprendizado. 7) Dentre as funções básicas do gestor implementadas por Taylor, a que tem por objetivo buscar o inter-relacionamento de todos os recursos da organização em prol dos objetivos estabelecidos é a de: a) Controlar. b) Organizar. c) Coordenar. d) Comandar. e) Prever. Autoconhecimento e Liderança 43 8) A gestão busca relacionar as diversas variáveis organizacionais em busca de um propósito comum. Esse trabalho é desenvolvido nas organizações por executivos, gestores, gerentes, diretores, etc. Na execução desse papel, tais pessoas estão lidando fundamentalmente com o processo de: a) Hierarquização. b) Departamentalização. c) Delegação. d) Tomada de decisão. e) Subordinação. 9) A globalização, a velocidade das informações, a queda das fronteiras comerciais, etc. vêm provocando, nas organizações, uma revolução jamais vista em tempos anteriores. Concorde ou discorde da afirmação a seguir, justificando sua resposta: Afirmação: As teorias administrativas de épocas anteriores são inúteis para os novos tempos. 10) A organização “Matescrito” fabrica cadeiras para escritórios. A produção da cadeira obedece a certas etapas pré-estabelecidas. Uma dessas etapas consiste na colocação de espuma na estrutura metálica da cadeira. O setor de estofamento é composto por dez funcionários, assim distribuídos: um na função de supervisor e os demais na de estofador. O supervisor recebeu da diretoria os padrões de qualidade a serem seguidos na montagem das espumas. Caso os padrões não sejam seguidos os produtos serão rejeitados na etapa seguinte: colocação dos tecidos. Analisando o processo da empresa “Matescrito”, identifique na organização as três etapas básicas que compõem as organizações. Autoconhecimento e Liderança 44 Autoconhecimento e Liderança 45 Gestão Contemporânea O ambiente de atuação dos gestores. A função gerencial. Líderes X Gerentes. Empowerment: Uma tecnologia de Gestão. 2 Autoconhecimentoe Liderança 46 Caro aluno, discutimos na unidade anterior a evolução histórica da gestão. Nesta unidade debateremos um pouco sobre a função gerencial no ambiente de incertezas e constantes mudanças que afeta as organizações de hoje. Vamos desvendar esse cenário? Objetivos da Unidade: Descrever o ambiente de atuação dos gestores; Identificar os novos desafios a serem enfrentados pelos gestores no desempenho de suas funções Reconhecer o empowerment como uma eficaz tecnologia para gestão de pessoas. Plano da Unidade: O ambiente de atuação dos gestores. A função gerencial. Líderes X Gerentes. Empowerment: Uma tecnologia de Gestão. Bons estudos! Autoconhecimento e Liderança 47 O Ambiente de Atuação dos Gestores Quem já não ouvir falar que vivemos em meio às mudanças, em ambientes nos quais as organizações e as pessoas devem se adaptar? No mundo em que os profissionais têm que realizar várias tarefas ao mesmo tempo e manterem-se atualizados? Pois bem, chegamos à era da competitividade! A sociedade presenciou, na segunda metade do século XX, uma revolução científica e tecnológica jamais vista em épocas anteriores. Vivemos a era da informação e do conhecimento. As inovações, principalmente as tecnológicas, mudaram expressivamente a forma de produção das organizações, bem como, o modo de agir de toda a sociedade. As pessoas passaram a exigir produtos e serviços de maior qualidade, preços mais baixos, assim como, atendimentos preferenciais. Para fazer frente a essa nova conjuntura, como era de se esperar, as organizações despenderam vultosos recursos em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias de produção, como também, na implantação de novas ferramentas gerenciais. Tudo com o intuito de satisfazer as aspirações do novo público que surgia. Todavia, como era inimaginável prever um salto tecnológico tão grande no final do século passado, também o é para os próximos anos. Outras novidades poderão surgir e mudar drasticamente o estilo de vida das pessoas, os modelos gerenciais, as formas de produção, o trabalho, etc. Autoconhecimento e Liderança 48 As rápidas mudanças que causam momentos de perplexidade na sociedade são ressaltadas por Montenegro (2003, p. 12): “A presença de uma nova tecnologia, imposta pelos desafios da competitividade, atua rapidamente nos processos da empresa, descartando práticas organizacionais consagradas e cobrando o aparecimento de novas competências. A trilogia organização-tecnologia- recursos humanos entra em instabilidade.” Isso não quer dizer que estamos completamente às escuras. Existem indicadores nos quais as organizações de hoje podem reconhecer de acordo com algumas tendências já disseminadas no mundo contemporâneo tais como: Internet. Inteligência artificial. Engenharia genética. Responsabilidade ético-social-ambiental. Organizações transnacionais. Valorização do conhecimento. É claro que esses indicadores ajudam, mas não são suficientes para trilhar com segurança no caminho do desconhecido. Basta olhar a sua volta: quantos modelos gerenciais e tecnologias você observou tornarem-se obsoletos? Muitos, não? O que dizer do custo como vantagem competitiva? Da força de trabalho padronizada e homogênea? Da máquina de escrever e recentemente da máquina fotográfica a filme? Autoconhecimento e Liderança 49 Aliás, cabe ressaltar: a velocidade das novas descobertas será a mesma que irá torná-las obsoletas. Esse ciclo de vida tecnológica - nascimento e morte - está cada vez mais curto. A cada dia são despejados na sociedade inventos que, dependendo da abrangência, poderão ou não ditar novas regras na vida das pessoas e das organizações. A magnitude da presente revolução não deixa alternativas para as organizações de hoje: acompanhar a mudança ou marcar passo nos caminhos do subdesenvolvimento. A respeito, Motta (2001, p. XIII) nos alerta: “A mudança aparece não só como inevitável mas necessária à sobrevivência. Os fatos se alteram com rapidez, e o mesmo acontece com as idéias. Encurta-se o tempo para planejar, experimentar e agir. As mudanças terão que ser perseguidas e introduzidas antes de se saber seu total sentido e sem garantia de êxito.” O autor adverte também para o fato de que muitos indivíduos ainda não se conscientizaram da ocorrência dessas transformações. Acreditam ser somente mutações de práticas passadas que não impactaram profundamente o cotidiano das organizações. A mudança afetará esse grupo de pessoas na sua faceta mais dolorosa: temores, preocupações, medo, inquietações, indecisões e incertezas. Autoconhecimento e Liderança 50 Isso não quer dizer que as pessoas são obrigadas a reconhecer todas as inovações, mesmo porque seria impossível. O mais experimentado de todos os indivíduos poderia ser atropelado pela faceta da mudança. O indivíduo deve sim, procurar antecipar-se às mudanças e assimilar as novas tendências, visando criar vantagens competitivas. Como podemos observar, o século XXI tornou as organizações ambientes instáveis e complexos. As demandas por novos produtos e serviços acirraram as disputas por mercados, hoje sem fronteiras. Na busca do sucesso, as empresas privadas e as instituições públicas estão tendo que lidar com pressões de todos os lados. Neste ínterim, o papel da gestão nunca foi tão importante. Esta relevância é destacada assim por Motta (2001, p. XV-XVI): “Hoje, gerenciar uma empresa ou serviço público é gerenciar a mudança: enfrentar alterações rápidas e complexas; confrontar-se com ambigüidades; compreender a necessidade de novos produtos e serviços; garantir um sentido de direção em meio ao caos e à vulnerabilidade; e manter a calma diante da perda de significado daquilo que se ajudou a construir. Assim, em um presente intranqüilo e um futuro incerto, poucos dirigentes e gestores se sentirão confortáveis com o status quo. A maioria perseguirá a inovação como a alternativa de sobrevivência.” Verifica-se que o ambiente de atuação do gestor moderno é complicado. O que era bom hoje não significa que será bom amanhã. O cenário agora é de volatilidade: enorme fluxo e velocidade das informações; rápida evolução das metodologias e processos de gestão; o conhecimento como diferencial competitivo; inovações tecnológicas influenciando os processos produtivos; as pressões da acirrada competição criando novas perspectivas organizacionais. Autoconhecimento e Liderança 51 Todas essas transformações ambientais e muitas outras mais que não foram relacionadas vêm requerendo do gestor contemporâneo uma performance mais abrangente. Espera-se dele não só uma ação proativa, mas também antecipatória das mudanças. Sem falar de um posicionamento estratégico, com o intuito de possuir uma visão global do negócio e uma sensibilidade para analisar e interpretar possíveis oportunidades de crescimento da organização. A Função Gerencial O trabalho gerencial, desenvolvido nos mais diversos tipos de organizações existentes no mundo, não se parece com nenhuma outra função ou ocupação conhecida. Isto se revela pelo fato de englobar diversas variáveis que não são controláveis tanto pela empresa, como pelo próprio ser humano. Apesar de vários estudos e pesquisas a respeito da matéria, há um consenso no meio acadêmico e empresarial que é muito difícil definir o que vem a ser função gerencial. Nenhum estudioso teve o atrevimento de caracterizá-la em minúcias. Autoconhecimento e Liderança 52 Nos contextos organizacionais em que a função gerencial é exercida verifica-se a inexistência de rotina ou padrão a ser seguido pelo gestor no cumprimento de todas as suas atividades profissionais. O dirigente se vê dentro de ambientes mutantes que interferemem todo o processo gerencial. Definir, então, a função gerencial mediante uma visão ordenada, racional e passiva do trabalho do dirigente, bem como, do ambiente organizacional no qual se situa, seria, no mínimo, um equívoco. Tal definição deixaria de lado fatores alheios à vontade das partes - dirigente e organização - que influenciam o processo de tomada de decisão na consecução dos objetivos organizacionais. Nesse ínterim, cabe ressaltar que o processo de tomada de decisão é o horizonte da função gerencial, mas não se deve compreender as atividades do gestor somente pelo estudo do processo decisório em si. Sobre o assunto, Motta (1996, p. 22) destaca: “Examinar a decisão como um processo racional lógico, que leva a um produto específico, é perfeitamente possível desde que não se considere o processo decisório organizacional. A lógica racional da decisão não está presente na organização: é um processo comportamental condicionado por diversos fatores que não conduzem necessariamente a comportamentos coerentes com a lógica decisória." O autor nos quis dizer que o gestor faz parte do processo decisório organizacional. O seu comportamento é influenciado, bem como o dos outros funcionários, por variáveis internas e externas à organização. Fatores como valores, atitudes, experiência profissional, situação, cenários e outros mais, criam condições únicas que determinam o comportamento do dirigente na arte de decidir. Por esse e outros motivos, estabelecer uma denominação para função gerencial é muito difícil, pois para defini-la, seria necessário englobar os diversos fatores que de alguma forma interagem com as funções do gestor. O que dizer das grandes organizações com ramificações em todo o mundo? Autoconhecimento e Liderança 53 A complexidade da função gerencial, segundo Motta (1996), pode ser suavizada com o estudo das habilidades gerenciais usualmente adotadas pelos gestores de sucesso. A assimilação dessas habilidades pode ser ensinada, apreendida ou conquistada no dia-a-dia do trabalho. Elas permitiriam ao gestor construir um alicerce para receber novas habilidades e competências, bem como, condições vantajosas para enfrentar os problemas futuros. O aprendizado gerencial consiste no aperfeiçoamento contínuo do indivíduo em busca de novos conhecimentos, valores e atitudes. Não só relacionados aos métodos gerenciais, mas também, à própria pessoa, especialmente no sentido de conhecer suas limitações e capacidades mais marcantes. Este processo de autoconhecimento é primordial para o crescimento individual. IMPORTANTE Pela relevância do tema, a nossa última unidade de estudo abordará com maior profundidade os aspectos do autoconhecimento. Autoconhecimento: mergulhar dentro de si. Reconhecer os seus próprios pontos fortes e fracos. Autoconhecimento e Liderança 54 O quadro, a seguir, sintetiza as quatro dimensões básicas que envolvem o aprendizado gerencial. As dimensões básicas do aprendizado gerencial Tipo de habilidade Significado Objetivo Cognitiva Saber categorizar problemas administrativos. Identificar relações entre as categorias. Compreender o particular por meio do conhecimento do geral. Aprender sobre gestão a partir do conhecimento sobre definição de objetivos e formulação de políticas, bem como, relativo a idéias sistematizadas sobre estrutura, processos, técnicas e comportamentos organizacionais. Analítica Saber a utilidade e a potencialidade das técnicas administrativas. Obter maior realismo, profundidade e criatividade na resolução de problemas. Aprender a analisar problemas gerenciais. Identificar variáveis fundamentais. Estabelecer relações de causa e efeito na busca de soluções alternativas. Comportamental Aprimorar a conduta para obter respostas comportamentais mais consistentes, com objetivos de eficiência, eficácia, satisfação e segurança no trabalho. Aprender novas formas de interação humana. Incorporar novas maneiras de comunicação de interação grupal. Exercer ou lidar com poder e autoridade. De ação Desenvolver capacidade para interferir intencionalmente no sistema organizacional, de forma a transformar objetivos, valores e conhecimentos em ação. Aprender sobre: si próprio, função gerencial, objetivos e condições organizacionais. Desenvolver comprometimento com a missão sócio-econômica da organização em que trabalha. Fonte: Signific ado e Objetivo de H abil idades Gerencias (adapt ado de Motta, 1996, p. 24) Autoconhecimento e Liderança 55 Como as organizações são diferentes, por conseqüência, irão exigir também aprendizados diferenciados. Todavia pode-se dizer que o fim último do aprendizado gerencial é desenvolver a habilidade de ação. Dominar as outras habilidades é importante, mas nada adiantará se o foco não estiver voltado à ação. Observa-se, então, que algumas características e habilidades cruciais da função gerencial no mundo moderno são: tomada de decisão em busca dos resultados; capacidade para trabalhar em equipe e lidar com pessoas; domínio das técnicas gerenciais; liderança; flexibilidade; gosto por desafios e inovação; fazer acontecer; conhecer a si próprio; conhecer a organização; pensar e agir estrategicamente; aprendizado contínuo. Poder: faculdade de obrigar ou coagir alguém a fazer sua vontade, por intermédio da posição que ocupa na organização. Autoridade: habilidade de influenciar as pessoas a realizarem sua vontade de livre arbítrio. Autoconhecimento e Liderança 56 Líderes x Gerentes Existe vasta bibliografia tratando sobre as diferenças entre líder e gerente. Vamos identificar algumas abordagens? Ken Blanchard, mencionado por Hesselbein (1997), afirma que o gerente “faz certo as coisas”, enquanto o líder “faz as coisas certas”. James Bold, também citado pelo autor, afirma que os gerentes são mais envolvidos no “como” fazer, ou seja, com os resultados de curto prazo. Já o líder deve ser uma pessoa com “visão”, “intenção estratégica” e “sonhos”. Já Kets de Vries (1997) apresenta algumas características que diferenciam líderes e gerentes. Esses aspectos estão discriminados no quadro a seguir: Líderes Gerentes Foco no futuro. Foco no presente. Lidam com a mudança. Preocupados com a estabilidade. Pensam a longo prazo. Pensam a curto prazo. São inspiradores. Devem ser instruídos. Base de poder: carisma. Base de poder: autoridade hierárquica. Perguntam o porquê. Perguntam como? Preocupam-se com valores e objetivos organizacionais. Preocupam-se com táticas, estruturas e sistemas. Carvalhal e Ferreira (2000), ao tratarem do assunto, afirmam que gestão de organizações é a composição de dois conjuntos de habilidades que o gestor deve possuir: as de administrar e as de liderar. A primeira habilidade aborda as técnicas, os processos, os recursos tangíveis, as tecnologias, as normas e regras. A segunda engloba a iniciativa, a criatividade, a atitude, o comportamento, a motivação, dentre outras. O cerne da questão para o gestor é adquirir a capacidade de enxergar nas organizações o estágio ideal, o momento certo, para aplicar com predominância técnicas gerenciais em detrimento das de liderança ou vice-versa. Autoconhecimento e Liderança 57 Neste contexto, Kets de Vries (1997) esclarece que é muito difícil ser um líder eficaz sem possuir domínio sobre habilidades gerenciais. O gerente sem habilidades de liderança passa a ser um mero burocrata, enquanto um líder visionário sem embasamento para implementar suas visões acabará fazendo a organização perder o rumo. Peter Drucker, aludido por Hesselbein (1997, p.12), nos dá também uma valiosa contribuição. Ele lembra que todo líder deve conhecer as quatro premissas básicas abaixo discriminadas: “a única definiçãode líder é alguém que possui seguidores; um líder eficaz não é alguém amado e admirado. É alguém cujos seguidores fazem as coisas certas. Popularidade não é liderança. Resultados sim; os líderes são bastante visíveis, portanto servem de exemplo; liderança não quer dizer privilégios, posição, títulos ou dinheiro. Significa responsabilidade.” Com a ampliação dos canais de comunicação e interação dos indivíduos nas organizações, estas passaram a valorizar mais os aspectos comportamentais. Não estão interessadas somente no líder ou no gestor simplesmente. Elas querem nas pessoas o mix desses elementos. Isto é, querem o líder eficaz. Aquele indivíduo capaz de distinguir os dois papéis (gestor e líder), sabendo empregá-los na hora certa, apto a energizar e motivar seus liderados, mas com competência para planejar, estruturar, controlar e recompensar comportamentos da equipe. Autoconhecimento e Liderança 58 Empowerment: Uma Tecnologia de Gestão A palavra de ordem dos gestores de hoje é a excelência pessoal e profissional. Atender suas necessidades e da organização para qual trabalha. Para isso, uma formação acadêmica de qualidade é primordial. Entretanto, não basta só uma bela formação para sobreviver nos “tempos modernos”; são necessárias habilidades comportamentais e gerenciais, assim como percepção do que está ocorrendo no mundo. O papel do gestor tornou-se dinâmico. Este profissional polivalente é exigido todos os dias na sua plenitude. O campo de atuação é movediço. O que fazer? Como desempenhar as funções? Primeiramente, o gestor deve estar ciente do ambiente de atuação da organização, dos objetivos organizacionais e do quadro de funcionários que irá interagir. A partir daí, aplicará seus conhecimentos e habilidades para o cumprimento das metas estipuladas. No rol de saber do gestor não poderá faltar o conhecimento das tecnologias de gestão organizacional – conjunto de ferramentas gerenciais à disposição do gestor, com o objetivo de facilitar suas atividades nas organizações. Há várias tecnologias de gestão à disposição do gestor, como: reengenharia, benchmarking, e outsourcing. Todas com intenção de enfrentar e vencer obstáculos organizacionais. Todavia, como afirma Araújo (2001, p. 261): “... qualquer que seja a tecnologia a ser empregada na organização, será preciso que venha acompanhada de um inovador estilo de gestão de pessoas: o empowerment.” Reengenharia: redesenhar radicalmente os processos de negócio, com o intuito de obter melhorias drásticas em três áreas da organização: custos, serviços e tempo. Benchmarking: técnica de observação, comparação e adaptação das melhores práticas das organizações líderes. Todavia não deve ser confundida com cópia ou espionagem industrial. Outsourcing: conhecida como terceirização. Passar a terceiros, mediante pagamento, a responsabilidade pela realização de determinadas atividades. Autoconhecimento e Liderança 59 Cabe lembrar, então, que o propósito deste curso não é tratar de cada tecnologia de gestão, pois o assunto é vasto. A preocupação maior é abordar a tecnologia que está mais direcionada ao espírito da liderança – empowerment – que é nosso foco. Caso queira se aprofundar no tema, há uma indicação bibliográfica no final desta unidade. O que é empowerment? Como abordado anteriormente, as pessoas são um dos elementos mais importantes da organização. É a capacidade intelectual e a criatividade dos indivíduos que garantirão a sobrevivência das organizações públicas ou privadas. Sabedoras disso, as organizações têm dedicado maior atenção à gestão de pessoas. A busca e retenção de talentos nos quadros funcionais se transformaram em verdadeiras guerras abertas entre as corporações. A tecnologia de gestão a ser discutida neste tópico se propõe a disponibilizar um modelo mais adequado ao trato e à valorização das pessoas. A sua essência é criar oportunidades para os indivíduos participarem ativamente do processo decisório organizacional. Segundo Rosabeth Moss Kanter, professora em Harvard e uma das maiores especialistas do tema, as organizações que oferecem maior poder e autonomia para seus funcionários são as que terão maiores possibilidades de competirem a longo prazo. De forma simplória, empowerment poderia ser definido como a disponibilização do poder decisório nas mãos dos indivíduos da organização. Estamos falando em criar condições para as pessoas participarem do processo de tomada de decisão. No entanto, as pessoas querem tomar parte desse processo? O que você acha? Gostaria de ser co-responsável pelas decisões? Autoconhecimento e Liderança 60 A grande maioria sim. Os indivíduos, por natureza, almejam comprometer-se com o rumo da organização, assim como o seu próprio. Eles desejam ser reconhecidos como partes integrantes do sucesso e mudança das organizações. Castro (1994) ao tratar da definição de empowerment relata que o termo representa algo em transformação, cujo âmago é a “energização”. Segundo o autor, quando a tecnologia é empregada promove até a inversão da pirâmide organizacional, valorizando as pessoas que estão em contato direto com a clientela na base piramidal. Dorsey, mencionado por Araújo (2001), aponta três pilares sobre os quais a definição de empowerment deve assentar-se. São eles: Pilar Descrição Visão de futuro Idealizar, aspirar ao futuro ideal e batalhar para que aconteça. Assumir o poder Acreditar que todos têm condições de contribuir para a melhoria contínua, bem como, para a construção do futuro idealizado. Apropriar-se Sentir-se responsável por tudo que esteja relacionado às metas a serem alcançadas. Autoconhecimento e Liderança 61 Na verdade, com a implementação do empowerment, todos saem ganhando: organização e funcionários. A organização porque os funcionários estarão mais comprometidos com os resultados organizacionais, pois com autoridade passam a assumir responsabilidades. Os funcionários porque terão mais liberdade para expor suas idéias, opiniões e sugestões, crescendo profissionalmente a cada dia. Implantando o empowerment Mills, citado por Araújo (2001), é quem nos oferece os passos a serem seguidos para a implantação de um bom programa de empowerment nas organizações. Os seis passos ou etapas estão sintetizados na figura a seguir: Seis passos que garantem bons resultados com o empowerment, segundo Mills (adaptado de Araújo, 2001: 286) Vamos analisar cada passo? Passo 1: Tolerância a erros A tolerância a erros é primordial para a implantação do empowerment. Por exemplo, se um dos colaboradores falhar na busca da excelência organizacional e ele for imediatamente repreendido, a reação normal dessa pessoa será a de recusar a autonomia anteriormente dada. O clima organizacional ficará propenso a uma menor motivação das pessoas. Autoconhecimento e Liderança 62 Evidentemente, a organização não deve tolerar todo tipo de erro. Existe, como assinala Araújo (2001, p . 279), “... um limite entre o aceitável e o inadmissível”. E como saber quando os erros são aceitáveis? Mills (Araújo, 2001) enumera algumas situações nas quais os equívocos podem ser tolerados pela organização. Elas estão sintetizadas no quadro a seguir: Situação Significado Quando o erro não faz parte de um padrão. Quando é cometido pela primeira vez. Quando se aprende com o erro. Relacionado com a situação anterior. O importante ao falhar em ocasiões inéditas é aprender com os erros. Quando ocorre na busca das metas. Aceitável na tentativa de alcançar as metas, principalmente quando relacionada a situações novas. Quando o erro estiver dentro do escopo de autoridade. Quando é dada autonomia para a pessoa agir deve-se ter consciência que ela também tem autonomia para errar. Quando o erro não contraria leis e princípiosorganizacionais. Quando o erro acontece perseguindo metas e não contrariando decisões, normas e valores da organização. Passo 2: Desenvolver confiança Falamos que os indivíduos têm pré-disposição a participarem do processo de escolha organizacional. Em contrapartida, se a organização implementar controles rígidos na esfera de pessoal, estará incitando os mesmos a pensar que não são possuidores de confiança. O empowerment é um processo mútuo de confiança: organização indivíduo. Se não existir reconhecimento, a tecnologia está fadada ao fracasso. Autoconhecimento e Liderança 63 Passo 3: Visão As organizações estabelecem objetivos organizacionais alinhados com a visão de futuro. Com o empowerment não seria diferente. Há a necessidade de um caminho a ser seguido. Na busca contínua por melhores resultados a tecnologia preza o compartilhamento dos objetivos por todos os seus colaboradores. Passo 4: Fixação de metas Do mesmo modo que os objetivos, as metas devem ser estabelecidas para direcionar os membros da organização em busca de um propósito comum. Na construção das metas deve-se atentar para os objetivos idealizados, direcionando- os para a missão da organização. Geralmente, as metas contêm prazos pré- estabelecidos, assim como devem ser quantificadas, desafiadoras, alcançáveis e alinhadas com outras atividades organizacionais. Passo 5: Avaliação Toda e qualquer aplicação de uma tecnologia se faz no sentido de obter melhores resultados. Como saber se os resultados estão sendo alcançados? Mediante a avaliação. A tecnologia ora estudada também precisa ser avaliada, é necessário medi-la. Indagar o planejado com o executado. Por meio desse feedback é que serão corrigidos eventuais erros, redirecionando-os para o caminho estabelecido. Passo 6: Motivação Quem não gosta de ser elogiado e reconhecido por seus superiores? O ser humano é um ser carente neste aspecto. Todavia não vão sair por aí elogiando todos os que vêem pela frente. É preciso ser justo e imparcial. O reconhecimento é a mola propulsora da motivação. Utilize-o com critério. Lembre-se que o empowerment é essencialmente gestão de pessoas. Feedback: dar e receber críticas construtivas Autoconhecimento e Liderança 64 A seguir, Mills (Araújo, 2001, p . 284) apresenta alguns exemplos para reconhecer o trabalho de uma pessoa: “manter bons salários; dispensar um tratamento adequado; dar oportunidades de crescimento profissional; oferecer atribuições interessantes que promovam o aprendizado no emprego; não deixar de fornecer segurança no emprego; e promover sensação de realização entre as pessoas, isto é, demonstrar o quanto o esforço de cada um foi determinante para o sucesso organizacional.” Considerações finais sobre o empowerment Discutimos que o gestor tem à sua disposição inúmeras tecnologias de gestão para desenvolvimento de suas atividades; contudo, somente o empowerment concentra todas as suas forças para a gestão de pessoas. Salienta-se, porém, que o empowerment não pode ser confundido com anarquia, em que tudo pode; bem como em apenas formar equipes de trabalho (designar pessoas para realizarem um trabalho comum). É necessário delegar com discernimento, perseguir o comprometimento, a integração incondicional e o espírito colaborativo das pessoas em prol dos objetivos organizacionais e de seus próprios. Olha aí a importância da atuação do gestor na aplicação da tecnologia! Ela é fundamental. Lembra que a tecnologia requer direcionamentos como qualquer outra: visão, objetivos, missão e metas? Autoconhecimento e Liderança 65 Importante Portanto lembre-se: o empowerment busca salientar nos indivíduos a sua capacidade decisória, demonstrando às organizações a relevância do emprego desse capital intelectual para o crescimento organizacional e profissional de cada um. Chegamos ao final de nossa segunda unidade, na qual tratamos dos seguintes aspectos: o ambiente volátil de atuação dos gestores; as habilidades desejadas para desenvolvimento das funções gerenciais; diferença entre líderes e gerentes; a tecnologia de gestão focada na gestão de pessoas: o empowerment. Autoconhecimento e Liderança 66 Na próxima unidade entraremos no tópico liderança. Leitura Complementar : Aprofunde seus conhecimentos lendo: ARAÚJO, Luis César G. de. Tecnologias de gestão organizacional. São Paulo: Atlas, 2001. É HORA DE SE AVALIAR! Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo, elas irão ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino- aprendizagem. Em caso de dúvidas, ou questionamentos diversos, entre em contato com o seu tutor virtual, através do nosso ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Interaja conosco! Autoconhecimento e Liderança 67 Exercícios – Unidade 2 1) Assinale a alternativa que NÃO condiz com o ambiente de atuação dos gestores contemporâneos: a) Fluxo de informações intenso. b) Inovações tecnológicas influenciando os processos produtivos. c) Conhecimento como vantagem competitiva. d) Tempo adequado para planejamento. e) Competitividade acirrada. 2) O gestor moderno tem pela sua frente uma gama infinita de possibilidades de cenários nos quais deve atuar. Cobra-se desse gestor não só uma ação _____________, mas também _____________ das mudanças. Marque a opção que completamente corretamente a afirmativa acima. a) estática – futurística. b) estática – antecipatória. c) proativa – antecipatória. d) proativa – passiva. e) estática – passiva. 3) A função gerencial desenvolvida nos mais diversos tipos de organização não se parece com nenhum outro ofício, pois lida com uma gama enorme de variáveis organizacionais, bem como com pessoas. Por isso definir função gerencial é algo muito complexo em virtude de: a) Inexistir padrões ou rotinas a serem seguidos pelos gestores. b) Inexistir estudos sobre o tema. c) Inexistir relação entre gestor e subordinados. d) Inexistir dados estatísticos nas organizações. e) Inexistir congruência com outros ofícios. 4) Sobre a função gerencial é incorreto afirmar que: a) O horizonte da função gerencial é o processo de tomada de decisão. b) O gestor faz parte do processo decisório organizacional. c) O comportamento do gestor é influenciado. d) O comportamento dos subordinados é influenciado. e) O enfoque ordenado e racional é o mais indicado para sua definição. Autoconhecimento e Liderança 68 5) O aprendizado gerencial envolve quatro dimensões básicas. A dimensão que consiste em reconhecer a vantagem e potencialidade das técnicas administrativas, assim como buscar maior realismo, profundidade e criatividade na resolução de problemas é conhecida como: a) Comportamental. b) Analítica. c) Cognitiva. d) De ação. e) De reação. 6) São consideradas características e habilidades essenciais da função gerencial no mundo moderno, exceto: a) Aprendizado contínuo. b) Autoconhecimento. c) Flexibilidade. d) Receio quanto à inovação. e) Visão estratégica. 7) O empowerment é uma tecnologia de gestão organizacional a disposição do gestor. Consiste, basicamente, em delegar poder as pessoas para decidir. Dorsey sugere que na definição de empowerment devem-se observar alguns pilares básicos. O pilar que crê na união de esforços para a construção do futuro idealizado é conhecido como: a) Visão de futuro. b) Visão concentrada. c) Apropriar-se. d) Ajustar-se. e) Assumir o poder. 8) O processo de implantação do empowerment nas organizações requer alguns passos que foram estabelecidos por Mills. O passo cuja característica maior é a utilização da técnica do feedback denomina-se: a) Motivação. b) Avaliação. c) Tolerância a erros. d) Visão. e) Fixação de metas. Autoconhecimento e Liderança 69
Compartilhar