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FORMAS EXTINTIVAS DO DIREITO REAL DE LAJE 2.1. Generalidades O legislador ao criar os modos de extinção dessa modalidade, foi muito simples, tratando apenas de duas de suas singularidades, deixando dessa forma de tratar das formas comum de extinção do direito de laje, dando destaque apenas à ruína da construção-base e a extinção do referido direito. A laje e a construção-base são dois direitos independentes que geram efeitos entre seus titulares. Um ponto de destaque é a autonomia da laje em relação a construção-base, não existindo dependência física entre elas. Se houver prejuízo será em relação à construção-base que não gera sobre o lajeado dever de reconstrução, a não ser que exista sobrelevação da laje. Não edificando no prazo de 5 anos o primeiro lajeário tem direito a reconstrução a edificação base. Essa é a dinamização que foge a linearidade dos padrões de direito a propriedade que eram conhecidos antes, feito para atingir anseios sociais. Dessa forma reconhecendo e praticando direito. Portanto a usucapião aplica-se aos casos de laje, como forma de aquisição da mesma. Sendo a única forma cabível a mesma. 2.2. Alienação A alienação é o modo pelo qual ocorre a perda da laje, decorrente de um ato no qual o lajeário transfere seu direito a um terceiro, de forma onerosa, como na compra e venda, por exemplo, ou gratuita, como na doação. Vale lembrar que somente o título translativo não basta para a transferência efetiva da laje, é necessário haver o registro da laje no respectivo Cartório de Registro de Imóveis. Tal registro é de fundamental importância para ter eficácia levando o lajeário à perder a propriedade da laje. Outra modalidade da alienação é a renúncia, que é um ato pelo qual o proprietário da laje demonstra sua vontade explícita de despojar-se de seu direito, tendo em vista que o direito de laje é disponível, isto é, pode ser renunciado pelo proprietário se assim ele desejar. A renúncia é ato unilateral, mas assim como a alienação, precisa do registro no respectivo Cartório para surtir efeitos. 2.3. Abandono Consiste na perda da laje de modo voluntário. O titular abdica de seu direito. Não basta mera dissidia do lajeário, a intenção de se desfazer da coisa deve ser patente, manifestada em atos que evidenciem o total despropósito de conservar o bem em seu patrimônio. A intenção de abandonar o imóvel é presumida quando o lajeário, após cessar o exercício de posse sobre o imóvel, deixar de cumprir com os ônus fiscais. O prazo do abandono permanece de 5 anos, quando terá início o triênio de transmissão do bem vago (arrecadação) em favor do Munícipio ou do Distrito Federal. Nos autos deverá ser comprovado o tempo de abandono (recomendável que isto se de através de informações coletadas no local e de vistorias habituais) e de inadimplência fiscal. Com base nesses elementos, que se compreender ser a justa causa para a comprovação do abandono, deverá ser comunicado o titular do domínio para tomar ciência do processado e, se assim desejar, apresenta defesa no prazo de 30 dias. Findo o prazo, presume- se o consentimento do proprietário na arrecadação. Quando iniciado o procedimento de arrecadação, o ente público terá a posse provisória sobre o imóvel, sendo de presumida boa-fé, gerando o dever de indenizar caso o proprietário, no triênio legal, venha a impugnar a transmissão, reivindicando a posse, deverá ele ressarcir o Munícipio ou o Distrito Federal pelos valores dispendidos com a adequação do imóvel. Ressalta-se que o art. 65 da Lei 13,465/17 dispõe sobre a destinação dos imóveis, não sendo essa de caráter obrigatório a ser seguido, ou seja , pode o Município ou o Distrito Federal conceder finalidade diversa das estabelecidas no dispositivo retro com a finalidade de dar ao bem um fim que melhor se coadunar com sua estrutura e versatilidade. 2.4. Perecimento do Objeto Outra causa de extinção do direito de laje é o perecimento desta, ou seja, perecendo o objeto do direito, logicamente perde-se o direito. O perecimento da laje pode acontecer decorrente de um incêndio, por exemplo. Se o lajeário não quiser reconstruí-la, extingue-se seu direito sobre a laje. Contudo, ele terá direito ainda sobre o terreno, salvo se houver acordo entre o lajeário e o lajeado, estabelecendo que não haverá valores referentes ao terreno em caso de alienação, pois a fração ideal do lajeário diz respeito à laje, e não à base do terreno. Mas, se no caso de perecimento da laje o lajeário não reconstruí-la, poderá acordar com o lajeado que em troca da não reconstrução terá participação quando da alienação do terreno. 2.5. Desapropriação A desapropriação é uma causa de perda da propriedade, que é caracterizada como modo involuntário de perda da propriedade, em que o proprietário é obrigado a entregar ao Poder Público a coisa reclamada mediante o recebimento de justa e prévia indenização em dinheiro. Para que seja justificável a desapropriação é necessário que atenda a uma necessidade ou utilidade pública ou a um interesse social. 2.5.1 Pressupostos da Desapropriação São legitimados a proceder a desapropriação à União, Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios, mas também, concessionários de serviços públicos e os estabelecimentos de carácter público ou que exerçam funções delegadas de poder público, quando a lei ou o contrato assim os autorizarem. A desapropriação é materializada através de um decreto de uma autoridade pública competente (Presidente da República, Governador, Interventor ou Prefeito), que irá declarar a utilidade pública da coisa, autorizando o expropriante a penetrar nela, inclusive com o auxílio de força policial, caso seja necessário. É permitido ao poder público adentrar no imóvel porém não se confunde com a imissão na posse, que só é permitida após efetuação do pagamento da justa indenização em dinheiro e do mandato de imissão. Antes disso, é permitido adentrar para efetuar avaliações, constatações, medições e outras diligências que se fizerem necessárias, às quais o lajeário não pode se opor. O Poder Público tem o prazo de cinco anos para proceder a efetiva desapropriação da coisa, contados da data da expedição. Com o fim do quinquênio, o decreto irá caducar e a coisa só poderá ser objeto de nova declaração passado o prazo de um ano. São exemplos de casos de utilidade pública e que autorizam a desapropriação, os casos que visam assegurar a segurança nacional, defesa do Estado, o socorro público em casos de calamidade, a exploração e conservação dos serviços públicos, a criação de estádios, a construção de edifícios públicos, monumentos comemorativos e cemitérios. 2.5.2. Objeto da desapropriação Tal como os demais bens imóveis, a desapropriação poderá incidir na totalidade ou apenas em parte da coisa, dependendo da necessidade ou utilidade ao Poder Público a ser satisfeita. Entretanto, pode ser que a mesma não ocorra em sua totalidade sobre o direito de propriedade, mas apenas um dos direitos a ele inerente, como o direito de uso ou gozo. Nessas hipóteses, o proprietário da laje não será absolutamente privado da coisa; contudo, terá o seu direito de propriedade limitado em decorrência da necessidade ou utilidade do Poder Público. Vale ressaltar que, mesmo sendo a desapropriação parcial ou abranja apenas um dos direitos do lajeário, o mesmo será indenizado em dinheiro, de acordo com o prejuízo sofrido. 2.5.3. Processo de desapropriação Primeiramente, havendo a necessidade pública, será necessária a declaração da mesma através de decreto expedido pela autoridade competente, seja ele Chefe do Poder Executivo Federal, Estadual ou Municipal. Tal processo será na esfera administrativa quando o proprietário e a Administração chegarem a um acordo; e tramitará judicialmente quando entre estes não houver consenso. Quando na esfera judicial, o procedimento a ser observado é o previsto pelos arts. 11 a 30 doDecreto Lei n 3.365/41; tendo a Administração que intentar com a demanda nos cinco anos subsequentes à expedição do decreto que declarou a necessidade pública, sob pena de ceducar. A petição inicial deverá indicar, além dos requisitos expressos no art 319 CPC, a oferta do preço que a Administração pretende pagar a título de indenização, bem como demais documentos que demonstram a necessidade da desapropriação do imóvel. Após o despacho da petição inicial, o juiz nomeará o perito para avaliar os bens a serem desapropriados e citará o réu. Caso haja a urgência da desapropriação, poderá o autor pleitear sua imediata imissão provisória da posse, mesmo antes da citação do réu, desde que o mesmo preste caução. Após a citação , o processo seguirá o rito ordinário. A tese de defesa, o réu se pautará em impugnar o valor que lhe é oferecido a titulo de indenização e apontar eventuais vícios do processo, não lhe sendo permitido suscitar se os motivos que levaram o Poder Público a requerer a desapropriação era ou não caso de necessidade, utilidade ou interesse público. Desta forma, tal processo judicial se limita exclusivamente a discutir o valor a ser indenizado o lajeário. 2.5.4. Valor da indenização A indenização será concedida para o procedimento de desapropriação quando houver necessidade/utilidade pública ou por interesse social. Sendo assim, o valor analisado em sentença deverá ser de maneira justa e prévia, ressalvados os casos previstos em Lei. Na sentença, carecera os motivos pelo qual foi determinado o valor da indenização, atentando-se ao valor do bem estimado. Ainda, necessitará da justificativa pela aquisição e a análise de conservação da propriedade. O valor desta reparação terá que ser monetariamente atualizada, ou seja, conterá os lucros cessantes, análise de benfeitorias necessárias e úteis, juros monetários/compensatórios e os honorários do advogado do réu. Este valor é amparado pelo art. 26 do Dec. Lei 3.365/41 que afirma como a indenização consistirá, mas neste caso não inclui os direitos de terceiros contra o expropriado. Sem prejuízo, a Súmula 561 do STF ratifica: “Em desapropriação, é devida a correção monetária até a data do efetivo pagamento da indenização, devendo proceder-se à atualização do cálculo, ainda que por mais de uma vez.” 2.5.5.Retrocessão Após o pagamento da indenização o réu terá um mandado de imissão da posse. Contudo, caso está propriedade não venha a ser utilizada de modo que foi justificada para desapropriação, ou seja, o Poder Público praticou escopo, o expropriante terá o direito de preferência em que é autorizado a readquirir a posse pelo valor atual da coisa. REFERÊNIAS BIBLIOGRÁFICAS FARIAS, Cristiano chaves de, EL DEBS, MARTHA E INÁCIO DIAS, WAGNER. DIREITO DE LAJE, DO PUXADINHO À DIGNA MORADIA. 3. Ed. JUS PODIVM.
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