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Semiologi� II Gabriela Monari T6 Doenças dos Brônquios, dos pulmões e das Pleuras A insuficiência respiratória é uma síndrome na qual os pulmões apresentam dificuldade para fazer as trocas gasosas normais, não conseguindo oxigenar adequadamente o sangue ou não sendo capaz de eliminar o excesso de dióxido de carbono, ou ambos - Insuficiência respiratória aguda: surge repentinamente devido a obstrução das vias respiratórias, acidentes de trânsito, abuso de drogas ou AVC por exemplo - Insuficiencia respiratoria cronica: surge ao longo do tempo devido a outras doenças crônicas como DPOC, impedindo a realização de atividades diárias - Insuficiência respiratória crônica agudizada: o consumo de oxigênio pelo ato de respirar é várias vezes maior do que o de pacientes sem doença pulmonar subjacentes, geralmente causada por DPOC O processo respiratório compreende três mecanismos: ventilação, movimento de entrada e saída do ar e sua distribuição na árvore brônquica até o local onde ocorrem as trocas gasosas - os alvéolos; difusão, passagem de 0 2 e C02 através da membrana alvéolo capilar; e perfusão, passagem do sangue venoso pelos capilares alveolares, onde ocorrem as trocas gasosas. Esses mecanismos dependem dos movimentos respiratórios, os quais, por sua vez, regulam a ventilação, fazendo com que os níveis de 0 2 e C02 no sangue sejam mantidos constantes, conforme as necessidades metabólicas DPOC= Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica FTV/CFV= Frêmito Tóraco-Vocal/Capacidade Vital Forçada MV= Murmúrio vesicular SpO2 = Saturação Pectoriloquia: percepção clara por meio da ausculta do tórax do som das palavras articuladas resultante de exagerada ressonância do tecido pulmonar Hipercapnia = caracteriza-se por um aumento de dióxido de carbono no sangue, que geralmente ocorre como resultado de hipoventilação ou incapacidade de respirar corretamente de forma a captar oxigênio suficiente para os pulmões Principais sintomas: - sensação de falta de ar - pele, lábios e unhas de coloração azulada - respiração rápida - confusão mental - cansaço excessivo e sonolência - batimentos cardíacos irregulares As principais enfermidades dos brônquios, dos pulmões e das pleuras são: asma brônquica, DPOC, bronquiectasias,pneumonias, abscesso pulmonar, tuberculose, micoses pulmonares, fibrose pulmonar idiopática, pneumoconioses, tromboembolia pulmonar, hipertensão arterial pulmonar, insuficiência respiratória, neoplasias pulmonares, neoplasias pleurais e pneumotórax Asma Brônquica A asma é uma doença crônica, caracterizada por hiper-responsividade das vias respiratórias inferiores com limitação variável do fluxo aéreo, reversível espontaneamente ou com tratamento e resulta da interação entre fatores genéticos e fatores ambientais Semiologi� II Gabriela Monari T6 Manifestações clínicas: - episódios recorrentes de sibilância - dispneia - opressão torácica - tosse (em vários níveis de gravidade Sendo que esses sintomas ocorrem particularmente à noite e pela manhã ao despertar Espirometria: É o método de escolha na determinação da limitação ao fluxo aéreo e no diagnóstico de asma: - Obstrução ao fluxo aéreo, caracterizada por redução do volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1), abaixo de 80% do previsto e redução da sua relação com a capacidade vital forçada para menos de 75% em adultos e de 86% em crianças - Obstrução ao fluxo aéreo que desaparece ou melhora significativamente após o uso de broncodilatador (aumento do VEF1 de 7% em relação ao valor previsto é de 200 ml em valor absoluto após inalação de um beta-2 agonistas de curta duração) Pico de fluxo expiratório (PFE): é um parâmetro para o monitoramento do controle da asma. A reversibilidade da obstrução é um importante dado espirométrico para o diagnóstico e avaliação do controle da asma. Caracterizam a reversibilidade: - Aumento de pelo menos 15% no PFE após inalação de um broncodilatador ou uso de corticosteróide VO - Variação diurna nas medidas de PFE maior que 20% (diferença entre a maior e a menor medida do período), considerando as medidas realizadas pela manhã e à tarde, ao longo de um período de 2 a 3 semanas Clínica; - dispneia (expiratória) - aperto no peito - dor torácica - chieira - tosse Asma grave: pneumotórax Exame Físico: - Inspeção: dispneia, inspiração profunda, tiragem, tórax em tonel ou cariniforme - Palpação: FTV diminuída - Percussão: ausente ou hipersonoridade - MV diminui com expiração prolongada/ sibilos expiratórios difusos DPOC (Bronquite crônica) Obstrução Crônica e progressiva do fluxo expiratório associada a uma resposta inflamatória anormal das vias respiratórias e do parênquima pulmonar a particular e gases tóxicos Manifestações clínicas: - ↑ da secreção de muco na árvore brônquica - tosse produtiva mucopurulenta - períodos de melhora e piora (infecções, poluição atmosférica e uso de tabaco) Exame físico: - Estertores grossos, roncos e sibilos - ↓ da expansibilidade - ↓ da hipersonoridade - ↓ da FTV - ↓ da MV (enfisema) Exames: - Espirometria: VEF1/CVF abaixo de 0,70 ou abaixo do valor teórico Semiologi� II Gabriela Monari T6 normal após a administração de broncodilatador - Oximetria de pulso com avaliação da SpO2 e gasometria arterial quando a saturação for inferior a 92% - Radiografia do tórax - Exames cardiológicos - Hemograma Bronquiectasias Correspondem a uma dilatação anormal e irreversível dos brônquios com diâmetro superior a 2 mm, decorrente da destruição dos componentes muscular e elástico das suas paredes As bronquiectasias podem ser assintomáticas sendo que a principal manifestação clínica é a tosse crônica com expectoração espessa de aspecto mucopurulento e odor fétido, também pode ocorrer hemoptises O volume de secreção produzida varia de 10 ml/dia (bronquiectasia leve), 10 a 150 ml/dia (bronquiectasia moderada) e mais de 150 ml/dia (bronquiectasia grave) Com frequência os pacientes com bronquiectasias apresentam sinais e sintomas da doença das vias respiratórias superiores como rinorreia e sinusite crônica Exame físico: dependentes da extensão e localização Manifestações clínicas: - Taquipneia - ↓ Expansibilidade - ↓ MV - ↓ FTV - Hipersonoridade à percussão Ausculta: estertores grossos, roncos e sibilos Exames: - Raio X de tórax: geralmente normal na maioria dos casos Semiologi� II Gabriela Monari T6 - Tomografia computadorizada (PADRÃO OURO) Pneumonias Caracterizam-se por uma síndrome clínica decorrente de um processo inflamatório no parênquima pulmonar (bronquíolos respiratórios e alvéolos) Fatores de risco: Manifestações clínicas: - dor torácica - tosse produtiva (purulenta ou sanguinolenta) - dispneia - febre - calafrios - mialgia Exame físico do tórax: - ↓ expansibilidade pulmonar - macicez ou submacicez - ↓ MV - estertores finos - pectoriloquia - ↑ FTV É importante determinar a frequência respiratória de pacientes com suspeita de pneumonia pois acima de 30 incursões por minuto (taquipneia) correlaciona-se fortemente com a gravidade do quadro e risco de óbito Exames: - Raio X: apresenta opacidades alveolares - Derrames pleurais significativos - Tomografia computadorizada Avaliação da gravidade: se usa CURB-65 (C= confusão mental, U= ureia > 50 mg/ df; R = frequência respiratória > 30 irpm; B = pressão arterial sistólica < 90 mmHg ou diastólica s 60 mmHg; idade > 65 anos) Semiologi� II Gabriela Monari T6 Fatores de risco PAV: Pneumonias por agentes químicos: - Pneumonia por aspiração do suco gástrico (pneumonia"por aspiração pépticà' e "síndrome de Mendelson‘) -broncospasmo, tosse com expectoração espumosa rosada, cianose, febre, dispneia, taquipneia e queda de pressão – roncos e sibilos – RX (infiltrado – aguda /condensação – crônica). - Pneumonias por substâncias oleosas (óleo mineral) - Pneumonias por derivados do petróleo (querosene) Pneumonias por agentesnão infecciosos: - Pneumonite: inflamação (padrão intersticial) - Pneumonite por hipersensibilidade: alérgeno - Pneumonia eosinofílica: infiltrado eosinofílico (síndrome de Loeffler (nematódeos), aspergilose alérgica, síndrome de Chürg-Strauss, farmacoinduzida (penicilina, isoniazida,clorpropamida, ácido acetilsalicílico, bleomicina). Tuberculose pulmonar As manifestações clínicas da tuberculose formam um espectro variável, que depende de fatores do hospedeiro, do patógeno e da interação destes. A tosse é o sintoma mais comum da tuberculose pulmonar, geralmente produtiva. A hemoptise ocorre como sintoma inicial em menos de 25% dos casos de doença em atividade. A dor pleurítica advém da inflamação do parênquima pulmonar adjacente à pleura. A dispneia correlaciona-se com o acometimento extenso do pulmão, que pode evoluir para insuficiência respiratória A tosse é o sintoma mais comum da tuberculose pulmonar, geralmente produtiva. A hemoptise ocorre como sintoma inicial em menos de 25% dos casos de doença em atividade. A dor pleurítica advém da inflamação do parênquima pulmonar adjacente à pleura. A dispneia correlaciona-se com o acometimento extenso do pulmão, que pode evoluir para insuficiência respiratória. Radiografia do tórax: evidencia opacidades alveolares heterogêneas, muitas vezes não restritas ao lobo pulmonar, além de pequenos nódulos e/ou estrias, de evolução lenta, predominantemente nos lobos superiores e nos segmentos superiores desses lobos Tromboembolia pulmonar Chama-se tromboembolia pulmonar (TEP) a oclusão brusca, total ou parcial da artéria pulmonar e/ou de seus ramos por um coágulo sanguíneo (o trombo que se desprende de uma veia ou do coração). Os trombos originam-se mais frequentemente dos membros inferiores e pelve O diagnóstico é difícil, por se tratar de quadro clínico característico na maioria das vezes e com grande espectro de apresentações clínicas, desde sensação de ansiedade com discreta dispnéia até quadro de insuficiência respiratória aguda. Pode ser fatal na primeira hora após o início dos sintomas em 10% dos casos, manifesta-se com choque ou Semiologi� II Gabriela Monari T6 hipotensão arterial em 5 a 10% dos casos e em mais 50% dos casos sem choque, mas com sinais ecocardiográficos ou laboratoriais de insuficiência cardíaca direita. As principais consequências do evento tromboembólico são hemodinâmicas. Trombos grandes ou múltiplos podem aumentar agudamente a resistência vascular pulmonar para um nível que não pode ser vencido pelo ventrículo direito (VD), causando dor pulmonar aguda. Nos pacientes que sobrevivem ao evento agudo a ativação do sistema simpático com estímulo inotrópico e cronotrópico ajudam a restituir o fluxo sanguíneo pulmonar. A suspeita clínica de TEP depende da presença de um quadro clínico compatível, na presença de fatores de risco. A manifestação clínica relaciona-se com a carga embólica e com a condição cardiorrespiratória prévia do paciente. As principais manifestações clínicas na TEP não maciça são: taquipneia (> 20 ipm no adulto), dispneia, dor torácica pleurítica, taquicardia, apreensão, tosse e hemoptise. Nos quadros maciços, colapso circulatório agudo e morte súbita podem ocorrer. Neoplasias pulmonares Dentre as neoplasias malignas do sistema respiratório, mais de 90% são representadas pelo câncer de pulmão, a maior causa de morte por câncer no mundo. O tabagismo é o principal fator de risco para o desenvolvimento desta neoplasia, sendo que 85% dos pacientes com câncer de pulmão fumam ou têm antecedentes de tabagismo. Os sinais e sintomas do câncer de pulmão podem ser secundários a invasão local, regional (linfonodos mediastinais), a distância ou síndrome paraneoplásica. Em alguns casos, os pacientes podem ser assintomáticos, diagnosticados por meio de radiografia ou tomografia de tórax, realizadas com outra finalidade. Além disso, como a maior causa de câncer de pulmão é o tabagismo, geralmente os pacientes têm outras doenças causadas pelo tabaco, como DPOC, insuficiência vascular e até segunda neoplasia. Muitas vezes o paciente com DPOC refere mudança no padrão da tosse, e isso deve ser valorizado Pneumotórax Pneumotórax significa a existência de ar na cavidade pleural, ocasionando colapso pulmonar secundário. Ruptura da pleura visceral com escape aéreo é a causa mais comum; no entanto, ar proveniente do esôfago, ou devido a lesão na parede torácica (traumática, iatrogênica) pode acumular-se no espaço pleural. O pneumotórax espontâneo é subdividido em primário e secundário. O primário ocorre em indivíduos sem doença pulmonar conhecida e o secundário em pacientes portadores de doença pulmonar subjacente com indícios clínicos e/ou radiológicos que atestem o comprometimento pulmonar. O pneumotórax traumático ocorre após traumatismo torácico fechado ou aberto com laceração pulmonar, brônquica ou esofágica. É denominado aberto quando há lesão da parede torácica. O diagnóstico se estabelece de acordo com história clínica, exame físico e exames radiológicos. Embora em alguns pacientes o pneumotórax possa ser assintomático (até 15%), na grande maioria, existem sintomas como dor torácica de início súbito ventilatório-dependente. A dispneia é proporcional à magnitude do colapso pulmonar, da velocidade do acúmulo do ar e da condição cardiopulmonar do paciente. Em portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica a dispneia é o principal sintoma mesmo em pequenos pneumotórax. Semiologi� II Gabriela Monari T6 Tosse seca e cianose podem ocorrer. Se o colapso pulmonar for mínimo, é possível que o exame físico não mostrou alterações; já quando o colapso é maior, são encontrados diminuição da expansibilidade torácica e, em casos de maior gravidade, abaulamento do hemitórax afetado, frêmito tóraco vocal diminuído e, ao percutir a parede torácica, pode-se encontrar sonoridade pulmonar aumentada ou mesmo timpanismo; o murmúrio vesicular está diminuído ou abolido. Quando o pneumotórax é hipertensivo, pode-se verificar sopro anfórico. Se há derrame pleural associado, há macicez na base do hemitórax correspondente No pneumotórax hipertensivo, quando a pressão intrapleural se toma maior que a pressão atmosférica, o paciente apresenta taquicardia, dispneia importante, hipotensão arterial, cianose e desvio da traqueia, associados a timpanismo, sendo imperativa imediata descompressão do pulmão seja com agulha, Abocath, dreno torácico ou qualquer outro instrumento, a fim de evitar colapso circulatório. Enfisema pulmonar Enfisema pulmonar: doença degenerativa que geralmente se desenvolve depois de muitos anos de agressão aos tecidos do pulmão, aumento anormal dos espaços aéreos distais ao bronquíolo terminal com modificações estruturais das paredes alveolares Manifestações clínicas: - Dispneia progressiva que leva a insuficiência respiratória Sintomas: Dispneia Exame físico: - Inspeção: expansibilidade diminuída e tórax em tonel (avançados) - Palpação: expansibilidade diminuída, frêmito tóraco vocal diminuído - Percussão: sonoridade pulmonar normal no início e hipersonoridade nos casos mais avançados - Ausculta: MV diminuído, fase expiratória prolongada e ressonância vocal diminuída Congestão passiva dos pulmões Causada por: - insuficiência VE/ estenose mitral Manifestações clínicas: - dispneia (esforço, decúbito e paroxística noturna) - tosse seca - sibilância Sintomas: - dispneia - tosse seca ou com expectoração rósea Exame físico: - Inspeção: expansibilidade normal ou diminuída - Palpação: expansibilidade e frêmito toracovocal normal ou aumentado - Percussão: submacicez nas bases pulmonares - Ausculta: estertores finos nas bases pulmonares, prolongamento do componente expiratório (broncoespasmo), ressonância vocal normal Escavação (caverna pulmonar) Eliminação de parênquima (área que sofreu necrobiose ou seja que sofreu morte celular lenta)como abscessos, neoplasias, micoses, tuberculose Manifestações clínicas: - tosse produtiva e vomica Sintomas: - tosse seca com expectoração purulenta ou hemoptise (com sangue) Semiologi� II Gabriela Monari T6 Exame físico: - Inspeção: expansibilidade diminuída na região afetada - Palpação: expansibilidade diminuída e FTV aumentado (se houver secreção) - Percussão: sonoridade normal ou som timpânico - Ausculta: som broncovesicular ou brônquico no lugar do MV, ressonância vocal aumentada ou pectoriloquia Pleurite É a inflamação dos folhetos pleurais devido ao atrito pleural pode ser causado por tuberculose, pneumonias, moléstias reumáticas, viroses e as neoplasias da pleura e do pulmão podendo levar ao derrame pleural Manifestações clínicas: - dor torácica - tosse - dispneia - febre Sintomas: - dor torácica ventilatório dependente Exame físico: - Inspeção: expansibilidade diminuída - Palpação: expansibilidade e FTV diminuídos - Percussão: sonoridade normal ou submacicez - Ausculta: atrito pleural Síndrome do derrame pleural Manifestações clínicas: - dor sem as características de dor pleurítica - tosse seca - dispneia Exame físico: - Inspeção: expansibilidade diminuída - Palpação: expansibilidade diminuída e FTV abolido na área do derrame e aumentando na área do pulmão em contato com o líquido pleural - Percussão: macicez - Ausculta: murmúrio vesicular abolido na área do derra, egofonia (ressonância especial da voz, parecida ao balido trêmulo de uma cabra, que os que sofrem de derramamentos pleurites pouco abundantes revelam quando auscultados), estertores fino
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