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1 Camila Carminate – 6 FASE Asma Doença inflamatória crônica das vias aéreas Doença heterogênea, ou seja, pode atingir diversas faixas etárias de formas e maneiras diferentes, alguns pacientes possuem asma grave outros asma leve. Participação de células e elementos celulares Inflamação associa-se a hiperreatividade das vias aéreas Episódios recorrentes de sibilos, dispnéia, aperto no peito e tosse, especialmente à noite e pela manhã Episódios com obstrução ao fluxo aéreo, variável, reversível espontaneamente ou com medicações Definida clinicamente por episódios repetidos/variáveis/recorrentes, dos sintomas clássicos que são: sibilo, dispneia, aperto no peito e tosse. O paciente refere esses episódios como crise. Esses sintomas diferem dos sintomas referidos pelo paciente com DPOC, onde os sintomas surgem, permanecem e pioram com o tempo. O paciente com Asma pode estar bem hoje, mas amanhã está apresentando sintomas característicos. A crise se apresenta em intervalos não definidos de duração e/ou com intensidade de sintomas variável A história clinica está associada a obstrução variável do fluxo aéreo, ou seja, a obstrução pode estar presente hoje, mas amanhã já não existe. A obstrução pode ser reversível espontaneamente ou com uso de medicação, mas se o paciente com asma não for tratado a asma pode se tornar irreversível. Essa irreversibilidade fez com que, a muitos anos atrás, a asma fosse considerada uma causa de DPOC. Doença heterogênea, geralmente caracterizada pela reação inflamatória crônica das vias aéreas, sendo definida pela história de episódios variáveis e recorrentes de sibilos, dispneia, aperto no peito e tosse, que variam tanto no tempo, quanto na intensidade; e associados a obstrução variável ao fluxo aéreo, reversível espontaneamente ou com medicações e que ao longo dos anos pode se tornar irreversível. EPIDEMIOLOGIA doença comum e com distribuição universal, estimam-se 300 milhões de pessoas no mundo em alguns países chega a atingir cerca de 20% da população 20 milhões de pessoas possuem asma no Brasil, representando cerca de 10 % da população Grupos com características demográficas, clínicas e patofisiológicas diferentes já foram reconhecidos. Necessário mais estudo para correlacionar melhor os fenótipos às respostas ao tratamento. Fenotipos mais comuns: Asma alérgica; Asma não alérgica; Asma do adulto; Asma com obstrução irreversível; Asma na obesidade. FATORES PRECIPITANTES OU AGRAVANTES Infecção respiratória viral Exposição a alérgenos ambientais ou ocupacionais (polens, fungos, ácaros, pêlos de animais, fibras de tecidos etc.) Exposição a irritantes (fumo direto ou indireto, poluição do ar, aerossóis) Exposição a drogas (aspirina, antiinflamatórios não hormonais, beta- bloqueadores) Alterações climáticas e ar frio Alterações emocionais (riso, ansiedade) Exercícios. Distúrbios emocionais. Refluxo gastresofágico FISIOPATOLOGIA Inflamação - redução do calibre das vias aéreas: Contração do músculo liso da parede dos brônquios (broncoconstrição): existem medicações que inibem essa broncoconstrição e produzem broncodilatação Edema da mucosa brônquica: corticoides são utilizados para reduzir esse processo inflamatório/de edema, o que também irá impedir a broncoconstrição e reduz a produção de muco 2 Camila Carminate – 6 FASE Hipersecreção mucóide e exsudato inflamatório Hiperreatividade brônquica: Estreitamento das vias aéreas em resposta a estímulos Alterações estruturais nas vias aéreas (Remodelamento): Reparações de inflamações crônicas: componente irreversível de obstrução Fibrose subepitelial Hipertrofia e hiperplasia do músculo liso dos brônquios Proliferação vascular na parede brônquica Hipersecreção mucoide Já foram descritos vários fenótipos de asma, no entanto, todos respondem bem a medicação. SINTOMAS Tríade clássica: Dispneia Tosse – principalmente à noite. Chieira torácica/sibilo Outros: Pressão ou desconforto torácico Tosse seca Pode ser de forma episódica, recebendo o nome de "crises" ou pode ser Recorrentes Ocorre mais à noite ou nas primeiras horas do dia Período intercrise: assintomático ou oligossintomático. Os pacientes asmáticos, entre as crises, jogam ate futebol, sem sentir sintomas. Essa é uma grande diferente entre os pacientes com DPOC, que nunca melhoram, os sintomas apenas pioram. Manifestações que sugerem fortemente o diagnóstico de asma: variabilidade dos sintomas: quando está frio os sintomas pioram, por exemplo. desencadeamento por irritantes inespecíficos (ex: fumaças, odores fortes e exercício) ou aeroalérgenos (ex: ácaros, fungos) piora à noite melhora espontânea ou após o uso de medicações específicas para asma A história clínica é suficiente para determinar o diagnóstico, não é necessário a espirometria, como na DPOC, para firmar o diagnóstico. Manifestações de outras atopias: alergias, rinite e/ou eczema História familiar de asma ou alergia Início na infância. EXAME FÍSICO É praticamente normal, a menos que seja um paciente grave. Pode-se encontrar sibilos à expiração forçada ou apenas na expiração, ou na inspiração e na expiração. Pode haver taquipneia leve. Em pacientes graves pode ter taquipneia importante, silencio respiratório, ou seja, redução significativa do murmúrio vesicular, redução da expansibilidade etc. Uma forma de definir se a obstrução é reversível é promover algumas medidas: PICO DE FLUXO EXPIRATÓRIO (PFE) Medida da variação diurna exagerada do PFE é a forma mais simples, mas menos acurada de diagnosticar a limitação ao fluxo aéreo na Asma. Medidas matinais e vespertinas do PFE devem ser obtidas durante duas semanas. Essas medidas permitem comprovar a variabilidade de obstrução na asma, sendo possível definir a obstrução reversível. Em consultório, pode-se fazer uma medida do PFE, logo após fazer a administração de broncodilatador e depois de alguns minutos fazer uma nova medida. Se a medida aumentar mais que 20% é possível confirmar a suspeita de asma, com um dado mais objetivo. ESPIROMETRIA Objetivos: Estabelecer o diagnóstico; Documentar a gravidade da obstrução ao fluxo aéreo; Monitorar o curso da doença e modificações decorrentes do tratamento. Redução do VEF1 pode ser encontrada em várias doenças, porém a redução da correlação do VEF1 com CVF indica obstrução do fluxo aéreo (< 0,75). - VEF1/CVF > 0,75 - 0,80 adultos - VEF1/CVF > 0,90 crianças. A resposta ao broncodilatador é considerada significative e indicativa de asma, quando o VEF1 aumenta: - 200 ml e 12% do valor pré-broncodilatador - 200 ml do valor pré-broncodilatador e 7% do valor previsto 3 Camila Carminate – 6 FASE Critério de reversibilidade: É dito asma quando é asma/a obstrução é revertida com broncodilatador quando indice de tiffeneau, ou seja, VEF1/CVF aumenta: - 200 ml e 12% do valor pré-broncodilatador basal - 200 ml do valor pós-broncodilatador e 7% do valor previsto Obs.: deve ter os dois critérios (pré- e pós broncodilatador) para ser prova positiva OUTROS EXAMES Teste de broncoprovocação com agentes broncoconstritores (metacolina, histamina, carbacol) Eosinófilos no escarro induzido e para a medida do óxido nítrico exalado Testes cutâneos IgE Radiografia do Tórax DIAGNOSTICO Na urgência clínica ou quando diagnóstico for de asma, pode-se iniciar o tratamento sem a espirometria, porém reavaliar o paciente. Importância do diagnóstico: Evitar tratamento desnecessário; Realizar diagnóstico deoutras doenças; 2% dos pacientes têm outras doenças cardiorrespiratórias que são confundidas com asma. AVALIAÇÃO DO CONTROLE DA ASMA Controle dos sintomas: Investigue nas últimas 4 semanas a frequência de: Sintoma diário Despertar noturno Necessidade de B2 de alívio Limitação de atividades Controle de riscos de eventos adversos: Exacerbações queda na função pulmonar efeitos adversos das medicações MANEJO DA ASMA Avaliar o controle da asma. Tratar para alcançar o controle. Monitorar para manter o controle. CLASSIFICAÇÃO BASEADA NO CONTROLE Vai influenciar no tratamento, em qual medicamento será utilizado. Manejo baseado no controle: O tempo é baseado nas últimas 4 semanas, pois é o tempo máximo que conseguimos lembrar do início dos sintomas. Analisar sintomas diários, limitações das atividades (brincadeiras, subir escadas, etc), sintomas de despertares norturnos, tratamento de alívio (β2 de curta duração, como o salbutamol, terbutalina) e função pulmonar (o pico de fluxo pode ter uma variação de até 20%, acima disso é anormal). Se qualquer um desses itens estiver alterado, a asma é classificada como parcialmente controlada. Se tiver mais de 3 itens do parcialmente controlado alterado, é classificado como asma não controlada. Vale ressaltar que: Por definição, exacerbação em qualquer semana é indicativa de asma não controlada. Qualquer exacerbação é indicativa da necessidade de revisão do tratamento de manutenção. Valores pré-broncodilatador devem ser consideradas sob o uso de medicação controladora atual. Não aplicável na avaliação do controle da asma em crianças menores de 5 anos Classificação quanto a gravidade: 4 Camila Carminate – 6 FASE Após exclusão de causas importantes de descontrole como: - Comorbidades não tratadas o Uso incorreto de dispositivos - Não adesão ao tratamento PRINCÍPIOS BÁSICOS DO MANEJO DA ASMA Educação do paciente e familiares sobre a doença e tratamento: o médico deve explicar aos responsáveis o que é a doença e porquê o tratamento deve ser contínuo Orientações sobre os dispositivos e técnica de uso - Agitar o spray e explicar a necessidade de fazer isso. A única maneira de levar um remédio tópico para o brônquio é por meio de gás, caso não seja agitado adequadamente o fármaco ficará no fundo do recipiente e apenas o gás será fornecido ao paciente. Por isso a importância da explicação. - Orientar sobre o uso de espaçadores. Ao acionar o spray, saem partículas em grande velocidade e se colocar diretamente, as partículas ficarão todas impactadas na boca. Com o espaçador, as partículas permanecem nele, tendo menos efeitos colaterais, além disso ajuda a linearizar as partículas, conseguindo aspirar melhor o remédio. O espaçador dobra a capacidade do remédio. Redução da exposição a fatores alergênicos ou irritantes vias aéreas Plano de auto manejo para crises, especialmente para casos moderados ou graves Promover a adesão ao seu plano estabelecido TRATAMENTO Medicamentos. Tratamento que modificam os riscos e comorbidades. Uso de terapias não farmacológicas e estratégias apropriadas. Treinamento de habilidades com o uso correto dos dispositivos inalatórios, adesão, informação sobre a doença, auto monitoramento da função pulmonar, plano de ação. METAS DO TRATAMENTO Controle dos sintomas Minimizar risco futuro de exacerbações Minimizar limitação fixa do fluxo aéreo → evitar remodelamento Minimizar efeitos colaterais de medicamentos → usar espaçador, técnica correta Os principais efeitos colaterais do uso de corticoides locais são candidíase e rouquidão Manter atividades normais Manter uma boa relação médico / paciente ou cuidador: uma boa comunicação facilita aderência, fornecer um plano de ação escrito facilita o entendimento. CORTICOIDE INALATÓRIO Principal medicação no tratamento de manutenção, profilático e antiinflamatório. melhor relação custo/risco/benefício. máxima potência tópica e mínima ação sistêmica. poucos efeitos colaterais BRONCODILATADOR B2-AGONISTA DE CURTA DURAÇÃO (SABA) alívio do broncoespasmo nas exacerbações e por exercício ex. fenoterol (Berotec), salbutamol, terbutalina B2-AGONISTA DE LONGA DURACÃO (LABA) pacientes > 4 anos em associação com corticoide inalatório formoterol, salmeterol poucos efeitos colaterais poupador de corticoide ANTICOLINÉRGICO brometo de ipratrópio (Atrovent) – (SAMA) brometo de tiotrópio (anticolinérgico de longa LAMA) (Spiriva) OUTROS Antagonistas de receptores de leucotrienos (montelucaste, zafirlucaste) Teofilina (broncodilatador) 5 Camila Carminate – 6 FASE Omalizumabe (Anticorpo monoclonal anti -IgE, inibe ligação da IgE com receptores) Bambuterol (B-agonista ação prolongada, v.o) Cromonas (cromoglicato de sódio - antiinflamatório) Imunoterapia específica (doses progressivas, sc) Porque mudar? Pacientes com asma leve correm risco de eventos adversos graves: Crises de asma aguda; Asma quase fatal; Óbito por asma. SABA Tratamento há mais de 50 anos (doença causada por broncoconstrição) Alívio rápido dos sintomas e baixo custo – reforçam a má adesão ao tratamento contínuo. Associado a mais efeito adverso. G INA (2019) NÃO recomenda mais o tratamento somente com SABA para etapa 1. Recomenda que TODOS os adultos e adolescentes com asma recebam tratamento de controle com CI, orientado por sintomas, para reduzir o risco de exacerbações graves. Ou seja, não pode prescrever apenas B2 de curta duração para NENHUM paciente asmático, pois essa ação se associou ao aumento de mortalidade. ETAPA 1 - PACIENTE COM ASMA INTERMITENTE: Sintomas < 2 vezes ao mês e sem fator de risco de exacerbação. 1ª linha de controle/resgate: CI (corticoide inalatório) + formoterol, se necessário. Esse paciente não faz uso de bombinha todos os dias, apenas em caso de crise. O B2 de curta duração de tornou medicação de 2ªlinha. ETAPA 2 - PACIENTE COM ASMA LEVE: Sintomas semanais. 1ª linha de controle: CI diário com baixa dose para controle (para manutenção/todos os dias) ou CI + formoterol, se necessário (em caso de crise). Esse paciente faz uso de bombinha todos os dias, manha e noite, contendo corticoide inalatório de baixa dose. Em caso de crise o paciente fara uso de CI mais formoterol. Resgate: SABA ou CI+ formoterol ETAPA 3 - PACIENTE COM ASMA MODERADA Sintomas diários. 1ª linha de controle: CI dose baixa+ LABA diário. Resgate: SABA ou CI+ formoterol ETAPA 4 - PACIENTE COM ASMA GRAVE Sintomas diários ou contínuos. 1ª linha de controle: CI dose média + LABA diário. Resgate: SABA ou CI+ formoterol ETAPA 5 - PACIENTE COM ASMA GRAVE sem controle Sintomas diários ou contínuos, sem controle com etapa 4. 1ª linha de controle: CI dose alta + LABA diário. Acrescentar tiotrópio, anti IgE, antileucotrieno, em alguns caso é necessário olhar o fenótipo Resgate: SABA ou CI+ formoterol CONSULTAS 1-3 meses após tratamento iniciado o paciente deve retornar ao consultório. 1 semana após exacerbação, o paciente deve ser avaliado Stepping up: se sintomas persistirem por 2-3 meses. Stepping down: asma controlada por 3 meses. EXARCEBAÇÃO SABA: 4 a 10 puffs com espaçador. Repetir a cada 20 min por 1 h. Prednisolona: 40 a 50 mg adulto (5 a 7 dias). Criança 1-2 mg/Kg até 40mg. Oxigênio: manter SP02 entre 93-95% em adulto e criança 94-98%. É necessário orientar o paciente quanto a utilização dos medicamentos, pois a utilização de forma errada atrapalha os resultados do tratamento. Exacerbação moderada Interrompe a atividade normal do paciente e exige intervenção medicamentosa 6 Camila Carminate – 6 FASE Ação urgente do doente e do médico para prevenir a ocorrência de internação ou morte por asma AJUSTES DE MEDICAÇÃO Aumentar a etapa (step up) Sustentada: por 2-3 meses na asmamal controlada ( verificar motivo persistência de sintomas por outras causas, técnica inalatória e pobre aderência); Por curto período – após infecção viral ou exposição a antígenos Ajuste no dia a dia: corticoide e β2 longa duraçãomanutenção e alívio. Diminuir etapa (stepping down) Paciente totalmente controlado por período de 3 meses; Menor dose eficaz para cada paciente, com sintomas e exacerbações controlados Se a asma não estiver controlada com a medicação atual sobe-se uma etapa até que o controle seja alcançado. Obtendo controle →manter três meses e reavaliar Reduzir para minimizar custos e diminuir efeitos colaterais do tratamento Controle da asma - monitorado pelo médico (avaliação clinica e funcional) Controle da asma: Para saber se a asma está bem controlada, deve-se perguntar ao paciente sobre: - tosse, se está dormindo a noite, atividades físicas, pico de fluxo, se está usando medicamento. Caso o paciente tenha perdido o controle, deve perguntar se foi exposto a algum fator ambiental, se a técnica inalatória está correta, se há adesão e se possui comorbidades (ex.: rinite alérgica, refluxo). Todos esses fatores devem ser questionados diante de uma asma mal controlada ou exacerbação, antes de simplesmente aumentar a dose de medicamento. TEMPO DETERMINADO - CONTROLE CLÍNICO E AVALIAÇÃO DO TRATAMENTO Após 8 meses controlado, dose única → tentar suspensão do corticoide e reavaliação periodicamente a cada 3 meses durante 1 ano → manutenção ou perda do controle Respeitar a estação do ano → não pode ser no inverno Conhecimentos adequados devem preceder a suspensão, Provas funcionais devem estar normais ou próximas da normalidade o adesão ao plano de tratamento proposto. CRISE ASMATICA 7 Camila Carminate – 6 FASE
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