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Farmacodinâmica e Interação com Nutrientes

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INTERAÇÃO DROGA NUTRIENTE
UNIDADE 2 – FARMACODINÂMICA E 
INTERAÇÃO COM OS NUTRIENTES I
Autoria: Valker Araujo Feitosa - Revisão técnica: Henrique Bridi
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Introdução
Vamos começar esta unidade abordando os conceitos fundamentais relacionados à farmacodinâmica, com
destaque para os mecanismos de interação entre os fármacos e as estruturas biológicas que desencadeiam os
efeitos farmacológicos. Para isso, serão propostas algumas reflexões: como ocorrem as interações entre os
fármacos e seus receptores biológicos? Quais os principais receptores biológicos? Quais os tipos de interações
que ocorrem entre os fármacos e esses receptores? Quais os efeitos desencadeados após as interações fármaco-
receptor? Para que possamos responder a essas perguntas, iniciaremos apresentando os principais receptores
biológicos e, na sequência, estudaremos as interações entre fármacos e nutrientes. Ademais, serão apresentados
os principais fármacos que atuam no sistema nervoso, no tratamento da inflamação e da dor, assim como no
tratamento das infecções bacterianas, fúngicas e virais. Além disso, serão destacadas as interferências
farmacocinéticas e farmacodinâmicas mais importantes que podem ocorrer entre os fármacos e os alimentos
/nutrientes/plantas medicinais. Vamos lá? Acompanhe esta unidade com atenção e bons estudos!
2.1 Farmacodinâmica
A farmacodinâmica é uma área da farmacologia que estuda os mecanismos de ação dos fármacos no organismo.
O conhecimento da farmacodinâmica é fundamental para estabelecer uma terapia farmacológica adequada, com
esquemas posológicos racionais e prevenir interações entre medicamentos e alimentos (SOARES, 2017).
A palavra “farmacodinâmica” tem sua origem no grego (dýnamis = força); assim, seu significado está
intimamente relacionado ao estudo dos mecanismos dos fármacos. De uma forma mais ampla, refere-se aos
receptores farmacológicos, às interações fármaco-receptor, bem como aos mecanismos moleculares relativos a
essas interações e aos efeitos farmacológicos (OLIVEIRA-JR, 2012).
Do ponto de vista molecular, a farmacodinâmica analisa as alterações bioquímicas e fisiológicas que os fármacos
provocam nos organismos. Tais informações respaldam as indicações terapêuticas dos medicamentos
possibilitando a predição de possíveis efeitos adversos, bem como das interações fármaco-fármaco e fármaco-
nutriente (SALVI; MAGNOS, 2014). 
Analisar as interações entre os fármacos e seus locais de ação permite conhecer as interferências causadas por
eles nos sistemas biológicos. Os fármacos promovem modificações em locais, sítios ou receptores específicos
localizados tanto nas células quanto no meio extracelular. As alterações celulares, na membrana plasmática, no
citoplasma e no núcleo, apresentam mecanismos complexos, envolvendo uma série de reações bioquímicas e
moleculares, enquanto os fármacos que não atuam diretamente nas células, em geral, apresentam mecanismos
mais simples e diretos (OLIVEIRA-JR, 2012).
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Quanto aoponto de vista farmacodinâmico, ao se utilizar, em doses iguais, dois fármacos de mesma afinidade e
com farmacocinética semelhante, aquele com maior eficácia vai se mostrar mais potente.
Por outro lado, dois fármacos de , com diferentes afinidades e mesma farmacocinética, podemmesma eficácia
produzir o mesmo efeito, mas o de deve ser administrado em (OLIVEIRA-JR,menor afinidade maior dose
2012).
Estudaremos agora o alvo de ação dos fármacos. Acompanhe!
2.2 Alvo de ação dos fármacos
Trataremos dos locais onde os fármacos interagem no organismo. Tal conhecimento é fundamental para a
compreensão dos mecanismos de ação dos fármacos (SOARES, 2017).
Após a administração, normalmente os fármacos são absorvidos e alcançam a corrente sanguínea, circulam pelo
corpo e interagem com diversos locais-alvo. A interação com o local-alvo produz o efeito terapêutico desejado,
enquanto a interação com outras células, tecidos ou órgãos pode resultar em efeitos colaterais e em reações
adversas indesejáveis (OLIVEIRA-JR, 2012).
Os fármacos exercem suas ações no organismo mediante interação com receptores endógenos: quanto maior a
interação, maior será o efeito farmacológico ou tóxico. O conceito de receptor para farmacologia é amplo, sendo
qualquer estrutura à qual um fármaco se ligue e exerça sua ação. Em geral, os receptores fisiológicos são
proteínas que possuem um ou mais sítios, que, quando ativadas por uma substância endógena, produzem um
efeito fisiológico. Os receptores fisiológicos, em sua maioria, também são receptores farmacológicos, por
exemplo, receptores de neurotransmissores, canais iônicos, transportadores, entre outros (SOARES, 2017).
Os efeitos ocasionados pelos fármacos são resultantes de suas relações com as moléculas do corpo de maneira
específica. Os fármacos interagem com um determinado tipo de molécula (ou um grupo delas), considerada
receptor farmacológico (OLIVEIRA-JR, 2012). Segundo Oliveira-Jr (2012), aos receptores podem-se atribuir as
VOCÊ SABIA?
Do ponto de vista farmacodinâmico, qual a diferença entre e ?afinidade eficácia
Para que a resposta farmacológica ocorra, os fármacos devem ter boa capacidade de unir-se ao
receptor (isto é, ), além de serem capazes de interagir com seu receptor, produzindoafinidade
o efeito farmacológico pretendido (isto é, ). Portanto, afinidade e eficácia sãoeficácia
propriedade diferentes: um fármaco pode ter pouca eficácia e grande afinidade pelo receptor
ou vice-versa.
VOCÊ SABIA?
Você sabia que, de maneira geral, os fármacos não são capazes de criar funções no organismo,
mas sim de modular as funções existentes? (OLIVEIRA-JR, 2012).
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receptor farmacológico (OLIVEIRA-JR, 2012). Segundo Oliveira-Jr (2012), aos receptores podem-se atribuir as
seguintes características:
1
Determinam as relações quantitativas entre a dose ou concentração de um fármaco e seus efeitos (isto é a relação
dose-resposta).
2
Explicam a seletividade, no que diz respeito à ação farmacológica relativa ao modo como os receptores interagem
com os fármacos aos quais se ligam.
3
Modulam as ações das moléculas agonistas e antagonistas.
Aprofunde-se mais com o vídeo a seguir!
O mais importante para compreender as ações dos fármacos é saber que eles não irão criar um efeito no
organismo, e sim modular um efeito ou uma resposta já existente, resposta essa mediada por substâncias
endógenas (SOARES, 2017).
As proteínas exercem funções variadas, sendo responsáveis por efeitos fisiológicos e/ou patológicos observados
no organismo e, por isso, são os principais alvos de ação dos fármacos. Os principais grupos de receptores
encontrados nos organismos podem ser classificados de acordo com as funções exercidas pelas proteínas, a
saber: receptores, canais iônicos, transportadores, enzimas e proteínas estruturais.
No subtópico a seguir, vamos abordar as proteínas receptoras.
2.2.1 Proteínas receptoras
Do ponto de vista biomolecular, os receptores farmacológicos são macromoléculas, normalmente proteínas, que,
quando ligados a determinados fármacos, induzem alterações no organismo. Logo, a resposta biológica de um
fármaco é o resultado de suas interações com os receptores farmacológicos. Os receptores participam tanto da
sinalização quanto da regulação intracelular. Assim, a combinação de um hormônio, de um neurotransmissor, de
um fármaco ou de um mensageiro celular com seus respectivos receptores provoca alterações nas funções
celulares (OLIVEIRA-JR, 2012).
As proteínas receptoras são estruturas que, quando ativadas por uma substância agonista, desencadeiam um
mecanismo intracelular, isto é, a transdução de sinal, que irá provocar um efeito farmacológico ou uma alteração
fisiológica na célula (SOARES, 2017).
Os receptores possuem configurações tridimensionais que permitem o encaixe dos fármacos como uma chave
que se amolda a uma fechadura. Alguns fármacos interagem apenas com um receptor específico. Outros
fármacos podem se comportar como ‘‘chaves-mestras”, ou seja, são capazes de ligar-se a diversos receptores
VOCÊ QUER VER?
Confira um vídeoilustrativo abordando o tema: Pharmacodynamics – Part 1: How Drugs Act
 ( ), disponível no link: on the Body Farmacodinâmica – 1: como os fármacos agem no corpo
.https://www.youtube.com/watch?v=PhfhMBO-w9Q
Atenção! Antes de iniciar o vídeo, lembre-se de entrar nas configurações do YouTube para
ativar as legendas e configurar a tradução simultânea do inglês para o português.
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fármacos podem se comportar como ‘‘chaves-mestras”, ou seja, são capazes de ligar-se a diversos receptores
presentes em diferentes corpos (OLIVEIRA-JR, 2012).
Os sítios celulares de ação são determinados pela localização e pela capacidade funcional dos receptores com os
quais os fármacos interagem, assim como pela concentração de fármaco na região do receptor. O sítio mais
comum é a membrana citoplasmática, mas também existem receptores em outros locais, como no citoplasma e
no núcleo celular (OLIVEIRA-JR, 2012). É importante destacar que as respostas observadas em uma célula não
estão relacionadas à substância, e sim ao receptor que ela ativa ou inibe (SOARES, 2017).
As primeiras observações experimentais de quantificação da resposta farmacológica demonstraram uma relação
dose-dependente do fármaco. Contudo, observou-se que, quando a dose alcança um determinado pico, o efeito
não pode ser aumentado mesmo com administrações ainda maiores do fármaco. Essas observações levaram à
suposição da existência de sítios ou locais predeterminados no organismo com quais os fármacos são capazes de
realizar uma interação, levando a um efeito diretamente proporcional ao número de sítios por eles ocupados
(OLIVEIRA-JR, 2012).
Os mecanismos de sinalização celular são os meios pelos quais os receptores geram sinais ou mensagens
celulares. Os receptores transmembrana são proteínas integrais que possuem atividades enzimáticas
intracelulares. O produto da atividade enzimática é capaz de regular as funções bioquímicas intracelulares
(OLIVEIRA-JR, 2012).
Nesse sentido, os receptores farmacológicos podem ser divididos em quatro grandes famílias:
1
Receptores ionotrópicos (canais iônicos ativados por ligantes).
2
Receptores metabotrópicos.
VOCÊ SABIA?
Como são chamados os locais onde os fármacos podem se ligar nos receptores? Os receptores
podem formar subunidades proteicas; a região que se une ao ligante é conhecida como região
. Em contrapartida, quando os fármacos sede reconhecimento primário ou sítio ortostérico
ligam em outros locais, estes são denominados regiões de reconhecimentos secundários ou
 (OLIVEIRA-JR, 2012).sítios alostéricos
VOCÊ QUER VER?
Assista a um vídeo ilustrativo abordando o tema: Pharmacodynamics – Part 2: Dose-response
 ( ), disponível no link: Relationship Farmacodinâmica 2 – relação dose-resposta https://www.
.youtube.com/watch?v=VzrvklX5Wmw
Atenção! Antes de iniciar o vídeo, lembre-se de entrar nas configurações do YouTube para
ativar as legendas e configurar a tradução simultânea do inglês para o português.
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2
Receptores metabotrópicos.
3
Receptores tirosinoquinase.
4
Receptores intracelulares.
Nas interações fármaco-receptor, podem existir diferentes tipos de ligação covalentes e não covalentes.
Praticamente, todas as interações entre fármacos e receptores são reversíveis, ou seja, após determinado
período, o fármaco desacopla do receptor. Por outro lado, podem existir interações praticamente irreversíveis e
o efeito do fármaco persiste até que o corpo produza novas moléculas receptoras (OLIVEIRA-JR, 2012).
2.2.2 Enzimas
As enzimas são proteínas que possuem a função catalítica – aceleram a velocidade das reações nos meios
biológicos e transformam substratos em produtos (SOARES, 2017).
A saber, a regulação enzimática interfere significativamente nos fenômenos biológicos. Essas proteínas são alvos
importantes para a ação dos fármacos, pois auxiliam no transporte de substâncias que controlam a velocidade
das reações bioquímicas, além de responder por outras funções, como transporte, regulação ou estruturação. Os
fármacos para elas direcionados são classificados como inibidores ou ativadores (indutores) enzimáticos
(OLIVEIRA-JR, 2012).
Alguns exemplos de enzimas (humanas, microbianas e virais) alvos de fármacos são: acetilcolinesterase,
ciclooxigenases 1 e 2 (COX-1 e 2), monoaminoxidase (MAO), transglicosilase, diidropteroato sintase, DNA girase,
14 α demetilase, neuraminidase, polimerase, transcriptase reversa, proteases, entre outras.
2.2.3 Canais iônicos
Os canais iônicos são proteínas integrais de membrana que formam um poro, isto é, uma abertura. Quando
ativados, passam do seu estado fechado para aberto, possibilitando a passagem de íons entre os meios
intracelular e extracelular (SOARES, 2017). Eles podem ser classificados em cinco tipos:
1
Canais iônicos de repouso.
2
Canais iônicos ativados por voltagem.
3
Canais iônicos ativados por metabólitos.
4
Canais iônicos ativados por pressão.
5
Canais iônicos ativados por ligantes ou receptores ionotrópicos.
Agora, vamos conhecer os transportadores.
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2.2.4 Transportadores
Os transportadores são proteínas integrais de membrana que possuem a função de transportar substâncias
entre as faces da membrana celular (SOARES, 2017). Eles podem ser de dois tipos:
Ativos
Transportam substâncias contra um gradiente de concentração com gasto de energia
(ATP).
Passivos
Transportam substâncias a favor de um gradiente de concentração; portanto, sem gasto de
energia.
Visto isso, vamos às proteínas estruturais.
2.2.5 Proteínas estruturais
As principais proteínas estruturais, alvos de ação dos fármacos, são os microtúbulos presentes no núcleo celular.
Os microtúbulos são responsáveis pela separação dos pares de cromossomos no momento da divisão celular.
Alguns quimioterápicos, como vimblastina e vincristina, inibem a formação dos microtúbulos e,
consequentemente, interrompem o crescimento celular (SOARES, 2017).
Conheceremos a seguir a classificação dos fármacos de acordo com a interação fármaco-receptor.
2.3. Classificação dos fármacos conforme interação 
fármaco-receptor
Diferentes mecanismos estão envolvidos nas ações dos fármacos, entre os quais os mais comuns são (SALVI;
MAGNOS, 2014): atuação sobre receptores (agonista ou antagonista); alteração da atividade de sistemas
enzimáticos (inibição ou indução); interferência no transporte iônico através da membrana celular.
Nesse sentido, os fármacos direcionados aos receptores são classificados como agonistas ou antagonistas
(OLIVEIRA-JR, 2012).
Em relação à sua interação com os receptores farmacológicos, os fármacos podem ser subdivididos em cinco
tipos diferentes:
Agonista total.
Agonista parcial.
Antagonista competitivo reversível.
Antagonista competitivo irreversível.
Antagonista não competitivo irreversível.
Os agonistas agem ativando ou estimulando seus receptores, produzindo uma resposta que pode aumentar ou
diminuir a função celular (SOARES, 2017).
VOCÊ SABIA?
Você sabia que todas as , por exemplo os hormônios e ossubstâncias endógenas
neurotransmissores, são de seus receptores?agonistas totais
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É importante destacar que os antagonistas não possuem ação intrínseca nas células; eles simplesmente
bloqueiam o acesso aos receptores, impedindo a ligação dos agonistas endógenos ou de outros fármacos. O
antagonismo pode ser competitivo ou não competitivo. O primeiro baseia-se na competição (entre o antagonista
e o agonista) pela ligação ao receptor de forma reversível ou irreversível. Já o antagonismo não competitivo
baseia-se na ligação do antagonista no receptor provocando alterações conformacionais que impedem a ligação
do agonista (SOARES, 2017).
Mais informações sobre a classificação dos fármacos, conforme sua interação com os receptores, podem ser
visualizadas no quadro a seguir:
Quadro 1 - Principais ligantes farmacológicos
Fonte: Adaptado de SOARES, 2017.
#PraCegoVer: o quadro apresenta os ligantes farmacológicos (agonista total, agonista parcial, antagonista
competitivo e antagonista não competitivo) e suas respectivas características.
Para encerrarmos este tópico,segue uma sugestão de leitura:
Aprendemos a classificação dos fármacos e as características dos ligantes farmacológicos. No próximo tópico,
estudaremos a farmacologia aplicada ao sistema nervoso. 
VOCÊ QUER LER?
Antes de iniciarmos os estudos dos fármacos que atuam no sistema nervoso, no tratamento da
inflamação da dor e no tratamento das infecções, convido você a ler o artigo de revisão:
“Interação fármaco-nutriente”. Esse artigo introduzirá o assunto referente às principais
interações entre os fármacos e os nutrientes. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rn
./v15n2/11839.pdf
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2.4 Farmacologia aplicada ao sistema nervoso
O sistema nervoso pode ser divido em sistema nervoso central (SNC) e sistema nervoso periférico (SNP),
conforme pode ser visualizado na figura “Divisão do sistema nervoso”. O SNC pode ser dividido em região
encefálica e medula espinhal. O encéfalo é a área integradora do pensamento, das emoções e da memória, sendo
o cérebro o principal órgão neural. A medula espinhal é a área integradora do subconsciente (reflexo) e
responsável pela condução das informações para as vias nervosas (SOARES, 2017).
Já o SNP é constituído pelos gânglios e por uma rede de neurônios aferentes (sistema nervoso sensorial) e
eferentes (sistema nervoso motor). Por sua vez, o sistema nervoso motor pode ser subdivido em sistema
nervoso autonômico (SNA) e sistema nervoso somático (SNS) (SOARES, 2017).
Figura 1 - Divisão do sistema nervoso
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Figura 1 - Divisão do sistema nervoso
Fonte: Systemoff, Shutterstock, 2020.
#PraCegoVer: representação de um corpo humano com destaque para os componentes do sistema nervoso
central (o cérebro e a medula espinhal) e os componentes do sistema nervoso periférico (os nervos e os
gânglios).
As ações do sistema nervoso autonômico e somático são mediadas pela liberação de substâncias transmissoras
de informações: os neurotransmissores, que são substâncias químicas endógenas com a capacidade de realizar a
comunicação entre neurônios e dos neurônios para as células efetoras. Cada neurotransmissor exerce suas ações
por meio da ligação com receptores específicos (SOARES, 2017).
Os neurônios do SNS liberam um único neurotransmissor, a acetilcolina, e são denominados neurônios
colinérgicos (SOARES, 2017). O SNA comanda as funções viscerais do organismo, também chamadas funções
involuntárias ou vegetativas (SALVI; MAGNUS, 2014).
Os principais neurotransmissores secretados no SNA são a acetilcolina e a noradrenalina (neurônios
adrenérgicos) (SOARES, 2017). O SNA pode ser subdivido em sistema parassimpático (situações de repouso) e
simpático (condições adversas). Na divisão parassimpática, o principal neurotransmissor é a acetilcolina. Já na
divisão simpática, estão envolvidos os neurotransmissores adrenalina, noradrenalina e dopamina (SALVI;
MAGNUS, 2014).
Vários fármacos atuam sobre os neurotransmissores com o objetivo de inibi-los ou estimulá-los.
2.4.1 Agonistas e antagonistas dos sistemas parassimpático e simpático
Observe, a seguir, o que são os agonistas e os antagonistas dos sistemas parassimpático e simpático:
• Agonistas do sistema parassimpático ou parassimpaticomiméticos
Reproduzem as respostas desenvolvidas pela acetilcolina no organismo tanto por efeito sobre receptores
muscarínicos e/ou nicotínicos quanto por inibição da enzima que degrada a acetilcolina, isto é, a
acetilcolinesterase. Exemplos: betanecol, carbacol, fisostigmina, metacolina, neostigmina pilocarpina e
piridostigmina (SALVI; MAGNUS, 2014).
• Antagonistas do sistema parassimpático ou anticolinérgicos
Correspondem aos fármacos capazes de bloquear a resposta produzida pela acetilcolina devido ao
bloqueio dos receptores muscarínicos e/ou nicotínicos. Exemplos: atropina, diciclomina, homatropina,
hioscina (escopolamina), ipratrópio, tiotrópio e curares (SALVI; MAGNUS, 2014).
• Agonistas do sistema simpático ou simpaticomiméticos
Fármacos cujo efeito se assemelha às respostas produzidas pela ação da adrenalina ou da noradrenalina
no organismo. Exemplos: adrenalina, albuterol, dobutamina, dopamina, efedrina, fenilefrina, fenoterol,
fenoxazolina, formoterol, metoxifenamina, nafazolina, noradrenalina, oximetazolina, pseudoefedrina,
salbutamol, salmeterol, terbutalina, tetraidrozolina e xilometazolina, anfetaminas e derivados
(anfepramona, femproporex, mazindol) (SALVI; MAGNUS, 2014).
• Antagonistas do sistema simpático ou bloqueadores alfa e beta-adrenérgicos
Bloqueiam as respostas promovidas pela ação da adrenalina ou da noradrenalina no organismo.
Exemplos: atenolol, esmolol, labetolol, metoprolol, nodolol, prazosina, propranolol, sotalol e timolol 
(SALVI; MAGNUS, 2014).
•
•
•
•
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Agora, vamos conhecer as principais interferências farmacocinéticas de fármacos agonistas e antagonistas dos
sistemas parassimpático e simpático, decorrentes da coadministração de alimentos/nutrientes/plantas
medicinais:
Quadro 2 - Interferências farmacocinéticas decorrentes da coadministração de alimentos/nutrientes/plantas 
medicinais
Fonte: Adaptado de SALVI; MAGNUS, 2014.
#PraCegoVer: o quadro apresenta uma relação de fármacos agonistas e antagonistas dos sistemas
parassimpático e simpático, e suas interações farmacocinéticas decorrentes da coadministração de alimentos
/nutrientes/plantas medicinais.
A seguir, são descritas as principais interferências farmacodinâmicas de fármacos agonistas e antagonistas dos
sistemas parassimpático e simpático, decorrentes da coadministração de alimentos/nutrientes e plantas
medicinais:
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Quadro 3 - Interferências farmacodinâmicas decorrentes da coadministração de alimentos/nutrientes/plantas 
medicinais
Fonte: Adaptado de SALVI; MAGNUS, 2014.
#PraCegoVer: o quadro apresenta uma relação de fármacos agonistas e antagonistas dos sistemas
parassimpático e simpático, e suas interações farmacodinâmicas decorrentes da coadministração de alimentos
/nutrientes/plantas medicinais.
Na sequência, vamos conhecer a ação dos fármacos no sistema nervoso central (SNC).
2.4.2 Sistema Nervoso Central (SNC)
A ação dos fármacos no SNC baseia-se, principalmente, na atuação sobre os neurotransmissores neuronais que
participam das sinapses, isto é, da comunicação entre os neurônios (SOARES, 2017).
Cada neurotransmissor possui uma função específica. Entre os principais que participam da transmissão
sináptica central, destacam-se: aminoácidos (GABA, glicina e glutamato); acetilcolina; monoaminas (dopamina,
noradrenalina e serotonina); óxido nítrico; e endocanabinoides.
Diferentes fármacos são empregados nos tratamentos neurocomportamentais; entretanto, um mesmo
medicamento pode ser utilizado para o controle de mais de uma condição neuropsiquiátrica. Didaticamente, os
fármacos que atuam no SNC podem ser classificados em: ansiolíticos, anticonvulsivantes, antipsicóticos
(neurolépticos), antidepressivos e estabilizadores de humor. Conheceremos na sequência cada um deles.
: fármacos sedativos usados para reduzir a ansiedade e exercer um efeito calmante, sem provocarAnsiolíticos
sono. Os benzodiazepínicos (BZDs) são o grupo mais importante dos ansiolíticos proporcionando uma margem
maior de segurança para o uso no tratamento da ansiedade e dos distúrbios do sono. Os benzodiazepínicos
potencializam os efeitos do GABA, que é o principal neurotransmissor inibitório do SNC (SOARES, 2017).
São exemplos de ansiolíticos (benzodiazepínicos): diazepam, buspirona e zolpidem.
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São exemplos de ansiolíticos (benzodiazepínicos): diazepam, buspirona e zolpidem.
Anticonvulsivantes: a epilepsia é um termo usado para designar um grupo de condições crônicas, cuja principal
manifestação é a ocorrência de convulsões. Todos os fármacos anticonvulsivantes podem afetar de forma
adversa as funções psicomotoras e cognitivas (SOARES, 2017). Além do ácido valproico e da carbamazepina, os
fármacos anticonvulsivantes podem ser classificados em cinco grupos químicos:
• Barbitúricos
Fazem parte de uma classe dos sedativos hipnóticos mais antigos. Atuam aumentando a retenção doGABA no seu receptor e também inibem o ácido glutâmico (neurotransmissor excitatório). Exemplo:
fenobarbital.
• Hidantoínas, oxazolidinodionas, succinimidas e acetilureias
Assim como os barbitúricos, essas classes também têm em comum um anel heterocíclico no qual
alterações dos grupos substituintes determinam a classe farmacológica do composto.
Adicionalmente, benzodiazepínicos e sulfato de magnésio também podem ser utilizados como
anticonvulsivantes (SOARES, 2017).
: a doença psicótica (esquizofrenia) caracteriza-se por delírios, alucinações eAntipsicóticos (neurolépticos)
distúrbios do pensamento, juntamente com isolamento, respostas emocionais desmedidas e comprometimentos
cognitivos. O surgimento da psicofarmacoterapia na década de 1950, com a utilização da clorpromazina e da
imipramina, revolucionou o tratamento psiquiátrico.
Os antipsicóticos dividem-se em:
Antipsicóticos
de primeira
geração ou
típicos
Clorpromazina, haloperidol, flufenazina, flupentixol e clopentixol.
Antipsicóticos
de segunda
geração ou
atípicos
Clozapina, risperidona, sertindol, quetiapina, amissulprida, aripiprazol e zotepina.
Conheça agora os principais grupos de fármacos :antidepressivos
• Antidepressivos tricíclicos (ADTs)
Fármacos com a presença de três anéis carbônicos, que atuam como inibidores seletivos da recaptura de
monaminas. Exemplos: imipramina, clomipramina, amitriptilina, desipramina e nortriptilina.
• Antidepressivos inibidores da recaptação de serotonina
Fármacos que agem como inibidores seletivos da recaptação da serotonina (5-HT). Exemplos:
citalopram, escitalopram e fluoxetina.
• Inibidores da monoaminoxidadase (IMAO)
Fármacos que causam inibição irreversível da enzima monoaminoxidase (MAO), responsável pela
degradação das monoaminas. Exemplos: fenelzina, selegilina, tranilcipromina.
• Atípicos
Exemplos: maprotilina, bupropiona, trazodona.
•
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Exemplos: maprotilina, bupropiona, trazodona.
Estabilizadores de humor: o transtorno do humor bipolar (THB) é um distúrbio psiquiátrico maníaco-
depressivo grave e flutuante. Entre os estabilizadores do humor clássicos, o lítio apresenta a maior eficácia no
tratamento de episódios depressivos leves e moderados em portadores de transtorno bipolar. Fármacos
alternativos, como carbamazepina e ácido valproico, também podem ser utilizados. Em casos graves, utilizam-se
outros antidepressivos e antipsicóticos (SOARES, 2017).
A seguir, são descritas as principais interferências farmacocinéticas de fármacos que atuam no SNC, decorrentes
da coadministração de alimentos/nutrientes e plantas medicinais:
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Quadro 4 - Interações farmacocinéticas decorrentes da coadministração de alimentos/nutrientes/plantas 
medicinais
Fonte: Adaptado de SALVI; MAGNUS, 2014.
#PraCegoVer: o quadro apresenta uma relação de fármacos que atuam no sistema nervoso central (SNC) e suas
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#PraCegoVer: o quadro apresenta uma relação de fármacos que atuam no sistema nervoso central (SNC) e suas
interações farmacocinéticas decorrentes da coadministração de alimentos/nutrientes/plantas medicinais.
Agora, vamos conhecer as principais interferências farmacodinâmicas de fármacos que atuam no SNC,
decorrentes da coadministração de alimentos/nutrientes e plantas medicinais:
Quadro 5 - Interações farmacodinâmicas decorrentes da coadministração de alimentos/nutrientes/plantas 
medicinais
Fonte: Adaptado de SALVI; MAGNUS, 2014.
#PraCegoVer: o quadro apresenta uma relação de fármacos que atuam no sistema nervoso central (SNC) e suas
interações farmacodinâmicas decorrentes da coadministração de alimentos/nutrientes/plantas medicinais.
Prosseguimos conhecendo a farmacologia da dor e da inflamação.
2.5 Farmacologia da dor e da inflamação
A inflamação é uma resposta desencadeada por diversos fatores, estando entre eles: infecção, toxinas e lesão
celular. A inflamação aguda é de curta duração e está associada a uma resposta imune inata, como primeira
defesa do organismo. Se o agente causador da inflamação não for eliminado, o quadro poderá evoluir para uma
inflamação crônica, podendo durar de meses até anos (SALVI; MAGNUS; 2014).
No processo inflamatório, ocorre vasodilatação, aumento da permeabilidade vascular e maior fluxo sanguíneo no
local. A resposta inflamatória é caracterizada pelos sinais clássicos de calor, rubor (vermelhidão), tumor
(inchaço, edema), dor e possível perda de função tecidual (SALVI; MAGNUS; 2014).
Conheceremos agora os principais analgésicos e suas características.
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2.5.1 Analgésicos
Sendo a dor um sintoma, a necessidade de trazer um alívio e uma melhor qualidade de vida ao paciente leva ao
tratamento dessa condição. Nesse sentido, os analgésicos são fármacos utilizados para aliviar ou suprimir a dor.
São classificados conforme sua estrutura química, o tipo de dor que tratam e efeitos que podem trazer ao
organismo (PIVELLO, 2014).
: os principais analgésicos utilizados na prática clínica são o ácido acetilsalicílico (AAS), aPrincipais analgésicos
dipirona e o paracetamol. No quadro “Principais analgésicos”, é possível encontrar as principais características
desses fármacos.
Quadro 6 - Mecanismos de ação, características, usos e efeitos adversos dos analgésicos: ácido acetilsalicílico, 
dipirona e paracetamol
Fonte: Adaptado de PIVELLO, 2014 (p. 39).
#PraCegoVer: o quadro apresenta um resumo dos mecanismos de ação, características, usos e efeitos adversos
dos principais analgésicos: ácido acetilsalicílico (analgésico, anti-inflamatório e antitérmico), dipirona e
paracetamol (ambos analgésicos e antitérmicos). Esses fármacos agem inibindo a síntese de prostaglandinas.
Analgésicos narcóticos (opiáceos ou hipnoanalgésicos): derivados naturais e sintéticos do ópio (mistura de
alcaloides extraídos de uma espécie de papoula, a ). Esses fármacos são os analgésicos maisPapaver somniferum
potentes e reservados para dores severas, como as de pacientes terminais, oncológicas, pós-operatórias e de
queimaduras. O fármaco mais conhecido desse grupo é a morfina, além da buprenorfina, oxicodona, metadona,
fentanila, codeína e tramadol (PIVELLO, 2014).
Analgésicos miorrelaxantes: são os relaxantes musculares, utilizados contra dores espasmódicas, isto é, dores
por contrações musculares involuntárias. Exemplos: carisoprodol, baclofeno, ciclobenzaprina, orfenadrina,
tiocolchicósido, tozanidina.
Antiespasmódicos: fármacos anticolinérgicos, ou seja, com efeito contrário à acetilcolina. Utilizados para cólica
do trato gastrointestinal, das vias biliares e urinárias e do aparelho genital feminino. Exemplos: atropina,
escopolamina, homatropina, hiosciamina e dicicloverina.
- -18
2.5.2 Anti-inflamatórios
Os principais fármacos para tratamento direto da inflamação são os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) e
anti-inflamatórios esteroides (AIEs):
: fármacos analgésicos, antipiréticos e anti-inflamatórios. AINEs
A enzima ciclooxigenase-2 (COX-2) é responsável pela produção das prostaglandinas, substâncias que
participam dos processos inflamatórios, termorreguladores e dolorosos. Os analgésicos, antipiréticos e anti-
inflamatórios não esteroides (AINEs) possuem a capacidade de inibir, seletivamente ou não, a COX-2,
diminuindo, assim, a formação de prostaglandinas, controlando os processos dolorosos, febris e inflamatórios
(SOARES, 2017). Principais representantes: aceclofenaco, ácido acetilsalicílico, cetoprofeno, diclofenaco,
dipirona, fenilbutazona, flurbiprofeno, ibuprofeno, indometacina, meloxicam, naproxeno, oxifenilbutazona,
paracetamol, piroxicam, tenoxicam (MAGNUS; SALVI, 2014).
: fármacos glicocorticoides/corticosteroides, que agem inibindo a transcrição de genes essenciais para aAIEs
ativação/diferenciação/proliferação de leucócitos envolvidos nos processos inflamatórios. São indicados como
anti-inflamatórios e imunossupressores principalmente em situações de doenças inflamatórias crônicas,
distúrbios alérgicos, doenças autoimunes e rejeição de transplantes de órgãos (SOARES, 2017). Principais
representantes: beclometasonabetametasona, budesonida, deflazacort, dexametasona, flunisolida,
hidrocortisona, metilprednisolona, prednisona (SALVI; MAGNUS; 2014).
A seguir, são descritas as principais interferências farmacocinéticas de fármacos analgésicos, antitérmicos e anti-
inflamatórios, decorrentes da coadministração de alimentos/nutrientes e plantas medicinais:
Quadro 7 - Interações farmacocinéticas decorrentes da coadministração de alimentos/nutrientes/plantas 
- -19
Quadro 7 - Interações farmacocinéticas decorrentes da coadministração de alimentos/nutrientes/plantas 
medicinais
Fonte: Adaptado de SALVI; MAGNUS, 2014.
#PraCegoVer: o quadro apresenta uma relação de fármacos que atuam na dor e na inflamação, e suas interações
farmacocinéticas decorrentes da coadministração de alimentos/nutrientes/plantas medicinais.
Agora, conheça as principais interferências farmacodinâmicas de fármacos analgésicos, antitérmicos e anti-
inflamatórios, decorrentes da coadministração de alimentos/nutrientes e plantas medicinais:
Quadro 8 - Interações farmacodinâmicas decorrentes da coadministração de alimentos/nutrientes/plantas 
medicinais
Fonte: Adaptado de SALVI; MAGNUS, 2014.
#PraCegoVer: o quadro apresenta uma relação de fármacos que atuam na dor e na inflamação, e suas interações
farmacodinâmicas decorrentes da coadministração de alimentos/nutrientes/plantas medicinais.
Na sequência, vamos conhecer a farmacologia da infecção e a interação fármaco-nutriente.
- -20
2.6 Farmacologia da infecção e interação fármaco-
nutriente
Os antibióticos são fármacos destinados ao tratamento das infecções causadas por microrganismos patogênicos,
entre os quais se destacam os antibacterianos e os antifúngicos. Adicionalmente, também serão estudados os
antivirais, fármacos utilizados contra as infecções por vírus.
2.6.1. Antibacterianos
Didaticamente, os antibacterianos podem ser classificados de acordo com o local de ação nas bactérias.
Antibacterianos que atuam na inibição da síntese da parede bacteriana são fármacos que atuam alterando a
síntese da parece celular bacteriana, induzindo erros estruturais na parede durante o processo de replicação
bacteriana. Esses fármacos têm grande seletividade, ou seja, atuam especificamente na replicação das bactérias,
pois as células de mamíferos são desprovidas de parede celular (SOARES, 2017).
Os antibacterianos que atuam na parede celular podem ser classificados em:
: por exemplo, ceftriaxonas, penicilina G e V, amoxicilina, ampicilina, flucloxacilina, oxacilina,Beta-lactâmicos
cloxacilina, dicloxacilina, nafcilina, ticarcilina, piperacilina e cefalosporinas (entre os quais, existem quatro
gerações).
Quadro 9 - Cefalosporinas de primeira, segunda, terceira e quarta gerações
Fonte: Adaptado de SOARES, 2017 (p. 578).
#PraCegoVer: o quadro apresenta uma relação dos antibacterianos da classe das cefalosporinas de acordo com
a geração: primeira, segunda, terceira e quarta.
Carbapenêmicos: apresentam anéis β-lactâmicos e atuam inibindo a síntese da parede bacteriana,
- -21
Carbapenêmicos: apresentam anéis β-lactâmicos e atuam inibindo a síntese da parede bacteriana,
desenvolvidas para tratamento de infecções causadas por bactérias Gram-negativas resistentes à penicilina.
Grupo constituído por três fármacos: imipenem/cilastatina, meropenem e ertapenem.
: fármaco monobactâmico; apresenta apenas um anel β-lactâmico monocíclico.Aztreonam
: antibiótico glicopeptídico tricíclico; apresenta atividade apenas em bactérias Gram-positivas,Vancomicina
inibindo a enzima transglicosilase e impedindo a ligação cruzada, o que enfraquece a estrutura de
peptideoglicanos.
Outros antibacterianos que atuam na inibição da síntese da parede celular são: teicoplanina, fosfomicina e
bacitracina (SOARES, 2017).
A seguir, aprenderemos sobre os antibacterianos que atuam na inibição da síntese proteica bacteriana.
2.6.2. Antibacterianos que atuam na inibição da síntese proteica bacteriana
São fármacos que atuam sobre as subunidades ribossomais das bactérias, alterando a síntese de proteínas e,
consequentemente, causando uma deficiência proteica bacteriana, que compromete as funções celulares e a
replicação (SOARES, 2017). Os antibacterianos que interferem na síntese proteica podem ser classificados em:
Aminoglicosídeos
Frequentemente utilizados em infecções por bactérias entéricas Gram-negativas. Exemplos: estreptomicina,
neomicina, canamicica, amicacina, gentamicina, tobromacina, netilmicina, paromomicina, entre outros.
Tetracíclicos
Antimicrobianos bacteriostáticos de amplo espectro que se ligam à unidade 30s do ribossomo bacteriano,
inibindo a síntese dos peptídeos. Exemplos: tetraciclina, demeclociclina, doxiciclina e minociclina.
Macrolídeos
Utilizados em pacientes com hipersensibilidade às penicilinas. Ligam-se reversivelmente à subunidade
ribossômica 50s inibindo o processo de transpeptidação e translocação, liberando peptídeos imaturos.
Exemplos: eritromicina, azitromicina, claritromicina e diritromicina.
Outros antibacterianos que atuam na síntese proteica são: cloranfenicol, clindamicina, linezolida, quinupristina
/dalfopristina (SOARES, 2017).
VOCÊ O CONHECE?
Alexander Fleming foi um pesquisador britânico que viveu entre 1881 e 1955. Em 1928, ele
descobriu o primeiro antibiótico, batizado de penicilina, pois foi obtida a partir do fungo 
, que inibia o crescimento da bactéria . Entretanto, aPenicillium notatum Staphylococcus aureus
penicilina só foi realmente isolada em 1938, pelos pesquisadores Ernst Chain e Howard Florey.
Em 1940, esse produto foi utilizado pela primeira vez em um paciente humano, um policial
britânico, vítima de uma grave infecção sanguínea. Em 1945, Alexander Fleming, Howard
Florey e Ernst Chain dividiram o prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina.
Fonte: . Disponível em: Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial https://www.
.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-24442009000500001
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Além dos antibacterianos que atuam na inibição da síntese proteica bacteriana, temos os que atuam nos ácidos
nucleicos bacterianos. Veja na sequência.
2.6.3. Antibacterianos que atuam nos ácidos nucleicos bacterianos
São fármacos que atuam nos ácidos nucleicos e seus precursores, induzindo a erros no material genético e
inibindo, portanto, a replicação das bactérias. Esses fármacos podem apresentar características bactericidas
(induzem à morte) e também bacteriostáticas (inibem o crescimento). Os antibacterianos que atuam nos ácidos
nucleicos podem ser classificados em:
Sulfonamidas
Antimicrobianos bacteriostáticos de amplo espectro. Esses fármacos inibem a ação da enzima diidropteroato
sintase, importante para a síntese das purinas, ácidos nucleicos e do ácido fólico. Exemplos: sulfadiazina e
sulfametoxazol-trimetroprima.
Quinolonas/fluoroquinolonas
Apresentam atividade bactericida de amplo espectro por inibir a enzima DNA girase, importante para a
replicação e a transcrição do DNA bacteriano. Exemplos: ciprofloxacina, levofloxacina, norfloxacina e ofloxacina.
Outros antibacterianos que atuam nos ácidos nucleicos são: nitrofurantoína, metronidazol, rifampicina, dapsona,
clofazimina (SOARES, 2017).
A seguir, são descritas as principais interferências de alimentos/nutrientes na absorção de antimicrobianos:
VOCÊ SABIA?
Nos pacientes que ingerem o antibiótico macrolídeo azitromicina juntamente com as refeições,
em geral ocorre redução do efeito terapêutico. Nesse caso, a redução da biodisponibilidade
ocorre em consequência do aumento do tempo de permanência do fármaco no estômago,
prejudicando a sua absorção. Para os fármacos sensíveis à acidez e/ou às enzimas gástricas,
esse maior tempo de permanência pode resultar em inativação; caso da azitromicina, que é
sensível ao pH ácido. A recomendação é que a azitromicina, assim como outros fármacos
sensíveis às condições estomacais, sejam administrados uma hora antes ou duas horas após as
refeições.
Para consultar outras recomendações sobre interações de antimicrobianos e alimentos, leia o
artigo de revisão:“Principais interações fármaco-nutriente envolvendo antimicrobianos e
antiparasitários”. Disponível em: https://www.revista.ueg.br/index.php/biociencia/article
./view/7573
- -23
Quadro 10 - Interferências de alimentos e nutrientes na absorção de antimicrobianos das classes das 
tetraciclinas, penicilinas, cefalosporinas, macrolídeos e fluoroquinolonas
Fonte: Adaptado de SALVI; MAGNUS, 2014.
#PraCegoVer: o quadro apresenta uma relação de antibióticos e suas interações farmacocinéticas decorrentes
da coadministração de alimentos/nutrientes.
Vamos conhecer, agora, os antifúngicos.
2.7 Antifúngicos
O desenvolvimento de fármacos antifúngicos é difícil, pois os fungos filamentos e leveduras são microrganismos
eucariontes, com maior proximidade evolutiva às células humanas (SOARES, 2017). O mecanismo básico dos
antifúngicos consiste na alteração da estrutura ou do funcionamento das células fúngicas, resultando na
modificação da permeabilidade da membrana celular, na inibição da síntese de DNA e RNA, e em alterações
enzimáticas (SALVI; MAGNUS, 2014).
Os principais antifúngicos sistêmicos e tópicos estão relacionados no quadro a seguir:
- -24
Quadro 11 - Relação dos principais antifúngicos de uso sistêmico e tópico
Fonte: Adaptado de SOARES, 2017 (p. 613).
#PraCegoVer: o quadro apresenta uma relação de antifúngicos de uso sistêmico e antifúngicos de uso tópico.
Os antifúngicos podem ser classificados em dois grandes grupos:
Naturais
Incluem os polienos (Exemplos: anfotericina B e griseofulvina) e as
equinocandinas.
Sintéticos Incluem os azois e as pirimidinas fluoradas.
A anfotericina B é um macrolídeo polieno que atua sobre o ergosterol (um lipídeo presente nas membranas das
células fúngicas poros que interferem na permeabilidade e no transporte celular, levando à morte. Já os), e forma
compostos azólicos (Exemplos: itraconazol, cetoconazol e voriconazol) inibem a enzima 14-α demetilase (do
citocromo P-450). Essa enzima é necessária para a síntese do ergosterol; logo, sua inibição também induz a
alterações na membrana fúngica e morte (SOARES, 2017).à
A seguir, são descritas as principais interferências de alimentos/nutrientes na absorção de antifúngicos:
Quadro 12 - Interferências de alimentos e nutrientes na absorção dos antifúngicos
Fonte: Adaptado de SALVI; MAGNUS, 2014.
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Fonte: Adaptado de SALVI; MAGNUS, 2014.
#PraCegoVer: o quadro apresenta uma relação de fármacos antifúngicos que sofrem interferências de
nutrientes.
Por fim, vamos conhecer os antivirais.
2.8 Antivirais
Os antivirais são fármacos que, em geral, apresentam mecanismos de ação que evitam a penetração do vírus nas
células hospedeiras, inibem sua replicação/desenvolvimento intracelular ou bloqueiam sua saída das células,
reduzindo, portanto, a carga viral circulante no organismo e controlando a transmissão para novos indivíduos
(MAGNUS; SALVI, 2014).
Grande parte dos fármacos para o tratamento das infecções virais possui como principal mecanismo de ação a
inibição da reprodução viral. As principais classes de antivirais, com os mecanismos e seus respectivos
representantes, estão relacionadas no quadro a seguir:
Quadro 13 - Principais classes de fármacos antivirais, com mecanismos de ação e exemplos
Fonte: Adaptado de SOARES, 2017 (p. 649).
#PraCegoVer: relação das principais classes de fármacos antivirais com destaque para aqueles que acarretam
inibição da fixação, penetração e estágios iniciais da replicação viral; que atuam interferindo na replicação do
DNA/RNA viral; e os fármacos antirretrovirais.
A seguir, são descritas as principais interferências de alimentos/nutrientes na absorção de antivirais:
- -26
Quadro 14 - Interferências de alimentos e nutrientes na absorção dos antivirais
Fonte: Adaptado de SALVI; MAGNUS, 2014.
#PraCegoVer: o quadro apresenta uma relação de fármacos antivirais que sofrem interferências de nutrientes.
Alimentos, em geral, reduzem a biodisponibilidade de zalcitabina e indinavir); no entanto, aumentam a
biodisponibilidade de gamciclovir, didanosina e saquinavir.
Para revisar o conteúdo desta unidade, convido você a fazer a seguinte leitura:
Compreendemos, portanto, que os antivirais são fármacos que reduzem a carga viral e controlam a transmissão
do vírus. Conhecemos as principais classes de antivirais e as interferências de alimentos/nutrientes em sua
absorção.
Conclusão
A viagem dos fármacos pelo corpo e suas interações com os alimentos e os nutrientes continua. Estudar os
mecanismos envolvidos na etapa farmacodinâmica dos medicamentos é fundamental para entender,
essencialmente, o mecanismo de ação de cada fármaco. O estudo dos receptores farmacológicos, das interações
fármacos-receptores, bem como os mecanismos moleculares relativos a essas interações, leva-nos a
compreender os efeitos farmacológicos desencadeados pelos medicamentos.
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• Conhecer os principais fármacos que atuam no sistema nervoso e suas interações com alimentos, 
nutrientes e plantas medicinais.
• Conhecer os principais fármacos utilizados para tratamento da inflamação e da dor, e suas interações 
com alimentos, nutrientes e plantas medicinais.
• Conhecer os principais fármacos que atuam sobre as bactérias, os fungos e os vírus, e suas interações 
com alimentos e nutrientes.
VOCÊ QUER LER?
Confira o artigo de revisão “Fármacos e alimentos: interações e influências na terapêutica”.
Esse artigo traz várias tabelas ilustrativas com as principais interações entre os alimentos e
fármacos de diferentes classes terapêuticas. Disponível no link: http://revistas.cff.org.br
./infarma/article/view/632
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Bibliografia
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http://revistas.cff.org.br/infarma/article/view/632
https://www.scielo.br/pdf/rn/v15n2/11839.pdf
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https://www.youtube.com/watch?v=PhfhMBO-w9Q
https://www.youtube.com/watch?v=VzrvklX5Wmw
https://www.youtube.com/watch?v=VzrvklX5Wmw
https://www.youtube.com/watch?v=VzrvklX5Wmw
	Introdução
	2.1 Farmacodinâmica
	2.2 Alvo de ação dos fármacos
	2.2.1 Proteínas receptoras
	2.2.2 Enzimas
	2.2.3 Canais iônicos
	2.2.4 Transportadores
	2.2.5 Proteínas estruturais
	2.3. Classificação dos fármacos conforme interação fármaco-receptor
	2.4 Farmacologia aplicada ao sistema nervoso
	2.4.1 Agonistas e antagonistas dos sistemas parassimpático e simpático
	Agonistas do sistema parassimpático ou parassimpaticomiméticos
	Antagonistas do sistema parassimpático ou anticolinérgicos
	Agonistas do sistema simpático ou simpaticomiméticos
	Antagonistas do sistema simpático ou bloqueadores alfa e beta-adrenérgicos
	2.4.2 Sistema Nervoso Central (SNC)
	Barbitúricos
	Hidantoínas, oxazolidinodionas, succinimidas e acetilureias
	Antidepressivos tricíclicos (ADTs)
	Antidepressivos inibidores da recaptação de serotonina
	Inibidores da monoaminoxidadase (IMAO)
	Atípicos
	2.5 Farmacologia da dor e da inflamação
	2.5.1 Analgésicos
	2.5.2 Anti-inflamatórios
	2.6 Farmacologia da infecção e interação fármaco-nutriente
	2.6.1. Antibacterianos
	2.6.2. Antibacterianos que atuam na inibição da síntese proteica bacteriana
	2.6.3. Antibacterianos que atuam nos ácidos nucleicos bacterianos
	2.7 Antifúngicos
	2.8 Antivirais
	Conclusão
	Bibliografia

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