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CÁLCULO ZERO Jerônimo Flors 2CÁLCULO ZERO SUMÁRIO CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFTEC Rua Gustavo Ramos Sehbe n.º 107. Caxias do Sul/ RS REITOR Claudino José Meneguzzi Júnior PRÓ-REITORA ACADÊMICA Débora Frizzo PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO Altair Ruzzarin DIRETORA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (NEAD) Lígia Futterleib Desenvolvido pelo Núcleo de Educação a Distância (NEAD) Designer Instrucional Sabrina Maciel Diagramação, Ilustração e Alteração de Imagem Igor Zattera, Gabriel Castilhos Revisora Ana Clara Garcia Introdução 3 Introdução à matemática básica 4 Conjuntos numéricos 5 Representação dos números reais 6 Ordem na reta e a notação de intervalo 6 Operações com números reais 7 Produtos notáveis 13 Fatoração 14 Simplificação de polinômios fracionários 15 Pré-Cálculo 19 Equações 20 Generalidades sobre funções 23 Funções do primeiro e segundo graus 24 Funções exponenciais e logarítmicas 26 Funções trigonométricas 28 INTRODUÇÃO Neste livro estudaremos assuntos introdutórios para o seu sucesso nas distintas disciplinas da área de ciências exatas 4CÁLCULO ZERO A matemática estudada no Ensino Superior, como em cursos de engenharias, por exemplo, está ancorada em tópicos de matemática básica que são vistas no Ensino Fundamental e Médio. Porém, muitas vezes, não estamos lembrados desses conteúdos e isto acaba inviabilizando o nosso sucesso acadêmico INTRODUÇÃO À MATEMÁTICA BÁSICA Realizar operações matemáticas básicas, utilizar calculadoras e softwares, são competências esperadas para um estudante de engenharia. Podemos entender a matemática como uma construção histórica do homem na sua relação com o mundo. As civiliza- ções antigas valiam-se dessa ciência para edificações, trans- portes, agricultura e astronomia, por exemplo. Atualmente, não é possível elencar todas as suas aplicações, uma vez que ela está presente em praticamente todas as áreas do conhe- cimento. Nesta disciplina, veremos alguns fundamentos que irão fornecer subsídios para o Cálculo Diferencial e Integral, ou simplesmente, para o Cálculo, um dos mais importantes ramos da matemática. 5CÁLCULO ZERO Conjuntos numéricos Na Matemática, entendemos con- junto como uma coleção ou classe de elementos definidos. Existem conjuntos de números, animais, pessoas, objetos, estrelas, etc. Um conjunto geralmente é representado por uma letra maiúscula e os elementos são escritos dentro de chaves (BIANCHINI, PACCOLA, 1998). Conjunto unitário e conjunto vazio BIANCHINI e PACCOLA (1998) argumentam que o próprio nome sugere a ideia de conjunto unitário e vazio, sendo o unitário aquele que possui um único elemento e vazio aquele que não tem ele- mentos. Exemplos: Conjunto dos números primos pares é um conjunto unitátio: {2} Conjunto dos números primos entre 8 e10, é um conjunto vazio que pode ser representado por { } ou . Conjunto universo “Um conjunto que tenha todos os elementos com os quais se deseja trabalhar chama-se conjunto universo, e é geralmen- te representado pela letra U” (BIANCHI- NI e PACCOLA, 1998, p. 3) . Subconjuntos Podemos dizer que um conjunto A é subconjunto de um conjunto B, quando todo elemento de A é também elemento de B. Dizemos, então, que A B ( lemos A está contido em B). Operações com conjuntos Diferença entre conjuntos Sejam os conjuntos A ={2,4,6,8,10} e B= {2,5,7,10}. Para fazer A-B considera- mos os elementos de A e retiramos aque- les que são comuns ao conjunto B. Logo A-B={4,6,8} e chamamos de diferença entre A e B. Figura 1: conjuntos. Fonte: do autor. 6CÁLCULO ZERO Intersecção de conjuntos Sejam os conjuntos A ={2,4,6,8,10} e B= {2,5,7,10}. A intersecção entre os conjuntos consiste nos elementos que per- tencem a ambos conjuntos. Logo A B = {2,10}. Reunião de conjuntos (União de conjuntos) Sejam os conjuntos A ={2,4,6,8,10} e B= {2,5,7,10}. A união entre os conjuntos consiste na totalidade dos elementos per- tencentes aos dois conjuntos. Não devemos escrever elementos repetidos. Logo A B = {2,4,5,6,7,8,10} Representação dos números reais Número real é todo aquele que pode ser escrito na forma decimal. Assim como os objetos com alguma similaridade entre si podem ser reunidos numa coleção, os números com características semelhan- tes também são agrupados em conjuntos (DEMANA et al., 2013). O conjunto dos números reais apresenta vários subconjun- tos, como veremos a seguir: Conjunto dos números naturais: N = { 0 , 1 , 2 , 3 , ... } Conjunto dos números inteiros: Z = { ... , -2 , -1 , 0 , 1 , 2, ... } Conjunto dos números racionais: são aqueles que podem ser expressos na forma a/b, em que a e b são inteiros quaisquer, com b diferente de 0. Conjunto dos números irracionais: são aqueles que não podem ser expressos na forma a/b, com a e b inteiros e b dife- rente de 0. Dessa forma, são compostos por dízimas infinitas não periódicas. Assim, podemos concluir que o conjunto dos números reais é a reunião do conjunto dos números irracionais com o dos racionais. Destacamos que raízes de índice não pertencem ao conjunto dos números reais. Ordem na reta e a notação de intervalo Demana et al. (2013) justificam que o conjunto dos números reais é ordenado, o que significa dizer que existe a possi- bilidade de comparação entre os números reais utilizando-se desigualdades. Símbolo Definição Leitura a > b a- b é positivo a é maior que b a < b a-b é negativo a é menor que b a ≥ b a-b é positivo ou zero a é maior ou igual a b a ≤ b a-b é negativo ou zero a é menor ou igual a b Quadro 1: desigualdades. Fonte: Demana et al. (2013). 7CÁLCULO ZERO Alguns termos comumente uti- lizados Denominador: a parte “de baixo” de uma fração. Equação: é uma sentença aberta matemática, onde existe uma igualdade entre duas expressões algébricas. Fração: parcela, parte de um todo. Função: relação entre dois conjuntos numéricos. Numerador: a parte de “cima” de uma fração. Número primo: todo número que apresenta apenas dois divisores sendo um e ele mesmo. Racionalização de denominadores: processo que consiste em tornar um deno- minador irracional em racional sem alterar o valor numérico de uma fração. Operações com números reais Generalidades sobre frações Fração é uma forma de represen- tação de uma quantidade, a partir de um valor que foi dividido em partes. Sodré (2010) pondera que cerca de 3.000 anos antes de Cristo os antigos egípcios já re- alizavam a marcação e a divisão de suas terras às margens do Rio Nilo com o uso de frações. Graças ao fato das porções de terras raramente serem exatas, aquela ci- vilização sentiu a necessidade de utilizar recursos para a divisão em partes. Exemplos: I) Um engenheiro deve trabalhar 30 horas semanais. Em função do acú- mulo e tarefas ele precisou fazer 12 horas extras nesta semana. Qual é a fração que representa o que ele trabalhou a mais do previsto? 12/30 é a fração, sendo que o total deve ser representado na parte de bai- xo (denominador) e a parcela na parte de cima (numerador). Entretanto, podemos simplificar a fração conforme segue: Logo, podemos concluir que o en- genheiro trabalhou 2/5 além do previsto. II) A empresa “Teste 123 imple- mentos” realizou um processo seletivo com 180 candidatos para a vaga de vendedor, sendo relevante o fato do candidato falar outro idioma. O setor de RH observou que como segunda língua, 2/5 falam inglês, 2/9 falam francês, falam 1/3 espanhol e o restante alemão. Qual é o número de candidatos que fala alemão? 8CÁLCULO ZERO Operações com frações Soma e subtração Exemplo: O primeiro passo consiste em con- verter todas as frações ao mesmo denomi- nador. Para isso, devemos efetuar o míni- mo múltiplo comum dos denominadores, que no nosso exemplo será m.m.c. (3, 5, 13): 195. Portanto, todas as frações terão o denominador comum 195. Na sequência, devemos calcular o “novo” numerador de cada fração. Paraisso, dividimos 195 pelo seu denominador atual e após multiplicamos o resultado encontrado pelo numerador original: Para 1/3 temos que: 195: 3. 1 = 65, logo: 1/3 = 65/195 Para 2/5 temos que: 195: 5. 2 = 78, logo: 2/5 = 78/195 Para 3/13 temos que: 195: 13. 3 = 45, logo: 3/13 = 45/195 Desse modo, encontramos três frações equivalentes às frações originais, sendo que todas com o mesmo denomi- nador. Agora, basta efetuar o cálculo do numerador e simplificar o resultado, caso seja possível: Multiplicação Para realizarmos a multiplicação ou produto de frações, devemos multiplicar os numeradores entre si, fazendo-se o mesmo em relação aos seus denominadores e sim- plificando o resultado quando for possível. Exemplo: Perceba que, independentemente, de os denominadores serem todos iguais ou não, iremos simplesmente realizar a multiplicação: Divisão Devemos efetuar a inversão das fra- ções divisoras, trocando-se o seu nume- rador pelo seu denominador e realizando a multiplicação das novas frações. Exemplo: 9CÁLCULO ZERO Potenciação É uma multiplicação em série de um número por si mesmo. Exemplos: I) 2=2.2.2.2.2=32 II) Como exigência para prevenção de incêndios, a empresa “JBF plásticos” construiu um reservatório de água no for- mato de um cubo, com 4 metros de aresta. Qual é o volume do reservatório? Volume: 4³=4.4.4=64 m³ Vale a pena lembrar que 1 m³ cor- responde a 1.000 litros de água, ou seja, no reservatório cabem 64.000 litros de água. Obs. Esta relação só é válida para a água, outros líquidos se comportam de outra maneira em função de suas propriedades, especialmente a densidade. Propriedades das potenciações A seguir veremos algumas proprie- dades da potenciação. Base 1: quando a potência tiver base 1, o resultado será igual a 1. Exemplos: 1=1 1=1 Potência 1: potências de expoente 1 tem resultado igual à base. Exemplos: 6¹=6 8¹=8 x¹=x Potência de bases iguais: Multiplicação de base igual: con- servamos a base e somamos o expoente. Exemplos: 3².3= 3 5².5=5 Divisão de base igual: conservamos a base e diminuímos o expoente. Exemplos: 2³:2¹=2² 6¹³:6=6¹ 5 5 5 7 9 12 Figura 2: cubo. Fonte: do autor. 6 10 -2 10CÁLCULO ZERO Potência de expoentes iguais: mul- tiplicamos as bases e conservamos o ex- poente comum. Exemplos: 3³.2³=(3.2)³=6³=216 Expoente de base zero: Quando a base de nosso expoente é zero o resultado será sempre zero, assim será para qualquer valor que seja colocado no expoente com exceção do zero. Exemplos: 0³=0 0³²=0 0 =indefinido 0=indeterminado Base negativa: devemos observar o expoente. O expoente par produz um resultado positivo, um expoente ímpar um resultado negativo. Exemplos: I) (-12)³=+144 II) (-3)³=-27 Expoente negativo: devemos trocar o numerador pelo denominador da fração e resolver o cálculo. Exemplos: Radiciação Na perspectiva de Demana et al. (2013), se b²=a, então b é a raiz quadrada de a. Assim, -3 e 3 são raízes quadradas de 9, uma vez que (-3) ²=(3) ²=9. Do mes- mo modo, se b³=a, então b é a raiz cúbica de a. Destarte, 3 é a raiz cúbica de 27, pois 3³=27. O autor ainda enfatiza que seja √(n&a), se n for ímpar qualquer número apresenta uma única raiz enésima. Se n for par os números reais positivos apresentam duas raízes enésima. Operações com radicais Expoente fracionário Temos a possibilidade de converter o radical em um expoente fracionário e vice-versa. Exemplos: Raiz de um produto A raiz de um produto é dada pelo produto das raízes. Para fazer o produto de radicais é preciso que eles tenham o mesmo índice no radical ou o mesmo radicando. Exemplo: -1 0 11CÁLCULO ZERO Raiz do quociente A raiz de um quociente é dada pelo quociente das raízes. Assim, para fazer o quociente de radicais é preciso que eles tenham o mesmo índice no radical ou o mesmo radicando Exemplo: Adição e subtração A adição e subtração de radicais só é possível quando são semelhantes. Logo, devemos colocar os radicais em evidência e somar apenas a parte racional. Exemplos: Racionalização de denominadores É um recurso matemático com o intuito de transformar o número irracional do denominador de uma fração em um número racional, sem alterar o seu valor numérico. Exemplos: Perceba que o processo matemático consistiu em multiplicar o numerador e o denominador da fração por √5. Observe que multiplicamos numera- dor e denominador por , com a intenção que o próximo passo produzisse , possibilitando, assim, a extração do radical do denominador. Note que multiplicamos numera- dor e denominador pelo mesmo termo, porém com o sinal do meio trocado. Isso possibilita uma simplificação que extrai o radical do denominador. Polinômios Cálculos envolvendo polinômios serão utilizadas em diversas situações no decorrer do seu curso de engenharia. Por isso, é importante termos clareza de suas propriedades e operações. 12CÁLCULO ZERO Segundo Demana et al. (2013) um polinômio é uma sequência de monômios, que são termos algébricos compostos por um coeficiente numérico e uma parte lite- ral. O grau de um polinômio é dado pelo maior expoente que a expressão possuir. Polinômios com dois termos são chamados de binômios e com três trinômios. Soma e subtração Basta eliminar os parênteses ob- servando-se o sinal da frente e podemos pensar que o sinal de menos faz com que todos os termos tenham o seu sinal inver- tido, enquanto o sinal de mais faz com que todos os sinais permaneçam como estão. Exemplo: (5x²-2x+3) - (3x²-7x+5) = 5x²-2x+3-3x²+7x-5 5x²-3x²-2x+7x+3-5 2x²+5x-2 Multiplicação Devemos aplicar a propriedade dis- tributiva, fazendo com que todos os termos sejam multiplicados entre si. Além disso, é necessário observarmos as regras de si- nais da multiplicação, considerando que quando multiplicamos variáveis iguais, conservamos a base e somamos o expoente, e quando multiplicamos variáveis diferen- tes, basta escrever uma ao lado da outra. Exemplos: (-3x³ ).(-7x² )= +21x (-8a).(+7b)= -56 ab 3x.(x²-2x+3)=3x³-6x²+9x (2x-1).(3x²+4x)= 6x³+8x²-3x²-4x= 6x³+5x²-4x= 5 Muito cuidado com as propriedades das potenciações, já vistas anteriormente. 13CÁLCULO ZERO Produtos notáveis Quadrado da soma de dois termos O quadrado da soma de dois termos, também chamado de quadrado perfeito (a + b )², é igual ao quadrado do primeiro termo (a²) , mais duas vezes o produto do primeiro termo pelo segundo ( +2ab), mais o quadrado do segundo termo (+b²). Ou seja, (a+b)²=a²+2ab+b² Exemplo: (2x+y)² 4x^2+4xy+y² Também podemos efetuar o cálculo com a multiplicação de polinômios: (2x+y)^2=(2x+y).(2x+y) 4x^2+2xy+2xy+y² 4x^2+4xy+y² Quadrado da diferença de dois termos Segue a mesma lógica do quadrado da soma de dois termos, entretanto, existe um sinal de menos entre os dois termos. Exemplo: (x-3)^2= x^2-6x+9= Também podemos realizar o cálculo com a multiplicação de polinômios: (x-3)²=(x-3).(x-3) x²-3x-3x+9 x²-6x+9 Produto da soma pela diferença O produto da soma pela diferen- ça de dois termos (a+b) . (a-b) é igual ao quadrado do primeiro termo (a²) menos o quadrado do segundo termo (-b²). Exemplo: (x-3)(x+3)= x^2-9= 14CÁLCULO ZERO Fatoração Demana et al. (2013) esclarecem que fatorar um polinômio consiste em es- crevê-lo na forma de dois ou mais fatores polinomiais. Os autores ainda comentam que um polinômio que não pode ser fato- rado com o uso de coeficientes inteiros é chamado de irredutível. A fatoração está completa quando o polinômio estiver es- crito com um produto de seus fatores ir- redutíveis. Fatorar polinômios, adequadamente, será indispensável para o seu sucesso nas disciplinas de Cálculo I e II. Principais casos de fatoração Fator comum e evidência Consiste em colocar em evidência os fatores que são comuns a cada um dos termos. Exemplos: 2x³+2x²-6x=2x(x²+x-3) u³ v+uv³=uv(u²+v²) Diferença de dois quadrados Éutilizada quando temos uma di- ferença entre dois termos que conhecemos suas raízes quadradas. Exemplos: 25x²-36=(5x-6).(5x+6) 4x²-81=(2x-9).(2x+9) Trinômio do quadrado perfeito É um trinômio cujo produto das ra- ízes dos termos dos extremos corresponde à metade do módulo do termo do meio. Exemplo: x²-10x+25= Perceba que: Logo, (x-5)² é a fatoração do po- linômio. 15CÁLCULO ZERO Agrupamento Para Demana et al. (2013, p. 28) quando um polinômio de quatro termos é o produto de dois binômios, temos a possibilidade de agrupar os termos para fatorar, colocando o termo comum em evidência duas vezes. Exemplo: 3x³+x²-6x-2= (3x³+x² )-(6x+2)= x² (3x+1)-2(3x+1)= (3x+1)(x²-2)= Fatoração de trinômios como produto de binômios Quando o termo a do trinômio for igual a 1, uma alternativa para este modelo de fatoração é resolver a equação e aplicar a fórmula (x-r).(x-r), em que r são as raízes da equação. Exemplo: x²-7x+10= Resolvendo a equação encontramos 5 e 2 como raízes. Logo, (x-5).(x-2)= Simplificação de polinômios fracionários Demana et al. (2013, p.34) argu- menta que “para simplificar uma expressão racional (ou número racional), eliminamos todos os fatores comuns do numerador e denominador até que a expressão fique na forma mais simples”. Assim, as fatorações vistas anteriormente podem ser úteis para o processo de simplificação de polinômios. Exemplos: (x²-3x)/(x²-9)= Perceba que no numerador utili- zamos a fatoração por termo comum e evidência, já no denominador a diferença de dois quadrados. Os termos que apare- cerem idênticos foram eliminados. Também, observe que no numera- dor utilizamos a fatoração por diferença de dois quadrados, bem como no deno- minador trinômio do quadrado perfeito. Os termos que estiverem idênticos foram eliminados. 16CÁLCULO ZERO Exercícios 1) Calcule as frações: a) b) c) d) e) 2) Encontre os resultados: a) b) c) d) 3) Racionalize o denominador: a) b) c) 17CÁLCULO ZERO d) 4) Fatore as expressões a seguir: a) b) c) d) e) 5) Escreva na forma reduzida: a) b) c) d) e) f) Gabarito 1) a) 26/21 b) -7/12 c) -17/30 d) -1/4 e) -10/9 2) a) 1/49 b) 121/36 c) -512 d) 49/144 3) a) √5/5 b) (5√7)/21 c) √6/21 d) (15+5√2)/7 4) a) 5(x-3) b) (5x-6) (5x+6) c) (z-7)(z+7) d) (x+3)² e) (x-7)(x-2) 5) a) (y+1)/3y b) x -7 c) c/a d) 5/(x-2) e) (x-2)/(x+2) f) a+b 19CÁLCULO ZERO PRÉ-CÁLCULO O cálculo divide-se em duas grandes áreas: o cálculo diferencial e o cálculo integral. Neste capítulo, iremos estudar fundamentos para sustentar a sua evolução neste relevante ramo da matemática Mesmo que limites, continuidades, derivadas e integrais sejam as pautas principais de um curso de Cálculo, o conhecimento de assuntos mais básicos como, por exemplo, funções e trigonometria fazem-se cruciais para o bom entendimento e o sucesso na disciplina. Nesse contexto, não basta apenas saber realizar operações matemáticas, mas compreender o contexto e as aplicações, de modo que, seja possível a visualização desses conteúdos, tanto em situações práticas, quanto em situações abstratas que exijam imaginação. Muitos dos cálculos mais complexos da matemática estão ancorados em conteúdos relativamente simples, que não podem ser esquecidos pelo estudante de engenharia. 20CÁLCULO ZERO Equações Demana et al. (2013) argumenta que a equação é uma sentença matemática em que temos uma igualdade entre duas expressões. Resolver uma equação significa encontrar o valor da incógnita, que é um termo desconhecido. O grau de uma equação é dado pelo maior expoente das suas incógnitas. As- sim: 2x-16=8 é uma equação do primeiro grau x²-7x+10=0 é uma equação do segundo grau x -2x²+3x-16=0 é uma equação do quarto grau Equações do primeiro grau Uma equação do primeiro grau é composta por dois termos: o primeiro e o segundo termo. O sinal de igual é res- ponsável por fazer a separação entre eles. Em uma equação, devemos separar os ele- mentos variáveis dos elementos constantes. Exemplos: 2x+7=-3x+12 2x+3x=12-7 5x=5 x=5/5=1 Uma casa com três quartos tem uma área total construída de 260m². Sabemos que os três quartos possuem a mesma área e que o restante da casa ocupa 140 m². Qual é a área de cada quarto? Considere x como a área dos quartos (pode ser outra letra). 3x+140=260 3x=260-140 3x=120 x=120=40 m² 2(2x-3)+3(x+1)=5x+2 4x-6+3x+3=5x+2 4x+3x-5x=2-3+6 2x=5 x=5 (5x-2)=2+x (5x-2=16+2x) 5x-2x=16+2 3x=18 x=18=6 4 4 2 8 8 8 3 21CÁLCULO ZERO Equações do segundo grau Uma equação do segundo grau é aquela que está descrita na forma: ax^2+bx+c=0, em que a, b e c são números reais e a ≠0. Quando b ou c forem iguais a zero, dizemos que a equação do segundo grau é incompleta. O grau de uma equação é dado pelo grau do polinômio que a compõe. Resolução de equações do segundo grau incompletas Situação 1: Quando b=0 Exemplos: x²-9=0 x²=9 x=±√9 x=±3 S={-3,+3} ii) Uma tela retangular tem uma área de 9.600 cm². Sabemos que o com- primento corresponde a uma vez e meia a sua altura. Então, quais são as medidas do comprimento e largura da tela? Seja x a medida das dimensões da tela. Então 1,5x será o comprimento e x a altura. Vamos lembrar que área de um retângulo é dada pelo produto da base pela altura. Logo: Como estamos falando de medidas, vamos considerar apenas o valor positivo. Assim, o comprimento vale 80 cm e a largura 120 cm. Situação 2: Quando c = 0 Exemplos: x²-6x=0 x(x-6)=0 x1=0 x-6=0 x2=6 S={0,6} 22CÁLCULO ZERO Resolução de equações do segundo grau completas Uma equação do segundo grau com- pleta é aquela que possui os termos a, b e c diferentes de zero. Dessa forma, utilizamos a fórmula de Bháskara: Exemplos: 1) 2) 3) Um senhor tem um terreno retan- gular que mede 26m de comprimento por 16m de largura. Ele deseja aumentar a área de seu terreno para 816m², acrescentando duas faixas de terra com a mesma largura em um dos lados e nos fundos. Qual deve ser a largura dessas faixas? Como estamos falando de medidas, vamos considerar apenas o valor positivo, logo as faixas devem ter 8m de largura. 23CÁLCULO ZERO Generalidades sobre funções Demana et al. (2013) definem fun- ções como uma regra de formação que associa todo elemento de um conjunto A a um único elemento de B. Já Thomás et al. (2012) argumentam que diversos fenômenos cotidianos podem ser mode- lados por funções como, por exemplo, a temperatura de algum material, os juros recebidos em algum investimento, o custo na produção de algo, etc. Desse modo, podemos chamar o conjunto A de domínio da função e o con- junto B de contradomínio. Considera-se o domínio como os valores de entrada e a imagem como os valores de saída (THO- MÁS et al., 2012, p. 1). Observe a figura a seguir, a qual representa o diagrama sagital de uma função: Podemos considerar: Domínio: A = {0,1,3,5} Contradomínio: B = {2,4,6,8,10} Imagem: Im= {2,4,6,8} Determinando o domínio de uma função O domínio de uma função é o con- junto formado por todos os números reais que a variável arbitrária x pode assumir, de modo que as operações indicadas em f(x) possam ser efetuadas no conjunto dos números reais. Exemplos: A variável x não pode assumir va- lores que anulem o denominador. Então devemos ter: I) Seja f(x)= 5 x-3 ≠0 x ≠3 Logo, D={x∈ R/ x≠3 } II) f(x)= √2x+8 Este é um dos conteúdos mais relevantes para o seu sucesso no Cálculo Figura 3: diagrama sagital. Fonte: do autor. x-3 24CÁLCULO ZERO A variável x não pode assumir va- lores que tornem o radicando 2x -8 um número negativo. Então devemos ter: 2x+8≥0 2x≥-8 x≥-4 Logo, D={ x∈ R /x≥-4} III) Seja f(x)=7x A variável x pode assumir qualquer valor real, pois 7x é um número real qual- quer que seja x. Logo: D= R Funções do primeiro e segundo graus Funções do primeiro grau Pense na seguinte situação:Um taxista cobra R$ 2,50 por uma corrida de taxi mais R$ 5,00 para cada quilômetro rodado. Perceba que existe uma relação matemática entre dois conjuntos (A e B), ou seja, entre os quilômetros rodados e o preço a ser cobrado. Essa relação pode ser expressa matematicamente, em que P é o preço a ser pago e x os quilômetros rodados: P(x)=2,50+5x Agora pense no seguinte: Quanto vou gastar para rodar 2km? P(2)=2,50+5.2 P(2)=2,50+10=12,50 Disponho de apenas R$ 10,00, quanto posso rodar, no máximo? 2,50+5x=10 5x=10-2,50 x=7,50/5=1,5 km Observações: O gráfico de uma função do primeiro grau é uma reta. O conjunto imagem da função do primeiro grau é o conjunto dos reais. A função do primeiro grau com b=o é chamada linear. 25CÁLCULO ZERO Coeficientes a e b de uma função do primeiro grau Na função polinomial do primei- ro grau, o número real a é chamado de coeficiente angular e está relacionado à inclinação da reta em relação ao eixo Ox. Se a > 0 então a função é crescente. Se a< 0 então a função é decrescente. Já o termo b, é chamado de coefi- ciente linear e indica o ponto em que a reta corta o eixo Oy. Funções do segundo grau ou quadrática Definição de uma função do se- gundo grau Uma função do segundo grau é qualquer função especificada por uma re- gra da forma f(x) = ax² + bx +c, em que a, b e c pertencem ao conjunto dos números reais e a ≠0. Exemplos: f(x)=x²-4x+3 Observe que a função é crescente. Neste caso, afirmamos que ela apresenta um ponto de mínimo. f(x)=-x²+10x-25 Observe que a função é decrescente. Neste caso, afirmamos que ela apresenta um ponto de máximo. Vértice da função do segundo grau Podemos encontrar o ponto de má- ximo ou de mínimo de uma função en- contrando o vértice. Observações: O gráfico de uma função do segundo grau é uma parábola. Se a>0, então a função é crescente. Se a<0 a função é decrescente. As raízes da função são os pontos onde a parábola intercepta o eixo Ox. O termo c é o ponto onde a parábola intercepta o eixo Oy. Figura 4: gráfico da função do segundo grau. Fonte: do autor. Figura 5: gráfico da função do segundo grau. Fonte: do autor. 26CÁLCULO ZERO Funções exponenciais e logarítmicas Funções exponenciais Bianchini e Paccola (1998) definem a função exponencial como uma expres- são matemática em que a variável é uma potência e a base é uma constante. Vejamos as principais caracte- rísticas da função exponencial: 1. f é contínua, o seu domínio é R e o seu contradomínio é ; 2. f é crescente se b > 1 e é de- crescente se b < 1; 3. f (0) = 1 e f (1) = b; Exemplo: Considere uma cultura de bactérias na qual o número de indivíduo se duplica a cada minuto. Para uma população inicial de 10 bactérias teremos (BIANCHINI, PACCOLA, 1998, p. 109): Ao final de um minuto = y1=10.2=20 bactérias Ao f inal de dois minutos = y2=(10.2).2=(10.2)²=40 bactérias Ao final de três minutos = y3=(10.2² ).2=10.2³=80 bactérias Percebemos que a lei da função é definida por y=10.2 O gráfico desta função será dado por: No entanto, perceba que no eixo x os valores negativos são apenas represen- tativos, pois na nossa situação o x inicial é igual a zero. Função logarítmica x Figura 6: gráfico de função exponencial. Fonte: do autor. 27CÁLCULO ZERO A expressão matemática que define a função logarítmica é um logaritmo. No logaritmo a base é constante e o valor de x é o termo variável. Toda função definida pela lei de formação f(x) = logax, com a ≠ 1 e a > 0 é denominada função logarítmica de base a. Nesse tipo de função o domínio é representado pelo conjunto dos números reais maiores que zero e o contradomínio, o conjunto dos reais. Exemplos: I) f(x) = log2x II) f(x) = log3x Gráficos de uma função logarít- mica O gráfico de uma função logarít- mica apresenta as seguintes caracterís- ticas: O gráfico está totalmente à direita do eixo y, pois ela é definida para x > 0. Intersecta o eixo das abscissas no ponto (1,0), então a raiz da função é x = 1. A imagem corresponde ao conjunto dos reais. É uma função inversa da exponencial. É uma função contínua e crescente. Os logaritmos podem também defi- nir-se de forma mais “aritmética”, de forma a facilitar o seu cálculo. Assim, temos que o logaritmo de um número numa base b > 1 é o expoente a que se tem de elevar a base para obter o número, isto é, logbf(x=a←→bª)=x Algumas propriedades 1. Logaritmo de um produto: 2. Logaritmo de um quociente: 3. Logaritmo de uma potência: 4. Logaritmo de uma raiz: 5. Mudança de base de logaritmos: Figura 7: gráfico da função logarítmica. Fonte: do autor. 28CÁLCULO ZERO Funções trigonométricas Medidas de Ângulos Para medir ângulos e arco de cir- cunferência, usualmente, utilizamos o grau como unidade de medida, porém, no cálculo é muito comum o emprego da unidade radiano. Transformando graus em radianos O comprimento de uma circunfe- rência em radiano é igual a 2π rad, então como o comprimento de uma circunferên- cia equivale a uma volta completa, que é o mesmo que 360º, então, podemos concluir que 360º = 2π rad. A partir daí, podemos encontrar qualquer ângulo utilizando uma regra de três simples: Exemplo: Qual seria a medida do ângulo 60º em radianos? 180º ------------------ π 60º ------------------ x Perceba que 180º equivale a π. 180 x = 60 π x = 60π 180 x = π 3 Soma dos ângulos internos de um triângulo retângulo Os triângulos possuem uma pro- priedade particular muito interessante relativa à soma de seus ângulos internos. Essa propriedade garante que em qualquer triângulo, a soma das medidas dos três ângulos internos é igual a 180 graus. 29CÁLCULO ZERO Teorema de Pitágoras O triângulo retângulo é formado por dois catetos e a hipotenusa, que cons- titui o maior segmento do triângulo e é localizada oposta ao ângulo reto. Logo, observe: Catetos: a, b Hipotenusa: c O Teorema diz que: “a soma dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa”. Ou seja: Exemplo 1 Calcule o valor do segmento desco- nhecido no triângulo retângulo a seguir. x² = 9² + 12² x² = 81 + 144 x² = 225 √x² =√225 x = 15 Razões trigonométricas No triângulo retângulo definem-se Seno= cateto oposto Cosseno= cateto adjacente Tangente= cateto oposto Exemplos: Perceba que temos a hipotenusa e o cateto oposto, pois ele está em oposição ao ângulo. Assim: Hipotenusa: 8 Cateto oposto: x Ângulo: 30 graus a² = b² + c² hipotenusa hipotenusa cateto adjacente 30CÁLCULO ZERO Como o triângulo em questão está considerando a hipotenusa e o cateto opos- to, devemos optar por uma fórmula que considere esses dois elementos, ou seja, a lei de seno. Seno:cos Agora, você precisará pegar a tabela das funções trigonométricas, em anexo no final do Ebook, ou utilizar uma calcula- dora científica para encontrar o seno de 30.o. Dessa forma: Sen 30∶x 0,5=x x=4 II) Um avião levanta voo sob um ângulo constante de 20º. Após percorrer 2 000 metros em linha reta, qual será a altura atingida pelo avião, aproximada- mente? (Utilize: sem 20º = 0,342; cos 20º = 0,94 e tg 20º = 0,364). Em problemas de aplicação sempre procure fazer um desenho ou esboço para ter clareza da configuração dos elementos presentes. Nesse problema temos: Hipotenusa: 2.000 m Cateto oposto: x Ângulo: 20.o Vamos encontrar uma fórmula que considere a hipotenusa e o cateto oposto. Novamente é a lei de seno. Assim: seno 20= x 0,3420= x x=684 m hip 2000 2000 8 8 Nesse exemplo, trabalhamos com 4 casas depois da vírgula. Quanto mais casas forem utilizadas, maior será a precisão. 31CÁLCULO ZERO Exercícios 1) Calcule as equações a seguir: a) 2x-3=4x-5 b) 4-3x=2(x+4) c) 4(x-2)=5x d) x/2+1/3=1 e) x²-5x+6=0 f) 2x²-7x=15 g) 10+x(x-2)=2 2) Resolva os problemas envolvendo trigonometria: a) Um alpinista deseja calcular a altura de uma encosta que vai escalar. Para isso, afasta-se, horizontalmente,80 m do pé da encosta e visualiza o topo sob um ângulo de 55°. Nesse caso, se ele tem 1,75 m, calcule a altura aproximada da encosta. (Dados: sem 55° = 0,81, cos 55° = 0,57 e tg 55° = 1,42). b) A pipa de João enroscou no topo de um poste. Se ele está a 6 m do poste e o ângulo entre a linha e o solo é de 60º. Qual é a altura do poste? c) Uma escada de bombeiros está encostada no topo de um edifício, tendo seus pés afastados a 50 m da base do edifício, formando assim, com o plano horizontal, um ângulo de 32. Se cada andar do edifício tem aproximadamente 3,47 metros, quantos andares tem o edifício? Gabarito 1) a) X=1 b) X= -4/5 c) X= -8 d) X=4/3 e) S={2, 3} f) S ={-3/2, 5} g) X não pertence ao conjunto dos números reais 2. a) R. 115,35 b) r. 10,39 m c) r. 31,24 m e 9 andares. Referências BIANCHINI, E; PACCOLA, E. Curso de Matemática: volume único. 2 ed. São Paulo: Moderna, 1998. DEMANA, F. D. (org.). Pré-cálculo. 2. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2013. SODRÉ, U. Matemática essencial – Frações racionais. (2010). Disponível em <http://www.uel.br/projetos/matessencial/superior/ matzoo/fracoes.pdf> Acesso: agosto de 2014. introdução Introdução à matemática básica Conjuntos numéricos Representação dos números reais Ordem na reta e a notação de intervalo Operações com números reais Produtos notáveis Fatoração Simplificação de polinômios fracionários Pré-Cálculo Equações Generalidades sobre funções Funções do primeiro e segundo graus Funções exponenciais e logarítmicas Funções trigonométricas