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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA ALEXANDRE JOSÉ KUHLS DOS SANTOS GESTÃO EM SAÚDE A HUMANIZAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE Santana do Livramento 2021 ALEXANDRE JOSÉ KUHLS DOS SANTOS GESTÃO EM SAÚDE A HUMANIZAÇÃO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE Dissertação apresentada ao programa Pós- graduação Stricto sensu em Administração Pública da Universidade Federal do Pampa, como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Bacherelado em Administração Pública. Orientador: Profº. Kathiane Benedetti Corso Coorientador: Profº. Jasam Santos Santana do Livramento 2021 RESUMO A proposta deste estudo é analisar a produção científica na área da gestão pública em serviços de saúde que discutem a humanização do profissional da enfermagem no seu ambiente de trabalho, neste caso no serviço público em saúde, que atuam na Estratégia Saúde da Família (ESF), quanto, ao atendimento prestado nos serviços de saúde acerca da Política de Humanização. Para tal realizou- se um levantamento bibliográfico, sendo examinados artigos científicos da área de enfermagem e gestão pública, livros que discutem sobre humanização e o perfil do profissional da enfermagem nos serviços públicos em saúde, na busca de um maior conhecimento acerca do assunto, trazendo sua contribuição acadêmica para os profissionais de saúde e gestores, pois, busca conhecer a magnitude da humanização na saúde e identificar os fatores que implicam na implantação da política no dia a dia do Sistema Único da Saúde (SUS). Gerando-se assim, uma reflexão de que o mais importante na humanização dos profissionais da enfermagem que prestam serviços nas unidades de saúde pública é seu comprometimento com os pacientes, ultrapassando as dificuldades que o setor público apresenta. Palavras-chave: Humanização, Atendimento humanizado – Gestão humanizada ABSTRACT The purpose of this study is to analyze the scientific production in the area of public management in health services that discuss the humanization of nursing professionals in their work environment, in this case in the public health service, who work in the Family Health Strategy (ESF), regarding the care provided in health services regarding the Humanization Policy. To this end, a bibliographic survey was carried out, examining scientific articles in the area of nursing and public management, books that discuss humanization and the profile of nursing professionals in public health services, in the search for greater knowledge on the subject, bringing its academic contribution to health professionals and managers, therefore, it seeks to understand the magnitude of humanization in health and to identify the factors that imply the implementation of the policy in the daily life of the Unified Health System (SUS). Thus generating a reflection that the most important thing in the humanization of nursing professionals who provide services in public health units is their commitment to patients, overcoming the difficulties that the public sector presents. Keywords: Humanization - Humanized service - Humanized management LISTA DE SIGLAS SUS Sistema Único de Saúde. SUDS Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde. PNHAH Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar. PNH Política Nacional de Humanização. OMS Organização Mundial da Saúde MS Ministério da Saúde INPS Instituto Nacional de Previdência Social. INAMPS Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social. IAPs Institutos de Aposentadorias e Pensões. IAPAS Instituto de Administração da Previdência Social. HIV Vírus da Imunodeficiência humana SUMARIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 7 2. JUSTIFICATIVA ...................................................................................................... 9 3. OBJETIVOS ............................................................................................................ 9 3.1 Objetivo Geral ...................................................................................................... 9 3.2 Objetivos Específicos ......................................................................................... 9 4. METODOLOGIA ..................................................................................................... 9 CAPÍTULO I - HUMANIZAÇÃO NA SAÚDE ........................................................... 10 1.1 Origem e conceito de Humanização na Saúde ............................................... 10 1.2 Qual é o objetivo da Humanização na Saúde ................................................. 11 1.3 Qual a importância da Humanização na Área da Saúde ........................................ 11 1.4 Quais as características de um Atendimento Humanizado na Área da Saúde.........................................................................................................................13 1.5 Quais são os benefícios da Humanização da Saúde ..................................... 14 1.6 Onde a Humanização na Saúde pode ser aplicada? ...................................... 15 1.7 Humanização na Saúde: como aplicar ............................................................ 16 CAPÍTULO II - POLÍTICA DE SAÚDE NO BRASIL E A HUMANIZAÇÃO ............. 18 2.1 O Histórico e a Criação do Sistema Único de Saúde (SUS) .......................... 18 2.2 A Política Nacional de Humanização ............................................................... 21 CAPÍTULO III - PERFIL DO PROFISSIONAL NA HUMANIZAÇÃO DA SAÚDE PÚBLICA .................................................................................................................. 24 3.1 O perfil do profissional na humanização da saúde pública .......................... 24 3.2. Atuação profissional humanizada x Atuação profissional humanizadoras ...................................................................................................................................26 3.3 A humanização enquanto prática sob a égide da formação do profissional ligado ao setor saúde ............................................................................................. 27 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 30 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 32 7 1 INTRODUÇÃO O presente trabalho, cuja temática trata da Humanização na Área da Saúde, busca, refletir sobre às questões relativas à humanização do atendimento. Assim, a Humanização na Saúde tem sido associada a diferentes e complexas categorias relacionadas à produção e gestão de cuidados em saúde, tais como: integralidade; satisfação do usuário; necessidades de saúde; qualidade da assistência; gestão participativa; e protagonismo dos sujeitos; além de uma assistência capaz de prover acolhimento, resolutividade, bem como visar à melhoria da qualidade de vida dos sujeitos. O interesse por esta temática está em observar o quanto a política de saúde e, em particular, a Política Nacional de Humanização (PNH) do Sistema Único de Saúde (SUS), se materializa de forma contraditória e conflituosa, defrontando-se diariamente com a afirmação e a negação do direito à saúde. Neste sentido, constatou-se que a Humanização na Área da Saúde, é um tema que vem sendo muito discutido apósa formulação do Sistema Único de Saúde (SUS), como uma forma de garantia não só das diretrizes que este programa de saúde apresenta, mas também para assegurar o acesso ao serviço à informação e a todos os recursos tecnológicos necessários para a defesa da vida, contribuindo com a luta cotidiana no campo de tensões da política de saúde brasileira. O SUS, nasce em meio a lutas pela redemocratização nacional em 1988, com a finalidade de alterar a situação de desigualdade na assistência à saúde da população, tornando obrigatório o atendimento público a qualquer cidadão, sendo proibidas cobranças de dinheiro sob qualquer pretexto. Este sistema ainda traz consigo princípios básicos, de responsabilidade do Estado previstos na Constituição Federal de 1988. Em 2003 nasce a PNH, busca colocar em prática os princípios doutrinários e filosóficos do SUS no cotidiano dos serviços de saúde, produzindo mudanças nos modos de gerir e cuidar dos usuários e servidores, tais como: o acesso com acolhimento atenção integral com responsabilidade e vínculo; valorização dos trabalhadores; e usuários com participação na gestão. Estas se tornam essenciais para o processo de implantação da política de humanização. O desafio da humanização é a criação de uma nova cultura de atendimento, pela restituição da centralidade dos sujeitos na construção coletiva do SUS, levando- 8 se em conta, projeto de humanização na área da saúde, que quando mobilizados, são capazes de transformar realidades, inclusive com a ampliação da valorização do trabalho profissional neste campo. Sabendo-se, que neste ambiente, atuam médicos, psicólogos, sanitaristas, administradores, governantes e outros profissionais, fazendo com que o enfermeiro vem há desenvolver outras habilidades além das técnicas, articulando e desenvolvendo trabalhos em parceria, expandindo e ampliando sua visão sua visão para outras áreas, como exemplo na área administrativa que segundo Chiavenatto (2008) precisa possuir a visão de saber identificar os problemas de forma ampla, bem como saber intervir e avaliar os resultados dos demais profissionais que com ele atuam. Após a leitura do material apanhado com a pesquisa bibliográfica, realizou-se a leitura de todo o material encontrado, assim pôde-se fazer uma seleção de quais materiais iriam subsidiar este estudo, considerando o interesse e relevância para a pesquisa. Diante do caminho metodológico adotado a apresentação do conjunto desta pesquisa o trabalho está estruturado a partir de uma introdução sobre o contexto do tema em questão, em três capítulos, onde: no Capítulo I - Humanização na Área da Saúde, são discutidos os conceitos e teorias acerca de um breve histórico sobre o tema proposto, assim como: seus objetivos; sua importância; quais as características de um Atendimento Humanizado na Área da Saúde; seus benefícios, onde, pode ser aplicada e como aplicá-la e por último as considerações finais; o Capítulo II - expressa sobre a Política de Saúde no Brasil e a Humanização; apresenta o SUS; o Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar e, posteriormente, a Política Nacional de Humanização; e no Capítulo III - apresenta-se reflexões sobre histórico e a criação do SUS, na busca de compreender melhor a atuação dos processos relacionados à humanização do atendimento na saúde, consequentemente, há também um esclarecimento a respeito da criação e funcionamento da PNH, apresenta ainda, considerações finais e referências bibliográficas. 9 2. JUSTIFICATIVA Justifica-se que o presente trabalho, busca, discutir elementos da humanização dos profissionais de enfermagem, visto a capacidade que esse profissional tem em falar e ouvir os pacientes nas suas mais diversas enfermidades e situações de vida, entendendo nesse sentido, que a humanização só se concretiza pelo diálogo entre os próprios seres humanos, bem como servirá como fonte de aprimoramento de conhecimentos sobre cuidado humanizado em saúde. 3. OBJETIVOS 3.1 Objetivo Geral Discutir a humanização na área da saúde, quanto ao atendimento prestado nos serviços de saúde acerca da Política de Humanização. 3.2 Objetivos Específicos - Ter conhecimento acerca do assunto, quanto ao desenvolvimento de políticas e programas de humanização na saúde; - Identificar os fatores que implicam na implantação da Política de Humanização (PH), no dia-a-dia do SUS; e - Gerar uma reflexão e análise sobre o assunto, quanto à inserção local dos serviços de saúde à PNH. 4. METODOLOGIA A construção teórico-metodológica do objeto de estudo, incluiu levantamento e análise de bibliografias que tratam da temática central de pesquisa, na busca de um aprofundamento teórico sobre conceitos e categorias que orientaram todo o processo de pesquisa, como: saúde, humanização, serviço social, cuidado em saúde, política pública, humanização da assistência, entre outras. Assim, estas informações, foram fundamentadas teoricamente em análises dos material empírico coletados, por meio da busca em livros, artigos e teses/dissertações, além de consultas em sites da Internet dentre eles: www.bvsms.saude. gov.br, www.saude.gov.br, gerando assim, uma reflexão e análise sobre o assunto, quanto à inserção local dos serviços de saúde a esta política. 10 CAPÍTULO I - HUMANIZAÇÃO NA SAÚDE Neste capítulo, apresenta-se conceitos e reflexões sobre o termo humanização, embora esse termo aconteça em outras áreas, será tratado a humanização na área da saúde para melhor compreender a política pública que ora analisa-se nesta pesquisa. Consequentemente, busca-se por meio da concepção de diversos autores, definições e reflexões que podem ser consideradas fundamentais no entendimento de humanização, especialmente, no que se refere ao atendimento na área da saúde. 1.1 Origem e conceito de Humanização na Saúde O termo Humanização é utilizado há muitas décadas. Não se sabe ao certo o período em que começou a ser utilizado, contudo sabe-se que se até os dias atuais se apresenta com sentidos diversos. No sentido filosófico, a Humanização é um termo que encontra suas raízes no Humanismo, que de tal maneira acreditavam que deviam investir no aprimoramento das pessoas e pautaram-se em um conjunto de crenças, nas quais o ser humano é bom e capaz de realizações a favor da humanidade e na existência de uma sociedade mais consciente, harmônica e feliz. Ao analisar a corrente filosófica do humanismo, por humanização segundo (BENEVIDES & PASSOS, 2005), entende-se, por a retomada ou revalorização da imagem idealizada do homem e mais a incitação a um processo de produção de novos territórios existenciais. Mas, de acordo com Lepargneur (2003), humanizar é saber promover o bem comum acima da suscetibilidade individual ou das conveniências de um pequeno grupo. Porém, para Pessini (2004), é possível e adequado para a humanização se constituir, sobretudo, na presença solidária do profissional, refletida na compreensão e no olhar sensível, aquele olhar de cuidado que desperta no ser humano sentimento de confiança e solidariedade. No campo das políticas de saúde “humanização” diz respeito à transformação dos modelos de atenção e de gestão nos serviços e sistemas de saúde, indicando a necessária construção de novas relações entre usuários e trabalhadores. Diante dessas considerações, compreende-se que o termo humanização, implica em cumplicidade, universalidade e solidariedade com todos os envolvidos. A 11 humanização, propõe a construção coletiva de valores que busquem a dignidade humana na área da saúde. Assim sendo, a humanização é representada na vertente moral ao evocar valores humanitários, como: respeito, solidariedade, compaixão, empatia e bondade. Tais valores morais, pensados como juízos sobre as ações humanas que as definem como boas ou más, como um conjunto de açõesque valorizam e qualificam a busca pelo melhor atendimento aos pacientes e melhores condições para os trabalhadores, logo, a busca por melhor qualidade nas unidades de saúde. 1.2 Qual é o objetivo da Humanização na Saúde Entre os principais objetivo da humanização na saúde, vale citar a melhora na qualidade dos serviços e a potencialização dos tratamentos, aumentando assim, as chances e reduzindo o tempo para a cura do pacientes. Começando pela qualidade nos serviços, podemos dizer que: uma abordagem colhedora e ao realizar pequenas gentilezas, torna-se mais leve o dia-a-dia de - gestores; médicos; enfermeiros; auxiliares e funcionários em geral. Isso porque, a comunicação “não violenta” e transparente melhora as relações dentro das equipes, proporcionando uma clareza para simplificar a execução dos procedimentos a serem realizados. Outro objetivo, importante da humanização na saúde é, a de englobar locais confortáveis para a espera, informações corretas e diminuição de filas e também, proporcionar uma orientação eficiente sobre as terapias ofertadas aos pacientes, que tendem a melhorar mais rápido quando se sentem acolhidos, pois, esses indivíduos estão passando por um momento delicado, de confusão e com as emoções exacerbadas, o que pede atenção e tranquilidade para que recebam o apoio necessário. 1.3 Qual a importância da Humanização na Área da Saúde A humanização na área da saúde é importante, porque torna as rotinas e ambientes mais favorável para todos, pois, em vez de interações distantes e frias, propõe uma proximidade que ultrapassa paradigmas e facilita a troca de informações entre pacientes e profissionais de saúde. Assim sendo, a entrevista com os pacientes e os dados sobre sintomas, condições preexistente e outras questões são essenciais 12 para o diagnóstico, tornando, o acolhimento imprescindível para a otimização de processos nas unidades da saúde. O Ministério da Saúde (MS), investe neste segmento inicialmente, através do Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH), e com duração de 2000 até 2002, o PNHAH, propunha, um conjunto de ações integradas que visavam mudar substancialmente o padrão de assistência ao usuário nos hospitais públicos do Brasil, melhorando a qualidade e a eficácia dos serviços hoje prestados por estas instituições, sendo que, os principais objetivos do projeto piloto foram: a) deflagrar um processo de humanização dos serviços, de forma vigorosa e profunda, processo esse destinado a provocar mudanças progressivas, sólidas e permanentes na cultura de atendimento à saúde, em benefício tanto dos usuários- clientes quanto dos profissionais; e b) produzir um conhecimento específico acerca destas instituições, sob a ótica da humanização do atendimento, de forma a colher subsídios que favoreçam a disseminação da experiência para os demais hospitais que integram o serviço de saúde pública no Brasil (BRASIL, 2007). No início de 2003, o PNHAH, tornou-se a Política Nacional da Humanização (PNH), devendo, estar presente em todas as ações da saúde. A PNH, deve se fazer presente e estar inserida em todas as políticas e programas do SUS, promovendo, a comunicação entre estes três grupos (ética, estético e político), podendo provocar, uma série de debates em direção a mudanças que proporcionem melhor forma de cuidar e novas formas de organizar o trabalho, pois: a) é uma aposta ética, porque envolve a atitude de usuários, gestores e profissionais de saúde comprometidos e co-responsáveis, pois, tratar as pessoas com a dignidade e a atenção que elas merecem não é apenas a missão principal da humanização, mas também, um ponto essencial da ética profissional; b) é estético, porque se refere ao processo de produção da saúde, ao demonstrar o interesse pelo outro, indo além das aparências que a estética nos mostra. É trabalhar com um prontuário estético detalhado (nossa antiga e tão conhecida ficha de anamnese), para conhecer cada necessidade e particularidade de quem nos procura para tratar uma alteração. Isso, nos permite compreender melhor cada caso, direcionando inclusive o tratamento de forma mais direta, o que também proporciona resultados mais satisfatórios. Afinal, estética humanizada é mais do que 13 uma ideia ou conceito, é um direito do ser humano, de ser atendido de forma segura, responsável, dentro de um conceito global que busca cuidar do bem-estar de todos, tendo consciência que cada cliente/paciente atendido é um ser único que merece cuidados e atenção especiais; e c) é política porque está associada à organização social e institucional das práticas de atenção e gestão na rede do Sistema Único de Saúde (SUS). 1.4 Quais as características de um Atendimento Humanizado na Área da Saúde A atenção humanizada na área da saúde, é o resultado da aplicação de uma série de orientações que envolve o atendimento de saúde, que oferece experiências de qualidade ao usuário desses serviços, o atendimento humanizado não reflete apenas na experiência do paciente, mas, na instituição como um todo, visto que, quem atende de forma humanizada é mais indicado e recomendado. Além disso, a instituição de saúde presta um atendimento humanizado, tende a tratar seus colaboradores da mesma forma. Assim, podemos referir que as principais características de um Atendimento Humanizado na Área da Saúde são: a) o Acolhimento: pode ser definido, como o reconhecimento a respeito das necessidades de saúde de forma integral, tanto, no ambiente físico como o psicossocial, gerando assim, um vínculo entre os envolvido; b) Gestão participativa e cogestão: refere-se, à formação de locais em que todos os envolvidos tornam-se responsáveis pelos cuidados de saúde, em que existe flexibilidade, espaço para avaliação, sugestão e realização de melhorias; c) Ambiência: compreende o espaço físico, social, profissional e de relações interpessoais que devem, estar em sintonia com um projeto de saúde voltado para atenção colhedora, resolutiva e humana. Portanto, consiste na construção de espaços acolhedores e saudáveis, tanto o ponto de vista estrutural e físico quanto ao ético e psicológico, que facilitam o encontro, conversas e acolhimento, essenciais para uma boa ambiência; d) Clínica ampliada e compartilhada: conjunto de ferramentas de gestão, utilizada para chegar a soluções compartilhadas, em que os profissionais e usuários se comprometam com as terapias e ações necessárias para vencer as doenças; e) Valorização do trabalhados: os trabalhadores precisam ter acesso a cursos e conteúdo de atualização, para que, possam contribuir com sua análise, para 14 qualificar os serviços prestados que venham refletir no tratamento dados aos pacientes e sua rápida recuperação; e f) Defesa dos direitos dos usuários: funcionários em geral, devem zelar para que os pacientes conheçam e tenham seus diretos atendidos, dispondo de uma equipe que cuide deles e decidindo sobre o compartilhamento ou não de suas condições de saúde. 1.5 Quais são os benefícios da Humanização da Saúde Serviços de saúde humanizados, colaboram para a melhoria da qualidade de vida dos colaboradores, pacientes e outros envolvidos como os familiares, tende também, a evitar situações de conflito, cenários violentos e desrespeitoso entre esses, reduzindo eventos negativos e estressantes. A escuta ativa do paciente também, costuma aumentar a eficiência dos procedimentos, permitindo, que resultados melhores sejam alcançados a partir de pouco recurso. Portanto, elevar o grau de humanização é interessante para todos os envolvidos nos atendimentos a saúde. Entre os principais benefícios podemos citar: a) Melhoria na eficácia do tratamento: desde que dá entrada na unidade de saúde até receber alta, o paciente, necessita de acompanhamento e atenção constante, pois em geral, o paciente já chega em uma situação de fragilidadefísica e/ou emocional diante das incertezas, riscos e gravidade de sua doença. Assim, quanto mais acolhimento e espaço para que manifeste seus temores, esclareça dúvidas e contribua com informações, melhor a eficácia do tratamento, além de que, em locais humanizados, há maior entrosamento entre as equipes de saúde, o que eleva as chances de sucesso quanto à indicação, aplicação e ajustes nas terapias; b) Satisfação do paciente: o cliente ou usuário, é o paciente que estará observando, sendo impactado e avaliando cada interação para construir sua visão sobre o estabelecimento de saúde e, devido ao empoderamento e opções de serviços, ele poderá optar por retornar ou não à unidade, considerando a forma como foi tratado por todos os funcionários, as questões estruturais, filas e processos. Daí a relevância, de investir na humanização para elevar o nível de satisfação dos usuários, proporcionando experiências positivas aos pacientes; c) Maior confiabilidade para a instituição: a confiabilidade vem, em grande parte, das relações estabelecidas entre as pessoas que frequentam uma instituição, portanto, é preciso se aproximar um do outro, ouvir, compartilhar informações e 15 praticar o acolhimento. Assim, quando existem esses laços, rapidamente, o estabelecimento fica conhecido pela humanização, formando uma reputação sólida junto à comunidade, parceiros, empregados e lideranças; d) Impacto positivo no clima organizacional: o clima organizacional corresponde à percepção dos colaboradores a respeito de seu ambiente de trabalho, assim, práticas abusivas, como bullying, assédio moral e comportamentos antiéticos, além da alta competitividade e cobranças, são alguns fatores que comprometem essa percepção, desgastando as relações entre empregados e organizações, pois, na área da saúde, também vale esse raciocínio, com o adicional de que as próprias tarefas costumam pesar, pois lidam com a saúde e a vida de pessoas. Neste contexto, o tratamento humanizado tem o potencial de aliviar a pressão, aumentar a tolerância ao erro e o aprendizado, fortalecendo a busca pelo aperfeiçoamento e o respeito às diferenças; e e) Fidelização dos usuários: conseguir compreender, que o paciente pode trazer mais benefícios, incluindo sua fidelização e colaboração para atrair mais clientes, pois, ao ter uma boa experiência é provável que o indivíduo se recorde com facilidade do estabelecimento, onde, foi atendido e retorne sempre que precisar de assistência. O caminho para fidelização dos usuários, é unir uma boa apresentação visual da ambiência, prestar, um atendimento de qualidade e uma boa comunicação, sendo, importante também conhecer o perfil dos seus colaboradores e desenvolver ferramentas para checar se suas ações estão dando resultados. Deste modo, é formada uma relação de confiança que faz com que esse usuário se sinta à vontade para indicar a unidade de saúde aos seus familiares, amigos e conhecidos. 1.6 Onde a Humanização na Saúde pode ser aplicada? A humanização pode ser aplicada em uma série de esferas, englobando as interações com pacientes, acompanhantes e o ambiente em que elas se dão. Isso porque, nem tudo depende do comportamento dos funcionários, pois existem questões ligadas à cultura organizacional e ao local em si. Assim, podemos citar três ambientes onde pode-se aplicar a humanização: 1º. Relacionamento com o paciente: a jornada, procedimentos, conversas e linguagem corporal formam a esfera de relacionamento com os pacientes, todos esses fatores, necessitam de atenção para que o resultado seja uma experiência positiva, que ajude a ganhar a lealdade do cliente. Não sendo necessário, que os funcionários 16 sejam obrigados, por exemplo, a se lembrar dos dados e do nome de todos os usuários, mas, sim, que existam ferramentas de otimização e, sobretudo, de escuta ativa. Ao invés, de ignorar o que dizem os pacientes, é essencial, tentar entender suas queixas e trabalhar para que sejam respondidas de modo adequado, justamente, para tornar esse processo mais leve, sem geração de conflitos desnecessários que pesem no lado psicológico; 2º. Relacionamento com os familiares do paciente: em determinado momento, são os familiares que assumem à frente para socorrer e solicitar atendimento ao paciente, que pode estar incapacitado ou desanimado por causa de uma enfermidade, e nem sempre, esses acompanhantes chegam às unidades de saúde de forma tranquila, pois, podem estar preocupados, ansiosos ou até desesperados, temendo pela vida de seu ente querido. Portanto, conversar e orientar essas pessoas é de crucial importância para que também se sintam acolhidas, pois esse elo, caso fortalecido, tem grande potencial de melhorar a saúde mental do paciente. Neste plano, vale apena treinar a empatia e flexibilidade das equipes para responder com cautela aos familiares e dessa forma, é possível potencializar a melhora do quadro clínico do paciente; 3º. Ambiente físico: um ambiente agradável e uma infraestrutura preparada para atender às necessidades dos pacientes e seus familiares gera uma melhor sensação de bem-estar, acolhimento e fluxo de pessoas, sendo, o caso de a unidade possuir equipamentos e leitos suficientes para a demanda atendida, uma iluminação apropriada e até salas de espera com uma quantidade razoável de cadeiras e detalhes como: a inserção de bebedouros; painéis para organizar as filas; e previsões sobre o tempo de espera. Com isso, pode-se gerar uma maior satisfação aos pacientes e usuários ampliando os elogios e mesmo recomendações feitas a outras pessoas. 1.7 Humanização na Saúde: como aplicar. Neste contexto, podemos citar cinco boas práticas que vão agregar valor ao serviço prestado, fazendo a diferença nos benefícios e a importância da humanização, podendo, incluir esse conceito no dia-a-dia do hospital ou unidade de saúde. Onde, nem todas as ações exigem investimentos financeiros, o que simplifica, que seu time as adote imediatamente, ainda que o orçamento não esteja aprovado. 1º. Capacitação da equipe: para oferecer um atendimento humanizado é preciso também contar com o apoio da sua equipe, por isso é importante prepará-la 17 para garantir a satisfação dos seus pacientes, pois, como todo bom projeto, a humanização começa com os funcionários da unidade de saúde e sua capacitação, onde, o propósito dos treinamentos, é tanto agregar conhecimento sobre relações interpessoais e comunicação assertiva quanto desenvolver sua inteligência emocional. O treinamento vai ajudar a melhorar o relacionamento dos seus colaboradores com as pessoas que procuram as unidades de atendimento, criando um ambiente mais agradável e tranquilo. 2º Comunicação assertiva: a comunicação, tanto interna quanto externa, é fator indispensável para criar e fortalecer laços de confiança entre a equipe de saúde e os usuários do serviço, isso porque, não conseguimos confiar se não existem regras claras, procedimentos bem estabelecidos e transparência quanto às informações prestadas, nessa premissa, para orientar os seus pacientes de maneira personalizada, pode-se contar com o auxílio da tecnologia, a fim de que os trabalhadores sejam bem orientados e capazes de explicar o necessário aos pacientes e familiares. Neste sentido, como o corpo humano é muito complexo, é possível que o paciente tenha dificuldade para entender o que está sendo dito, podendo utilizar-se de pequenos vídeos ou imagens ilustrativas para explicar, da melhor maneira possível, qual é o problema que o paciente está enfrentando e qual é sua gravidade. Essa prática ajudará a deixá-lo mais atento às precauções que deverão ser tomadas dali em diante. 3º Infraestrutura adequada: a importância da atenção aos componentes dos estabelecimentos, dispositivos e aparelhos necessários ao atendimento, além das salas de espera. Onde, a infraestrutura também envolve a disposiçãode ambientes, a arquitetura do local e sua adequação ao fluxo de atendimento, atentando para a simplicidade e comodidade para receber pacientes em várias condições, facilitando, por exemplo, a locomoção de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. 4º Praticidade no acesso à informação para os pacientes e seus familiares: quantas vezes, ficamos com uma impressão ruim de uma unidade de saúde por causa da demora ou da falta de informações básicas? Neste tópico, é fundamental para construir uma boa reputação e apoiar a humanização nos estabelecimentos, porque favorece relações de confiança ao prestar informações assertivas ao paciente, lembrando que, ser claro e direto não significa deixar a gentileza de lado. 18 5º Investimento em tecnologia: o acesso à informação, pode se beneficiar muito de inovações tecnológicas como softwares para hospitais e unidades de saúde, que auxiliam na liberação de dados online mediante “login e senha”, fornecidos aos pacientes. Essa agilidade, poupa deslocamentos até a unidade de saúde, reclamações e prejuízos para a imagem institucional, além, de humanizar o acesso aos resultados de procedimentos, sendo assim, a tecnologia também dá suporte para o preenchimento de fichas e prontuários, marcação de procedimentos, armazenamento e digitalização de arquivos, entre outras dinâmicas. CAPÍTULO II - POLÍTICA DE SAÚDE NO BRASIL E A HUMANIZAÇÃO Neste capítulo, apresenta-se reflexões sobre histórico e a criação do SUS, na busca de compreender melhor a atuação dos processos relacionados à humanização do atendimento na saúde. Consequentemente, há também um esclarecimento a respeito da criação e funcionamento da PNH. 2.1 O Histórico e a Criação do Sistema Único de Saúde (SUS) Antes da criação do SUS, o Ministério da Saúde (MS), com o apoio dos estados e municípios, desenvolvia quase que exclusivamente ações de promoção da saúde e prevenção de doenças, com destaque para as campanhas de vacinação e controle de endemias e todas essas ações, eram desenvolvidas com caráter universal, ou seja, sem nenhum tipo de discriminação com relação à população beneficiária. Na área de assistência à saúde, o MS atuava apenas por meio de alguns poucos hospitais especializados, nas áreas de psiquiatria e tuberculose, essa ação, também chamada de assistência médico-hospitalar, era prestada à parcela da população definida como indigente, por alguns municípios e estados e, principalmente, por instituições de caráter filantrópico, a grande atuação do poder público nessa área se dava através do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) que depois passou a ser denominado Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), autarquia do Ministério da Previdência e Assistência Social. O INPS, foi o resultado da fusão dos Institutos de Aposentadorias e Pensões (os denominados (IAPs) de diferentes categorias profissionais organizadas (bancários, comerciários, industriários, dentre outros), que posteriormente, foi 19 desdobrado em Instituto de Administração da Previdência Social (IAPAS), INPS e INAMPS. Este último, tinha a responsabilidade de prestar assistência à saúde de seus associados, o que justificava a construção de grandes unidades de atendimento ambulatorial e hospitalar, como também da contratação de serviços privados nos grandes centros urbanos, onde estava a maioria dos seus beneficiários. A assistência à saúde desenvolvida pelo INAMPS, beneficiava apenas os trabalhadores da economia formal, com “carteira assinada”, e seus dependentes, ou seja, não tinha o caráter universal que passa a ser um dos princípios fundamentais do SUS. Desta forma, o INAMPS aplicava nos estados, através de suas Superintendências Regionais, recursos para a assistência à saúde de modo mais ou menos proporcional ao volume de recursos arrecadados e de beneficiários existente. Nesse período, os brasileiros, com relação à assistência à saúde, estavam divididos em três categorias, a saber: 1ª. Os que podiam pagar pelos serviços; 2ª. Os que tinham direito a assistência prestada pelo INAMPS; e 3ª. Os que não tinham nenhum direito. Com a crise de financiamento da Previdência, que começa a se manifestar a partir de meados da década de 70, o INAMPS adota várias providências para racionalizar suas despesas que começa na década de 80, e no final dessa mesma década, o INAMPS adotou uma série de medidas que o aproximaram ainda mais de uma cobertura universal de clientela, dentre as quais se destaca, o fim da exigência da Carteira de Segurado do INAMPS para o atendimento nos hospitais próprios e conveniados da rede pública. Esse processo, culminou com a instituição do Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS), implementado por meio da celebração de convênios entre o INAMPS e os governos estaduais. O SUS, no Brasil, existe desde a Constituição de 1988, motivado, por um lado, pela crescente crise de financiamento do modelo de assistência médica da Previdência Social e, por outro, à grande mobilização política dos trabalhadores da saúde, de centros universitários e de setores organizados da sociedade, que constituíam o então denominado “Movimento da Reforma Sanitária”, no contexto da democratização do país, cuja finalidade é a assistência integral à saúde de todos os cidadãos de maneira universal e restrita. O SUS, em sua previsão constitucional se expressa como um sistema único, integralizado e hierarquizado que engloba as ações e serviços de saúde pública do país. 20 Nesse sentido, a Constituição Federal de 1988, ao criar o SUS, estabeleceu uma transformação radical no sistema de saúde e, ao afirmar que a saúde é um direito de todos e dever do Estado “garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”, o país inaugurou um novo capítulo na história dos direitos sociais (Constituição Federal do Brasil,1988. Art. 196). Com o objetivo de criar e viabilizar a garantia e o cumprimento do direito à saúde no Brasil, além da Constituição Federal de 1988, leis infraconstitucionais foram sendo promulgadas. Ressalta-se a Lei Federal n.º 8.0801; criada com a intenção de organizar e estruturar o funcionamento dos serviços de saúde e a Lei Federal n.º 8.1422 para assegurar a participação dos usuários do sistema na gestão desses serviços e também a transferência de recursos financeiros. Foi por meio da aprovação dessas duas leis que, juntas, formaram a Lei Orgânica da Saúde (LOS), a partir da qual foi instituído o Sistema Único de Saúde. Outro objetivo do SUS, está a identificação e divulgação dos fatores condicionantes e determinantes da saúde; formulação de políticas de saúde que visem o risco de agravo da saúde e a assistência à população por meio da promoção, proteção e recuperação da saúde; e ainda, ações preventivas. Assim, o SUS é um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo, sendo o único a garantir assistência integral e completamente gratuita para a totalidade da população, inclusive aos pacientes portadores do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), sintomáticos ou não, aos pacientes renais crônicos e aos pacientes com câncer, que com o permeado por contradições revela uma realidade caótica perpassada pela burocracia. Em virtude disso, a lentidão dos atendimentos e uma precária qualidade em todos os níveis, deixam a população a que necessita dos seus serviços à mercê do acaso, negando seus princípios básicos que são a universalização e o financiamento eficaz das ações, o que compromete o processo de gestão em todos os níveis e, consequentemente, os serviços prestados à população. 1 Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para apromoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências, cuja importância é a de também garantia de boas condições de vida à população. 2 Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990. Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências. 21 A partir de reivindicações e luta da sociedade civil, foi possível avançar na superação dos desafios enfrentados na construção do SUS e, garantir à população brasileira uma atenção à saúde de qualidade. Diante dessa necessidade de melhoria também no atendimento, foi lançado em 2001 o PNHAH, com a finalidade de garantir aos usuários um tratamento adequado, com qualidade e efetivo para suas necessidades. Capítulo Constitucional dedicado à saúde, regulamentado na década de 1990 pelas Leis Federais nº 8.080 e 8.142 – o Sistema de Saúde tornou-se unificado com distinção do setor estatal do setor privado. 2.2 A Política Nacional de Humanização Como foi apresentado neste estudo, a década de 1980 trouxe grandes avanços que culminaram com a construção de um novo modelo de saúde, e com o Capítulo Constitucional dedicado à saúde, regulamentado na década de 1990 pelas Leis Federais nº 8.080 e 8.142 – o Sistema de Saúde tornou-se unificado com distinção do setor estatal do setor privado. Nesse novo sistema, o SUS estabeleceria novos modelos baseados na universalidade, na igualdade e na integralidade da atenção. A partir de então se criou novas bases institucionais, gerenciais e assistenciais para a implantação das ações e serviços de saúde no Brasil. Assim, a saúde passou a ser entendida como um direito universal de cidadania e dever do Estado e como um conjunto de fatores determinantes e condicionantes para a promoção de bem-estar físico, mental e social e não como a simples ausência de doença. Pouco depois da instituição do SUS, vários desafios e obstáculos foram surgindo no âmbito da formulação das políticas de saúde. A desigualdade socioeconômica do país, associada a um processo de precarização de trabalho dos profissionais de saúde, acumulou no SUS dificuldades de acesso aos bens e serviços de saúde. A PNH, também foi denominada HumanizaSUS que considerou a humanização como política, possibilitando o envolvimento de todas as instâncias do SUS, inclusive nas unidades básicas de saúde. Dessa forma, a humanização foi entendida como: (...) a valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde: usuários, trabalhadores e gestores. Os valores que norteiam esta 22 política são autonomia e o protagonismo dos sujeitos, a co-responsabilidade entre eles, o estabelecimento de vínculos solidários e a participação coletiva no processo de gestão (HumanizaSUS, 2004, p. 8 e 9) Surgindo o PNH, com o propósito de promover alterações no modelo assistencial aos usuários do SUS no eixo das instituições, gestão do trabalho, financiamento, atenção, educação permanente, informação e comunicação e gestão desta política. Entre estes, destacamos o eixo da atenção, na proposta de “uma política incentivadora do protagonismo dos sujeitos e da ampliação da atenção integral da saúde, promovendo a intersetorialidade” (BRASIL, 2004). Para esta finalidade, a humanização do SUS em sua operacionalização, propõe: a) a troca e a construção de saberes; b) o trabalho em rede com equipes multiprofissionais; c) a identificação das necessidades, desejos e interesses dos diferentes sujeitos do campo da saúde; e d) a identificação das diferentes instâncias de efetivação das políticas públicas de saúde. Com isso, iniciou-se um novo processo de mudança com o objetivo maior de efetivar os princípios do SUS, onde a humanização passou, então, a ser vista como política pública de saúde que atravessa as diferentes ações e instâncias gestoras do SUS, destacando o aspecto subjetivo nelas presente e ampliar por atitudes e ações humanizadoras a rede do SUS, incluindo: gestores; trabalhadores da saúde e usuários. Assim, conforme destacam Heckert, Passos e Barros (2009), gerir um serviço, na direção definida pela PNH, implica considerar que se faz gestão de processos mais do que de coisas, se acompanha os movimentos de institucionalização da organização, e partindo destas reflexões, a PNH, afirma seus princípios e diretrizes apontando para um SUS que dá certo, tal aposta retoma a afirmação da saúde como direito e dever, como valor universal e distribuído, como sentido integral. Dessa forma a PNH também procura: considerar as necessidades sociais subjetivas, a partir da constituição de novos sentidos para a produção de saúde e de seus sujeitos. Assim, se comparada ao Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar, vê-se que a PNH dá um salto qualitativo ao considerar a situação na qual estão inseridos os trabalhadores, gestores e usuários, e ao sinalizar para a mudança no modelo de atenção e gestão na saúde, a fim de avançar em direção à qualificação do SUS (CONCEIÇÃO, 2009, p. 202). 23 Destaca-se como princípio da PNH de grande importância para o alcance de práticas comprometidas com a atenção e gestão na saúde, o que diz respeito à valorização da dimensão subjetiva, com integração da co-responsabililização e estímulo aos processos de grupalidade. E, para que isso ocorra, é preciso amplo diálogo entre todos os sujeitos implicados na mudança, promovendo assim a gestão participativa nos espaços de saúde, tendo em vista que as mudanças preconizadas pela PNH, não podem ser pensadas fora de um contexto de mudanças socioculturais, de mudanças nos processos de formação e de gestão. Desse modo, a PNH enquanto proposta de mudança dos modelos de atenção e gestão no campo da prática de saúde, que se busque fomentar o envolvimento dos trabalhadores na construção de projetos, incentivando a multiplicação de diferentes movimentos, fortalecendo as redes, colocando em análise o sucateamento e a precarização do processo de trabalho em saúde, o quadro atual do financiamento da Saúde Pública no Brasil. Nesses processos de trabalho, deve-se buscar também superar e alterar as práticas com aspecto que, tradicionalmente, a associa ao autoritarismo, hierarquia e imposição de regras, que se destinam a normatizar previamente, ao máximo possível. Nessa perspectiva, deve-se fazer valer o sentido comum da mudança nas práticas de produção de saúde, fazer referência explícita aos direitos dos usuários e dos trabalhadores de saúde, portanto, para a construção de uma Política de Qualificação do Sistema Único de Saúde (SUS), “a Humanização deve ser vista como uma das dimensões fundamentais, não podendo ser entendida como apenas um “programa” a mais a ser aplicado aos diversos serviços de saúde, mas como uma política que opere transversalmente em toda a rede SUS” (BRASIL, 2004, p.1). Assim, a humanização também está presente no Pacto pela Saúde, nas contratualizações do SUS e no trabalho integrado no Ministério da Saúde. Observando-se esta perspectiva, a PNH deve ser entendida como uma política que deve atravessar as diferentes ações e instâncias gestoras do SUS, sendo capaz, de propor, para as diferentes equipes implicadas nestas práticas, o desafio de superar limites e experimentar novas formas de organização dos serviços e novos modos de produção e circulação de saber e de poder, pois é uma política transversal que indica a inseparabilidade entre gestão e atenção. 24 CAPÍTULO III - PERFIL DO PROFISSIONAL NA HUMANIZAÇÃO DA SAÚDE PÚBLICA Sendo assim, a partir desse capítulo, contextualizemos o perfil do profissional na humanização da saúde pública, atuação profissional humanizada x atuação profissional humanizadoras e a humanização enquantoprática sob a égide da formação do profissional ligado ao setor saúde. 3.1 O perfil do profissional na humanização da saúde pública Compreendendo a relevância que o profissional da área da enfermagem representa diante do contexto de saúde pública brasileira, assim, tentar-se, delinear um perfil para este profissional, que segundo Mexia (2009, p. 9) tem como objetivo: “contribuir para a preservação e a melhoria da saúde da população e direcionando sua intervenção para o ser humano de forma individual ou coletiva por meio do esforço conjunto e comunitário de forma organizada.” Primeiramente apresenta-se o Art. 11, da Lei nº 7.4983, de 25 de junho de 1986, que regulamenta está profissão e que diz “O enfermeiro exerce todas as atividades de enfermagem, cabendo-lhe privativamente: a) direção do órgão de enfermagem integrante da estrutura básica da instituição de saúde, pública e privada, e chefia de serviço e de unidade de enfermagem; b) organização e direção dos serviços de enfermagem e de suas atividades técnicas e auxiliares nas empresas prestadoras desses serviços; e c) planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação dos serviços de assistência de enfermagem. Desta forma, é importante ressaltar que este profissional tenha sempre presente alguns princípios essenciais ao adequado atendimento da sua atividade e relacionamento com os demais, ou seja, com os colegas de equipe como com os pacientes que procuram atendimento nas unidades de saúde pública, sendo que, para o autor o s princípios essenciais são: 3 Art. 11, da Lei nº 7.4983, de 25 de junho de 1986. Dispõe sobre a regulamentação do exercício da Enfermagem e dá outras providências. A Enfermagem é exercida privativamente pelo Enfermeiro, pelo Técnico de Enfermagem, pelo Auxiliar de Enfermagem e pela Parteira, respeitados os respectivos graus de habilitação. 25 a) ser dedicado e paciente: o enfermeiro está diante de diversas situações em seu dia-a-dia de trabalho, principalmente quando precisar lidar com pacientes, que manifestarão diferentes reações como nervosismo, dores, receio de tomar remédios e injeções, pacientes com doenças mentais e físicas. Nessas horas, é preciso manter a calma e prestar um atendimento de qualidade, respeitando as diferenças e limitações dos pacientes, estar sempre atencioso e bastante cauteloso, prestando um atendimento de forma mais humanizada; b) trabalhar bem em equipe: o profissional, deve saber e gostar de trabalhar em equipe, uma vez que, é algo indispensável para o desempenho do time, onde, cada um possui uma função importante e precisam estar em sintonia para que tudo dê certo. E estar também, atento à sua volta, prestando auxílio a outros colegas, sempre que necessário; c) manter o foco: é imprescindível, que o profissional da área de saúde esteja sempre atento tanto às suas ações quanto às ações de seus colegas, visto que sua rotina envolve cuidados com o paciente, administração de medicações e plantões médicos, sendo necessário manter-se ativo, sem distrações em um momento importante, principalmente em ambiente hospitalar; d) saber lidar com pessoas: a missão do profissional de enfermagem é, sobretudo, cuidar de pessoas, destrinchando-se entre diversas tarefas, entre elas: manter um bom relacionamento interpessoal; ter empatia; se expressando com clareza e cautela, uma vez que precisará conversar com médicos; pacientes e familiares, sendo sensato e respeitando as diferenças e momentos delicados; e) ter autocontrole: essa é uma das profissões que exigem muito autocontrole para lidar com momentos difíceis, sendo bastante cauteloso para que estes não sejam transportados para sua vida pessoal, pois, em determinado momento, irá se deparar com situações difíceis, sendo imprescindível ter controle emocional, não deixando se abater pelo estado dos pacientes. Há também a necessidade de estar em contato com a família desses pacientes, muitas vezes abalados emocionalmente, nervosos e ávidos por notícias a respeito do ente querido; e f) manter-se atualizado: além de ter feito uma boa faculdade, todo bom profissional precisa estar atento para as novidades do mercado e saber em primeira mão as tendências e recomendações para sua profissão, sempre buscar por qualificações e informações que somem em suas carreiras, como estar atualizado 26 acerca de procedimentos e recomendações do Ministério da Saúde (MS) e da Organização Mundial da Saúde (OMS), além de fazer cursos de especialização, pois, essas ações o ajudarão a desempenhar melhor no ambiente de trabalho, ter embasamento em suas respostas, sejam elas para médicos ou pacientes, além de ter a possibilidade de ser melhor remunerado. 3.2. Atuação profissional humanizada x Atuação profissional humanizadoras Faz parte desse processo mais amplo de democratização do estado e da sociedade no Brasil, a reivindicação de humanização do atendimento por parte dos movimentos sociais e associações de defesa de direitos de pacientes, sobretudo aquelas de certos grupos mais vulneráveis e/ou organizados, como pacientes idosos, portadores de Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), e de distúrbios mentais, em buscar formas efetivas para humanizar a prática em saúde, o que implica, numa aproximação crítica que permita compreender a temática para além de seus componentes técnicos e instrumentais, envolvendo, essencialmente, as dimensões político-filosóficas que lhe imprimem um sentido. Neste sentido, o investimento na formação de profissionais e gestores é estratégia importante, cuja sustentabilidade se dá a partir da disseminação de mecanismos ideológicos contra-hegemônicos e de alianças que garantam adesão e continuidade de tal projeto. É necessário refletir um pouco sobre as concepções que fundamentam, essa demanda exige a implementação de mudanças visando à aquisição de competências na formação dos enfermeiros e médicos que, encontram-se impossibilitada de considerar a experiência do sofrimento como integrante da sua relação profissional e, assim, ter uma posição ativa e crítica na busca de uma nova prática. Essas reflexões aplicam-se, igualmente, à formação dos enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, fonoaudiólogos, psicólogos, farmacêuticos, etc. no que se refere à relação com os pacientes e seus familiares na atenção à saúde, onde, dois desafios apresentam-se à construção de: 1º um modelo de atenção humanizado: na produção de um cuidado orientado pelo reconhecimento de pessoa (no sentido de mudança o comportamento e atitudes, tornando-se humano e dando condições humanas, que visa sobretudo tornar efetiva a assistência ao indivíduo criticamente doente); e 27 2º atenção humanizadoras: na produção de um cuidado orientado pelo reconhecimento do sujeito, dando-lhes condição humana a despertar na criança uma predisposição favorável ao tratamento. O trabalho em saúde se humaniza, quando busca combinar a defesa de uma vida mais longa com a construção de novos padrões de qualidade da vida, pois, cuidar e gerir os processos de trabalho em saúde compõem, na verdade, uma só realidade, de tal forma que não há como mudar os modos de atender a população num serviço de saúde sem que se alterem também a organização dos processos de trabalho, a dinâmica de interação da equipe, os mecanismos de planejamento, de decisão, de avaliação e de participação. Para tanto, são necessários arranjos e dispositivos que interfiram nas formas de relacionamento nos serviços e nas outras esferas do sistema, garantindo práticas de corresponsabilização, de cogestão, de grupalização. Neste sentido, o profissional precisa saber avaliar criticamente sua própria atuação e o contexto em que atua e interagir ativamente pela cooperação entre os colegas de trabalho, constituindo coletivos de produção da saúde, mediantea alteridade com os usuários dos serviços em que atuam ou sob a mediação com as instâncias da sociedade que participam do controle social em saúde, sendo, imprescindível que haja coerência entre a formação, as exigências esperadas de atuação profissional e a necessidade de democratização da participação e dos acessos da sociedade aos direitos à educação e à saúde, portanto, a qualidade da formação não pode responder apenas às dimensões do aprender a aprender, do aprender a fazer, do aprender a ser e do aprender a conviver. Deve estar implicada como papel social e político do trabalho em saúde. A formação é, sobretudo, a condição de refazer permanentemente as relações profissionais com os usuários dessas relações de modo responsável e comprometido. 3.3 A humanização enquanto prática sob a égide da formação do profissional ligado ao setor saúde Frente ao acelerado processo de desenvolvimento tecnológico na área da Saúde, a singularidade do paciente: emoções, crenças e valores, ficou em segundo plano, sua doença passou a ser objeto do saber reconhecido cientificamente e a assistência se desumanizou. A formação do profissional de Saúde, cada vez mais especializada, e suas difíceis condições de trabalho, restringem sua disponibilidade 28 tanto para o contato com o paciente quanto para a busca de formação mais abrangente. Por outro lado, sabe-se que muitos problemas dos pacientes podem ser resolvidos ou atenuados quando se sentem compreendidos e respeitados pelos profissionais, onde, a relação profissional-paciente tem especial importância no processo de adesão ao tratamento, assim, a atividade assistencial se constitui, para os profissionais de Saúde, em fonte de gratificação e de estresse, onde: a) são fatores gratificantes: diagnosticar e tratar corretamente; curar; prevenir; ensinar; aconselhar; educar; sentir-se competente; receber reconhecimento; e b) são fatores estressantes: o contato frequente com dor e sofrimento; lidar com as expectativas dos pacientes e familiares; atender pacientes difíceis, lidar com as limitações do conhecimento científico. O contato direto com seres humanos coloca, os profissionais da saúde, por se submeterem, em sua atividade, a tensões provenientes de várias fontes, precisam também receber cuidados, pois, cuidar de quem cuida é condição essencial de ações em prol da humanização da assistência, neste sentido, a “humanização” enquanto prática, torna-se um processo amplo, demorado e complexo, ao qual se oferecem resistências, pois, envolve mudanças de comportamento, que sempre despertam receio e medo, não tendo características generalizáveis pois: cada profissional, cada equipe, cada instituição terá seu processo singular de humanização. Alguns projetos de humanização vêm sendo desenvolvidos, já há alguns anos, em áreas específicas da assistência, com propostas diversas ações visando à implantação de programas de humanização nas instituições de saúde, especialmente nos hospitais. E como parte de um processo amplo de formação profissional com vistas à humanização das práticas assistenciais, é imprescindível considerar também a dimensão pedagógica da função docente; esta, habitualmente, não é priorizada no ambiente universitário, pois, em geral, parte-se do princípio de que o professor que teve uma sólida formação na especialidade em que deve atuar como docente encontra naturalmente os meios para ensiná-la. A inclusão do conhecimento sobre a natureza humana e o desenvolvimento de atitudes de valorização do homem contribui para a humanização da profissão, a progressiva importância dos aspectos psicológicos, sociológicos e antropológicos na 29 área da saúde, torna, a inclusão destes conteúdos uma prioridade, permitindo uma melhor compreensão do presente e o redirecionamento do futuro. As matérias humanísticas contribuem para uma nova abordagem na área da saúde, preocupada com as tarefas curativa, preventiva e reabilitadora, mas também com a melhoria da natureza humana e o bem-estar social. O processo de humanizar, baseia-se na atitude simples de se disponibilizar para ouvir e contar, trocar experiências e comparar seu processo histórico com o outro. A identificação com esse outro, a reciprocidade de vidas e ações é que permite a identidade humana e o reconhecimento da possível imperfeição, mas também a ilimitada possibilidade do fazer de novo. Pois, no âmbito da formação do profissional ligado ao setor saúde, as entidades profissionais que atuam nas áreas conselhal (conselhos, sindicatos, associações e sociedades), têm um importante papel na formação, na educação continuada e no aperfeiçoamento dos profissionais da área da saúde. Convém, finalmente, salientar que toda e qualquer medida modificadora de padrões de comportamento, de atitudes e de valores, como são as propostas de formação humanizada e humanizante, envolve um processo de conscientização e sensibilização, que costuma ser demorado e doloroso. Sendo, importante ressaltar, ainda, que a humanização deve estar apoiada pela aprendizagem, pela reflexão, sem negar ou menosprezar os recursos tecnológicos presentes no cotidiano ligado à área da saúde, mas utilizando-os como recurso e não como finalidade da intervenção na saúde 30 CONSIDERAÇÕES FINAIS A realização desta pesquisa possibilitou maior aproximação com a Política de Humanização dos Serviços de Saúde e, ao estudar a questão da Humanização na área da saúde, percebeu-se que não há ainda um número expressivo de produção acadêmica sobre a PNH, por tratar-se de uma política instituída em 2003. Entretanto, uma dissertação tem seus limites, sempre dados pelo contexto, pelo pesquisador e pelo prazo, sendo assim, a maioria das produções encontradas, relativas à Humanização dos Serviços de Saúde, são reflexões contidas em artigos sobre os diversos significados a ela atribuídos e também é mencionada a necessidade de uma melhor conceituação. Assim, foi possível perceber que, por meio de leituras de dissertações sobre Humanização dos Serviços de Saúde, que a atuação profissional sofre influências pela falta de recursos destinados ao setor da saúde e, isso tem dificultado as formas de se efetivar a humanização, pois, em detrimento da falta de recursos materiais e financeiros é visível nos espaços hospitalares a superlotação, filas na sala de espera em busca de leitos, e o atendimento cada vez mais precarizado, onde, estudos sobre a temática apresentada, nos leva a necessidade de esforços simultâneo entre a instituição de saúde e os profissionais e destes com os usuários. Diante dessa realidade, a responsabilidade dos profissionais relacionados à humanização dos Serviços de Saúde, deve, constituir-se como um elemento que facilita e permita o acesso a um serviço de qualidade e resolutividade, não dependendo, apenas de uma atuação isolada, mas sim, de um conjunto das reações e condições sociais por meio das quais ela se realizam, pois, ao fazer isso, esses profissionais estarão ampliando estrategicamente as suas possibilidades de mudança na área da saúde. Observou-se também, as principais questões relacionadas à PNH, são voltados para valorização da vida humana e da cidadania, e que essa política procura ao longo de sua trajetória se solidificar em relação à melhoria do atendimento, mudança de cultura, e, principalmente quanto aos seus aspectos voltados para a resolutividade, humanização e solidariedade. No entanto, ao analisar o percurso pelo qual a proposta de humanização passou até chegar ao patamar de política, muito ainda necessita ser realizado, pois, constatou-se que, a PNH atualmente, apresenta inúmeros desafios a serem enfrentados, dentre os quais se referem à demanda reprimida, área física precária e a falta de esclarecimento e participaçãopor parte dos 31 profissionais quanto dos usuários, o que leva a uma busca incansável por uma mudanças estruturais, tanto do Estado como da sociedade. Desse modo, esta dissertação destina-se a estudantes, a profissionais e gestores de saúde, para que estes compreendam o significado e importância da Humanização dos Serviços de Saúde e reflitam suas práticas cotidianas no sentido de transformar não só os ambientes hospitalares, mas também transformar a si mesmos, como um instrumento que pretende contribuir para fortalecer a cidadania, de modo com que estes em diferentes cenários exijam o direito à saúde. Consequentemente, entende-se que ao analisar a humanização na saúde torna-se pertinente compreender que a mudança de cultura é um processo amplo e demorado que pode trazer benefícios para muitos, mas que não acontece sem uma construção coletiva com formas de gestão participativa, mas sim, com o trabalho em grupo e principalmente, com o desejo de cada um em mudar sua vida e a do outro em benefício individual e do coletivo, só assim poderemos ser passagens para novos caminhos. Para finalizar, acredito que para a construção de uma política de qualificação da Gestão na Saúde, a Humanização dos Serviços de Saúde, deva, ser vista como uma das condições básicas, não podendo, ser entendida como um programa a mais a ser aplicado aos serviços de saúde, mas como uma política que opere, diretamente, em todo o SUS, onde, o paciente não seja visto de forma fragmentada, negando sua subjetividade, ou seja, sendo necessário: “desenvolver a sensibilidade dos profissionais da saúde para conhecer melhor a realidade do paciente, ouvir suas queixas e encontrar, junto com ele, estratégias que facilitem a aceitação e a compreensão da doença”.(BACKES, 2003). Mas que haja também um comprometimento com esse paciente, ultrapassando as dificuldades que o setor público apresenta. 32 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BACKES, DIRCE STEIN. A construção de um espaço dialógico-reflexivo com vistas à humanização do ambiente hospitalar. 2003. 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