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Avaliação Fisioterapêutica @ingridderibeiro do Paciente Crítico RECONHECIMENTO DO PACIENTE: estado clínico geral em que o paciente se encontra. · Grave: apresenta instabilidade de um ou mais sistemas, com risco de morte, e devemos buscar estabilizá-lo; ou · Em risco: apresenta potencial agravamento, podendo chegar à gravidade caso não revertamos o caso. DO ESPAÇO/SISTEMA: realizado em quatro momentos. · Reconhecimento do espaço físico – quantas salas, onde fica carrinho de emergência, quais os Ventiladores Mecânicos disponíveis, etc. · Censo: é uma planilha de Excel com os dados dos pacientes – nomes, dia de entrada, patologia, sexo, idade, VM ou não. · Passagem de plantão: momento de discussão de caso com a equipe e planejamento, o profissional que estava no plantão anterior vai contar o que fez, sugerir etc. é para fazer uma continuidade de tratamento juntos. · Visita ao paciente e leito para reconhecimento antes dos atendimentos, se apresentar e dizer que vai atende-lo. Aproveita e observa como está o paciente, parâmetros, pergunta se tá com dor ou desconforto, e partir disso decido qual paciente vou atender primeiro por estar mais ou menos debilitado. ANAMNESE Sempre fazer no primeiro atendimento geral. É o relato sobre os antecedentes e a avaliação de uma doença até o momento do exame clínico. É importante saber o momento de fazer a pergunta aberta (ele pode falar livremente) ou fechada (as respostas não podem fugir do que damos de opção). Identificação: nome, idade, sexo, cor, nacionalidade, estado civil, profissão e endereço atual. Queixa Principal (QP): principal sintoma, sinal, redução ou ausência de uma capacidade funcional ou qualquer outra queixa que levou o paciente até o atendimento. História da Doença Atual (HDA): queremos entender o que aconteceu neste momento, não o que houve 20 anos atrás, ou seja, o que aconteceu desta última vez que levou aquela QP. Ex: fui estender uma roupa e travei a coluna. A partir disso, colhemos dados sobre o início, percurso, duração, fatores de melhora e piora da QP. História da Doença Pregressa (HDP): recolher informações sobre o passado do paciente com início da doença e comorbidades. Neste item devem constar dados sobre doenças prévias, cirurgias, traumatismos, gestações e partos, hospitalizações, exames laboratoriais realizados, uso de medicamentos, fumo, álcool, tóxicos, fatores de risco, imunizações, sono e hábitos alimentares. Ex: aqui vai falar sobre a dor nas costas de 20 anos, que ela caiu, que está acima do peso, que isso tem piorado as dores, que ela é diabética. História Social e Profissional: hábitos de vida, como prática de atividade física, alimentação saudável; condições socioeconômicas, culturais, profissão (carrega peso, fica sentado muito tempo, aspira muita poeira). A partir do que colhemos sobre isso, podemos levar alguns elementos do dia a dia do paciente para o tratamento, isso facilita a criação de um vínculo com ele e desta forma ele adere melhor à terapia. Histórico familiar (HF): antecedentes pessoais fisiológicos (gestação, DNPM, cirurgias) e antecedentes familiares, como doenças e cirurgia. AVALIAÇÃO FÍSICA Identificação: iniciais do paciente, dias de internação, local e posicionamento. Exemplo: paciente ABC, 10° dia de internação, sentado em poltrona. Inspeção: observação de como o paciente se encontra no leito. · Registrar todos os equipamentos/acessórios que estão no paciente, como: - Tipo de acesso à medicação e localização, presença de sondas, fraudas, curativos, com ou sem peso para a perna não sair do lugar. - Local e tipo de sonda (nasoenteral – da narina ao estomago ou intestino, é de alimentação; nasogástrica: transparente e mais larga, do nariz ao estomago, é de drenagem; uretral de demora: da uretra e fica na bexiga. Vai drenar a urina), seu debito, cor e volume. Tem que ser cuidadoso com essas coisas para evitar estresse para o paciente e equipe. · Estado Geral: - Bom Estado Geral (BEG): apesar de ser portador de doença, mantém aspectos físicos, intelectuais e emocionais compatíveis com sua idade e condição social. - Regular Estado Geral (REG): manifesta sinais da doença, mas não se encontra prostrado, nem teve sua condição nutricional e consciência significativamente alterados. - Mau Estado Geral (MEG): com manifestações da doença, com evidencias clinicas de perda de peso, desidratação, alteração do nível de consciência e confusão mental. Avaliação Neurológica · Nível de consciência: o aspecto mental da função do SNC é responsável pela maneira como os indivíduos interagem com seu meio ambiente. - Alerta, Vigil, Lúcido; - Sonolento (sonolento mas que desperta sob estímulos leves); - Torporoso (apresenta comprometimento da fala e diminuição das atividades físicas e mentais); - Comatoso (ausência de consciência e da capacidade de despertar. Indivíduo encontra-se completamente irresponsivo), Inconsciente; - Orientado; - Confuso; - Desconexo. - L.O.T.E. (lucido e orientado em tempo e espaço) – é o melhor que esperamos de um paciente. Podemos avaliar o nível de consciência por meio de escalas, como: - Escala de Coma de Glasgow: utilizada para avaliar o nível de consciência de pacientes que não receberam sedativos. - Escala de Ramsay: utilizada para avaliar o nível de sedação dos pacientes. - Escala de Richmond de Agitação e Sedação (RASS): utilizada para avaliar o grau de agitação e sedação de pacientes. · Avaliação das pupilas: por meio dela busca-se avaliar a integridade dos nervos cranianos. Sendo muito comum sua alteração em pacientes que sofreram AVE ou outro comprometimento cerebral importante. - Simetria: Isocóricas (iguais) ou Anisocóricas (diferentes). - Tamanho: Mióse (pequenas) ou Midriase (grandes). - Atividade: Fotorreagentes (contrai à luz) ou Não fotorreagentes (não contrai à luz). Quando expomos os olhos em uma luz forte, a tendência é miose. Pedir para o paciente ficar de olhos fechados 30s, pedir para abrir e colocar o feixe de luz. Se ela diminui (fotorreangete e miótica), tá normal, caso não contraia, ela é não fotorreagente e midriática, o que indica lesão. Avaliação Cardiocirculatória · Rubor (cor) da Pele: paciente corado, descorado/pálido (pouco sangue na região), ruborizado (muito sangue na região). · Temperatura: pode ser pela mão (febril ou afebril ao toque) e termômetro, em que abaixo de 35° indica hipotermia; 36,5 normal e acima disso febril ou febre. Se a temperatura está elevada, os vasos estão dilatados e o sangue está a circular mais no corpo, porém, não se sabe se o paciente tem sangue suficiente para também nutrir as outras partes do corpo que também são importantes, desta forma, o paciente pode ficar sonolento porque tem sangue indo de mais para outros lugares e de menos para outros, ou seja, não tem sangue suficiente para suprir toda a demanda corpórea. A temperatura alta tem a intenção de colocar mais sangue no corpo pra certos lugares e isso pode gerar um acumulo de líquido -> edema. · Pulsação: avaliar o ritmo (coordenado ou descoordenado) e intensidade (forte ou fraco). - A pulsação forte indica que o sangue está chegando bem nas extremidades, enquanto a fraca associada as extremidades frias, indica que o sangue não está chegando com qualidade. - Pode-se verificar nas artérias: carótida, radial e femoral. · Frequência Cardíaca: quantas vezes o coração bate dentro de um minuto, pode ser testada nas artérias ditas anteriormente, sendo a radial a mais utilizada. · Pressão Arterial. · Edema: por meio do teste de cacifo. · Ausculta Cardíaca. Avaliação Pulmonar · Tipo de respiração: espontânea (em ambiente ou oxigênioterapia) ou com suporte ventilatório (invasivo ou não invasivo). - Suporte ventilatório invasivo: por meio de ventilador mecânico através de tubo orotraqueal ou traqueostomia. Falar também qual é o tipo de VM (controlada, SIMV, assistida) e todas as informações do ventilador (tempo inspiratório, expiratório, entre outras). - Suporteventilatório não invasivo: através de interfaces, como máscara nasal, facial, total face. Preciso anotar se é CPAP ou BIPAP. · Frequência Respiratória: se ele tiver em VM dá para ver direto no monitor ou por meio da observação do tórax/abdômen do paciente. Eupnéia: respiração dentro do padrão de normalidade (12-20 irpm para adultos); Bradipnéia ou Taquipnéia. · Tipo de Tórax: - Normais: normolíneo, brevilíneo ou longilíneo. São avaliados a partir do ângulo de Charpy (coloca o dedão no processo xifoide e vai descendo até o final dos arcos costais – observar o ângulo formado). É importante esta avaliação devido a mecânica respiratória. Quando respiramos ocorrem dois movimentos nos arcos costais: alça de balde (costelas vão pra cima e para baixo) e braço de bomba (esterno para cima e baixo). Então se eu tenho um tórax mais largo (brevilíneo) ele não vai conseguir fazer tanto esse movimento de alça de balde (expandir tanto) porque ele já é bastante expandido, então esse paciente geralmente não expande tanto o tórax, diferente do longilíneo que tem as costelas mais verticais então esse movimento vai ser bem mais fácil. - Patológicos: dificultam os movimentos respiratórios e então a pessoa não consegue respirar de forma tão eficiente, como o pectus excavatum, pectus carinatus e tórax em tonel (comum em pacientes com DPOC). · Expansibilidade do Tórax: avaliada através da mobilidade dos arcos costais do paciente durante uma inspiração profunda. O terapeuta coloca as mãos sobre o tórax do paciente e solicita respiração profunda sentindo suas mãos elevarem e abaixarem. A partir disso avalia-se se há simetria da expansibilidade por meio das mãos subindo e descendo juntas ou assimetria por meio das mãos subindo e descendo de forma diferente. Podemos fazer isso: no ápice dos pulmões e região final dos arcos costais (frente e costa). · Padrão Respiratório: avalia-se o tipo de respiração que o paciente faz, podendo ser apical, diafragmático e misto. Ao fazermos a reeducação respiratória do paciente é bom que ensinemos o padrão diafragmático, visto que neste padrão o diafragma é mais utilizado, indo mais para baixo e deixando assim o tórax livre para se expandir melhor, diferente do padrão torácico em que o diafragma pode estar limitando essa expansão. · Ausculta Pulmonar: fazer de forma comparativa de um lado e de outro. -- Som fisiológico: chamado também de murmúrio vesicular, é o som da entrada e saída de ar dos pulmões. Devemos atentar se é audível e simétrico em todas as áreas pulmonares. -- Sons patológicos (ruídos adventícios): por obstrução ou diminuição de calibre. - Estridor: a partir de regiões superiores das vias aéreas inferiores. Aparece em qualquer fase da respiração. Som intenso e agudo. Etiologias: obstrução, laringite, edema de glote e outros. - Roncos: parecem roncos mesmo, são graves e ouvimos geralmente nas partes mais superiores do tórax. Aparece mais na expiração. Ele indica secreção na traqueia ou nos brônquios fontes (vias aéreas de grande calibre), toda vez que o ar passa ele empurra a secreção que tá acumulado nessa VA e faz o barulho do ronco. - Sibilos: som agudo que que indica secreção em brônquios de médio e pequeno calibre, ou broncoespasmo (comum na asma). É o ar tentando passar por um espaço bem pequenino. Se eu tenho diminuição do calibre ou secreção nas vias aéreas de pequeno calibre (depois dos brônquios) o ar entra e sai com dificuldade, fazendo o apitinho do ar tentando entrar e sair. Escutamos na inspiração e na expiração. - Estertores finos: equalização das pressões devido abertura súbita das vias aéreas de menor calibre. Som semelhante ao friccionar fios de cabelo. Mais audível do meio para o final da inspiração. Etiologia: edema pulmonar, pneumonia, fibrose pulmonar. - Estertores grossos (subcreptantes): abertura súbita de vias aéreas de maior calibre, semelhante ao som de liquido borbulhando. Pode ocorrer na inspiração ou na expiração. Comum em bronquite crônica, bronquiectasia, edema pulmonar e outros. Se eu tenho uma secreção ou exsudato dentro do alvéolo (ou nas vias de pequeno calibre bem próximas do alvéolo), toda vez que esse alvéolo fechar e abrir eu vou ter barulho de saquinho estourando (estertor). - Atrito pleural: comum quando os folhetos não estão saudáveis, produzindo ruídos como rangido; comum na inspiração e/ou expiração. Etiologia: inflamação, neoplasia ou derrame pleural extenso. Com base nisso vamos pensar em nossa conduta terapêutica. Ex: Qual manobra de higiene vou usar para resolver o ronco, o sibilo ou o estertor? De acordo com o que cada manobra faz, as que ajudam a expandir alvéolo (estertor), as que ajudam a limpar as de grandes calibre, etc. · Percussão: avalia a ressonância do ar dentro do tórax. Fazemos nos mesmos lugares nos quais auscultamos, sempre com os dedos entre as costelas. Podemos encontrar um som: timpânico (som de ar, oco, normal) ou maciço (som de algo solido, podendo ser devido presença de liquido ou massa tumoral dentro do pulmão, patológico). · Frêmito Toracovocal: também avalia a ressonância do ar dentro do tórax. Pode ser avaliado com o estetoscópio ou com as mãos. Procedimento: coloca-se as mãos sobre o tórax do paciente e solicita-se que ele fale “33”. Vamos sentir se o tórax vibra igualmente por inteiro, isso quer dizer que tem ar em todo pulmão e ele se espalha bem no tórax. Caso a vibração esteja diminuída em algum local, isso indica que o ar não está chegando em todos os lugares como deveria, as causas podem ser secreção ou atelectasia. · Sinais de desconforto respiratório: - Dispnéia: é a sensação de falta de ar, então é o paciente que tem que falar que está com falta de ar, não é pela nossa observação. A partir dela podemos então ofertar mais oxigênio, sendo por meio de oxigênioterapia, VNI ou conversar com equipe medica para VMI. - Uso de Musculatura Acessória: esternocleidomastóideo e/ou escaleno. - Batimento de asa de nariz - Tiragem: Subcostal ou Subdiafragmática. - Retração de Fúrcula - Cianose: refere diminuição de oxigênio no sangue do paciente. Podendo ser Central ou Periférica. Central: tom mais pálido na pele; olheiras, ponta do nariz e lábios arroxeados. Possui causa respiratória – o ar entra, porém o paciente não está conseguindo captar a quantidade de O2 necessária. Periférica: dedos das mãos e dos pés azulados. A causa é circulatória, em que o ar está chegando em, contudo, a circulação está deficiente e não permite que o O2 chegue nas regiões periféricas. · Saturação: mensurada através do oxímetro de pulso; caso o paciente esteja com cianose periférica, o oxímetro não será tão eficaz, sendo mais viável a solicitação de uma gasometria. - Normal: 92-98%. * os valores de referência de normalidade variam de acordo com algumas patologias. * o valor de normalidade não chega a 100% porque níveis muito altos de oxigênio podem levar à lesão pulmonar. Isso ocorre devido ao fato de que: muito oxigênio no sangue leva a sua utilização, e sua utilização na respiração celular leva a produção de ácidos e radicais livres como produto, que por sua vez, em excesso, podem gerar lesão. · Tosse: Avaliamos algumas características, como= - Espontânea ou Solicitada; - Eficaz (tosse com vontade, forte) ou Ineficaz (tosse mole, fraca); - Seca ou Produtiva; - Se produtiva: Expectoração ou Deglutição? - Se expectoração: - Quantidade (pouco ou muito); - Espessura (fluida ou grossa); - Cor (transparente, esbranquiçada, branca, verde, marrom, com sangue – sendo que quanto mais coloração, mais indício de processo infeccioso); - Odor (infecção bacteriana ou viral, o cheiro sobe rápido, não precisa cheirar). Avaliação Musculoesquelética · Fraqueza muscular adquirida na UTI: é uma condição detectada clinicamente que se caracteriza por fraqueza difusa (corpo inteiro) e simétrica (ambos os lados), que envolve a musculatura dos membros e os músculos respiratórios.- Podemos avaliar a força muscular seguindo os critérios do Medical Research Council (MRC), na qual vamos avaliar 12 grupos musculares (nos dois hemocorpos), sendo: abdução de ombro, flexão de cotovelo, extensão de punho, flexão de quadril, extensão de joelho e dorsiflexão de tornozelo. * Escore: um escore total abaixo de 48/60 designa fraqueza significativa, e escore total MRC abaixo de 36/48 indica fraqueza grave. · Tônus Muscular: avaliar e prestar atenção em desordens por hipotonia, como o pé equino (ele tende a ficar em flexão plantar gerando encurtamento do tríceps sural -> alongamento, posicionamento, bota). · Equilíbrio estático e dinâmico - Estático: avaliar se ele consegue permanecer em ortostatismo sem auxílio. - Dinâmico: coloca ele pra caminhar e observa se ele consegue se equilibrar, caso não, o que estaria atrapalhando esse equilíbrio? Avaliação Tegumentar · Pele: coloração, textura (muito seca), tato (sensibilidade). · Cuidado com úlceras, exsudato, edema. *** Nas observações: presença de familiares durante atendimento; observações relatadas anteriormente pela equipe, porém não constatadas durante a avaliação; intercorrências externas ao paciente.
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