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Teoria geral da administração Augusto Nishimura E-book 4 Neste E-book: Introdução ���������������������������������������������������4 Qual é o papel dos gerentes? ���������������� 5 Administrar é tomar decisões! �������������� 6 Os gerentes assumem diferentes papéis! �������������������������������������� 7 Quais seriam as habilidades dos gerentes? ���������������������������������������������� 9 O que podemos aprender com o processo de produção de carros? �������12 Os japoneses são diferentes dos outros? ����������������������������13 O sistema Toyota de Produção ������������15 O que o post it tem a ver com a Toyota? �������������������������������������������20 História e Antropologia da Gastronomia E-book 4 2 Como o ambiente externo molda a gestão interna das organizações? �����24 Onde estamos e para onde vão as ideias em administração? ���������������������29 Considerações finais������������������������������� 33 Síntese ���������������������������������������������������������34 3 INTRODUÇÃO Olá! Retomemos o que já aprendemos: as primeiras ideias em administração se voltaram para a proposição de soluções que elevassem a eficiência das ativida- des internas das fábricas. Porém, esse pensamento ignorava as questões individuais e grupais do tra- balho, que passaram a ser o foco dos estudos dos pensadores da Escola de Relações Humanas e dos Comportamentalistas. Por fim, estudamos a pers- pectiva da Visão Sistêmica e da Contingência, que buscaram compreender o ambiente externo da or- ganização e deram ênfase à eficácia organizacional. A partir daquilo que exploramos até aqui, você sa- beria dizer de que maneira todo esse conhecimento poderia ser adaptado, transformado e extrapolado para outras realidades, para que possa atender as necessidades atuais e futuras das organizações? O conhecimento é vivo e novas abordagens surgem continuamente para atender as necessidades e os desafios que são impostos pelo mundo moderno! Convidamos você para mergulhar ainda mais nesse estudo, entendendo como as ideias contemporâne- as contribuíram para o avanço do pensamento em administração. Vamos Juntos! 4 QUAL É O PAPEL DOS GERENTES? Vamos iniciar a nossa reflexão a partir do ponto de vista do gestor. Suponha que você acabou de ser promovido(a) à primeira posição de gerência de sua carreira. Trata-se, portanto, de um desafio que você deverá encarar e, para isso, deverá não somente ge- renciar as questões técnicas, mas também liderar uma nova equipe. O que você faria? Para poder ajudá-lo(a) nessa resposta, vamos co- nhecer as diferentes perspectivas sobre a função e o papel dos gerentes nas organizações. 5 ADMINISTRAR É TOMAR DECISÕES! De acordo com o pesquisador Herbert Simon (1916- 2001), administrar significa tomar decisões. Segundo ele, trata-se de um processo composto por três passos: análise do problema, identificação de al- ternativas, e tomada de decisão. Para ele, o gestor é aquele que toma decisões satisfatórias e cumpre os requisitos mínimos necessários para o alcance dos objetivos. Ele classificou esse profissional como homem administrativo. Figura 1: Processo de decisão do homem administrativo. Além disso, há dois tipos de decisão: as programa- das, que se repetem e são padronizadas; e as não programadas, que requerem dos gestores habilidades de julgamento e criatividade para tomar decisões (MAXIMIANO, 2018). Saiba mais Descubra aqui como fazer boas escolhas e tomar decisões em situações complexas. 6 OS GERENTES ASSUMEM DIFERENTES PAPÉIS! Outro ponto de vista sobre a atuação do gerente tem como foco os papéis que ele assume em seu tra- balho. Henry Mintzberg, professor da Universidade McGill, Canadá, é um grande defensor dessa perspec- tiva, considerado um dos mais proeminentes pensa- dores da atualidade. Segundo suas proposições, os gerentes podem assumir diferentes papéis, que são classificados em três grandes grupos: interpessoais, de informação, e de decisão (MAXIMIANO, 2018). INTER- PESSO- AIS DE INFORMA- ÇÃO DE DECISÃO Símbolo Líder Ligação Monitor Disseminador Porta-voz Empreendedor Controlador de distúrbios Administrador de recursos Negociador Tabela 1: Os papéis gerenciais de Mintzberg. Maximiano (2018). Os papéis interpessoais são aqueles que enfatizam os papéis dos gerentes para o estabelecimento das relações internas e externas à organização. Podem 7 atuar como símbolo, ou seja, como representante da organização; como líder, sendo reconhecido tanto pela equipe quanto pelo público externo; e como liga- ção, atuando na interface entre as equipes, facilitando o relacionamento e trocando informações. Os papéis de informação são os papéis assumidos pelo gestor para captação e divulgação das infor- mações. Como monitor, o profissional busca acom- panhar os acontecimentos do departamento ou da organização; como disseminador, transmite as in- formações externas para o público interno e, como porta-voz, divulga as informações geradas interna- mente para o ambiente externo. Os papéis de decisão são os papéis relacionados à tomada de decisão estratégica e para resolução de problemas. Como empreendedor, busca estabele- cer aprimoramentos e atuar na proposição de novas oportunidades de negócios; como controlador de distúrbios, atua para tomar decisão em situações imprevistas, em condições de incerteza e risco; como administrador de recursos, toma decisões para alo- cação de recursos, tais como o tempo e o trabalho da equipe; como negociador, tanto interna quanto externamente. Em sua opinião, quais desses papéis você já assumiu em seu trabalho? Será que essas ideias podem ser aplicadas em diferentes situações e contextos? 8 QUAIS SERIAM AS HABILIDADES DOS GERENTES? Como estudamos até aqui, os gerentes são tomado- res de decisões e assumem diferentes papéis no dia a dia do trabalho. Isso significa que esses gestores adotam certos padrões de comportamento que são esperados pela organização. Vamos agora aprofun- dar nossas discussões e analisar a atuação desses profissionais, sob o ponto de vista das habilidades requeridas no trabalho. Saiba mais Descubra aqui o que são habilidades. Chester Barnard (1886-1961), um dos grandes pen- sadores da Escola de Relações Humanas, via o indi- víduo como um ser social. Segundo ele, os gestores teriam três tipos de habilidades: • Técnica, por meio do uso da tecnologia de infor- mação e aplicação de ferramentas administrativas; • Social, que está ligada à gestão da equipe e a conciliação das necessidades da organização e das pessoas; • Cooperativa, que busca integrar a equipe e promo- ver uma cultura de cooperação entre as pessoas. 9 O Professor Robert Katz concorda que a habilidade técnica faz parte do conjunto de habilidades dos gestores. Também classificou essas habilidades em três grupos: • Técnica, que é específica da atividade do gerente e está relacionado à aplicação do conhecimento técnico de sua área de atuação; • Humana, que está relacionada à habilidade de lidar com os aspectos das necessidades indivi- duais e grupais; • Conceitual, que está associada à capacidade de lidar com situações sistêmicas, complexas e abs- tratas, utilizando habilidades intelectuais para for- mulação das estratégias. Figura 2: As competências gerenciais de Katz. Maximiano (2018). A partir das ideias de Barnard e Katz sobre habilida- des dos gestores, você consegue compreender que 10 pode haver diferentes perspectivas sobre o mesmo assunto e que elas podem se complementar? Um ponto que merece destaque é a relação que Katz faz entre as habilidades dos gestores com os respectivos níveis hierárquicos. A partir dessa ideia, um gestor que atua em um nível hierárquico superior deve se preocupar com as suas habilidades conceituais ou as habilidades técnicas? Reflita Como desenvolver as habilidades gerenciais? Podcast 1 11 O QUE PODEMOS APRENDER COM O PROCESSO DE PRODUÇÃO DE CARROS? Vamos agora mudara nossa perspectiva de análise. Se, por um lado, há a preocupação quanto à forma- ção de gestores com habilidades para executar suas atribuições, tomar decisões e assumir diferentes papéis, por outro lado, a administração também se ocupa em compreender as soluções idealizadas pe- los gestores que resultaram em importantes ganhos às organizações. Você se lembra de quando estudamos sobre as contribuições de Henry Ford para o mundo da ad- ministração? As inovações aplicadas em sua fábrica revolucionaram o processo produtivo na época e, até hoje, é possível identificar como as suas ideias estão sendo aplicadas nas organizações. Agora a novidade é que outra montadora de automó- veis, ao inovar em seu processo produtivo e na forma de como lidar com as empresas que fazem parte de sua cadeia produtiva, revolucionou novamente a área e trouxe um novo olhar sobre o processo produtivo. Vamos aprender sobre as ideias aplicadas pela em- presa Toyota. 12 OS JAPONESES SÃO DIFERENTES DOS OUTROS? Toyota emplaca 7 entre os 10 modelos mais confi- áveis dos EUA em 2017. Pesquisa realizada pela Consumer Reports teve como base a experiência de 400 mil proprietários. Realizado anualmente pela prestigiada publicação Consumer Reports, o ranking que reúne os modelos e marcas mais confiáveis dos Estados Unidos foi especialmente positivo para a Toyota nesta edição de 2017. Conforme divulgado pela revista, a gigante japonesa emplacou nada menos que 7 entre os 10 modelos mais bem avaliados pelos consumidores do país - ao todo foram 4 veículos próprios e 3 da divisão de luxo Lexus. Dois detalhes, em especial, chamam a atenção: alguns deles estão à venda no Brasil (como o SUV RAV4 e o sedã médio-grande ES) e nada menos que 9 são de origem asiática. (Fonte https://motor1.uol.com.br/news/184166/ toyota-ranking-confiabilidade-eua-2017/.) Quando você pensa em um carro, um eletrônico ou qualquer produto fabricado por empresas japonesas, o que vem à sua mente? Há muito tempo, a qualidade 13 de seus produtos, a durabilidade, a confiabilidade, dentre outros atributos, sempre foram destaque entre os consumidores do mundo. Porém, você sabia que nem sempre foi assim no Japão? A montadora Toyota, que hoje é uma das gigantes do ramo automobilístico, teve de superar desafios devido às restrições encontradas, como falta de espaço físico e de mão de obra. A partir das novas ideias aplicadas para superar esses obstácu- los, os gestores conseguiram emplacar um modelo produtivo que é até hoje imitado pelos seus concor- rentes. Vamos conhecê-lo? 14 O SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO Você saberia dizer por que a Toyota revolucionou o modo de gerenciar as organizações? O que essa montadora fez de tão diferente daquilo que era apli- cado até então? O Modelo Japonês de Gestão (MJG) tem sido apresen- tado como o contraponto moderno das técnicas taylo- ristas de administração de empresas. Por oposição ao trabalho parcelar, simples e segmentado, desenvolvido nas empresas tayloristas, o trabalho nas empresas ja- ponesas é caracterizado como polivalente e politécnico. Em contraposição à contínua desqualificação da força de trabalho ocidental, o trabalhador japonês aparece em estado de permanente qualificação. Em confronto com a hierarquia de ferro das firmas tayloristas, as empresas japonesas são apontadas como modelos de gerência participativa. E mais. Intocados pelo desemprego pro- vocado pela desqualificação taylorista do trabalho, os trabalhadores japoneses fazem carreira, têm seus salá- rios reais reajustados periodicamente e seus empregos são assegurados por toda a vida (MALAGUTI, 1996, p.1). 15 Indo direto ao ponto, o sistema Toyota de produção revolucionou a forma de produção de automóveis. Pode-se dizer também que essa empresa influenciou e inspirou empresas de outros setores pela eficiência e eficácia de seu modelo de gestão. Mas como? Seu método de gestão trouxe inúmeros ganhos em eficiência e eficácia. Enfatizou muito a questão da qualidade e também da eliminação de desperdícios. Para reduzir os desperdícios, a Toyota implantou o método de produção flexível e o sistema just in time. Na produção flexível, o trabalhador necessita enten- der todo o processo de produção. Note que essa é uma perspectiva inversa daquela proposta por Taylor e Ford, em que o operário se especializava em uma função específica. Reflita O que o filme “Tempos Modernos”, estrelado pelo ator Charles Chaplin, trouxe de críticas ao siste- ma produtivo vigente em sua época? Confira aqui a análise crítica do filme. Neste outro link você pode assistir a um trecho do filme. Um dos grandes desperdícios encontrados no sis- tema de produção era o acúmulo de estoque. Mas, você saberia dizer por que o estoque era considerado um desperdício, se o estoque de matéria prima, por exemplo, é necessário para alimentar o processo produtivo? 16 Basicamente, a ideia era de que, se havia estoque em demasia, significava que havia “dinheiro” parado e, por isso, representava um desperdício de recursos, que poderiam ser usados em outras questões mais importantes na empresa. Além disso, se havia esto- que, era necessário haver espaço físico, ou seja, mais um custo que onerava todo o processo de produção. Pois bem, nesse aspecto, a Toyota inovou, quebrou paradigmas, revolucionou ao compreender que era necessário eliminar os estoques. Mas como eliminar os estoques, sem prejudicar a produção? A Toyota implantou o sistema just in time, em que a matéria prima deveria chegar ao local de produção no momento exato de sua produção. Basicamente, houve uma inversão da lógica da decisão em produzir ou não produzir. Se antes a produção era realizada para que houvesse estoque, para depois a empresa buscar compradores para os produtos já fabricados, agora esperava-se a realização do pedido formal de clientes para, só então, iniciar a produção. Ou seja, é a chamada produção por demanda. Em outras palavras, no sistema tradicional, a produ- ção é “empurrada” para frente, forçando a produção; no sistema de fluxo contínuo do tipo just in time, a produção é “puxada” a partir da demanda por aque- le produto. 17 Figura 3: h t t p s : / / w w w . r e v i s t a e s p a c i o s . c o m / a15v36n14/153614010.html A figura 3 ilustra esse processo. Na produção em- purrada, os setores atuam de maneira isolada e não interligada, cada um atuando conforme as metas específicas de sua área. Note que há acúmulo de matéria prima e de estoques intermediários nos pro- cessos. Já na produção puxada, os setores trabalham em um único fluxo, eliminando estoques intermedi- ários e possibilitando maior agilidade à produção. Para que esse processo desse certo, a Toyota se aproximou muito de seus fornecedores, selecio- nando poucos, porém com alto grau de sinergia e compromisso, para que as informações sobre as necessidades produtivas pudessem percorrer por toda a cadeia e possibilitar que os insumos fossem entregues somente no momento da produção de maneira coordenada e pontual. 18 Saiba mais Aqui você pode conhecer o sistema Toyota de produção. Podcast 2 Reflita Eliminar estoque é sempre benéfico? Confira aqui. 19 O QUE O POST IT TEM A VER COM A TOYOTA? Você, em algum momento, ouviu falar, ou até mesmo já usou post it para organizar, comunicar ou lembrar- -se de uma tarefa? Figura 4: https://br.freepik.com/index.php?goto=74&idfoto=766681 Atualmente o uso desses adesivos é muito popular, especialmente para a organização das tarefas e com- 20 preensão do status das atividades a serem realiza- das. Além disso, convém salientar que o seu apelo visual facilita, e muito, a comunicação, de maneira simples, objetiva e muitas vezes divertida. Saiba mais Neste link você vai saber como surgiu o post it, e aqui você descobrirá a inovação por trás do post it. Mas, afinal, qual a relação desse adesivo com a Toyota? O sistema desenvolvido pela montadora contemplava a organização das atividadesprodu- tivas por meio do uso de cartões, que mostravam o fluxo de produção, facilitando a comunicação e organizando as atividades a serem desenvolvidas. Trata-se de uma comunicação visual, que apoiaria o processo de produção visando à minimização de atrasos. Esse método era utilizado para organizar o fluxo produtivo, coordenando as atividades em três grandes grupos: a fazer (to do), fazendo (doing) e feito (done). 21 Figura 5: h t t p : / / w w w . m u n d o c a r r e i r a . c o m . b r / produtividade/o-que-e-e-como-funciona-o-sistema-kanban/ Além disso, o Kanban é um método para indicar mo- vimentação e alertar sobre a necessidade de produ- ção. Deseja conhecer com mais detalhes? Acesse os vídeos indicados para compreender seu uso. Saiba mais Descubra aqui como funciona o Kanban. Você também verá o exemplo de aplicação do Kanban. Parte 1 e parte 2. Como já enunciamos no início, como um conheci- mento desenvolvido em uma área pode ser aplicado em outros contextos? Qual é o papel do gestor nesse processo? Saiba que uma das habilidades requeri- das dos gestores é a capacidade de extrapolar seus conhecimentos e aplicar em realidades distintas. Conhecer os conceitos é extremamente importante, mas utilizar a criatividade, adaptar ferramentas e dar 22 novas funções aos modelos de gestão já existentes fazem com que as organizações necessitem, de fato, do trabalho desses profissionais. Para ilustrar a aplicação das ideias da Toyota em outro contexto, veja o Sistema Toyota de Produção aplicado à um Hospital. 23 COMO O AMBIENTE EXTERNO MOLDA A GESTÃO INTERNA DAS ORGANIZAÇÕES? Como verificamos nas ideias clássicas de Taylor, Ford e Fayol, a preocupação estava voltada para os aspectos internos das fábricas, em que se buscava o aumento da eficiência. Com o passar do tempo, novas perspectivas foram surgindo, dando espaço ao pensamento administrativo que considerava a influência externa, moldando a organização interna- mente, conforme defendem as teorias contingencial e sistêmica. Pode-se dizer que houve uma migração do foco interno para o foco externo e, atualmente, considera-se que a empresa é uma organização com- plexa, que sofre influência e é capaz de influenciar de diversas maneiras. As organizações foram se desenvolvendo e seus impactos na sociedade também foram crescendo. Além dos inúmeros benefícios, isso também tem trazido consequências para a sociedade. Elas são chamadas de externalidades. As externalidades po- dem ser positivas ou negativas. 24 Saiba mais Descubra aqui o que são externalidades positivas e negativas. Essas consequências têm levado a sociedade a dis- cutir e questionar as atitudes de algumas empresas e, diante dessa pressão, essas organizações tiveram de se adaptar aos novos tempos. A questão da ética empresarial, responsabilidade social empresarial e responsabilidade ambiental são assuntos recorrentes e que muitas organizações têm buscado atender e incorporar em sua missão e valores. Muitas disfunções do sistema empresarial levaram também ao surgimento de novos conceitos na área empresarial. A Enron, gigante empresa americana do setor de energia, solicitou, em 2001, a concordata de suas operações, em função de uma séria crise ética que envolveu bancos para manipular dados financei- ros. A partir da quebra da empresa, que marcou o período, foram descobertas novas fraudes em outras empresas, impulsionando a aplicação das ideias de Governança Corporativa nas organizações. Saiba mais O caso Enron. Segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa: 25 Governança corporativa é o sistema pelo qual as empre- sas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas. As boas práticas de governança corporativa convertem princípios básicos em recomendações objetivas, ali- nhando interesses com a finalidade de preservar e oti- mizar o valor econômico de longo prazo da organização, facilitando seu acesso a recursos e contribuindo para a qualidade da gestão da organização, sua longevidade e o bem comum. A Governança Corporativa, portanto, possui princí- pios amplamente divulgados pelo mundo que regu- lamentam como as organizações devem ser geridas. Cabem a elas considerar todos os atores que intera- gem ou sofrem influência da ação da organização. Esses atores são conhecidos como stakeholders, que podem ser pessoa física (clientes, funcionários), pessoa jurídica (fornecedores, clientes), governos, entidades, etc., ou seja, são as partes interessadas nesse processo. Os princípios básicos são quatro: (1) transparência; (2) equidade; (3) prestação de contas; (4) responsabilidade corporativa. 26 Saiba mais Aprofunde-se sobre os Princípios da Governança Corporativa. Com relação à Responsabilidade Social Corporativa, o entendimento mais difundido baseia-se na inte- gração de três variáveis: a econômica, a social e a ambiental, conhecida como Triple Bottom Line, o tripé do desenvolvimento sustentável: Dados apontam que 68% das multinacionais da Europa Ocidental fazem seus relatórios nesse esquema, me- dindo resultados em termos sociais, econômicos e ambientais, enquanto nos EUA a porcentagem é de 41%. Por enquanto, nenhuma empresa é obrigada por lei a apresentar seus resultados dessa maneira, é uma escolha da própria organização comprometida com o desenvolvimento sustentável. (Fonte: http://www.administradores.com.br/noticias/ negocios/o-que-e-triple-bottom-line/102114. Acesso em: 27 dez. 2018. 27 Figura 6: Tripé do desenvolvimento sustentável. A responsabilidade social corporativa e a responsa- bilidade ambiental são contempladas nesse modelo, em que os resultados empresariais são mensura- dos a partir dessas três dimensões. Basicamente, as organizações podem buscar lucros, de maneira sustentável e que respeitem as dimensões sociais e ambientais. 28 ONDE ESTAMOS E PARA ONDE VÃO AS IDEIAS EM ADMINISTRAÇÃO? A Estratégia Empresarial é um tema atual e muito utilizado nas organizações. A ideia partiu das estraté- gias de guerra, em que exércitos tomavam decisões e realizavam ações em função do movimento do opo- nente. Apesar de a concorrência entre empresas não envolver embate armado, como ocorria nas guerras, a noção de que era preciso fazer a leitura do todo e tomar decisões também em função da ação do outro passou a fazer parte do dia a dia das organizações. Segundo Maximiano (2018), a prática da estratégia pode ser estudada com base em quatro perspectivas distintas: PARA- DIGMA DO MERCADO Esta perspectiva (ou modelo), que se origina de economistas, enfa- tiza a ação das variáveis externas à empresa. Baseia-se na premis- sa de que o ambiente, ou seja, a organização ou estrutura do ramo de negócios, é o fator principal na escolha que as empresas fazem das estratégias para serem com- petitivas, muito mais do que as decisões internas. 29 VISÃO BA- SEADA EM RECURSOS Esta perspectiva enfatiza a ação das variáveis internas à empresa. Nesse modelo, os recursos de todos os tipos são valorizados e mobilizados como principais determinantes na formulação e implantação de estratégias organizacionais. MODELO DE NEGÓCIOS O modelo de negócios é uma das perspectivas mais recentes sobre a estratégia das empresas. É mais que um modelo - é uma ferramenta que faz a integração sistêmica de muitas variáveis da empresa para transformá-las em guia de aná- lise e decisão sobre estratégia e competitividade. ADMINIS- TRAÇÃO ESTRATÉGICA Esta perspectiva também é instru- mental e oferece um roteiro para o processo de planejar a estratégia, com base na análise SWOT. A estratégia é planejada e executada por meio de liderança, comuni- cação, planejamento operacional e trabalho nas áreas funcionais. Os resultados da execução da estratégia são avaliados e o ciclo planejamento-execução-con-trole se repete. Tabela 2: Quatro perspectivas da prática estratégica. O planejamento estratégico empresarial é uma ferra- menta que possibilita realizar análises do ambiente interno, identificando os pontos fortes e fracos; e do ambiente externo, mapeando as oportunidade e ame- aças atuais e futuras. Por meio dessas informações, os gestores descrevem possíveis cenários futuros e, 30 assim, adotam estratégias para cada situação. Após a definição das estratégias, elas devem ser desdo- bradas em ações nos demais níveis organizacionais. Outro assunto bastante comum nos dias atuais é o empreendedorismo. Segundo Maximiano (2018), empreendedor é aquele que assume riscos para lan- çar uma empresa no mercado. Também é conhecido como um perfil ou comportamento em que o indiví- duo mobiliza recursos para iniciar uma organização. Saiba mais Empreendedor por necessidade e por oportuni- dade. Há diferença? Confira aqui. Além disso, com a emergência da internet, globali- zação e novas formas de organização do trabalho, diferentes perspectivas emergiram para dar conta dessas novas necessidades. A administração no mundo digital tem como desafio gerenciar as ativi- dades em um ambiente em que a tecnologia da infor- mação avança rapidamente e a inteligência artificial é incorporada no dia a dia das organizações. Surgem novas formas de trabalho, como home office e tra- balho colaborativo, além das profissões que tendem a ser substituídas pela automação. Cabe, portanto, aos profissionais e às organizações estarem atentos às mudanças e antecipar tendências. Como o futu- ro é construído pela própria sociedade, é papel dos gestores participar ativamente desse processo de 31 mudança, assim como fizeram os profissionais, os estudiosos e as organizações que estudamos aqui. Saiba mais Confira o vídeo sobre o futuro da Administração 32 CONSIDERAÇÕES FINAIS Verificamos que importantes autores em adminis- tração preocuparam-se em estudar a administração, enfatizando o papel e as habilidades dos gerentes. Além disso, estudamos como a Toyota contribuiu para a gestão da produção, com a eliminação de estoques, aumento da qualidade e implementação de metodologias de controle de fluxo de produção. Entendemos também como as organizações passa- ram a ser regidas por normas e conceitos, visando a estabelecer um padrão de comportamento dentro dos limites éticos e voltados à sustentabilidade so- cial, ambiental e econômica. Por fim, vimos assun- tos que são amplamente utilizadas na atualidade, bem como refletimos sobre as tendências futuras em administração. Espero que você tenha aproveitado essa nossa jor- nada de aprendizado! 33 Síntese Referências MALAGUTI, M. L. A ideologia do modelo japonês de gestão. Ensaios FEE, Porto Alegre, (17)1:43-73, 1996. Disponível em: https://revistas.fee.tche.br/index.php/ ensaios/article/viewFile/1836/2205. Acesso em: 27 dez. 2018. IBCG – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. Disponível em: https://www.ibgc.org.br/governanca/ governanca-corporativa. Acesso em: 27 dez. 2018. MAXIMIANO, A. C. A. Teoria Geral da Administração: da revolução urbana à revolução digital. São Paulo: Atlas, 2018. Disponível em: https://integrada.mi- nhabiblioteca.com.br/#/books/9788597012460/ cfi/6/10!/4/6@0:66.0. Acesso em: 27 dez. 2018. PRADO, A. E.; OLIVEIRA, A. M. D.; GOLÇALVES FILHO, M.; FERREIRA, A.; CAMPOS, F.C. Pesquisa ação sobre mudança de estratégia em uma indústria de móveis para refrigeração industrial. Espacios, v.36, n.14, p.10, 2015. Disponível em: https://www.revistaespacios. com/a15v36n14/153614010.html. Acesso em: 27 dez. 2018.
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