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livro Arte Tridimensional

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Prévia do material em texto

Indaial – 2021
Arte tridimensionAl
Prof.a Brigitte Grossmann Cairus
2a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2021
Elaboração:
Prof.a Brigitte Grossmann Cairus
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
C136a
Cairus, Brigitte Grossmann
Arte tridimensional. / Brigitte Grossmann Cairus. – Indaial: 
UNIASSELVI, 2021.
265 p.; il.
ISBN 978-65-5663-406-7
ISBN Digital 978-65-5663-407-4
1. Arte - Estudo e ensino. - Brasil. 2. Arte na educação. – Brasil. II. Centro 
Universitário Leonardo da Vinci.
CDD 707
ApresentAção
Caro acadêmico! Por que será que a escultura continua a exercer 
tamanho fascínio através de sua presença tridimensional? Como e por que 
a arte tridimensional sempre existiu ao longo da história da humanidade e 
quais foram as principais transformações ocorridas a partir da modernidade 
em termos estéticos, conceituais e de material? Ao longo desta disciplina, 
compreenderemos acerca da natureza da tridimensionalidade, da vivacidade 
de sua presença física e, muitas vezes (mas não somente), táctil. 
Na primeira unidade deste livro, você irá se familiarizar com a natureza 
da tridimensionalidade, seu universo estético, suas especificidades em forma, 
imaginação e simbolismo, além da relação com as outras artes. Conhecerá 
também a dinâmica histórica, plástica e técnica da cerâmica como elemento 
tridimensional e a nova estética da cerâmica moderna e contemporânea. 
Na segunda unidade, você conhecerá as origens e o desenvolvimento 
da produção tridimensional durante o século XX e compreenderá as novas 
concepções de espaço e de estrutura. Irá também, a partir da modernidade, 
inteirar-se acerca dos principais artistas, movimentos e características da arte 
tridimensional brasileira e internacional. 
Por fim, na terceira unidade, você conhecerá as várias possibilidades 
temáticas e de materiais, usados nas obras tridimensionais contemporâneas 
pequenas ou monumentais, e estabelecerá as suas devidas relações 
históricas, teóricas e estéticas. Desta forma, você irá treinar e realizar 
instigantes leituras de obras tridimensionais a partir de seus elementos 
históricos, formais e simbólicos. 
Bons estudos e ótimas descobertas!
Prof.a Brigitte Grossmann Cairus
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá 
contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, 
entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
LEMBRETE
sumário
UNIDADE 1 — A NATUREZA DA TRIDIMENSIONALIDADE ............................................................1
TÓPICO 1 — A ESCULTURA: UM NOVO OLHAR ....................................................................... 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3
2 ELEMENTOS DO DESIGN ESCULTURAL ................................................................................... 6
2.1 ELEMENTOS DO DESIGN ........................................................................................................... 7
2.2 PRINCÍPIOS DO DESIGN ........................................................................................................... 12
3 RELAÇÃO DA ESCULTURA COM AS OUTRAS ARTES ........................................................ 17
4 OS MATERIAIS ................................................................................................................................. 19
4.1 PEDRA ............................................................................................................................................ 19
4.2 MADEIRA ...................................................................................................................................... 22
4.3 METAL ........................................................................................................................................... 24
4.4 ARGILA .......................................................................................................................................... 26
4.5 MARFIM......................................................................................................................................... 28
4.6 GESSO ............................................................................................................................................. 29
4.7 CIMENTO ...................................................................................................................................... 30
4.8 FIBRA DE VIDRO ......................................................................................................................... 31
4.9 PAPEL-MÂCHÉ ............................................................................................................................ 32
4.10 MATERIAIS ALTERNATIVOS.................................................................................................. 33
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 34
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 35
TÓPICO 2 — ESCULTURA: FORMA, IMAGINAÇÃO E SIMBOLISMO ............................... 37
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 37
2 A ARTE TRIDIMENSIONAL ......................................................................................................... 37
3 O RELEVO ........................................................................................................................................... 40
4 A ESCULTURA REPRESENTACIONAL ...................................................................................... 43
4.1 A FIGURA HUMANA ................................................................................................................. 43
4.2 IMAGENS DEVOCIONAIS E ESCULTURANARRATIVA ................................................... 44
4.3 BUSTO ............................................................................................................................................ 46
4.3.1 Cenas do cotidiano .............................................................................................................. 47
4.4 ANIMAIS ....................................................................................................................................... 48
4.5 FANTASIA ..................................................................................................................................... 49
5 ESCULTURAS NÃO REPRESENTACIONAIS............................................................................ 51
6 ESCULTURA DECORATIVA .......................................................................................................... 52
7 SIMBOLISMO .................................................................................................................................... 53
8 USOS DA ESCULTURA ................................................................................................................... 56
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 59
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 60
TÓPICO 3 — A CERÂMICA COMO ELEMENTO TRIDIMENSIONAL ................................. 63
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 63
2 MATERIAIS UTILIZADOS NA PRODUÇÃO DA CERÂMICA ............................................. 64
2.1 A PINTURA SOBRE A PORCELANA ...................................................................................... 67
2.2 SLIPWARE ..................................................................................................................................... 68
2.3 TERRA SIGILLATA ...................................................................................................................... 69
3 CERÂMICA MODERNA ................................................................................................................ 70
3.1 O ARTISTA CERAMISTA ............................................................................................................ 70
4 CERÂMICA CONTEMPORÂNEA ................................................................................................ 76
5 MUSEUS E COLEÇÕES CERÂMICAS ........................................................................................ 81
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 83
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 87
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 88
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 89
UNIDADE 2 — PRODUÇÃO TRIDIMENSIONAL MODERNA E CONTEMPORÂNEA ... 91
TÓPICO 1 — ARTE TRIDIMENSIONAL MODERNA ................................................................ 93
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 93
2 ARTE TRIDIMENSIONAL OCIDENTAL MODERNA............................................................. 94
2.1 SÉCULO XX ................................................................................................................................... 97
2.2 ESCULTURA DE VANGUARDA (1909-1920) .......................................................................... 98
2.3 CONSTRUTIVISMO E DADAÍSMO ....................................................................................... 103
2.4 A REAÇÃO CONSERVADORA DA DÉCADA DE 1920 ...................................................... 105
2.5 O SURREALISMO (1920-45) ..................................................................................................... 107
2.6 APÓS A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL ............................................................................ 109
2.7 A FIGURA HUMANA DESDE A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL................................. 115
2.8 ARCAÍSMO, CRIAÇÃO DE ÍDOLOS E ESCULTURA RELIGIOSA .................................. 120
3 ESPAÇO E ESTRUTURA NA ARTE TRIDIMENSIONAL .................................................... 122
3.1 O ESPAÇO.................................................................................................................................... 123
3.2 A ESTRUTURA ........................................................................................................................... 127
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 134
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 135
TÓPICO 2 — ARTE TRIDIMENSIONAL BRASILEIRA............................................................ 137
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 137
2 A ESCULTURA BRASILEIRA ....................................................................................................... 138
2.1 VICTOR BRECHERET .............................................................................................................. 138
2.2 ERNESTO DE FIORI ................................................................................................................... 140
2.3 ALFREDO CESCHIATTI ........................................................................................................... 142
2.4 MARIA MARTINS ...................................................................................................................... 143
3 O MOVIMENTO CONCRETISTA NO BRASIL ....................................................................... 145
3.1 AMÍLCAR DE CASTRO ........................................................................................................... 146
3.2 FRANZ WEISSMANN .............................................................................................................. 148
3.3 LYGIA CLARK ............................................................................................................................ 149
3.4 HÉLIO OITICICA ...................................................................................................................... 151
4 A FORÇA DA NATUREZA E DA ESPIRITUALIDADE .......................................................... 153
4.1 FRANS KRAJCBERG ................................................................................................................. 153
4.2 RUBEM VALENTIM .................................................................................................................. 155
4.3 MESTRE DIDI (DEOSCÓREDES M. DOS SANTOS) ............................................................ 157
4.4 FRANCISCO BRENNAND ....................................................................................................... 159
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 162
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 163
TÓPICO 3 — EXPRESSÕES TRIDIMENSIONAIS DA ARTE CONTEMPORÂNEA ......... 165
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................165
2 A ESTÉTICA DO TRIDIMENSIONAL NA CONTEMPORANEIDADE ............................ 167
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 175
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 181
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 182
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 183
UNIDADE 3 — DIFERENTES PROPOSTAS PARA O TRIDIMENSIONAL NA 
CONTEMPORANEIDADE ................................................................................. 185
TÓPICO 1 — A DINÂMICA TEMÁTICA E DE MATERIAL .................................................... 187
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 187
2 ESCULTURA MACIA: MODERNIDADE, MINIMALISMO E CORPO ............................. 189
2.1 PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCULO XX .............................................................................. 192
2.2 AS DÉCADAS DE 1960 E 1970 .................................................................................................. 195
2.3 AS DÉCADAS DE 1980 E 1990 .................................................................................................. 203
2.4 NA VIRADA DO SÉCULO ....................................................................................................... 207
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 210
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 211
TÓPICO 2 — QUESTÕES MONUMENTAIS EM CERÂMICA ................................................ 213
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 213
2 MONUMENTOS E A MEMÓRIA COLETIVA .......................................................................... 215
3 O ESTILO MONUMENTAL CERÂMICO .................................................................................. 218
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 230
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 231
TÓPICO 3 — OLHAR O TRIDIMENSIONAL ............................................................................. 233
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 233
2 GEOFFREY FARMER, EXPOSIÇÃO EU EM MUITOS ............................................................ 236
3 LIZ MAGOR, EXPOSIÇÃO A BOCA E OUTRAS INSTALAÇÕES DE 
ARMAZENAMENTO ......................................................................................................................................... 247
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 258
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 262
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 263
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 264
1
UNIDADE 1 — 
A NATUREZA DA TRIDIMENSIONALIDADE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir dos estudos desta unidade, você deverá ser capaz de:
• conhecer o universo das formas tridimensionais em arte e suas 
especificidades em elementos e princípios do design escultural;
• perceber a relação da escultura com as outras linguagens artísticas e os 
materiais usados;
• compreender acerca dos aspectos estéticos que compõem a arte 
tridimensional incluindo a forma, a imaginação e o simbolismo;
• aprender acerca da dinâmica histórica e plástica da cerâmica como 
elemento tridimensional, seus materiais e técnicas e as características 
estéticas da cerâmica moderna e contemporânea. 
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade 
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo 
apresentado. 
TÓPICO 1 – A ESCULTURA: UM NOVO OLHAR
TÓPICO 2 – ESCULTURA: FORMA, IMAGINAÇÃO E SIMBOLISMO
TÓPICO 3 – A CERÂMICA COMO ELEMENTO TRIDIMENSIONAL
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
2
3
TÓPICO 1 — 
UNIDADE 1
A ESCULTURA: UM NOVO OLHAR
1 INTRODUÇÃO
A escultura é uma forma artística em que materiais duros ou maleáveis 
são trabalhados e transformados em objetos de arte tridimensionais. Os projetos 
podem ser incorporados em objetos independentes, em relevos, em superfícies 
ou em ambientes que envolvam o espectador. Uma enorme variedade de meios 
pode ser usada, incluindo argila, cera, pedra, metal, tecido, vidro, madeira, gesso, 
borracha e objetos aleatórios. Os materiais podem ser esculpidos, modelados, 
moldados, forjados, soldados, costurados, montados ou combinados.
FIGURA 1 – A MANUFATURA DE UMA ESCULTURA
FONTE: <https://bit.ly/3e8NRCQ>. Acesso em: 14 set. 2019.
Escultura não é um termo fixo que se aplica a uma categoria 
permanentemente circunscrita de objetos ou conjuntos de atividades. É, antes, 
o nome de uma arte que cresce e muda e está continuamente ampliando ao 
alcance de suas atividades e desenvolvendo novos tipos de objetos. O escopo 
do termo era muito mais amplo na segunda metade do século XX do que havia 
sido duas ou três décadas antes, e no estado fluido das artes visuais na virada 
do século XXI, ninguém pode prever quais serão suas futuras características. 
Certas características que nos séculos anteriores foram consideradas essenciais 
à arte da escultura não estão presentes em grande parte da escultura moderna 
e não podem mais fazer parte de sua definição. Um dos mais importantes 
deles é a representação. Antes do século XX, a escultura era considerada 
uma arte representacional, que imitava formas de vida, na maioria das vezes 
figuras humanas, mas também objetos inanimados, como utensílios e livros. 
UNIDADE 1 — A NATUREZA DA TRIDIMENSIONALIDADE
4
Desde a virada do século XX, no entanto, a escultura também incluiu formas 
não representativas. Há muito tempo se aceita que as formas de tais objetos 
tridimensionais funcionais, como móveis, panelas e edifícios, podem ser 
expressivas e belas sem serem, de forma alguma, representacionais; mas foi 
apenas no século XX que as obras de arte tridimensionais não funcionais e não 
representativas começaram a ser produzidas (ROGERS, 2019).
FIGURA 2 – ESCULTURA CONTEMPORÂNEA AMORFA DE DAN LAM
FONTE: <https://artofed-uploads.nyc3.digitaloceanspaces.com/2018/03/Lam-1024x1024.jpg>. 
Acesso em: 14 set. 2019. 
Antes do século XX, a escultura era considerada principalmente uma 
arte de forma sólida. É verdade que os elementos negativos da escultura – os 
vazios e buracos dentro e entre as suas formas sólidas – sempre foram, até certo 
ponto, parte integrante do seu design, mas o papel deles era secundário. Em 
grande parte da escultura moderna, no entanto, o foco da atenção mudou e os 
aspectos espaciais se tornaram dominantes. A escultura espacial é agora um 
ramo geralmente aceito da arte da escultura. Com o recente desenvolvimento da 
escultura cinética, nem a imobilidade nem a imutabilidade da sua forma podem 
ser consideradas essenciais para a arte da escultura.Finalmente, a escultura 
desde o século XX não se limitou aos dois processos tradicionais de entalhe e 
modelagem ou a materiais naturais tradicionais como pedra, metal, madeira, 
marfim, osso e argila. Como os escultores atuais usam quaisquer materiais e 
métodos de fabricação que servirão aos seus propósitos, a arte da escultura não 
pode mais ser identificada com nenhum material ou técnica específica.
A partir de todas essas mudanças, há provavelmente apenas uma coisa 
que permaneceu constante na arte da escultura, e é isso que emerge como a 
preocupação central e permanente dos escultores: a arte da escultura é o ramo 
das artes visuais que é especialmente preocupado com a criação da forma 
tridimensional, ou seja, em três dimensões: altura, largura e profundidade. 
TÓPICO 1 — A ESCULTURA: UM NOVO OLHAR
5
A escultura pode ser um objeto autônomo, que pode ser observado por 
todos os lados ou pode ser apenas criada em alto-relevo. No primeiro caso, a 
escultura é um objeto separado e independente por si só, levando o mesmo tipo 
de existência independente no espaço, como um corpo humano ou uma cadeira. 
Já um alto-relevo não tem esse tipo de independência. Ele se projeta 
de uma base que serve como um pano de fundo contra o qual é definido ou 
uma matriz da qual emerge. A tridimensionalidade real da escultura limita 
seu escopo em certos aspectos em comparação com o escopo da pintura. A 
escultura não pode conjurar a ilusão do espaço por meios puramente óticos ou 
investir suas formas com a atmosfera e a luz como a pintura pode. Tem um tipo 
de realidade, uma presença física vívida que é negada às artes pictóricas. As 
formas de escultura são tangíveis e visíveis, e podem apelar forte e diretamente 
às sensibilidades táteis e visuais. 
 
Mesmo os deficientes visuais, incluindo aqueles que são cegos, podem 
produzir e apreciar certos tipos de escultura. Na verdade, foi argumentado pelo 
crítico de arte do século XX, Sir Herbert Read, que a escultura deve ser considerada 
primariamente como uma arte do toque e que as raízes da sensibilidade escultural 
podem ser atribuídas ao prazer que se experimenta ao tocar as coisas.
FIGURA 3 – A DESCOBERTA DO ALTO-RELEVO PELA DEFICIENTE VISUAL
FONTE: <https://www.lifegate.com/app/uploads/Screen-Shot-2017-03-02-at-20.10.30.png>. 
Acesso em: 14 set. 2019. 
Todas as formas tridimensionais são percebidas como tendo um caráter 
expressivo, bem como propriedades puramente geométricas. Essas formas 
podem ser delicadas, agressivas, fluidas, tensas, relaxadas, dinâmicas, suaves e 
assim por diante. Ao explorar as qualidades expressivas da forma, um escultor 
é capaz de criar imagens em que o assunto e a expressividade da forma se 
reforçam mutuamente. Tais imagens vão além da mera apresentação de fatos e 
comunicam uma ampla gama de sentimentos sutis e poderosos. A matéria-prima 
estética da escultura é, por assim dizer, todo o domínio da forma tridimensional 
UNIDADE 1 — A NATUREZA DA TRIDIMENSIONALIDADE
6
expressiva. Uma escultura pode se basear no que já existe na infinita variedade 
de formas naturais e artificiais, ou pode ser uma arte de pura invenção. Ela tem 
sido usada para expressar uma vasta gama de emoções e sentimentos humanos, 
desde o mais terno e delicado até o mais violento e extático. Todos os seres 
humanos, intimamente envolvidos desde o nascimento com o mundo da forma 
tridimensional, aprendem algo sobre sua propriedade estrutural e expressiva 
e desenvolvem respostas emocionais a ele. Essa combinação de compreensão e 
resposta sensível, muitas vezes chamada de senso de forma, pode ser cultivada 
e refinada. É a esse senso de forma que a arte da escultura principalmente atrai.
 
Para que possamos aprofundar nosso conhecimento acerca do universo 
tridimensional em arte, iremos, através desta primeira unidade, lidar com os 
elementos e princípios do design; os materiais, métodos, técnicas e formas de 
escultura; e seu assunto, imagens, simbolismo e usos. 
2 ELEMENTOS DO DESIGN ESCULTURAL
Os dois elementos mais importantes da escultura – massa e espaço – 
são, é claro, separáveis apenas no pensamento. Toda escultura é feita de uma 
substância material que tem massa e existe no espaço tridimensional. A massa 
da escultura é, portanto, o volume sólido, material e ocupando o espaço que 
está contido em suas superfícies. O espaço entra no desenho da escultura de três 
maneiras principais: os componentes materiais da escultura se estendem ou se 
movem pelo espaço; eles podem envolver o espaço, criando assim cavidades 
e vazios dentro da escultura; e eles podem relacionar um ao outro através do 
espaço. Volume, superfície, luz e sombra e cor são elementos de suporte da 
escultura (ROGERS, 2019).
FIGURA 4 – MASSA E ESPAÇO DA ESCULTURA
FONTE: <https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn%3AANd9GcTkFoDsj28poMHZ_
v7OTORIhLx3JOy38Ycy7Q&usqp=CAU>. Acesso em: 14 set. 2019. 
TÓPICO 1 — A ESCULTURA: UM NOVO OLHAR
7
2.1 ELEMENTOS DO DESIGN
A importância atribuída a qualquer massa ou espaço no design da 
escultura varia consideravelmente. Na escultura egípcia e na maior parte 
da escultura de Constantin Brancusi (1876-1957), por exemplo, a massa é 
fundamental, e a maior parte do pensamento do escultor foi dedicada a moldar 
um pedaço de material sólido. 
FIGURA 5 – MUSA ADORMECIDA DE BRANCUSI
FONTE: <https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2017/05/brancusi_leilao.
jpg?quality=70&strip=info&resize=680,453>. Acesso em: 14 set. 2019. 
Nos trabalhos de Naum Gabo (1890-1977), por outro lado, a massa é 
reduzida a um mínimo, consistindo apenas em folhas transparentes de plástico 
ou hastes finas de metal. A forma sólida dos componentes em si é de pouca 
importância, sua principal função é criar movimento através do espaço e 
delimitar o espaço. 
UNIDADE 1 — A NATUREZA DA TRIDIMENSIONALIDADE
8
FIGURA 6 – ESCULTURA TRANSPARENTE DE NAUM GABO
FONTE: <https://www.biographyonline.net/wp-content/uploads/2014/05/480px-Oval_with_
Points.jpg.webp>. Acesso em: 14 set. 2019. 
Em obras de outros escultores do século XX, como Henry Moore (1898-
1986), por exemplo, os elementos de espaço e massa são tratados como parceiros 
mais ou menos iguais.
FIGURA 7 – ESCULTURA DE HENRY MOORE
FONTE: <https://www.biographyonline.net/wp-content/uploads/2014/05/480px-Oval_with_
Points.jpg.webp>. Acesso em: 14 set. 2019. 
TÓPICO 1 — A ESCULTURA: UM NOVO OLHAR
9
Não é possível ver a totalidade de uma forma tridimensional de uma 
só vez. O observador só pode ver o todo se ele girar a peça ou andar ao seu ao 
redor. Por essa razão, às vezes é erroneamente assumido que a escultura deve 
ser projetada principalmente para apresentar uma série de visões projetivas 
satisfatórias e que essa multiplicidade de visões constitui a principal diferença 
entre a escultura e as artes pictóricas, que apresentam apenas uma visão de 
seu assunto. Tal atitude em relação à escultura ignora o fato de que é possível 
apreender formas sólidas como volumes, para conceber uma ideia delas em 360 
graus a partir de qualquer aspecto. 
Grande parte das esculturas são projetadas para serem percebidas 
principalmente como volume. Um único volume é a unidade fundamental da forma sólida 
tridimensional que pode ser concebida. Algumas esculturas consistem em apenas um 
volume, outras são configurações de vários volumes.
IMPORTANT
E
A figura humana é frequentemente tratada pelos escultores como uma 
combinação de volumes, cada um dos quais corresponde a uma parte do corpo, 
como a cabeça, o pescoço, o tórax e a coxa. Buracos e cavidades na escultura, 
que são tão cuidadosamente moldados quanto às formas sólidas e são de igual 
importância para o design geral, são, às vezes, referidos como volumes negativos.
 
As superfícies da escultura são, na verdade, tudo o que se vê de fato. É 
a partir de suas inflexões que se fazem inferências sobre a estrutura interna da 
escultura. Uma superfície tem, por assim dizer, dois aspectos: contém e define 
a estrutura interna das massas daescultura, e é a parte da escultura que entra 
em relações com o espaço externo. O caráter expressivo de diferentes tipos de 
superfícies é de extrema importância na escultura. Superfícies convexas de dupla 
curvatura sugerem plenitude, contenção, invólucro, a pressão externa das forças 
internas. Na estética da escultura indiana, tais superfícies têm um significado 
metafísico especial. Representando a invasão do espaço na massa da escultura, 
superfícies côncavas sugerem a ação de forças externas e são frequentemente 
indicativas de colapso ou erosão. Superfícies planas tendem a transmitir uma 
sensação de dureza e rigidez do material; eles são inflexíveis, não afetadas por 
pressões internas ou externas. Superfícies que são convexas em uma curvatura 
e côncavas na outra podem sugerir o funcionamento de pressões internas e, ao 
mesmo tempo, uma receptividade à influência de forças externas. Elas estão 
associadas ao crescimento, com expansão para o espaço.
 
UNIDADE 1 — A NATUREZA DA TRIDIMENSIONALIDADE
10
Ao contrário do pintor, que cria efeitos de luz dentro da obra, através do 
uso de cores dos pigmentos e dos efeitos técnicos ilusórios de pintura e desenho 
de claro e escuro, o escultor manipula a luz na própria obra. A distribuição de 
luz e sombra sobre as formas de seu trabalho depende da direção e intensidade 
da luz de fontes externas. No entanto, até certo ponto ele pode determinar 
os tipos de efeito que essa luz externa terá. Se ele sabe onde o trabalho deve 
ser localizado, ele pode adaptá-lo ao tipo de luz que provavelmente receberá. 
A brilhante luz do sol no Egito e na Índia, por exemplo, exige um tratamento 
diferente da fraca luz que recebe o interior de uma catedral medieval do norte 
europeu. Então, novamente, é possível criar efeitos de luz e sombra cortando ou 
modelando cavidades profundas e atraentes, e cristas proeminentes e destacadas. 
Muitos escultores góticos tardios usaram a luz e a sombra como uma poderosa 
característica expressiva de seu trabalho, visando uma misteriosa obscuridade, 
com formas quebradas pela sombra emergindo de um fundo escuro. Os escultores 
gregos, indianos e da maioria dos renascentistas italianos moldaram as formas 
de seu trabalho para receber a luz de uma maneira que torna todo o trabalho 
radiantemente claro.
FIGURA 8 – DAVI, OBRA RENASCENTISTA DE MICHELANGELO
FONTE: <https://bit.ly/2BLvLK8>. Acesso em: 14 set. 2019. 
Você já se imaginou cara a cara com uma das mais famosas esculturas do 
mundo? Faça um tour virtual de 360 graus para conhecer Davi, de Michelangelo, situado 
na Galeria da Academia de Florência, Itália, através deste vídeo: https://www.youtube.com/
watch?v=Sal4uJLftpY.
DICAS
TÓPICO 1 — A ESCULTURA: UM NOVO OLHAR
11
O colorido da escultura pode ser natural ou aplicado. No passado 
recente, os escultores tornaram-se mais conscientes do que nunca da beleza 
inerente dos materiais esculturais. Sob o lema “verdade dos materiais”, muitos 
deles trabalhavam com seus materiais de maneiras que exploravam suas 
propriedades naturais, incluindo cor e textura. Mais recentemente, no entanto, 
tem havido uma tendência crescente para usar corante artificial brilhante 
como um elemento importante no design da escultura. No mundo antigo e 
durante a Idade Média quase todas as esculturas eram coloridas artificialmente, 
geralmente de uma maneira ousada e decorativa, em vez de naturalista. O 
portal esculpido de uma catedral, por exemplo, seria colorido e dourado com 
todo o brilho de um manuscrito iluminado da época. Combinações de materiais 
de cores diferentes, como o marfim e o ouro de algumas esculturas gregas, não 
eram desconhecidas antes do século XVII, mas o escultor barroco Gian Lorenzo 
Bernini (1598-1680) ficou conhecido por combinar mármores coloridos com 
mármore branco e bronze dourado (ROGERS, 2019).
FIGURA 9 – OBRA DE GIAN LORENZO BERNINI (1652)
FONTE: <https://www.artsy.net/artwork/gian-lorenzo-bernini-ecstasy-of-saint-teresa>. 
Acesso em: 14 set. 2019. 
UNIDADE 1 — A NATUREZA DA TRIDIMENSIONALIDADE
12
2.2 PRINCÍPIOS DO DESIGN
Os princípios do design na arte da escultura não são universais, pois 
os princípios que governam a organização dos elementos da escultura em 
composições expressivas diferem de estilo para estilo. De fato, as distinções 
feitas entre os principais estilos de escultura baseiam-se, em grande parte, 
no reconhecimento de diferenças nos princípios de design subjacentes. Os 
princípios do design escultural regem as abordagens dos escultores em questões 
fundamentais como orientação, proporção, escala, articulação e equilíbrio.
 
Para conceber e descrever a orientação das formas da escultura em 
relação umas às outras, a um espectador e ao seu entorno, é necessário algum 
tipo de esquema espacial de referência. Isso é fornecido por um sistema de 
eixos e planos de referência. Um eixo é uma linha central imaginária através 
de um volume simétrico ou quase simétrico ou grupo de volumes que sugere o 
pivô gravitacional da massa. Assim, todos os principais componentes do corpo 
humano têm eixos próprios, enquanto uma figura vertical tem um único eixo 
vertical que percorre todo o seu comprimento. 
 
Volumes podem girar ou inclinar seus eixos. Planos de referência são 
planos imaginários para os quais os movimentos, posições e direções de volumes, 
eixos e superfícies podem ser referidos. Os principais planos de referência são os 
planos frontal, horizontal e os dois planos de perfil. Os princípios que governam as 
poses características e as composições espaciais de figuras verticais em diferentes 
estilos de escultura são formuladas com referência aos eixos e aos quatro 
planos cardeais, por exemplo: o princípio da axialidade já referido; o princípio 
da frontalidade, que governa o desenho da escultura arcaica; o contraposto 
característico (pose em que partes do corpo, como superior e inferior, podem 
inclinar ou mesmo torcer em direções opostas) das figuras de Michelangelo; e 
na escultura grega do período clássico, a pose equilibrada entre os dois lados do 
corpo, numa postura na qual o peso corporal é tomado principalmente em uma 
perna, criando assim um contraste de tensão e relaxamento entre os lados opostos 
de uma figura (observe a postura equilibrada de Davi na obra de Michelangelo 
exibida anteriormente).
Relações proporcionais existem entre dimensões lineares, áreas e 
volumes e massas. Todos esses tipos de proporção coexistem e interagem 
na escultura, contribuindo para sua expressividade e beleza. Atitudes em 
relação à proporção diferem consideravelmente entre os escultores. Alguns 
escultores, abstratos e figurativos, usam sistemas matemáticos de proporção; 
por exemplo, o refinamento e idealização de proporções humanas naturais era 
uma preocupação importante dos escultores gregos. 
 
Os gregos clássicos estavam muito interessados em proporções e 
fórmulas para criá-lo. Esse desejo de “regularizar” é especialmente proeminente 
em arquitetura e escultura e reflete muitas informações sobre o que os gregos 
acharam visualmente atraente, sua estética visual. No caso das esculturas gregas, 
TÓPICO 1 — A ESCULTURA: UM NOVO OLHAR
13
observamos que muitas delas apresentavam homens jovens e com corpo atlético. 
A escultura clássica não estava tentando reproduzir a realidade, mas criar 
um ideal, retratando pessoas perfeitas. Para fazer isso, os escultores clássicos 
desenvolveram fórmulas complicadas de proporções, cânones, que dividiam 
o corpo em partes componentes, cada uma das partes do todo, proporcional e 
simetricamente conectadas umas às outras. Se o escultor seguisse o modelo 
proporcional, independentemente da escala (tamanho) da escultura, ele se 
encaixaria no ideal daquilo que os gregos consideravam visualmente atraente. 
Existem basicamente dois cânones concorrentes de proporção: o original, 
desenvolvido por Policleto (460-420 a.C.) no século quinto a.C. e depois outro 
desenvolvido mais tarde no século quarto por Lísipo (390-300 a.C.). Olhando para 
aimagem a seguir, podemos ver as diferenças na proporção entre cada escultura. 
Pensa-se que o Doryphoros (Portador de Lança) à esquerda representa o cânone 
de Policleto. À direita, o Apoxymenos representa o mesmo para Lísipo.
As fórmulas de proporção de todas as partes do corpo humano usadas 
nas esculturas gregas são extremamente complexas, estendendo-se até o 
comprimento dos dígitos em proporção ao tamanho da mão, mas em termos 
de altura geral e proporção básica do corpo como um todo, a fórmula é 
relativamente simples. Para Policleto, a cabeça corresponde a 1/7 da altura total 
do corpo, e para Lísipo, 1/8. O resultado, como observamos a seguir, é claro: a 
proporção ideal de Policleto é compacta e sólida, enquanto a de Lísipo é mais 
longa e delgada.
FIGURA 10 – PROPORÇÕES DO CORPO PARA ESCULTURAS GREGAS
FONTE: <https://bit.ly/2Z77h76>. Acesso em: 14 set. 2019.
Já os escultores indianos e asiáticos, por exemplo, empregavam cânones 
iconométricos, ou sistemas de proporções cuidadosamente relacionadas, 
que determinavam as proporções de todas as dimensões significativas da 
figura humana. 
UNIDADE 1 — A NATUREZA DA TRIDIMENSIONALIDADE
14
FIGURA 11 – CÂNONES ICONOMÉTRICOS ASIÁTICOS
FONTE: <https://i.pinimg.com/236x/01/de/28/01de283dee7e0f6f60212e5222fc20a2--diety-
pencil-art.jpg>. Acesso em: 14 set. 2019.
Escultores africanos, por exemplo, usavam as proporções de suas figuras 
na importância subjetiva das partes do corpo (GOSSELAIN, 2008). Proporções 
não naturais podem ser usadas para propósitos expressivos ou para acomodar 
uma escultura ao seu entorno. O alongamento das figuras no Portal Real da 
Catedral de Chartres faz as duas coisas: aumenta a sua percepção metafísica e 
também as integra com a arquitetura colunar. Às vezes, é necessário adaptar as 
proporções da escultura para adequar sua posição em relação a um espectador 
(ROGERS, 2019). 
FIGURA 12 – FIGURAS ALONGADAS NO PORTAL REAL CATEDRAL DE CHARTRES
FONTE: <https://i.pinimg.com/236x/f3/be/ad/f3beadd634cfab1686533d367eff921d--
romanesque-retina.jpg>. Acesso em: 14 set. 2019.
TÓPICO 1 — A ESCULTURA: UM NOVO OLHAR
15
Uma figura situada no alto de um edifício, por exemplo, geralmente é 
maior em suas partes superiores, a fim de neutralizar os efeitos da visão em 
perspectiva. A escala da escultura deve, às vezes, ser considerada em relação à 
escala de seu entorno. Quando é um elemento em um complexo maior, como 
a fachada de um edifício, deve estar em escala com o resto. Outra questão 
importante que os escultores devem levar em consideração ao projetar a escultura 
ao ar livre é que a tendência da escultura ao ar livre – particularmente quando 
vista contra o céu – parece menos massiva do que em um estúdio. Observe esta 
escultura a seguir, de Hélio Oiticica, localizada no Instituto Inhotim. Apesar de 
ser feita, dentre outros materiais, com paredes de cimento, a obra quando vista 
de longe ao ar livre, dá uma impressão de leveza colorida em meio ao jardim. 
Baseados no quadrado, os espaços em aberto da obra oferecem ao espectador 
grandes áreas de permanência e de convívio, colocando-o em contato vivencial 
com a forma, a cor e os materiais.
FIGURA 13 – INVENÇÃO DA COR, PENETRÁVEL MAGIC SQUARE #5, DE LUXE, HÉLIO OITICICA, 
1977, INHOTIM
FONTE: <https://www.aprendizdeviajante.com/wp-content/uploads/2016/06/inhotim-18.jpg>. 
Acesso em: 14 set. 2019.
Como se tende a relacionar a escala da escultura com as próprias 
dimensões físicas humanas, o impacto emocional de uma figura colossal e de 
uma pequena figura é bem diferente. Na escultura antiga e medieval, a escala 
relativa das figuras em uma composição é frequentemente determinada por sua 
importância; por exemplo, os escravos são muito menores que os reis ou nobres. 
Isso, às vezes, é conhecido como escala hierárquica. A união de uma forma a 
outra pode ser realizada de várias maneiras. Em grande parte do trabalho do 
escultor francês Auguste Rodin (1840-1917), não há limites claros, e uma forma 
é mesclada a outra de uma maneira impressionista para criar uma superfície 
continuamente fluente. 
UNIDADE 1 — A NATUREZA DA TRIDIMENSIONALIDADE
16
FIGURA 14 – PRIMAVERA ETERNA DE AUGUSTE RODIN (1900)
FONTE: <https://bit.ly/2O2nxQf>. Acesso em: 14 set. 2019.
Nas obras do escultor grego Praxiteles (395-330 a.C.), as formas são 
suavemente e sutilmente misturadas por meio de transições suaves e desfocadas. 
Os volumes da escultura indiana e a anatomia superficial das figuras masculinas 
no estilo do escultor grego Policletos, como vimos na imagem anterior, são bem 
definidos e claramente articulados. Uma das principais distinções entre o trabalho 
dos escultores italianos e do norte renascentista está na preferência dos italianos 
por composições constituídas por unidades de forma claramente articuladas e 
distintas e pela tendência dos europeus setentrionais de subordinar as partes 
individuais ao fluxo total da composição.
 
O equilíbrio da escultura autônoma tem três aspectos. Primeiro, a escultura 
deve ter estabilidade física real. Isso pode ser alcançado pelo equilíbrio natural 
– isto é, tornando a escultura estável o suficiente para manter-se firme – o que é 
fácil de fazer com um animal de quatro patas ou uma figura reclinada, mas não 
com uma figura em pé ou com uma alta escultura, que deve estar anexada à uma 
base. O segundo aspecto do equilíbrio é a composição. A interação de forças e a 
distribuição de peso dentro de uma composição podem produzir um estado de 
equilíbrio dinâmico ou estático. O terceiro aspecto do equilíbrio aplica-se apenas à 
escultura que representa uma figura viva. Uma figura humana viva equilibra-se em 
dois pés, fazendo movimentos constantes e ajustes musculares. Tal efeito pode ser 
transmitido na escultura por deslocamentos sutis da forma e sugestões de tensão e 
de relaxamento (ROGERS, 2019).
TÓPICO 1 — A ESCULTURA: UM NOVO OLHAR
17
Há dois filmes que você precisa assistir, caso for um amante da história da 
escultura. Um é Rodin (2017), dirigido por Jacques Doillon e o outro é Camille Claudel 
(1988), dirigido por Jacques Doillon. Ambos tratam, sob perspectivas diferentes, da vida 
tempestuosa deste exímio casal de escultores e de seu relacionamento com a escultura no 
final do século XIX na França.
DICAS
FONTE: <encurtador.com.br/blHVY>; <encurtador.com.br/fisHO>. Acesso em: 21 maio 2020. 
3 RELAÇÃO DA ESCULTURA COM AS OUTRAS ARTES
Há muito tempo que a escultura se relaciona estreitamente com a 
arquitetura através do seu papel como decoração arquitetônica e também ao 
nível do design. A arquitetura, como a escultura, preocupa-se com a forma 
tridimensional e, embora o problema central no projeto de edifícios seja a 
organização do espaço em vez da massa, existem estilos de arquitetura que são 
eficazes em grande parte pela qualidade e organização de suas formas sólidas. 
Os estilos antigos da arquitetura de pedra, particularmente o egípcio, o grego e o 
mexicano (maia), tendem a tratar seus componentes de maneira escultural. Além 
disso, a maioria dos edifícios vistos de fora são composições de massas. 
UNIDADE 1 — A NATUREZA DA TRIDIMENSIONALIDADE
18
FIGURA 15 – ARQUITETURA ESCULTURAL MAIA
FONTE: <https://www.villapalmarcancun.com/blog/wp-content/uploads/2016/02/the-top-
mayan-sites-to-visit-on-the-riviera-raya-near-cancun.jpg>. Acesso em: 14 set. 2019.
O crescimento da escultura espacial está tão intimamente relacionado com a 
abertura e iluminação da arquitetura, que tornou possível o desenvolvimento 
da tecnologia moderna de construção, que muitos escultores do século XX 
foram capazes de ter trabalhado com suas obras de maneira arquitetônica.
 
Algumas formas de escultura em relevo abordam muito de perto 
as artes pictóricas da pintura, desenho, gravura e assim por diante. As 
fronteiras entre a escultura e a cerâmica e as artes em metal não são claras, 
e muitos artefatos de cerâmica e metal podem ser considerados como 
escultura. Hoje existe uma crescente afinidade entre o trabalho de designersindustriais e escultores. Técnicas de modelagem escultural e, às vezes, os 
próprios escultores, estão frequentemente envolvidos, por exemplo, nos 
estágios iniciais de projetos de design de automóveis. As estreitas relações 
que existem entre a escultura e as outras artes visuais são atestadas pelo 
número de artistas que se voltaram rapidamente de uma arte para outra; por 
exemplo, Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni (1475-1564), Gran 
Lorenzo Bernini (1598-1680), Antonio Pisanello (1395-1455), Edgar Degas 
(1834-1917) e Pablo Picasso (1881-1973).
TÓPICO 1 — A ESCULTURA: UM NOVO OLHAR
19
FIGURA 16 – AS BAILARINAS EM PINTURA E ESCULTURA DE DEGAS
FONTE: <https://bit.ly/3gBiym4>; <https://bit.ly/3gBBq4k>. Acesso em: 14 set. 2019.
4 OS MATERIAIS
Qualquer material que possa ser moldado em três dimensões pode ser 
usado esculturalmente. Certos materiais, em virtude de suas propriedades 
estruturais e estéticas e sua disponibilidade, mostraram-se especialmente 
adequados. Os mais importantes são a pedra, a madeira, o metal, a argila, 
o marfim e o gesso. Há também vários materiais de importância secundária e 
muitos que só recentemente entraram em uso. 
4.1 PEDRA
Ao longo da história, a pedra tem sido o principal material da escultura 
monumental, ou seja, de grande porte. Há razões práticas para isso: muitos 
tipos de pedra são altamente resistentes ao clima e, portanto, adequados para 
uso externo; a pedra está disponível em todas as partes do mundo e pode ser 
obtida em grandes blocos; muitas pedras têm uma textura bastante homogênea 
e uma dureza uniforme que as tornam adequadas para a escultura; a pedra tem 
sido o principal material usado para a arquitetura monumental com a qual tantas 
esculturas foram associadas.
 
Pedras pertencentes às três principais categorias de formação rochosa 
foram usadas na escultura. As rochas ígneas, que são formadas pelo resfriamento 
das massas fundidas de minerais à medida que se aproximam da superfície da 
Terra, incluem granito, diorito, basalto e obsidiana. Estas são algumas das pedras 
mais difíceis usadas para escultura. As rochas sedimentares, que incluem arenitos 
e calcários, são formadas a partir de depósitos acumulados de substâncias 
minerais e orgânicas. Os arenitos são aglomerados de partículas de pedras 
erodidas mantidas juntas por uma substância cimente. Os calcários são formados 
UNIDADE 1 — A NATUREZA DA TRIDIMENSIONALIDADE
20
principalmente a partir dos restos calcários dos organismos. O alabastro (gesso), 
também uma rocha sedimentar, é um depósito químico. Muitas variedades de 
arenito e calcário, que variam muito em qualidade e adequação para a escultura, 
são também usadas. Por causa de seu método de formação, muitas rochas 
sedimentares têm estratos pronunciados e são ricas em fósseis.
Rochas metamórficas resultam de mudanças provocadas na estrutura 
de rochas sedimentares e ígneas por extrema pressão ou calor. As rochas 
metamórficas mais conhecidas usadas na escultura são os mármores, que são 
calcários recristalizados. O mármore italiano de Carrara, o mais conhecido, foi 
usado pelos escultores romanos e renascentistas, especialmente Michelangelo, 
e ainda é amplamente utilizado. As variedades mais conhecidas usadas pelos 
escultores gregos, com quem o mármore era mais popular do que qualquer 
outra pedra, são o mármore pentélico – do qual o Partenon e suas esculturas são 
feitas – e o mármore pariano. Como a pedra é extremamente pesada e não tem 
resistência à tração, ela é facilmente partida se esculpida muito fina ou se não for 
corretamente apoiada. Um tratamento massivo sem projeções vulneráveis, como 
na escultura egípcia e pré-colombiana é, portanto, geralmente preferido. Algumas 
pedras, no entanto, podem ser trabalhadas de modo mais livre. O mármore em 
particular tem sido tratado por alguns escultores europeus com quase a mesma 
liberdade que o bronze, mas tais demonstrações de virtuosismo são alcançadas 
pela superação e não pela submissão às propriedades do material em si.
As cores e texturas da pedra estão entre suas propriedades mais 
encantadoras. Algumas pedras são finas e podem ser esculpidas com detalhes 
delicados e acabadas com um alto polimento; outras são de granulação grossa 
e exigem um tratamento mais amplo. O mármore branco puro de Carrara, que 
tem uma qualidade translúcida, parece brilhar e responde à luz de uma maneira 
delicada e sutil. Essas propriedades do mármore foram brilhantemente exploradas 
por escultores italianos do século XV, como Donatello (1386-1466) e Desiderio da 
Settignano (1428-1464).
FIGURA 17 – ALTO-RELEVO EM MÁRMORE DE CARRARA DE DONATELLO
FONTE: <http://www.donatellosculptures.com/Pazzi%20Madonna%20Donatello.jpg>. 
Acesso em: 14 set. 2019.
TÓPICO 1 — A ESCULTURA: UM NOVO OLHAR
21
A coloração do granito não é uniforme, mas tem uma qualidade de sal e 
pimenta e pode brilhar com mica e cristais de quartzo. Pode ser predominantemente 
preto ou branco ou uma variedade de tons de cinza, rosa e vermelho. 
FIGURA 18 – VARIAÇÕES DE PEDRA GRANITO
FONTE: <https://i.pinimg.com/236x/97/7b/e2/977be2df0ee6e636ab2fba82e3a234b7.jpg>. 
Acesso em: 14 set. 2019.
Os arenitos variam em textura e são com frequência calorosamente 
coloridos em uma variedade de tons rosa e vermelho. Os calcários variam muito 
em cor, e a presença de fósseis pode aumentar o interesse de suas superfícies. 
Muitas pedras são, de forma natural, ricamente mescladas em termos de cor e 
grafismos próprios pela veia irregular que passa por elas.
 
As pedras semipreciosas constituem um grupo especial, que inclui 
algumas das mais belas e decorativas peças esculturais. O trabalho dessas pedras, 
juntamente ao trabalho de gemas mais preciosas, é geralmente considerado como 
parte das artes glípticas (entalhes ou gravados), ou lapidares, mas muitos artefatos 
produzidos a partir deles podem ser considerados escultura em pequena escala. 
Eles são, muitas vezes, mais difíceis de trabalhar do que o aço. 
UNIDADE 1 — A NATUREZA DA TRIDIMENSIONALIDADE
22
Chamamos de Arte Glíptica a arte de gravar em pedras preciosas e 
semipreciosas, incluindo os alto e baixo relevos feitos por exemplo em camafeus. Os temas 
mais empregados nestas esculturas são voltados à mitologia e à religiosidade. 
NOTA
Uma das primeiras pedras preciosas a serem trabalhadas foram o jade, 
que foi venerado pelos chineses antigos, que o trabalharam, juntamente a outras 
pedras, com extrema habilidade. Também foi usado esculturalmente por artistas 
maias e mexicanos. Outras pedras preciosas importantes são o cristal de rocha, 
quartzo rosa, ametista, ágata e jaspe (ROGERS, 2019).
FIGURA 19 – FIVELA DE CINTO CHINÊS GLÌPTICA ESCULPIDA EM JADE
FONTE: <https://twistedsifter.files.wordpress.com/2015/02/artworks-carved-from-jade-at-the-
met-10.jpg>. Acesso em: 14 set. 2019.
4.2 MADEIRA
O principal material da escultura tribal na África, Oceania e América do 
Norte, a madeira também tem sido usada por toda grande civilização; foi usada 
extensivamente durante a Idade Média, por exemplo, especialmente na Alemanha 
e na Europa Central. Entre os escultores modernos que usaram madeira para 
trabalhos relevantes em arte estão Ernst Barlach (1870-1938), Ossip Zadkine 
(1888-1967) e Henry Moore (1898-1986). 
TÓPICO 1 — A ESCULTURA: UM NOVO OLHAR
23
FIGURA 20 – ESCULTURA EM MADEIRA DE HENRY MOORE (1936)
FONTE: <https://s3-eu-west-1.amazonaws.com/hepworth-wakefield-live/wp-content/
uploads/2017/08/15090440/Hepworth_Moore044.jpg>. Acesso em: 14 set. 2019.
Ambas as madeiras macias e duras são usadas para a escultura. Algumas 
são de granulação estreita e cortam facilmente; outros são de grão aberto e fibroso. 
A estrutura fibrosa da madeira confere-lhe uma força de tensão considerável, de 
modo a poder ser esculpida de forma fina e com maior liberdade do que a pedra. 
Para composições abertas grandes ou complexas, várias peças de madeira podem 
ser juntadas. 
A madeira é usada principalmente para escultura interna, pois não é tão 
resistenteou durável como a pedra. Mudanças de umidade e de temperatura 
podem causar rachaduras e estão sujeitas a ataques de insetos e fungos. O grão 
de madeira é uma das suas características mais atraentes, dando variedade de 
padrão e textura às suas superfícies. Suas cores também são sutis e variadas. Em 
geral, a madeira tem um senso de calor que a pedra não tem, mas falta a dignidade 
maciça e o peso da pedra. 
As principais madeiras para escultura são carvalho, mogno, nogueira, 
pinho, cedro e ébano, mas muitas outras são também usadas. Os tamanhos 
de madeira disponíveis são limitados pelos tamanhos das árvores. Os índios 
norte-americanos, por exemplo, podem esculpir gigantescos totens em troncos 
de pinheiros. 
UNIDADE 1 — A NATUREZA DA TRIDIMENSIONALIDADE
24
FIGURA 21 – TOTEM INDÍGENA EM MADEIRA EM VANCOUVER, CANADÁ
FONTE: <https://i.pinimg.com/236x/50/ac/a0/50aca0507c997e0926caf26438ee46dc--totem-
pole-art-totem-poles.jpg>. Acesso em: 14 set. 2019.
No século XX, a madeira era usada por muitos escultores como um 
meio de construção e escultura. Madeiras laminadas, aglomerados de madeira 
e madeira em forma de bloco e prancha podem ser colados, unidos, aparafusados 
juntos, e recebem uma variedade de acabamentos.
4.3 METAL
Onde quer que as tecnologias de metal tenham sido desenvolvidas, 
metais têm sido usados para escultura. A quantidade de escultura de metal que 
sobreviveu do mundo antigo não reflete adequadamente a extensão em que 
foi usada, pois vastas quantidades foram saqueadas e derretidas. Incontáveis 
esculturas de metal do Oriente, Ásia e da Grécia foram perdidas dessa maneira, 
assim como quase todo o trabalho em ouro de índios americanos pré-colombianos.
 
O metal mais utilizado para a escultura é o bronze, que é basicamente uma 
liga de cobre e estanho; mas ouro, prata, alumínio, cobre, latão, chumbo e ferro 
também têm sido amplamente utilizados. A maioria dos metais é extremamente 
resistente, dura e durável, com uma força de tensão que permite uma liberdade de 
projeto muito maior do que é possível em qualquer pedra ou madeira. 
TÓPICO 1 — A ESCULTURA: UM NOVO OLHAR
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FIGURA 22 – A ESCULTURA DA LIBERDADE, DE ZENOS FRUDAKIS, BRONZE, USA, 2011
FONTE: <https://static.boredpanda.com/blog/wp-content/uploads/2016/08/amazing-
sculptures-6-57baeec3bb4df__880.jpg>. Acesso em: 22 set. 2019.
A cor, o brilho e a refletividade das superfícies de metal têm sido altamente 
valorizados e utilizados na escultura, embora, desde a Renascença, as pátinas 
artificiais tenham sido geralmente preferidas como acabamentos para o bronze.
 
Os metais podem ser trabalhados de várias maneiras para produzir 
escultura. Eles podem ser moldados – isto é, derretidos e despejados em 
moldes; colocados sob pressão em matrizes, como na fabricação de moedas; ou 
trabalhados diretamente – por exemplo, martelando, dobrando, cortando ou 
soldando. Ao longo da história da arte, importantes tradições da escultura de 
bronze ficaram conhecidas, como as gregas, romanas, indianas (especialmente 
Chola), africanas (Bini e Yoruba), renascimento italiano e chinês. O ouro foi usado 
com grande efeito para trabalhos de pequena escala na América pré-colombiana 
e na Europa medieval. Uma descoberta recente, o alumínio tem sido muito usado 
pelos escultores modernos. 
FIGURA 23 – ESCULTURA EM OURO PRÉ-COLOMBIANA
FONTE: < https://www.turismo-en-peru.com/local/cache-vignettes/L235xH314/Senor_
Sipan_1__PhotoRedukto-5fd22-1230c.jpg >. Acesso em: 22 set. 2019.
UNIDADE 1 — A NATUREZA DA TRIDIMENSIONALIDADE
26
O ferro não tem sido muito usado como material de moldagem, mas, nos 
últimos anos, tornou-se um material popular para o trabalho direto por técnicas 
semelhantes às do ferreiro. A chapa metálica é um dos principais materiais 
utilizados hoje em dia para a escultura de construção. 
4.4 ARGILA
A argila é um dos materiais mais comuns e de fácil obtenção. Usada para 
modelar figuras de animais e humanos muito antes de os homens descobrirem 
como queimar panelas, tem sido um dos principais materiais do escultor 
desde a pré-história. A argila tem quatro propriedades que explicam seu uso 
generalizado: quando úmida, é uma das mais plásticas de todas as substâncias, 
facilmente modelada e capaz de registrar as impressões mais detalhadas; quando 
parcialmente seca para um estado duro como couro ou completamente seco, 
pode ser esculpida e raspada; quando misturada com água, torna-se um líquido 
cremoso, que pode ser derramada em moldes e deixado secar; quando queimada 
a temperaturas entre 700 e 1.400 °C , sofre mudanças estruturais irreversíveis que 
a tornam permanentemente dura e extremamente durável. Os escultores usam o 
barro como material para elaborar ideias; para modelos preliminares de futuros 
projetos, que são subsequentemente fundidos em materiais como gesso, metal e 
concreto ou esculpidos em pedra; e para escultura de cerâmica.
FIGURA 24 – DA ARGILA PARA O BRONZE: DANÇARINA QUENIANA DE TUCK LANGLAND
FONTE: <http://www.gobronze.org/images/claytuck.jpg>; <http://www.gobronze.org/images/
claycomplete.jpg>. Acesso em: 22 set. 2019.
Dependendo da natureza do próprio corpo de argila e da temperatura em 
que é queimado, um produto acabado de cerâmica de barro, é opaco, relativamente 
macio e poroso. Quando feito em grés, é duro, não poroso e mais ou menos 
vitrificado. Em porcelana, tem de textura fina, vitrificada e translúcida. Todos os 
TÓPICO 1 — A ESCULTURA: UM NOVO OLHAR
27
três tipos de cerâmica são usados para escultura. Esculturas feitas em argilas de 
baixa queima, como as argilas vermelhas, são conhecidas como terracota (terra 
cozida). Esse termo é usado inconsistentemente, no entanto, é frequentemente 
estendido para designar todas as formas de escultura em cerâmica. Os corpos 
de argila não vidrada podem ser lisos ou grosseiros em textura e podem ser de 
cor branca, cinza, dourada, marrom, rosa ou vermelha. A escultura de cerâmica 
pode ser decorada com qualquer uma das técnicas inventadas pelos ceramistas e 
revestida com uma variedade de belos esmaltes.
 
Escultores paleolíticos produziram altos-relevos e peças tridimensionais 
em argila não queimada. Os chineses antigos, particularmente durante as 
dinastias Tang (618-907) e Song (960-1279), fizeram esculturas de cerâmica 
incríveis, incluindo figuras humanas em grande escala (ROGERS, 2019). 
FIGURA 25 – OS SOLDADOS DE TERRACOTA, CHINA, 209 a.C.
FONTE: <https://i.pinimg.com/236x/37/01/e8/3701e8a326589e25703b3e937ad9d4b7--
terracotta-army-terra-cotta.jpg>. Acesso em: 22 set. 2019.
As obras gregas mais conhecidas em argila são as pequenas figuras 
conhecidas como Tanagra. Durante o Renascimento, a cerâmica foi usada na 
Itália para grandes projetos escultóricos, incluindo as esculturas em grande 
escala de cores vidradas e coloridas de Luca della Robbia e sua família. Um dos 
usos mais populares do meio de cerâmica tem sido para a fabricação de figuras 
– em Staffordshire, Meissen e Sèvres, por exemplo. No Brasil, dentre inúmeros 
exemplos, podemos citar as bonecas do Vale do Jequitinhonha, por exemplo. 
UNIDADE 1 — A NATUREZA DA TRIDIMENSIONALIDADE
28
FIGURA 26 – BONECAS DE BARRO DO VALE DO JEQUITINHONHA
FONTE: <https://vivejar.com.br/wp-content/uploads/2017/03/2015-07-18-
11.48.32-e1489427089330.jpg>. Acesso em: 22 set. 2019.
4.5 MARFIM
A fonte de marfim é a presa de elefante; mas as presas do hipopótamo, 
narval (um animal aquático ártico) e, nos tempos paleolíticos, as presas de 
mamute também foram usadas para a escultura. O marfim é denso, duro e difícil 
de trabalhar. Sua cor é branca e cremosa, que, geralmente, amarelece com a idade 
e que necessita um alto polimento. As propriedades físicas do material convidam 
a uma escultura mais delicada e detalhada. O marfim foi usado extensivamente na 
antiguidade no Oriente Médio, Extremo Oriente e no Mediterrâneo. Uma tradição 
cristã quase ininterrupta de esculpir marfim chega de Roma e Bizâncio até o final 
da Idade Média. Durante todo esse tempo, o marfimera usado principalmente 
em relevo, muitas vezes em conjunto aos metais preciosos, esmaltes e pedras 
preciosas para produzir os efeitos mais esplêndidos. Alguns de seus principais 
usos esculturais eram para dípticos devocionais, altares portáteis, capas de 
livros, retábulos (prateleiras elevadas acima de altares), caixões e crucifixos. O 
período barroco também é rico em marfim, especialmente na Alemanha. Uma 
boa tradição de escultura em marfim também existia no Benim, um antigo reino 
da África Ocidental.
TÓPICO 1 — A ESCULTURA: UM NOVO OLHAR
29
FIGURA 27 – MÁSCARA DE MARFIM DE BENIM, SÉCULO XVI
FONTE: <https://collectionapi.metmuseum.org/api/collection/v1/iiif/318622/674997/main-image>. 
Acesso em: 22 set. 2019.
Relacionado ao marfim, o chifre e o osso têm sido usados desde os tempos 
paleolíticos para a escultura em pequena escala. O chifre de rena e as presas de 
morsa eram dois dos materiais mais importantes do escultor esquimó. 
4.6 GESSO
O gesso (sulfato de cal) é especialmente útil para a produção de 
moldes e modelos preliminares. Ele foi usado por escultores egípcios e gregos 
como um meio de fundição e hoje é o material mais versátil na oficina do 
escultor. Quando misturado com água, o reboco irá, num curto espaço de 
tempo, recristalizar ou definir – isto é, tornar-se duro e inerte – e o seu volume 
aumentará ligeiramente. Quando definido, é relativamente frágil e, portanto, é 
de uso limitado para o trabalho finalizado. O gesso pode ser derramado como 
um líquido, modelado diretamente ou facilmente esculpido. Outros materiais 
podem ser adicionados a ele para retardar seu ajuste, aumentar sua dureza ou 
resistência ao calor, alterar sua cor ou reforçá-lo.
UNIDADE 1 — A NATUREZA DA TRIDIMENSIONALIDADE
30
FIGURA 28 – CÓPIA EM GESSO DO ROSTO DA ESTÁTUA DE VÊNUS
FONTE: <https://bit.ly/3iGODdI>. Acesso em: 22 set. 2019.
O principal uso escultural de gesso no passado foi para moldagem de 
modelos de argila na produção de escultura em metal fundido. Muitos escultores 
hoje omitem o estágio de modelagem em argila e executam o modelo diretamente 
em gesso. Como material de molde na fundição de concreto e escultura de fibra 
de vidro, o gesso é amplamente utilizado. Tem grande valor como material 
para reproduzir a escultura existente; muitos museus, por exemplo, usam esses 
modelos para fins de estudo.
4.7 CIMENTO
Basicamente, o concreto é uma mistura de um agregado (geralmente areia 
e pequenos pedaços de pedra) unidos por cimento. Uma variedade de pedras, 
como mármore triturado, lascas de granito e cascalho, pode ser usada, cada uma 
dando um efeito diferente de cor e textura. O cimento comercial é cinza, branco 
ou preto; mas pode ser colorido por aditivos. O cimento mais utilizado pelos 
escultores é o cimento fondu, que é extremamente duro e de secagem rápida. 
Uma invenção recente – pelo menos nas formas apropriadas para a escultura – o 
concreto está substituindo rapidamente a pedra para certos tipos de trabalho. 
TÓPICO 1 — A ESCULTURA: UM NOVO OLHAR
31
FIGURA 29 – ESCULTURA EM CIMENTO DE DAVID UMEMOTO
FONTE: <https://bit.ly/3e2uE5L>. Acesso em: 22 set. 2019.
Uma vez que é barato, duro, resistente e durável, é particularmente 
adequado para grandes projetos ao ar livre, especialmente superfícies de parede 
decorativas. Com reforço adequado, permite uma grande liberdade de design. 
E usando técnicas semelhantes às da indústria da construção, os escultores são 
capazes de criar trabalhos em concreto em escala gigantesca. 
4.8 FIBRA DE VIDRO
Quando resinas sintéticas, especialmente poliésteres, são reforçadas com 
laminações de fibra de vidro, o resultado é uma casca leve que é extremamente 
forte, dura e durável. Geralmente, é conhecido simplesmente como fibra de 
vidro. Depois de ter sido usada com sucesso para carrocerias de carros, cascos 
de barcos e similares, ela se tornou recentemente um material importante para a 
escultura. O material é visualmente pouco atraente em si, geralmente é colorido 
por meio de pigmentos. Foi usado pela primeira vez em esculturas em conjunto 
aos enchimentos de metal em pó para produzir substitutos de “molde fundido” 
baratos para bronze e alumínio, mas com a recente tendência de ser usado com 
cores vivas na escultura. É possível modelar fibra de vidro, mas normalmente 
ela é moldada como uma casca laminada. Suas possibilidades de escultura 
ainda não foram totalmente exploradas.
UNIDADE 1 — A NATUREZA DA TRIDIMENSIONALIDADE
32
FIGURA 30 – ESCULTURA EM FIBRA DE VIDRO DE KAWS
FONTE: <https://bit.ly/3iE71Eh>. Acesso em: 22 set. 2019.
4.9 PAPEL-MÂCHÉ
Papel-mâché (mistura de papel e cola) tem sido usado para escultura, 
especialmente no Extremo Oriente. Usado principalmente para trabalhos 
decorativos, especialmente máscaras, pode ter uma força considerável; 
os japoneses, por exemplo, fizeram armaduras com isso. Escultura feita de 
folha de papel geralmente é utilizada no artesanato para trabalhos efêmeros 
e geralmente triviais, mas o papel pode ser também utilizado em peças 
escultóricas contemporâneas.
FIGURA 31 – ESCULTURA EM PAPEL-MACHÉ, CHEN QIULIN, 2009
FONTE: <https://bit.ly/3f2Dxh7>. Acesso em: 22 set. 2019.
TÓPICO 1 — A ESCULTURA: UM NOVO OLHAR
33
4.10 MATERIAIS ALTERNATIVOS
Numerosos materiais permanentes – como conchas, âmbar e tijolo – 
e efêmeros – como penas, massa de padeiro, açúcar, sementes de pássaros, 
folhagem, gelo, neve e cobertura de bolo – foram usados para criar imagens 
tridimensionais. Tendo em vista as tendências de escultura do final do século 
XX, não é mais possível falar em “materiais de escultura”. A escultura moderna 
não possui mais materiais específicos. Qualquer material, natural ou feito pelo 
homem, é passível de ser usado, incluindo o polietileno, a espuma de borracha, 
o poliestireno, tecidos e tubos de néon. Os materiais para uma escultura de Claes 
Oldenburg, por exemplo, são listados como tela, tecido, dácron, metal, espuma 
de borracha e acrílico (ROGERS, 2019).
FIGURA 32 – ESCULTURA O SACO DE GELO, FEITA DE MATERIAIS DIVERSOS, 
CLAES OLDENBURG, 1971
FONTE: <encurtador.com.br/eguDE>. Acesso em: 22 set. 2019.
Objetos reais, também, podem ser incorporados na escultura, como nas 
composições misturadas do escultor americano Edward Kienholz (1927-1994); até 
mesmo o material reciclável tem seus devotos, que moldam a escultura feita de 
materiais reaproveitados que são retirados do lixo.
34
Neste tópico, você aprendeu que:
• Massa e espaço, elementos importantes da escultura, são inseparáveis. A 
massa da escultura é o volume sólido e material que ocupa um espaço que está 
contido em suas superfícies.
• Os elementos de suporte escultural são o volume, a superfície, a luz e sombra. 
Ao mesmo tempo, os tipos de materiais empregados e suas especificidades 
– argila, pedra, marfim, cimento, madeira, metal, gesso, fibra de vidro, papel-
machê e materiais alternativos – oferecem o caráter expressivo das superfícies 
na escultura.
• Ao contrário do pintor, o escultor manipula a luz na própria obra, e isso 
depende da direção e intensidade da luz de fontes externas sobre as formas 
escultóricas.
• Os planos frontal, horizontal e os dois planos de perfil são os planos de 
referência imaginários para os quais os movimentos, posições e direções de 
volumes, eixos e superfícies podem ser referidos. O sistema de eixos e planos 
de referência serve para conceber e descrever a orientação das formas da 
escultura em relação umas às outras, a um espectador e ao seu entorno.
• A escala da escultura tende, em várias civilizações e épocas diferentes, a 
relacionar a escala da escultura com as próprias dimensões físicas humanas. 
Isso causa a diferença de um impacto emocional entre uma figura colossal e de 
uma figura em pequena escala. 
• A escultura e a arquitetura possuem uma relação intrinsecamente histórica, 
estética e funcional. Muitos estilos de arquitetura são eficazes pela qualidade e 
organização de suas formas sólidas.
• Vários artistas da história da arte,dentre eles Michelangelo, Degas e Picasso 
atestaram o estreito vínculo existente entre a escultura e as outras artes visuais. 
RESUMO DO TÓPICO 1
35
1 No início desta unidade, conhecemos algumas definições e características 
referentes às artes tridimensionais. Explique acerca da dinâmica plástica 
da escultura em termos dos elementos de massa e de espaço do design 
escultural. 
2 Michelangelo tinha apenas 26 anos em 1501, mas ele já era o artista 
mais famoso e mais bem pago em seus dias. Ele aceitou o desafio para 
esculpir Davi, o Rei mais famoso de Israel, em larga escala e trabalhou 
constantemente por mais de dois anos para criar uma de suas obras mais 
impressionantes do Renascimento. Além do material ofertado neste livro da 
disciplina, pesquise em outras fontes para responder à esta questão. Acerca 
das características técnicas e históricas da obra Davi, de Michelangelo, 
assinale a alternativa INCORRETA: 
a) ( ) Davi é uma gloriosa escultura em mármore maciço e possui 5,17 metros 
de altura, contando com a base.
b) ( ) Davi é um dos símbolos da renascença e atualmente pode ser admirada 
no interior da Galleria dell'Accademia, em Florença, Itália.
c) ( ) A escultura remete à história bíblica de Davi e Golias, na qual o gigante 
e arrogante Golias, um soldado filisteu, é derrotado por Davi. 
d) ( ) Assim como em todas as obras de Michelangelo, Davi apresenta uma 
dimensão psicológica serena e meditativa. Dá a impressão que Davi 
desistiu da luta com Golias.
AUTOATIVIDADE
36
37
TÓPICO 2 — 
UNIDADE 1
ESCULTURA: FORMA, IMAGINAÇÃO E SIMBOLISMO
1 INTRODUÇÃO 
Muitas esculturas são projetadas para serem colocadas em praças 
públicas, jardins, parques e locais abertos ou mesmo em espaços fechados onde 
são isoladas no espaço e podem ser vistas de todas as direções. Essas esculturas 
são, portanto, tridimensionais. Outras esculturas são esculpidas em relevo e 
podem ser vistas apenas da frente e dos lados.
2 A ARTE TRIDIMENSIONAL 
As perspectivas da tridimensionalidade nas esculturas são diversas. O 
trabalho pode ser projetado, como muitas esculturas arcaicas, para ser visto a 
partir de apenas uma ou duas posições fixas. Os escultores maneiristas do século 
XVI, por exemplo, fizeram um ponto especial de exploração da visibilidade 
geral da escultura. O Rapto das Sabinas, de Giambologna, por exemplo, obriga 
o espectador a andar ao redor da obra, a fim de compreender o seu desenho 
espacial. Não tem visões principais; suas formas se movem em torno do eixo 
central da composição, e seu movimento serpentino se desdobra gradualmente à 
medida que o espectador se movimenta para segui-las.
FIGURA 33 – O RAPTO DAS SABINAS, DE GIAMBOLOGNA
FONTE: <https://www.flickr.com/photos/21059194@N05/3195120901>. Acesso em: 21 mai. 2020.
38
UNIDADE 1 — A NATUREZA DA TRIDIMENSIONALIDADE
Grande parte da escultura de Henry Moore e outros escultores do século 
XX não se preocupa com esse tipo de movimento, e nem é projetada para ser 
vista a partir de qualquer posição fixa. Pelo contrário, é uma estrutura livremente 
projetada de formas multidirecionais, aberta, perfurada e estendida no espaço de 
tal maneira que o espectador é informado de seu design versátil, através de seu 
olhar dinâmico da obra. A maioria das esculturas construídas são dispostas no 
espaço com total liberdade e convidam à visualização de todas as direções. Em 
muitos casos, geralmente notados em obras contemporâneas, o espectador pode 
até caminhar por baixo ou por dentro da escultura (ROGERS, 2019). 
FIGURA 34 – ESCULTURA O PORTAL DAS NUVENS, ANISH KAPPOOR, CHICAGO, 2005
FONTE: <https://www.cirrusimage.com/wp-content/uploads/2016/09/chicago-cloud-gate1.jpg>. 
Acesso em: 22 set. 2019.
A maneira como uma escultura faz contato com o solo ou com sua base 
é uma questão de considerável importância. Uma figura reclinada, por exemplo, 
pode, com efeito, ser um alto-relevo horizontal. Pode misturar-se com o plano 
do solo e parecer estar enraizada no solo como um afloramento de rocha. Outras 
esculturas, incluindo algumas figuras reclinadas, podem ser projetadas de tal 
forma que pareçam estar no chão e serem independentes de sua base. Outras são 
suportadas em um espaço acima do solo. 
A escultura projetada para ficar em pé contra uma parede ou um pano de 
fundo em um nicho pode estar na posição tridimensional no sentido de que não 
está presa ao fundo como um alto-relevo, mas não tem a independência espacial 
da escultura completamente autônoma e não foi projetada para ser vista de todos 
os ângulos. Deve ser projetada de modo que sua estrutura formal, natureza e o 
significado de seu objeto possam ser claramente apreendidos a partir de uma gama 
limitada de visões frontais. 
 
TÓPICO 2 — ESCULTURA: FORMA, IMAGINAÇÃO E SIMBOLISMO
39
As formas da escultura, portanto, geralmente se espalham principalmente 
na direção lateral e não na profundidade. A escultura pedimental grega ilustra 
essa abordagem de forma soberba: a composição é espalhada em um plano 
perpendicular à linha de visão do espectador e é completamente inteligível a 
partir da frente. Os escultores barrocos do século XVII, especialmente Bernini, 
adotaram uma abordagem bastante diferente. Embora alguns defendam um 
ponto de vista frontal coerente, ainda que ativo, Bernini é conhecido por ter 
concebido a obra Apollo e Daphne, na qual a narrativa se desdobrou em detalhes 
que eram apenas descobertos à medida em que o espectador andava à sua volta, 
começando pela retaguarda da obra.
FIGURA 35 – APOLLO E DAPHNE DE BERNINI
FONTE: <https://id14withmamquevedo.files.wordpress.com/2012/03/apollo-and-daphne1.
jpg?w=990>. Acesso em: 22 set. 2019.
A composição frontal da escultura de parede e nicho não implica 
necessariamente qualquer falta de tridimensionalidade nas próprias formas; é 
apenas o arranjo das formas que é limitado. Esculturas clássicas em frontões, 
esculturas de templos indianos como Khajuraho, esculturas de nicho gótico e 
figuras de túmulo de Michelangelo para a família Médici foram projetadas para 
serem colocadas contra um pano de fundo, mas suas formas são concebidas com 
um volume tridimensional (ROGERS, 2019). 
40
UNIDADE 1 — A NATUREZA DA TRIDIMENSIONALIDADE
3 O RELEVO
Escultura em alto-relevo é uma forma de arte complexa que combina 
muitas características das artes pictóricas bidimensionais e as artes esculturais 
tridimensionais. Por um lado, um relevo, como uma imagem, depende de 
uma superfície de apoio e sua composição deve ser estendida em um plano 
para ser visível. Por outro lado, suas propriedades tridimensionais não são 
meramente representadas pictoricamente, mas são em algum grau reais, como 
as da arte tridimensional.
Entre os vários tipos de alto relevo estão alguns que abordam muito 
de perto a condição das artes pictóricas. Os relevos de Donatello, Ghiberti e 
outros artistas da Renascença fazem pleno uso da perspectiva, que é um método 
pictórico de representar relações espaciais tridimensionais realisticamente em 
uma superfície bidimensional. Os baixos-relevos egípcios e pré-colombianos 
também são extremamente pictóricos, mas de um modo diferente. Usando um 
sistema de convenções gráficas, eles traduzem o mundo tridimensional em um 
mundo bidimensional. A imagem de relevo é essencialmente uma das superfícies 
planas e não poderia existir em três dimensões. Seus únicos aspectos esculturais 
estão presentes através de um pequeno grau de projeção real de uma superfície e 
uma sutil modelagem de superfície.
FIGURA 36 – ALTO-RELEVO DE GHIBERTI (ESQ.) E BAIXO-RELEVO EGÍPCIO (DIR.)
FONTE: <https://bit.ly/2O2m5xl> e <https://bit.ly/2ZP5mmR>. Acesso em: 22 mar. 2020.
Outros tipos de alto-relevo, por exemplo, o grego clássico e a maioria 
dos indianos, são concebidos principalmente em termos esculturais. As figuras 
habitam um espaço que é definido pelas formas sólidas das próprias figuras e é 
limitado pelo plano de fundo. Este plano traseiro é tratado como uma barreira 
finita e impenetrável na frente

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