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Bloco 03 30 CULTURAS AFRO-AMERÍNDIAS Olhando bem, em nosso sangue não corre apenas o sangue europeu, de modo especial o português e o espanhol, ou seja, o europeu que veio da península ibérica e colonizou parte das Américas. Corre também o sangue negro e o sangue índio. Em alguns casos mais negro e, em outros casos mais índio. Um dado chama a atenção: o Brasil é o 2º país negro do mundo, veja reportagem: Superado apenas pela Nigéria, na África. Em consequência disto, nossa cultura não é apenas branca, é também negra e ameríndia; ela é mista. O professor Menezes demonstra parte da herança cultural africana em diversos setores de nossa cultu- ra: “A influência africana no português do Brasil, que em alguns casos chegou também à Europa, veio do iorubá, falado pelos negros vindos da Nigéria, e no- tada principalmente no vocabulário relacionado à culinária e à religião e também do quimbundo an- golano, em palavras como caçula, cafuné, mole- que, como comidas de santo, ou seja, comidas que eram oferecidas às divindades religiosas cultuadas pelos negros, maxixe e samba, entre centenas de outros vocábulos. Na culinária, deixaram para a nos- sa alimentação: acarajé, mungunzá, quibebe, faro- fa, vatapá, que são pratos originalmente usados pelos negros”. Continua o professor Menezes falando da contribuição cultural vinda da África para o Brasil: “Foram incorporados aos hábitos alimentares dos brasileiros o angu, o cuscuz, a pamonha e a feijoada, nascida nas senzalas e feita a partir das sobras de carnes das re- feições que alimentavam os senhores; o uso do azeite de dendê, leite de coco, temperos e pimentas; e de panelas de barro e de colheres de pau. O folclore é entendido como o conjunto de manifestações espirituais, materiais e culturais de origem popular, transmiti- dos via oral ou pela prática de geração em geração. Compreende, assim, as tradições, festas, danças, canções, lendas, superstições, comidas típicas, vestimentas e artesanatos cultivados especialmente pelas camadas populares. A escravidão foi responsável pela contribuição africana para o folclore, principalmente porque os negros eram trazidos de diversas áreas do velho continente. Frevo: teve origem na capoeira, cujos movimentos foram estilizados para evitar a repressão policial. O nome vem da ideia de fervura (pro http://www.cidadaodomundo.org/2005/03/brasil-tem-a-segunda-maior-populacao-negra-do-mundo-2/ Foto retirada do site: https://am3004.wordpress.com/2015/05/29/ cultura-africana-em-debate-por-que-o-preconceito/ 31 nunciada incorretamente como “frevura”). É uma dança coletiva, executada com uma sombrinha, que seve para manter o equilíbrio e embelezar a coreografia. Atualmente, é símbolo do carnaval pernambucano. Maracatu: é propriamente um desfile carnavalesco, remanescente das cerimônias de coroação dos reis africanos. A tradição teve início pela necessidade dos chefes tribais, vindos do Congo e de Angola, de expor sua força e seu poder, mesmo com a escravidão. Atualmente faz parte do carnaval de Pernambuco. Capoeira: trazida pelos negros de Angola, inicialmente, não era praticada como luta, mas como dança religiosa. Mas, no século XVI, para resistir às expedições que pretendiam exter- minar Palmares, os escravos foragidos aplicavam os movimentos da Capoeira como recurso de ataque e defesa. O Decreto-lei 487 acabou temporariamente com a capoeira, mas os negros resistiram até a sua legalização. E em 15 de julho de 2008 a capoeira foi reconhecida como Patrimônio Cultural Brasileiro e registrada como Bem Cultural de Natureza Imaterial. Entre os instrumentos trazidos pelos africanos para o Brasil, destacam-se os de percussão, segundo o dicionário da língua portuguesa Aurélio (1998): Afoxé: cabaça coberta por uma redinha de malha, em cujas intersecções se colocam sementes ou conchas; outros instrumentos: atabaque, agogô e berimbau”. Culturas Indígenas Temos também dentro de nós sangue indígena, pri- meiros habitantes dessa terra de Santa Cruz. A pro- pósito, ponho abaixo uma declaração dos povos indígenas, reunidos em grande assembleia. “Nós povos indígenas do mundo, unidos numa grande assembléia de homens sábios, declara- mos a todas as nações: Quando a terra mãe era nosso alimento, Quando a noite escura formava nosso teto, Quando o céu e a lua eram nossos pais, Quando todos éramos irmãos e irmãs, Quando nossos caciques e anciãos eram gran- des líderes, Quando a justiça dirigia a lei e sua execução Aí outras civilizações chegaram! Com fome de sangue, de ouro, de terra e de todas as riquezas, trazendo numa mão a cruz e na outra a espada, sem conhecer ou querer aprender os costumes de nossos povos, nos classificaram abaixo dos animais, roubaram nossas terras e nos levaram para longe delas, transformando em escravos os ‘filhos do sol’. Foto retirada do site: http://noticias.r7.com/brasil/noticias/mais-de-36- dos-indios-brasileiros-vivem-em-areas-urbanas-20120810.html 32 Entretanto não puderam nos eliminar! Nem nos fazer esquecer o que somos, Porque somos a cultura da terra e do céu, Somos de uma ascendência milenar e somos milhões, E mesmo que nosso universo inteiro seja destruído, Nós viveremos Por mais tempo que o império da morte!” Port Alberni, 1975 Conselho Mundial dos povos indígenas (AEC, 1985, p.21) Cultos Afro-brasileiros “São chamados assim por causa da origem de seus principais portadores, os escravos tra- zidos da África para o Brasil” (GAARDER, 2000, p. 292). Os autores do “Livro das Religiões” acrescentam: até hoje, essas religiões são reconhecidas pelas lideranças do movimento negro como religiões negras, autênticas expressões culturais da negritude, embora seja cada vez maior o número de brancos, e até mesmo de descendentes de japoneses e coreanos que estão aderindo ao candomblé e, mais ainda à umbanda” (IDEM, p. 292). Quando se diz candomblé se refere aos cultos afro-brasileiros mais próximos da África; mais primitivos ou mais original. Se você entra num terreiro e ali se canta em um idioma africano, provavelmente você está num terreiro de candomblé que ainda conserva a língua original. Se entra num terreiro e lá dentro apenas vê figuras de negros e de negras, provavelmente estará num terreiro de candomblé. O candomblé não é igual em toda parte. Tem esse nome na Bahia; em Pernambuco e Alagoas chama-se Xangô; tambor de mina no Maranhão e Pará e batuque no Rio Grande do Sul. Foto retirada do site: http://www.s1noticias.com/terreiros-de-candomble-ter- ao-mesmo-direitos-de-igrejas.html#axzz3yHDXaSza Foto retirada do site: http://www.riovalejornal.com.br/materias/617-terreiro_de_ umbanda_realiza_uma_linda_festa_para_yemanja_no_litoral Terreiro de Candomblé Terreiro de Umbanda A umbanda é a religião afro-brasileira mais brasileira, mais misturada e mais distante da África. Se entra num terreiro e vê uma quantidade grande de santos ou figuras de brancos, com cer- teza estará entrando num terreiro de umbanda. A umbanda é uma mistura do Afro, branco 33 (catolicismo e espiritismo) e do índio. Tanto o candomblé como a umbanda têm finalidade boa; não visa, como se pensa, a fazer o mal a pessoas. Se isso acontecer, e pode aconte- cer, não pertence à essência da religião. Candomblé e umbanda são as duas principais religiões afro que se popularizaram aqui no Brasil, mas não as únicas; tem a quimbanda, conhecida como a parte negativa da umbanda, vodu que se popularizou no Haiti e outras. Candomblé Não é uma religião ética, a exemplo do cristianismo, e sim uma religião mágica e ri- tual. Portanto, a ideia de salvação presen- te no cristianismo não existe no candom- blé. As divindades são também chamadas de orixás. Os orixás no candomblé são ele- mentos da natureza, mas são personifica- dos em figuras de negros e negras. Como não há uma ética na religião do candomblé, também não existe a idéia de pecado. Cada pessoa tem seu orixá. Para saber seu orixá de cabeça se faz através do jogo de búzios. Os búzios são pequenas conchas com uma pequenaabertura na parte interna. O jogo de búzios se faz em sessões individuais e não em celebrações comunitárias. A pessoa responsável é o pai ou mãe de santo. Da África chegaram com os escravos mais de 400 orixás, mas com o tempo apenas 16 deles sobreviveram. É por isso que o jogo de búzios é feito com 16. Como os orixás são personificados em figuras de negros e negras, têm as mesmas caracte- rísticas dos humanos: amam, sentem ódio, alimentam-se, casam-se etc. Os orixás têm tam- bém suas cores preferidas, seu alimento próprio e seu dia da semana. Os orixás podem ser masculinos ou femininos. Como são ele- mentos da natureza, todo orixá que contém água é feminino, exemplo: Iemanjá (água do mar) ou Oxum (águas doces) são orixás femininos; os demais são masculinos. Nos cultos do candomblé se inicia fazendo uma louvação a Exu e oferecendo a ele um pratinho de comida. Como é um ori- xá peralta e virado por ser o caçulinha dos orixás, assim se procede para que ele fique quieto e não perturbe a celebração. Afinal Foto retirada do site: https://umbandanovolhar.wordpress.com/os-sete-orixas/ Orixás Foto retirada do site: http://ulbra-to.br/encena/2014/12/05/Exu-o-guardiao-dos- caminhos Exu 34 ele é muito mimado e paparicado. Podemos, a rigor, condenar o sacrifício de animais oferecidos a algum orixá, mas há um aspecto a considerar: do animal sacrificado os orixás apenas usufruem a ‘energia vital’, mas a carne do animal sacrificado é repartida com o pessoal da comunidade num grande gesto de solidariedade. Umbanda É chamada de religião brasileira. Além dos elemen- tos afro, agrega elementos do catolicismo, do es- piritismo e das culturas indígenas. Surgiu no Rio de Janeiro na década de 1920. Na umbanda os orixás são elementos da natureza, mas se personificam em figuras de santos ou santas. Os negros, por cau- sa da repressão religiosa, escondiam a identifica- ção de seus orixás em santos ou santas que mais se assemelham a aquele orixá. Por exemplo: Iemanjá é feminino, é a grande mãe, tem cor azul. No santo- ral católico quem mais se identificou com esse orixá foi N. S. da Conceição. O único orixá que não con- seguiu qualquer identificação com santo católico foi Exu; Exu gosta de sexo; Exu gosta de dinheiro. Não encontraram santo com essa característica e por isso identificaram Exu com o diabo. Pomba gira é o exu feminino. No candomblé, Exu é um simples orixá como qualquer outro. Diferente do candomblé, e por seu caráter sincrético (mistura), há na umbanda pre- sença de elementos do catolicismo, espiritismo ou índio. Vela e incenso é presença de elementos do catolicismo; dizer “centro” ou usar expressões como ‘baixar’ o san- to, são heranças do espiritismo. Caboclos, catimbó e jurema são herança cultural das tradições indígenas. Diferente do candomblé, a umbanda recebeu influência do catolicismo, por isso tem uma ética e concepção de pecado. No candomblé não seria problema se um rapaz desejas- se ficar com a namorada de um colega. A ética aí consiste em buscar a felicidade dele e pronto. Na umbanda isso não é permitido, por influência da ética cristã, e mais especifi- camente católica. A caridade ou a ética do amor fraterno é característico da umbanda porque é uma he- rança do espiritismo kardecista. Pelo fato de ter na umbanda características do espiritismo durante algum tempo, dizia- se que ela era conhecida como um ‘baixo espiritismo’; mas isso não é correto e os espíritas não vão aceitar isso, e com razão. Foto retirada do site: http://awure.jor.br/home/a-importan- cia-do-sincretismo-religioso-no-brasil/ 35 O que podemos aprender com os cultos afro-brasileiros A grande lição que se pode aprender com os cultos afro-brasileiros é o seu caráter festivo. Nos cultos há muito movimento, muita música e muita festa. Nos cultos afro podemos aprender a lição da inclusão. Ali não se faz acepção de pessoas: o pai de santo pode ser homem, mas também essa função pode ser exercida por uma mulher : a mãe de santo. Ninguém é excluído de qualquer fun- ção em virtude de sua opção sexual. De vez em quando estoura na mídia um escândalo de algum clérigo católico ou ministro religioso em casos de envolvimento sexual. Os pais e mães de santos não aparecem nessas listas. Nossas celebra- ções católicas ainda continuam sonolentas e cansativas, mas não são assim os cultos afro. A missa de quilombos , realizada em Recife, em janeiro de 1982, foi uma maneira de ade- quar a liturgia católica à cultura negra, que é a nossa cultura. Essa missa foi presidida por D. José Maria Pires, arcebispo negro da Paraíba e concelebrada por vários outros bispos, entre os quais D. Helder, mas não teve continuidade. Importa a nós aprender com a cul- tura negra, a liturgia da festa, da alegria ou da animação. Foto retirada do site: http://afinsophia.com/2009/03/31/seu-ze-maland- ro-no-terreiro-de-pai-joel-de-ogum/ 36 A CONDIÇÃO DA MULHER NO JUDAÍSMO, CRISTIANISMO E ISLAMISMO O tema da mulher é importante, é pertinente à disciplina de Cidadania e fé. Cidadania, no sentido de que forma a mulher é vista na sociedade. Fé no sentido de como o judaísmo, cristianismo ou isla- mismo vêem a mulher. Uma coisa é a concepção de como a mulher é no Oriente ou de como a mulher é no Ocidente. O judaísmo, cristianismo e islamismo são três religiões consideradas irmãs. São irmãs porque são filhas do mesmo Pai: Abraão. De Abarão com Sara surge Isa- ac (filho do riso), que gerou Jacob (Israel) e por aí surge o povo de Israel. De Abraão com Agar é gera- do Ismael, considerado o iniciador do povo árabe; desse povo surge a religião de Maomé. Por motivo de incompatibilidade de viver próximo a Sara (coisas de mulher: ciúmes entre Sara e Agar porque uma gerou e a outra, não), Abraão levou Agar e o filho Ismael para a região sul daquele país, onde surgiu o povo árabe. Árabes e judeus são irmãos mais próximos. Dos judeus surge Jesus, o Cristo e do movimento de Jesus, o cristianismo. Três religiões irmãs mas paradoxalmente só vivem em conflitos políticos e sócio-econômicos. A mulher no judaísmo A condição da mulher no judaísmo é paradoxal, ao menos na visão dos ocidentais: Às vezes soa negativa e às vezes positiva. Por exemplo: quando a mulher está menstruada, se encontra em estado de impureza ritual, devendo, quando passarem suas regras, fazer a purificação legal; por outro lado, judeu é definido como aquele ou aquela que nasceu de ‘mãe judia’. Outro exemplo: O testemunho de uma mulher não era igual ao testemu- nho de um homem; palavra de credibilidade era ‘palavra de homem’. Por outro lado, no Antigo testamento são conhecidos livros sagrados que carregam nome de mulher: Livro de Rute, Livro de Ester e o livro de Judite (tem apenas na Bíblia católica). Segue uma síntese das fases da vida da mulher, publicado no “Livro das Religiões”, de J. Gaarder: “A menina também recebe seu nome formalmente na sinagoga uma semana depois do nascimento. Seu pai é chamado até a Torá, e se faz uma oração pela mãe e pelo bebê. Bar Mitzvá e Bat Mitzvá: Aos treze anos o menino judeu se torna um Bar Mitzvá, (em hebrai- co: filho do mandamento). A cerimônia se passa na sinagoga, no primeiro sábado após Fo to re tir ad a do si te : h ttp :// an ob ib lic o. bl og sp ot .c om .b r/2 01 5/ 04 / ge ne sis -a rv or e- ge ne al og ic a- de -a br aa o. ht m l 37 seu aniversário. Durante o ano que precede seu aniversário ele deve ter aulas com um rabino ou outra pessoa instruída, para aprender as leis e os costumes judaicos. Quando chega o dia, ele deve se levantar e ler alto seu texto, cantando-o conforme o costume. Isso confirma que ele passou a ser um membro pleno da congregação. Uma menina se torna automaticamen- te Bat Mitzvá (filha do mandamento) quando completa doze anos. Costuma-se celebrar esse fato no primeiro sábado após seu aniversário. Para isso ela prepara algumas palavras que deve dizer com a bênção depois do serviço. Foto retirada do site: http://www.accentphotography.com/services/barbat-mitz-vah-gallery/ Foto retirada do site: http://mensagens.culturamix.com/datas-comemorativas/ mensagens-para-bar-mitzvah Casamento: é considerado o modo de vida ideal, instituído por Deus. Um judeu é obriga- do a casar com uma mulher judia. Dias antes do casamento, a noiva deve tomar um ba- nho ritual. No dia do casamento, os noivos ficam em jejum até o final da cerimônia. O casamento pode ser celebrado em qual- quer lugar, mas normalmente acontece na sinagoga. Em geral é um rabino que realiza a cerimônia. Os noivos bebem de um mesmo copo de vinho, como sinal que irão dividir tudo que a vida lhes der. Em seguida, o noi- vo põe a aliança no dedo da noiva, dizendo em hebraico: “Eis que tu és consagrada a mim por esta aliança, segundo a Lei de Moi- sés e de Israel”. (Cf. GAARDER, 2000, p. 113) Foto retirada do site: http://casamentoebeleza.com/informacao/casamento-ju- daico-conheca-um-pouco/ Veja uma reportagem sobre a mulher no judaísmo https://www.youtube.com/ watch?v=UQFs8n3toKI 38 Mulher no cristianismo Cristo era judeu mas foi um revolucionário quando se tra- ta da condição da mulher em sua época. Numa época em que se considera a mulher impura pelo fato de es- tar menstruada e se acreditar que tudo se torna impuro se tocado por ela, Cristo se deixa tocar por uma mulher que derrama sangue e nem por isso se diz que está im- puro (Lc 8, 43 – 48). É encontrado falando sozinho com uma mulher triplamente excluída: por ser ‘mulher’, por ser ‘samaritana’ e por ser ‘pecadora’ (Jo 4, 7ss). Quando ressuscita aparece por primeiro a uma mulher. Quando ela anuncia aos onze que Cristo ressuscitou, os apóstolos recusam o testemunho dela (Lc 24, 9 – 11) No cristianismo antigo conheceu-se o ministério das mulheres diaconisas até o século II no Ocidente e até o século IV no Oriente; depois essa prática caiu em desuso até os dias de hoje. A discussão sobre o sacerdócio feminino está parada na Igreja Católica, mas não representando nas igrejas da reforma. Mulheres pastoras “O sacerdócio ministerial nas igrejas protestantes foi exclusivamente masculino até o sécu- lo XX. Certas igrejas luteranas alemãs empregaram pastores do sexo feminino desde a dé- cada de 1920. Na Suécia, a proibição constitucional do sacerdócio feminino foi abolida em 1945, na Dinamarca em 1947 e na Noruega já em 1938, mas com a restrição de que uma mulher não deveria ser nomeada se a congregação se opusesse a isso por princípio. Essa cláusula foi anulada em 1956” (GAARDER, 2000, p. 196) Os autores do “Livro das Religiões” continuam, falando agora sobre as mulheres na vida paroquial: “As mulheres sempre foram importantes na vida oficial da Igreja e em muitas organizações voluntárias, como, por exemplo, as sociedades missionárias. Entretanto, o papel por elas desempenhado tem sido secundário. Os homens vêm ocupando as posi- ções de liderança e em certas organizações apenas eles ainda têm permissão de assumir cargos administrativos e também de pregar. Isso se deve ao sistema patriarcal que im- pregnou a Igreja até agora. Muitas vezes, cita-se Paulo quando se quer falar na subservi- ência das mulheres aos homens” (Efésios 5,22-24; Colossenses 3,18). As mulheres no islã “Duas citações do Corão demonstram como este pode ser usado para fundamentar duas visões bem diferentes do papel da mulher: ‘Os homens têm autoridade sobre as mulheres Foto retirada do site: http://www.resistenciaapologetica. com/2015/04/mulheres-sao-vitais-ao-ministerio.html 39 porque Deus os fez superiores a elas’ (sura 4:31). ‘As mulheres devem, por justiça, ter direi- tos semelhantes àqueles exercidos contra elas’ (sura 2:228). O contraste no tratamento de homens e mulheres é visível numa série de áreas da vida social, sobretudo nas leis relativas ao casamento. Mas, como muitos estudiosos islâmicos já indicaram, há também uma série de leis que protegem as mulheres dentro do casamento. Quando o contrato de casamento é assinado, o marido paga um dote que permanece propriedade da esposa e não pode ser usado sem o consentimento dela. A mulher só pode ter um marido, ao passo que os homens podem ter até quatro esposas. A poligamia para os homens não era rara no Oriente Médio na época de Maomé. A exigência de que um homem não deve tomar mais esposas do que pode susten- tar teve muitos efeitos positivos em sua época. Hoje, a poligamia é proibida na Turquia e na Tunísia. O divórcio é possível, mas apenas quando iniciado pelo marido, que é responsável pelo lado financeiro do casamento. Há regras e condições abrangentes destinadas a evitar o excesso de facilidades para o divórcio, o qual, segundo Maomé, é ‘a atividade legal menos preferida por Deus’. O índice de divórcios nos países árabes é o mais alto do mundo. O marido também tem o direito de punir fisicamente a esposa se ela for desobediente. ‘Quanto àquelas de quem temes desobediência, deves admoestá-las, enviá-las a uma cama separada e bater nelas’, diz a sura 4. Foto retirada do site:http://www.aware.org.sg/2011/12/an-event- ful-year-for-womens-rights/ Fo to re tir ad a do si te : h ttp :// g1 .g lo bo .c om /m un do /n ot ic ia /2 01 1/ 04 / m ul he re s-d et id as -e m -m an ife sta ca o- a- fa vo r-d o- us o- do -v eu -is la m ic o- em -p ar is. ht m l 40 Diferentemente da circuncisão para os homens, a excisão do clitóris (mutilação genital feminina) não é obrigatória para as mulheres; tampouco se menciona tal mutilação no Corão. Mesmo assim, ela é praticada com frequência no Norte da África. Nos anos recen- tes, porém, vem encontrando forte oposição por causa de seus efeitos negativos sobre a vida sexual da mulher. Nem mesmo a tradição de usar véu, ou xador , deriva do Corão, mas ela se difundiu por amplas áreas geográficas, independentemente da religião. Em sua origem, tal moda se limitava às classes superiores, não tendo penetração na sociedade agrícola, onde as mu- lheres deviam trabalhar no campo. A luta contra o véu vem sendo uma questão predo- minante na modernização de muitas nações árabes; entretanto, o reavivamento islâmico dos anos recentes também fortaleceu o apoio ao véu. (GAARDER, 2000, p. 133) A condição da mulher no hinduísmo O “Livro das Religiões”, de Gaarder, interessa-se sobre esse tema das mulheres, e ao tratar do hinduísmo aborda a con- dição da mulher lá na índia. A propósito disso foi publicado no Diário Popular de São Paulo em 1988, uma notícia que chamou atenção; tratava-se da morte de um certo senhor e que sua esposa se matou para ser queimada junto com ele e seguirem juntos para a eternidade, num ritual chama SATI. Vamos completar esse estudo expondo também sobre o lu- gar das mulheres na Índia ou no hinduísmo. “A Índia também é um continente de grandes contrastes no que se refere ao papel da mulher e ao modo como ela é considerada, tanto espiritual como socialmente. O Livro dos Vedas afirma que o homem e a mulher são iguais “como as duas rodas de uma carroça”.Entretanto, a aceitação prática dessa idéia tem sido bem mais difícil. Um livro indiano de normas, com 2 mil anos de idade, tem o seguinte a dizer sobre o papel da mulher: ‘Assim como o estudo e o serviço doméstico na casa de seu mestre são para ASSISTA A UMA PEQUENA ENTREVISTA SOBRE A MULHER MUÇULMANA NO BRASIL https://www.youtube.com/watch?v=tLsE9ZyZN1I Foto retirada do site: http://www.victorianweb.org/ history/empire/india/suttee.html 41 o menino, assim deve ser para a menina viver com seu marido; ela deve ajudá-lo em seus deveres e ser ensinada por ele. Cuidar do fogo sagrado, como seu esposo lhe ensina, é comparável ao serviço do menino junto ao fogo sacrificial de seu mestre’. As mulheres na Índia são frequentemente encaradas como ‘propriedade’ do marido. Uma mulher solteira em geral tem um status baixo, e uma mulher casada sem filhos pode se en- contrar numa situação bem precária. Por outro lado, a Índia foi um dos primeiros países a ter uma mulher como primeiro-ministro (Indira Gandhi ). Muitasmulheres desfrutam de notável influência pública, e em nenhum outro país do Terceiro Mundo há tantas mulhe- res trabalhando fora de casa. Nesse contexto, ser membro de uma casta pode constituir um fator decisivo na situação feminina. O culto das numerosas deusas mulheres também pode contribuir para elevar a consciência das mulheres”. (GAARDER, 2000, p. 51) Foto retirada do site: http://tripaziello.com/2015/01/26/il-sari-indiano/ Foto retirada do site: http://www.dw.com/en/india-bans-movie-about-indi- ra-gandhis-murder/a-17876004 Indira Gandhi ASSISTA A LENDA INDIANA DA CRIAÇÃO DA MULHER https://www.youtube.com/watch?v=05FfsvdFVaA
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