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Antibióticos no Tratamento da Doença Periodontal

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Olímpio Costa 2020.2 
 
Antibióticos no Tratamento da Doença Periodontal 
Os antibióticos são medicamentos que eliminam ou 
bloqueiam a multiplicação de bactérias em concentrações 
que são relativamente inócuas aos tecidos do hospedeiro e 
podem ser usados para tratar as infecções causadas por 
bactérias. 
A efetividade da terapia depende da capacidade do 
medicamento em chegar ao local infectado e das 
bactérias-alvo resistirem/desativarem o medicamento. 
Tem-se agentes de ação bactericida ou bacteriostático, de 
amplo ou de estreito espectro de ação. 
Uso demasiado de antibióticos – resistência bacteriana. 
Princípios do uso de antibióticos em Periodontia 
A periodontite é uma infecção e deve ser tratada como tal? 
A formação da placa supragengival é o fator etiológico 
principal na inflamação gengival = a gengivite trata-se 
removendo o fator etiológico. A placa subgengival, deriva 
da supra, e está associada às lesões avançadas das 
doenças periodontais. 
Os antibióticos não são capazes de promover a remoção do 
cálculo e dos resíduos bacterianos, que é um elemento 
crucial na terapia periodontal. 
A presença contínua de grandes massas de bactérias 
sobre superfícies orais duras (o cálculo) induz à 
inflamação nos tecidos moles adjacentes, como a gengiva 
ou mucosa. A eliminação dos depósitos bacterianos é 
essencial, através da remoção mecânica (do biofilme e do 
cálculo) completa das superfícies dentárias. 
Nem sempre os patógenos estão somente no 
biofilme/cálculo, algumas bactérias podem ser 
inacessíveis aos instrumentos mecânicos em 
concavidades, lacunas, túbulos dentinários e nos tecidos 
moles invadidos, escapando assim da remoção mecânica. 
Existe uma limitação para o número de raspagens por 
conta dos danos aos tecidos dentais. 
O sítio tratado pode ser recolonizado por patógenos 
persistentes das áreas não dentárias. 
Características específicas da infecção periodontal 
Os microrganismos no biofilme subgengival podem causar 
danos aos tecidos sem penetrá-los. 
A invasão e a multiplicação das bactérias nos tecidos 
periodontais NÃO SÃO consideradas indispensáveis para o 
desenvolvimento das doenças. 
Para o agente antimicrobiano ser efetivo precisa: chegar ao 
tecido afetado, estar em concentrações suficientes não 
apenas dentro mas também fora dos tecidos afetados. 
O biofilme dentário tem a maioria das características de 
outros biofilmes atualmente conhecidos, com a resistência 
antimicrobiana sendo de especial relevância. 
Patógenos periodontais Aa e Pg – são mais tolerantes a 
antimicrobianos quando estão incorporados pelos 
biofilmes do que como células panctônicas/isoladas. 
O debridamento mecânico precisa sempre ser 
minunciosamente realizado para desfazer os agregados 
estruturados (biofilme) que protegem as bactérias 
incorporadas e reduzir acentuadamente a massa 
microbiana que pode inibir ou degradar o agente 
antimicrobiano. 
Logo, as doenças periodontais não devem ser tratadas 
apenas com agentes antimicrobianos. 
Vias de Administração 
Duas vias principais: sistêmica (oral) e a local por inserção 
direta na bolsa periodontal (veículos em gel, chips). 
 
 
Via de Administração Sistêmica 
Os medicamentos mais investigados para uso sistêmico: 
tetraciclina, minociclina, doxixiclina, clindamicina, 
ampicilina, amoxicilina (com ou sem ácido clavulânico), 
macrolídeos (eritromicina, espiramicina, azitromicina e 
claritromicina) e metronidazol, e ornidazol, compostos do 
nitroimidazol e certas combinações derivadas. 
Os primeiros utilizados foram as penicilinas. 
As penicilinas e cefalosporinas agem inibindo a síntese da 
parede celular. Espectro estreito e ação bactericida. 
A amoxicilina, dentre as penicilinas, é a escolhida por ter 
uma atividade considerável contra diversos patógenos 
 
Olímpio Costa 2020.2 
 
periodontais em níveis alcançáveis no líquido 
gengival/fluído crevicular gengival. 
Algumas enzimas (betalactamases bacterianas) podem 
clivar o anel betalactâmico. Estas enzimas têm alta 
afinidade pelo ácido clavulânico: então para contornar a 
atividade da betalactamase, o ácido clavulânico foi 
associado à amoxicilina para terapia periodontal. 
Tetraciclinas, clindamicina e macrolídeos – inibidores da 
síntese de proteína, amplo espectro de ação e são 
bacteriostáticos. As tetraciclinas são capazes também de 
inibir a colagenase e de se unir a superfícies dentárias para 
liberação lenta. 
Nitroimidazois (metronidazol e ornidazol) e quinolonas 
(ciprofloxacino) – inibidores da síntese de DNA. 
Metronidazol – especificamente ativo contra a parte 
obrigatoriamente anaeróbica da microbiota oral (Pg e 
outros microrganismos gram – pigmentados de negro), 
mas não contra Aa (anaeróbica facultativa). 
Associação entre antimicrobianos 
Microbiota subgengival na periodontite abriga diversas 
espécies patológicas ao periodonto, com diferentes 
suscetibilidades antimicrobianas. A combinação de 
agentes antimicrobianos com atividade de espectro mais 
amplo é mais interessante do que um agente único. As 
superposições nos espectros antimicrobianos podem 
reduzir possíveis resistências bacterianas. 
Reações Adversas 
 
Terapia antimicrobiana sistêmica em ensaios 
clínicos 
Evidências de revisões sistemáticas embasam a 
administração da terapia antimicrobiana para periodontite. 
RS Herrera et al. (2002) – pacientes tratados com 
antibióticos, nas bolsas profundas, tem um benefício 
específico em termos de mudança do nível de inserção 
clínica periodontal para a combinação de amoxicilina + 
metronidazol. 
RS Haffajee et al (2003) – antibióticos (associado ao 
debridamento mecânico, que é indispensável) têm efeito 
maior nos locais com bolsas profundas. Para bolsas rasas 
e moderadas só o debridamento mecânico propõe efeitos 
satisfatórios. 
Cronologia da terapia antibiótica sistêmica 
Recomenda-se o início da terapia antimicrobiana, 
imediatamente depois da terapia mecânica = é preciso 
primeiro desestruturar o biofilme para depois fazer uso do 
antibiótico. 
Seleção dos pacientes para antibióticos sistêmicos 
Antibióticos como adjuvantes à RAR para pacientes com: 
• Bolsas profundas 
• Formas de evolução rápida da periodontite (Grau 
C) 
• Locais ativos 
• Perfis microbiológicos específicos 
Observar: 
• Gravidade da doença (bolsas profundas tem mais 
benefícios com uso de antibióticos); 
• Envolvimento do paciente (bom controle da placa 
pelo paciente); 
• Diagnóstico (estágios III e IV e grau C; sepuração 
ativa, podem usar ATBS); 
• Perfil microbiológico - amoxicilina + metronidazol, 
suprime Aa (muito presente no perfil 
incisivo/molar), é a terapia de PRIMEIRA ESCOLHA; 
• Risco x Benefício . 
A terapia antimicrobiana NÃO deve ser prescritos para 
contrabalançar debridamento mecânico incompleto. 
Estratégias para reduzir risco de resistência 
bacteriana aos antimicrobianos 
• Prescrição com cautela 
• Combinação de agentes diferentes 
• É preferível a administração de antibióticos em alta 
dose durante um tempo menor 
• Toda terapia antimicrobiana deve ser precedida 
por debridamento mecânico bem feito 
• Não prescrever quando a raspagem é suficiente 
(periodontites estágio I e II, graus A e B)

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