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AS PLANTAS DANINHAS NA CULTURA DO ARROZ

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AS PLANTAS DANINHAS NA CULTURA DO ARROZ
INTRODUÇÃO
As plantas daninhas competem com a cultura do arroz em luz, água, nutriente e espaço, podendo ocasionar, caso não se estabeleça seu controle em tempo hábil, significativos prejuízos, tanto em função da queda de produção como também na depreciação da qualidade do produto, contribuindo para o aumento do custo de produção e, consequentemente, reduzindo a lucratividade.
Sabe-se que os prejuízos ocasionados pela matocompetição se apresentam variáveis, pois o grau de competição depende da diversidade das espécies que estão em confronto, da densidade populacional das espécies e do período que as mesmas permanecem juntas competindo com a cultura, fatores esses que podem ser modificados por práticas culturais, adubações adequadas e em épocas certas, pelas condições físicas e de fertilidade do solo e pelas condições climáticas durante o ciclo da cultura.
Levando em consideração que o período de competição seja o intervalo de tempo em que as plantas daninhas mais prejudicam a produção, dados de experimentação obtidos por DEUBER et alii (1972), e citados por BLANCO (1977), indicam que para o arroz o período total de competição é de 30 dias, ou seja, supõe-se que as plantas daninhas que emergirem nesse período, em determinada época do ciclo da cultura terão atingido um estádio de crescimento tal que entrarão em competição pelos recursos do meio.
Os diferentes métodos utilizados para o controle do complexo de invasoras, desde o emprego de cultivadores, controle químico com herbicidas, capina ou repasse manual com enxada, são práticas eficientes e passíveis de utilização, quer isoladas ou associadas entre si. Porém, cada uma das alternativas a ser adotada deve estar perfeitamente inserida nos objetivos econômicos e adaptada às condições locais de infraestrutura.
2. PRINCIPAIS PLANTAS DANINHAS DA CULTURA DO ARROZ
Echinochloa crusgalli e E. colonum são espécies daninhas extensamente difundidas nas áreas de arroz em todo mundo e classificadas em terceiro e quarto lugares, respectivamente, entre as piores plantas daninhas a nível mundial. Como suas sementes exigem temperaturas relativamente altas para germinar, são especialmente importantes em cultivos tropicais, onde a germinação ocorre com as primeiras temperaturas altas do inicio da primavera e verão.
Para o gênero Cyperus, predominam em solos úmidos as espécies C. ferax, C. iria e C. difformis, popularmente denominadas de junquinho, e Fimbristylis miliacea, conhecida por culminho. Em lavouras de arroz irrigado, são bastante competitivas na fase inicial da cultura, o que vai arrefecendo posteriormente, em especial se a cultivar de arroz for de porte alto, uma vez que essas espécies não toleram o sombreamento. Ao contrario da tiririca (C. rotundus), que se multiplica vegetativamente a partir de tubérculos e bulbos subterrâneos, a reprodução dessas espécies é sexuada. Na C.rotundus ocorre certa taxa de reprodução por sementes que é, contudo, proporcionalmente pouco significativa, considerando que menos de 5% das sementes formadas são viáveis. A capacidade de sobrevivência desta espécie em condições adversas é enorme, suportando longos períodos de seca ou de inundação do terreno. A parte aérea das plantas é sensível ao sombreamento, podendo até ser eliminada com sombreamento prolongado. Todavia, a parte subterrânea geralmente rebrota quando o sombreamento da parte aérea é interrompido. Além da grande capacidade competitiva apresentada pela tiririca, ela exerce efeito inibidor (alelopatia) sobre outras plantas.
No sistema de cultivo de arroz com sementes pré- geminadas, ocorre uma maior predominância de espécies daninhas aquáticas, como a Heteranthera reniformes, Sagitaria montevidensis, e semiaquáticas, como a Ludwigia longifolia e L.octovalvis.
As espécies do gênero Commelina e Ipomoea, além de serem, além de serem altamente competitivas, dificultam a colheita mecânica e conferem altos teores de umidade ao grão.
Dentre o gênero Brachiaria, destacam-se as espécies B. Decumbens (capim-braquiaria) e B. plantaginea (capim marmelada). O capim-braquiaria é uma planta perene que se reproduz tanto por semente como vegetativamente, a partir de rizomas e estolões. Devido à ocorrência de dormência, a germinação das sementes é muito irregular, o que complica as medidas de controle, necessitando herbicidas de efeito residual prolongado. O capim-marmelada é uma planta anual, com reprodução somente sexuada, muito agressiva, e que ocorre em todo o território nacional, principalmente na Região Sul, onde recebe o nome de papuã.
O gênero Cenchrus é constituído por 23 espécies, sendo a mais importante a C. echinatus (timbete), com maior ocorrência em áreas de Cerrado. Esta espécie é altamente competitiva na cultura do arroz e, quando estabelecida, dificulta muito as operações manuais, inclusive a colheita, devido à presença de espinhos.
Dentre o gênero Digitaria, destacam-se no Brasil as espécies D. horizontalis, D. sanguinalis e D. insulares. A diferenciação das espécies a nível de campo é bastante difícil, sendo popularmente chamadas de milhã ou capim-colchão, exceto D. insularis, que é identificada como capim amargoso.
O controle de plantas daninhas consiste na adoção de certas praticas que resultem na redução da infestação e não, necessariamente, na sua completa eliminação. Seus principais objetivos são: evitar perdas de produção devido à competição; beneficiar as condições de colheita; e evitar o aumento da infestação e proliferação das plantas daninhas. A associação de métodos de controle deve ser utilizada sempre que possível, sendo conveniente, porem, que a estratégia de controle (melhor método, no momento oportuno) esteja adaptada às condições locais de infraestrutura, disponibilidade de mão de obra e implementos e analise de custos.
3. PLANTAS DANINHAS E SEU CONTROLE
Dentre os vários fatores limitantes de produtividade do arroz, destaca-se aquele representado pelas plantas daninhas. Através da competição por água, luz e nutrientes minerais, das ações indiretas como hospedeira de pragas e doenças e, muitas vezes, das ações alelopáticas, as plantas daninhas ocasionam perdas na produção de arroz. Os efeitos negativos sobre a produtividade dependem de vários fatores, como cultivar de arroz, fertilidade do solo, adubação, espaçamento e densidade de plantio e, a densidade e o tipo de espécie daninha.
As reduções na produtividade começam a manifestar-se a partir do segundo ano da abertura das áreas e acentuam-se nos cultivos subsequentes. Nas áreas altamente infestadas, os danos causados pelas plantas daninhas podem chegar ate à perda total da produção.
O controle de plantas daninhas consiste na adoção de certas práticas que resultam na redução da infestação, mas não necessariamente na sua completa eliminação. Assim, como as práticas de controle são possíveis evitar perdas de produção devido à competição, melhorar as condições de colheita e evitar o aumento da infestação das plantas daninhas na área. O arroz é uma planta C3 que apresenta baixo ponto de compensação luminosa e baixa eficiência de uso de água em comparação com plantas C4. Essa característica é de grande importância para o controle de plantas daninhas, pois na época de plantio pode ocorrer alta temperatura e alta luminosidade, fatores que favorecem o desenvolvimento de plantas C4.
Além disto, o arroz é mais sensível à deficiência hídrica que as plantas C4, o que torna obrigatório iniciar o controle das plantas daninhas mais cedo, principalmente em áreas com alta infestação. Vários autores têm estudado o período critico de competição, quando a cultura de arroz deve ser mantida livre da presença das plantas daninhas para preservar a obtenção de boas produtividades. Este período depende principalmente da composição especifica da comunidade infestante, da cultivar de arroz, do espaçamento e da densidade de plantio. De maneira geral, os valores encontrados situam-se entre15 e 45 dias.
3.1. MÉTODO MANUAL E/OU MECÂNICO
No método manual e/ou mecânico, a eliminação das plantasdaninhas é tradicionalmente realizada por meio de implementos manuais, ou mecânicos, como enxadas ou cultivadores, tanto no arroz de sequeiro como no irrigado. No caso do arroz irrigado, esse método torna-se pouco viável ou até impraticável devido às peculiaridades do sistema de irrigação por inundação utilizada (XAVIER &ANDRADE, 1985). Em casos particulares, como em áreas de pequenas dimensões, esse método pode ser utilizado com sucesso, desde que as lavouras sejam semeadas em fileiras regulares, para que a cultura não sofra muitos danos. Em áreas destinadas à produção de sementes, o "rouguing" ou arranquio manual das plantas de arroz vermelho e preto ou misturas varietais é feito sistematicamente, para minimizar ou mesmo eliminar o problema. Os métodos manual e/ou mecânico devem ser realizados com as plantas daninhas no estádio de plântulas (MACHADO, 1991).
Esse método pode ser usado em pequenas áreas de plantio isoladamente ou associado com o controle químico. Neste caso, após a emergência do arroz até a época da inundação definitiva, são realizadas capinas, podendo-se completá-las com uma aplicação de herbicida. Esta prática é bastante utilizada em pequenas propriedades na depressão central do Rio Grande do Sul, onde as ciperáceas são bastante frequentes e abundantes (XAVIER & ANDRADE, 1985).
Também em outras regiões do Brasil, as capinas manuais são utilizados para controlar as plantas daninhas na cultura do arroz, em áreas de várzeas geralmente de pequeno porte. Porém, é uma prática de difícil operacionalidade, devido à exigência de mão de obra disponível na época apropriada e também em função da excessiva umidade do solo em determinados períodos, no caso de várzeas úmidas.
De acordo com CARVALHO & ALCANTRA (1982), para o controle das plantas daninhas em áreas de várzeas úmidas em Minas Gerais, se gasta cerca de 30% de toda a mão de obra empregada na lavoura, aumentando sensivelmente o custo de produção de arroz.
3.2. MANEJO DE ÁGUA
A água é considerada o mais importante fator na produção de arroz, pois influencia nas características da planta, nas condições nutricionais do solo, na natureza e na extensão do crescimento das plantas daninhas (DE DATTA et alii, 1970).
O manejo da água pode ser enquadrado dentro das medidas culturais, cujo objetivo é o de propiciar à cultura maior competitividade, pois um bom manejo da água tem sido reconhecido como um importante método de controle de plantas daninhas na cultura do arroz irrigado por submersão, condição esta em que muitas espécies não são capazes de germinar. Desde que uma das mais importantes razões para a submersão é o seu efeito no controle de plantas daninhas, especialmente as gramíneas (WILLIAMS, 1969), a emergência e os tipos de planta daninha estão estreitamente relacionados ao teor de umidade do solo e a espessura da lâmina de água (YAMADA, 1965).
De acordo com CHANDLER (1966), uma lâmina de água maior que 15 cm podem causar alguns efeitos prejudiciais ao arroz, tornando difícil o manejo de práticas culturais e, por outro lado, uma lâmina superficial, menor do que 2,5 cm aumentam os problemas com as plantas daninhas, aumentando consequentemente, os custos para o seu controle (MOHAN, 1965).
Em arroz irrigado, no sistema de semeadura com sementes pré- geminadas, um preciso manejo da água é essencial por duas razões: estabelecer um stand uniforme de plantas de arroz e minimizar a infestação das plantas daninhas (DE DATTA, 1979).
De acordo com DE DATTA (1979), a inundação de áreas de arroz com uma lâmina de água de 10-20 cm de espessura, com o arroz na fase de plântula, reduz a infestação de Echnochloa crusgalle (L.) Beauv. Lâminas de água com 10-20 cm de espessura tem sido utilizadas na cultura do arroz na Califórnia, ha muitos anos, onde o sistema de semeadura com sementes pré- geminada é uma prática comum para o estabelecimento do stand. Entretanto, o mesmo autor observou que o uso de herbicidas em combinação com um bom manejo de água, foi o método de controle de plantas daninhas mais eficazes do qualquer outra prática isolada.
Diversos estudos têm sido conduzidos visando determinar o melhor sistema de irrigação para a cultura do arroz. A maioria tem mostrado que a irrigação contínua, normalmente propicia maior produtividade (SAHRAWAT, 1981), embora SANDHU et alii (1980), tenha observado produtividades de arroz similares com a inundação contínua e intermitente. A inundação contínua também propicia maior controle das plantas daninhas (NAVAREZ et alii, 1979).
Em Taiwan, CHANG (1967), observou alta infestação de plantas daninhas em áreas de agricultores onde foi praticada a irrigação intermitente e também onde não se manteve a inundação contínua na cultura do arroz.
No Brasil, STONE et alii (1990), em um estudo para comparar diferentes formas de manejo de água para as várzeas da região Centro-oeste, constatou que a combinação de inundação intermitente na fase vegetativa com inundação contínua na fase reprodutiva, propicia maiores produções de arroz, por favorecer o perfilhamento e a obtenção de um grande número de grãos-panícula e maior peso de grãos. Por outro lado, a inundação contínua reduziu a ocorrência de plantas daninhas, quando comparada com outros sistemas de irrigação.
MOODY (1977) observou que maior tempo foi gasto para controlar as plantas daninhas quando o controle de água foi deficiente do que quando se praticou um manejo de água adequado. Nas condições de várzeas úmidas (não sistematizadas), outro método de irrigação tem sido utilizado, que é o da sub-irrigação, pela elevação do lençol freático durante o período de cultivo com arroz. Nesse sistema, o solo, normalmente, permanece saturado durante grande parte do ciclo da cultura. Nesse caso, obtém-se a vantagem do menor consumo de água do que com a inundação contínua, porém, os problemas com as plantas daninhas aumentam consideravelmente (STONE et alii, 1990).
Portanto, em áreas onde o arroz pode ser cultivado no sistema de irrigação por submersão, observa-se que a lâmina de água contínua, apesar das variações quanto a sua profundidade, é um fator de extrema importância no controle complementar das plantas daninhas. Por outro lado, em áreas onde a manutenção desta lâmina não seja possível, outros métodos são necessários.
3.3. MANEJO INTEGRADO DE PLANTAS DANINHAS
Cada um dos métodos de controle de plantas daninhas tem suas vantagens e desvantagens. Nenhum deles, entretanto, pode ser aplicado com sucesso em todas as situações, porque as plantas daninhas variam bastante nos seus hábitos de crescimento e ciclos de vida. Desde que o primeiro método de controle foi usado, novos métodos tem sido introduzidos e os mais antigos aprimorados, porém nenhum deles foi descartado (DE DATA, 1979).
O controle integrado de plantas daninhas foi definido por SMITH & REYNOLDS (1965), como um sistema de manejo que utiliza todas as técnicas apropriadas de uma maneira compatível, para reduzir a população de plantas daninhas, mantendo-a em níveis abaixo do nível de dano econômico.
De acordo com MERCADO (1979), o objetivo do manejo de plantas daninhas é reverter o balanço cultura X planta daninha em favor da cultura, o que é feito em qualquer um dos métodos convencionais de controle. A estratégia, entretanto, não está limitada a somente um método de controle. Um eficiente manejo de plantas daninhas integra todas as medidas, preventivas e métodos de controle possíveis, como rotação de culturas, práticas como os manejos de águas, solo, cultivo, uso de cultivares competitivas, inimigos naturais e herbicidas.
MODA (1977b) relacionou as seguintes práticas como componentes de um sistema integrado de controle de plantas daninhas: preparo preventivo do solo, controle preventivo anual, controle mecânico, manejo de fertilizantes e de água, rotação de culturas, métodos químico e biológico de controle. O autor salienta que o uso ou combinações dessas práticas depende dos sistemas de produção de arroz de cada país ou região.
Ainda de acordo com MODA (1977b) a seletividade dos herbicidas para uma determinada espécieou grupo de plantas daninhas pode induzir a uma infestação de espécies de difícil controle, que anteriormente eram de importância secundária. Nesse caso, o emprego de uma combinação lógica de vários métodos torna-se muito mais eficaz do que uma medida isolada de controle.
VELASCO et alii (1961), observaram que o mais prático e econômico esquema para o controle de plantas daninhas na cultura de arroz de sequeiro, incluiu os métodos químico e mecânico, além de práticas culturais.
O manejo de água é também uma importante medida de controle de plantas daninhas, principalmente as gramíneas em arroz irrigado por submersão e, uma combinação do manejo de água com outros métodos, como a aplicação de herbicidas e o preparo do solo, proporciona maior eficiência no controle dessas espécies (DE DATTA, 1973).
Por outro lado, HARWOOD & BANTILAN (1974), recomendaram para áreas de sistemas de cultivos intensivos um manejo de plantas daninhas de longo prazo, ao invés do controle somente para um ciclo. Nos seus estudos, conduzidos em condições irrigadas e semelhantes às de várzea úmida, eles conseguiram eliminar gramíneas problemáticas e ciperáceas, usando vários manejos como, rotação de culturas, preparo do solo inundado, aumento da densidade de semeadura e controles químicos e mecânico.
Outra estratégia foi utilizada para reduzir a infestação de Scireus maritimus, uma ciperácea de difícil controle em áreas de arroz irrigado (transplantado), nas Filipinas. Foi feita uma mudança na utilização da área, antes cultivada em condições irrigadas, para o sistema de sequeiro, e nela, plantou-se as culturas do milho e do amendoim, durante o segundo ano agrícola. No período seguinte plantou-se o arroz, no sistema convencional, já com a área em condições de várzea úmida. Esse manejo causou uma mudança na população das plantas daninhas, que passou a ser composta de espécies menos problemáticas e de controle relativamente fácil (LACSINA & DE DATTA, 1975).
Para o controle do anjiquinho (Aeschynomene spp.), uma das espécies de folhas largas mais problemáticas em arroz irrigado no Rio Grande do Sul, ANDRADE (1986), estudou um controle integrado, com o uso de herbicidas e o controle biológico, através do fungo Colletotrichum gloeosporioides. Em termos de controle do anjiquinho e produção de arroz, os herbicidas mais eficazes foram: metilsulfuron a 0,0048, 0,008 ou 0,016 Kg/ha e MCPA a 0,625 Kg/ha. O lactofen também se mostrou promissor. O fungo C.gloeosporioides controlou a planta daninha nos experimentos conduzidos em laboratório, em câmara de crescimento, porém esse resultado não se confirmou a nível de campo.
GRIFFIN et alii (1984), no estado de Louisiana, EUA, estudaram um manejo integrado para o controle do arroz vermelho em áreas de arroz irrigado, que envolveu práticas culturais como rotações entre as culturas de soja e arroz, submetidas a altos e baixo níveis de controle, através de herbicidas e manejo de água, por seis anos consecutivos. Os melhores resultados foram obtidos nas rotações onde a soja foi plantada por dois anos consecutivos, com um subsequente plantio de arroz, havendo uma redução nos níveis potenciais de infestação de arroz vermelho. Os resultados mostraram também a importância da combinação das práticas culturais e do controle químico, tanto na soja, quanto no arroz.
Resultados adicionais indicaram ainda que o número de semente no solo, durante a primavera e o número de panículas de arroz vermelho obtido antes da colheita do arroz, foram maiores onde se fez uma aração do solo com os restos culturais do arroz no outono e inundação da área durante os meses de inverno e, menores, onde o solo com os restos culturais do arroz não foi arado no outono, ou inundado durante os meses de inverno. Recomendou-se, portanto, o não revolvimento do solo no outono e a manutenção da área drenada durante o inverno, além de promover a redução da reserva de sementes no solo por meio de pássaros e roedores.
SMITH JR. (1991), também observou a dificuldade para a eliminação do arroz vermelho que infesta a cultura do arroz no sul dos EUA, mas que pode ser controlado com um enfoque de manejo integrado, combinando todas as medidas disponíveis. O autor ressalta que o êxito no controle desta planta invasora implica em fazer-se uma rotação que permita plantar cultura de sequeiro durante vários ciclos entre os períodos de arroz, permitindo, deste modo, o uso de herbicidas aplicados em pré-emergência e pós-emergência e reguladores de crescimento, que não se podem usar no arroz. Sugere ainda, que o uso combinado de herbicidas e práticas culturais é essencial para controlar com êxito o arroz vermelho durante o período de cultivo do arroz e que um programa eficiente para o manejo desta espécie deve basear-se em práticas que favoreçam o máximo o arroz e a cultura de rotação e que sejam desvantajosas para o desenvolvimento do arroz vermelho.
MONTEALEGRE & VARGAS (1981), após um diagnóstico do problema de arroz vermelho na América Latina, destacaram também, o manejo, envolvendo a rotação do arroz com outras culturas, como uma das práticas mais recomendáveis devendo-se complementar com métodos eficazes de controle de plantas daninhas para a cultura de rotação.
Os mesmos autores observaram que, na Colômbia, em áreas altamente infestadas (50%), a rotação com a soja após dois ciclos, incrementou os rendimentos do arroz em 2 ton/ha e a infestação do arroz vermelho manteve-se em níveis abaixo de 4 %. Por outro lado, a rotação com sorgo no modelo arroz-sorgo-arroz, permitiu rendimentos de 7,1 ton/ha, após o quarto ciclo do arroz, com uma infestação de apenas 2,1% de arroz vermelho.
No Sri Lanka, medidas para prevenir a emergência de plantas daninhas nos estádios iniciais de crescimento do arroz, consistem em utilizar excessivas densidades de semeadura e, após a emergência das sementes, é usado um implemento com tração animal, para efetuar um desbaste nas plântulas de arroz, até alcançar o nível de stand desejado (MODA, 1977).
De acordo com DE DATTA & HERDT (1983), o uso contínuo de um único método de controle, como o preparo de solo, uso do cultivado nas entrelinhas ou herbicidas, aumentam o número de espécies de plantas daninhas tolerantes ao método de controle empregado. Os mesmos autores ressaltam que nas Filipinas a produção contínua de arroz nas mesmas áreas, submetidas ao mesmo sistema de manejo de água, conduziu a um aumento das espécies perenes e, que uma combinação de métodos, ou uma mudança nos sistemas de produção podem evitar esse aumento.
Considerando-se o que foi discutido, concluiu-se que para obtenção de altas produtividades de arroz nos diversos sistemas de cultivo, torna-se essencial utilizar um manejo integrado que seja eficaz no controle das plantas daninhas, em geral, com as melhores combinações de práticas, tecnologias e estratégias possíveis.
4. CUSTO DE PRODUÇÃO
A diversidade de tipos de manejo utilizados na cultura do arroz dificulta a elaboração de uma estimativa de custo de produção para todas as situações, mesmo porque, em algumas dessas, muitas operações podem ou não ser realizadas, como a adubação foliar, adubação de cobertura, aplicação de defensivos em pulverização e controle de plantas daninhas em pré ou pós-emergência.
Na tabela a seguir são apresentados os cultos médios de cada operação realizada na lavoura do arroz irrigado.
Tabela 1. Custo de produção do arroz irrigado no Brasil
	Componentes
	Valor (US$)
	Terra (arrendamento)
	157
	Irrigação
	230
	Mão-de-obra
	85
	Reparos e manutenção
	92
	Combustível e
	70
	Lubrificantes
	77
	Fertilizantes
	60
	Semente
	65
	Agroquímico
	35
	Aviação agrícola
	50
	Frete
	84
	Secagem
	19
	Outros custos
	52
	Juros sobre os custos
	87
	CUSTOS TOTAIS
	1.163
5. CONTROLE PREVENTIVO
A prática do controle preventivo visa impedir a introdução, o estabelecimento e a disseminação de determinadas espécies em áreas não infestadas. A legislação nacional estabelece limites para sementes de espécies daninhas toleradas e determina as espécies proibidas nas sementes comerciais. Issoevita que novas áreas sejam contaminadas pela utilização de sementes com propágulos de plantas daninhas, especialmente daquelas de difícil controle. Além disto, outros cuidados são necessários, tais como: evitar o uso de esterco, palha ou compostos que contenham propágulos de plantas daninhas; fazer a limpeza completa dos equipamentos agrícolas antes de entrar na lavoura ou após a sua utilização em talhões onde existam espécies-problema; e efetuar o controle destas plantas próximo às margens de carreadores.
5.1. CONTROLE CULTURAL
O controle cultural envolve um conjunto de práticas agrícolas que propiciam maior competitividade da cultura com as plantas daninhas. Dentre as praticas recomendadas, destacam-se a rotação de culturas e aquelas relacionadas à cultivar e ao espaçamento e densidade.
5.2. ROTAÇÃO DE CULTURAS
A rotação de culturas, além de ter muitas outras utilidades, é praticada como meio de prevenir o surgimento de altas populações de certas espécies de plantas daninhas mais adaptadas a uma determinada cultura ou ambiente. A monocultura e a aplicação dos mesmo herbicida ano após ano, na mesma área, favorecem o estabelecimento de espécies daninhas tolerantes ou resistentes aos herbicidas, que aumentam sua interferência sobre a cultura. Na escolha das culturas para compor um sistema de rotação deve-se assegurar que suas características sejam bem contrastantes entre si.
5.3. CULTIVARES
Os cultivares de arroz de porte baixo são menos competitivas com as plantas daninhas na fase inicial de desenvolvimento inicial da cultura. A altura de planta do arroz é a característica mais importante no controle das plantas daninhas. Garrity et al. (1992) considera que a altura mínima de plantas no florescimento, para um adequado controle, seja de 1,0 m.
Cultivares mais competitivas com as plantas daninhas devem apresentar as primeiras folhas decumbentes (para aumentar a competitividade) e as folhas superiores eretas (para facilitar a penetração da radiação solar). Uma alta taxa de crescimento inicial é também uma característica importante para melhorar a competição com as plantas daninhas.
5.4. ESPAÇAMENTO E DENSIDADE
O emprego de menor espaçamento e o aumento da densidade de plantio são procedimentos importantes para que a cultura tenha maior competição com as plantas daninhas, influenciando a precocidade e intensidade do sombreamento sobre as plantas daninhas depende muito da composição específica da comunidade infestante, pois, em geral, as plantas daninhas apresentam grande variação quanto a suscetibilidade à restrição de luz.
5.5. CONTROLE QUÍMICO
O controle químico via herbicida é um dos métodos mais utilizados para o controle de plantas daninhas na cultura do arroz, devido à maior praticidade e à grande eficiência. Este método permite controlar plantas daninhas em épocas chuvosas ou em áreas encharcadas, quando o controle mecânico ou manual é difícil e, muitas vezes, ineficientes. Por se tratar de um método que envolve o uso de produtos químicos, é essencial a orientação de técnicas capacitadas, para que se consiga a máxima eficiência, com custos reduzidos e o mínimo risco para a saúde e o ambiente.
Este método tem sido bastante eficiente no controle de arroz daninho e vem sendo utilizado no sistema de semeadura com sementes pré- geminadas. O método consiste no preparo final do solo sob inundação e, ao invés de proceder à semeadura, a área é drenada pelo período de 5-10 dias para a germinação do arroz daninho e demais espécies presentes. Quando o arroz daninho atinge o estádio de, no máximo, uma folha, a área é novamente inundada e efetuada a aplicação de herbicidas em benzedura dentro da água. A aplicação pode ser efetuada tanto com garrafa plástica com tampa perfurada como com pulverizador costal sem bico, na dose de 15 a 20 litros/ha de solução. Os herbicidas mais comumente usados são oxyfluorfen e oxadiazon. Os quadros devem ser mantidos com água estagnada por pelo menos dez dias, e apenas fazer reposição para completar o nível, se necessário. Após este período de 10 dias deve ser feita a troca de água nos quadros e realizada a semeadura. A semeadura de sementes pré- geminadas sem movimentação do solo, associado ao manejo da água pós-semeadura, permite alcançar elevados níveis de controle do arroz daninho. É importante ressaltar que este é um método de controle recomendado apenas para o controle de arroz daninho. No caso de outras espécies daninhas comuns, como o capim-arroz, métodos de controle mais eficazes podem ser utilizados em pós-emergência da cultura.
6. ÉPOCA E MÉTODOS DE APLICAÇÃO DOS HERBICIDAS
Os herbicidas registrados para uso na cultura do arroz de terras altas podem ser agrupados segundo a época e os métodos de aplicação.
1. Pré-semeadura: são aplicações realizadas para implantação do sistema de plantio direto ou cultivo mínimo. Na pré-semeadura são eliminadas as plantas daninhas e/ou a cobertura verde de inverno, antes da semeadura do arroz. É uma operação-chave já que substitui as operações de preparo do solo na eliminação de espécies daninhas, além da formação da cobertura morta. É chamada de manejo ou de dessecação, pois nesta fase são empregados herbicidas não seletivos de ação total.
2. Pré-emergência: a aplicação é feita logo após a semeadura e antes da emergência das plantas daninhas e do arroz. Neste método, para um bom desempenho dos herbicidas, é importante que o solo esteja úmido ou que ocorram chuvas para a incorporação do herbicida na camada superficial do solo, onde germinam a maioria das sementes de plantas daninhas.
3. Pós-emergência: a aplicação é feita após a emergência da cultura e das plantas daninhas. Os herbicidas utilizados em pós-emergência devem ser aplicados quando as plantas daninhas encontram-se no estádio inicial de desenvolvimento. Nesta fase, as plantas daninhas ainda não estão competindo com a cultura de arroz e são mais facilmente controladas.
6.1. FATORES QUE INFLUENCIAM A EFICIÊNCIA DOS HERBICIDAS
1. Tipo de solo – Para produtos usados em pré-emergência, os teores de argila e de matéria orgânica do solo representam um fator importante no desempenho dos herbicidas. A matéria orgânica e as partículas de argila tendem a "prender" o herbicida e torná-lo menos disponível para absorção pelas plantas e menos móvel no solo. Isto é importante na determinação da dose dos herbicidas, que tende a ser maior quanto maiores forem os teores de matéria orgânica e de argila do solo.
2. Umidade do solo – O teor de umidade no solo afeta principalmente a eficiência dos herbicidas aplicados em pré-emergência, neste tipo de aplicação, a umidade do solo é essencial, pois é a responsável pela dispersão desses produtos, atingindo as sementes das plantas daninhas. Normalmente, à medida que aumenta o tempo entre a aplicação e a ocorrência de chuvas ou irrigações, a efetividade do produto diminui. Se as plantas daninhas germinarem antes da ocorrência de chuvas, o controle pode ficar comprometido. Para os herbicidas usados em pós-emergência, a eficiência de controle é máxima quando aplicados em plantas com elevada atividade metabólica. Assim, se usados em plantas que estão sob déficit hídrico, tornam-se pouco eficientes (baixa absorção e translocação), sendo necessárias maiores doses dos produtos.
3. Umidade relativa do ar – É um dos fatores que mais influenciam a eficiência de herbicidas usados em pós-emergência. Quando for inferior a 60 % pode comprometer a eficiências dos produtos. A baixa umidade relativa doar provoca a desidratação da cutícula, reduzindo a penetração de herbicidas solúveis em água. Além disso, a evaporação mais rápida da gotícula de água pode deixar o herbicida cristalizado na superfície foliar, sem condições de ser absorvido. Adicionalmente, alta luminosidade aliada à baixa umidade relativa do ar e à baixa umidade do solo induz à síntese de cutícula, com o aumento da camada lipofílica, dificultando a penetração dos herbicidas. Para herbicidas usados em pré-emergência, esse fator é importante quando associado à alta temperatura, pois pode determinar umamaior volatilidade do herbicida, principalmente no momento da aplicação.
4. Temperatura – Da mesma forma que a umidade, a temperatura exerce uma influência muito grande sobre a eficiência agronômica de herbicidas utilizados em pós-emergência. Temperaturas altas aumentam a espessura da cutícula e afetam a atividade metabólica das plantas, além de favorecerem a evaporação das gotículas de água e também a volatilização dos herbicidas, prejudicando, sensivelmente, a absorção destes produtos. Baixas temperaturas também podem influenciar o comportamento de alguns produtos, bem como as próprias plantas daninhas, que podem apresentar-se com estresse na época de controle.
5. Ventos – As gotículas de pulverização podem sofrer ação do vento e não atingir o alvo. Além da deriva, o vento aumenta as perdas de herbicida por volatilização. Isto pode resultar em uma menor eficiência do produto e causar danos consideráveis em culturas vizinhas, principalmente em aplicações aéreas. Para se evitar este risco, recomenda-se não aplicar herbicidas com ventos fortes.
7. PRINCIPAIS HERBICIDAS REGISTRADOS
1. Glifosate e sulfosate – Estes dois herbicidas são usados em pré-plantio para dessecação da área no plantio direto ou no cultivo mínimo. São translocados pelo xilema e floema para a parte aérea e subterrânea e estolões. No solo, são adsorvidos às partículas de argila e matéria orgânica, tornando-se indisponíveis à absorção pelas raízes. A degradação pelos microrganismos do solo ocorre em poucos dias ou, no máximo, em algumas semanas. Devem ser aplicados com uma boa cobertura vegetal, não existindo limitação de altura das plantas daninhas. É essencial que sejam aplicados apenas quando as plantas estiverem em pleno desenvolvimento vegetativo. Portanto, deve-se evitar a aplicação destes produtos quando as plantas estiverem com o crescimento paralisado por falta de umidade no solo ou pela ocorrência de frio intenso. Podem ser aplicados através de volumes de calda que variam de menos de 50 L ha-1 até 500 L ha-1. A tecnologia de baixo volume aperfeiçoa o processo de absorção destes herbicidas. Isto acontece porque, mesmo sem alterar a dose do produto, trabalha-se com soluções mais concentradas. Além disto, o desperdício de produto por escorrimento em gotas grandes ou em deriva pelas gotas pequenas, que frequentemente ocorre nas pulverizações de alto volume, é significativamente reduzido. Deve-se evitar aplicação quando houver risco de ocorrência de chuvas num período inferior a seis horas.
2. Paraquat + Diuron – É um tratamento herbicida também usado na dessecação de áreas. A absorção simultânea de paraquat e diuron pelas plantas daninhas inibe a ação excessivamente rápida do paraquat, conferindo uma melhor ação do produto sobre as invasoras. Chuvas ocorridas 30 minutos após a aplicação não interferem na eficiência do tratamento. Quando as plantas daninhas estiverem com até 20 cm de altura, faz-se uma única aplicação; caso estejam mais desenvolvidas, deve-se fazer aplicação sequencial. Aplicação sequencial é aquela em que a dose do herbicida é dividida ao meio e aplicada em duas vezes, com intervalo de cinco a sete dias entre as aplicações. Esta forma de aplicação é vantajosa porque elimina o efeito "guarda-chuva", isto é, elimina o risco de o produto não atingir plantas menores que estejam sombreadas pelas maiores e, ainda, elimina novas que camadas de plantas daninhas que germinarem entre as duas aplicações. Falhas de aplicação também podem ser eliminadas quando da segunda aplicação. Quando houver a presença de plantas daninhas de folhas largas e de difícil controle, tais como guanxuma (S. rhombifolia), leiteiro (E. heterophylla), buva (C. bonariensis), poaia-do-campo (S. latifólia), maria-mole (S. brasiliensis), e poaia-branca (R. brasiliensis), devem-se realizar aplicações sequenciais, acrescentando-se 2,4-D na primeira aplicação. Devido à alta velocidade de absorção de 2,4-D pelas plantas, o paraquat não prejudica a absorção e o funcionamento deste herbicida, sendo os dois produtos compatíveis para aplicação simultânea.
3. Propanil - É um herbicida aplicado em pós-emergência, sem nenhuma atividade no solo, recomendado para o controle de plantas daninhas de folhas largas e estreitas nos estádios iniciais de desenvolvimento (duas e três folhas). Após este estádio, doses maiores são necessárias. É um herbicida com ação de contato dependente de luz para a sua ação, inibindo a fotossíntese. As aplicações do produto são preferencialmente indicadas pela manhã, pois quanto maior a taxa fotossíntese, melhores serão os resultados. Misturas com herbicidas residuais, como oxadiazon ou pendimethalin, resultam em controle pós-emergente.
4. 2,4-D - herbicida sistêmico, aplicado em pós-emergência, recomendado para o controle de plantas daninhas de folhas largas e algumas ciperáceas. É formulado em sais de amina ou éster, sendo este mais fitotóxico tanto para as plantas daninhas como para as plantas daninhas como para a cultura, requerendo, portanto, doses de aplicação mais baixa. O 2,4-D na formulação éster é mais volátil; por isto, não é recomendado para regiões de clima quente, como os cerrados. Os sais de amina são considerados não voláteis. O herbicida 2,4-D tem pequena persistência no solo, o que permite sua aplicação em pré-plantio, na dessecação da área no plantio direto ou cultivo mínimo. As aplicações pós-emergentes devem ser feitas entre o pleno perfilhamento e o início da diferenciação floral do arroz. Aplicações feitas antes do perfilhamento acarretam redução do número de perfilho; quando feitas depois da diferenciação floral, podem acarretar deformações nas panículas e esterilidade, resultando, em ambos os casos, em redução da produtividade.
5. Bentazon – Herbicida aplicado em pós-emergência e utilizado para o controle de plantas de folhas largas e ciperáceas nos estádios iniciais de desenvolvimento. É um herbicida dependente de luz para o seu mecanismo de ação, pois inibe a fotossíntese. As aplicações do produto devem ser preferencialmente feitas pela manhã, pois quanto maior a taxa fotossintética, melhores serão os resultados. O produto requer um intervalo de três horas sem chuva após a aplicação para assegurar a absorção.
6. Oxadiazon - herbicida usado preferencialmente em pré-emergência ou em pós-emergência precoce. Nos sistemas de sequeiro e irrigado por aspersão, deve ser utilizado logo após a semeadura e antes da emergência das plantas daninhas, em solo bem preparado e com boas condições de umidade.
7. Pendimethalin – Herbicida do grupo das dinitoanilins, para aplicação em pré-emergência das plantas daninhas. Controlam principalmente gramíneas, com atividade sobre algumas plantas de folhas largas. O solo deve estar bem preparado com e com boas condições de umidade. O arroz deve ser semeado a 3-5 cm de profundidade para evitar o contato da semente com o produto aplicado na superfície do solo.
8. Trifluralin – Herbicida do grupo das dinitroanilinas para ser utilizado em pré-emergência (apenas a formulação 600 g L-1) no controle de plantas daninhas gramíneas e algumas espécies de folhas largas. Deve ser observada a profundidade de semeadura de 3-5 cm para evitar o contato da semente com o produto aplicado na superfície do solo.
9. Metsulfuron-metil – Herbicida sistêmico do grupo das sulfoniluréias registrado em arroz para o controle de plantas daninhas de folhas largas. Não tem efeito sobre gramíneas e ciperáceas. É recomendado apenas para uso em pós-emergência. É absorvido pelas folhas e raízes e o crescimento de plantas suscetíveis é inibido em poucas horas, mas os sintomas nas plantas injuriadas geralmente aparecem após sete a dez dias. Os primeiros sintomas manifestam-se nas gemas apicais, com clorose ou arroxeamento em algumas espécies. A aplicação deste herbicida deve ser evitada durante a fase de diferenciação do primórdio floral do arroz.
10. Fenoxaprop-p-etil – Herbicida aplicado em pós-emergência, recomendado para o controle de plantas de folhas estreitas. A alta umidade no solo e, consequentemente, nas plantasacelera a absorção e translocação deste herbicida pela planta. Por outro lado, sua aplicação sobre plantas daninhas que se desenvolvem em solos secos terá a eficiência seriamente comprometida. A absorção foliar é rápida, não sendo prejudicada por chuvas que ocorram depois de a calda secar nas folhas. Os primeiros sintomas aparecem cinco a dez dias após a aplicação, em forma de descoloração das folhas e se estendem gradualmente por toda a superfície. O crescimento das folhas e raízes é inibido. Aproximadamente14 dias após a aplicação verifica-se a morte do ponto de crescimento.
8. CONSIDERAÇÕES SOBRE ALGUNS MANEJOS DE HERBICIDAS
Recentemente, o controle químico passou a ser uma pratica mais utilizada por apresentar menor custo e maior eficiência, quando comparado a outros métodos de controle.
Pelo fato das maiorias das cultivares modernas apresentar uma baixa taxa de crescimento inicial e um porte menor que as cultivares tradicionais, uma boa cobertura do solo pelas plantas só ocorre aos 40-50 dias apos a semeadura. Para diminuir ao máximo a interferência das plantas daninhas na produtividade do arroz, a cultura devera permanecer no "limpo" entre 15 e 45 dias apos a emergência.
Para alcançar uma boa eficiência de controle das plantas daninhas, é apropriada a aplicação associada de dois ou mais herbicidas com características diferentes, visando controlar um grande numero de espécies e manter a área limpa por um longo período. Desta forma, a aplicação sequencial de um herbicida em pré e outro em pós-emergência, ou aplicações associadas de dois pós-emergência, ou aplicações associadas de dois pós-emergentes com diferentes espectros de ação, resulta em controle final mais elevado.
Para o controle de plantas daninhas de folhas estreitas são recomendadas algumas estratégias de controle: em pré-emergência aplica-se, geralmente, pendimethalin, trifluralin ou oxadiazon. Pendimethalin e trifularin são dinitroalininas, as quais não são seletivas para a cultura do arroz. Devido à baixa solubilidade em agua e à alta capacidade de adsorção nos coloides do solo, os produtos atingem ate 2 cm de profundidade, e a seletividade pode se dar pelo posicionamento da semente neste caso, recomenda-se realizar a semeadura de 3 a 5 cm de profundidade no solo. Se, por algum motivo, as plântulas de arroz entrarem em contato com o herbicida (plantio raso, doses altas em solos arenosos), o desenvolvimento radicular será afetado e, com isto, aparecerão sintomas de amarelecimento das plantas e raízes curtas e grossas. Os herbicidas aplicados em pré-emergência geralmente não proporcionam bom controle de braquiaria (Brachiaria decumbens) e capim-carrapicho (Cenchrus echinatus).
As aplicações em pós-emergência podem ser feitas com propanil ou fenoxaprop-p-etil. Para o propanil, as aplicações devem ser realizadas quando as plantas daninhas se encontram nos estádios iniciais de desenvolvimento (duas a três folhas). Neste caso, as aplicações devem ser realizadas muito cedo, ate 15 dias da emergência do arroz, o que pode acarretar problemas de reinfestação.
Outro problema para a aplicação do propanil é a incompatibilidade com inseticidas carbamatos, pois, decorrido o período de carência para a aplicação do herbicida, as plantas daninhas provavelmente estarão fora do estádio ideal para um bom controle. O herbicida fenoxaprop-p-etil pode ser aplicado no estádio das gramíneas ate um perfilho; entretanto, apresenta deficiência no controle de capim-pé-de-galinha (Eleusine indica) e capim-colchão (Digitaria horizontalis).
A aplicação sequencial de produtos em pré-emergência e pós-emergência, além de diminuir a fitotoxidade dos herbicidas, devido às menores doses aplicadas, resulta em melhor controle, pois os produtos se complementam propiciando o controle de um maior numero de espécies daninhas. Bons resultados têm sido observados com a aplicação, em doses reduzidas, de pendimethalin ou trifluralin 600 em pré-emergência, seguida da aplicação de fenoxaprop-p-etil, também em dose reduzida, em pós-emergência.
A viabilidade econômica das aplicações sequenciais foi testada em trabalhos realizados pela Embrapa Arroz e Feijão. Em relação às aplicações isoladas de pré-emergentes, as aplicações sequenciais aumentaram o rendimento de grãos de arroz, resultando em um ganho de 22,4 sacos a 30,2 sacos por hectare, devido ao melhor controle das plantas daninhas. Trabalhos realizados demonstraram que, mesmo em condições de baixa tecnologia, o ganho de rendimento de arroz com aplicações sequenciais de herbicidas foi economicamente compensador.
O sucesso da aplicação sequencial é decorrente principalmente da ação eficiente dos herbicidas em pré-emergência e da aplicação será determinada pelo estádio das plantas daninhas provenientes do escape da aplicação em pré-emergência e do arroz. Nesta aplicação, como se usa dose reduzida, é muito importante que o perfilho e as plantas de arroz estejam com, no mínimo, 25 dias de germinadas. Estádios mais avançados das plantas daninhas irão requerer maior dose do produto.
Novos gramicidas pós-emergentes e novas formulações estão sendo testados para registro na safra 1999/2000. Entre eles, vale destacar o produto clefoxydin, o qual, na dose de 150 g/ha, vem apresentando excelente controle de Brachiaria plantaginea e B. decumbens, mesmo em estádios mais avançados da planta daninha (dois e cinco perfilhos). Contudo, a aplicação deste produto somente poderá ser realizada apos o primeiro perfilho do arroz (em torno de 25 dias da germinação), devido à alta fitotoxicidade quando aplicado antes deste estádio. É oportuno mencionar que o herbicida fenoxaprop-p-etil esta sendo testado com a presença de um "safener" (protetor) na formulação, o qual elimina o efeito de injurias na cultura do arroz; entretanto, a aplicação somente é indicada para estádios iniciais das plantas daninhas (planta não perfilhada).
Para o controle de plantas daninhas de folhas largas são utilizados basicamente os herbicidas metsulfuron-metil e 2,4-D, aplicados em épocas diferentes.
O metsulfuron-metil, para algumas plantas daninhas, apresenta melhor eficiência de controle quando aplicado no estádio inicial, de duas a quatro folhas; assim, as aplicações devem ser realizadas ate os 25 dias apos a germinação do arroz.
O herbicida 2,4-D necessariamente deve ser aplicado apos o estádio de perfilhamento do arroz, que ocorre cerca de 35 dias apos a emergência, e antes da diferenciação floral, a qual ira depender do ciclo da planta. Para a cultivar primavera, precoce, a diferenciação floral ocorre aproximadamente aos 45 dias apos a emergência, e na cultivar Maravilha, aos 60 dias. Aplicações fora deste intervalo acarretam reduções na produtividade, como apontou estudos da Embrapa Arroz e Feijão.
Do ponto de vista pratico, a cultura do arroz deve ficar livre da competição de plantas daninhas a partir de 15 dias apos a emergência (tabela 2). Em áreas altamente infestadas, onde a emergência das plantas daninhas pode ocorrer junto com a do arroz, é imperativo que o controle seja feito antes dos 35 dias, o que inviabiliza a aplicação de 2,4-D. Em resumo, para o controle de plantas daninhas em geral têm sido obtidos bons resultados com aplicações de um produto pré-emergente, em dose reduzida, e a complementação com pós-emergente, também em dose reduzida. Para o controle de plantas daninhas de folhas largas, recomenda-se o herbicida metsulfuron-metil (4 g do p.c./ha), com adição de 0,2% v/v de óleo mineral, aplicados nos estádios iniciais de desenvolvimento das plantas daninhas (duas a quatro folhas). Para o uso de 2,4-D, o estádio de desenvolvimento do arroz deve ser observado. Em alguns casos, a aplicação do pós-emergente graminicida pode coincidir com a aplicação de metsulfuron-metil, cuja mistura não e recomendável devido a problemas de aumento da fitotoxicidade e antagonismo. As aplicações devem ser separadas em intervalos de cinco dias.
Tabela 2. Período crítico de competição de plantas daninhas na cultura do arroz.
	Período crítico(DAE)
	Espécie planta daninha
	Fonte16-45
	População mista gramíneas e folhas largas
	Prusty et al. (1993)
	15-30
	População mista gramíneas e folhas largas
	Shelke et al. (1985)
	20-40
	População mista gramíneas e folhas largas
	Varshney (1985)
	15-30
	População mista gramíneas e folhas largas
	Shelke et al. (1985)
	30-40
	Digitaria sanguinalis
	Alcântara (1985)
	15-45
	População mista gramíneas e folhas largas
	Singh & Ram (1982)
9. CUSTO DE APLICAÇÃO DE HERBICIDAS
O custo médio do controle de plantas daninhas equivale de três a cinco sacas de arroz por hectare, dependendo do herbicida utilizado e, muitas vezes, da necessidade do uso de mais de um produto para o controle adequado das espécies daninhas presentes na lavoura (ver tabela abaixo). Em alguns casos, o custo pode ultrapassar significativamente este valor.
TABELA 3. Custo de alguns tratamentos herbicidas utilizados no controle de plantas daninhas em arroz irrigado.
	Tratamento
Herbicida
	Dose
(p.c./ha)
	Método
aplicação
	Custo
(U$)*
	Custo total
(U$ ha-1)
	Ronstar250+ Propanil
	3 L + 10 L
	Pósi**
	50,00 + 62,00
	112,00
	Ronstar 250/2,4-D
	4 L + 1 L
	Pré/Póst***
	66,00 / 9,00
	75,00
	Propanil + 2,4-D
	10 L + 1 L
	Pós
	62,00 + 9,00
	71,00
	Ronstar 250/Whip S
	3 L + 0,4 L
	Pré / Pós
	50,00/16,00
	66,00
	Premerlin/Whip S
	3 L + 0,4 L
	Pré / Pós
	24,00/16,00
	40,00
	Premerlin/2,4-D
	3 L + 1 L
	Pré/Póst
	24,00/9,00
	33,00
	Premerlin/Ally
	3 L + 4 g
	Pré / Pós
	24,00/7,00
	31,00
	Herbadox/Ally
	2,5 L / 4,0 g
	Pré / Pós
	25,00/7,00
	32,00
	Herbadox/2,4-D
	2,5 L + 1,0 L
	Pré/Póst
	25,00/9,00
	34,00
	Ronstar 250/Ally
	4 L + 4 g
	Pré / Pós
	66,00/7,00
	73,00
	Premerlin/Ally/Whip S
	2,0 L / 4,0 g / 0,4 L
	Pré/Pós/Pós
	16,00 / 7,00 / 16,00
	39,00
	Herbadox/Ally/Whip S
	1,5 L / 4,0 g / 0,4 L
	Pré/Pós/Pós
	15,00 / 7,00 / 16,00
	38,00
	Premerlin/Whip S/2,4-D
	2,0 L / 0,4 L / 1,0 L
	Pré/Pós/Pós
	16,00 / 16,00 / 9,00
	41,00
* Preços de agosto de 1998, em Goiânia-GO
** Pósi – pós-emergência inicial
*** Póst – pós-emergência tardia
10. PERÍODO CRÍTICO DE COMPETIÇÃO
Vários autores têm estudado o período crítico de competição, o qual depende principalmente da composição específica da comunidade infestante, cultivar, espaçamento, densidade de semeadura, tipo de planta, densidade de ocorrência e período de interferência. Dentre os fatores que influenciam a competição, destacam-se a densidade, tipo de plantas daninhas e o momento em que a competição ocorre. De maneira geral, os valores encontrados situam-se entre 15 a 45 dias, conforme dados reportados por diversos autores (Tabela 2).
Tabela 4. Período crítico de competição de plantas daninhas na cultura do arroz.
	Período crítico(DAE)
	Espécie planta daninha
	Fonte
	16-45
	População mista gramíneas e folhas largas
	Prusty et al. (1993)
	15-30
	População mista gramíneas e folhas largas
	Shelke et al. (1985)
	20-40
	População mista gramíneas e folhas largas
	Varshney (1985)
	15-30
	População mista gramíneas e folhas largas
	Shelke et al. (1985)
	30-40
	Digitaria sanguinalis
	Alcântara (1985)
	15-45
	População mista gramíneas e folhas largas
	Singh & Ram (1982)
Pesquisas realizadas na Embrapa Arroz e Feijão com arroz de terras altas (dados não publicados) mostraram que, quando a competição foi antecipada em dez dias, houve redução da produtividade do arroz, para uma mesma densidade de plantas daninhas. Isto mostra que a competição das plantas daninhas com o arroz de terras altas deva ser minimizadas, principalmente nos estádios iniciais de crescimento da cultura.
11. ARROZ VERMELHO, O INFERNO DO PRODUTOR
O arroz vermelho é considerado a invasora que mais causa danos à lavoura orizícola gaúcha pela redução da produtividade, depreciação do produto final, dificuldade de controle, extensão e alto grau de infestação das áreas cultivadas. Além disso, ele provoca elevação do custo de produção e deprecia o valor comercial das áreas plantadas com arroz, segundo dados levantados pelo pesquisador do Irga Valmir Menezes, uma das principais autoridades brasileiras no assunto.A infestação, segundo o mais recente trabalho de levantamento realizado pelo Irga, chega a 15% da lavoura gaúcha. Ou seja: de cada sete safras, uma é perdida por causa da invasora. Esta situação é tão grave que, em determinadas regiões, muitas lavouras não são mais cultivadas no sistema convencional devido ao grau elevado de infestação. As perdas diretas são significativas.
Todos os anos o Governo do Rio Grande do Sul deixa de arrecadar quase 32 milhões de dólares em ICMS e os produtores perdem aproximadamente 266 milhões de dólares. Caso sejam consideradas as perdas indiretas, como a depreciação comercial do produto e a geração de empregos no beneficiamento e comercialização, as cifras se elevam e podem ultrapassar os 20%. Assim, a perda resultante pode chegar a uma safra a cada cinco anos.
12. RIZIPISCICULTURA: UMA NOVA ALTERNATIVA
O cultivo consorciado de arroz irrigado e peixe (carpas das espécies húngara, capim, prateada e cabeça-grande) reduz o uso de agrotóxicos e proporciona aumento da renda por área, além de dispensar muita mão-de-obra. A técnica é desenvolvida com sucesso por técnicos da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (Emater), no Rio Grande do Sul.
O peixe prepara o solo para o cultivo do cereal, recicla a matéria orgânica e consome sementes de plantas invasoras, como o arroz vermelho, o capim-arroz e ciperáceas. Diminui, ainda, a incidência de gramas aquáticas, como a boiadeira, larvas de insetos e restos culturais. A rizipiscicultura deve estar inserida dentro do planejamento global da propriedade rural. Na escolha da área deve-se considerar a proximidade da sede (para melhorar o controle de predadores do peixe), a alta infestação de arroz vermelho, a topografia adequada, a disponibilidade de água e o projeto técnico, entre outros fatores.
A inundação dos quadros (cada um com 1,2 hectare) ocorre 20 dias antes do plantio, deixando lâmina de 10 centímetros de água. O lodo é formado dois ou três dias antes do plantio. Deve-se fazer adubação de manutenção, conforme análise de solo.
As sementes de arroz permanecem imergidas em água para hidratação (cerca de 24 horas, dependendo da temperatura da água). Em seguida, elas são colocadas à sombra, protegidas contra o vento, em local bem drenado, para iniciar o processo de germinação. A fase de pré-germinação completa-se quando a radícula alcança cerca de 2 milímetros. Recomenda-se utilização de cerca de 120 quilos de sementes por hectare.
Após o plantio (um ou dois dias), faz-se a redução da lâmina d'água para o enraizamento das plantas. A elevação da água é feita de modo gradual. A colocação dos peixes nos quadros (3 mil a 5 mil alevinos por hectare) ocorre 20 dias depois do plantio do arroz.
Deve-se baixar o nível da água na época da colheita, que pode ser feita no seco ou dentro d'água. Os peixes vão para o refúgio (5% da área da quadra), cuja profundidade é de cerca de 80 centímetros abaixo do nível da lavoura. Durante o período de 20 a 30 dias, o produtor aguarda o rebrote da resteva, para melhor alimentação dos peixes. O nível da água eleva-se gradualmente, até atingir lâmina de 60 centímetros, que será mantida até o próximo plantio. Faz-se a despesca das carpas com redes de arrastão, com a drenagem da água até o nível dos refúgios.

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