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Júlia Costa Tsukamoto FISIOPATOLOGIA DA LEISHMANIOSE • patologia INTRODUÇÃO As leishmanioses constituem um grupo de doenças causadas por um protozoário do gênero Leishmania, que infectam o sistema fagocitário mononuclear e produzem lesões na pele e mucosas (leishmaniose tegumentar), e em órgão internos (leishmaniose visceral). A leishmaniose visceral (LV) compromete os órgãos internos, e manifesta-se pelo emagrecimento, hepatomegalia, esplenomegalia, disfunção da medula óssea, com anemia, neutropenia e hemorragias. Já a leishmaniose tegumento, provoca lesões ulceradas ou nodulares na pele e mucosas, causando epistaxe e lesões na região da face e nariz. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM ‣ Expl icar a fis iopatologia (patogenia) da leishmaniose visceral e correlacionar ao significado clínico; Citar os achados clínicos, suas implicações e descrever a patogenia da leishmania visceral; Quando a pessoa está infectada com a leishmânia que causa o tipo da leishmaniose visceral (leishmania donovani/leishmania infantum), os aspectos clínicos apresentadospelo parasita, para estabelecer o tipo de infecção se dá por três tipos de resposta do hospedeiro, sendo: (1). Destruição local e eliminação dos parasitos com resolução do processo infeccioso. (Forma de resposta inflamatória inata, pode-se exemplificar quando o mosquito pica a pessoa, e então aparenta os sinais flogísticos). (2). Resposta tecidual inflamatória com fagocitose dos parasitos. (Quando o sistema imune reconhece o parasito, ativando todas as células para combatê-lo, por exemplo, macrófagos, linfócitos, eosinófilos…) (3). Disseminação dos parasitos para os órgãos ricos em célula do sistema fagocitário mononuclear, ocorre risco do sistema imune, e há associações a outros tipos de doença. (Os órgãos ricos em células do sistema fagocitario mononuclear são: rins (células mesangiais), pulmão (macrófagos alveolares), fígado (células de Kpuffer), baço (macrófagos esplênicos), medula óssea (células tronco)…) As manifestações clínicas mais comuns na LV são: febre irregular de longa duração, palidez cutânemucosa, emagrecimento, hepatoesplenomegalia, anemia, leucopenia e trombocitopenia. Quando o nosso sistema reticuloendotelial reage ao parasitismo, ele apresenta hipertrofia e hiperplasia. O interstício de diversos órgãos possuem modificações nos seus componentes celulares, fibrilares, além de possuir infi ltrado inflamatório, e reatividade vascular. Resumidamente, o protozoário irá em busca dos macrófagos, e todos os órgãos que possuímos macrófagos específicos, haverá acometimento do 1 Júlia Costa Tsukamoto mesmo, por exemplo, no pulmão, o parasita adentrará nos macrófagos alveolares, que irão tornar-se ineficientes para a proteção do sistema respiratório, não conseguirão produzir muco de forma adequada e ficarão suscetíveis a mais infecções, gerando tosse seca. No fígado, há a presença de hepatomegalia, devido ao acúmulo de células inflamatórias nos lóbulos hepáticos e no espaço porta. As células de Kupffer (macrófagos do fígado, na qual o parasito adentra), apresentam hipertrofia e hiperplasia devido a uma resposta tecidual para controlar a infecção. No pulmão, ocorre-se relatos de tosse. há o aumento de volume, congestão e consistência elástica. O exame histopatológico, revela que nos septos alveolares apresenta infiltrado inflamatório, constituído de macrófagos, linfócitos e plasmócitos, congestão de capilares e leve grau de edema. Há a frequência de broncopneumonia bacteriana, devido a alteração dinâmica respiratória, favorecendo a instalação das bactérias. No rim, encontra-se proteinúria, hematúria, aumento de uréia e creatinina, e diminuição do clerance de creatinina, devido a falha de filtração renal, na qual ocorre devido a infecção das células mesangiais. As alterações do interstício renal é representado pelo edema, infiltrado de plasmócito e macrófagos, e pode ocorrer insuficiência renal, até uma possível isquemia. No baço, há a esplenomegalia devido a hiperplasia e hipertrofia intensa do sistema fagocitário mononuclear, com muitos macrófagos contendo parasitas, apresentam também diminuição dos linfócitos T e B. Na medula óssea, ocorre hipercelularidade da série granulocítico e bloqueio de neutrófilos. A anemia decorre devido ao bloqueio da produção medualar, e a diminuição da maturação e destruição periférica leva a plaquetopenia. Os macrófagos estão aumentados em número e volume. No sistema digestivo, há a ocorrência comum de diarreias, mas não tem-se explicações científicas para tal ocorrência. Os achados no intestino delgado, ocorre devido ao infiltrado inflamatório na mucosa constituído por macrófagos, ‣ Explicar a patogênese das lesões nas diferentes formas de leishmaniose e sua consequência. Leishmaniose cutânea São lesões cutâneas, ulcerosas ou não, porém são limitadas, normalmente são benignas. Leishmaniose mucocutânea São lesões que aparecem na mucosa do nariz, boca e faringe. Acredita-se que a sua causa é dada pela disseminação hematogênica das leishmânias na pele para as mucosas. Tem como queixa obstrução nasal, eliminação de crostas, epistaxe, disfagia. 2 Júlia Costa Tsukamoto Leishmaniose cutânea difusa O processo se inicia com o desenvolvimento de uma lesão única devido a picada do mosquito, e posteriormente, há uma dispersão metastático que irá originar lesões múltiplas não ulceravas, disseminadas pelo corpo do paciente. A reação inflamatória local é reduzida ou ausente. ‣ Citar os achados clínicos, suas implicações e descrever a patogenia da leishmania visceral; Na leishmaniose visceral, alguns autores dividem a mesma em dois tempos, sendo: a fase aguda e a fase crônica. Na fase aguda, os sintomas apresentados pelo paciente são febre alta, calafrios, diarreia, e esplenomegalia. Na fase crônica (conhecida como Calazar), as manifestações podem ser: febre intermitente, mal estar, ascite, esplenomegalia, hepatomegalia, icterícia, epistaxe, edema. Lembrando que a esplenomegalia é um dos achados principais para guiar o raciocínio do médico. Na leishmaniose tegumentar, apresenta lesões cutâneas nodulares, com um grande número de macrófagos infectados com amastigotas, esse tipo de lesão não evoluem para úlceras. Já as lesões típicas, há a formação de úlceras, na qual há uma resposta de Th1 intensa. 3
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