Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Mundo do Trabalho ....................................................................... e Cidadania .............................................. ESPRO – ENSINO SOCIAL PROFISSIONALIZANTE Rua Maria Borba, 15 – CEP 01221-040 – Vila Buarque – São Paulo/SP Tel. (11) 2504-1174 – http://www.espro.org.br 2 In tr od uç ão à A dm in ist ra çã o Superintendente Geral Claudio Oliveira Gerente de Marketing e Relacionamento Paulo Vieira Gerente Socioeducacional Kelly Cotosck Coordenadora de Desenvolvimento Social Gimena Garcia Coordenadora de Regulatório e Planejamento Barbara Monteiro G. de Campos Analistas de Inovação e Conteúdo Fernanda Dobashi de Oliveira, Gustavo Schleder, Lauzenir Fragoso, Marli Glenda Souza da Silva e Patrícia Sant’Ana Coordenação Editorial Kelly Cotosck e Barbara Monteiro G. de Campos Autores José Ricardo Cereja Hugo Mósca Leandro Jardim ASSOCIAÇÃO DE ENSINO SOCIAL PROFISSIONALIZANTE Rua Maria Borba, 15 CEP 01221-040 – Vila Buarque – São Paulo/SP Tel. (11) 2504-1174 http://www.espro.org.br ©2018 TODOS OS DIREITOS RESERVADOS AO ESPRO – ASSOCIAÇÃO DE ENSINO SOCIAL PROFISSIONALIZANTE. NENHUMA PARTE DESTA EDIÇÃO PODE SER UTILIZADA OU REPRODUZIDA EM QUALQUER MEIO OU FORMA, SEJA MECÂNICO, ELETRÔNICO, FOTOCÓPIA, GRAVAÇÃO ETC., NEM APROPRIADA OU ESTOCADA EM SISTEMA DE BANCO DE DADOS SEM A EXPRESSA AUTORIZAÇÃO POR ESCRITO. Cereja, José Ricardo Mundo do trabalho e cidadania / José Ricardo Cereja, Hugo Mósca, Leandro Jardim. -- São Paulo : Espro, 2018. ISBN 978-85-64987-44-9 1. Cidadania 2. Carreira profissional 3. Educação 4. Educação profissionalizante - Brasil 5. Formação profissional 6. Inclusão social 7. Jovens - Trabalho 8. Trabalho - Aspectos sociais I. Mósca, Hugo. II. Jardim, Leandro. III. Título. 18-16263 CDD-370.113 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Índices para catálogo sistemático: 1. Ensino social profissionalizante: Educação para o trabalho 370.113 Maria Alice Ferreira - Bibliotecária - CRB-8/7964 Jovem, bem-vindo ao Espro! Sobre o Espro O Espro – Ensino Social Profissionalizante – é uma organização sem fins lucrativos, fundada em 1979 por iniciativa do Rotary Club, que atua na capacitação profissional e inclusão de jovens no mundo do trabalho. Tem como missão promover essa inclusão por meio de ações socioeducativas e, por essência, viabilizar a transformação social não só dos jovens, mas também das suas famílias e comunidades, que é o grande diferencial do Espro em relação às outras entidades certificadoras no Programa de Aprendizagem. Este material — Mundo do Trabalho e Cidadania É natural que um jovem em formação profissional tenha dúvidas sobre pro- fissões e o mundo do trabalho. Este material esclarece uma série de questões que podem surgir nessa fase da vida, resolvendo possíveis preocupações que aparecem quando existem trajetórias diferentes a seguir. Para prepará-lo em uma nova etapa de vida e orientar os envolvidos nesse processo – familiares e amigos –, abordamos temas como carreira, visão de futuro, empreendedorismo, ética, cidadania, planejamento, legislação trabalhis- ta, direitos e deveres do trabalhador, entre outros. O estudo desses temas irá ajudá-lo a conciliar sua vida profissional com sua vida pessoal, demonstrando quais são as possibilidades de atuação. O objetivo é orientá-lo, de maneira clara, sobre qual direção tomar, mostran- do os impactos de suas escolhas e como elas interferem no seu desenvolvi- mento pessoal e profissional e, consequentemente, no seu futuro. O Jovem e o Espro Acreditamos que a capacitação é o melhor caminho para transformar vidas e que você, Jovem, é protagonista da sua história! Investir no desenvolvimento das suas competências, habilidades, valores e atitudes será o grande diferencial na sua evolução profissional e pessoal. Conte conosco! Equipe Espro Ca pí tu lo 1 5 Sumário Capítulo 1 .......................................................................... Capítulo 2 .......................................................................... Capítulo 3 .......................................................................... Capítulo 4 .......................................................................... Capítulo 5 .......................................................................... Capítulo 6 .......................................................................... Capítulo 7 .......................................................................... Capítulo 8 .......................................................................... Capítulo 9 .......................................................................... Capítulo 10 ........................................................................ 06 24 42 58 74 92 112 126 142 158 6 In tr od uç ão à A dm in ist ra çã o Em pr ee nd ed oo ri sm o 1 7 Mundo do Trabalho e Cidadania objetivos do capítulo Desenvolvimento pessoal e profissional Como planejar vida e trabalho sem conhecer a si mesmo? Qual a melhor estratégia para conquistar o primeiro emprego e superar os desafios das avaliações de currículos e entrevistas? E como se sair bem no mundo do trabalho, tão cheio de normas e regras próprias? A vida pessoal está profundamente mesclada com a profissional. Quem somos, como indivíduos, influencia o rumo da carreira. Da mesma forma, muito do que acontece no ambiente de trabalho transforma as pessoas. Nos próximos tópicos, você aprenderá a se preparar para um processo seletivo e também a se comportar em um ambiente profissional. Verá, também, dicas para melhor gerenciar seu próprio tempo e aprenderá sobre a importância do voluntariado. Neste capítulo, você irá: entender como a visão pessoal de futuro influenciará a sua carreira; refletir sobre como o trabalho pode transformar um indivíduo; aprender o que é marketing pessoal e como utilizá-lo em seu benefício de forma adequada; receber dicas de como elaborar um currículo; compreender o que são e qual é a importância das normas e procedimentos nas empresas. De se nv ol vi m en to P es so al e P ro fi ss io na l 8 11. A importância do autoconhecimento Pode acontecer de uma pessoa não conseguir trilhar a carreira que gostaria, a que mais teria afinidade ou pela qual se sentiria mais feliz. Isso pode ocorrer por vários motivos, por exemplo, necessidades econômicas que obrigam a aceitar o primeiro emprego que é oferecido – o que é compreensível, ainda mais em momentos de crise. Contudo, essa situação acontecerá com mais frequência quando o indivíduo não se conhece. Se eu não sei qual é o meu tipo de interesse, como irei persegui-lo? Como buscarei minha felicidade no trabalho? Essa reflexão é fundamental para, ao longo da vida profissional, buscar-se o trabalho que mais complete, que mais dê prazer e que menos se pareça com um trabalho, enquanto, ao mesmo tempo, busca-se equilibrá-lo com a realidade econômica. Se não houver visão do que se quer para o próprio futuro, aonde se quer chegar, como será possível alcançá-lo? 1.1 VISÃO DE FUTURO Você provavelmente conhece alguém que tenha trabalhado na mesma empresa por mais de 20 anos. Quase certamente, trata-se de pessoas de uma geração mais antiga, já que, no passado, o interesse da maioria era entrar em uma grande empresa e lá permanecer até a aposentadoria. Mas e alguém que tenha menos de 30 anos e esteja no mesmo emprego há mais de cinco anos, por exemplo? É mais difícil acontecer, não é mesmo? No passado, a carreira profissional era diretamente ligada à empresa. No mundo atual, dinâmico e interconectado, a carreira profissional está muito mais ligada à própria vida pessoal e a aspirações, motivações e metas pessoais, que diferem muito de um indivíduo para outro. Paraconseguir um primeiro emprego e saber onde quer estar e chegar nos próximos anos, você deve começar pelo autoconhecimento, pela identificação que move e inspira. Fazer essa reflexão no início da carreira será de grande utilidade para você ao longo de toda a sua vida profissional. O passo seguinte é saber se vender. Ca pí tu lo 1 9 1.2 MARKETING PESSOAL, ENTREVISTA E APRESENTAÇÕES Marketing pessoal é a técnica utilizada para atribuir valor à sua imagem pessoal. Assim como um tipo comum de propaganda, pode, também, ser abusivo e mentiroso, portanto, prejudicial. No entanto, se feito de forma adequada, pode ajudar na venda do produto principal: você. Todos os grandes personagens da história mundial só alcançaram esse status porque seus feitos foram contados e seu valor foi reconhecido pela sociedade. Essa entrega de valor passa por uma série de variáveis, que inclui também o cuidado em não abusar, de forma a evitar uma aparência prepotente – sinônimo pejorativo de confiante. Em uma entrevista de emprego, a prática do marketing pessoal pode aumentar suas chances de conseguir a vaga. Veja na Figura 1.1 alguns aspectos que devem ser trabalhados para a prática adequada do marketing pessoal. Note que é possível seguir estas dicas tanto em uma entrevista como fora dela. Figura 1.1: Aspectos relevantes do marketing pessoal Marketing pessoal Vista-se adequadamente Apareça Resolva problemas Desenvolva o “discurso de elevador” Seja inspirador • Vista-se adequadamente: não há uma única melhor forma de se vestir; o mais importante é adequar-se às situações e ao ambiente de trabalho. Algumas empresas exigem que o profissional use terno e gravata, reforçando a ideia de formalidade, como é o caso de executivos; em outras, a vestimenta pode ser mais informal, como Fonte: Mósca (2018). De se nv ol vi m en to P es so al e P ro fi ss io na l 10 bermuda e camiseta, a exemplo de algumas startups. Na perspectiva do marketing pessoal, a aparência é um aspecto fundamental para o mundo do trabalho, em especial, em um primeiro contato, como nas entrevistas de emprego. • Seja inspirador: um indivíduo é mais bem visto quando é capaz de inspirar pessoas. Trabalhar aspectos de liderança é um fator de grande importância para o marketing pessoal. Liderança não tem relação com o cargo que você ocupa, mas com atitudes que inspiram os outros. • Resolva problemas: a resolução de problemas é uma ótima forma de ser lembrado. Busque soluções e você será visto de maneira diferente; esconda-se dos problemas e você será apenas mais um. A proatividade em apresentar uma possível solução para um problema detectado é característica elogiável em qualquer profissional. • Apareça: isso não quer dizer sair por aí contando vantagens, mas compartilhar de forma transparente os resultados positivos de algo que você fez e não autoelogiar-se exageradamente. Foque nos resultados, não nos adjetivos. Use “Excedi minha meta de vendas em 30%” em vez de “Sou um fantástico vendedor!”. Utilize as redes sociais (Facebook, LinkedIn, Twitter, Instagram) para isso; participe de encontros presenciais relacionados à sua área de interesse; aprenda pouco a pouco a dosar a diferença entre o egocentrismo e a promoção adequada dos seus resultados e potencial. Veja como pessoas influentes da sua área se comportam e aprenda com elas. • Desenvolva o “discurso de elevador”: essa técnica significa saber falar apropriadamente de si (quem você é, do que você é capaz, seu potencial de crescimento, objetivos e resultados já alcançados) no espaço de tempo de uma viagem de elevador. Assim, se um dia você casualmente entrar em um elevador com alguma pessoa que possa auxiliar sua carreira (como o presidente da empresa, um grande empresário ou um de seus ídolos profissionais), estará mais seguro de, em menos de dois minutos, tentar abrir uma janela de oportunidade que poderá mudar a sua vida. Ca pí tu lo 1 11 1.3 A COMPLEXIDADE DO INÍCIO DA CARREIRA: ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL, CADEIA PRODUTIVA E NOVAS PROFISSÕES O mundo do trabalho está em mudança e carreiras de 20 anos na mesma empresa, hoje, são uma raridade. Cada vez mais as pessoas constroem carreiras profissionais individualmente, moldando-se ao novo mercado e às novas profissões (ou ocupações) que estão e estarão sendo criadas e isso começa na universidade. Esse ambiente mutável e desconhecido traz insegurança. Antes, bastava escolher uma das profissões tradicionais para ter garantia mínima de sucesso. Os pais adoravam bradar “Meu filho vai ser doutor!” quando ele começava a estudar Engenharia, Medicina ou Direito. E ainda gostam! Análise realizada pelo economista Hélio Zylberstajn (2016), a partir de dados do Ministério do Trabalho, mostra que, em 2014, 80% dos formandos universitários estudavam em seis ramos: (A) Comércio e Administração; (B) Formação no magistério e em Ciências da Educação; (C) Saúde; (D) Direito; (E) Engenharia; e (F) Computação. Deve-se ter em mente que não há emprego de administrador ou mesmo de engenheiro para todas as pessoas que se formam nesses cursos. Contudo, as formações acadêmicas, em geral, preparam o indivíduo para que ele possa também atuar em outras profissões correlacionadas a sua respectiva área de conhecimento. De se nv ol vi m en to P es so al e P ro fi ss io na l 12 Você sabe qual é a diferença entre profissão, ocupa- ção e vocação? 1 A vocação antecede a profissão (ou deveria!) e representa a facilidade que cada indivíduo tem ou não com relação a determinadas atividades. 1 A profissão está relacionada com aquilo que estudamos. Quem é bacharel em Administração pode dizer que é um administrador. 1 Já a ocupação é o que fazemos no dia a dia. É possível encontrar um indivíduo que não tenha estudado e que seja pedreiro, vendedor ou contador de histórias. Mesmo um administrador pode ter ocupações diversas, como vimos anteriormente. Outra complexidade que deve ser agregada a esta equação é a cadeia produtiva. A cadeia produtiva de um bem ou serviço é o conjunto de agentes econômicos que possuem parte relevante de seus negócios na produção desse determinado produto ou serviço. É parte integrante de uma cadeia produtiva todo aquele que tenha a ganhar com seu crescimento ou a perder com o seu enfraquecimento. Uma empresa de fertilizantes, por exemplo, participa das cadeias do café, da laranja, do açúcar, entre outras, embora cada uma dessas cadeias tenha sua individualidade e agenda próprias. (GARCIA, 2004) Recomenda-se, então, que o jovem que esteja ingressando no mundo do trabalho procure uma orientação profissional, que pode ser fornecida por especialistas em carreiras (coaches, em inglês) ou de maneira mais informal, por mentores. Especialistas e mentores são pessoas com bastante experiência de mercado, que conhecem a cadeia produtiva da sua Ca pí tu lo 1 13 área de atuação, alternativas de ocupação dentro da profissão e podem auxiliá-lo a amadurecer, de forma mais adequada, sua visão de futuro profissional, possibilidades, riscos e maneiras de atingir seus objetivos. Quando pensa na carreira de músico, por exemplo, invariavelmente o jovem visa somente a ser um popstar, fazendo sucesso e conquistando rendas com seu trabalho autoral. Contudo, as oportunidades de carreira nessa cadeia produtiva vão muito além; na verdade, um percentual mínimo alcança esse nível. A Figura 1.2 sobre a cadeia produtiva da música revela, para cada elemento, oportunidades variadas de trabalho no setor. Apresentação musical Público Professores de música Crítica musical Indústria fonográfica Estúdios (edição musical) Técnicos de áudio e assistentes de palco e bilheteria Instrumentos musicais e equipamentos de aúdio Produtores culturais Patrocinadores Publicidade Internet Intérpretes Compositores Figura 1.2: Oportunidades de trabalho na cadeiaprodutiva da música Fonte: Mósca (2018). De se nv ol vi m en to P es so al e P ro fi ss io na l 14 Se você ficou surpreso com tantas opções, percebeu, então, a impor- tância da orientação profissional. A maturidade pessoal se dá em conjunto com a maturidade profissional. Assim como as pessoas buscam um trabalho ideal, que aparentemente seja de sua vontade, o trabalho transforma. A vida pessoal é indissociável da vida profissional. O mundo corporativo é parte integrante da vida; normalmente, as pessoas passam mais tempo com seus chefes e colegas do que com seus familiares. A renda proporcionada pelo trabalho tem importante papel na vida e nas escolhas pessoais. Ao longo da vida, conhecem-se pessoas, cresce-se, aprende-se e até há casamentos entre colegas de trabalho. Muitas pessoas chegam ao final da adolescência sem saber o que gostariam de fazer e só descobrem isso após anos e anos de vida cor- porativa. Por isso, se você é um desses que ainda está em dúvida, não se desespere: o trabalho poderá transformar muito do que você pensa hoje – seus ideais, seus valores. Muitas pessoas de sucesso só reconhe- cem o que gostariam de fazer – e só têm sucesso – depois de 40 anos. Você já ouviu falar do Homem-Aranha e dos X-Men, personagens famosos das revistas em quadrinhos que viraram bilionários filmes da indústria de Hollywood, nos Estados Unidos, nas últimas décadas? Seu criador, Stan Lee, era, aos 38 anos, um completo desconhecido. Aos 39, criou o “Quarteto Fantástico” e, só depois dos 40 anos, criou o que é conhecido como Universo Marvel. Esses trabalhos transformaram a vida de Stan. E, é claro, não é necessário que você fique bilionário como o Stan para concluir que o trabalho transformou a sua vida. Você aprende a ser uma pessoa mais completa, a buscar objetivos, a ter um propósito. A necessidade de auxílio de alguém mais experiente fica ainda mais evidente quando observamos que há vagas, ocupações ou até profissões que ainda sequer existem, mas tendem a surgir no futuro. De forma geral, no curto prazo, acredita-se que boas oportunidades poderão vir nas áreas de recursos humanos (sobretudo, devido às mudanças na lei trabalhista e previdenciária no Brasil), tecnologia (devido às transformações do mundo digital, como a automação de hardware e de software, design de infográficos e marketing digital) e tributação e governança corporativa Ca pí tu lo 1 15 (também devido ao momento de incerteza pelo qual o Brasil está passando, pois essas funções visam à redução dos riscos de influências externas na empresa). 1.4 ELABORAÇÃO DE CURRÍCULO Se você já sabe qual é a sua vocação, qual profissão quer seguir e, dentro dela, os tipos de ocupação que mais o atraem, está na hora de fazer o seu currículo. De início, é preciso saber que um currículo (ou curriculum vitae – CV) bem feito não garante vaga a ninguém. Pode-se afirmar, no entanto, duas coisas: (a) que um CV mal feito certamente fecha portas; e que (b) um CV bem feito estimula a empresa a conceder uma entrevista. Para elaborá-lo, use as diretrizes gerais descritas na Figura 1.3. © S h u tt er st o ck /D an ie la B ar re to De se nv ol vi m en to P es so al e P ro fi ss io na l 16 Figura 1.3: Diretrizes para a elaboração de currículo Apresente as informações nesta ordem: 1. NOME, ENDEREÇO (não pre- cisa colocar seu endereço completo, mas é importante ter ao menos o bairro onde mora) e CONTATOS (telefones, endereço de email e contas de LinkedIn e Facebook, caso apropriado); 2. OBJETIVO (específico para o cargo ao qual está aspirando); 3. ESCOLARIDADE; 4. EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL: descreva-as em ordem crono- lógica, começando pela mais recente. Não use papéis coloridos. Use sempre os brancos. Busque saber os detalhes des- sa vaga: faça um CV específico para ela. Você deve elaborar um CV específico para cada vaga a que se candidatar, enfatizan- do a sua competência referente aos requisitos básicos daquela vaga específica. Evite erros de português. Peça a alguém para revisar se for necessário. Seja honesto: mentir no seu CV já deixará claro, desde antes do princípio, que valores éticos não são a sua prioridade. Não inclua dados pessoais como altura e peso, muito menos foto. Seja sucinto: duas páginas no máximo. Hoje em dia, dificilmente alguém tem tempo de ler mais do que isso durante esse processo. Seja breve e objetivo. Não use linguagem muito técnica, a menos que entenda que isso vá ajudar em alguma vaga específi- ca. Lembre-se de que os selecio- nadores de CV, normalmente, são profissionais de recursos huma- nos, e não técnicos. Tenha foco: apresentações do tipo “faço Economia, tenho expe- riência em vendas, já fui passea- dor de cachorros e gosto de ler e viajar” não irão te ajudar a obter a vaga. Não utilize encadernação ou ca- pas extravagantes; pode ser visto como exibicionismo. Fonte: Mósca (2018). Ca pí tu lo 1 17 22. Ingressando no mundo do trabalho Pronto! Você conseguiu um emprego. E agora, o que fazer? Nesta seção, você verá informações importantes e úteis sobre diversos aspectos do mundo dos negócios, principalmente para um marinheiro de primeira viagem no universo do trabalho. 2.1 IMPORTÂNCIA DAS NORMAS E PROCEDIMENTOS NAS EMPRESAS As organizações nascem com um objetivo. Para atingir tal objetivo, qualquer que seja ele, é preciso que todos os seus integrantes trabalhem para o mesmo fim. E, para garantir que isso ocorra e que as coisas não saiam do controle, a administração estabelece uma série de normas e procedimentos. As normas são, de forma geral, regras a serem seguidas; já os procedimentos são o como fazer, os processos a serem seguidos, guias e manuais operacionais. Um bom exemplo de procedimentos são os scripts de atendimento da atividade de telemarketing. Todos os documentos normativos (código de ética, políticas, procedimentos, guias e manuais técnicos e operacionais) são relevantes, úteis, têm sua razão de existir. Eles norteiam o comportamento dos empregados, guiando suas atitudes entre o que é aceitável e o que não é, além de inúmeras outras situações. A Constituição Federal (CF) e a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) regem a relação entre empregados e empregadores em uma organização até certo ponto. Situações não detalhadas ou previstas em lei devem ser definidas pelas normas e procedimentos da empresa, desde que respeitem as leis. Outro instrumento de controle bastante relevante é o fluxograma, uma representação gráfica das atividades constantes de um determinado processo, que demonstra as relações entre elas, seus responsáveis, pontos de decisão, sistemas de suporte e a ordem de processamento. Conhecer o fluxograma de um processo ajuda o empregado a minimizar erros e conflitos e agiliza a execução das tarefas. Veja na Figura 1.4 um exemplo de fluxograma de processo de admis- são de pessoal. De se nv ol vi m en to P es so al e P ro fi ss io na l 18 Figura 1.4: Fluxograma do processo de admissão de pessoas Fonte: Mósca (2018). O processo é composto por várias atividades, representadas, cada uma, por formas geométricas: • as setas indicam a direção do fluxo, qual é a atividade precedente e a próxima; • uma seta não linear indica que a informação segue via meio eletrônico ou digital; • a linha pontilhada ajuda a separar as atividades desempenhadas por áreas distintas; • quando há conexão a algum sistema, é comum fazer uso de uma figura distinta e cilíndrica, representando-o. É importante compreender desde o início qual é a formatação de fluxograma utilizada pela empresa, pois há variações – algumas empresas Foi autorizado? Contratar novo funcionário Falta documento? Solicitar autorização para efetuar admissão Conferir documentos do funcionário Cadastrar novo funcionário Informar demais departamentos Gerar documentosadmissionais Solicitar documentos Contactar funcionário Sim Sim Não Não PWA Ca pí tu lo 1 19 3 produzem fluxos mais complexos (com maior número de formas e detalhes, mas mais difíceis de serem elaborados); outras, mais simples. A Figura 1.5 elenca as formas mais comuns. Figura 1.5: Figuras básicas de um fluxograma Fonte: Mósca (2018). O fluxograma indica o adequado procedimento a ser seguido, portanto, é importante conhecê-lo. Por não ter a visão de todo o processo e somente de uma ou poucas atividades, o empregado pode prejudicar a si e a empresa onde trabalha. É parte das normas de uma empresa conhecer e seguir os fluxogramas de processos definidos. 3. Gestão e administração do tempo Você certamente já ouviu de alguém a seguinte frase: “Não tenho tempo para isso.” Já passou pela sua cabeça que, em 100% dos casos, isso é uma mentira? Tempo é algo que todos nós temos – o mesmo! São 24 horas por dia. A diferença está no que fazemos com ele. Quais são as suas prioridades? Início ou fim Processo predefinido Processo Conector Documento Entrada manualPreparaçãoInformação Decisão Operação manual De se nv ol vi m en to P es so al e P ro fi ss io na l 20 A administração do tempo, assim como na sua vida pessoal, é de suma importância no mundo dos negócios, sobretudo na época atual – em que a mentira “ninguém tem tempo para nada!” é alardeada em nossa sociedade. A gestão do tempo passa fundamentalmente por um planejamento. Isso parece simples e um lugar comum, mas você conhece alguém que planeja como irá gastar diariamente suas 24 horas? Faça uma lista de suas atividades. Seja detalhista: atender a telefo- nemas, escrever mensagens, tempo gasto em mídias sociais, bem como tempo investido nas tarefas da empresa. Use a tecnologia para coletar esses dados: há aplicativos que fazem o cálculo de quanto tempo você gasta por dia com seu telefone. Divida-as em três tipos: atividades im- postas pelo superior, impostas pela organização e autoimpostas. Você perceberá que os dois primeiros tipos geram penalidades quando as ati- vidades não são realizadas ao passo que o último é composto por tarefas que, usualmente, só você sabe que possui. Busque priorizar as atividades mais importantes. O simples fato de elaborar essa lista o ajudará a gerir melhor as suas 24 horas diárias. Experimente! Ca pí tu lo 1 21 44. Voluntariado nas organizações Muitas empresas possuem uma área de responsabilidade social ou ambiental, uma fundação ou uma divisão de sustentabilidade que promove ações filantrópicas e ações de voluntariado diversas. Há vários benefícios dessa prática. Veja alguns a seguir. • A empresa auxilia a comunidade de seu entorno, fortalecendo-a, o que, em último caso, ajuda a fortalecer de volta a própria empresa, em um ciclo virtuoso. É o caso, por exemplo, de empresas de mineração, que buscam fomentar fornecedores locais das cidades onde atuam, oferecendo até treinamento em alguns casos. A comunidade se fortalece, cresce e se desenvolve e a empresa consegue ter descontos em suas compras. • Por meio de ações sociais, a empresa promove a sua marca, pois os consumidores enxergam com bons olhos empresas socialmen- te engajadas. • Ações de voluntariado promovidas pela empresa são oportunidades para que empregados que não tenham posição de liderança possam trabalhar lado a lado com seus chefes, sem hierarquia, ampliando um ambiente de troca de experiência e, com isso, promovendo maior integração entre si. De se nv ol vi m en to P es so al e P ro fi ss io na l 22 Embora em algumas empresas essas áreas representem apenas uma ação de marketing, viabilizando imagem positiva para a marca (pois é ótimo ser vista como uma empresa que promove ações socioambientais), muitas vezes ações realmente efetivas são promovidas. Há diversos casos em que ações de voluntariado encantaram os empregados que, posteriormente, passaram a executá-las de forma pessoal. Há até casos de trabalhadores que descobriram um novo valor para a própria vida ao participar de ações socioambientais. São ações que permitem sair da rotina e, com isso, repensar a vida profissional e pessoal, ampliando fronteiras. Permitem também que você amplie seu networking, que seja mais conhecido, o que pode lhe render mais e melhores oportunidades no futuro. Lembra do que você já viu sobre marketing pessoal? Ca pí tu lo 1 23 Em resumo... O autoconhecimento é o primeiro passo para o sucesso tanto na vida pessoal quanto na vida profissional. Promover um bom marketing pes- soal significa transmitir uma boa ima- gem baseada em boa comunicação, aparência adequada e atitudes de valor. Um bom orientador de carreiras pode ajudar no planejamento de obje- tivos profissionais. Todas as empresas possuem nor- mas e procedimentos detalhando as melhores práticas para se atingir os objetivos comuns. Uma boa administração de seu tempo é fundamental para sua vida pessoal e profissional, permitindo que você seja mais produtivo e eficiente. 24 In tr od uç ão à A dm in ist ra çã o 2 25 Neste capítulo, você irá: compreender um pouco mais sobre seus direitos e deveres; saber o que é cidadania e seu valor; entender a importância de preservar o patrimônio urbano, histórico e cultural; ampliar sua percepção sobre os direitos humanos e o respeito às diferenças; conhecer um pouco sobre a legislação e os direitos trabalhistas. objetivos do capítulo Conhecendo seus direitos e deveres Quais serão os direitos e deveres dos cidadãos? E qual será a importância deste conhecimento para o dia a dia pessoal e profissional? Para que você possa exercer a sua cidadania com consciência e lutar por uma sociedade justa e igual para todos, é importante conhecer o que a sociedade espera de você e o que você pode exigir da sociedade. Os tópicos a seguir abordam noções básicas sobre cidadania, suas previsões constitucionais e como tudo isso se relaciona com o meio ambiente (urbano e natural) e com a preservação do patrimônio físico e cultural do Brasil. Abordam ainda quais são as principais políticas voltadas à proteção dos direitos do jovem e à sua inserção no mercado de trabalho. Por fim, as legislações mais importantes para todos aqueles que estão começando a jornada no mundo do trabalho serão analisadas. Mundo do Trabalho e Cidadania Co nh ec en do s eu s di re it os e d ev er es 26 11. Direitos e deveres dos cidadãos 1.1 CIDADANIA E DIREITOS DO CIDADÃO É comum as pessoas associarem ideia de cidadania a ações coletivas de caridade que movimentam os indivíduos em torno de grandes causas. Mas a prática da cidadania deve acontecer todos os dias. O exercício da cidadania está nos grandes gestos e nas pequenas ações do dia a dia. Pense na importância de você, como cidadão, cumprir deveres mínimos na rua ou no bairro em que vive. São inúmeros os exemplos: desde a atitude simples de jogar lixo na lixeira, passando pelo respeito às leis de trânsito, a boa educação nas filas do transporte público e o respeito aos direitos das pessoas com deficiência. Tudo o que você faz tem impacto na vida das outras pessoas. 1.2 DIREITOS E DEVERES CONSTITUCIONAIS No Brasil, independentemente da cor da pele, etnia, religião ou condição socioeconômica, todos têm seus direitos e deveres definidos pelo conjunto de leis que regem o país. A Constituição Federal de 1988 garante ao cidadão brasileiro quatro tipos de direitos fundamentais que possuem deveres correspondentes: os direitos sociais, civis, políticos e econômicos. Veja na Figura 2.1. O conjunto de leis que regem os direitos e deveres dos cidadãos não foi determinado de uma só vez, mas construído aos poucos, de acordo com a evolução da sociedade brasileira. Ca pí tu lo 2 27 SOCIAIS • Educar e proteger o semelhante • Proteger a natureza • Respeitar os direitos do próximoCIVIS • Respeito às diferenças (raça, credo, cor, opção sexual) • Cumprimento do serviço militar • Colaborar com as autoridades SOCIAIS • Educação • Moradia • Saúde • Previdência • Trabalho • Direito de ir e vir CIVIS • Igualdade perante a lei • Liberdade de expressão DIREITOS DEVERES 1.3 PRESERVAÇÃO DO MOBILIÁRIO URBANO, INFRAESTRUTURA E PATRIMÔNIO CULTURAL Imagine o incômodo de estar em um ponto de ônibus em um dia de chuva e perceber que a cobertura foi vandalizada e destruída! Situações como esta poderiam ser evitadas se todos ajudassem na preservação do mobiliário urbano e da infraestrutura da cidade. Além da própria participação dos indivíduos, existem órgãos e autarquias públicas (como Secretarias de Ordem Pública, Departamentos de Parques e Jardins e Institutos do Patrimônio Histórico) que são diretamente responsáveis pela fiscalização, preservação e conservação dos bens de infraestrutura pública. O patrimônio cultural de um país inclui também o registro de hábitos e costumes sociais refletidos em suas construções e arquitetura. Ele é definido na legislação como o conjunto de bens móveis e imóveis cuja preservação e conservação é de interesse público, sendo dividido em dois grandes grupos, conforme o Quadro 2.1. POLÍTICOS • Direito ao voto • Direito de candidatar-se a cargo eletivo ECONôMICOS • Defesa do consumidor • Livre concorrência • Defensoria pública POLÍTICOS • Voto obrigatório • Participação nas eleições quando convocado ECONôMICOS • Pagar impostos • Cobrar a emissão de notas fiscais • Fiscalizar práticas econômicas abusivas Fonte: Cereja (2018). Figura 2.1: Direitos e deveres constitucionais Co nh ec en do s eu s di re it os e d ev er es 28 Quadro 2.1: Grupos que compõem o patrimônio cultural Bens Tangíveis Bens intangíveis Artefatos, conjuntos urbanos, arqueológicos, ecológicos etc., ou seja, objetos concretos que se pode ver e tocar. Conhecimentos, manifestações artísti- cas, costumes, representações, isto é, nada que se possa ver e tocar, mas sim sentir, perceber e reagir a eles. Por exemplo: o mobiliário urbano (os sítios pai- sagísticos de Burle Marx), os conjuntos arqui- tetônicos (as igrejas históricas espalhadas por todo o país), peças de escultura (as obras de Aleijadinho), pinturas (os quadros de Anita Mal- fatti, Di Cavalcanti e outros artistas plásticos brasileiros) e fotografias (a obra do fotógrafo Sebastião Salgado). Por exemplo: um estilo musical (como a Bossa Nova e a MPB), a culinária de de- terminada região (como a feijoada) ou uma dança típica (como o forró). Fonte: Cereja (2018). 1.4 FOLCLORE BRASILEIRO Dentre os bens culturais de uma sociedade, o folclore é uma das mais completas manifestações, pois costuma reunir bens culturais tangíveis e intangíveis. O folclore é a expressão dos hábitos e costumes de um grupo social ou de um povo. Transmitido entre gerações, ele permite o reconhecimento das características locais de uma cultura, criando identidade sociocultural. No Brasil, o folclore é resultado, principalmente, dos hábitos e costumes indígenas, portugueses e africanos. A lista das manifestações que o compõem é enorme e vai desde as danças típicas, culinária, estilos arquitetônicos e expressões até os mitos, as lendas, os cantos populares, os rituais religiosos, os provérbios, os vestuários e artesanatos, as festas típicas, a música etc. A importância do folclore é reconhecida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) desde o final da Segunda Guerra Mundial. O Brasil criou, em 1947, a Comissão Nacional do Folclore com o objetivo de preservar e proteger as manifestações culturais imateriais da nossa sociedade. Hoje, o órgão que responde pela defesa do folclore no Brasil é o Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular, ligado ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Ca pí tu lo 2 29 1.5 PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO AMBIENTAL O patrimônio ambiental é constituído pelas riquezas naturais de um país. O Brasil é riquíssimo neste aspecto: lindas paisagens e complexa biodiversidade presente nos diferentes ecossistemas (Cerrado, Caatinga, Pantanal, Mata Atlântica etc.). Todas estas áreas de interesse regional e científico são protegidas por leis nacionais e internacionais. No Brasil, há sete grandes áreas re- conhecidas pela UNESCO incluídas na lista dos patrimônios naturais do mun- do: Parque Nacional do Iguaçú; Costa do Descobrimento (reservas de Mata Atlântica); Mata Atlântica (reservas do Sudeste); área de conservação do Pantanal; complexo de conservação da Amazônia central; ilhas atlânticas bra- sileiras (Fernando de Noronha e Atol das Rocas); e os parques nacionais Chapada dos Veadeiros e Emas. Em todos esses lugares, fauna e flora convivem com a presença de minorias étnicas (indígenas, ribeirinhos, imigrantes). Por este motivo, apesar de possuir um meio ambiente privilegiado, o Brasil enfrenta o desafio de se desenvolver economicamente preservando as riquezas naturais e os grupos sociais específicos ali instalados. Afinal, essas comunidades também fazem parte do ecossistema e guardam hábitos e costumes que contam a história do país. É importante destacar, nesse sentido, que qualquer intervenção no meio ambiente tem impactos sociais que devem ser avaliados previamente para que todo o conjunto que compõe o patrimônio ambiental não seja afetado negativamente. O desenvolvimento é um processo que deve envolver a vontade coletiva, atendida pelo poder público, uma vez avaliadas as possibilidades de transformação que sejam agregadoras, combinadas com a manutenção da identidade cultural local de determinado grupo social. Entende-se por localismo o respeito a comunidades em todos os seus aspectos locais, ou seja, a necessidade de compreender a diversidade de cada lugar, as demandas e limites de seus habitantes. Ao mesmo tempo, deve-se considerar que elementos são direcionadores comuns e universais de integração dessas comunidades com a sociedade em desenvolvimento – em outras palavras, universalismo. Localismo e universalismo são conceitos que se complementam, visando ao desenvolvimento de uma sociedade em equilíbrio humano e socioambiental. Co nh ec en do s eu s di re it os e d ev er es 30 22. Direitos Humanos O que são Direitos Humanos e que princípios universais regem es- tes direitos? Segundo as Nações Unidas, “Direitos Humanos são os direitos e liberdades básicas de todos os seres humanos. Seu conceito também está ligado com a ideia de liberdade de pensamento, de expressão, e a igualdade perante a lei” (ONU BR, 2018, s/p.). A Declaração Universal dos Direitos Humanos está fundamentada em três grandes princípios, conforme a Figura 2.2. Figura 2.2: Fundamentos da Declaração Universal dos Direitos Humanos A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi procla- mada em 1948 com o objetivo de criar diretrizes universais para o respeito à diversidade entre os povos, garantia dos direitos dos cidadãos, promoção da paz e o fortalecimento das ações humanitárias. Além da própria Orgnização das Nações Unidas (ONU), há inúmeras organizações que zelam pelo respeito aos direitos humanos, como a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, a Anistia Internacional e a Human Rights Watch. Fonte: Cereja (2018). Entender estes princípios é o início da conscientização para uma con- vivência mais humana, de mais respeito e liberdade à vida. 1. Preservação da pessoa humana: não se pode beneficar uma pessoa em detrimento e impondo sacrifícios à outra. 2. Autonomia: todas as pessoas são livres para atuar no mundo desde que suas atitudes não prejudiquem outras pessoas. 3. Dignidade humana: todas as pessoas devem ser tratadas e julgadas de acordo com seus atos. Ca pí tu lo 2 31 Segurança pública,acesso à justiça e combate à violência Articulação entre o poder público e a sociedade civil, para a elaboração de políticas de segurança pública à luz das mudanças sociais e com foco na prevenção, na cultura de paz e não violência. Desenvolvimento e direitos humanos Reconhecimento do caráter plural dos Direitos Humanos e necessidade de garantia dos direitos básicos de alimentação, saúde e educação para um desenvolvimento equilibrado da sociedade. Universalizar direitos em um contexto de desigualdades Rompimento das barreiras que impedem o acesso aos direitos humanos universais, resquícios de processos históricos opressores e ditatoriais que agora devem dar lugar ao respeito à liberdade, às diferenças e individualidades. 2.1 PROGRAMA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS Em sintonia com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, o Brasil vem implementando, desde 1996, seu Programa Nacional de Direitos Humanos, sempre agregando a ele novas formas de monitoramento, inclusão e preservação dos direitos dos cidadãos brasileiros. A última atualização, em 2010, trouxe os eixos orientadores descritos na Figura 2.3. Figura 2.3: Eixos orientadores do Programa Nacional de Direitos Humanos/2010 Direito à memória e à verdade Pesquisa e reconstrução da memória histórica, visando a que as experiências possam ser contadas de geração em geração, que erros do passado não sejam novamente cometidos e que o aprendizado destas vivências contribua para a construção de uma sociedade mais digna. Fonte: Cereja (2018). Educação e cultura em direitos humanos Construção de uma educação fundamentada na solidariedade, tolerância e respeito às diversidades, de acordo com o modelo proposto pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, promovendo a cidadania baseada na justiça, liberdade e igualdade. Interação democrática entre Estado e sociedade civil Interação entre as diversas instâncias de governo e a sociedade civil com o objetivo de formular políticas públicas de forma participativa e inclusiva. Co nh ec en do s eu s di re it os e d ev er es 32 3 2.2 PRÁTICAS CONTRA A DISCRIMINAÇÃO E O PRECONCEITO Como o Brasil é um país heterogêneo, com inúmeros credos, etnias e culturas, é preciso observar a boa convivência e o respeito, combatendo a discriminação e o preconceito. Homofobia, racismo, segregação social, ridicularização de manifesta- ções religiosas, gordofobia e machismo são algumas das formas que o desrespeito à diferença pode tomar. Para mudar, é preciso reflexão. Antes de rir de uma piada maldosa ou criticar a atitude de alguém, pare para pensar... Talvez você esteja tentando enquadrar essa outra pessoa em padrões fundamentados na intolerância ao que parece diferente. Um exemplo disso é a crítica de colegas de trabalho às diferenças estéticas (peso, magreza, vestuário) na forma de apelidos. Omitir-se é apoiar a discriminação e o preconceito. Muitas pessoas não se manifestam diante de situações de opressão para não se indisporem com o colega ou familiar que está praticando um ato impensado. É importante posicionar-se e não permitir o desrespeito às diferenças em conversas e atitudes de quem quer que seja. 3. Cidadania e direitos do jovem Para que uma sociedade mais igualitária seja possível, os jovens devem estar no centro das diretrizes para a promoção dos direitos humanos e da cidadania. As três iniciativas que você verá a seguir o ajudarão a entender os direitos e deveres envolvidos na formação do jovem profissional. 3.1 ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA) O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) foi promulgado em 1990 com o objetivo de proteger os direitos dos jovens e sua evolução saudável, evitando danos à sua integridade física e psicológica que ponham em risco sua cidadania. Ca pí tu lo 2 33 Nos termos do Estatuto e também da Convenção da ONU de 1989 sobre o mesmo tema, criança é todo menor de 12 anos de idade, e adolescente entre 12 e 18 anos de idade. O ECA tem uma grande abrangência, abordando desde a convivência familiar e comunitária até medidas socioeducativas a serem adotadas nas infrações cometidas por jovens. 3.2 LEI DE APRENDIZAGEM: DIREITOS E DEVERES Uma das prioridades do ECA é o direito à educação. Embora ainda haja muitos desafios a vencer, uma das grandes conquistas do Estatuto nesse sentido tem sido a diminuição do trabalho infantil. Mas, associado ao tema, tem-se outro direito fundamental, justamente o acesso ao mundo do trabalho. Para tratar desse direito fundamental, a Lei de Aprendizagem (Lei no 10.097/2000, ampliada pelo Decreto Federal no 5.598/2005) estabelece que todas as empresas de médio e grande porte devem contratar jovens aprendizes na proporção de 5% a 15% do seu quadro de funcionários. A lei define ainda que estes jovens podem ter entre 14 e 24 anos. Para ser contratado, o jovem deve estar cursando ou já ter concluído o ensino fundamental ou médio. A jornada de trabalho não deve ultrapassar seis horas diárias para os que ainda estudam, mas pode ter oito horas para aqueles que já concluíram o ensino médio. O contrato de trabalho do jovem aprendiz tem outra especificidade: dura no máximo dois anos. Fora essas especificidades, o contrato de trabalho do jovem aprendiz está sujeito a todas as regras do regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), ou seja, direito à Carteira de Trabalho assinada, à Previdência Social, a salário justo conforme as horas trabalhadas, 13o salário, Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), remuneração por horas extras etc. Co nh ec en do s eu s di re it os e d ev er es 34 3.3 RELAÇÕES DE TRABALHO E O JOVEM APRENDIZ Regido pela Lei de Aprendizagem, o Programa Jovem Aprendiz, do governo federal, é uma ótima oportunidade para todo jovem iniciante no mercado de trabalho, já que oferece qualificação profissional gratuita e específica – por meio do SENAI, SENAC, SENAT, SENAR, SESCOOP, das Escolas Técnicas e das entidades de assistência à educação profissional – para que ele tenha condições de exercer com competência sua função em qualquer empresa que o contrate. Sistema S é a denominação do conjunto de entidades corporativas com atuação em treinamento profissional, assistência técnica e assistência social, financiadas por empresas de mercado para a promoção de seus programas de formação e assistência. Fazem parte do Sistema S: 1 SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial); 1 SESI (Serviço Social da Indústria); 1 SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem do Comércio); 1 SESC (Serviço Social do Comércio); 1 SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural); 1 SEST (Serviço Social de Transporte); 1 SESCOOP (Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo). O jovem deve estar atento a algumas regras que podem ajudá-lo a preservar seus direitos no ambiente de trabalho: • o contrato de trabalho do jovem aprendiz só tem validade se estiver registrado em sua Carteira de Trabalho; • o jovem deve estar regularmente matriculado e frequentando a escola, curso técnico ou universidade, comprovando assim seu vínculo como aprendiz; Ca pí tu lo 2 35 4 • é proibido trabalho noturno – de 22h às 5h – para jovens aprendizes; • o jovem aprendiz pode exercer praticamente qualquer atividade desde que acompanhado por um monitor que coordenará suas tarefas conforme o programa de aprendizagem da empresa; • há trabalhos proibidos para jovens, previstos no Decreto no 6481 de 2008, que busca reprimir o trabalho infantil. Entre eles, atividades da agricultura, pecuária, indústria e trabalho doméstico, que colocam em risco a sua integridade e saúde, bem como atividades que exijam a manipulação de objetos monetários. 4. Legislação do mundo do trabalho – direitos trabalhistas Há inúmeras leis cujo objetivo é a garantia e preservação dos direitos dos trabalhadores. Em linhas gerais, os direitostrabalhistas se organizam em torno de três elementos principais: o empregado, o empregador e o contrato entre os dois. Boa parte das regras que regem esta relação estão na CLT. Veja alguns exemplos a seguir. • A Carteira de Trabalho deve ser assinada até 48h após a admissão do empregado. • O salário deve ser pago ao trabalhador até o quinto dia útil de cada mês. • Todos os valores recebidos pelo empregado devem ser registrados na Carteira de Trabalho e nenhum valor pode ser pago ou recebido sem registro. • Quem determina o período de férias do empregado é o empregador. • Todo trabalhador tem direito ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), que representa 8% do salário do empregado, pago pelo empregador. • Trabalhadores demitidos têm direito ao seguro-desemprego, o que não acontece com os que pedem demissão. • Há dois tipos de avisos de demissão: o aviso prévio indenizado (o trabalhador não precisa comparecer mais ao trabalho) e o aviso prévio trabalhado (o trabalhador ainda trabalha por até 30 dias). • Acordos trabalhistas que envolvem demissão forjada são ilegais. Co nh ec en do s eu s di re it os e d ev er es 36 • Trabalhadoras grávidas têm estabilidade no emprego a partir do primeiro dia de gravidez até cinco meses após o parto. • Para custear o auxílio transporte, o empregador pode descontar até 6% do salário do empregado. 4.1 TIPOS DE LICENÇA Licença é a ausência temporária concedida pelo empregador ao em- pregado, que pode ser remunerada ou não. Entre as licenças remunera- das, estão as listadas a seguir. • Serviço militar obrigatório: afastamento para o cumprimento das obri- gações militares enquando durar o serviço às Forças Armadas do Brasil. • Licença-maternidade: até 120 dias, podendo em alguns casos se estender a seis meses. • Licença-paternidade: entre cinco a 20 dias de afastamento para quem se tornou pai. • Licença para casamento: três a cinco dias de afastamento para o trabalhador que acaba de se casar. • Licença de óbito: em caso de morte de parentes próximos, afastamento por até dois dias. • Licença por doença: afastamento de até 15 dias por problemas de saúde comprovados. 4.2 APOSENTADORIA Até dezembro de 2017, as leis de aposentadoria no Brasil possuíam a seguinte diretriz fundamental: todo trabalhador deve contribuir para a Previdência Social com um percentual do seu salário. Quem não o fizer, perde o direito à aposentadoria pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), órgão responsável pelos trâmites relativos à aposentadoria. No Brasil, há quatro tipos de aposentadoria cujas regras (até 2017) estão apresentadas na Figura 2.4. Ca pí tu lo 2 37 Figura 2.4: Tipos de aposentadoria até 2017 APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO Homens com 35 anos ou mais de contribuição previdenciária e mulheres com 30 anos ou mais de contribuição têm direito à aposentadoria, independentemente de idade mínima. O valor do benefício a ser pago ao aposentado é proporcional ao tempo de contribuição e idade. APOSENTADORIA POR IDADE Homens a partir de 65 anos e mulheres a partir de 60 anos têm direito à aposentadoria, desde que tenham contribuído com a Previdência por um período mínimo estabelecido pela lei. Trabalhadores rurais têm esses limites de idade reduzidos para 60 (homens) e 55 (mulheres) anos. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ Quando um trabalhador sofre algum acidente que o compromete para o exercício de suas atividades profissionais, pode requerer a aposentadoria por invalidez. Essa aposentadoria está sujeita à perícia médica do INSS. Se comprovada a completa incapacidade para a atividade profissional, o trabalhador pode receber seu benefício integralmente, acrescido de valores extras para a cobertura de custos de tratamento. A aposentadoria por invalidez não é vitalícia, já que a cada dois anos o trabalhador deve passar por nova perícia do INSS para verificar e atualizar suas condições. APOSENTADORIA ESPECIAL A aposentadoria especial é concedida a profissionais que lidam com situações de risco comprovado à saúde por exposição a produtos químicos, ambientes inóspitos, radiação etc. Fonte: Cereja (2018). Co nh ec en do s eu s di re it os e d ev er es 38 Reforma da Previdência: hoje, segundo especialistas e o governo federal, existe um déficit muito grande entre a capacidade de pagamento dos benefícios (aposentaria, auxílios etc.) e o número de pessoas com direito a esses benefícios, gerando um caixa negativo para a Previdência Social do Brasil. Por este motivo, o governo federal está propondo uma reforma que possa estabelecer maior equilíbrio nas suas contas no longo prazo. Entre as principais alterações propostas, estão: mudança na idade mínima para a aposentadoria e no cálculo dos benefícios, no tem- po de contribuição e quanto à aposentadoria integral. 4.3 AUXÍLIO DOENÇA Há situações em que o trabalhador está temporariamente incapaz de exercer suas atividades profissionais. Nestes casos, ele tem direito a uma remuneração conhecida como auxílio doença. Pago ao trabalhador afastado de suas funções por mais de 15 dias consecutivos devido à doença, comprovada por perícia do INSS, este auxílio também está sujeito ao tempo mínimo de contribuição do trabalhador para a Previdência Social e é imediatamente suspenso quando o trabalhador recupera sua capacidade laboral mínima e retorna ao trabalho ou quando o benefício, após perícia comprobatória, converte-se em aposentadoria por invalidez. 4.4 JORNADA DE TRABALHO A jornada de trabalho nada mais é que o período em que o trabalhador está a serviço da empresa, em atividade profissional ou não. Com duração de oito horas diárias, ou 44 horas semanais, a jornada de trabalho também prevê jornadas excedentes, computadas como horas extras, Ca pí tu lo 2 39 que devem ser remuneradas de acordo com a convenção coletiva da categoria profissional do empregado. Muitas empresas adotam o recurso do banco de horas para administrar de forma mais dinâmica e flexível a compensação das horas extras trabalhadas. Entende-se como jornada de trabalho inclusive os horários de descan- so, intervalos e faltas, embora os intervalos não sejam remunerados. O descanso semanal, porém, é remunerado. O trabalhador pode ser contratado para um emprego com jornadas diárias fixas semanais de trabalho, sendo remumerado por mês (mensalista). Ele pode ainda ser remunerado por hora de trabalho (horista). Há atividades que devem ser desempenhadas continuamente e, por isso, precisam ser feitas em escalas distribuídas entre os dias para o cumprimento da jornada. A CLT protege o trabalhador em relação ao possível desgaste provocado pela exaustão do trabalho contínuo, regulamentando as escalas. As principais modalidades de escala podem ser observadas no Quadro 2.2. Quadro 2.2: Escalas para cumprimento da jornada de trabalho 5X1 Cinco dias de trabalho e um de folga. Como a jornada de trabalho máxima não pode ultrapassar oito horas diárias ou 44 semanais, a escala 5 x 1 acaba fazendo com que a jornada diária dure 7h20min. 5X2 Cinco dias de trabalho e dois de folga. 6 X 1 O colaborador trabalha seis dias e folga um. 12 X 36 Doze horas de trabalho e 36 de descanso. Comum na indústria automobilística, petroleira e alimentícia. 18 X 36 Dezoito horas de trabalho e 36 de descanso. Comum em atividades noturnas e da área médica. 24 X 48 24 horas de trabalho e 48 de descanso. Comum em atividades intensas de profissionais como cobradores de pedágio e policiais. Independentemente da modalidade adotada, entre uma jornada e outra o trabalhador deve ter no mínimo 11 horas consecutivas de descanso. Além disso, jornadas acima de seis horas diárias dão ao trabalhador o direito a intervalo de uma hora a duas horas para almoço. Fonte: Cereja (2018). Co nh ec en do s eu s di re it os e d ev er es 40 Uma jornada que recebe atenção especial da legislaçãoé a do trabalho noturno. Ela acontece de 22h às 5h da manhã, em áreas urbanas, de 21h às 5h da manhã, em áreas rurais, e de 20h às 4h da manhã, no caso do trabalho na pecuária. A jornada noturna tem remuneração diferenciada em relação à diurna, com cerca de 20% de acréscimo. A reforma trabalhista aprovada em 2017 trouxe mais flexibilidade a estas regras, permitindo que empregadores e empregados negociem entre si as condições de contratação, jornada e remuneração. 4.5 DIREITOS PREVIDENCIÁRIOS Todo trabalhador que possui remuneração regular tem direito à Previdência Social. O segurado pode ser empregado, trabalhador avulso, empregado/a doméstico/a, profissional autônomo ou contribuinte especial. Cada tipo de segurado contribuirá com um percentual específico relacionado à sua remuneração, isso em conjunto com o empregador, que também contribuirá com sua parte relativa ao segurado. / Trabalhador avulso > é o trabalhador temporário, convocado para a realização de determinada tarefa por tempo determinado e que presta serviço a várias empresas sem vínculo empregatício. / Contribuinte especial > são os trabalhadores rurais que desenvolvem atividades caracterizadas como economia familiar e não utilizam mão de obra assalariada. O objetivo da Previdência Social é conceder direitos aos seus segurados por meio de uma renda paga pelo governo em substituição e compensação à renda do trabalhador contribuinte em situação de aposentadoria. No Brasil, nenhum trabalhador que pretenda ter direito à Previdência Social está isento da contribuição previdenciária ainda que invista em sua própria previdência privada. Ca pí tu lo 1 41 Em resumo... A cidadania depende do conheci- mento sobre direitos e deveres. Conhecer as legislações que go- vernam o país ajuda nas decisões a serem tomadas no dia a dia. Para uma vida de trabalho sem sustos, nada melhor do que conhecer todas as regras. 42 In tr od uç ão à A dm in ist ra çã o 3 43 objetivos do capítulo Políticas públicas O que significa dizer que algo é público? Será que sempre tem a ver com governo e Estado? E políticas públicas, o que serão? Nos tópicos a seguir, essas questões serão abordadas, bem como noções básicas sobre documentos pessoais, os órgãos que protegem os cidadãos e o papel do Estado na segurança pública. Serão tratados ainda temas como ética, moral e suas implicações em nossas condutas e convivências. O capítulo será fechado com uma reflexão sobre a importância da boa educação no trânsito e como juventude e cidadania se relacionam no século XXI. Neste capítulo, você irá: entender o que são políticas públicas e como elas influenciam a sua vida; conhecer um pouco mais sobre os documentos básicos de qualquer cidadão; compreender os conceitos de moral, ética e consciência moral; saber um pouco mais sobre educação no trânsito; descobrir a importância do jovem para a construção de uma sociedade mais justa. Mundo do Trabalho e Cidadania po lí ti ca s pú bl ica s 44 11. Políticas públicas O conceito de público é muito amplo e diz respeito a tudo o que interessa à sociedade coletivamente, e não somente à gestão dos governos. A formulação das políticas públicas organiza ações de interesse da população em áreas como saúde, educação, transporte, lazer, esporte, meio ambiente, habitação etc. Políticas públicas são o conjunto de ações e decisões planejadas e executadas pelas instituições públicas e também pela iniciativa privada com o objetivo de fazer valer para os cidadãos os direitos assegurados na Constituição Federal. Elas possuem tanto um viés político, caracterizado por uma linha ou ideologia de governo, quanto um viés administrativo, demonstrado por meio da aplicação prática das ações planejadas. As políticas públicas que atendem a interesses constitucionais são denominadas políticas de Estado e idealmente transcendem os governos e se estabelecem por longo prazo. Já aquelas que são iniciativas exclusivas de determinado governo são consideradas políticas de governo. 1.1 DOCUMENTOS PESSOAIS É direito de todo cidadão a posse e uso de documentos que comprovam seu cadastro e identificação junto aos diversos órgãos governamentais. Esses documentos podem ser institucionais (Carteira de Identidade, CPF), servir para o desempenho de atividades específicas (Carteira Nacional de Habilitação) ou para o registro de emprego (Carteira de Trabalho). Veja na Figura 3.1 os principais documentos que uma pessoa pode ter. Figura 3.1: Principais documentos pessoais Carteira de Identidade (RG) Documento de registro geral (RG) de identificação civil no país. Entre outras informações importantes, contém o nome, data de nascimento, origem da pessoa e impressão digital. Certidão de Nascimento Registra, entre outras informações, local e data de nascimento, além da filiação (nomes da mãe e do pai). Sem a Certidão de Nascimento, uma pessoa tem dificuldades para comprovar a própria existência e fica sem acesso aos seus direitos como cidadão. Ca pí tu lo 3 45 1.2 ÓRGÃOS DE SEGURANÇA CIVIL E SOCIAL A segurança civil e social no Brasil é composta pela Segurança Pública e pela Defesa Civil, instituições geridas pelo Estado. Enquanto a Segurança Pública tem como objetivo proteger o cidadão, monitorando, prevenindo e impedindo ações criminosas de qualquer tipo, a Defesa Civil tem o papel de monitorar, prevenir e evitar perdas materiais em função de agressões externas ou desastres naturais. A segurança pública, além de ser um dever do Estado, é exercida pelas polícias federal, rodoviária federal, ferroviária federal, civis, militares e corpo de bombeiros. Outras ações governamentais – como a iluminação dos espaços públicos – e também privadas contribuem para a manutenção da segurança pública. Cadastro de Pessoa Física (CPF) Identifica o cidadão junto à Receita Federal. Embora não seja de porte obrigatório, é comumente solicitado em diversas situações (abertura de conta em banco, compra e venda de bens etc.). Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) Registra todo o histórico da relação entre empregador e empregado, garantindo assim os direitos trabalhistas (FGTS e Previdência Social). Certificado de Alistamento Militar Comprova que o cidadão cumpriu com suas obrigações militares previstas em lei. O alistamento militar é uma exigência constitucional para brasileiros do sexo masculino que devem se apresentar a algum órgão militar no ano em que completar 18 anos. Título de Eleitor Comprova que o cidadão está registrado na Justiça Eleitoral e permite sua participação na vida política do país, sendo obrigatório para pessoas com idade entre 18 anos e 70 anos. É exigido em situações de eleição, assinatura de contratos, aquisição de outros documentos (como o passaporte, por exemplo), participação em concursos públicos etc. Passaporte Obrigatório para todo cidadão que deseja fazer viagens internacionais. Fonte: Cereja (2018). Carteira Nacional de Habilitação (CNH) Obrigatório para quem deseja dirigir qualquer tipo de veículo (moto, carro, caminhão, trator etc.), pois comprova a aptidão do indivíduo para essa função. po lí ti ca s pú bl ica s 46 1.3 O PAPEL DO ESTADO E DA SOCIEDADE NA POLÍTICA DE SEGURANÇA PÚBLICA O Estado, nos âmbitos municipal, estadual e federal, tem o dever de atender à sociedade quanto à segurança pública. Os desafios são numerosos e complexos. Contudo, deve-se ter em mente que a segurança pública é dever de todos, tanto do Estado, por meio dos órgãos competentes de policiamen- to, quanto dos cidadãos, na fiscalização de eventuais situações de delito que firam o bem-estar social – até mesmo aquelas aparentemente insig- nificantes, como parar em fila dupla, avançar o sinal, comprar produtos piratas ou não exigir a nota fiscal de compra. 1.4 ATENDIMENTO PRIORITÁRIO Regulamentado pela Lei Federal no 10.048/2000,que determina prio- ridade obrigatória no atendimento a pessoas com deficiência, idosos, lactantes, gestantes, obesos e pessoas com criança de colo, o chama- do atendimento prioritário deve estar disponível nas repartições públicas, autarquias, concessionárias de serviços públicos (inclusive empresas de transporte) e instituições financeiras. / Autarquias > entes autônomos a serviço do Estado e por ele fisca- lizados e normatizados. Ajudam a descentralizar a administração pú- blica. Exemplos: INSS, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) etc. / Concessionárias de serviços públicos > empresas privadas que exercem atividades em áreas de atuação dos governos. Ou seja, prestam serviços públicos sob a autorização do Estado e podem cobrar por esses serviços. Por exemplo, empresas que administram rodovias ou o abastecimento de água e energia elétrica das cidades. Ca pí tu lo 3 47 2 O respeito ao atendimento prioritário ou preferencial é um exercício de cidadania. É preciso consciência do papel de cada um para que as pessoas possam ter seus direitos respeitados. 2. Princípios e fundamentos da moralidade Toda sociedade expressa a sua percepção do que é certo ou errado com normas que regulam as relações sociais entre os indivíduos e que refletem os costumes comuns de aceitação entre as pessoas. Pode-se dizer que moralidade está associada aos costumes acordados entre os indivíduos e que dão as diretrizes para as condutas sobre direitos e deveres. O filósofo Immanuel Kant, já no século XVIII, descrevia que a moral designa necessariamente um dever imperativo-categórico, ou seja, a obrigação do cumprimento do que é correto a partir do valor que o determina de forma objetiva. Immanuel Kant: filósofo alemão do século XVIII co- nhecido por desenvolver a linha denominada Filosofia Crítica. Dedicou-se à reflexão da natureza do conhecimento, que faz com que o homem se sinta inserido no universo, e defendia que o conhecimento é resultado tanto de juízos universais quanto da experiência sensível. Dessa forma, quando se faz um julgamento sobre a atitude do outro em relação ao certo ou errado, emite-se uma opinião baseada em um juízo moral. po lí ti ca s pú bl ica s 48 2.1 CONCEITOS E PRINCÍPIOS DA ÉTICA Ética e moral sempre foram confundidas como um conceito só, mas são duas coisas distintas, embora intimamente relacionadas e complementares. Enquanto a moral trata de um conjunto de regras e valores de diferentes culturas e grupos sociais, estabelecendo a diferença entre o que é certo e o que é errado, o papel da ética é promover uma reflexão sobre essas regras, sobre a moral. A ética existe para nos fazer entender a complexidade das relações entre os indivíduos, questionando os valores morais a partir de uma pers- pectiva orientada pela dignidade, liberdade e bem-estar humano e social. 2.1.1 Correntes do pensamento ético Tudo começa na Grécia Antiga. O pensamento de Sócrates tenta racionalizar a ética estabelecendo um contraponto entre o bem e o mal por meio da virtude. Platão, outro filósofo grego, lança uma reflexão sobre ética aplicada à política. Da mesma forma, Aristóteles aborda a ética voltada para o indivíduo político-social, muito centrada no ambiente imediato ao redor (a pólis, a cidade). Com as transformações sociais, surgem novas correntes ampliando a abordagem ética para além da pólis. Filósofos como Sêneca, Epitelo (estoicistas) e também Epicuro e Tito (epicuristas) direcionam o pensamento ético para uma moral universal referenciada pela natureza e pela física. / Estoicismo > doutrina criada pelo filósofo grego Zênon de Cítion no século IV a.C. fundamentada nas leis da natureza e que enfatizava a paz de espírito. Para os estóicos, o objetivo do homem é a autossuficiência. Ca pí tu lo 3 49 Com a ascenção da Igreja Católica na Idade Média, a filosofia funda- mentada nos desígnios divinos ganha força, estabelecendo, a partir das revelações das escrituras, uma moral religiosa. Essa filosofia cristã é orientada pelo sentido de perfeição como seguimento à imagem e semelhança de Deus para referenciar os valores morais. A partir daí, (Santo) Agostinho e (São) Tomás de Aquino postulam uma releitura da filosofia grega de Aristóteles e Platão à luz da doutrina teológica emergente da filosofia cristã. Com as mudanças sociais, o protagonismo da ciência e diferentes interpretações e questionamentos sobre o papel da religião na sociedade, a modernidade passa a discutir a ética sob uma perspectiva racionalista, tendo o homem como o centro das discussões. Descartes – filósofo, físico e matemático francês –, no século XVII, descreve a ética como a racionalização do pensamento do homem, o eu pensante. Esse racionalismo abre caminho para o pensamento filosófico de Kant sobre a moral (como visto anteriormente), ampliando a ideia do eu pensante para o indivíduo livre e autônomo. A partir daí, o filósofo alemão Hegel postula que essa autonomia do ser molda o ambiente social e que esse espírito de liberdade seria responsável pela realização moral. No mundo contemporâneo, a ética assumiu dinâmica ao mesmo tempo racional e abstrata, constituída por três correntes, conforme identifica a Figura 3.2. / Epicurismo > ao contrário do estoicismo, o epicurismo é uma filosofia que defende que a realização e a felicidade plena do homem está na busca por prazeres terrenos, desde o amor até bens materiais, passando pelo sexo e pela amizade. O Epicurismo foi criado pelo filósofo grego Epicuro também no século IV a.C. po lí ti ca s pú bl ica s 50 Figura 3.2: As três correntes da ética na atualidade ética HISTORICISMO Liderado por filósofos alemães, defende uma reflexão ética purista, ou seja, há uma preocupação excessiva com a pureza da linguagem sob a luz da razão. RACIONALISMO Resgata a filosofia cartesiana da razão, que tem como fundamento principal a busca pela verdade a partir de elementos concretos que constituam um universo real que prove essa verdade. Porém, dessa vez se apresenta dominado pela natureza. EMPIRISMO Propôe uma reflexão ética baseada nas descobertas sobre a psique humana a partir do desenvolvimento da psicanálise. Fonte: Cereja (2018). 2.1.2 Ética e moralidade As diferentes correntes éticas e o diálogo e reflexão filosóficos sobre o homem e seus diversos papéis na sociedade levaram ao estabelecimento de algumas relações entre ética e moralidade. De acordo com Cortina e Martinez (2005), essas relações podem ser caracterizadas conforme mostra a Figura 3.3: Figura 3.3: Relações entre ética e moralidade A moralidade do dever O homem tem autonomia para seguir os valores morais em função da sua noção do que é correto a fim de manter a ordem e cumprir com seu dever. A moralidade do caráter individual O próprio desenvolvimento pessoal de cada indivíduo, necessário para a vida em sociedade, seria suficiente para determinar sua moralidade. A moralidade como aquisição de virtudes para alcançar a felicidade Os meios que o homem estabelece para si para alcançar sua realização plena determinam valores individuais que levam à sua própria compreensão de felicidade. Ca pí tu lo 3 51 Fonte: Cereja (2018). 2.2 ÉTICA, RELAÇÃO DE PODER E CÓDIGO DE CONDUTA A ética tem, entre outros papéis, o de orientar as atitudes e comporta- mentos do indíviduo inserido em um grupo social, discutindo os princípios e valores morais que devem orientar sua conduta. O governo organiza, por meio de leis e outros dispositivos legais, as diretrizes éticas gerais da atuação do servidor público e de cada órgão e autarquia do Estado. Da mesma forma, órgãos de classes profissionais (médicos, psicólogos, engenheiros, economistas etc.) também estabele- cem códigos de ética de atuação profissional, o que também ocorre nas empresas com suas regras internas de conduta. É importantepara todo profissional conhecer os códigos de conduta ética da empresa em que trabalha. Isso vai orientar o comportamento a ser adotado diante de diversas situações do dia a dia, tanto com os colegas quanto com fornecedores, imprensa e redes sociais. Com a observância ao código, é possível manter uma postura correta dentro dos princípios estabelecidos pela própria empresa, o que se reflete, inclusive, na sua coerência diante dos valores morais conhecidos. Ser consciente sobre as diretrizes de conduta ética é de grande ajuda a todo indivíduo em seu desenvolvimento pessoal e profissional. O acatamento ao código de conduta vale para todos os níveis profissionais. Partindo do princípio básico de que ninguém trabalha só, mas construindo relações ao longo do tempo, é importante estar atento também às atitudes que afetam o coletivo, inclusive para criar e manter um ambiente de trabalho saudável, correto e ético. A moralidade como aptidão para resolver conflitos Como uma moralidade do direito, tanto para a solução de conflitos individuais quanto coletivos, a racionalidade é direcionada para a tomada de decisão pelo indivíduo por meio do diálogo. A moralidade como prática solidária das virtudes comunitárias Ética que se apoia na ideia de que o indivíduo constitui sua personalidade por meio de sua vivência em comunidade e por ela é influenciado moralmente a partir do comportamento de outros membros comunitários. po lí ti ca s pú bl ica s 52 3 2.3 DIFERENÇA ENTRE MORAL E CONSCIÊNCIA MORAL A moralidade em si não garante que o indivíduo vá agir corretamente de acordo com princípios e valores que foram determinados para o grupo social em que está inserido. Para que isso ocorra, é necessário que ele desenvolva consciência moral. Guardando a individualidade de cada um, é ela que vai determinar as atitudes, pois a consciência moral faz emergir a reflexão de responsabilidade sobre cada decisão em curso. A consciência moral é como uma ordem interior que, recorrendo ao conjunto de aprendizados sobre o certo e o errado, leva o indivíduo a atuar de acordo com esses preceitos pessoais. À medida em que as pessoas atuam de forma ética e presenciam o resultado das atitudes corretas, vão alimentando suas consciências críticas e se tornando pessoas melhores a cada dia. 3. Educação no trânsito A educação no trânsito é fundamental para que pedestres, motoristas e usuários de meios de transporte possam conviver de forma harmoniosa no dia a dia. Para isso, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) promove e divulga campanhas educativas com o intuito de tornar as pessoas mais conscientes de sua responsabiliade sobre a qualidade do trânsito. A criação de leis de trânsito tem como objetivo regulamentar a utilização das vias públicas de circulação de veículos e pedestres, facilitando o fluxo e o deslocamento de todos. No Brasil, a determinação sobre normas, regras e leis de trânsito está sob a competência do governo federal. Para dar organização às diversas esferas administrativas de atuação sobre essas leis, existe o Sistema Nacional de Trânsito, representado por diversos órgãos em nível federal, estadual e municipal, entre eles o Conselho Nacional de Trânsito (Contran), os Conselhos Estaduais de Trânsito (Cetrans), o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) e os Departamentos Estaduais de Trânsito (Detrans). Ca pí tu lo 3 53 O Detran é o ente que fiscaliza o trânsito nos estados, determinando as normas que os condutores de veículos devem seguir e executando avaliações para que eles obtenham a Carteira Nacional de Habilitação. Por sua vez, o Denatran tem atribuições semelhantes às do Dentran, mas em nível nacional. 3.1 DIREÇÃO DEFENSIVA A chamada direção defensiva (ou condução defensiva) tem uma importância abrangente, pois consiste no conjunto de procedimentos que todo condutor deve conhecer para prevenir situações de infração e acidentes de trânsito, aumentando a atenção e a segurança para todos. A direção defensiva é matéria aprendida durante o curso de habilitação em autoescolas ou em cursos especializados para profissionais do trânsito, motoristas e condutores. Há dois tipos de direção defensiva: a preventiva e a corretiva. A primeira ensina a prevenção de riscos iminentes que podem provocar acidentes ou infrações. A segunda refere-se à correção (com antecedência) de atitudes em situações não previstas. A direção defensiva preventiva remete à conduta do motorista no dia a dia. Suas ações ao volante devem estar todo o tempo sob sua total atenção e consciência. Já a direção defensiva corretiva é aquela aplicada apenas a situações em que há risco iminente de acidente, situações em que se deve agir rapidamente para evitar batidas, atropelamentos, capotamentos etc. O Denatran possui um manual denominado “Direção defensiva: trânsito seguro, um direito de todos”, no qual você encontra todas as informações sobre segurança no trânsito. É um conteúdo que interessa a motoristas e pedestres e que todo cidadão deve ter conhecimento para contribuir com a melhoria do trânsito. Você pode ter acesso a esse manual pela internet, no site do Detran. po lí ti ca s pú bl ica s 54 3.2 NOÇÕES DE PRIMEIROS SOCORROS Entende-se por primeiros socorros o atendimento em situações emergenciais nas quais uma atuação imediata pode ser necessária para manter a pessoa com vida até que a ajuda profissional aconteça, seja por meio da chegada do socorro apropriado ou pela remoção do ferido até um local de atendimento específico. Nem todas as pessoas estão preparadas para prestar primeiros socorros. No ambiente de trabalho, por exemplo, existem equipes que recebem treinamento anual a fim de cumprir com as exigências da Norma NR 7 do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que prevê a capacitação e orientação obrigatórias quanto às técnicas básicas de primeiros socorros visando à segurança e atendimento de vítimas dentro do ambiente da empresa. De qualquer forma, é importante que todos os colaboradores estejam atentos a algumas regras de comportamento em situações emergenciais, apresentadas na Figura 3.4. Figura 3.4: Regras de comportamento em primeiros socorros Mantenha-se calmo e confiante É importante ter uma atitude positiva, que não agrave ainda mais uma situação que já parece crítica. Procure passar confiança à pessoa vitimada com o objetivo de evitar o pânico. Chame uma ambulância ou peça para que alguém o faça Saber que a ajuda especializada está a caminho contribui para acalmá-lo e também à vítima, gerando uma expectativa positiva para a solução da situação emergencial. Mantenha os curiosos afastados Quando muita gente sem preparo resolve se envolver, mesmo com boa intenção em ajudar, o processo pode ser prejudicado, pois essas pessoas acabam atrapalhando ou mesmo agravando a situação. Procure manter a vítima consciente Converse calmamente com a vítima, fazendo perguntas pontuais sobre informações comuns (endereço onde mora, telefone para contato, o que faz etc.). Não dê alimentos Ao contrário do que muita gente pensa, não é adequado fornecer alimentos (sólidos ou líquidos) a vítimas de acidentes de qualquer tipo, pois não se conhece seu estado de saúde. Fonte: Cereja (2018). Ca pí tu lo 3 55 44. Protagonismo juvenil e cidadania A cidadania é praticada por meio do exercício de direitos e deveres em todos os âmbitos da vida em sociedade. Nesse sentido, diante de mudanças sociais cada vez mais intensas, é preciso promover a educação de jovens para que sejam pessoas que reflitam sobre os desafios da sociedade moderna e seus impactos sobre suas vidas e a vida de pessoas ao seu redor. Desde a década de 1990, o Programa das Nações Unidas para o De- senvolvimento (PNUD) vem trabalhando um modelo de educação base- ado no paradigma do desenvolvimento humano voltado para a formação de jovens frente aos desafios do século XXI. Em resumo,
Compartilhar