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Visão Histórica da Adolescencia

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Visão histórica e perspectiva atual da adolescência
 O que é “Adolescência”?
O crescimento somático e o desenvolvimento de habilidades psicomotoras se intensificam e os hormônios atuam intensamente levando a mudanças relevantes de forma e expressão, tais como as mudanças biológicas, psicossociais, cognitivas, morais e, até mesmo espirituais.
A passagem da infância para a adolescência, nas sociedades urbanas contemporâneas, conduz o adolescente a grandes mudanças comportamentais, relacionais e de valores.
 As transformações dessa fase da vida fazem com que os adolescentes, muitas vezes, sejam vistos como um grupo estranho ou incompreensível, quando observados sob a perspectiva dos adultos. 
Isso contribui para os conflitos entre as gerações, e para a prevalência de estereótipos e preconceitos.
O contexto socioeconômico influencia comportamentos, expectativas de futuro, exigências sociais e formas de participação cultural, seja na área urbana, seja na rural. 
Também influencia experiências familiares, segundo diferentes configurações sociais e econômicas, em zonas de violência, no seio de minorias religiosas e étnicas (como entre indígenas e migrantes estrangeiros) etc.
ONU – 15 a 24 anos;
OMS – 10 a 19 anos;
ECA – 12 a 18 anos
 Idade Antiga
 (4000 a. C. a 3500 a. C.)
ROMA: A mãe era responsável pelo crescimento físico e moral da criança. Entretanto, a educação da criança caberia à mãe até os 7 anos de idade, após, a educação seria exclusiva do pai, por ele ser considerado o verdadeiro educador. Os meninos romanos da elite, aos 12 anos, deixavam o ensino elementar e passavam a estudar os autores clássicos e a mitologia, com o objetivo de adornar o espírito. Aos 14 anos, 
abandonavam as vestes infantis, tendo o direito de fazer tudo o que um jovem gostasse de fazer. Aos 16 ou 17 anos, podiam optar pela carreira pública ou entrar para o exército. 
Não existia “maioridade” legal: o indivíduo era considerado impúbere até que o pai ou o tutor considerasse que estava na idade de tomar as vestes de homem e cortar o primeiro bigode.
No período entre a puberdade e o casamento, a indulgência dos pais era admissível, devia-se conceder algum privilégio ao calor da juventude. Por outro lado, as meninas, aos 12 anos, eram consideradas em idade de casar-se. O casamento se consumava, no máximo, aos 14 anos, quando então eram consideradas adultas.
Ao longo do século II, difundiu-se uma nova moral que confinava a prática sexual ao casamento. Época em que os médicos prescreviam a ginástica e os estudos filosóficos para tirar dos jovens a “energia venérea”, que podia englobar tanto o sexo, quanto o consumo do álcool. 
Nesse período, acrescentaram-se mudanças na concepção de maioridade. A passagem à idade de homem adulto já não era um fato físico reconhecido por um direito habitual, e sim uma ficção jurídica: de impúbere passava-se a menor legal (Grossman, 1998). Crianças e aos adolescentes NÃO eram considerados como merecedores de proteção especial.
Nívea Barros assinala que: “No Oriente Antigo, o Código de Hamurábi (1728/1686 a.C.) previa o corte da língua do filho que ousasse dizer aos pais adotivos que eles não eram seus pais, assim como a extração dos olhos do filho adotivo que aspirasse voltar à casa dos pais biológicos (art. 193). Caso um filho batesse no pai, sua mão era decepada (art. 195). Em contrapartida, se um homem livre tivesse relações sexuais com a filha, a pena aplicada ao pai limitava-se a sua expulsão da cidade” (art. 154).
Nos ensinamentos de Maria Regina de Azambuja: “Em Roma (449 aC), a Lei das XII Tábuas permitia ao pai matar o filho que nascesse disforme mediante julgamento de cinco vizinhos (Tábua Quarta, nº 1), sendo que o pai tinha sobre os filhos nascidos de casamento legítimo o direito de vida e de morte e o poder de vendê-los (Tábua Quarta nº2). Em Roma e na Grécia Antiga, a mulher e os filhos não possuíam qualquer direito. O pai, o chefe da família, podia castigá-los, condená-los e até excluí-los da família.”
GRÉCIA: Na Grécia Antiga, as crianças nascidas com alguma deformidade eram sacrificadas.
Em Atenas, o tipo de educação regulamentada pelo Estado determinava que a criança deveria receber a educação no seio da família e nas escolas particulares. Em Atenas, a educação tinha por base a ideia de que sua cidade-Estado se fortaleceria à medida que cada menino viesse a desenvolver, de forma integral, as suas melhores aptidões individuais. 
Em Esparta, crianças eram tidas como objeto estatal, servindo aos interesses políticos na preparação de seus contingentes guerreiros, o espartano vivia, permanentemente, com a espada em punho. 
Às meninas eram atribuídos apenas serviços domésticos, enquanto, aos homens, era atribuído um objetivo maior, pois, deveriam ser preparados para exercerem a cidadania. 
Na Grécia Antiga, os jovens eram submetidos a um verdadeiro adestramento, cujo fim seria inculcar-lhes as virtudes cívicas e militares; aos 16 anos, podiam falar nas assembleias; A maioridade civil era atingida aos 18 anos, ocasião em que eram inscritos nos registros públicos da cidade; A ginástica era bastante utilizada para o desenvolvimento físico e moral das crianças e jovens. As moças faziam exercícios esportivos a fim de adquirir saúde e vigor para seu futuro de mães de família. Casavam-se aos 15 ou 16 anos; via-se a fase da puberdade como um período de preparação para os afazeres da vida adulta: no caso do sexo masculino, a guerra ou a política; no caso do sexo feminino, a maternidade.
 Idade Média
 (476 d.C) - (1453 d.C) 
Marcada pelo crescimento da religião cristã; Deus falava, a Igreja traduzia e o monarca cumpria a determinação divina; O homem não era um ser racional, mas um pecador e, portanto, precisava seguir as determinações da autoridade religiosa;
As crianças e adolescentes eram considerados adultos em miniatura necessitando apenas de crescer em termos quantitativos em todos os aspectos físicos e mentais da espécie humana. Através dos concílios a igreja outorgou proteção aos menores, prevendo e aplicando penas corporais e espirituais para os pais que abandonavam ou expunham seus filhos; 
Os filhos nascidos fora do matrimônio eram discriminados, já que indiretamente atentavam contra a instituição sagrada (prova viva da violação do modelo moral determinado à época).
Corporações de Ofício: forma de seguir uma profissão (mestres, aprendizes e jornaleiros). Entre os nobres, para os mais jovens havia o treinamento para se tornar cavaleiro. O casamento costumava ser realizado entre 12 ou 15 anos, com a noiva mais nova que o noivo. A partir do séc. XII, a Igreja Católica passou a exigir o consentimento mútuo dos noivos para a união.
Surge a ideia de fases, ou idades da vida. Sob a influência de Aristóteles, as fases correspondiam a períodos de sete anos. A segunda idade era chamada de pueritia e ia dos sete aos 14 anos. A terceira idade (dos 14 aos 21 anos) era chamada de adolescência, porque a pessoa estaria pronta para procriar. Para alguns, a adolescência terminava no vigésimo primeiro ano, mas, para outros, durava até os 28 anos, podendo ser estendida até os 30-35 anos.
Santo Agostinho (séc. V), abordou questões que considerava relevantes em relação aos jovens, inclusive certa aversão à escola, sugerindo uma educação mais jovial, alegre, tranquila e com brincadeiras.
 Idade Moderna
 (1453) - (1789)
O colégio tornou-se, então, uma instituição essencial da sociedade, local de instrução e educação. As práticas escolares se destinavam à faixa etária dos 10 aos 25 anos, não havendo a preocupação da separação da população escolar em classes determinadas por faixas etárias.
Rosseau (séc. XVIII) – tratado sobre a natureza humana e a educação: 
Adolescência: período de maior instabilidade e conflito emocional, os quais eram provocados pela maturação biológica. Tanto as mudanças biológicas quanto as sociais eram acompanhadas por uma mudança nos processos psicológicos, incluindo o desenvolvimentoda capacidade de pensar com lógica.
O raciocínio era desenvolvido na adolescência, motivo pelo qual, aconselhava que a educação prosseguisse depois dos 12 anos. Adolescência como um renascimento. Tanto a criança quanto o adolescente não eram iguais ao adulto.
A infância passa a ser encarada como um momento privilegiado da vida, e a criança é identificada como uma pessoa. Nesse momento, a figura do adolescente é delineada com precisão. Alguns marcos indicam o início e o fim dessa etapa: esse período é delimitado, no menino, como o que se estende entre a primeira comunhão e o bacharelado, e na menina, da primeira comunhão ao casamento.
As teorias de Freud começaram a ter mais vulto e a sexualidade, que até então focava apenas a reprodução, começou a ser vista como parte integrante do desenvolvimento do ser humano.
 Idade Contemporânea 
 (1789) – 
O século XX foi um período em que as guerras marcaram o desenvolvimento da adolescência. • Para Hall (1925) a adolescência era basicamente biológica. A adolescência era entendida como zona de turbulência e contestação. Stanley Hall, descreveu esse período como uma época de emotividade e estresse aumentados. Legitimou a adolescência como uma etapa que requer estudo e atenção, inaugurando, assim, o estudo científico da adolescência.
As modificações ocorridas no interior das famílias trouxeram novas posições para seus membros, inclusive o adolescente, pois NÃO era mais o gênero que definia os papéis. Até o final do século XIX [...], a criança foi vista como um instrumento de poder e de domínio exclusivo da Igreja. Somente no início do século XX, a medicina, a psiquiatria, o direito e a pedagogia contribuem para a formação de uma nova mentalidade de atendimento à criança, abrindo espaços para uma concepção de reeducação, baseada NÃO somente nas concepções religiosas, mas também científicas.
Em 1919, foi criado o Comitê de Proteção da Infância, quando de fato houve a efetivação no direito internacional sobre as obrigações coletivas em relação às crianças. 
1946: O Conselho Econômico e Social das Nações Unidas recomenda a adoção da Declaração de Genebra. Logo após a II Guerra Mundial, um movimento internacional se manifesta a favor da criação do Fundo Internacional de Emergência das Nações Unidas para a Infância –UNICEF 
1948: A Assembleia das Nações Unidas proclama em dezembro de 1948 a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Nela, os direitos e liberdades das crianças e adolescentes estão implicitamente incluídos.
1959: Adota-se por unanimidade a Declaração dos Direitos da Criança, embora este texto não seja de cumprimento obrigatório para os Estados-membros. 
1969: É adotada e aberta à assinatura na Conferência Especializada Interamericana sobre Direitos Humanos, em San José de Costa Rica, em 22/11/1969, estabelecido que, todas as crianças têm direito às medidas de proteção que a sua condição de menor requer, tanto por parte de sua família, como da sociedade e do Estado.
A Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança (1989) foi um marco bastante significativo, pois foi a partir dela que se estabeleceram bases para a implantação de uma doutrina de proteção integral. Seus efeitos foram tão significativos que, logo em seguida, outras medidas visando à proteção à infância foram tomadas, tais como a Cúpula Mundial de Presidentes (estabelecendo o plano de ação de 10 anos em favor da infância) e a instituição do Estatuto da Criança e do Adolescente no Brasil, por meio da Lei nº 8.069/90.
Brasil – República: Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, em 24 de fevereiro de 1891, que NÃO mencionava garantias de proteção à criança e ao adolescente. Código de Menores de 1927: modificou o entendimento quanto à culpabilidade, à responsabilidade e ao discernimento das crianças e adolescentes. 
Foi nesse Código que o termo “menor”, foi utilizado para designar aqueles que se encontravam em situações de carência material ou moral, além das infratoras”.
A Constituição de 1934, no Título IV que se refere “Da Ordem Econômica e Social”, no art. 138, fez, pela primeira vez faz menção quanto aos direitos da criança e do adolescente. 
A promulgação da Constituição de 1934 levantou questões pertinentes à proteção ao trabalho de crianças e adolescentes, com repressão ao trabalho noturno de menores com idade inferior 16 anos e proibição de trabalho em indústrias insalubres aos menores de 18 anos, além da previsão de amparo à maternidade e à infância.
O advento do Código Penal de 1940 alterou o Código de Menores de 1927, determinando a responsabilidade penal aos 18 anos. Em 1941, foi criado o Serviço de Assistência ao Menor (SAM) - menores carentes abandonados e infratores – punição, prisão. 
Em 1964, Fundação Nacional do Bem-estar do Menor (FUNABEM) – integração a família e a comunidade. Em 1979, surge o Código de Menores, com estrutura principal em conformidade com aquele instituído em 1927, ou seja, com o mesmo cunho assistencialista e repressivo. Essa nova forma levou ao surgimento da expressão “menor em situação irregular”.
Com o advento da Constituição de 1988, que deu maior ênfase no que diz respeito à proteção e à garantia dos direitos da criança e do adolescente, tirando a responsabilidade plena do Estado e atribuindo-a também à família e à sociedade, conforme disposto no art. 227 do Diploma Jurídico de 1988: “Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.”
No seguimento, o § 4º do mesmo dispositivo estabelece normas punitivas na forma da lei sobre o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do adolescente, causando claramente o rompimento com a Doutrina da Situação Irregular existente e abraçando a Doutrina da Proteção Integral Consubstanciada em nossa Carta Magna. A população infanto-juvenil deixa de ser tutoria/discriminatória para tornar-se sujeito de direitos.
Estatuto da Criança e do Adolescente 
 (Lei n. 8.069/90)
Doutrina de Proteção Integral. Os Direitos da Criança e do Adolescente encontram fundamento jurídico essencial na Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança, na Constituição da República Federativa do Brasil, no Estatuto da Criança e do Adolescente e nas Convenções Internacionais de Proteção aos Direitos Humanos. Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) teve seu surgimento a partir da experiência de indignação nacional e pressões internacionais a favor das crianças e dos adolescentes, que prima por mudanças na política de tratamento às crianças e dos adolescentes enquanto sujeitos de direito. Foi no Estatuto da Criança e do Adolescente que crianças e adolescentes passaram a ser reconhecidos como “sujeitos de direitos” de “prioridade absoluta”.
Assim sendo, os direitos da criança e do adolescente encontram-se espalhados em um sistema de direitos fundamentais. O ECA traz consubstanciado no art. 4º, 7º e no caput do art. 19 o direito à vida, à saúde e à convivência familiar e comunitária. Estabelece, ainda, em seu art. 5º, que “nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, sendo punido na forma de lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais” No art. 15 do ECA, que afirma ser tanto crianças quanto adolescentes pessoas em desenvolvimento e sujeitos de direitos civis, humanos e sociais como garante-lhes a Constituição Federal de 1988.
Há também previsão legal quanto aos Conselhos Tutelares (art. 131), que, relacionada à essa política, visam à proteção e à defesa dos direitos da criança e do adolescente. Nesse sentido, o ECA, no caput do art. 13, dispõe que, nos casos em que haja suspeitaou confirmação de maus-tratos, deve-se obrigatoriamente “[...] comunicar ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras providências”.

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