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AÇÃO CIVIL PUBLICA CERTA

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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA COMARCA DE FLORIANÓPOLIS – SC.
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SANTA CATARINA, por intermédio do Promotor de Justiça in fine assinado, no uso de suas inerentes atribuições constitucionais e legais, com fundamento no artigo 129, inciso III, da Constituição da República, no artigo 25, inciso III, da Lei 8.625, no artigo 72, inciso XIII, da Lei Complementar nº. 738 do Estado da Santa Catarina (Lei Orgânica do Ministério Público do Estado de Santa Catarina), e, em especial, nos artigos 19 e 90, vem, perante Vossa Excelência, oferecer 
AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA
Em desfavor do:
MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS, pessoa jurídica de Direito Público interno, inscrita no CNPJ sob o nº 82.892.282/0001-43, com sede na Rua Tenente Silveira, Edifício Da Secretaria Estadual Da Fazenda, nº 60, Bairro centro, Florianópolis/SC, CEP 88.010-300.
INSTITUTO DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SANTA CATARINA - IMA, inscrito no CNPJ sob nº 83.256.545/0001-90, com sede na Avenida Mauro Ramos, nº 428, Bairro Centro - Florianópolis/SC, CEP 88.020-300.
CONDOMINIO JARDIM SANTINHO, inscrito no CNPJ sob nº 29.258.840/0001-30, situado na Servidão Joao Manoel Vieira, s/n, Bairro Ingleses Do Rio Vermelho, na cidade de Florianópolis, Santa Catarina, CEP: 88.058-733.
1. DOS FATOS
Foi noticiado a esta Promotoria de Justiça, por meio de denúncia anônima que, o IMA - Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina juntamente com a prefeitura de Florianópolis concederam licenças ambientais indevidas ao Condomínio Jardim Santinho.
Dessa forma, ante as investigações, restou apurado pelo relatório emitido pela Floram (Fundação do Meio Ambiente) em conjunto com a PMA (Polícia Militar Ambiental) que parte do Condomínio Jardim Santinho está localizado na APP - Área de Preservação Permanente, no Parque Natural Municipal Lagoa do Jacaré das Dunas do Santinho em Florianópolis. 
Segundo consta, verificou-se por meio do referido relatório acostado aos autos, que o condomínio construiu duas edificações, uma estação de tratamento de esgoto, 81 metros de rua pavimentada e inseriu oito lotes na APP e dentro dos limites da unidade de conservação municipal.
Ainda, na vistoria realizada, foi constatado que da área total de aproximadamente 19 mil metros quadrados do condomínio, cerca de 8,6 mil metros quadrados estariam sobre a APP e dentro do parque municipal.
Ante exposto, restou evidenciado que não cabe aos referidos entes deliberar pela concessão de licenças ambientais em Áreas de Preservação Permanente.
2. DA LEGITIMIDADE ATIVA
O Ministério Público é parte legítima para a presente ação, uma vez que lhe cabe promover ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos, tudo com base no art. 129 da Constituição Federal.
A legitimidade ad causam do Parquet é a sua “veia processual ativa”, através da qual possibilita-lhe o acionamento da máquina judiciária. Apesar de também exercer funções extraprocessuais, a possibilidade do Ministério Público acionar a máquina do Judiciário, invocando a tutela jurisdicional, torna concreto real, vivo, o seu papel de defensor dos interesses sociais e individuais indisponíveis.
Como órgão agente, o Ministério Público age em nome próprio para defesa de interesses determinados, em face da necessária inércia do Estado Judiciário e pela necessidade imperiosa do Poder Público não quedar inerte frente a certas situações de violação a interesses superiores.
 
Está o Ministério Público autorizado pela Constituição da República de 1988 a acionar em juízo quando avultar interesse que lhe incumbe defender, a partir do balizamento do comando de seu art. 127: interesses sociais e individuais indisponíveis.
Por outro lado, também é fácil constatar a legitimidade ativa ministerial para presente causa, em face do que preconiza o art. 129, III, determinando competir ao Ministério Público zelar pelo efetivo respeito dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados na própria Constituição Federal, promovendo as medidas necessárias a sua garantia.
Deste modo, é incontroversa a legitimidade ativa do Parquet para defender, em juízo, os interesses difusos e coletivos, fiscalizando e buscando a promoção das iniciativas necessárias e pertinentes para zelar pela efetiva prestação e qualidade de todas as ações e serviços relacionados a proteção do patrimônio público e social, bem como, do meio ambiente, por tratar-se de serviços de relevância pública.
2.1. DA LEGITIMIDADE PASSIVA
Na ação civil, a legitimidade passiva se estende a todos os responsáveis pelos atos que originaram a ação, podendo ser pessoas físicas, jurídicas, de direito público ou privado, desde que atente contra qualquer dos bens juridicamente tutelados na ação civil pública.
Desse modo, é Inconteste, a legitimidade passiva do Município de Florianópolis/SC, do Instituto do Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina – IMA e do Condomínio Jardim Santinho, face aos fundamentos legais e constitucionais que lhe impõem a obrigação solidária das ações e serviços que constituíram em conjunto, reforçados pelo contexto fático descrito. 
3. DA NECESSIDADE DE TUTELA DE URGÊNCIA
Imperativo que seja concedida, em caráter liminar, a tutela impositiva de obrigação de fazer nos termos pleiteados, posto que presente os pressupostos cautelares do fumus boni iuris e do periculum in mora, necessários e indispensáveis para a caracterização da tutela de urgência.
A propósito disso, insta atentar para o fato de que a urgência acaba sendo um atributo natural à defesa do meio ambiente como direito fundamental de terceira dimensão, pois considerando a relevância do equilíbrio ambiental, pode haver irreversibilidade de danos inerentes a toda coletividade.
Considerando a urgência e a indispensabilidade do Poder Judiciário em assegurar a eficaz e imediata concretização de ações que impliquem na garantia desse direito difuso fundamental, requer a tutela de urgência sob pena da espera pelo provimento final implicar perecimento do direito (periculum in mora).
 
 Principalmente no caso do direito ao meio ambiente, há o reconhecimento de um direito originário a prestações, no sentido haver a necessidade de garantir a proteção, diretamente deduzida da Constituição.
Assim, diante dos contornos objetivos e subjetivos do caso concreto, visto que, conforme demonstrado pelos documentos que instruem a presente ação, a ausência de um comando judicial imediato poderá fazer com que a APP tenha percas ainda maiores, dada à aparência, probabilidade, visibilidade e plausibilidade do direito subjetivo dos cidadãos tutelados em obter um Meio Ambiente Ecologicamente Sustentável. Portanto, é necessário o restabelecimento das áreas ocupadas, tornando, imprescindível concessão da tutela pleiteada, independentemente da oitiva da parte contrária.
Ainda, sobre o periculum in mora, valioso frisar que a medida pleiteada, e que se espera ver determinada pelo Poder Judiciário, é essencial para a manutenção da preservação do Parque, que vem sendo tomado sorrateiramente e em grande proporção, ocasionando a redução de bem de todos.
4. DOS FUNDAMENTOS DE DIREITO
A Constituição Federal, consoante o artigo 225, elege que o meio ambiente é um bem de uso comum do povo e um direito de todos os cidadãos, das gerações presentes e futuras, estando o Poder Público e a coletividade obrigados a preservá-lo e a defendê-lo:
Segundo a Lei nº 12.651/12, dentro do conceito de meio ambiente, considera-se Áreas de Preservação Permanente, como:
II - Área de Preservação Permanente - APP: área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas;
Art. 7º A vegetação situada em Área de Preservação Permanente deverá ser mantida pelo proprietário da área, possuidorou ocupante a qualquer título, pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado.
§ 1º Tendo ocorrido supressão de vegetação situada em Área de Preservação Permanente, o proprietário da área, possuidor ou ocupante a qualquer título é obrigado a promover a recomposição da vegetação, ressalvados os usos autorizados previstos nesta Lei.
Como é cediço, o município não pode estabelecer atos que alterem os limites estabelecidos no Código Florestal, isso pela própria determinação do seu parágrafo único, salvo para ampliar o limite de proteção: 
Parágrafo único. No caso de áreas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, em todo o território abrangido, observar-se-á o disposto nos respectivos planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os princípios e limites a que se refere este artigo."
Dessa forma, é preocupante a ocupação desordenada que vem ocorrendo no Município de Florianópolis, sendo certo que os proprietários não respeitam sequer uma faixa mínima de preservação. 
As sequelas à flora e à fauna pela intervenção em áreas de preservação permanente, em razão de construções ilegais, na maioria das vezes, são irreversíveis, isso por que, os riscos causados com a intervenção do homem na natureza aumentam quando as vias de habitações da população estão muito próximas das áreas naturais.
A própria presença do homem na natureza, em virtude do atos praticados sem a preocupação com o solo e com a biodiversidade, propiciam a erosão, o assoreamento dos cursos d’água, a alteração negativa das condições climáticas, dentre outras formas de degradação ambiental.
4.1 DO DANO MATERIAL
O meio ambiente é um patrimônio da humanidade e um direito fundamental do homem, defendido pela Constituição Federal e Estadual, por leis infraconstitucionais e outros atos normativos, conforme veremos a seguir:
A conduta do réu do Municio e no IMA ao conceder o licenciamento como autorização ao uso deliberado da APP, bem como, ao ter o Condomínio diante de suas ações, quais sejam, construir edificações, pavimentações e rede de esgotos, configura uso nocivo da propriedade. Conforme expresso no Código Florestal:
Art. 2º As florestas existentes no território nacional e as demais formas de vegetação nativa, reconhecidas de utilidade às terras que revestem, são bens de interesse comum a todos os habitantes do País, exercendo-se os direitos de propriedade com as limitações que a legislação em geral e especialmente esta Lei estabelecem.
§ 1º Na utilização e exploração da vegetação, as ações ou omissões contrárias às disposições desta Lei são consideradas uso irregular da propriedade, aplicando-se o procedimento sumário previsto no inciso II do art. 275 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil, sem prejuízo da responsabilidade civil, nos termos do § 1º do art. 14 da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, e das sanções administrativas, civis e penais.
Assim, diante dos atos das partes Rés, que violam a referida norma, cabe a responsabilização civil, que se tratando do meio ambiente será objetiva, ou seja, não há a necessidade da prova da culpa, bastando à existência do dano, da conduta e do nexo causal entre o prejuízo sofrido e a ação do agente.
Ademais, o Art. 225 da Constituição Federal, também que estabelece que a responsabilização dos agentes causadores do dano:
 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas e jurídicas, às sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
Nesse sentido tem-se, o julgado do Tribunal de Alçada Paranaense:
AGRAVO DE INSTRUMENTO- AÇÃO CIVIL PÚBLICA -LIMINAR – RESPONSABILIDADE POR DANOS CAUSADOS AO MEIO AMBIENTE – LIMITAÇÃO ADMINISTRATIVA. 1. A fruição da propriedade e da posse, não pode legitimar a degradação do meio ambiente, em áreas de preservação permanente. 2. Constitui uso nocivo da propriedade, destinação diversa daquela determinada pelo Código Florestal, nas áreas de preservação permanente, desrespeitando-se a limitação administrativa, cuja responsabilidade no direito ambiental é objetiva. 3. A preservação e a recomposição de mata ciliar é um imperativo que se impõe ao proprietário de terras, constituindo-se em obrigação propter rem. 4. Considera-se de preservação permanente, as florestas e demais formas de vegetação natural, situadas ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água, desde o seu nível mais alto em faixa marginal, cuja largura é fixada no Código Florestal (art. 2º). 5. As florestas de preservação permanente, instituídas, no art. 2º, do Código Florestal, são consideradas as propriedades como de limitações administrativas. 6. Terrenos reservados são faixas de terras particulares, marginais dos rios, lagos e canais públicos, como define o Código de Águas. 7. Configura limitação administrativa à propriedade, visando a proteção ambiental, a definição, como área de preservação permanente, das florestas e demais formas de vegetação natural situadas ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água. Tal limitação, não importa em violação do direito de propriedade, tampouco infringe qualquer direito.”(Agravo de Instrumento nº 130883000, Ac.: 10902, 1ª Câmara Cível do TAPR, Rel. Juiz Lauro Augusto Fabrício de Melo. j. 13.04.1999, Publ. 07.05.1999)
Outrossim, em se tratando de matéria de reponsabilidade dos danos causados, a que se ressaltar o Princópio do Poluidor pagador, um dos princípios norteadores do Direito Ambiental, que diz:
O princípio do poluidor pagador preconiza que os custos decorrentes da prevenção da poluição e controle do uso dos recursos naturais assim como os custos da reparação dos danos ambientais não evitados (“custos da poluição”) sejam suportados integralmente pelo condutor da atividade econômica potencial ou efetivamente degradadora, que, portanto, internalizará os custos da poluição ao invés de externalizá-los para o Estado e, consequentemente, para a sociedade.
Ora, isso quer dizer que a incolumidade do meio ambiente não pode ser comprometida por interesses individuais, assim como a responsabilidade civil objetiva na seara ambiental, informada pelos princípios do poluidor-pagador e da reparação in integrum, não pode ser elidida pela aplicação do princípio da bagatela.
No caso em questão, os danos causados chegam a ser desastrosos, a construção de edifícios e compartimentos, desmatou grande área de vegetação e desestruturou todo o arranjo biótico e abiótico local.
Assim, é inegável a aplicação do princípio do poluidor-pagador, ao ferir direito fundamental, indisponível e intergeracional a um meio ambiente equilibrado, constitucionalmente consagrado no art. 225 da CF.
A recusa de aplicação ou aplicação parcial dos princípios do poluidor-pagador e da reparação in integrum arrisca projetar, moral e socialmente, a nociva impressão de que o ilícito ambiental compensa.
Segundo os arts. 4º, VII, e 14, § 1º, da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/81), e do art. 3º da Lei 7.347/85, por força dos princípios do poluidor-pagador e da reparação in integrum, admite-se a condenação do réu, simultânea e agregadamente, em obrigação de fazer, não fazer e indenizar, por isso, requer, sejam condenadas as partes e obrigada a todos os pedidos da inicial. 
4.2 DO DANO MORAL
Segundo o artigo 1º da Lei 7.357/85, a Ação civil é instrumento adquequado ao reparação de danos efetivamente causados ao meio ambiente, in verbis:
Art. 1º  Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados:       
 l - ao meio-ambiente;
O dano ambiental será considerado quando houver lesão ao meio ambiente, abrangendo os elementos naturais, artificiais e culturais, como bem de uso comum do povo. Assim, em se tratando de bem da coletividade, será considerado o dano ambiental, para fins de reparabilidade, conhecido como dano moral coletivo.
O dano moralcoletivo será portanto, aquele sofrido pela sociedade em virtude da degradação dos bens ambientais e seus elementos corpóreos e incorpóreos, em observância a Constituição Feral que determina a necessidade de estabelecer a responsabilidade civil do agente, que pratica ato danoso à uma coletividade.
No caso em comento, restaram os danos evidenciados, ante a decorrência da agressão a bens e valores ambientais, é dizer, a ação empregada pelos agentes, geraram grandes perdas, colocando em risco todo um ecossistema local. 
Ainda,, por ser bem público, gera repercussão geral, impondo conscientização coletiva à sua reparação, a fim de resguardar o direito das futuras gerações a um meio ambiente ecologicamente equilibrado. O dano moral coletivo ambiental atinge direitos de personalidade do grupo massificado, sendo desnecessária a demonstração de que a coletividade sinta a dor, a repulsa, a indignação, tal qual fosse um indivíduo isolado.
Em consonância, expressa o entendimento do Tribunal de Justiça:
RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA AMBIENTAL. SÚMULA 284/STF. DANO AMBIENTAL E DEVER DE INDENIZAR. DESMATAMENTO DE FLORESTA NATIVA. SOLIDARIEDADE. LICENÇA OU AUTORIZAÇÃO AMBIENTAL. REEXAME DE FATOS E PROVAS. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. DANO MORAL COLETIVO. CABIMENTO. CRITÉRIO DO METRO QUADRADO OU HECTARE DEGRADADO. SÚMULA 126 DO STJ. ALÍNEA C. PREJUDICADA 1. Cuida-se, na origem, de Ação Civil Pública ajuizada pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso com o fito de condenar o ora recorrente a recuperar a área degradada e ressarcir dano ambiental material e moral coletivo. 2. A Corte de origem entendeu que ficou demonstrado nos autos que o recorrente desmatou área rural sem a devida autorização do IBAMA e que houve dano moral coletivo, existindo, portanto, o dever de indenizar. Rever tal conclusão demanda reexame dos fatos e provas constantes dos autos, o que é vedado ao Recurso Especial, nos termos da Súmula 7/STJ. Licença ou autorização posterior ao dano ambiental causado não o legitima, regulariza ou sana, nem o expurga de ilicitude ou faz as vezes de salvo-conduto retroativo. Ademais, a responsabilidade civil objetiva, ilimitada e solidária pelo dano ambiental impõe-se não só ao proprietário mas também a qualquer um que, direta ou indiretamente, contribua, por ação ou omissão, para a degradação ou dela se beneficie, aí incluídos, em pé de igualdade, posseiro, arrendatário, empreiteiro, madeireiro, transportador ou terceiro sem vínculo jurídico com o bem móvel ou imóvel. 3. Quanto à possibilidade de arbitramento de danos morais coletivos, o acórdão estadual está de acordo com a jurisprudência do STJ, que reconhece o seu cabimento, sem necessidade de avaliação individual ou coletiva de sofrimento. "O dano moral coletivo ambiental atinge direitos de personalidade do grupo massificado, sendo desnecessária a demonstração de que a coletividade sinta a dor, a repulsa, a indignação, tal qual fosse um indivíduo isolado." (REsp 1269494/MG, Rel.Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 01/10/2013). Em casos de desmatamento, é correto que o juiz utilize, no arbitramento do dano moral coletivo, critério de metro quadrado ou hectare degradado (conforme o modo de comercialização de imóveis na área, p. ex., terrenos urbanos ou rurais) para, em seguida, após a totalização, chegar ao valor final a ser fixado. 4. Recurso Especial não provido.
(STJ - REsp: 1555220 MT 2015/0077945-5, Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN, Data de Julgamento: 20/10/2016, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 20/08/2020)
Por fim, a perspectiva do ressarcimento por dano moral está prevista na Constituição Federal, contida no artigo 5º, inciso V: “é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem”. Isso quer dizer que, constitui garantia constitucional e fundamental dar garantia aos direitos assegurados a fim de efetivar a garantia de dignidade humana. 
5. DOS PEDIDOS
Ante exposto, requer:
1) Em sede de TUTELA DE URGÊNCIA, seja suspensa as licenças ambientais, autorizações e alvarás de construção concedidas pelo IMA (Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina) e pelo município de Florianópolis ao Condomínio Jardim Santinho, bem como, seja a obrigação de PARALISAR toda e qualquer atividade na APP;
2) seja a presente ação julgada procedente e que se proceda a demolição de todas as construções que se situarem em área de preservação permanente (APP), e posterior remoção de destroços provenientes da demolição que estiverem dentro da APP, no prazo de 60 (sessenta) dias; 
3) a obrigação de recuperar a área degradada, com a prévia consulta a técnicos do IEF – Instituto Estadual de Florestas, anotando-se o prazo de 60 (sessenta) dias para fiel cumprimento do provimento jurisdicional; 
4) a obrigação de recuperar a área em que houve supressão ilegal de vegetação, conforme se apurar em ulterior liquidação, com auxílio do órgão estatal competente, que designará prazo razoável a tanto;
5) a averbação na matrícula do imóvel quanto à existência da ação civil pública ajuizada, tendo em vista o caráter propter rem da propriedade; 
6) o pagamento de multa no valor diário de R$10.000,00 (dez mil reais) em favor do FRBL (Fundo de Reconstituição dos Bens Lesados do Estado de Santa Catarina), em caso de descumprimento do provimento jurisdicional; 
7) a reparação material do dano ambiental, o restabelecimento das áreas com o plantio de mudas de árvores nativas e a proteção e recuperação da área afetada pela construção ilegal, mediante a elaboração e execução de um PRAD (Plano de Recuperação Ambiental), em prazo a ser fixado na sentença, com multa diária para o caso de descumprimento, em favor do FRBL. 
8) o dever de se abster de interferir no local, a fim de que o equilíbrio ecológico se restabeleça o quanto antes, sob pena de multa diária no importe de R$1.000,00 (mil reais), limitada a R$100.000,00 (cem mil reais); 
9) o pagamento de indenização por dano moral coletivo, que, em atenção à extensão do dano, arbitrado em R$100.000,00 (cem mil reais), a ser revertido ao Fundo Estadual de Defesa dos Direitos Difusos, nos termos do art. 13 da Lei Federal nº 7.347/85.
Protesta-se pela produção de todas as provas em direito admitidas, para o fim de se comprovarem as alegações expendidas nesta petição inicial, notadamente pela prova pericial, testemunhal e documental, depoimento pessoal do representante legal do réu, vistoria judicial, além de outras provas em direito admitidas.
 Dá-se a presente ação o valor de R$ 100.000,000 (cem milhões).
Florianópolis/SC, 01 de junho de 2021.
A. C. S. G.
Promotora de Justiça
OBSERVAÇÃO: OS DADOS APRESENTADOS SÃO REAIS, TODAVIA. TODA A PEÇA É FICTICIA, CRIADA POR UMA ESTUDANTE DE DIREITO PARA FINS DE TRABALHO ACADEMICO;

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