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MANUAL DO CURSO DE LICENCIATURA EM CONTABILIDADE E AUDITORIA 3º Ano Disciplina: Gestão Financeira e Orçamentaria Código: ISCED31-CONTCFE008 Total Horas/1o Semestre: 150 Créditos (SNATCA): 6 Número de Temas: INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA- ISCED ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA 30 Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária i Direitos de autor (copyright) Este manual é propriedade do Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED), e contém reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou total deste manual, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED). A não observância do acima estipulado infractor é passível a aplicação de processos judiciais em vigor no País. Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) Direcção Académica Rua Dr. Almeida Lacerda, No212 Ponta - Gêa Beira – Moçambique Telefone: +258 23323501 Cel: +258 823055839 Fax:23323501 E-mail:isced@isced.ac.mz Website:www.isced.ac.mz ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA 30 Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária ii Agradecimentos O Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) e o autor do presente manual agradecem a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual: Autora Marisa Iva Abrão Malate Gobeia Mestre em Auditoria e Gestao Empresarial Pela Coordenação Pelo design Direção Académica do ISCED Direção de Qualidade e Avaliação do ISCED Financiamento e Logística Pela Revisão Instituto Africano de Promoção da Educação a Distância (IAPED) Esmeraldo Inácio, Mestre em Contabilidade e Auditoria ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA 30 Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária iii Visão geral 1 Benvindo à Disciplina/Módulo de Gestão Financeira e Orçamentaria ............................ 1 Objectivos do Módulo....................................................................................................... 1 Quem deveria estudar este módulo ................................................................................. 1 Como está estruturado este módulo ................................................................................ 2 Ícones de actividade ......................................................................................................... 4 Habilidades de estudo ...................................................................................................... 4 Precisa de apoio? .............................................................................................................. 7 Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ................................................................................ 8 Avaliação ........................................................................................................................... 9 TEMA – I: INTRODUÇÃO ÀS FINANÇAS 11 1.1. Função Financeira .................................................................................................. 11 1.2. Objectivos e Limites da função financeira ............................................................ 14 1.3. O lugar da função financeira na empresa ............................................................. 15 1.3.1. O conteúdo da Função Financeira ............................................................. 15 1.4. Impacto da Inflação na Gestão Financeira ............................................................ 16 1.5. O Sistema Financeiro e a Intermediação Financeira ............................................. 18 1.6. A importância da intermediação financeira .......................................................... 21 1.7. Intermediários Financeiros .................................................................................... 22 1.8. Custo de dinheiro .................................................................................................. 23 1.9. Determinantes das Taxas de Juro do Mercado ..................................................... 23 1.10. Exercícios desta Unidade ....................................................................................... 25 Sumário.................................................................................................................. 25 Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ........................................................................... 25 Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ........................................................................... 26 TEMA – II: ESTRATÉGIAS FINANCEIRAS 28 2.1. Política de Capital Circulante ................................................................................. 28 2.2. Rendibilidade e a Tesouraria ................................................................................. 29 2.2.1. Auto Financiamento .................................................................................... 29 2.3. Auto Financiamento, Liquidez e Disponibilidade .................................................. 29 2.4. Tesouraria da Empresa .......................................................................................... 30 2.4.1. Mapa de Fluxo Financeiro ............................................................................ 30 2.5. A Tesouraria de Exploração (TE) ............................................................................ 31 2.6. A tesouraria extra-exploração ............................................................................... 31 2.7. A Tesouraria Global ............................................................................................... 32 2.8. Gestão de Tesouraria e Fundo de Maneio ............................................................ 32 2.8.1. Necessidades financeiras ........................................................................... 33 ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA 30 Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária iv 2.8.2. Os recursos financeiros ............................................................................. 34 2.9. Métodos de cálculo do fundo de maneio necessário de exploração ................... 35 2.10. Estratégias de gestão eficiente de Caixa ............................................................... 37 2.11. Exercícios desta Unidade ....................................................................................... 39 Sumário.................................................................................................................. 39 Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ........................................................................... 39 Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ........................................................................... 40 TEMA – III: Noções sobre Avaliação de Títulos 43 3.1. Títulos de dívida e a sua avaliação ........................................................................ 43 3.2. Principais Características dos Títulos de Dívida de Longo Prazo ........................... 44 3.3. Avaliação de Obrigações ....................................................................................... 45 3.4. Rendimento até o Vencimento ............................................................................. 46 3.5. Rendimento até o Resgate Antecipado ................................................................. 47 3.6. Risco de taxas de juro em Títulos de Dívida .......................................................... 48 3.7. Acções e Sua Avaliação .......................................................................................... 49 3.7.1.Avaliação da Acção Ordinária .................................................................... 49 3.8. Avaliação de acções com crescimento constante ................................................. 52 3.9. Acção preferencial ................................................................................................. 53 3.9.1. Avaliação de Acções Preferenciais ............................................................ 53 3.10. Exercícios desta Unidade ....................................................................................... 54 Sumário.................................................................................................................. 54 Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ........................................................................... 55 Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ........................................................................... 56 TEMA – IV: Orçamento e Planeamento Financeiro 59 4.1 O Método Percentual de Vendas .......................................................................... 59 4.1.1 Modelo Matemático para o cálculo das necessidades financeiras externas.60 4.2 Orçamento de Caixa .............................................................................................. 62 4.2.1 Origem da Projecção de Fluxo de Caixa .................................................... 62 4.3 Razões da Projecção de Fluxos de Caixa ............................................................... 62 4.4 Pressupostos de elaboração do Orçamento de Caixa ........................................... 63 4.5 Relevância do Orçamento de caixa ....................................................................... 64 4.6 Período do Orçamento de Caixa ........................................................................... 64 4.7 Formato do Orçamento de Caixa .......................................................................... 66 4.8 4.8. Exercícios desta Unidade ................................................................................ 70 Sumário.................................................................................................................. 70 ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA 30 Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária v Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ........................................................................... 70 Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ........................................................................... 71 Tema V:DECISÕES DE FINANCIAMENTO A LONGO PRAZO 74 Introdução ............................................................................................................. 75 5.1. Definição de custo de capital ................................................................................ 75 5.1.1. Custo de Capital, Kd (1-T) ........................................................................... 76 5.1.2. Custo da Acção Preferencial, Kp ................................................................ 76 5.2. Comparando o Benefício Fiscal: Capital Alheio versus Acções Preferenciais ....... 77 5.3. Custo dos Lucros Retidos....................................................................................... 77 5.4. Bases de Determinação de Proporções ................................................................ 79 5.4.1. Proporções históricas ou Pesos históricos ................................................ 79 5.4.2. Peso baseado no Valor Contabilístico ....................................................... 79 5.4.3. Peso baseado no Valor de Mercado .......................................................... 79 5.5. Alterações no Custo Médio Ponderado de Capital (Custo Marginal de Capital) .. 81 5.6. Ruptura no esquema do CMC ............................................................................... 83 5.6.1. Outras Rupturas no Esquema do CMC ...................................................... 85 5.7. Risco e Taxa de Retorno ........................................................................................ 86 5.7.1. Retornos dos Investimentos ...................................................................... 86 5.7.2. Conceituação ............................................................................................. 86 5.8. Distribuição de Probabilidade e Taxa de retorno Esperada .................................. 86 5.8.1. Distribuição de Probabilidade ................................................................... 86 5.9. Taxa de Retorno Esperada..................................................................................... 87 5.10. Risco e Incerteza .................................................................................................... 92 5.11. Medição de Risco Isolado: O Desvio Padrão ......................................................... 92 5.12. Medição do Risco Isolado: o Coeficiente de Variação .......................................... 95 5.13. Risco em um Contexto de Carteira ........................................................................ 96 5.14. Retornos de Carteira ............................................................................................. 96 5.15. Risco de uma Carteira............................................................................................ 97 5.16. Risco Diversificável Versus Ris co do Mercado ..................................................... 98 5.17. Medição do Risco da Carteira ................................................................................ 99 5.18. Covariância e o Coeficiente de Correlação ........................................................... 99 5.19. Modelo CAPM – Modelo de Precificação de Activos de capital ......................... 101 5.19.1. Pressupostos do Modelo CAPM .............................................................. 101 5.20. Exercícios desta Unidade ..................................................................................... 102 Sumário................................................................................................................ 102 ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA 30 Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária vi Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ......................................................................... 103 Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ......................................................................... 104 VI- Analise das decisões de investimento de longo prazo 108 Introdução ........................................................................................................... 108 6.1. Carácter estratégico dos investimentos .............................................................. 109 6.1.1. Perfil de um projecto de investimento .................................................... 110 6.2. Os métodos de avaliação económica de um projecto de investimento ............. 111 6.3. Classificação de Projectos de investimento ........................................................ 112 6.4. Critérios clássicos de avaliação de investimentos............................................... 114 6.4.1. PAY BACK PERIOD (Período de Recuperação do Investimento).............. 114 6.4.2. PAY BACK DESCONTADO ......................................................................... 115 6.4.3. VALOR ACTUAL LÍQUIDO (VAL ou NPV) ................................................... 117 6.4.4. TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR ou IRR) ............................................... 118 6.5. Comparação dos métodos do VAL e da TIR ........................................................ 121 6.6. Projectos Independentes .................................................................................... 124 6.7. Projectos Mutuamente Exclusivos ...................................................................... 124 6.8. Exercícios desta Unidade .....................................................................................125 Sumário................................................................................................................ 125 Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ......................................................................... 126 Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ......................................................................... 127 Exercícios de Fim de Modulo............................................................................... 128 VII - Bibliografia Recomendada 132 ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA 30 Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 1 Visão geral Benvindo à Disciplina/Módulo de Gestão Financeira e Orçamentaria Objectivos do Módulo Ao terminar o estudo deste módulo de Gestão Financeira e Orçamentária deverá ser capaz de seleccionar os investimentos que propiciem uma maior rentabilidade ao futuro da actividade empresarial, optimizar o uso dos recursos financeiros, fazendo com que o custo médio ponderado de capital seja o menor possível, exercer controlo para que esses objectivos, em coerência com os demais objectivos funcionais, permitam a contínua geração de valor para o accionista. Objectivos Específicos Aplicar as técnicas de análise dos demonstrativos financeiros; Aplicar as técnicas de gestão do capital de giro; Aplicar as técnicas de decisões de investimento a longo prazo. Quem deveria estudar este módulo Este Módulo foi concebido para estudantes do 3º ano do curso de licenciatura em Contabilidade e Auditoria do ISCED. Poderá ocorrer, contudo, que haja leitores que queiram se actualizar e consolidar seus conhecimentos nessa disciplina, esses serão bem- vindos, não sendo necessário para tal se inscrever. Mas poderá adquirir o manual. ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA 30 Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 2 Como está estruturado este módulo Este módulo de Gestão Financeira e Orçamentária, para estudantes do 3º ano do curso de licenciatura em Contabilidade e Auditoria, à semelhança dos restantes do ISCED, está estruturado como se segue: Páginas introdutórias Um índice completo. Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo, resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de começar o seu estudo, como componente de habilidades de estudos. Conteúdo desta Disciplina / módulo Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua vez comporta certo número de unidades temáticas ou simplesmente unidades, Cada unidade temática se caracteriza por conter uma introdução, objectivos, conteúdos. No final de cada unidade temática ou do próprio tema, são incorporados antes o sumário, exercícios de auto-avaliação, só depois é que aparecem os exercícios de avaliação. Os exercícios de avaliação têm as seguintes características: Puros exercícios teóricos/Práticos, Problemas não resolvidos e actividades práticas algumas incluído estudo de caso. ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA 30 Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 3 Outros recursos A equipa dos académicos e pedagogos do ISCED, pensando em si, num cantinho, recôndito deste nosso vasto Moçambique e cheio de dúvidas e limitações no seu processo de aprendizagem, apresenta uma lista de recursos didácticos adicionais ao seu módulo para você explorar. Para tal o ISCED disponibiliza na biblioteca do seu centro de recursos mais material de estudos relacionado com o seu curso como: Livros e/ou módulos, CD, CD- ROOM, DVD. Para além deste material físico ou electrónico disponível na biblioteca, pode ter acesso a Plataforma digital moodle para alargar mais ainda as possibilidades dos seus estudos. Auto-avaliação e Tarefas de avaliação Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se no final de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos exercícios de auto-avaliação apresentam duas características: primeiro apresentam exercícios resolvidos com detalhes. Segundo, exercícios que mostram apenas respostas. Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto-avaliação mas sem mostrar os passos e devem obedecer o grau crescente de dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir a outras. Parte das tarefas de avaliação será objecto dos trabalhos de campo a serem entregues aos tutores/docentes para efeitos de correcção e subsequentemente nota. Também constará do exame do fim do módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os exercícios de avaliação é uma grande vantagem. ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA 30 Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 4 Comentários e sugestões Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados aspectos, quer de natureza científica, quer de natureza diadáctico - Pedagógica, etc., sobre como deveriam ser ou estar apresentadas. Pode ser que graças as suas observações que, em gozo de confiança, classificamo-las de úteis, o próximo módulo venha a ser melhorado. Ícones de actividade Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc. Habilidades de estudo O principal objectivo deste campo é o de ensinar aprender a aprender. Aprender aprende-se. Durante a formação e desenvolvimento de competências, para facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons resultados apenas se conseguem com estratégias eficientes e eficazes. Por isso é importante saber como, onde e quando estudar. Apresentamos algumas sugestões com as quais esperamos que caro estudante possa rentabilizar o tempo dedicado aos estudos, procedendo como se segue: ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA 30 Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 5 1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio de leitura. 2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida). 3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e assimilação crítica dos conteúdos (ESTUDAR). 4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com o padrão. 5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou as de estudo de caso se existirem. IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo -espaço-tempo, respectivamente como, onde e quando. Estudar, como foi referido no início deste item, antes de organizar os seus momentos de estudo reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si: Estudo melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à noite/de manhã/de tarde/fins-de-semana/ao longo da semana? Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num sítio barulhento!? Preciso de intervalo em cada 30 minutos, em cada hora, etc. É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada ponto da matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando achar que já domina bem o anterior. Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler e estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA 30 Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 6 juntar o útil ao agradável: Saber com profundidade todos conteúdos de cada tema, no módulo. Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por tempo superior a uma hora. Estudar por tempo de uma hora intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso (chama-se descanso à mudança de actividades).Ou seja que durante o intervalo não se continuar a tratar dos mesmos assuntos das actividades obrigatórias. Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual obrigatório, pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento da aprendizagem. Por que o estudante acumula um elevado volume de trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo, criando interferência entre os conhecimentos, perde sequência lógica, por fim ao perceber que estuda tanto mas não aprende, cai em insegurança, depressão e desespero, por se achar injustamente incapaz! Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda sistematicamente), não estudar apenas para responder a questões de alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobre tudo, estude pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área em que está a se formar. Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que resta, deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades. ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA 30 Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 7 É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será uma necessidade para o estudo das diversas matérias que compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as partes que está a estudar e Pode escrever conclusões, exemplos, vantagens, definições, datas, nomes, pode também utilizar a margem para colocar comentários seus relacionados com o que está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura; Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado não conhece ou não lhe é familiar; Precisa de apoio? Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas como falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis erros ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, página trocada ou invertidas, etc.). Nestes casos, contacte os serviços de atendimento e apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR), via telefone, SMS, Correio electrónico, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta participando a preocupação. Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes (Pedagógico e Administrativo), é a de monitorar e garantir a sua aprendizagem com qualidade e sucesso. Dai a relevância da comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso as TIC se torna incontornável: entre estudantes, estudante – Tutor, estudante – CR, etc. As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, tem a oportunidade de interagir fisicamente com staff ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA 30 Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 8 do seu CR, com tutores ou com parte da equipa central do ISCED indigitada para acompanhar as sua sessões presenciais. Neste período pode apresentar dúvidas, tratar assuntos de natureza pedagógica e/ou administrativa. O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30% do tempo de estudos a distância, é muita importância, na medida em que permite-lhe situar, em termos do grau de aprendizagem com relação aos outros colegas. Desta maneira ficar a saber se precisa de apoio ou precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver hábito de debater assuntos relacionados com os conteúdos programáticos, constantes nos diferentes temas e unidade temática, no módulo. Tarefas (avaliação e auto-avaliação) O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e autoavaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues duas semanas antes das sessões presenciais seguintes. Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de campo conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da disciplina/módulo. Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente. Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os direitos do autor. ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA 30 Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 9 O plágio1é uma violação do direito intelectual do (s) autor (es).Uma transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do texto de um autor, sem o citar é considerada plágio. A honestidade, humildade científica e o respeito pelos direitos autorais devem caracterizar a realização dos trabalhos e seu autor (estudante do ISCED). Avaliação Muitos perguntam: Com é possível avaliar estudantes à distância, estando eles fisicamente separados e muito distantes do docente/tutor!? Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez seja uma avaliação mais fiável e consistente. Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com um mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os conteúdos do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial conta com um máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A avaliação do estudante consta detalhada do regulamento de avaliação. Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudos e aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de frequência para ir aos exames. Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou modulo e decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no mínimo 75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência, determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira. A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira. 1Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária, propriedade intelectual de outras pessoas, sem prévia autorização. ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA 30 Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 10 Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois) trabalhos e 1 (um) (exame). Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizados como ferramentas de avaliação formativa. Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as recomendações, a identificação das referências bibliográficas utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros. Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de Avaliação. ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 3º Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 11 TEMA – I: INTRODUÇÃO ÀS FINANÇAS UNIDADE Temática 1.1. Função financeira nas empresas UNIDADE Temática1.2. Objectivos e Limites da função financeira UNIDADE Temática 1.3. O lugar da função financeira na empresa UNIDADE Temática 1.4. Impacto da Inflação na Gestão Financeira UNIDADE Temática 1.5. O Sistema Financeiro e a Intermediação Financeira UNIDADE Temática 1.6. A importância da intermediação financeira UNIDADE Temática 1.7. Intermediários Financeiros UNIDADE Temática 1.8. O Custo de dinheiro UNIDADE Temática 1.9. Determinantes das Taxas de Juro do Mercado UNIDADE Temática 1.10.EXERCÍCIOS deste tema Objectivos: Destacar os aspectos mais relevantes dos objectivos financeiros e das trajetórias económico-financeiras da empresa 1.1. Função Financeira Introdução Numa primeirafase a função financeira identificava-se com o papel do tesoureiro da empresa, ou seja, consistia em efectuar os recebimentos e os pagamentos decorrentes do exercício das restantes actividades da organização. As suas preocupações consistiam na manutenção de um saldo de disponibilidades que lhe permitisse assegurar o normal funcionamento da empresa, na rapidez e segurança da cobrança das dívidas dos clientes e, finalmente, no escalonamento adequado da liquidação dos débitos aos fornecedores. Portanto, a função financeira limitava-se a gestão de disponibilidades. Aquela tarefa elementar da função financeira cedo veio a ser ampliada, surgindo então a noção tradicional da preocupação com as decisões de financiamento, ou seja, a recolha atempada e ao menor custo dos fundos que possibilitam o financiamento dos capitais necessários ao funcionamento e desenvolvimento da empresa. ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 3º Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 12 Aquela tarefa elementar da função financeira cedo veio a ser ampliada, surgindo então a noção tradicional da preocupação com as decisões de financiamento, ou seja, a recolha atempada e ao menor custo dos fundos que possibilitam o financiamento dos capitais necessários ao funcionamento e desenvolvimento da empresa. A concepção tradicional veio, por sua vez, a ser gradualmente acrescida de novos elementos, de novas atribuições para a função financeira, chegando assim a chamar-se gestão financeira moderna. As novas tarefas estão relacionadas com aspectos de carácter predominantemente económico, passando a caber `a área financeira a analise e o controlo da rendibilidade previsional e efectiva das aplicações de fundos. Esta mudança veio a traduzir-se, no concreto, na participação da função financeira nas decisões de investimento e na elaboração do plano a médio prazo da empresa, assim como o aparecimento da figura do controller, cuja actuação está intimamente ligada ao controlo da rendibilidade das aplicações de fundos. A moderna gestão financeira engloba, assim, um conjunto de tarefas que se pode sintetizar como se observa na figura 1.1 Assim: A política de investimento assume um papel preponderante e preocupa-se fundamentalmente com a análise da rendibilidade e do risco potenciais das decisões que, envolvendo um horizonte temporal alargado, implicam um dispêndio de fundos no presente em troca de um potencial de entrada de fundos no futuro; A política de financiamento visa principalmente proporcionar `a empresa os fundos de que necessita, em função da sua política de investimento e de desenvolvimento; A política de dividendos tem um carácter marginal e dedica-se ao estudo da melhor forma de afectar a riqueza adquirida pela empresa entre a retenção em reservas e o pagamento de dividendos aos accionistas, atendendo `as condições e restrições legais a que a ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 3º Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 13 mesma e os detentores do seu capital estão sujeitos; O documento fundamental da gestão financeira a médio e longo prazo é o plano financeiro, que é a tradução do plano da empresa em entradas e saídas de fundos, com vista ao teste global do equilíbrio financeiro previsional a longo prazo (entradas + saldo inicial – saídas ≥ saldo final desejado. Figura 1.1: Conteúdo da Gestão Financeira A gestão da tesouraria é, como o próprio nome indica, um prolongamento das tarefas originais da função financeira – papel do tesoureiro, em relação à qual destacamos: A MÉDIO E LONGO PRAZO Decisões estratégias Politica de investimentos Política de Financiamento Política de Dividendos Plano Financeiro GESTÃO FINANCEIRA A CURTO PRAZO (ou Gestão da Tesouraria) Decisões Operacionais: Gestão do Activo Circulante Gestão do Passivo Circulante Orçamento de Tesouraria Objectivos da Gestão Financeira: Equilíbrio Financeiro Maximizar a Rendibilidade Minimizar o Risco Crescimento ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 3º Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 14 A gestão do activo circulante, que compreende para além da já referida gestão das disponibilidades, a gestão ou controlo do crédito concedido `a clientela, o controlo financeiro dos stocks e a aplicação dos excedentes temporários de tesouraria (v.g., depósitos a prazo e títulos de colocação); A gestão dos passivos circulantes, que engloba a gestão dos créditos obtidos dos fornecedores e dos restantes devedores correntes (Sector Publico Estatal, por exemplo), assim como a cobertura dos défices temporários de tesouraria (v.g., pelo recurso ao credito bancário); O documento central da gestão financeira a curto prazo é o orçamento de tesouraria, que não é mais do que a tradução do orçamento global da empresa em termos de recebimentos e pagamentos previsionais, com vista ao teste do equilíbrio de tesouraria de curto prazo. 1.2. Objectivos e Limites da função financeira A teoria financeira é uma aplicação da teoria microeconómica da empresa, cujo objectivo é o da maximização do lucro. Acontece, porém, que o conceito de lucro não é muito operacional, nem tão pouco relevante para uma disciplina que se preocupa essencialmente com os fluxos monetários (cash-flow). Assim, foi aquele principio substituído pelo da maximização da riqueza dos accionistas que deve ser entendido como o valor actual dos fluxos monetários que, no futuro, a empresa poderá vir a conferir aos titulares do seu capital. O enunciado do princípio de maximização do valor da empresa como objectivo da função financeira merece alguns comentários adicionais: Em primeiro lugar, aquele conceito implica o exame dos efeitos financeiros das decisões tomadas na empresa em duas vertentes complementares: a da rendibilidade e a do risco. A rendibilidade exprime a capacidade de uma ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 3º Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 15 empresa para gerar lucros, ou melhor (e numa óptica exclusivamente financeira), a aptidão para gerar uma série de fluxos financeiros com valor positivo. O risco reflecte a variabilidade potencial dessa série de cash-flows. O valor da empresa concilia estas duas perspectivas, ao sugerir que o valor actual da série de fluxos monetários seja calculado por ocorrência a uma taxa de custo de oportunidade de capital, que é precisamente ajustada ao nível de risco potencial. 1.3. O lugar da função financeira na empresa Não existe nenhuma regra geral que permita definir o lugar da função financeira e o seu conteúdo para o conjunto das empresas. As estruturas de uma empresa dependem da sua dimensão, do seu passado e das relações que existem entre os grupos que a movimentam. 1.3.1. O conteúdo da Função Financeira É relativamente `a função contabilística e ao controlo de gestão que convêm distinguir em 1º lugar a função financeira. A área especificamente financeira compreende: A análise financeira, As previsões financeiras, A realização de operações financeiras a longo prazo, A decisão de investimento e de financiamento, A negociação de créditos, A gestão da tesouraria e dos activos financeiros, A politica de resultados, A informação financeira externa. A análise financeira assenta na aplicação de instrumentos específicos a partir dos documentos de síntese contabilística e das informações relativas à tesouraria. ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 3º Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 16 A realização das operações financeiras a longo prazo implica a manutenção de relações com o mercado financeiro e com o conjunto dos intermediários e organismos financeiros. Adecisão de investimento e de financiamento surge no quadro do processo de planificação, que consiste na elaboração de informação financeira adequada para a tomada de decisões sobre a obtenção e a aplicação de recursos. A negociação de créditos põe o responsável financeiro em contacto permanente com o sistema bancário e com o mercado dos créditos a curto prazo. A gestão da tesouraria e dos activos financeiros tem por objecto o conjunto dos activos circulantes e nomeadamente as disponibilidades e o crédito a clientes, bem como o crédito de fornecedores e os créditos bancários no sentido lato. A política de resultados diz respeito ao mesmo tempo `a escolha do sistema de amortização e `a escolha do montante da distribuição dos dividendos. Estas decisões dependem do Conselho de Administração mas são preparadas pelo responsável financeiro. 1.4. Impacto da Inflação na Gestão Financeira Inflação é a perda da capacidade aquisitiva da moeda como consequência da subida generalizada e persistente de preços. Por que o Gestor Financeiro deve se preocupar com a inflação? O gestor financeiro precisa de considerar a inflação no seu planeamento porque ela incide da maneira diferente sobre as empresas, depende do nível e da estrutura de activos e de financiamento que cada empresa possui. Vamos abordar o impacto da inflação sob o ponto de vista de prof. Brigham, ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 3º Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 17 isto é, do ponto de vista generalista2: a) Taxa de Juro A inflação influi na taxa de juro porque a inflação é um agregado da taxa de juro, por isso que quando a inflação aumenta, a taxa de juro também aumenta. b) Dificulta as previsões financeiras Previsão financeira é a estimativa de receitas e custos (despesas) futura onde o ambiente contextual em que a empresa vai funcionar tende a ser diferente do presente. c) A inflação provoca aumento da procura de capitais Uma vez que os preços dos factores subiram, o montante do valor monetário requerido para fazer as mesmas transacções aumenta, ao mesmo tempo o aumento da procura de capitais provoca o aumento da taxa de juro que é o preço de capitais. d) Diminuição do preço das acções Dado que a taxa de juro é um custo, os empréstimos do capital são remunerados com as taxas de juro que também aumentam com o aumento da inflação, reduzindo assim os resultados de exploração das empresas e consequentemente o valor das empresas (constituído por acções). Neste caso é melhor investir em obrigações que aumentam a sua remuneração com o aumento da taxa de juro. e) Provoca problemas contabilísticos Tem a ver com a amortização do activo fixo. Tem a ver com o esforço ou atitude para capitalização da empresa ou evitar a sua descapitalização. Os procedimentos contabilísticos garantem o autofinanciamento da empresa. Se a amortização incide sobre o valor histórico, o preço de reposição do activo tendem a ser maior que o preço do activo fixo que foi comprado no 2 Os estudantes deverão abordar o impacto da inflação sob ponto de vista de Caldeira Meneses ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 3º Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 18 passado. Assim, o valor retido não poderá ser suficiente para a reposição do activo fixo devido ao aumento dos preços. Esta perda pode ser minimizada pelas reavaliações dos activos fixos. 1.5. O Sistema Financeiro e a Intermediação Financeira Sistema Financeiro é um conjunto que inclui a classe dos superavitários, deficitários (empreendedores), mercados financeiros, instrumentos financeiros, intermediários financeiros e a regulamentação financeira. Mercado Financeiro é definido como um local físico ou não (lógico) onde se realizam as operações financeiras entre os superavitários e os deficitários. Tem como função servir de ponto de encontro de agentes acima referidos. Sistema Financeiro (1) Financiamento Indirecto Superavitários Deficitários Fundos Fundos Figura 1.2: Intervenientes do Sistema Financeiro (2) Financiamento Directo Intermediários Financeiros Fu n d o s Fu n d o s 1. Famílias 2. Firmas 3. Governo 4. Estrangeiros Mercados Financeiros 1. Famílias 2. Firmas 3. Governo 4. Estrangeiros Fu n d o s ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 3º Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 19 Financiamento Directo: Não há intermediários financeiros. Há um contacto directo entre os superavitários e os deficitários; Financiamento Indirecto: Há intermediários financeiros como o elo de ligação entre os superavitários e os deficitários; A via que é mais utilizada é a de financiamento indirecto através de intermediação financeira. Tem como vantagem a disponibilidade de informações. Conclusão: Os mercados financeiros desempenham uma importante função na economia: 1. Permite a movimentação de fundos dos agentes superavitários para os deficitários. Assim, contribuem para a alta produção e eficiência da economia, no seu conjunto. 2. Melhoram directamente o bem-estar dos consumidores ao permitir planear melhor as compras; 3. Melhora o bem-estar de todos agentes na economia. A Estrutura dos Mercados Financeiros Os Mercados financeiros subdividem-se em: Mercado Monetário: onde são transacionados instrumentos financeiros de curto prazo. Quanto ao Prazo Mercados de Capitais: São transacionados instrumentos financeiros de Médio e longo prazo. Por sua vez, estes se subdividem em: Quanto a Natureza Jurídica pode ser: Mercado Monetário Mercado de Capitais ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 3º Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 20 1. Mercado Monetário: Mercado de Crédito: Onde são transacionados instrumentos financeiros de natureza impeditiva de livre transmissibilidade dos direitos e das obrigações (Não há recompra nem revenda). Mercado de Valores Mobiliários: Os direitos e as obrigações são livremente transacionáveis (Há recompra e revenda). Mercado de Crédito 2. Mercado de Capitais Mercado de Valores mobiliários Quanto e envolvência pode ser: Mercado de Valores Mobiliários que por sua vez se subdivide em: Mercado Primário – onde ocorre a 1ª venda de títulos pelo agente emissor; Mercado Secundário – onde ocorre a 2ª e a enésima revenda de títulos; No Mercado Monetário, o mercado primário está o mercado de instrumentos de dívidas e no Mercado de Capitais, o mercado primário subdivide-se em; Mercado de Acções Mercado de Instrumentos da Dívida Classificação dos mercados de Valores Mobiliários quanto a natureza jurídica e económica dos direitos envolvidos 1. Mercado de Acções – No qual são transacionados acções. As acções conferem o direito a responsabilidade do seu detentor, sobre a entidade que as emitiu, o qual é proporcional à parcela do capital investido pelo acionista no capital social, remunerado principalmente pelos dividendos distribuídos no fim de cada exercício; ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 3º Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 21 2. Mercado de Instrumentos da Dívida: Os instrumentos da dívida transacionados nestes mercados (obrigações, …) conferem aos seus detentores, um direito de crédito sobre as entidades que os emitiu. Dão direito ao reembolso do capital emprestado e, um determinado juro, previamente acordado. 1.6. A importância da intermediação financeira Nas transacções financeiras ocorrem duas situações: Há custos de transacções Há assimetria de informações; Os custos de transacções Tempo Comissão pelos serviços Pagamento de advogados Garantias Neste caso, sem a intermediaçãofinanceira, os custos de transacções são muito elevados comparativamente as operações realizadas por intermediários financeiros, pois, estes criam escalas de produção, se especializam nesta área e tornam assim os custos de transacções reduzidos; Assimetria de informação Selecção adversa (falta do conhecimento sobre a idoneidade do deficitário, poderá induzir a escolha de deficitário não correto), situação que ocorre antes do empréstimo (processo de escolha entre vários pedidos). Risco moral: Refere-se a ausência da capacidade de acompanhamento e monitoria do que o deficitário esta fazendo com o empréstimo que obteve. ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 3º Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 22 Neste caso, os intermediários financeiros têm sectores especializados para analisar cada uma das áreas em que o crédito for concedendo. Assim, permite o acompanhamento permanente, reduzindo os problemas de assimetria de informação. Por outro lado, os intermediários financeiros permitem acumular muitas poupanças, viabilizando assim, o financiamento grandes projectos de investimento benéficos para o país. 1.7. Intermediários Financeiros 1. As Instituições Depositárias Os Bancos Comerciais As Associações de Poupança e Crédito; Os Bancos de Poupança Mutua; As Cooperativas de Crédito A característica principal das instituições depositárias é aceitar responsabilidades (Contas de depósitos) nas suas instituições e a principal aplicação das poupanças depositadas é a concessão de crédito aos agentes económicos; 2. As Instituições de Poupanças Contratual Companhias de seguro de vida e Contra outros riscos (acidentes, incêndios,) Os fundos de Pensão e os fundos Governamentais de Aposentação. A característica principal desta categoria é existência de um contrato entre os interessados. As instituições não mantém estes fundos ociosos, aplicam- nos de forma lucrativa como aquisição de instrumentos de dívida, participações em empresas, 3. Os Intermediários de Investimentos ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 3º Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 23 As companhias financeiras (BIM Leasing, BCI Leasing, AVIS) Os Fundos Mútuos 1.8. Custo de dinheiro Na economia de mercado livre o capital é alocado em função de sistema de preços. Custo de dinheiro é o preço que se paga pelo seu uso. Sabido que as fontes de dinheiro podem ser próprio ou alheio, o preço que se paga pelo capital alheio é a taxa de juro e o preço do capital próprio são dividendos. Os principais factores que afectam o preço de dinheiro são: As oportunidades de produção: Quanto maior for a oportunidade de produção maior é a procura de dinheiro e o seu custo; O tempo preferencial de consumo: Quanto mais distante for o tempo em que quer consumir maior a incerteza em relação aos factores que afectam o negócio e o custo de dinheiro; O risco: É a probabilidade de ocorrência de um fenómeno futuro indesejável; A inflação 1.9. Determinantes das Taxas de Juro do Mercado Em geral, a taxa de juro cotada (ou nominal) sobre um título de divida (K) é composta de uma taxa real de juro livre de risco (K*), mais vários prémios que reflectem a inflação, o factor risco de título e a negociabilidade no mercado (liquidez). Essa relação pode ser expressa como se segue: Taxa de Juro nominal = K = K* + PI + PRI + PL + PRV Em que: K – taxa de juro nominal de um título específico; ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 3º Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 24 K* - é a taxa que existiria em um título sem risco e com expectativa de inflação zero. KSR – A taxa de juros nominal livre de risco. Esta é a taxa de juro nominal sobre um título com a letra de tesouro, o qual é bastante líquido e isento da maioria dos riscos. A KSR inclui um prémio de inflação esperada: KSR = K* + PI PI – Prémio de inflação. O PI é igual a taxa média esperada de inflação sobre a vida do título; PRI – Prémio de risco de inadimplência: Este prémio reflecte a possibilidade de o emissor não pagar juros ou o principal de um título em tempo e quantias específicas; PL – Prémio de liquidez ou negociabilidade: Este prémio é cobrado pelos emprestadores para reflectir o facto de que alguns títulos não podem ser convertidos em dinheiro em curto espaço de tempo, a um preço razoável. PRV – Prémio de risco de vencimento: Conforme se referiu, os títulos de longo prazo são expostos a um risco significativo de declínio de preços e um prémio de risco de vencimento é cobrado pelos emprestadores para reflectir esse risco. A taxa de juro afecta os resultados das empresas de duas maneiras: Sendo a taxa de juro um custo, então, quando maior for as taxas de juro mais baixo são os resultados (lucro) ou mais alto é o prejuízo. Se os lucros são baixos, o preço de cotação das acções baixa porque a empresa capitaliza menos; A taxa de juro afecta a rendibilidade da empresa dado que afecta o resultado. Se a rendibilidade da empresa é baixa menor é a confiança dos empresários em relação a empresa e os preços das acções da empresa baixam. ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 3º Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 25 1.10. Exercícios desta Unidade Sumário Nesta Tema 1 estudamos e discutimos fundamentalmente nove itens em termos de considerações gerais á disciplina de Gestão Financeira e Orçamentária: UNIDADE Temática 1.1. Função financeira nas empresas UNIDADE Temática1.2. Objectivos e Limites da função financeira UNIDADE Temática 1.3. O lugar da função financeira na empresa UNIDADE Temática 1.4. Impacto da Inflação na Gestão Financeira UNIDADE Temática 1.5. O Sistema Financeiro e a Intermediação Financeira UNIDADE Temática 1.6. A importância da intermediação financeira UNIDADE Temática 1.7. Intermediários Financeiros UNIDADE Temática 1.8. O Custo de dinheiro UNIDADE Temática 1.9. Determinantes das Taxas de Juro do Mercado UNIDADE Temática 1.10.EXERCÍCIOS deste tema Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO GRUPO-1 (Com respostas detalhadas) 1. Debruce sobre os seguintes aspectos: 1. Essência da Função Financeira, tendo em conta a estratégia financeira (médio e longo prazo) e decisões operacionais (curto prazo e gestão de tesouraria); 2. A teoria financeira é uma aplicação da teoria micro económica da empresa, cujo objectivo é o da maximização de lucro. Explique porque é que o conceito de lucro não muito operacional, nem tão pouco relevante para a disciplina de Gestão financeira; 3. Funções de Gestor Financeiro 4. Conteúdo da Função Financeira 5. Objectivos da empresa (diferencie maximização do lucro e maximização do valor da empresa) 6. Impacto da inflação na gestão financeira quer na óptica de Prof. Brigham como na do Prof. Caldeira Meneses ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 3º Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 26 7. O que é Sistema Financeiro 8. Qual é a função e importância dos Intermediários Financeiros 9. Identifique e diferencie os principais intermediários financeiros 10. Explique como é que a existência da Informação Assimétrica dificulta o funcionamento efectivo dos mercados financeiros. Como é que os intermediários financeiros lidam como os problemas decorrentes da Assimetria de informação; Respostas: 1. Rever o primeiro parágrafo da página 11 2. Rever o ponto 1.2 da pagina 14 (Introdução desta Unidade); 3. Rever a página 15 no primeiro paragrafo no ponto 1.3; 4. Rever o 2º parágrafo da página 15 no ponto 1.3.1; 5. Rever o ponto 1.2 da pagina 14 6. Rever página 16 no ponto 1.4 e nas paginas 112 a 118 do autor caldeira Meneses em princípios de gestão financeira; 7. Rever ponto 1.5 nas paginas 18 e 19 respectivamente; 8. Rever a página 21o ponto 1.6; 9. Rever os conteúdos da página 22 no ponto 1.7 10. Rever os conteúdos da página 22 no primeiro parágrafo; Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO GRUPO-2 (Com respostas sem detalhes) 1. Os principais factores que afectam o preço de dinheiro são: Escolha apenas uma alternativa correcta a) As oportunidades de produção, o tempo preferencial de consumo, o risco e a inflação b) A taxa de juro c) As taxas directórias do banco central d) Todas alternativas estão correctas 2. As Instituições de Poupanças Contratual integram: Escolha apenas uma alternativa correcta a) Companhias de seguro de vida e Contra outros riscos (acidentes, ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 3º Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 27 incêndios) b) Os fundos de Pensão e os fundos Governamentais de Aposentação; c) a) e b) 3. Os Intermediários de Investimentos são constituídos pelos: Escolha apenas uma alternativa correcta a) Caixas comunitários b) As companhias financeiras (BIM Leasing, BCI Leasing, AVIS) c) Os Fundos Mútuos d) b ) e c) 4. As Instituições Depositárias são : Escolha apenas uma alternativa correcta a) Todas as empresas (independentemente do tamanho); b) Todas as entidades filantrópicas como Ong´s, Fundações, Igrejas, etc.; c) Cooperativas; d) Nenhuma alternativa; 5. Nas transacções financeiras ocorrem duas situações: Escolha apenas uma alternativa correcta a) Há custos de transacções e assimetria de informações; b) Tempo e Comissão pelos serviços c) Pagamento de advogados e garantias d) Nenhuma alternativa GRUPO-3 (Exercícios de GABARITO) 1. Explique os principais factores que afectam o preço do dinheiro; 2. Quais os determinantes de taxas de juro no mercado? 3. Como as taxas de juro afectam os resultados das empresas Geral. 4. Qual á natureza das informações prestadas pelo Gestor Financeiro? Escolha, pelo menos, duas empresas e compare os departamentos Financeiros e classifique quanto ao conteúdo das informações financeiras produzida tendo em conta os dois últimos anos consecutivos ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 3º Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 28 TEMA – II: ESTRATÉGIAS FINANCEIRAS Unidade Temática 2.1.Política de Capital Circulante Unidade Temática 2.2. Rendibilidade e a Tesouraria Unidade temática 2.3. Auto Financiamento, Liquidez e Disponibilidade Unidade temática 2.4. Tesouraria da Empresa Unidade temática 2.4.1.Mapa de Fluxo Financeiro Unidade temática 2.5. A Tesouraria de Exploração (TE) Unidade temática 2.6. A tesouraria extraexploração Unidade temática 2.7. A Tesouraria Global Unidade temática 2.8. Gestão de Tesouraria e Fundo de Maneio Unidade temática 2.8.1. Necessidades e os recursos financeiros Unidade temática 2.9.Os recursos financeiros Unidade temática 2.10.Métodos de cálculo do fundo de maneio necessário de exploração Unidade Temática 2.11. Estratégias de gestão eficiente de Caixa Unidade Temática 2.12.EXERCÍCIOS deste tema Objectivos: Analisar os coeficientes de gestão da liquidez e solvência da empresa a curto prazo 2.1. Política de Capital Circulante Introdução Refere-se as políticas básicas de uma empresa sobre os níveis -alvo para cada categoria de activos circulantes e como os activos circulantes serão financiados. E útil começar a discussão da política de capital circulante revendo alguns conceitos: Capital circulante é o investimento de uma empresa em activos de curto prazo (caixa, títulos negociáveis, stocks e contas a receber). Capital circulante Líquidos são os activos circulantes menos os passivos ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 3º Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 29 circulantes. 2.2. Rendibilidade e a Tesouraria 2.2.1. Auto Financiamento O auto financiamento tem sido um conceito diferentemente caracterizado por diversos autores de obras de gestão financeira. Em nossa opinião o auto financiamento representa o conjunto de meios líquidos gerados pela empresa e neste anualmente retido, e que não revelam qualquer vínculo imediato de exigibilidade (meios libertos totais retidos). O auto financiamento acumulado da empresa representa somatório das amortizações e previsões acumuladas, das reservas de lucros dos resultados transitados dos registos anteriores e dos resultados líquidos retidos no respectivo exercício. 2.3. Auto Financiamento, Liquidez e Disponibilidade O auto financiamento anual (quando positivo) significa um aumento da liquidez da empresa e não necessariamente as suas disponibilidades, pois aquela pode ser automática ou deliberadamente absorvida por outras elevações do activo (crédito concebido aos clientes). A liquidez (grau de liquidez) de um elemento de activo consiste na sua aptidão para se converter a curto prazo em meios monetários (disponibilidades); A disponibilidade (grau de disponibilidade) de um elemento do activo é revelada pela sua aptidão para se transformar imediatamente em meios monetários. ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 3º Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 30 2.4. Tesouraria da Empresa A natureza estática e jurídica – contabilístico do balanço tradicional – não completamente superada pelo mapa de origem e aplicação de fundos – contribuiu para o surgimento de um outro importante documento (o mapa de fluxos financeiros) que assume características essencialmente financeiras. 2.4.1. Mapa de Fluxo Financeiro O mapa do fluxo financeiro (mapa do fluxo de tesouraria, demonstração dos fluxos de caixa e mapa do cash-flow) é um documento dinâmico que nos permite analisar a evolução histórica e previsional da tesouraria da empresa durante um certo período de tempo. O mapa do fluxo financeiro merece as seguintes observações: O crédito concedido aos clientes durante o período de referência abrange as variações positivas das contas cliente ou variações negativas das mesmas. 1. O crédito obtido compreende as variações positivas ou negativas das contas fornecedores. 2. Os recebimentos extra exploração integram todas receitas extra exploração (líquidas de eventuais variações de crédito concedido) e outros recebimentos resultantes do ciclo das operações financeiras (empréstimos bancários obtidos); 3. Os custos financeiros de financiamento pagos durante o horizonte temporal de referência não obedecem ao princípio de especialização económica dos exercícios, pois, não tem em atenção as respectivas regularizações; 4. A rubrica de investimentos (capital fixo e outros) compreende os ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 3º Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 31 respectivos pagamentos e não as despesas correspondentes; 5. A rúbrica impostos sobre rendimentos e outros (impostos directos ou indirectos insusceptíveis de repercussão sobre as vendas) também se referem aos respectivos pagamentos e não ao valor anual estimado; 6. Os lucros distribuídos reportam-se ao período em que são pagos e não ao momento da sua distribuição. 2.5. A Tesouraria de Exploração (TE) A tesouraria de exploração (operational cash-flow) consiste na diferença entre os recebimentos e os pagamentos de exploração ocorridos num certo período de tempo. Assim, ela é afectada exclusivamente pelas vendas líquidas, pelas variações de crédito (Δ CC), pelos custos de exploração totais e pelas variações dos stocks (Δ SO), do crédito obtido (Δ CO) e pela rendibilidade da empresa (nível dos meios libertos brutos de exploração (MLB). Assim teremos: 2.6. A tesouraria extra-exploração A tesouraria extra-exploração (non-operational cash-flow) resulta da diferença entre os recebimentos e os pagamentos extra-exploração, verificados durante um determinado período de tempo. Ela decorre dasactividades inorgânicas da empresa (outros resultados), da situação financeira (nível dos custos financeiros de financiamentos), da actuação da fiscalidade (nível de impostos sobre rendimento), da política de distribuição de dividendos e de outros fluxos financeiros associados aos ciclos das operações financeiras e de investimento. TE = MLB - [( ΔCC +Δ SO) – Δ CO ] ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 3º Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 32 2.7. A Tesouraria Global A tesouraria global (cash-flow total) decorre da diferença entre os recebimentos e os pagamentos de exploração (tesouraria de exploração) e os recebimentos e os pagamentos extra-exploração (tesouraria extra- exploração) ocorridos durante um certo lapso de tempo. A tesouraria global resulta, então, da tesouraria de exploração, profundamente marcada pela qualidade da gestão corrente, e da tesouraria extra-exploração, mais influenciada por factores estruturais e externos à empresa. A variação periódica da tesouraria global da empresa pode ser positiva ou negativa: Onde: Sn – Saldo anual do disponível no termo do período n Sn-1 - Saldo anual do disponível no termo do período n – 1 TEn – Tesouraria de exploração no termo do período n TFEn - Tesouraria de extra-exploração no termo do período n 2.8. Gestão de Tesouraria e Fundo de Maneio A gestão de tesouraria da empresa ou gestão financeira de curto prazo (até um ano) abrange a gestão do capital circulante total (exploração e extra- exploração) e a gestão da divida a curto prazo (exploração e extra- exploração), observe que a expressão gestão de tesouraria também é muitas vezes utilizada num sentido restrito, ou seja, a gestão do disponível. Sn – Sn-1 = TEn + TFEn ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 3º Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 33 2.8.1. Necessidades financeiras As necessidades financeiras da empresa podem resultar directamente do ciclo de exploração (necessidades financeiras de exploração) ou dos ciclos das operações de investimento e das operações financeiras (necessidades financeiras extra-exploração). As necessidades financeiras de exploração são geralmente cíclicas ou incessantemente renováveis, materializando-se através de: Credito não titulado concedido aos clientes; Credito titulado, mas não susceptível de mobilização (desconto bancário); Pagamentos adiantados exigidos pelos fornecedores correntes (matérias primas e subsidiarias, etc). Stocks de matérias-primas, matérias subsidiarias, produtos em vias de fabrico, produtos semi-acabados, produtos acabados, mercadorias, embalagens, etc. Constituem exemplos de necessidades financeiras de exploração normais: A margem de segurança de tesouraria; O volume de crédito não titulado concedido aos clientes, correspondentes a condições de recebimento pré-negociadas; O montante de crédito titulado facultado aos clientes nas condições anteriormente referidas; Os adiantamentos efectuados aos fornecedores correntes; Os valores dos diversos stocks normais, isto é, os geralmente exigidos para regular o funcionamento da empresa (aprovisionamento, produção e comercialização dos produtos acabados). As necessidades financeiras extra-exploração têm a sua origem não no ciclo das operações de exploração, mas sim nos ciclos das operações de investimento (imobilizações de exploração e outras) e das operações financeiras, como por exemplo: ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 3º Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 34 Concessão de empréstimos aos colaboradores da empresa; Concessão de empréstimos `as associadas; Aquisição de terrenos; Construção de novos edifícios fabris; Aquisição de uma participação numa nova sociedade. As necessidades financeiras extra-exploração integram a maior das rubricas do imobilizado total (financeiro, corpóreo e incorpóreo) e algumas rubricas do capital circulante (capital circulante extra-exploração). 2.8.2. Os recursos financeiros Os recursos financeiros de que a empresa dispõe também resultam do ciclo de exploração ou do ciclo das operações financeiras. Os recursos financeiros de exploração (ou de funcionamento) decorrem directamente do ciclo das operações de exploração e são, em condições normais, geral e permanentemente renováveis. Os recursos financeiros de exploração abrangem fundamentalmente: O crédito não titulado obtido dos fornecedores correntes (matérias primas, matérias subsidiarias, embalagens, serviços de exploração, etc.); O crédito titulado obtido dos fornecedores correntes; O crédito obtido do Estado: IRPS retido, IVA, etc. O crédito obtido da Segurança Social (parcela da empresa e dos próprios trabalhadores; Antecipação e adiantamento dos clientes. Todos os recursos financeiros utilizados pela empresa têm custos explícitos ou implícitos. Os custos explícitos traduzem-se em custos financeiros efectivos ou em resultados distribuídos aos sócios (acionistas); os custos implícitos traduzem nos custos de oportunidade resultantes de aplicações alternativas, que necessariamente são sacrificadas. ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 3º Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 35 Constituem recursos financeiros de exploração normais os seguintes: a) Os créditos não titulados (ou não) obtidos de fornecedores correntes e correspondentes a prazos de pagamentos pré-negociados; b) O crédito normal obtido dos trabalhadores da empresa; c) Os créditos obtidos do Estado e dos organismos para estatais não resultantes de quaisquer situações litigiosas ou de mora; d) Os adiantamentos normais (contratuais) dos clientes, isto é, não forçados pela empresa. Os recursos financeiros extra-exploração (ou funcionamento) não são provenientes do ciclo de exploração, mas sim do ciclo das operações financeiras ou operações de investimento, como por exemplo: Obtenção de um empréstimo bancário a curto prazo, em conta corrente e renovável; Contracção de um empréstimo bancário a médio prazo; Negociação de suprimentos junto dos detentores do capital social; Aumento de capital social realizado em dinheiro; Recebimentos de dividendos de uma participação financeira. 2.9. Métodos de cálculo do fundo de maneio necessário de exploração Existe dois métodos de cálculo do FMN: Os métodos indirectos e empíricos e método directo. Dos diversos métodos indirectos e empíricos existentes para o cálculo do FMN, seleccionamos os seguintes: Os métodos baseados nas vendas O método dos tempos de retenção Aqui vamos abordar apenas o método baseado em vendas, para o método dos tempos de retenção veja Caldeira Meneses paginas 194 e 195. ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 3º Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 36 Exemplo: Pretendendo calcular o FMN para 2003, a empresa Cheru organizou a seguinte informação (cts): Elementos 2000 2001 2002 Vendas Liquidas de Imposto Reserva de Segurança de Tesouraria Credito real concedido Credito concedido e negociado Existências reais Fornecedores reais 500 10 70 11 100 110 750 15 97,5 16 127,5 180 1.000 20 150 22,5 170 230 a) Calcule o FMN de 2002 b) Calcule o FMN para 2003 tendo em conta que se prevê vender 1.500 cts. Resolução: a) FMN2002 = (20+150+170) – 230 FMN2002 = 110 cts O método a utilizar na estimativa do FMN é baseado no valor de vendas: Elementos 2000 2001 2002 Medias Vendas Liquidas de Imposto Reserva de Segurança de Tesouraria Credito real concedido Credito concedido e negociado Existências reais Fornecedores reais 100% 2% 14% 2,2% 20% 22% 100% 2% 13% 2,13% 17% 24% 100% 2% 15% 2,25% 17% 23%100% 2% 14% 2,19% 18% 23% FMN Médio 11% FMN Médio = (2% + 14% + 18%) – 23% = 11% FMN2003 = 1.500 x 11% = 165 cts ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 3º Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 37 Ciclo de Caixa É o período de tempo que vai desde os desembolsos para adquirir os factores de produção até a cobrança do valor de venda de produto produzido com aqueles factores comprados. Giro de Caixa ou Rotação de Caixa Refere-se ao número de vezes por ano (se o período de análise for ano) em que o Caixa é efectivamente realizado ou abastecido. Com o conceito de Ciclo de Caixa pretende-se demonstrar as implicações das estratégias de gestão de caixa para a vida da empresa ou da tesouraria da empresa. 2.10. Estratégias de gestão eficiente de Caixa Gráfico de Ciclo de Caixa Compra à Credito Venda à Prazo (PA) Cobrança s/ Clientes PMS (X2) dias PMC (X3) dias 0 PMP (X1) dias X1 X2 X3 Pagamento à Fornecedores Tempo (dias) Desembolso Recebimento Ciclo de Caixa (Y = X3 + X2 – X1) PMP – Período Médio de Pagamento PMS – Período Médio de estocagem PMC – Período Médio de Cobrança Estratégias: 1. A empresa deve retardar tanto quanto possível o pagamento das dívidas aos credores sem perder o conceito de crédito da empresa, aproveitando por conseguinte os descontos financeiros que sejam ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 3º Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 38 favoráveis (X1 dias), neste caso o ciclo de caixa diminui. 2. Girar o mais rápido possível os stocks, evitando, entretanto, a falta de stocks que podem resultar na interrupção na linha de produção ou perda de vendas (X2 dias), neste caso o ciclo de caixa diminui; 3. Receber mais rápido possível as dívidas sem perder vendas futuras devido as técnicas severas de cobrança, usando descontos financeiros para acelerar as cobranças, se tais descontos forem economicamente favoráveis (X3 dias), o ciclo de caixa diminui. Lembre-se: Cálculo do Giro de Caixa Giro de Caixa (GC) = )( )( CaixadeCicloCC anododiasdeNumeroNDA Ou GC = )( )( CaixadeMedioSaldoSMC TotalAnualDesembolsoDAT Quanto maior for o Giro de Caixa melhor é situação da empresa porque menor é o caixa mínimo necessário (necessidade de caixa para fazer face as operações necessárias). Cálculo do Caixa mínimo operacional da empresa Caixa Mínimo (CM) = Saldo Médio de Caixa (SMC) = )( )( CaixadeGiroGC TotalAnualDesembolsoDAT A manutenção de caixa mínimo envolve custos de oportunidade e é melhor conhecer para ver se justifica a sua manutenção. Custo de Manutenção de Caixa Mínimo É o custo de oportunidade que se incorre pela manutenção de um certo volume de caixa. A aplicação dessas estratégias tem como consequência a redução do Ciclo de Caixa com vista do fundo de maneio. ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 3º Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 39 Se K é Custo de oportunidade CCM – Custo de Caixa mínimo CM – Caixa mínimo = SMC 2.11. Exercícios desta Unidade Sumário Nesta Tema II estudamos e discutimos fundamentalmente catorze itens em termos de análise e gestão da liquidez e solvência da empresa a curto prazo: Unidade Temática 2.1.Politica de Capital Giro activos circulantes Unidade Temática 2.2. Rendibilidade e a Tesouraria Unidade temática 2.3. Auto Financiamento, Liquidez e Disponibilidade Unidade temática 2.4. Tesouraria da Empresa Unidade temática 2.4.1.Mapa de Fluxo Financeiro Unidade temática 2.5. A Tesouraria de Exploração (TE) Unidade temática 2.6. A tesouraria extra-exploração Unidade temática 2.7. A Tesouraria Global Unidade temática 2.8. Gestão de Tesouraria e Fundo de Maneio Unidade temática 2.8.1. Necessidades e os recursos financeiros Unidade temática 2.9.Os recursos financeiros Unidade temática 2.10.Métodos de cálculo do fundo de maneio necessário de exploração Unidade Temática 2.11. Estratégias de gestão eficiente de Caixa Unidade Temática 2.12.EXERCÍCIOS deste tema Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO GRUPO-1 (Com respostas detalhadas) 1. Debruce sobre os seguintes aspectos: 1. Discuta o conceito de política de capital Giro de activos circulantes; CCM = K x CM ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 3º Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 40 2. Conceitue o termo Fundo maneio necessário a exploração; 3. Durante o capítulo 2 foram discutidos métodos de calculo de fundo de maneio necessário a exploração identifique - os; 4. As necessidades financeiras extra- exploração têm a sua origem não no ciclo das operações de exploração, mas sim nos ciclos das operações de investimento comente a afirmação; 5. Identifique as estratégias de gestão eficiente de caixa; 6. O auto financiamento anual independentemente de ser positivo ou negativo significa um aumento da liquidez da empresa concorda com a afirmação; 7. Todos os recursos financeiros utilizados pela empresa têm custos explícitos ou implícitos identifique apenas os explícitos; 8. Enuncie os tipos de recursos financeiros de exploração e distinga-os; 9. Dê exemplos de necessidades financeiras de exploração normais; 10. Explique porque Quanto maior for o Giro de Caixa melhor é situação da empresa; Respostas: 1. Rever os conteúdos da pagina 28 no ponto 2.1. 2. Rever os conteúdos da página 33 última paragrafo; 3. Rever os conteúdos da pagina 37 a 38 no ponto 2.10. 4. Rever o conteúdo da página 33 5. Rever os conteúdos da página 35; 6. Rever os conteúdos da pagina 29 no ponto 2.3; 7. Rever os conteúdos da página 34; 8. Rever os conteúdos da página 35; 9. Rever os conteúdos da página 33; 10. Rever os conteúdos da página 65 Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO GRUPO-2 (Com respostas sem detalhes) Escolha apenas uma alternativa correcta para todas questões 1. O ciclo de caixa refere-se: ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 3º Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 41 a) Número de vezes que o tesoureiro faz retiradas financeiras; b) Os principais factores que afectam o preço de dinheiro; c) O período de tempo que vai desde os desembolsos para adquirir os factores de produção até a cobrança do valor de venda de produto produzido com aqueles factores comprados; d) Nenhuma das Alternativas; 2. O Giro de caixa pode ser considerado como: a) O número de vezes por ano (se o período de analise for ano) em que o Caixa é efectivamente realizado ou abastecido b) Rotação de caixa c) a) e b) d) Todas acima 3. Constituem recursos financeiros de exploração normais os seguintes: i. Os créditos não titulados; ii. O crédito normal obtido dos trabalhadores da empresa; iii. Os créditos obtidos do Estado e dos organismos para estatais não resultantes de quaisquer situações litigiosas ou de mora; iv. Todas acima 4. Com o conceito de Ciclo de Caixa pretende-se: a) Demonstrar as implicações das estratégias de gestão de caixa para a vida da empresa ou da tesouraria da empresa; b) Mostrar as saídas e entradas de recursos materiais; c) Mostrar estratégias de Gestão financeira de curto prazo; d) Nenhuma alternativa 5. Período Médio de Pagamento refere-se: a) Ao período que a empresa requer para fazer face aos seus compromissos de curto prazo b) Período de pagamento dos fornecedores c) a) e b) ISCED CURSO: CONTABILIDADE E AUDITORIA; 3º Ano Disciplina/Módulo: Gestão Financeira e Orçamentária 42 d) Todas acima GRUPO-3 (Exercícios de GABARITO) 1. As necessidades financeiras de exploração são geralmente cíclicas ou incessantemente renováveis? 2. Defina o termo tesouraria global? 3. Fale sobre Mapa de Fluxo Financeiro e as respectivas observações na elaboração do mesmo 4. Descreva
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