Prévia do material em texto
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA Prof.a Francislaine Miguel ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA Marília/SP 2023 “A Faculdade Católica Paulista tem por missão exercer uma ação integrada de suas atividades educacionais, visando à geração, sistematização e disseminação do conhecimento, para formar profissionais empreendedores que promovam a transformação e o desenvolvimento social, econômico e cultural da comunidade em que está inserida. Missão da Faculdade Católica Paulista Av. Cristo Rei, 305 - Banzato, CEP 17515-200 Marília - São Paulo. www.uca.edu.br Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. Todos os gráficos, tabelas e elementos são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência, sendo de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Diretor Geral | Valdir Carrenho Junior ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 5 SUMÁRIO CAPÍTULO 01 CAPÍTULO 02 CAPÍTULO 03 CAPÍTULO 04 CAPÍTULO 05 CAPÍTULO 06 CAPÍTULO 07 CAPÍTULO 08 CAPÍTULO 09 CAPÍTULO 10 CAPÍTULO 11 08 19 36 48 62 72 84 92 102 112 120 FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E APLICABILIDADE PARA A ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA APLICADO NA GESTÃO FINANCEIRA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS I - LIQUIDEZ E ENDIVIDAMENTO ANÁLISE HORIZONTAL/VERTICAL E LUCRATIVIDADE ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS II - ÍNDICE DE ATIVIDADES/ PRAZO MÉDIO E RENTABILIDADE ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO I - FUNDAMENTOS E GIRO OPERACIONAL ADMINISTRAÇÃO CAPITAL DE GIRO II - GESTÃO DE DUPLICATAS A RECEBER/PAGAR E ESTOQUE ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO III - NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO E EBITDA DECISÃO DE FINANCIAMENTO I DECISÃO DE FINANCIAMENTO II - ALAVANCAGEM FINANCEIRA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 6 SUMÁRIO CAPÍTULO 12 CAPÍTULO 13 CAPÍTULO 14 CAPÍTULO 15 128 139 153 169 PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO I PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO II - ORÇAMENTOS OPERACIONAIS DECISÃO DE INVESTIMENTO I - NOÇÕES DECISÃO DE INVESTIMENTO II - RISCO E RETORNO ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 7 INTRODUÇÃO Prezado(a) aluno(a), as mudanças advindas desde a Revolução Industrial até a globalização e, hoje, a tecnologia revolucionaram o campo do conhecimento como um todo. Um dos campos que recebeu maior impacto foi o setor financeiro, no qual a necessidade de adaptação e reestruturação é um fator de diferencial competitivo para as organizações. Diante disso, a necessidade da evolução do conhecimento é urgente e um fato indiscutível, afetando todos os âmbitos da sociedade. Um dos campos mais afetados e que precisa de adequação urgente é o das organizações como um todo, não importando em qual ramo de atuação. Seja comércio, indústria ou prestação de serviços, o conhecimento é necessário para que as empresas consigam competitividade, coesão organizacional, estratégias fundamentadas etc. Na nossa disciplina de Administração Financeira e Orçamentária, vamos nos aprofundar sobre os aspectos que fornecem ferramentas e metodologias aplicáveis ao setor financeiro e orçamentário das organizações. A utilização e o aprofundamento da área de finanças são relevantes à administração macro das organizações. Dessa forma, esperamos que o conteúdo o(a) auxilie com esse objetivo. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 8 CAPÍTULO 1 FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA Olá, prezado(a) aluno(a)! Seja bem-vindo(a) à nossa disciplina de Administração Financeira e Orçamentária. Aqui, veremos vários aspectos, ferramentas, metodologias e procedimentos necessários voltados à gestão financeira com o objetivo de auxiliar o administrador a tomar decisões fundamentadas. A gestão financeira exerce um papel fundamental para o andamento da empresa e sua continuidade. Segundo informações fornecidas pelo Sebrae (FERRAMENTAS…, 2019), o setor financeiro é fator determinante para a gestão adequada das atividades da organização e é essencial para a perenidade e continuidade do negócio. É necessário que a gestão financeira possua ferramentas que possibilitem ao administrador uma visão clara e objetiva para a gestão de seu negócio como um todo, a fim de direcionar sua empresa a obter a máxima da administração financeira e orçamentária, que é a maximização da riqueza. Dessa forma, prezado(a) aluno(a), a administração financeira e orçamentária, basicamente, pode ser dividida em planejamento e controle financeiro, planejamento orçamentário e tomada de decisão, que serão estudados no decorrer deste livro. Segundo Gitman (2010, p. 3), “o campo de finanças é amplo e dinâmico, afetando diretamente a vida de todas as pessoas e organizações”. A gestão financeira, em grande parte, é tida como um campo fundamental em várias metodologias de gestão, desde a operacionalidade rotineira de um negócio até a administração estratégica. Um exemplo no campo estratégico é o Plano de Negócios, que é um guia para os empreendedores que pretendem abrir uma nova empresa. Dentro de seu escopo, a gestão financeira é uma das etapas mais importantes. No campo de atuação da operacionalidade do negócio, alguns exemplos que podemos citar são: decisões relacionadas à formulação de preço, cálculo de lucro e análise de viabilidade de negócios ou produtos/serviços. A administração financeira possui uma amplitude dos negócios, sendo este um fator impactante no seu resultado final. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 9 Ainda, a administração orçamentária e financeira traz em sua estrutura questões relacionadas ao fator tempo, podendo analisar o fator histórico da empresa, levantando se as questões financeiras e econômicas de determinado negócio estão saudáveis ou não. Além disso, observando o fator tempo, no âmbito da projeção futura, a administração financeira e orçamentária fornece ferramentas e metodologias que auxiliam na tomada de decisão ao determinar se um negócio, produto/serviço, projeto etc. terão um resultado esperado pelo empresariado. Portanto, caro(a) aluno(a), neste capítulo, veremos os seguintes aspectos: 1 - Fundamentações e objetivos da administração financeira e orçamentária; 2 - Papel da administração financeira e orçamentária; 3 - Funções da administração financeira e orçamentária; 4 - Campo de atuação da administração financeira e orçamentária. ISTO ESTÁ NA REDE Para maiores informações sobre os dados do Sebrae, acesse: https://datasebraeindicadores.sebrae.com.br/resources/sites/data-sebrae/ data-sebrae.html Para maior aprendizado sobre Plano de Negócios, acesse: https://sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/conteudos/planodenegocio 1.1 Objetivo da administração financeira e orçamentária Título: Administrar finanças e orçamento Fonte: https://pixabay.com/illustrations/euro-seem-currency-ball-bullet-447209/ https://datasebraeindicadores.sebrae.com.br/resources/sites/data-sebrae/data-sebrae.html https://datasebraeindicadores.sebrae.com.br/resources/sites/data-sebrae/data-sebrae.html https://sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/conteudos/planodenegocio https://pixabay.com/illustrations/euro-seem-currency-ball-bullet-447209/ ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 10 Caro(a) aluno(a), falamos anteriormente sobre a relevância da gestão financeira e orçamentária para a continuidade do negócio, além de ser um diferencial na gestão total do negócio. Qual é o objetivo central da administração financeira e orçamentária e qualseria a atuação do administrador financeiro? São muitos os aspectos relevantes fornecidos pela gestão financeira, porém, para podermos aprender de forma mais objetiva e lógica, devemos entender qual o objetivo dessa disciplina e qual a importância da administração financeira para a administração dos negócios de modo geral. O aspecto principal que devemos entender é que a administração financeira e orçamentária pode ser dividida em gestão financeira e gestão orçamentária. No decorrer dos capítulos, veremos inicialmente os conceitos e as práticas voltados à administração financeira; posteriormente, analisaremos o papel do orçamento para a administração financeira. De forma sucinta, o objetivo da administração financeira e orçamentária é a “maximização da riqueza” da empresa em específico, direcionada aos proprietários, sócios, acionistas e investidores. Segundo Hoji (2012, p. 3), “para a administração financeira, o objetivo econômico das empresas é a maximização de seu valor de mercado, pois dessa forma estará sendo aumentada a riqueza de seus proprietários”. Ainda, conforme Padoveze (2015, p. 39), “o objetivo de uma empresa deve ser a criação de valor para seus acionistas ou proprietários”. Além disso, parafraseando Salazar (2010, p. 4), “o objetivo fundamental das finanças corporativas é a maximização do valor das empresas [...]. A maximização da riqueza dos proprietários”. A administração financeira e orçamentária traz em seu escopo este objeto de estudo: a riqueza, pois se o objetivo da administração financeira é maximizar a riqueza da empresa, automaticamente surge o questionamento sobre a conceituação de riqueza advinda da gestão de empresa, ou seja, o que é a riqueza gerada pela empresa? Ainda, o lucro, tão difundido, inclusive, pelos empreendedores brasileiros, é a única forma de riqueza gerada pela empresa? A lucratividade é apenas um fator determinante para a sobrevivência de uma organização? Essas questões serão aprofundadas com maior profundidade no capítulo 2, porém é relevante termos uma análise sobre riqueza e lucratividade, trazendo luz a dúvidas ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 11 advindas do empreendedorismo brasileiro, pois, culturalmente, o empresariado brasileiro tem o conhecimento sobre lucro e acredita ser apenas este o fator que determina a continuidade de seu negócio. Dessa forma, é importante incluirmos a análise do objetivo da administração financeira e orçamentária. Riqueza na percepção da gestão financeira não se resume apenas ao lucro. Uma organização que produz riqueza traz em seu escopo fatores como: lucratividade, rentabilidade, gestão de endividamento de longo prazo, gestão de endividamento no curto prazo, alavancagem financeira e operacional, gestão do capital de giro, gestão orçamentária etc. Segundo Padoveze (2015, p. 41), “maximizando a riqueza, maximiza-se a criação de valor. A riqueza compreende o valor patrimonial de alguém ou de uma empresa, mensurado economicamente”. Complementando, segundo o mesmo autor (PADOVEZE, 2015, p. 41), “[...] riqueza é o valor do capital próprio representado pelo capital investido e os lucros retidos. Em termos contábeis, esse valor é expresso pela figura do patrimônio líquido”. Conforme Hoji (2012, p. 4), “Os proprietários de empresas privadas esperam que seu investimento produza um retorno compatível com o risco assumido, por meio de geração de resultados econômicos e financeiros (lucro e caixa)”. Além do lucro — que, realmente, é um fator relevante —, temos vários aspectos necessários que evidenciam a riqueza gerada pela empresa. De acordo com Salazar (2010, p. 4), “[...] as decisões dos diretores e/ou administradores financeiros devem considerar as expectativas dos investidores, bem como variações do risco-retorno das operações. [...] Depende dos fluxos de caixa presentes e futuros”. Dessa forma, verificamos que a maximização da riqueza é o objetivo da administração financeira e orçamentária, ou seja, a maximização da riqueza inclui não somente o lucro, mas um resultado macro que inclui vários outros aspectos, como caixa, retorno etc. (não somente o lucro evidencia a riqueza gerada pela empresa). Esses aspectos serão estudados no decorrer deste livro. ANOTE ISSO O objetivo da administração financeira e orçamentária = maximização da riqueza da empresa. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 12 1.2 Papel e estrutura da administração financeira Como vimos anteriormente, a gestão financeira exerce um papel fundamental na gestão macro do negócio; ela impacta em vários aspectos, em especial na tomada de decisão. Neste tópico, vamos analisar o papel tanto da administração financeira e orçamentária quanto do administrador financeiro. A gestão financeira e orçamentária possui influências com outras áreas do conhecimento, pois, assim como todas as disciplinas estudadas em gestão, está vinculada ao processo de gestão macro do negócio. Ainda, a empresa está alocada em determinada região, estado e país, ou seja, ela não está isolada e deverá ser avaliada no contexto em que se encontra. Portanto há algumas ciências, como a economia e a contabilidade, que exercem influências diretas na administração financeira e orçamentária. Dessa forma, podemos alistar muitos aspectos de atuação da administração financeira e orçamentária para a gestão das organizações, mas, para isso, é necessário analisarmos outras áreas do conhecimento, como a economia e a contabilidade. 1.2.1 Economia e administração financeira e orçamentária No âmbito da economia, é fundamental entender aspectos que influenciam o papel da administração financeira e orçamentária na gestão do negócio. Uma análise mais criteriosa é fundamental para conhecermos a divisão da economia em microeconomia e macroeconomia. Título: Economia e administração financeira Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/c%C3%A9dulas-dinheiro-real-nota-1195065/ No aspecto da microeconomia, a administração financeira e orçamentária deve utilizar as informações que são fatores que a impactam, como índices de preços ao https://pixabay.com/pt/photos/c%C3%A9dulas-dinheiro-real-nota-1195065/ ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 13 consumidor de determinada região, salários, demanda e oferta de regiões específicas etc. No âmbito da macroeconomia, dados relevantes aplicados à administração financeira e orçamentária são os índices de modo geral, como PIB, Inflação, IPCA etc. Para o bom desempenho da empresa e, consequentemente, a eficiência com respeito às questões orçamentárias e financeiras, o administrador financeiro deverá conhecer em profundidade os fatores que interferem nelas. Deverá manter-se atualizado com respeito ao ambiente econômico tanto das questões políticas do contexto em que a organização está inserida quanto das questões políticas mundiais. Com respeito à economia, mais adiante entraremos de forma mais profunda e prática nos dados fornecidos por ela, os quais são relevantes à gestão financeira e ao processo do planejamento orçamentário. 1.2.2 Contabilidade e administração financeira e orçamentária Além da economia, que tem fatores relevantes no papel da administração financeira e orçamentária — em especial na tomada de decisão —, a contabilidade é uma ciência fundamental que impacta a atuação na gestão financeira e de orçamento. A contabilidade como ciência social fornece ferramentas fundamentais para a tomada de decisão na gestão financeira, em especial no momento do planejamento orçamentário. Citando Gitman (2010, p. 9), “o setor de finanças e a contabilidade estão intimamente ligados e, via de regra, se sobrepõem. Muitas vezes é difícil distinguir a administração financeira da contabilidade”. [...] a contabilidade geral possibilita o controle da movimentação do patrimônio com o objetivode fornecer, por meio de relatórios, informações acerca das variações ocorridas principalmente aos usuários externos. [...] pode ser conceituada como sistema de informações que tem o objetivo de suprir a entidade com informações não só de natureza econômica, financeira, patrimonial, física e de produtividade, como também com outras informações de natureza operacional, para que possa auxiliar os administradores nas suas tomadas de decisões (MARION; RIBEIRO, 2018, p. 3). Ainda, segundo Iudícibus (2017, p. 9), “O objetivo das demonstrações contábeis é oferecer informação sobre a posição financeira (balanço patrimonial), o desempenho (demonstração do resultado) e fluxos de caixa, que sejam úteis aos usuários”. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 14 A contabilidade será estudada nos próximos capítulos de forma mais aprofundada, porém um dos aspectos mais importantes são os relatórios trazidos por ela, como o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado de Exercício (DRE). Mas precisamos entender dois aspectos que refletem diretamente no papel da administração financeira e orçamentária: 1- Tratamento de fundos; 2- Tomada de decisão. Com respeito ao tratamento de fundos, o contador, de modo geral, prepara as demonstrações financeiras na ótica do chamado regime de competência. O administrador financeiro deve ter sua atenção voltada à solvência da empresa, reconhecendo as receitas e as despesas quando envolvem a entrada e a saída de caixa, ou seja, quando o administrador financeiro analisa as demonstrações contábeis- financeiras, terá como padrão de análise o regime de caixa, estabelecendo como fatores relevantes custo, lucro e venda. O regime de competência é um princípio contábil geralmente aceito e traduz o método contábil por meio do fato gerador no qual o reconhecimento das receitas de despesas ocorre mesmo que elas não tenham sido recebidas ou pagas. As demonstrações financeiras mais relevantes na análise financeira que está debaixo do regime de competência são o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), pois é de ambos que aplicamos metodologias e ferramentas que fornecem dados para a tomada de decisão na administração financeira e orçamentária. O regime de caixa é o método contábil mais aplicado a questões financeiras, pois traduz movimentações que partem de cálculo simples de desembolso e entrada de valores e aplica-se em específico na demonstração do fluxo de caixa, relevante para a análise financeira em vários aspectos. Já no regime de competência, o contador constrói e elabora as demonstrações contábeis no fluxo de caixa e é desenvolvido com base no regime de caixa, trazendo, dessa forma, ao administrador financeiro um olhar gerencial voltado a movimentações de curto prazo, liquidez e solvência, que veremos com maior profundidade posteriormente neste livro. Segundo Gitman (2010, p. 10), “o administrador financeiro aplica este regime de caixa para reconhecer as receitas e despesas apenas quando das entradas e saídas efetivas de caixa”. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 15 Ainda, conforme Hoji (2012, p. 11), “A administração financeira adota o regime de caixa para planejar e controlar as necessidades e sobras [...] pelo regime de caixa as receitas são reconhecidas no momento do efetivo recebimento, e as despesas no momento do efetivo pagamento”. Segue exemplo: Determinada empresa no ramo industrial de móveis obteve no mês de julho/2021 uma venda de um de seus guarda-roupas de madeira maciça no valor de R$ 100.000,00. O cliente pagará com vencimento daqui a 120 dias. Ainda, a empresa, para poder fabricar, comprou do seu fornecedor a madeira no valor de R$ 15.000,00, pago à vista. Confira, por meio da Demonstração do Resultado, a percepção dos regimes de caixa e de competência: 1- Receita Bruta: R$ 100.000,00 - recebimento daqui a 120 DIAS; 2- Despesas e Custos: R$15.000,00 - pagamento À VISTA. Tabela 1 – Exemplo de resultado - regime de competência x regime de caixa Fonte: da própria autora. Notamos que na visão contábil, obedecendo ao regime de competência como princípio, constatamos que a empresa no mês de julho obteve o resultado de R$ 85.000,00, e isso é positivo na visão financeira. Já utilizando o regime de caixa, vemos que o resultado é negativo em R$ 15.000,00; isso ocorre pois, na formulação da demonstração por meio do regime de competência, o reconhecimento das despesas e receitas ocorre mesmo que não tenham sido pagas ou recebidas. No regime de caixa, o reconhecimento ocorre do fato efetivo de movimentação de caixa que, no exemplo, foi somente o pagamento ao fornecedor, à vista, de R$ 15.000,00. Dessa forma, cabe ao administrador financeiro entender essa distinção para poder utilizar corretamente da ciência contábil na gestão financeira e orçamentária. Na tomada de decisão, o administrador financeiro deve levar em conta as demonstrações contábeis-financeiras para a tomada de decisão, pela leitura criteriosa e utilizando-se de ferramentas gerenciais de análise, as quais veremos posteriormente. O papel do contador, nesse caso, é formular os relatórios contábeis, e não tomar a decisão; esta ação cabe ao administrador financeiro e orçamentário. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 16 Segundo Gitman (2010, p.10), “[...] há duas diferenças básicas entre finanças e contabilidade: ênfase nos fluxos de caixa e a tomada de decisão”. Ainda, conforme Marin e Ribeiro (2018, p. 5), “[...] qualquer decisão a ser tomada [...] encontrará na informação contábil gerencial o fundamento necessário para que a opção encontrada seja mais benéfica possível para o desenvolvimento da organização”. Dessa forma, o papel em específico da administração financeira e orçamentária é reflexo de outras ciências como a economia e a contabilidade. Para a rotina de gestão financeira, planejamento, controle e tomada de decisão, o ramo da contabilidade consegue, por meio de relatórios, estruturar, de forma lógica, a realidade da empresa, evidenciando sua saúde. O papel da administração financeira e orçamentária nesse momento é utilizar-se dessas informações para uma gestão adequada à organização, com metas e resultados mais qualitativos e quantitativos. Veremos mais adiante quais as ferramentas e metodologias aplicadas à contabilidade que produzem informações essenciais à atuação no processo gerencial financeiro e orçamentário. ISTO ESTÁ NA REDE Veja no link a seguir o vídeo do professor Gustavo Cerbasi sobre a importância da contabilidade para a gestão financeira: https://www.youtube.com/watch?v=iYma9_gpEUQ 1.3 Funções da administração financeira e orçamentária Segundo Hoji (2012, p. 7), “as funções típicas do administrador financeiro de uma empresa são: a) análise, planejamento e controle financeiro; b) tomadas de decisões de investimentos; e c) tomadas de decisões de financiamentos”. Para Gitman (2010, p. 11), além do envolvimento do administrador financeiro, inicialmente no planejamento financeiro, outras atribuições devem ser direcionadas à tomada de decisão de investimento e financiamento, ou seja, definir onde captar e levantar recursos no âmbito de decisão de financiamento e a aplicação desses recursos. Sendo assim, prezado(a) aluno(a), após analisarmos o papel fundamental e o impacto de outras ciências que fornecem dados para a administração financeira e orçamentária, é necessário entendermos quais são as suas funções. https://www.youtube.com/watch?v=iYma9_gpEUQ ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 17 As funções da administração financeira e orçamentária são: 1 - Planejamento e controle; 2 - Levantamento de recursos financeiros; 3 - Investimento de recursos financeiros. A etapa de planejamento e controle incluiações voltadas à elaboração dos planos globais, previsões de curto prazo e relatórios que confrontam o plano previsto com o realizado. O levantamento de recursos financeiros inclui ações voltadas à visão da estrutura de capital do negócio para a tomada de decisão de quais fontes serão levantados tais recursos, definindo assim se de fontes próprias, de terceiros ou ambas. Na etapa de investimento de recursos financeiros, o administrador financeiro deverá ter como meta a maximização do retorno desse investimento. Dessa forma, as funções do administrador financeiro acompanham a estrutura da administração financeira e orçamentária. Nas etapas de decisão de investimento, financiamento e da destinação do lucro/dividendo, é fundamental que ele, em seu papel, tenha essa visão macro da gestão financeira e entenda como liderar sua equipe para o resultado positivo e adequado em cada processo decisório e operacional. Além das atividades principais citadas anteriormente, a alçada do administrador financeiro se estende à rotina do setor financeiro, seja em pequenas ou grandes organizações. Acima de tudo, ele deve ter um olhar voltado sempre à meta da administração financeira, que, como vimos, é a maximização da riqueza da empresa. Os dados [...] devem ser transformados em informações que permitirão ao administrador financeiro: avaliar a situação econômico-financeira da empresa, a formação do resultado, os efeitos de decisões tomadas anteriormente etc.; tomar novas decisões, corrigindo o rumo indesejado; e desenvolver planos operacionais e de investimentos (BRAGA, 2015, p. 33). ISTO ESTÁ NA REDE https://www.youtube.com/watch?v=JBQ9VcTbGw0 Veja no vídeo do Conselho Regional de Administração - SP (CRA-SP) sobre a atuação do administrador financeiro e orçamentário. https://www.youtube.com/watch?v=JBQ9VcTbGw0 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 18 1.4 Campo de estudo da administração financeira e orçamentária O campo de estudo da administração financeira e orçamentária é amplo, pois sua relevância para a gestão macro do negócio é vital para a saúde financeira da organização poder se manter. Seguem os itens que fazem parte do escopo da gestão financeira e orçamentária: 1- Orçamento de capital; 2- Estrutura de capital; 3- Fluxos de caixa; 4- Análise de risco e retorno; 5- Índices ou fórmulas. Orçamento de capital é dispêndio de capital, processo de realização e gestão de gastos com ativos de longa duração. Essa etapa inclui a gestão da tomada de decisão voltada a ativos de longa duração investidos pelas organizações. Estrutura de capital é uma questão que diz respeito ao lado direito do balanço patrimonial. Envolve as opções que a empresa tem para levantar recursos financeiros para custear os dispêndios de capital necessários. Nesse campo de estudo, analisa-se a proporção de capital próprio e capital de terceiros de curto e longo prazo. Como deve ser gerido o fluxo de caixa da empresa? É essa a principal resposta que veremos sobre o fluxo de caixa. Esse campo de estudo está relacionado à parte superior do balanço, fornecendo uma visão financeira da gestão, além de informações relacionadas à liquidez do negócio. Risco e retorno são campos necessários à gestão financeira e orçamentária. Em especial, no momento em que o administrador financeiro formula seu orçamento, deverá utilizar das informações relevantes trazidas pelos parâmetros de risco e rentabilidade de determinado projeto. Tanto a análise do retorno quanto o risco em um dado decisório têm como base o auxílio da matemática financeira, da probabilidade e da estatística. De que forma conseguimos levantar informações e determinar a saúde financeira e econômica de determinada organização? Essa questão será o guia para a imersão no campo de estudo voltado à análise das demonstrações contábeis, por meio de índices/fórmulas já estabelecidos pela literatura e aplicáveis à gestão financeira e orçamentária. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 19 CAPÍTULO 2 DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E APLICABILIDADE PARA A ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA Prezado(a) aluno(a), após conhecermos os fundamentos iniciais e o papel de atuação da administração financeira e orçamentária, é necessário entendermos quais são os relatórios advindos da contabilidade a serem utilizados na prática financeira dentro das organizações. De modo geral, as demonstrações contábeis trazem em seu escopo uma visualização completa e estruturada da realidade da empresa em um dado tempo. As demonstrações mais utilizadas para a gestão geral da empresa são o Balanço Patrimonial, a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e a Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC). O artigo 176 da Lei n. 6.404/1976, atualizada pela Lei n. 11.638/2007, deixa claro que determinadas organizações específicas, conhecidas como Sociedades por Ações, deverão formular certas demonstrações contábeis (BRASIL, 1976; BRASIL, 2007). Estão listados nesse rol o Balanço Patrimonial, a Demonstração do Resultado do Exercício e a Demonstração do Fluxo de Caixa. Algumas empresas específicas, como as micro e pequenas empresas enquadradas pela Lei Complementar n. 123/2006, quanto ao seu faturamento, não recebem a exigência de formular demonstrações contábeis, porém vale ressaltar que tais demonstrações são extremamente relevantes, em especial no processo decisório da prática financeira e orçamentária. “A ciência da contabilidade fornece dados consistentes e de fácil interpretação sobre as operações das empresas, tanto passadas como presentes. Esses dados são apresentados [...] por meio de demonstrativos contábeis”, conforme afirma Salazar (2010, p. 34). ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 20 Para entendermos a realidade da empresa, estudaremos de agora em diante as duas demonstrações mais utilizadas pela gestão: o Balanço Patrimonial e a Demonstração do resultado do Exercício. Posteriormente, no decorrer dos próximos capítulos, estudaremos em profundidade a Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) e suas outras estruturas e aplicabilidades. [...] a contabilidade geral possibilita o controle da movimentação do patrimônio com o objetivo de fornecer, por meio de relatórios, informações acerca das variações ocorridas principalmente aos usuários externos. [...] pode ser conceituada como sistema de informações que tem objetivo suprir a entidade com informações não só de natureza econômica, financeira, patrimonial, física e de produtividade, como também com outras informações de natureza operacional, para que possa auxiliar os administradores nas suas tomadas de decisões (MARION; RIBEIRO, 2018, p. 3). ISTO ESTÁ NA REDE https://www.youtube.com/watch?v=R2DioFbwoTE https://www.youtube.com/watch?v=F6wZpN-E9L4 Veja nesses dois vídeos, desenvolvidos pelo Sebrae, a importância da contabilidade para a gestão financeira e os negócios criados com a união da gestão financeira e da contabilidade. 2.1 Demonstrações Contábeis Financeiras: Balanço Patrimonial e Demonstração de Resultado A contabilidade como ciência social fornece em seu escopo metodologias que auxiliam na gestão financeira e orçamentária; além disso, fornece relatórios que traduzem, de forma lógica e estruturada, a realidade patrimonial e de resultado da organização. Nesse caso, precisamos partir de alguns conceitos iniciais para podermos entrar na estrutura desses dois relatórios contábeis. Um dos conceitos que precisamos entender é o das contas patrimoniais e das contas de resultado. Assim como vimos sobre a distinção de regime de caixa e de competência, notamos, por meio da percepção financeira, que os resultados apresentados necessitam trazer dois dados imprescindíveis: informações do resultado financeiro e do resultado https://www.youtube.com/watch?v=R2DioFbwoTE https://www.youtube.com/watch?v=F6wZpN-E9L4ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 21 econômico. Dessa forma, a Demonstração Contábil do Balanço Patrimonial utiliza-se das contas patrimoniais, e a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) utiliza-se das contas de resultado. As contas patrimoniais evidenciam os fatos contábeis voltados a um determinado tempo. São conhecidas como recursos, obrigações, valores residuais e, de modo prático, como bens, direitos e obrigações. As contas de resultado evidenciam informações vinculadas diretamente e indiretamente às vendas, que são conhecidas como receita na estrutura formal da DRE. Assim, as demonstrações fornecem, de forma lógica e organizada, informações da realidade da empresa, porém a união das duas demonstrações é fundamental para uma série de proposições necessárias à administração financeira e orçamentária. ANOTE ISSO Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) são as demonstrações mais utilizadas para a gestão financeira. 2.1.1 Balanço patrimonial Conforme já verificamos, a demonstração Balanço Patrimonial é um relatório de grande relevância para a gestão financeira e orçamentária, mas qual a causa disso? É o que responderemos a seguir. O Balanço Patrimonial é uma demonstração exigida pela Lei n. 6.404/1976, atualizada pela Lei n. 11.638/2007, para as organizações de grande porte e faturamento determinado pela legislação, a exemplo das empresas conhecidas como Sociedades por Ações. A Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007, em seu artigo 3º, estabelece: Considera-se de grande porte, para os fins exclusivos desta Lei, a sociedade ou conjunto de sociedades sob controle comum que tiver, no exercício social anterior, ativo total superior a R$ 240.000.000,00 (duzentos e quarenta milhões de reais) ou receita bruta anual superior a R$ 300.000.000,00 (trezentos milhões de reais) (BRASIL, 2007, online). ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 22 Essa demonstração expressa a estrutura patrimonial de uma organização em determinada data. Usualmente, ela é conhecida como uma “foto” estática da realidade patrimonial de uma empresa em determinada data. Dois pontos são relevantes, antes de aprendermos sobre a estrutura das organizações: 1- Patrimônio das organizações; 2- Data em que a demonstração é apresentada. Quando falamos sobre o patrimônio no âmbito financeiro, de modo geral, entendemos como “aquilo que possuímos”. Isso advém de um conceito cultural passado de geração a geração, ou seja, o empresariado entende patrimônio como “coisas” que possuímos, pois seus antecessores, provavelmente, explicaram dessa forma. Para a visão empresarial, temos que entender que o patrimônio vai além desse conceito. Já na visão financeira e contábil, o patrimônio traz uma estruturação e uma definição aquém dos conhecimentos muitas vezes trazidos da pessoa física para a pessoa jurídica. Patrimônio é o objeto de estudo da contabilidade. Patrimônios são bens, direitos e obrigações, na linguagem formal. No sentido contábil e financeiro, são ativos, passivos e patrimônios líquidos que são as estruturas ou os grupos básicos do Balanço Patrimonial. “Em contabilidade, portanto, a palavra ‘patrimônio’ tem sentido amplo: por um lado, significa o conjunto de bens e direitos pertencentes a uma pessoa ou empresa; por outro lado, inclui as obrigações a serem pagas” (MARION, 2015, p. 39). Com respeito ao período de apresentação do Balanço Patrimonial, é conhecido como Exercício Social, o qual representa 12 meses, ou um ano, ou seja, a data de encerramento pode ser definida pelas empresas, porém o mais utilizado é o padrão de 31 de dezembro do ano corrente. Por questões de didática, utilizaremos esse padrão em nossos estudos. ANOTE ISSO PATRIMÔNIO = BENS, DIREITOS E OBRIGAÇÃO. EXERCÍCIO SOCIAL = ANO. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 23 Conforme Iudícibus (2017, p. 39), “o exercício social tem a duração de um ano, não há obrigação que coincida com ano civil, no entanto, quando definido em seus atos constitutivos, não deve ser alterado [...]”. Segundo Hoji (2012, p. 242), “cada empresa pode determinar a data de encerramento do balanço [...], mas a maioria das empresas brasileiras encerra o balanço em 31 de dezembro de cada ano, coincidindo com o encerramento do ano civil”. Após deixarmos claros esses conceitos, seguimos com a estrutura e a importância do Balanço Patrimonial para a gestão financeira e orçamentária. O Balanço Patrimonial, como já foi dito, é uma demonstração que evidencia o patrimônio da organização em determinada data. Usualmente, o Balanço Patrimonial está dividido em dois lados: o lado direito evidencia o grupo de contas patrimoniais denominadas PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO; e o lado esquerdo, o ATIVO. Estrutura básica do Balanço Patrimonial: Ativo: lado esquerdo. Passivo e Patrimônio Líquido: lado direito. Sua estrutura está dividida em três grandes grupos de contas patrimoniais: 1- Ativo; 2- Passivo; 3- Patrimônio Líquido. 2.1.1.1 Ativo O ativo é composto das contas patrimoniais vinculadas a aplicações financeiras advindas da utilização de capital de terceiros e próprio. Usualmente, é conhecido como a relação de bens e direitos. Ativo é um recurso controlado pela entidade como resultado de eventos passados e do qual se espera que fluam futuros benefícios econômicos para a entidade. O grupo é dividido em duas vertentes: 1- Ativo Circulante; 2- Ativo Não Circulante. O Ativo Circulante é composto pelas seguintes contas: • caixa: representa as variações realizadas por meio de pagamento e entrada de valores monetários, no formato de pagamento à vista; ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 24 • banco: representa as variações por meio de depósitos bancários e saídas de valores monetários; • boletos/duplicatas a receber: representam a forma de pagamento na geração de boletos bancários aos clientes. São um direito a receber contra o cliente; • estoque: na indústria, representa a matéria-prima estocada para posterior venda ao cliente, podendo ser de vários formatos: estoque de produtos em elaboração, estoque de produtos prontos etc. No comércio, representa o valor monetário com a mercadoria de revenda estocada. • O Ativo Não Circulante é composto pelos subgrupos a seguir: • imobilizado: composto por bens duráveis e palpáveis de longo prazo, móveis e utensílios, imóveis, máquinas e equipamentos, terreno, edifício, veículos etc.; • depreciação: cálculo exigido pela legislação contábil que diminui o imobilizado correspondente. É a conta patrimonial que evidencia a perda por ação da natureza, tempo e obsoletismo do imobilizado; • investimento: composto pelas participações em outras empresas; • intangível: composto pelos bens duráveis não palpáveis, marcas e patentes, software, lista de clientes etc. Vale lembrar que essas são algumas das contas patrimoniais que compõem o grupo ativo, mas existem outras que fazem parte desse grupo. 2.1.1.2 Passivo O passivo é composto das contas patrimoniais vinculadas à origem de valores advindos da utilização do capital de terceiros e gera uma contrapartida que é a obrigação de liquidação. Passivo é uma obrigação advinda de fatos contábeis passados com vias a benefícios econômicos futuros que subentendem uma liquidação dessa obrigação por meio de saída de recursos, ou desembolso. Também é conhecido como exigível. O passivo é dividido em dois grupos: 1- Passivo Circulante; 2- Passivo Não Circulante. No grupo Passivo Circulante, temos: • fornecedores: obrigação a pagar por meio de negociação realizada com o fornecedor. Usualmente, no segmento industrial, o crédito é obtido com o fornecedor pela compra de matéria-prima; em outros segmentos, essa conta ADMINISTRAÇÃOFINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 25 pode ser identificada como contas a pagar, duplicatas/boletos a pagar, títulos a pagar etc.; • salário a pagar: é a obrigação do pagamento aos empregados das organizações, “folha de pagamento”; • impostos a recolher: também conhecidos como impostos a pagar, são as obrigações com respeito à legislação fiscal e tributária, ao pagamento ao “governo”; • financiamentos a pagar: obrigações de crédito obtido por meio de credores e capital de terceiros, em contrapartida com a alienação de um bem, um credor. Por exemplo: banco no qual a organização obteve esse crédito. Dentro do exercício social; • empréstimos a pagar: obrigações de crédito obtido por meio de credores e capital de terceiros, em contrapartida com contrato assinado entre as partes, um credor. Por exemplo: banco no qual a organização obteve esse crédito. Dentro do exercício social. • Já no Passivo Não Circulante, temos: • financiamentos a pagar: obrigações de crédito obtido por meio de credores e capital de terceiros, em contrapartida com a alienação de um bem, um credor. Por exemplo: banco no qual a organização obteve esse crédito; • empréstimos a pagar: obrigações de crédito obtido por meio de credores e capital de terceiros, em contrapartida com contrato assinado entre as partes, um credor. Por exemplo: banco no qual a organização obteve esse crédito. Vale lembrar que essas são algumas das contas patrimoniais que compõem o grupo passivo, mas existem outras que fazem parte desse grupo. 2.1.1.3 Patrimônio líquido O patrimônio líquido é composto das contas patrimoniais vinculadas à origem de valores advindos da utilização do capital próprio, ou seja, advindos da integralização de valores monetários realizados pelos sócios e acionistas, resultados econômicos (lucro ou prejuízo) do exercício social corrente e anteriores a reservas constituídas sobre o lucro. Seguem algumas contas que compõem a estrutura sugerida a micro e pequenas empresas: ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 26 • capital social integralizado: valor integralizado totalmente pelo sócio na organização; • capital social subscrito: promessa formalizada contratualmente de valor que deverá ser integralizado em uma data específica; • lucro do exercício: resultado positivo ou superavitário do exercício social corrente; • lucro acumulado: resultados positivos ou superavitários de exercícios sociais anteriores; • prejuízo do exercício: resultado negativo ou deficitário do exercício social corrente; • prejuízo acumulado: resultado negativo ou deficitário de exercícios anteriores. Seguem algumas contas que compõem a estrutura sugerida pela Lei n. 6.404/1976 e atualizada pela Lei n. 11.638/2007, na qual o grupo Patrimônio Líquido deverá ser apresentado na Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL), obrigatória para as Sociedades por Ações (Sociedades Anônimas — S.A.): • capital social: é o valor integralizado pelos acionistas no exercício social corrente; • reserva de lucros: é um grupo composto de valores transacionados advindos dos resultados correntes, sejam eles superavitários ou deficitários (lucro ou prejuízo). É composta por: reserva legal. reserva de contingência, reserva estatutária e reserva de lucros a realizar; • reserva de capital: A Lei 6.404/1976, em seu art. 182, define que serão classificadas como reserva de capital: a) a contribuição do subscritor de ações que ultrapassar o valor nominal e a parte do preço de emissão das ações sem o valor nominal que ultrapassar a importância destinada à formação do capital social, inclusive nos casos de conversão em ações e debêntures ou partes beneficiárias; b) o produto da alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição; c) o resultado da correção monetária do capital realizado, enquanto não realizado [...] (IUDÍCIBUS, 2017, p. 49). Vale lembrar que essas são algumas das contas patrimoniais que compõem o grupo patrimônio líquido, mas existem outras que fazem parte desse grupo. Segue um modelo com a estrutura do Balanço Patrimonial: ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 27 BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO PASSIVO ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE Caixa Fornecedor Banco Contas a pagar Contas a receber Salários a pagar Estoque Impostos a pagar Financiamento Curto Prazo Empréstimos Curto Prazo ATIVO NÃO CIRCULANTE PASSIVO NÃO CIRCULANTE IMOBILIZADO Exigível a longo prazo Imóveis Financiamento a longo prazo Terrenos Empréstimo a longo prazo Móveis e Utensílios Máquinas e equipamentos Veículos INVESTIMENTOS Participações em outras empresas INTANGÍVEL Marcas e patentes Software TOTAL ATIVO TOTAL PASSIVO + PL Título: Balanço Patrimonial - Modelo Fonte: adaptada de Marion (2015). Uma informação relevante que devemos entender é a equação contábil básica, na qual o significado do balanço patrimonial fica explícito. Já aprendemos que o Grupo do Ativo fica estruturado no lado esquerdo; e o Grupo do Passivo e o PL ficam à direita. Dessa forma, surge uma noção de igualdade contábil necessária para nosso entendimento, primordial para a nossa disciplina Administração Financeira e Orçamentária. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 28 O TOTAL DO ATIVO é igual à soma do TOTAL DO PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO. Ainda, o PATRIMÔNIO LÍQUIDO é igual à subtração entre ATIVO e PASSIVO, ou seja, o termo usual na contabilidade é “bater balanço”. Para podermos gravar de forma mais simples, segue: ATIVO (=) PASSIVO (+) PATRIMÔNIO LÍQUIDO PATRIMÔNIO LÍQUIDO (=) ATIVO (-) PASSIVO Título: Equação Contábil Básica Fonte: adaptada de Marion (2015). Em suma, para a administração financeira e orçamentária, é fundamental o conhecimento da estrutura do Balanço Patrimonial, pois é a partir dessa demonstração que conseguimos realizar algumas técnicas aplicadas que nos fornecerão informações como análise financeira e econômica, gestão de estoque, ciclo de pagamentos e recebimentos, gestão e geração de caixa, dados financeiros sobre obtenção de recursos por meio de capital de terceiros e próprio etc. São muitas as informações advindas por esse relatório, mas é importante, ainda, entendermos alguns pontos que o administrador financeiro deverá levar em consideração quando realizar a análise do Balanço Patrimonial. Os pontos são os seguintes: 1- Liquidez; 2- Capital de terceiros x Capital próprio; 3- Valor de Mercado x Valor Contábil. 2.1.1.4 Análise de liquidez Título: Liquidez financeira Fonte: https://pixabay.com/photos/puzzle-money-business-finance-2500328/ https://pixabay.com/photos/puzzle-money-business-finance-2500328/ ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 29 Liquidez refere-se à velocidade e à facilidade com a qual um ativo pode ser convertido em dinheiro. Por exemplo: ouro é um ativo relativamente líquido; uma instalação fabril já não é. A liquidez possui duas dimensões: a facilidade de conversão e a perda de valor. Qualquer ativo pode ser convertido rapidamente em dinheiro desde que se reduza o preço suficientemente. Um ativo altamente líquido é o que pode ser vendido rapidamente sem perda significativa de valor. Um ativo ilíquido é aquele que não pode ser convertido rapidamente em dinheiro sem redução substancial de preço. A disposição das contas do grupo ativo tem como parâmetro a liquidez, ou seja, a disposição das contas do ativo segue ordem decrescente de liquidez — da conta mais líquida (caixa ou equivalente de caixa) para a menos líquida; por exemplo: software. Segue um exemplo: Título: Ativo em ordem decrescente de liquidez Fonte: do próprio autor. Os ativos imobilizados são relativamente ilíquidos. Na percepção financeira, são recursos que propiciam as operacionalidadesda empresa com o objetivo do resultado final: o lucro. Como exemplo, podemos citar o imóvel que sedia o parque fabril de determinada organização; a disposição e o layout desse imóvel têm por objetivo servir à execução do ciclo operacional, mas usualmente o imóvel não se converte em dinheiro facilmente. Outra questão quanto à liquidez: ela define o valor dos ativos. Quanto mais líquida for a empresa, menos favorável é que ocorram dificuldades financeiras. Infelizmente, os ativos líquidos são menos rentáveis, pois o parâmetro quanto ao retorno exigido dos investidores excede a capacidade de conversão em dinheiro em percentual. Um exemplo é o saldo de caixa: é o mais líquido de todos, mas não tem rendimento ínfimo, ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 30 se comparado com outros ativos. Assim, há uma compensação entre as vantagens da liquidez e o sacrifício de possibilidades de lucro. A liquidez é uma métrica muito utilizada para medir a saúde financeira de uma empresa. É ampla, e conseguimos visualizar sua aplicação em vários campos da administração financeira e orçamentária, como nos índices da análise de Balanço Patrimonial, nas operacionalidades da empresa, no fluxo de caixa, nas decisões de investimentos, nas projeções de investimentos em projetos etc. Para tanto, ela será estudada com mais profundidade em outros capítulos. ISTO ESTÁ NA REDE Aprenda mais sobre liquidez com base no artigo da Endeavor. Segue o link: https://endeavor.org.br/financas/liquidez/ 2.1.1.5 Capital de terceiros versus capital próprio À medida que uma organização toma dinheiro emprestado, geralmente oferece aos credores preferenciais em relação aos seus fluxos de caixa. Os sócios e acionistas têm direito somente ao valor residual, aquela parcela remanescente após todos os pagamentos terem sido feitos aos credores. O valor dessa parcela residual é o patrimônio dos proprietários da empresa, ou seja, o valor do ativo menos o valor exigível da empresa. Patrimônio dos sócios/investidores = ATIVO - EXIGÍVEL. O uso do capital de terceiros na estrutura de capital de uma empresa produz o que se chama de alavancagem financeira. Quanto mais capital de terceiros uma empresa utilizar (proporcionalmente a seus ativos), maior será seu grau de alavancagem financeira. A alavancagem financeira aumenta a remuneração potencial dos acionistas, mas também aumenta as possibilidades de dificuldade financeira e quebra da empresa. Dessa forma, é fundamental uma visão objetiva quando observamos o lado direito do Balanço Patrimonial, que contém os grupos ativo e patrimônio líquido, pois ambos, na visão financeira, relacionam os valores disponíveis que a empresa já utilizou, e esses recursos obtidos devem ser administrados corretamente. A estrutura de capital — que nada mais é do que a visão financeira e orçamentária de como financiar uma organização — será estuda em profundidade posteriormente, pois na etapa em que o administrador financeiro toma a decisão de financiamento, deverá https://endeavor.org.br/financas/liquidez/ ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 31 entender com clareza o lado direito do Balanço Patrimonial e que se faz necessária a correta gestão do uso do capital de terceiros (Passivo) e do capital próprio (Patrimônio Líquido). Segundo Hoji (2012, p. 200), “Basicamente, o capital de terceiros pode ser obtido por meio de empréstimos, financiamentos e emissão de títulos de dívida”. Ainda, conforme Padoveze (2015, p. 162), “O valor das fontes dos acionistas, considerados fornecedores internos de capital, é denominado capital próprio”. ANOTE ISSO CAPITAL DE TERCEIROS X CAPITAL PRÓPRIO CAPITAL DE TERCEIROS PASSIVO CAPITAL PRÓPRIO PATRIMÔNIO LÍQUIDO Título: Capital de terceiros x capital próprio Fonte: do próprio autor. 2.1.1.6 Valor de mercado versus valor contábil Os valores apresentados no Balanço Patrimonial, no que se refere aos ativos, são valores contábeis e, geralmente, não representam o valor monetário dos ativos. De acordo com as normas contábeis, as demonstrações financeiras apresentam os ativos a seu custo histórico, ou seja, os ativos são contabilizados pelo que se pagou em determinada data, utilizando o fato gerador como parâmetro; dessa forma, apresentam o valor histórico naquela data, e não o valor atualizado ou de mercado. Além disso, os ativos valiosos de uma empresa, difíceis de quantificação — como gerenciamento eficaz, boa reputação da organização, empregados talentosos etc. —, não são evidenciados no Balanço Patrimonial, mas é um fato que são diferenciais que, na visão de mercado, são geralmente relevantes na decisão de investir ou não em determinada empresa. Portanto é fundamental que o administrador financeiro leve em conta essa percepção na leitura do Balanço Patrimonial. 2.1.2 Demonstração do Resultado do Exercício A Demonstração de Resultado é uma demonstração exigida pela legislação voltada às sociedades por ações, enquanto as organizações que não estão debaixo dessa legislação e não têm a obrigação de fazê-lo deveriam refletir bem, pois essa demonstração traz uma série de informações relevantes para a administração financeira e orçamentária. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 32 Segundo Assaf Neto (2014, p. 110), “Essa demonstração tem finalidade exclusiva de apurar o lucro ou prejuízo do exercício. Engloba as receitas, as despesas, os ganhos e perdas do exercício, apurados por Regime de Competência”. Conforme Salazar (2010, p. 37), “A demonstração de resultados mede o desempenho operacional da empresa durante o período, comparando o que ela conseguiu vender (receitas) e [...] (custo e despesas)”. Ainda, de acordo com Iudícibus (2017, p. 51): A demonstração do resultado do exercício é um resumo ordenado das receitas e despesas da empresa em determinado período (12 meses). É apresentado de forma dedutiva (vertical), ou seja, das receitas subtraem- se as despesas e, em seguida, indica-se o resultado (lucro ou prejuízo). A Demonstração de Resultado evidencia basicamente a venda bruta designada como Receita Operacional Bruta, deduzida de Custos e Despesas, resultando em Lucro ou Prejuízo Líquido. Segue um modelo básico da estrutura da DRE: DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO (DRE) RECEITA (-) CUSTOS/DESPESAS (=) LUCRO/PREJUÍZO A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), no modelo completo sugerido pela Lei n. 6.404/1976 para as Sociedades por Ações, relaciona as seguintes contas de resultado: • receita operacional bruta: representa a venda de produtos, mercadoria e prestação de serviço. A venda é bruta, sem nenhuma dedução. Para maior explanação, ela é conhecida também como faturamento; • deduções: nesse grupo estão listados os impostos sobre venda (IPI, PIS, Cofins, ICMS e ISS), as devoluções incondicionais, os abatimentos e a devolução de venda. Esse grupo de contas subtrai a receita operacional bruta; • receita operacional líquida: representa resultado após a subtração das deduções; • custo: conhecido como Custo da Mercadoria Vendida (CMV), Custo do Produto Vendido (CPV) e/ou custo da prestação de serviço, o custo é o gasto vinculado diretamente ao processo produtivo/venda de mercadoria. Usualmente, no segmento industrial, são as matérias-primas, as embalagens e os empregados da produção; • lucro bruto ou resultado operacional líquido: evidencia o resultado após a dedução do custo do produto/serviço ou prestação de serviço. O lucro bruto é um parâmetro fundamental para a gestão financeira e orçamentária, pois evidencia o resultado ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 33 após o sacrifício financeiro para a geração do produto/serviço ou a prestação de serviço vendido; • despesas operacionais: nesse grupo, constam despesas de vendas(comercial), despesas administrativas e despesas financeiras, subtraindo-as da receita financeira. Esse grupo evidencia o sacrifício financeiro direcionado diretamente à receita, ou seja, a despesa tem por objetivo a obtenção de receita; • outras despesas e receitas operacionais: são despesas/receitas que não estão vinculadas diretamente à atividade-fim da organização. Um exemplo é a venda de um imobilizado; o ganho ou a perda dessa venda deve ser contabilizado na demonstração; • Lucro Antes do Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (LAIR): o resultado após a subtração das despesas operacionais e antes da dedução dos impostos IR e CSLL; • Imposto de Renda sobre Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido: são impostos devidos com base na legislação para cada especificidade das organizações; • lucro/prejuízo líquido: é o resultado após a dedução das participações direcionadas à remuneração a empregados e a administradores definidos em estatuto, das debêntures (um título de “empréstimos” obtidos ao público geral) e das doações formalizadas a instituições ou a fundos de assistência ou previdência de empregados. Segue um modelo sugerido da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE): Receita Bruta de Venda de Bens e Serviços (-) Impostos sobre venda (-) Devoluções, Descontos Comerciais e Abatimentos Receita Líquida (-) Custos dos Produtos e Serviços Vendidos Lucro Bruto (-) Despesas de Vendas (-) Despesas Gerais e Administrativas (-) Despesas Financeiras Líquidas (-) Outras Despesas Operacionais (+) Outras Receitas Operacionais Lucro antes do Imposto de Renda (-) Provisão para o Imposto de Renda (-) Participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias Lucro Líquido do Exercício Título: Demonstração do Resultado do Exercício - modelo sugerido Fonte: Assaf Neto (2014, p. 111). ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 34 ISTO ESTÁ NA REDE Veja o artigo desenvolvido pelo Sebrae sobre a relevância da DRE para as micro e pequenas empresas. Acesse: https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/ap/artigos/como-fazer-um- demonstrativo-de-resultados,48f3ace85e4ef510VgnVCM1000004c00210aRCRD Assim como os aspectos que foram levantados para o Balanço Patrimonial, para a DRE, há três aspectos relevantes quando analisamos a visão da administração financeira e orçamentária, para que o administrador financeiro entenda com clareza em sua leitura desse demonstrativo. Os três aspectos a serem levados em conta são: 1- Os princípios contábeis geralmente aceitos; 2- A distinção entre itens monetários e itens não monetários; 3- A relação entre prazo e custos. 2.1.2.1 Princípios contábeis geralmente aceitos na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) A Demonstração do Resultado do Exercício, em sua estrutura, indicará as receitas quando são obtidas. Isso não coincide necessariamente com o momento em que há recebimento de dinheiro ou saída concreta de caixa. As despesas, da mesma forma, não evidenciam saída de caixa efetiva; desse modo, seguem o regime de competência. Como já explicado, a distinção entre regime de competência e regime de caixa deve fazer parte do conhecimento do administrador financeiro. As principais demonstrações financeiras são formalizadas e pautadas no regime de competência e, dessa forma, nem todas as contas de resultados apresentadas na estrutura da DRE possuem entrada ou saída efetiva de valores monetários, variando, assim, o caixa. A ideia básica, nesse caso, é determinar primeiramente as receitas aos custos associados à sua produção para poder realizar uma análise mais clara da demonstração do resultado. 2.1.2.2 Itens monetários e itens não monetários Uma razão fundamental pela qual o lucro contábil difere do fluxo de caixa é a de que a demonstração do resultado do exercício contém itens não monetários, ou seja, https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/ap/artigos/como-fazer-um-demonstrativo-de-resultados,48f3ace85e4ef510VgnVCM1000004c00210aRCRD https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/ap/artigos/como-fazer-um-demonstrativo-de-resultados,48f3ace85e4ef510VgnVCM1000004c00210aRCRD ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 35 não há saída concreta de caixa ou não há desembolso ou qualquer dispêndio, mesmo essa conta de resultado impactando o lucro e diminuindo-o. Um exemplo, nesse caso, é a conta de resultado que é listada nas Despesas Administrativas (a depreciação), que é uma conta que diminui o lucro por compor a estrutura e seguir uma legislação específica das normas contábeis, porém ela não representa um desembolso financeiro. Suponhamos que uma empresa compre um ativo imobilizado por R$ 5.000,00 e faça o pagamento à vista. Obviamente, há nesse fato contábil um desembolso financeiro em valor monetário — nesse caso, de R$ 5.000,00. Esse ativo imobilizado será depreciado pelo contador. Por exemplo, por cinco anos, se a depreciação for linear, o ativo terá seu valor reduzido a zero durante esse período, portanto o valor da depreciação seria descontado anualmente como despesa na estrutura da demonstração de resultado, mas essa dedução não representa saída de caixa. 2.1.2.3 Prazos e custos É útil considerar o futuro de duas partes: o curto e o longo prazo. Esses dois períodos não são exatos. • No longo prazo: todos os custos são variáveis na visão financeira; • No curto prazo: temos custos fixos e custos variáveis. A distinção entre custos fixos e custos variáveis é importante para o administrador financeiro. A Demonstração do Resultado do Exercício agrega os custos fixos e variáveis em vários itens, e é normal separá-los em custo de produção e despesas operacionais, sendo, portanto, necessário “abri-los” para melhor classificação. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 36 CAPÍTULO 3 DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA APLICADO NA GESTÃO FINANCEIRA Prezado(a) aluno(a), após entendermos sobre a estrutura e importância para a nossa disciplina, vamos entender sobre a terceira demonstração que é fundamental para as entidades de modo geral. Segundo a legislação citada anteriormente, além das demonstrações financeiras, do Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado do Exercício, está listada como uma das mais relevantes demonstrações financeiras contábeis a Demonstração do Fluxo de Caixa. A Demonstração do Fluxo de Caixa evidencia, de forma sintática, a variação da conta patrimonial caixa que faz parte do escopo do grupo ativo circulante, presente no Balanço Patrimonial. A visão financeira sintetiza o fluxo de caixa no período do curto prazo, enquanto as contas patrimoniais do passivo não circulante e do ativo não circulante traduzem fatos administrativos e contábeis no âmbito do longo prazo. O olhar direcionado ao fluxo de caixa é focado nas operacionalidades, nas estratégias e no processo decisório voltado ao curto prazo, a algo imediatista. Segundo Dornelas (2018, p. 172), “Trata-se de uma ferramenta estratégica que auxilia o empreendedor no gerenciamento e no planejamento das ações que serão tomadas no dia a dia e no futuro da empresa”. A Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) passou a ser obrigatória com a Lei nº 11.638/07, sendo adotada em substituição à (DOAR). A DFC centra sua atenção nas origens e aplicações de caixa, ou seja, revela onde os recursos de caixa foram obtidos e onde foram investidos, no exercício. A DFC é muito importante para a avaliação da situação financeira da empresa, podendo se conhecer sua efetiva capacidade de pagamento (ASSAF NETO, 2014, p. 115). Ainda, conforme afirma Santos (2010, p. 43), “O fluxo de caixa é o instrumento capaz de traduzir em valores e datas os diversos dados gerados pelos demais sistemas de informação da empresa”. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINEMIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 37 3.1 Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) A Demonstração do Fluxo de Caixa tem por finalidade básica explicar a variação da conta patrimonial caixa de um ano para outro. Com a atualização da Lei n. 6.404/1976 pela Lei n. 11.638/07, essa demonstração tornou-se obrigatória para as empresas de capital aberto e as grandes, incluindo as limitadas, porém a companhia fechada com o patrimônio líquido na data do Balanço Patrimonial inferior a dois milhões de reais não está obrigada à elaboração. De modo geral, o fluxo de caixa é uma ferramenta muito difundida em específico na gestão financeira. É aplicável não somente à obediência da legislação contábil; existem muitas outras utilidades e aplicabilidades para o fluxo de caixa. O fluxo de caixa é fundamental para a administração financeira e orçamentária das organizações. Sua ausência é um dos motivos de as empresas entrarem em processo de falência, pois sem o fluxo de caixa a empresa não consegue obter um conhecimento do seu curto prazo além do longo prazo. A demonstração dos fluxos de caixa, quando usada em conjunto com as demais demonstrações contábeis, proporciona informações que permitem que os usuários avaliem as mudanças nos ativos líquidos da entidade, sua estrutura financeira (inclusive sua liquidez e solvência) e sua capacidade para mudar os montantes e à época de ocorrência dos fluxos de caixa, a fim de adaptá-los às mudanças nas circunstâncias e oportunidades (CPC, 2010, p. 2). Notamos que muitos aspectos da gestão financeira são levantados pelo fluxo de caixa, como a necessidade de financiamento, a sobra de recursos para aplicar no mercado financeiro, ganhos ou perdas com juros, a necessidade de redução de custo de capital de terceiros etc. ISTO ESTÁ NA REDE Prezado(a) aluno(a), veja neste vídeo da Endeavor sobre a importância de geração e gestão do caixa nas organizações. Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=eHvyWO3r4VY. São muitas as finalidades da Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC). As principais são: https://www.youtube.com/watch?v=eHvyWO3r4VY ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 38 1- Avaliação da geração e uso de caixa pela administração; 2- Predição do fluxo de caixa futuro; 3- Determinação da habilidade que a empresa tem para pagar juros, dividendos e dívidas, na ocasião de seus vencimentos. Há três tipos de Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC). São eles: • Caixa das Atividades Operacionais (CAO); • Caixa das Atividades de Investimento (CAI); • Caixa das Atividades de Financiamento (CAF). 3.1.1 Modelo Direto O Modelo Direto é uma metodologia da estrutura do fluxo de caixa que parte do cálculo das cobranças, subtraindo-se os desembolsos operacionais. Esse modelo é o mais utilizado entre as micro e pequenas empresas, pois a sua estrutura tem como objetivo determinar se o saldo do caixa total foi gerado ou consumido. Dessa forma, são fornecidas informações relevantes para a tomada de decisão para a administração financeira e orçamentária. Destacam-se objetivamente as entradas e saídas de dinheiro, informando-se a origem (fonte) e o uso (aplicação). É um modelo mais revelador e facilmente analisado pelo leigo em contabilidade. O Modelo Direto é mais simplificado de formalizar, trabalhando com os conceitos de entrada e saída de valores monetários. Pelo método direto, as informações sobre as principais classes de recebimentos brutos e de pagamentos brutos podem ser obtidas alternativamente: (a) dos registros contábeis da entidade; ou (b) pelo ajuste das vendas, dos custos dos produtos, mercadorias ou serviços vendidos (no caso de instituições financeiras, pela receita de juros e similares e despesa de juros e encargos e similares) e outros itens da demonstração do resultado ou do resultado abrangente referentes a: (i) variações ocorridas no período nos estoques e nas contas operacionais a receber e a pagar; (ii) outros itens que não envolvem caixa; e (iii) outros itens tratados como fluxos de caixa advindos das atividades de investimento e de financiamento (CPC, 2010, p. 6). Segue um exemplo do Modelo Direto: ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 39 Título: Modelo Direto (DFC) Fonte: CPC (2010, p. 17). 3.1.2 Modelo Indireto O Modelo Indireto é uma metodologia da estrutura do fluxo de caixa que parte do cálculo do valor demonstrado pelo Lucro Líquido da DRE. Evidencia quais foram as alterações no giro (Ativo Circulante e Passivo Circulante) que provocaram aumento ou diminuição no caixa, sem explicar diretamente as entradas e saídas de dinheiro. O Modelo Indireto responde objetivamente à pergunta do porquê temos na Demonstração de Resultado (DRE) prejuízo líquido (resultado econômico, lucro econômico e prejuízo econômico), enquanto na conta caixa do grupo Ativo Circulante temos um aumento de valor monetário. Dessa forma, o Modelo Indireto se pauta no conceito de análise dos dois demonstrativos para, então, gerar nele o fluxo de caixa, pois inicia com o lucro econômico, conhecido também como lucro ajustado, e posteriormente é realizada a análise das variações do ativo e do passivo circulante registrados em aumento ou diminuição. De acordo com o método indireto, o fluxo de caixa líquido advindo das atividades operacionais é determinado ajustando o lucro líquido ou prejuízo quanto aos efeitos de: (a) variações ocorridas no período nos estoques e nas contas operacionais a receber e a pagar; (b) itens que não afetam o caixa, tais como depreciação, provisões, tributos diferidos, ganhos e perdas cambiais não realizados e resultado de equivalência patrimonial quando aplicável; e (c) todos os outros itens tratados como fluxos de caixa advindos das atividades de investimento e de financiamento (CPC, 2010, p. 6). ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 40 Segue um exemplo de Modelo Indireto: Título: Modelo Indireto (DFC) Fonte: CPC (2010, p. 18). 3.1.3 Caixa das Atividades Operacionais (CAO) Você verá que são três os tipos de metodologia para a formulação da Demonstração do Fluxo de Caixa. Para a legislação contábil, são três os tipos a serem realizados pelas empresas que estão obrigadas a fazê-lo. Para relembrar, os tipos são: 1- Caixa das Atividades Operacionais; 2- Caixa das Atividades de Investimentos; 3- Caixa das Atividades de Financiamento. Todos são relevantes para a gestão financeira e orçamentária das entidades, e um dos mais difundidos e que gera grande preocupação dos administradores financeiros é o fluxo de caixa direcionado à atividade-fim do negócio, ou seja, das operacionalidades ou do ciclo operacional do negócio. Essa demonstração traz em seu escopo fatos contábeis ou contas da contabilidade que traduzem a existência principal de qualquer negócio. A ideia focal é conseguir formular de forma estruturada e organizada para chegar ao resultado final, se a organização, no âmbito operacional, obteve a geração ou o consumo do caixa. Algumas atividades relacionadas ao Caixa das Atividades Operacionais (CAO) são: ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 41 1- Venda dos produtos, serviços e prestação de serviço; 2- Recebimento da venda dos produtos, serviços e prestação de serviço; 3- Pagamento de compra de estoque de matéria-prima, mercadoria de revenda ao fornecedor; 4- Pagamento a empregados. Segue modelo do Caixa das Atividades Operacionais (CAO): Caixa das Atividades Operacionais (CAO) Mod. Direto (+) ENTRADA DE VALORES R$ Recebimentos de clientes R$ (-) SAÍDAS R$ Pagamento a Fornecedores e Empregados R$ Pagamento de aluguéis R$ Pagamento de juros R$ Pagamento de IR R$ CAIXA GERADO OU CONSUMIDO R$ Título: Modelo Caixa das Atividades Operacionais (CAO) Fonte: do próprio autor. 3.1.4 Caixa das Atividades de Investimento (CAI)O Caixa das Atividades de Investimento (CAI) também é muito relevante, mas pouco conhecido entre o empresariado brasileiro. Segundo a legislação contábil anteriormente vista, na formulação da Demonstração do Fluxo de Caixa, o CAI é obrigatório. A ideia central na formulação desse fluxo de caixa é evidenciar as movimentações relacionadas ao investimento nas entidades. Na nossa disciplina, é fundamental entendermos algumas nomenclaturas utilizadas no dia a dia da gestão financeira e orçamentária, e esse fluxo de caixa deixa bem clara essa relevância. A nomenclatura “investimento” diz respeito ao gasto com ativo fixo de longo prazo. Esse termo faz parte do escopo de gastos, no qual visualizamos vários elementos, como custo, despesa, perda etc. O investimento é entendido como um gasto em ativo fixo com o objetivo de lucro e retorno do valor injetado. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 42 O conceito de ativo fixo de longo prazo nos remete ao grupo do ativo não circulante. Conforme estudamos anteriormente, os grupos, nesse caso, são: imobilizado, investimento e intangível. Para que possamos entender de forma mais objetiva quais são as movimentações que deverão ser listadas no fluxo de caixa de investimento, vale lembrar esses conceitos voltados à nomenclatura de investimento e a visão financeira e contábil das movimentações que podem ser consideradas de investimento. Dessa forma, seguem algumas movimentações que são registradas no fluxo de caixa de investimento: 1- Recebimento da venda de imobilizado; 2- Pagamento na compra de imobilizado, intangível; 3- Pagamento de participações em outras empresas. Exemplos de fluxos de caixa advindos das atividades de investimento são: (a) pagamentos em caixa para aquisição de ativo imobilizado, intangíveis e outros ativos de longo prazo. Esses pagamentos incluem aqueles relacionados aos custos de desenvolvimento ativados e aos ativos imobilizados de construção própria; (b) recebimentos de caixa resultantes da venda de ativo imobilizado, intangíveis e outros ativos de longo prazo; (c) pagamentos em caixa para aquisição de instrumentos patrimoniais ou instrumentos de dívida de outras entidades e participações societárias em joint ventures (exceto aqueles pagamentos referentes a títulos considerados como equivalentes de caixa ou aqueles mantidos para negociação imediata ou futura); (d) recebimentos de caixa provenientes da venda de instrumentos patrimoniais ou instrumentos de dívida de outras entidades e participações societárias em joint ventures (exceto aqueles recebimentos referentes aos títulos considerados como equivalentes de caixa e aqueles mantidos para negociação imediata ou futura); (e) adiantamentos em caixa e empréstimos feitos a terceiros (exceto aqueles adiantamentos e empréstimos feitos por instituição financeira); (f) recebimentos de caixa pela liquidação de adiantamentos ou amortização de empréstimos concedidos a terceiros (exceto aqueles adiantamentos e empréstimos de instituição financeira); (g) pagamentos em caixa por contratos futuros, a termo, de opção e swap, exceto quando tais contratos forem mantidos para negociação imediata ou futura, ou os pagamentos forem classificados como atividades de financiamento; e (h) recebimentos de caixa por contratos futuros, a termo, de opção e swap, exceto quando tais contratos forem mantidos para negociação imediata ou venda futura, ou os recebimentos forem classificados como atividades de financiamento (CPC, 2010, p. 5). Segue exemplo do Caixa das Atividades de Investimento (CAI): ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 43 CAIXA DAS ATIVIDADES DE INVESTIMENTO (CAI) Mod. Direto (+) ENTRADA DE VALORES R$ Alienação de Imobilizado R$ Juros Recebidos R$ Dividendos Recebidos R$ (-) SAÍDA DE VALORES R$ Aquisição de Imobilizado R$ CAIXA GERADO OU CONSUMIDO R$ Título: Modelo Caixa das Atividades Investimentos (CAI) Fonte: do próprio autor. 3.1.5 Caixa das Atividades de Financiamento (CAF) A Demonstração do Fluxo de Caixa possui uma análise criteriosa na visão de financiamento das entidades. Vimos a visão operacional e de investimentos formalizados pela empresa. A visão de como uma organização é financiada é fundamental para a administração financeira e orçamentária. O conceito de financiamento faz parte da análise da estrutura de capital que abordaremos em maior profundidade. Esse conceito responde à máxima: Quais as formas de financiamento de uma entidade? Conceitualmente, podemos financiar uma empresa por meio da utilização de capital de terceiros (Passivo) e/ou capital próprio (Patrimônio Líquido). Dessa forma, o fluxo de caixa direcionado às movimentações de financiamento registra as variações que dizem respeito ao levantamento de recursos para a entidade. Princípio-função de financiamento Os diretores e/ou administradores das empresas devem selecionar uma combinação de dívida e patrimônio líquido para financiar seus projetos de investimento (SALAZAR, 2010, p. 16). Ainda, conforme Padoveze (2015), a entrada de dinheiro advindo a título de entrada de capital é denominada capital próprio, pois a fonte desses recursos são os donos da empresa. Já a entrada de dinheiro de terceiros, por meio de obtenção de empréstimos ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 44 e financiamento em bancos e no mercado financeiro, tem como fonte o capital de terceiros. Algumas movimentações que pertencem ao Caixa das Atividades de Financiamento (CAF): 1- Integralização de capital; 2- Obtenção de empréstimos; 3- Pagamento de dividendos aos acionistas. • Exemplos de fluxos de caixa advindos das atividades de financiamento são: (a) caixa recebido pela emissão de ações ou outros instrumentos patrimoniais; (b) pagamentos em caixa a investidores para adquirir ou resgatar ações da entidade; (c) caixa recebido pela emissão de debêntures, empréstimos, notas promissórias, outros títulos de dívida, hipotecas e outros empréstimos de curto e longo prazos; (d) amortização de empréstimos e financiamentos; e (e) pagamentos em caixa pelo arrendatário para redução do passivo relativo a arrendamento (CPC, 2010, p. 6). Segue modelo do fluxo de caixa de financiamento: CAIXA DAS ATIVIDADES DE FINANCIAMENTO (CAF) Mod. Direto (+) ENTRADA DE VALORES R$ Aumento de capital R$ Empréstimos obtidos R$ (-) SAÍDA DE VALORES R$ Pagamento de empréstimos R$ CAIXA GERADO OU CONSUMIDO R$ Título: Modelo Caixa das Atividades de Financiamento Fonte: do próprio autor. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 45 3.1.6 Transações que afetam o caixa Vimos anteriormente, em cada uma das Demonstrações de Fluxos de Caixa, algumas movimentações que afetam em específico cada caixa em sua atividade. Para maior aprendizado, seguem algumas movimentações que afetam o caixa. 3.1.6.1 Transações que aumentam o caixa • Integralização do capital pelos sócios ou acionistas: são os investimentos realizados pelos proprietários. Se a integralização não for em dinheiro, mas em bens imobilizados, estoques, títulos etc., não afetará o caixa. • Empréstimos bancários e financiamentos: são os recursos financeiros oriundos das instituições financeiras. Normalmente, os empréstimos bancários são utilizados como capital de giro (circulante); e os financiamentos, para aquisição de ativo fixo. • Venda de itens do ativo fixo: embora não seja comum, a empresa pode vender itens do ativo fixo. Nesse caso, teremos uma entrada de recursos financeiros. • Venda à vista e recebimento de duplicatas a receber: normalmente, a principal fonte de recursos do caixa, sem dúvida, é aquela resultante da venda. • Outras entradas: juros recebidos, dividendos recebidos de outras empresas, indenizações de seguros recebidas etc. 3.1.6.2 Transações que diminuemo caixa • Pagamentos de dividendos aos acionistas: se os investimentos dos proprietários da empresa representam entrada em caixa, os dividendos pagos, em cada exercício, significam diminuição de caixa. • Pagamento de juros e amortização da dívida: o resgate das obrigações junto às instituições financeiras bem como os encargos financeiros (juros, comissões etc.) significam saída de dinheiro do caixa. • Aquisição de item do ativo fixo: são aquisições de imobilizado e de itens do subgrupo de investimentos (ações). • Compra à vista e pagamentos a fornecedores: são aquelas saídas de numerários referentes a matéria-prima e material secundário. • Pagamento de despesa/custo, contas a pagar e outros: são os desembolsos com despesas administrativas de vendas, com itens do custo e outros. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 46 3.1.6.3 Transações que não afetam o caixa • Depreciação, amortização e exaustão: são reduções de ativo, sem afetar o caixa, no exercício em que são contabilizadas. • Provisão para devedores duvidosos: estimativa de prováveis perdas com clientes que não representam desembolso para a empresa, no momento. • Acréscimos (ou diminuições): de itens de investimentos pelo método de equivalência patrimonial, poderá haver aumentos ou diminuições em itens de investimentos sem significar que houve vendas ou novas aquisições. Leia no artigo a seguir, desenvolvido pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (IBEF), um case sobre a Mastercard vinculado à decisão com respeito ao fluxo de caixa. ISTO ACONTECE NA PRÁTICA Tesouraria: Análise do case de disrupção na gestão de fluxo de caixa da Mastercard A Comissão Técnica de Tesouraria e Riscos do IBEF-SP debateu o tema de disrupção na gestão de fluxo de caixa a partir da análise do caso da Mastercard Brasil. A reunião técnica, realizada em 9 de novembro, contou com a participação de Cesar Teixeira, Controller na Mastercard Brasil, Ana Paula Maximiliano, VP Desenvolvimento de Negócios da Boost Brasil, e moderação de Igor Matos Bueno, líder da Comissão. O case tratado se refere a uma solução que a Mastercard implantou para melhorar os seus controles internos e que impactou automaticamente tudo o que fosse relacionado à operação e ao fluxo financeiro desse processo. Cesar Teixeira explicou aos participantes como surgiu a demanda, por que houve um empenho em implantar essa solução e quais os ganhos financeiros e operacionais obtidos com esse processo. Pagamentos com cartão – A solução encontrada foi realizar os pagamentos com cartão, simplificando todo o processo, em parceria com a fintech Boost. A solução possibilitou um aumento de performance com o atendimento operacional de contas a pagar terceirizado, proporcionando, por exemplo, um único pagamento semanal, conciliação sistêmica, opção de antecipação de recebíveis para o fornecedor. “Dessa forma é muito mais fácil programar o fluxo de caixa, pois a data do pagamento efetivo é a data da fatura. Na Mastercard foi organizada a agenda de pagamentos que não é mais diária. O processo se torna mais simples, muito mais ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 47 fácil, menos burocrático e se obtém uma otimização na utilização de recursos”, acrescentou Teixeira. Resultados – A redução do tempo para reconciliação passou de 20 dias para apenas 3 dias, ocasionando uma redução de 100% nos custos de reconciliação com terceiros e uma redução de 80% de recursos operacionais. Com relação à inadimplência com boletos, que no mercado que chega ao patamar de 60%, com a solução da Boost foi possível reduzir 100% dos custos de reemissão dos boletos e da cobrança. Além disso, a eficiência operacional com a automatização de processos e a melhoria na reconciliação proporcionaram um ganho operacional de até 80% e uma redução de 30% na margem de erros. Fonte: IBEF-SP (2021, online). https://ibefsp.com.br/tesouraria-analise-do-case-de-disrupcao-na-gestao-de-fluxo-de-caixa-da-mastercard/ https://ibefsp.com.br/tesouraria-analise-do-case-de-disrupcao-na-gestao-de-fluxo-de-caixa-da-mastercard/ https://ibefsp.com.br/tesouraria-analise-do-case-de-disrupcao-na-gestao-de-fluxo-de-caixa-da-mastercard/ ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 48 CAPÍTULO 4 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS I - LIQUIDEZ E ENDIVIDAMENTO Prezado(a) aluno(a), até o momento, conseguimos visualizar e entender na prática sobre as principais demonstrações financeiras e sua importância para a disciplina Administração Financeira e Orçamentária. A partir deste capítulo, vamos visualizar várias informações elencadas em metodologias desenvolvidas com o intuito de fornecer parâmetros que somados se tornam base para a gestão financeira e orçamentária, em sua operacionalidade, seus projetos e sua tomada de decisão. Na administração financeira e orçamentária, notamos a necessidade de métodos e/ ou ferramentas que evidenciem, de forma prática e clara, a situação em que a entidade se encontra financeiramente. Vimos que as principais demonstrações evidenciam a realidade da empresa, no âmbito patrimonial, de resultado financeiro no curto prazo, mas o administrador financeiro, muitas vezes, encontra dificuldade de traduzir essas informações de forma lógica e organizada nos campos de atuação da área financeira e de orçamento. Dessa forma, este capítulo tem por objetivo elencar as principais metodologias que possam sanar essa questão. A análise das demonstrações financeiras das empresas de qualquer ramo de atividade, geralmente, indica os pontos fracos e fortes do seu desempenho operacional e financeiro. A informação resultante da análise financeira das entidades utilizada para o desempenho financeiro e organizacional fornece os seguintes benefícios à organização: 1- Prevê como as decisões estratégicas ou a expansão das atividades econômicas de uma organização são capazes de afetar os desempenhos financeiros futuros; 2- Fornece maior visualização da saúde financeira e econômica da entidade; 3- Traça aspectos que deverão ser corrigidos para direcionar à meta de maximização de riqueza; ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 49 4- Evidencia quais os fatores positivos e negativos que a organização apresenta. Segundo Iudícibus (2017, p. 87), a análise das demonstrações financeiras das empresas, “de um lado, mais aponta problemas a serem investigados do que indica soluções; de outro, desde que convenientemente utilizada, pode transformar-se num poderoso ‘painel de controle’ da administração”. “Trata-se de um processo de meditação sobre os demonstrativos contábeis, objetivando uma avaliação da situação da empresa em seus aspectos operacionais, econômicos, patrimoniais e financeiros”, de acordo, ainda, com Padoveze (2015, p. 219). As informações constantes das quatro demonstrações financeiras básicas são de grande importância para diversas partes interessadas que necessitam regularmente de medidas relativas ao desempenho da empresa. A palavra-chave aqui é relativa, pois a análise de demonstrações financeiras se baseia no uso de índices, ou valores relativos. A análise de índices envolve métodos de cálculo e interpretação de índices financeiros para analisar e monitorar o desempenho da empresa. Os insumos fundamentais para a análise de índices são a demonstração do resultado e o balanço patrimonial (GITMAN, 2010, p. 49). Além das informações anteriores, a análise das demonstrações financeiras é uma técnica fundamental para o levantamento dos seguintes dados: 1- Desempenho financeiro e operacional das entidades; 2- Pontos fortes e fracos da liderança do setor financeiro; 3- Parâmetro para tomada de decisão; 4- Projeções futuras; 5- A situação financeira e econômica; 6- Ferramenta nas decisões estratégicas; 7- Ferramentapara decisão de expansão do negócio. As demonstrações que vimos anteriormente — Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado do Exercício e Demonstração do Fluxo de Caixa — são analisadas, porém há enfoque maior no Balanço Patrimonial e na Demonstração de Resultado, pois é por meio deles que se evidencia a situação financeira da organização. Uma técnica que veremos é a Análise Horizontal e Vertical. Outra metodologia aplicável ao campo da análise diz respeito aos índices financeiros. Os índices consistem em ferramentas de comparação e investigação das relações entre diferentes informações financeiras elencadas. São: ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 50 1- Liquidez = índices de solvência a curto prazo; 2- Endividamento = índices de solvência a longo prazo; 4- Análise Horizontal e Vertical; 3- Giro = índices de gestão de ativos; 4- Lucratividade = índice relacionado ao resultado econômico. Neste capítulo, veremos: índice de liquidez e endividamento (solvência); no próximo capítulo, veremos sobre giro ou índice de atividades, análise horizontal e vertical e lucratividade. Outros índices, como rentabilidade, duplicatas a receber e gestão de estoque, serão analisados em maior profundidade nos capítulos seguintes. Conforme afirma Iudícibus (2017), a técnica de análise financeira por quocientes é um dos mais importantes desenvolvimentos da contabilidade, pois é muito mais indicado comparar, digamos, o ativo com o passivo do que simplesmente analisar cada um dos elementos individualmente. O uso dos quocientes tem como finalidade principal permitir ao analista extrair tendências e comparar os quocientes com padrões preestabelecidos. A finalidade da análise é mais do que retratar o que aconteceu no passado; fornece algumas bases para inferir o que poderá acontecer no futuro. A periodicidade da análise depende dos objetivos que se pretende alcançar. Tratando- se de análise para finalidades externas, basicamente, um cálculo anual ou semestral é suficiente. 4.1 Análise de liquidez Como vimos anteriormente, liquidez é a capacidade de um determinado ativo convergir em dinheiro. Fatores como tempo e perda de valores estão inclusos nessa análise. O índice de liquidez evidencia, de forma objetiva, a capacidade da organização de pagar suas contas a curto prazo. Como sabemos, as bases de análise de gestão de pagamento de dívidas estão dispostas na estrutura do Balanço Patrimonial, mais especificamente na comparabilidade de ativo e passivo, ou seja, recursos e exigibilidades serão os dados para o cálculo de liquidez. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 51 ANOTE ISSO LIQUIDEZ = CAPACIDADE DE CONVERSÃO EM DINHEIRO. O índice de liquidez é interessante para a análise de credores a curto prazo. Como os administradores financeiros operam constantemente com bancos e outros fornecedores a curto prazo, é essencial que se compreenda e interprete esse índice. Segundo Assaf Neto (2014), os indicadores de liquidez visam medir a capacidade de pagamento (folga financeira) de uma empresa, ou seja, sua habilidade em cumprir corretamente as obrigações passivas assumidas. Ainda, conforme Gitman (2010), como precursor comum de dificuldades financeiras é uma liquidez baixa ou em declínio, esses índices podem fornecer sinais antecipados de problemas de fluxo de caixa e insolvência do negócio. Os seguintes índices são analisados: 1- Liquidez Corrente; 2- Liquidez Seca; 3- Liquidez Imediata; 4- Liquidez Geral. ISTO ESTÁ NA REDE No link a seguir, veja sobre a importância da liquidez para a saúde financeira das organizações, a partir do texto desenvolvido pela Endeavor. Acesse: https://endeavor.org.br/financas/liquidez/?gclid=Cj0KCQjw9deiBhC1A RIsAHLjR2B9GQG3EWzP35Mptuzi5LwFglcI8Fo6Xi86MG50Ftu1D3CgQLVlPtA aAq9vEALw_wcB https://endeavor.org.br/financas/liquidez/?gclid=Cj0KCQjw9deiBhC1ARIsAHLjR2B9GQG3EWzP35Mptuzi5LwFglcI8Fo6Xi86MG50Ftu1D3CgQLVlPtAaAq9vEALw_wcB https://endeavor.org.br/financas/liquidez/?gclid=Cj0KCQjw9deiBhC1ARIsAHLjR2B9GQG3EWzP35Mptuzi5LwFglcI8Fo6Xi86MG50Ftu1D3CgQLVlPtAaAq9vEALw_wcB https://endeavor.org.br/financas/liquidez/?gclid=Cj0KCQjw9deiBhC1ARIsAHLjR2B9GQG3EWzP35Mptuzi5LwFglcI8Fo6Xi86MG50Ftu1D3CgQLVlPtAaAq9vEALw_wcB ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 52 4.1.1 Liquidez Corrente Título: Liquidez Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/foto/anonimo-fundo-segundo-plano-experiencia-6802045/ Esse índice indica quanto uma determinada empresa tem de dinheiro para cada unidade monetária de obrigações de curto prazo. Portanto é uma medida a curto prazo, pois analisa as informações dentro do exercício social. Como os ativos e passivos circulantes são convertidos em dinheiro dentro de 12 meses (1 ano), a liquidez corrente é a medida dessa liquidez. A unidade de medida é monetária, e sua análise deve seguir a estruturação a seguir: Faixa de Avaliação Até 1,00 - Liquidez corrente péssima. De 1,10 a 1,40 - Liquidez corrente baixa. De 1,40 até 1,70 - Liquidez corrente adequada. Acima de 1,70 - Liquidez corrente excelente. Esses são os parâmetros de análise. Fórmula de cálculo: ILC = Ativo Circulante/Passivo Circulante A fórmula evidencia quanto a empresa possui para cada R$ 1,00 de dívida a curto prazo. Exemplo: Ativo Circulante: R$ 10.000,00 Passivo Circulante: R$ 5.000,00 Índice de Liquidez Corrente: 10.000/5.000 = 2 https://www.pexels.com/pt-br/foto/anonimo-fundo-segundo-plano-experiencia-6802045/ ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 53 Análise: Para cada R$ 1,00 de dívida de curto prazo, a organização possui R$ 2,00 no ativo circulante para saldar a dívida de curto prazo. Parâmetro para análise do resultado: Acima de 1,70 - Liquidez corrente excelente. Dessa forma, evidencia-se que a empresa possui folga em sua liquidez corrente. Vale ressaltar que quanto mais elevado o índice de liquidez corrente, melhor, pois isso denota liquidez, ou a capacidade de a gestão financeira pagar as contas de curto prazo. Além disso, é relevante para a análise também do credor, pois em uma análise dos credores, uma empresa que quita suas dívidas é uma organização que evidencia solidez e uma adequada gestão do negócio. ANOTE ISSO ÍNDICE DE LIQUIDEZ CORRENTE (ILC) = AC/PC = QUANTO MAIOR, MELHOR! 4.1.2 Liquidez Seca Esse índice é conhecido também como Índice Ácido, o qual indica ao administrador financeiro se a organização consegue quitar suas dívidas de curto prazo sem a utilização do estoque, ou seja, esse índice de liquidez seca demonstra quanto uma determinada organização possui de bens e direitos mais rapidamente conversíveis em dinheiro para cada unidade monetária de obrigações de curto prazo. O estoque usualmente considerado menos líquido do grupo do ativo circulante é o ativo para o qual os valores contábeis são menos confiáveis como medida de valor de mercado, pois deve ser avaliada a questão quantitativa e qualitativa, e a qualidade do estoque, muitas vezes, não é fato preponderante em sua mensuração. Eliminando-se os estoques do numerador, estamos eliminando uma fonte de incerteza. Por outro lado, estamos eliminando influências e distorções que a adoção desse ou daquele critério de avaliação de estoques poderia acarretar, principalmente se os critérios foram mudados ao longo dos períodos (MARION; RIBEIRO, 2018, p. 171). Segue a fórmula: ILS = Ativo Circulante (-) Estoques / Passivo Circulante A fórmula evidencia quanto a empresa possui para cada R$ 1,00 de dívida a curto prazo, sem a utilização do estoque. Exemplo: 1- Ativo Circulante: R$ 10.000,00 2- Estoque: R$ 5.000,00 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 54 3- Passivo Circulante: R$ 5.000,00 Índice de Liquidez Seca: 10.000 (-) 5.000,00 / 5.000,00 = 1 Análise: Paracada R$ 1,00 de dívida de curto prazo, a organização possui R$ 1,00 no ativo circulante sem o estoque para saldar a dívida de curto prazo. Parâmetro para análise do resultado: Até 1,00 - Liquidez corrente péssima. Levando-se em conta que, para poder operar, a empresa necessita do estoque, nesse caso, é preocupante, pois a empresa possui “par a par”, ou seja, sem o estoque, ela quita sua dívida de curto prazo, porém não há um valor para sustentação, reinvestimento ou qualquer decisão estratégica. Este índice é um teste de força aplicado à empresa; visa medir o grau de excelência da sua situação financeira. [...] O índice de Liquidez Seca conjugado com o índice de Liquidez Corrente é um reforço à conclusão de que a empresa é uma “atleta de liquidez” (MATARAZZO, 2010, p. 108). ANOTE ISSO ÍNDICE DE LIQUIDEZ SECA (ILS) = AC(-) ESTOQUE/PC = QUANTO MAIOR, MELHOR! 4.1.3 Liquidez Imediata Esse índice indica quanto uma determinada empresa tem de dinheiro disponível para cada unidade monetária de obrigações de curto prazo. Algumas literaturas não utilizam esse índice devido a questões relacionadas a certas situações específicas, como inflação, pois o comparativo entre um valor imediato como o caixa em comparação com o total de passivos circulantes que possuem um diferencial muito grande com respeito à data de vencimentos não é uma análise tão interessante de fazer, mas como faz parte do escopo da análise das demonstrações financeiras, está incluso neste livro. Fórmula para o cálculo: ILI = Disponível / Passivo Circulante A fórmula evidencia quanto a empresa possui para cada R$ 1,00 de dívida a curto prazo, utilizando recursos imediatamente disponíveis, como o caixa, banco e aplicações financeiras de liquidez imediata. Exemplo: 1- Disponibilidades: R$ 2.500,00 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 55 2- Passivo Circulante: R$ 5.000,00 Índice de Liquidez Imediata: 2.500 / 5.000 = 0,50 Análise: Para cada R$ 1,00 de dívida de curto prazo, a organização possui R$ 0,50 de disponibilidades para saldar a dívida de curto prazo. Parâmetro para análise do resultado: Até 1,00 - Liquidez corrente péssima. ANOTE ISSO ILI = DISPONÍVEL/PASSIVO CIRCULANTE = QUANTO MAIOR, MELHOR! 4.1.4 Liquidez Geral Esse índice indica quanto uma determinada empresa tem de dinheiro disponível para cada unidade monetária de obrigações de curto e longo prazo. Os índices de liquidez corrente, seca e imediata trabalham com a exigibilidade de curto prazo. Na liquidez geral, o administrador financeiro consegue visualizar também o passivo no longo prazo, diluindo a seguinte questão: no curto e longo prazo, quanto a empresa possui de ativos para cobrir suas dívidas totais? Segundo Assaf Neto (2014), esse indicador retrata a saúde financeira da empresa a longo prazo. Fórmula para o cálculo da Liquidez Geral: ILG = Ativo Circulante + RLP / Passivo Circulante + ELP A fórmula evidencia quanto a empresa possui para cada R$ 1,00 de dívida a curto prazo e longo prazo. Exemplo: 1- Ativo circulante + RLP: R$ 2.500,00 2- Passivo Circulante + ELP: R$ 5.000,00 Índice de Liquidez Geral: 2.500 / 5.000 = 0,50 Análise: Para cada R$ 1,00 de dívida de curto prazo, a organização possui R$ 0,50 de ativo curto prazo e realizável a longo prazo para saldar a dívida. Parâmetro para análise do resultado: Até 1,00 - Liquidez corrente péssima. A utilização desses quociente é válida, porém é importante ressaltar que devido ao pouco uso de amostragem, à quantificação das contas abordadas e à proporção entre si, muitas vezes, pode ser necessário usar de critério, pois se há grandes valores a receber no longo prazo, isso pode afetar a análise do curto prazo. O contrário também ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 56 se aplica: se há um peso maior no curto prazo, isso pode afetar a análise do longo prazo. Como nos fala Hoji (2012, p. 284), “Mas se a empresa apresentar problema financeiro no curto prazo, o índice ‘bom’ do longo prazo não será válido. O principal problema [...] é que diversos valores correntes de diferentes datas se misturam”. Ainda, de acordo com Iudícibus (2017), se não contarmos com grandes aplicações em valores a receber de longo prazo, a posição de liquidez no longo prazo fica comprometida. ANOTE ISSO ILG = ATIVO CIRC. + RLP/PASSIVO CIRC. = QUANTO MAIOR, MELHOR! Em suma, cabe ao administrador financeiro utilizar os quocientes listados anteriormente, porém a análise das demonstrações contábeis traz em seu estudo outras metodologias que, somadas, serão mais adequadas à sua aplicabilidade. ISTO ACONTECE NA PRÁTICA O link a seguir apresenta um artigo sobre a aplicação de liquidez nas companhias aéreas TAM e Gol. Acesse: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/administracao/risco-de- liquidez. 4.2 Análise de Endividamento (Solvência de Longo Prazo) O Índice de Endividamento, também conhecido como Índice de Solvência de Longo Prazo, tem por objetivo mensurar a capacidade das entidades para saldar suas obrigações de longo prazo. Essa ferramenta relaciona as várias fontes de fundos entre si, procurando retratar a posição do capital próprio em relação ao capital de terceiros. São índices de muita importância, pois indicam a relação de dependência da empresa com a utilização de capital de terceiros (IUDÍCIBUS, 2017, p. 104). Parafraseando Gitman (2010), quanto maior o endividamento, maior o risco de a entidade honrar com os pagamentos contratuais. Dessa forma, a situação de https://www.nucleodoconhecimento.com.br/administracao/risco-de-liquidez https://www.nucleodoconhecimento.com.br/administracao/risco-de-liquidez ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 57 endividamento de uma empresa indica o volume de dinheiro de terceiros usado para gerar lucros. Assim, o administrador financeiro estará mais preocupado com as dívidas de longo prazo. Usualmente, quando se fala em dívidas, há um certo receio, principalmente em empresas micro e pequenas, nas quais o sócio é detentor do conhecimento e possui o papel principal na tomada de decisão. É interessante ressaltar, porém, que o processo de formar dívidas é comumente difundido entre as empresas e é positivo às organizações que as administram corretamente, por isso a importância desse índice, que auxilia na gestão das dívidas de longo prazo. Os Índices de Endividamento são: 1- Quociente de Capital de Terceiros x Capital Próprio: relação do Passivo com o Patrimônio Líquido; 2- Quociente de Composição do Passivo: participação do exigível a curto prazo sobre o exigível total; 3- Endividamento Geral: participação de capitais de terceiros sobre os recursos totais. A análise desses quocientes tem como parâmetro a medida em percentual. Dessa forma, seguem os dados: De 0 até 30% = endividamento nulo De 30% até 50% = endividamento baixo De 50% até 70% = endividamento normal Acima de 70% = endividamento elevado ISTO ESTÁ NA REDE Veja, no vídeo do Sebrae Talks, dicas sobre a gestão financeira das dívidas. Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=3srmTcx-Q00. 4.2.1 Quociente de Capital de Terceiros x Capital Próprio: relação do Passivo com o Patrimônio Líquido Conforme vimos anteriormente, o capital próprio representa os fundos originados de valores aplicados pelos sócios e/ou acionistas. Dessa forma, a entidade deverá cumprir com esses recursos introduzidos. Capital Próprio = Patrimônio Líquido https://www.youtube.com/watch?v=3srmTcx-Q00 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 58 Capitais de terceiros são recursos financeiros advindos das contas que fazem parte do passivo, como empréstimos levantados na rede bancária, financiamentos, fornecedores etc. Capital de Terceiros = Passivo Esse quociente evidencia a dependência de recursos de terceiros em comparação à utilizaçãode recursos próprios. De modo geral, se o quociente manter-se acima de 1 por longos exercícios sociais, mostra que o administrador financeiro tem que se atentar, devido a essa dependência. Fórmula para o cálculo do Quociente de Relação Passivo e PL: Relação Passivo/PL = Passivo Circulante + Passivo Não Circulante / Patrimônio Líquido A fórmula evidencia quanto a empresa possui de dívidas de longo prazo. Exemplo: 1- Passivo Circulante + Passivo Não Circulante: R$ 1.000.000,00 2- Patrimônio Líquido: R$ 700.000,00 Índice de Relação Passivo/PL: 1.000.000/ 700.000 = 1,43 Análise por índice: acima de 1 = dependência de capital de terceiros. Análise em percentual: o índice multiplicado por cem = acima de 100% mostra dependência de capital de terceiros. Parâmetro para análise do resultado: acima de 70% = endividamento elevado. Interpretação: é preocupante, pois a participação do capital de terceiros se sobrepõe aos fundos de recursos próprios. De acordo com Assaf Neto (2014), a relação indica, para cada uma das formas de cálculo, quanto a empresa possui de recursos de terceiros (a curto prazo, a longo prazo ou total) para cada unidade monetária aplicada de capital próprio. ANOTE ISSO ÍNDICE DE RELAÇÃO EXIGÍVEL/PL = = PASSIVO CIRCULANTE + PASSIVO NÃO CIRCULANTE / PL 4.2.2 Quociente de Composição do Passivo: participação do exigível a curto prazo sobre o exigível total Conforme vimos anteriormente, o capital de terceiros representa os fundos originados de valores aplicados pela captação de recursos fora da organização, como bancos, ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 59 fornecedores etc. “Esse quociente revela qual a proporção existente entre as obrigações de curto prazo e as obrigações totais, isto é, quanto a empresa terá de pagar em curto prazo para cada real do total das obrigações existentes” (MARION; RIBEIRO, 2018, p. 164). O quociente em questão levanta alguns pontos a respeito da utilização de dívidas no curto prazo em relação ao longo prazo. No conceito financeiro, é interessante uma administração adequada quanto à captação desses recursos de curto prazo, pois a ideia usual é a de que as dívidas de longo prazo são mais interessantes para a organização devido ao “respiro financeiro”, ou seja, o longo prazo auxilia no giro do curto prazo, não afetando diretamente o caixa, por exemplo. Ainda, é importante que a entidade avalie bem a obtenção de fundos no longo prazo no sentido da rentabilidade dessa captação, pois se está direcionada à expansão ou a um projeto novo, talvez tenha impacto direto na gestão financeira. Devido a esses fatores, existe esse quociente e tantos outros, para que o tomador de decisão se conscientize. Fórmula para o cálculo do Quociente de Exigível a Curto Prazo/Longo Prazo: Composição Passivo = Passivo Circulante / Exigível Total A fórmula evidencia quanto a empresa possui de dívidas de curto prazo em relação ao longo prazo. Exemplo: 1- Passivo Circulante: R$ 1.000.000,00 2- Exigível total: R$ 700.000,00 Índice de Composição Passivo: 1.000.000/ 700.000 = 1,43 Análise por índice: acima de 1 = dependência de capital de terceiros. Análise em percentual: o índice multiplicado por cem = acima de 100% representa dependência de capital de terceiros. Parâmetro para análise do resultado: acima de 70% = endividamento elevado. Interpretação: é preocupante, pois a participação do capital de terceiros se sobrepõe aos fundos de recursos próprios. ANOTE ISSO ÍNDICE DE COMPOSIÇÃO DO PASSIVO = PASSIVO CIRCULANTE / EXIGÍVEL ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 60 4.2.3 Endividamento geral: participação de capitais de terceiros sobre os recursos totais Conforme vimos anteriormente, o capital de terceiros é o fundo captado junto a entidades terceiras ao contrato social, ou seja, não faz parte da administração da empresa. Exemplos: rede bancária, fornecedores etc. O Índice de Endividamento Geral que o endividamento representa sobre os fundos totais, além disso, significa qual a participação do ativo total financiado com os fundos de capital de terceiros. Segundo Gitman (2010, p. 54), “o índice de endividamento geral mede a proporção do ativo total financiado pelos credores da empresa”. Fórmula para o cálculo do Índice de Endividamento Geral: Endividamento Geral = Exigível Total / Ativo Total Exemplo: 1- Exigível total (Passivo Circulante + Passivo Não Circulante): R$ 1.000.000,00 2- Ativo Total: R$ 700.000,00 Índice de Composição Passivo: 700.000/1.000.000 = 0,70 Análise em percentual: o índice multiplicado por cem = acima de 100% representa dependência de capital de terceiros Parâmetro para análise do resultado: acima de 70% = endividamento elevado. Interpretação: é preocupante, pois grande parte dos recursos (ativos) está sendo financiada por capital de terceiros. Quanto maior esse índice, consequentemente, maiores serão as dívidas da organização e a alavancagem financeira, que será estudada posteriormente. ANOTE ISSO ÍNDICE DE ENDIVIDAMENTO GERAL = = PASSIVO CIRCULANTE + PASSIVO NÃO CIRCULANTE / ATIVO TOTAL Os Índices de Endividamento e Liquidez, se utilizados em conjunto na análise, poderão trazer informações relevantes. O papel de cada índice e sua especificidade em complemento com outros índices são necessários para uma visão macro da análise das demonstrações financeiras. Querido(a) aluno(a), não se esqueça de que a soma dos vários índices e os conteúdos que serão abordados posteriormente, que fazem parte do “todo” da nossa disciplina, ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 61 são fundamentais. Dessa forma, necessitamos aprender sobre as outras metodologias de análise, que seguem nos próximos capítulos. “Por fim, mesmo quando a interpretação dos quocientes que revelam o grau de endividamento evidenciar tendência de desequilíbrio financeiro, para saber se a empresa se encontra ou não em situação de insolvência, será preciso interpretar os Quocientes de Liquidez” (MARION; RIBEIRO, 2018, p. 166). Além disso, conforme afirma Matarazzo (2010), nunca deve ser esquecida a importância atribuída a cada índice pelos analistas de grande experiência em análise de empresas. ISTO ESTÁ NA REDE Prezado(a) aluno(a), leia, no link a seguir, o artigo da empresa Suno Consultoria sobre a importância da aplicabilidade do índice de endividamento. Acesse: https:// www.suno.com.br/artigos/indice-de-endividamento-geral/. FÓRMULAS - ÍNDICES DE LIQUIDEZ E ENDIVIDAMENTO LIQUIDEZ 1- LIQUIDEZ CORRENTE AC ÷ PC Quanto maior, melhor. 2- LIQUIDEZ SECA AC - ESTOQUE ÷ PC Quanto maior, melhor. 3- LIQUIDEZ IMEDIATA DISPONÍVEL ÷ PC Quanto maior, melhor. 4- LIQUIDEZ GERAL RLP + AC ÷ ELP + PC Quanto maior, melhor. ENDIVIDAMENTO *Solvência 1- RELAÇÃO ENTRE PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO (PL) PASSIVO TOTAL ÷ PL Quanto menor, melhor. 2- COMPOSIÇÃO DO PASSIVO PASSIVO CIRCULANTE ÷ PASSIVO TOTAL Quanto menor, melhor. 3- ENDIVIDAMENTO GERAL PASSIVO TOTAL ÷ ATIVO TOTAL Quanto menor, melhor. Título: Fórmulas - índice de liquidez e endividamento Fonte: adaptada de Iudícibus (2017). https://www.suno.com.br/artigos/indice-de-endividamento-geral/ https://www.suno.com.br/artigos/indice-de-endividamento-geral/ ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 62 CAPÍTULO 5 ANÁLISE HORIZONTAL/ VERTICAL E LUCRATIVIDADE Olá, aluno(a)! Devido à grande demanda do setor financeiro, é natural que, ao desenvolvermos a análise dos relatórios financeiros e contábeis que já conhecemos (Balanço Patrimonial e DRE), existam vários aspectos a serem levantados. A análise das demonstrações financeiras é necessária para a verificação periódica da situação da saúde econômica e financeira das entidades. Dessa forma, são muitos os aspectos a serem levados em conta. O administrador financeiro tem a funçãode possuir uma visão macro da administração financeira e orçamentária. Para isso, a literatura nos fornece mecanismos que auxiliam de forma objetiva e clara. Caro(a) aluno(a), nós vimos a relevância de dois índices ou quocientes que trazem informações sobre a situação de liquidez e endividamento. Por meio dessas metodologias, podemos responder a algumas questões do rol de questionamentos a serem feitos pelo administrador financeiro: A organização paga suas dívidas no curto e longo prazo? E de que forma paga? Qual o impacto dos empréstimos e dos financiamentos bancários em relação à fonte aportada pelos sócios/acionistas? É com a utilização dos quocientes de liquidez e endividamento que conseguimos, caro(a) aluno(a), responder a essas questões. Agora, vamos analisar duas metodologias relevantes para a posição financeira da entidade. Ambos os índices a serem analisados serão aprofundados em outros capítulos, para somarem à carga de conhecimento necessária dos aspectos por vir. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 63 Título: Análise horizontal e vertical Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/brainstorming-business-working-report-concept-547290181 Neste capítulo, as metodologias a serem abordadas inicialmente serão as técnicas de análise horizontal e análise vertical; posteriormente, veremos o índice de lucratividade. 5.1 Análise horizontal e vertical O estudo da análise por meio da horizontalidade tem por objetivo tomar os valores monetários e as contas alocadas nas demonstrações financeiras de forma a apresentar uma lógica de clareza e objetividade na comparabilidade entre exercícios sociais, ou seja, ano a ano. Usualmente, as empresas, quando utilizam essa metodologia, realizam a análise de três exercícios sociais (anos) antes. Dessa forma, há uma decomposição de elementos das demonstrações analisadas para melhor visualização. Um fator no processo decisório que é levado em conta na construção de relatórios financeiros é o “tempo”. Assim, a análise horizontal nada mais é do que uma visualização de cada conta de anos anteriores para elencar e evidenciar se houve evolução ou retrocesso da conta em específico 5.1.1 Análise horizontal Marion e Ribeiro (2018) deixam claro que esse tipo de análise possibilita o acompanhamento do desempenho de cada uma das contas que compõem a demonstração em questão, ressaltando as tendências em cada uma delas, sejam de evolução ou de retração. https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/brainstorming-business-working-report-concept-547290181 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 64 Ainda, conforme Matarazzo (2010), verificamos que a análise horizontal baseia-se na evolução de cada conta de uma série de demonstrações financeiras em relação à demonstração anterior. O objetivo da análise horizontal é fornecer informações úteis da situação financeira no âmbito patrimonial e de resultado para o administrador financeiro. ANÁLISE HORIZONTAL = Analisa períodos (ano a ano). ANOTE ISSO Segue a fórmula: AH = Exemplo: 1- Conta analisada: caixa; 2- Caixa ANO 20X1 - R$ 100.000; 3- Caixa ANO 20X2 - R$ 90.000,00. Cálculo: = Valor 20x2 / Valor 20x1 = 90.000 / 100.000 = 0,9 = 0,90 (-) 1 (x) 100 = 90 Ou seja, nota-se que no ano 20x1, que é base de análise (100%), a conta caixa diminuiu para 90%. Para conferirmos qual o percentual de aumento, façamos o seguinte cálculo: 90 / 100 (-) 1 x 100 = 10% de diminuição em 20x2 em relação a 20x1. ATIVO CIRC ANO 20x1 AH ANO 20x2 AH Caixa 100.000 100 90.000 90 Segue outro exemplo de análise de forma horizontal: ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 65 ANO BASE ATIVO 20X1 AH 20X2 AH ATIVO CIRCULANTE R$ 139.805,00 100 R$ 161.225,00 15,32 Investimento R$ 20.000,00 100 R$ 20.000,00 100 Imobilizado R$ 101.250,00 100 R$ 125.975,00 24 Intangível R$ 18.555,00 100 R$ 15.250,00 -17 Tabela 2 – Análise horizontal (exemplo) Fonte: adaptada de Hoji (2012). Cálculos: 1- Ativo Circulante: 20x1 R$ 139.805,00 e 20x2 R$ 161.225,00 = Valor 20x2 / Valor 20x1 = 161.225 / 139.805 = 1,1532 (-) 1 (x) 100 = 15,32 Ou seja, nota-se que no ano 20x1, que é base de análise (100%), houve uma evolução de cerca de 15% sobre o ano anterior. 2- Investimento: 20x1 R$ 20.000,00 e 20x2 R$ 20.000,00 = Valor 20x2 / Valor 20x1 = 20.000 / 20.000 = 1 (-) 1 (x) 100 = 0 Ou seja, nota-se que o ano 20x1, que é base de análise (100%), manteve-se sem alteração. 3- Imobilizado: 20x1 R$ 101.250,00 e 20x2 R$ 125.975,00 = Valor 20x2 / Valor 20x1 = 125.975 / 101.250 = 1,244 (-) 1 (x) 100 = 24,42 Ou seja, nota-se que o ano 20x1, que é base de análise (100%), evoluiu em torno de 25% sobre o ano anterior. 4- Intangível: 20x1 R$ 18.555,00 e 20x2 R$ 15.250,00 = Valor 20x2 / Valor 20x1 = 15.250 / 18.555 = 0,8218 (-) 1 (x) 100 = - 17,81 Ou seja, nota-se que o ano 20x1, que é base de análise (100%), diminuiu em torno de 18% sobre o ano anterior. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 66 ISTO ESTÁ NA REDE Veja, no link a seguir, o artigo sobre a aplicabilidade das análises horizontal e vertical no mercado financeiro e de capitais voltados para a tomada de decisão na área de investimento, da Warren Magazine. Acesse: https://warren.com.br/magazine/analise-vertical/. 5.1.2 Análise vertical O estudo da análise por meio da verticalidade tem por objetivo tomar os valores monetários e as contas alocadas nas demonstrações financeiras de forma a apresentar uma lógica de clareza e objetividade na comparabilidade de cada conta em relação a seu grupo. Para a realização do cálculo do Balanço Patrimonial, analisamos cada conta em relação ao Ativo Total/Passivo Total. Para a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), analisamos cada conta em relação à Receita Operacional Líquida. Para a realização do cálculo das contas do Balanço Patrimonial, deve-se dividir o valor de cada conta pelo valor total do ativo ou do passivo, lembrando que o ativo/ passivo é igual a 100%. No Balanço Patrimonial = AV = CONTA ANALISADA / VALOR ATIVO/PASSIVO (X) 100 Na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) = AV = CONTA ANALISADA / VALOR DA ROL (X) 100 Na análise, é levantado o percentual de participação da conta no grupo em que está inserido em relação ao total do grupo — total do ativo, total do passivo e Receita Operacional Líquida (ROL) para a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). A análise vertical da demonstração de resultados é muito mais significativa que a do balanço patrimonial, pois, pelo fato de atribuir 100% à receita operacional, permite uma visão da estrutura de custos e despesas da empresa, em termos de média sobre venda (PADOVEZE, 2015, p. 220). https://warren.com.br/magazine/analise-vertical/ ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 67 Ainda, conforme Hoji (2012), a análise vertical facilita a avaliação da estrutura do ativo e do passivo, bem como a participação de cada item da Demonstração de Resultado na formação do lucro e prejuízo. Para complementar, com base em Iudícibus (2017), esse tipo de análise é importante para avaliar a estrutura de composição de itens e sua evolução no tempo, pois se a análise horizontal permite uma visualização de cada conta ano a ano, a análise vertical vai além, já que evidencia a participação pelo total do grupo. Portanto: ANOTE ISSO ANÁLISE VERTICAL = Analisa a participação da conta no seu grupo respectivo. Seguem as fórmulas: AV = AV = Exemplo: BALANÇO PATRIMONIAL ANO 20X1 1- Conta analisada: caixa; 2- Caixa ANO 20X1 - R$ 100.000; 3- Ativo ANO 20X1 - R$ 1.350.000,00 AV = CONTA ANALISADA/ATIVO TOTAL X 100 AV = 100.000 / 1.350.000 X100 = 7,41% Ou seja, nota-se que a participação da conta caixa (liquidez) em relação ao total dos recursos(Ativo Total) representa em torno de 8%. ANO 20X1 1- Conta analisada: caixa; 2- Caixa ANO 20X2 - R$ 90.000; 3- Ativo ANO 20X2 - R$ 1.350.000,00 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 68 AV = CONTA ANALISADA/ATIVO TOTAL X 100 AV = 90.000 / 1.350.000 X100 = 6,66% Ou seja, nota-se que a participação da conta caixa (liquidez) em relação ao total dos recursos (Ativo Total) representa em torno de 7%. ATIVO ANO 20x1 AV ANO 20X1 AV Caixa 100.000 7,41% 90.000 6,66% TOTAL ATIVO 1.350.000 100% 1.350.000 100% Tabela 3 – Análise vertical (exemplo) Fonte: adaptado de HOJI (2012). ANOTE ISSO ANÁLISE HORIZONTAL AH = CONTA ANO ATUAL / CONTA ANO ANTERIOR 1 - X100 ANÁLISE VERTICAL AV = CONTA / GRUPO DE CONTAS (ATIVO/PASSIVO/ROL) X100 5.2 Índice de lucratividade Título: Lucratividade Fonte: https://pixabay.com/pt/illustrations/o-neg%C3%B3cio-trabalhando-escrit%C3%B3rio-6608336/ Prezado(a) aluno(a), até o momento, aprendemos sobre alguns índices relevantes para levantar a saúde financeira de uma entidade. Vimos, também, uma das ferramentas mais utilizadas e eficientes da análise das demonstrações financeiras: a análise https://pixabay.com/pt/illustrations/o-neg%C3%B3cio-trabalhando-escrit%C3%B3rio-6608336/ ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 69 horizontal e vertical. Veremos outros índices relevantes (rentabilidade e índice de atividades) no próximo capítulo. O índice de lucratividade, muitas vezes, não é especificado pela literatura voltada à análise da demonstração financeira, mas sim pela literatura voltada à contabilidade e à gestão de custos. Em geral, o leigo no segmento financeiro não tem conhecimento da distinção entre rentabilidade e lucratividade. Dessa forma, é um fato que o empresariado, principalmente no Brasil, confunda essas áreas do conhecimento da administração financeira e orçamentária. Rentabilidade, que será estudada em profundidade nos próximos capítulos, é o retorno sobre o capital investido pelos sócios/acionistas, normalmente definida em valores percentuais. Por exemplo, um investidor fez aporte a determinada empresa no valor de R$ 500.000,00 com a intenção de uma rentabilidade de 18% sobre o capital investido. Perceba, caro(a) aluno(a), que a rentabilidade definida pelo investidor é em percentual, e nesse caso específico, ele definiu que a taxa mínima de atratividade é de 18%, portanto, retorno sobre o valor investido. No caso, o lucro ou a lucratividade é o objetivo de todo empresário que pretende empreender. O lucro, basicamente, é o resultado da venda bruta subtraída das despesas e dos custos. Trata-se de um fator determinante da saúde financeira da empresa, porém não é o único. Como vimos até agora, são muitos os aspectos que definem a saúde financeira e econômica da organização, por isso estudaremos a lucratividade e também a rentabilidade. ANOTE ISSO DIFERENÇA ENTRE LUCRATIVIDADE E RENTABILIDADE: LUCRATIVIDADE = Resultado da venda bruta subtraída dos custos e das despesas. O resultado é em valor monetário; RENTABILIDADE = Retorno exigido em contrapartida de determinado valor injetado. Valor apresentado em percentual. O índice de lucratividade é fundamental para a empresa, pois tem por objetivo exatamente aquilo que o investidor ou sócio/acionista busca atingir. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 70 Sua análise recai diretamente sobre as vendas brutas, ou seja, esse índice evidencia se o investidor está tendo resultado positivo sobre suas vendas brutas. Fórmula: LUCRATIVIDADE = Lucro Líquido / ROB x100 *ROB: Receita Operacional Bruta (Venda Bruta) O seu resultado evidencia para cada R$ 1,00 quanto ele ganha em resultado. Exemplo: Determinada empresa obteve no exercício social 20x1, em sua Demonstração do Resultado do Exercício, os seguintes valores: ROB = R$ 4.500.000,00 LUCRO LÍQUIDO = R$ 200.000,00 Cálculo: LUCRATIVIDADE = Lucro Líquido/ROB x 100 LUCRATIVIDADE = 200.000/4.500.000 x 100 LUCRATIVIDADE = 4,44 Análise: nota-se que para cada R$ 1,00 que a empresa vende, ela ganha uma margem de 4,44. ISTO ACONTECE NA PRÁTICA Veja a seguir a transcrição da conclusão, elencada por Nogueira e Silva (2019), sobre “Um estudo de caso com análise vertical e horizontal das demonstrações contábeis do Banco do Brasil S/A nos períodos de 2017 e 2018”. CONCLUSÃO Os resultados adquiridos a partir da confecção deste projeto visam o suporte à contabilidade gerencial, e também permitiu verificar por meio das Análises Vertical e Horizontal as variações que incidiram sobre o Banco do Brasil S/A, durante os períodos de 2017 e 2018. De acordo com as resoluções da análise vertical, o lucro líquido apresentou um aumento em seu percentual, foi de 8,35% e atingiu 12,55% em 2018; já horizontalmente ele cresceu 22,90%, tendo como base o período de 2017, isto confirma a alavancagem da empresa que tende a continuar progredindo. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 71 O Banco do Brasil S/A é uma empresa que está sempre buscando crescimento, e maneiras de manter a continuidade de suas atividades, que no decorrer dos anos se mostram promissoras, desta forma analisar as atividades financeiras desenvolvidas pela mesma é uma maneira de projetar mudanças e confirmar táticas que de alguma maneira beneficiarão a empresa. As análises realizadas nas demonstrações contábeis contemplam vários aspectos importantes, além de funcionar como uma ferramenta de controle ela auxilia no processo decisório e ajuda na avaliação dos efeitos em diferentes momentos. Conclui-se que os métodos de análise vertical e horizontal revelam-se eficientes para traduzir números em elementos importantes e adequados para definir a saúde empresarial da entidade, sendo assim uma forma de auxílio para a gestão, investidores e outros usuários. Fonte: Nogueira e Da Silva (2019, p. 24). ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 72 CAPÍTULO 6 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS II - ÍNDICE DE ATIVIDADES/PRAZO MÉDIO E RENTABILIDADE Caro(a) aluno(a), as metodologias aplicáveis para o levantamento da saúde financeira de determinada organização são necessárias e fornecem uma visão estruturada e organizada da realidade da entidade, pois em uma situação contrária — ao analisar as demonstrações financeiras de forma menos estruturada e metódica, ou seja, apenas levantando dados e olhando de forma analítica —, a demanda de tempo seria superior, além de ser uma tarefa que demandaria uma equipe maior e uma visão aquém das teorias financeiras. É com a utilização desses quocientes verificados até agora que conseguimos analisar o desempenho financeiro, a análise da gestão de curto (caixa) e longo prazo (solvência), as evoluções ou o crescimento e o enfoque dado a cada movimentação das contas apresentadas no ativo, passivo e resultado. A análise de balanços é considerada uma arte, apesar de utilizar fórmulas matemáticas e métodos científicos para extrair dados, pois, dependendo do grau de conhecimento teórico, conhecimento do ramo, experiência prática, sensibilidade e intuição, cada analista poderá produzir diagnósticos diferentes a partir de um mesmo conjunto de dados (HOJI, 2012, p. 272). Para relembrarmos, os quocientes que vimos até agora são: 1- Índice de Liquidez = evidencia se a entidade honra seus pagamentos de curto prazo; 2- Endividamento (solvência) = evidencia se a entidade honra seus pagamentos no longo prazo; 3- Análise Horizontal = evidencia a evolução ano a ano das contas dos grupos do ativo, passivo e de resultado; ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 73 4- Análise Vertical = evidencia a participação de cada conta em relação ao seu grupo (ativo, passivoe receita operacional líquida); 5- Lucratividade = evidencia a margem que a entidade possui em relação ao seu faturamento. Neste capítulo, vamos aprender sobre dois índices relevantes da administração financeira e orçamentária. São eles: 1- Índice de prazos médios; 2- Índice de rentabilidade. O índice de prazo médio também é conhecido como índice de atividades e índice de rotatividade. No caso do índice de rentabilidade, veremos as fórmulas, porém, posteriormente, vamos retomar em profundidade o tema sobre o retorno na decisão de investimento. ISTO ESTÁ NA REDE Veja, no link a seguir, o vídeo do Professor José Carlos Marion sobre o levantamento da situação financeira das organizações e como as demonstrações financeiras podem ajudar. Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=vUtWYY_ Mdw4&list=RDCMUCucbLdf3RPhhgEh60Ot8cmg&index=15. 6.1 Índice de prazos médios Título: Lucratividade Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/foto/nota-titulo-cedula-despesas-6289070/ https://www.youtube.com/watch?v=vUtWYY_Mdw4&list=RDCMUCucbLdf3RPhhgEh60Ot8cmg&index=15 https://www.youtube.com/watch?v=vUtWYY_Mdw4&list=RDCMUCucbLdf3RPhhgEh60Ot8cmg&index=15 https://www.pexels.com/pt-br/foto/nota-titulo-cedula-despesas-6289070/ ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 74 O índice de rotatividade mede o desempenho da empresa em utilizar seus ativos. Em específico, essa análise recai sobre: 1- Estoque; 2- Contas a pagar; 3- Contas a receber. O estoque é um ativo que necessita de um olhar diferenciado, pois há um impacto direto dele na gestão financeira. O enfoque é entender a eficiência aplicada pela empresa com a qual esta usa seus ativos para gerar vendas. É uma análise conjuntural que utiliza contas da posição patrimonial (Balanço Patrimonial) e contas de resultado (DRE). A importância de tais quocientes consiste em expressar relacionamentos dinâmicos - daí a denominação de quocientes de atividade (rotatividade) - que acabam, direta ou indiretamente, influindo bastante na posição de liquidez e rentabilidade (veremos posteriormente) (IUDÍCIBUS, 2017, p. 113). Conforme Marion e Ribeiro (2018), esses quocientes expressam a velocidade com que determinados elementos patrimoniais se renovam durante certo período. Os índices que serão elencados são: 1- Prazo Médio de Recebimento de Venda; 2- Prazo Médio de Pagamento; 3- Prazo Médio de Estocagem. 6.1.1 Prazo Médio de Recebimento de Vendas/Cobrança O Prazo Médio de Recebimento de Vendas (PMRV) traz em sua fórmula a receita operacional bruta e as duplicatas a receber. Esse índice mede o tempo, em média, que uma organização demora para receber o total de suas vendas. Usualmente, o administrador financeiro realiza este cálculo para chegar na média da rotatividade em dias. Segue a fórmula: PMRV = VALORES A RECEBER / ROB x 360 Exemplo: Determinada empresa apresentou em seu Balanço Patrimonial e na Demonstração de Resultado os seguintes valores: 1- Receita Operacional Bruta (ROB) = R$ 360.000,00 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 75 2- Valores a Receber (Ativo Circulante) = R$ 30.000,00 PMRV = VALORES A RECEBER / ROB x 360 PMRV = 30.000 / 360.000 x 360 = = 0,0833 x 360 = 29,99 Aproximação = 30 dias Resultado: em média, o recebimento das vendas é de 30 dias. Para podermos analisar a rotação ou o giro durante o ano, ou seja, quantas vezes durante o exercício social analisado os valores a receber são renovados, temos: Giro Valores a Receber = 360 dias / PMRV Giro VR = 360 / 30 = 12 vezes Resultado para a análise: os valores a receber são renovados doze (12) vezes ao ano, e o prazo médio de rotatividade do recebimento de vendas é de 30 dias. Neste capítulo, vamos nos concentrar em conhecer o índice e sua fórmula. Quanto à análise mais aprofundada, será utilizada no capítulo 8. De acordo com Gitman (2010), o prazo médio de recebimento é útil para avaliar as políticas de crédito e cobrança. Esse índice é fundamental para manter uma correta administração, principalmente do âmbito do contas a receber da empresa, pois impacta a estrutura financeira de modo geral. Ressalte-se que a empresa deve abreviar, sempre que possível, o prazo de recebimento de suas vendas. Com isso, poderá manter recursos disponíveis para outras aplicações mais rentáveis por prazos maiores, e elevar o giro de seus ativos [...] (ASSAF NETO, 2014, p. 125). ANOTE ISSO PMRV = VALORES A RECEBER / ROB X360 Prazo médio de recebimento de vendas: indica qual o tempo médio para receber as vendas. GIRO VR = 360 dias/ PMRV Giro Valores a Receber = indica, no ano, o giro dos valores a receber das vendas. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 76 6.1.2 Prazo Médio de Pagamento de Compra O período de pagamento ao fornecedor é o índice que mede o tempo, em média, que a organização demanda para pagar a ele. O período médio de pagamento de compra é, usualmente, calculado em dias. Conforme afirma Hoji (2012), o valor das compras brutas deve ser extraído de registros internos, pois estes não estão evidentes em demonstrações contábeis de publicação obrigatória. Segue a fórmula: PMPC = FORNECEDORES / COMPRAS X 360 Para a fórmula do PMPC, devemos entender como definir o valor do numerador: COMPRAS. Para achar as COMPRAS, segue a fórmula: COMPRAS = CMV - ESTOQUE INICIAL + ESTOQUE ANO 1 Exemplo: Determinada empresa apresentou em seu Balanço Patrimonial e na Demonstração de Resultado os seguintes valores: 1- Fornecedores = R$ 5.000,00; 2- Compras = R$ 180.000,00 PMPC = FORNECEDORES / COMPRAS x 360 PMRV = 5.000 / 180.000 x 360 = = 0,0277 x 360 = 9,99 Aproximação = 10 dias Resultado: em média, o pagamento ao fornecedor é feito em 10 dias. Para podermos analisar a rotação ou o giro durante o ano, ou seja, quantas vezes durante o exercício social analisado são renovadas as contas a pagar, temos: Giro Fornecedores = 360 dias / PMPC Giro Fornecedores = 360 / 10 = 36 vezes Resultado para a análise: as contas a pagar são renovadas 36 vezes ao ano, e o prazo médio de rotatividade do recebimento de vendas é de 10 dias. ISTO ESTÁ NA REDE Leia, no link a seguir, o artigo da Money Times sobre a aplicabilidade dos prazos médios. Acesse: https://www.moneytimes.com.br/capital-de-giro-saiba-como-usar-o- prazo-medio-de-pagamento-e-de-recebimento-para-melhora-lo/. https://www.moneytimes.com.br/capital-de-giro-saiba-como-usar-o-prazo-medio-de-pagamento-e-de-recebimento-para-melhora-lo/ https://www.moneytimes.com.br/capital-de-giro-saiba-como-usar-o-prazo-medio-de-pagamento-e-de-recebimento-para-melhora-lo/ ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 77 ANOTE ISSO PMPC = FORNECEDORES / COMPRAS X 360 Prazo médio de pagamento de compra: indica o tempo médio para pagar as compras de fornecedores. GIRO FORNECEDORES = 360 dias / PMPC Giro valores a pagar = indica, no ano, o giro dos valores a pagar aos fornecedores. 6.1.3 Prazo Médio de Estocagem O período médio de estocagem mede, geralmente em dias, o tempo que os estoques levam para serem renovados. Iudícibus (2017) deixa ciente que esse quociente, muito divulgado, procura (mensurado pelo custo das vendas) representar quantas vezes o estoque por causa das vendas foi “renovado”. Ainda, conforme Hoji (2012), nota-se que as empresas procuram aumentar o giro dos estoques, pois quanto mais rápido venderem, mais o lucro aumentará. Segue a fórmula: PMRE = ESTOQUE / CMV X 360 Para a fórmula do PMRE, devemos entender como definir o valor do numerador: Custo da Mercadoria Vendida (CMV). Essa conta de resultado encontra-se na Demonstração do Resultado do Exercício. Exemplo: Determinada empresa apresentou em seu Balanço Patrimonial e na Demonstração do Resultado os seguintes valores: 1- Estoque = R$ 60.000,00 2- CMV = R$ 360.000,00 PMRE = ESTOQUE / CMV x 360 PMRE = 60.000/360.000x 360 = = 0,1666 x 360 = 59,99 Aproximação = 60 dias Resultado: em média, a rotatividade do estoque é de 60 dias. Para podermos analisar a rotação ou o giro durante o ano, ou seja, quantas vezes durante o exercício social analisado é renovado o estoque, temos: Giro Estoque = 360 dias / PMRE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 78 Giro Estoque = 360 / 60 = 6 vezes Resultado para a análise: o estoque é renovado 6 vezes ao ano, e o prazo médio de rotatividade do estoque é de 60 dias. ANOTE ISSO PMRE = ESTOQUE / CMV x 360 Prazo médio de renovação do estoque: indica qual o tempo médio para renovar o estoque. GIRO ESTOQUE = 360 dias / PMRE Giro Valores a Pagar = indica, no ano, o giro dos valores a pagar aos fornecedores. RECEBIMENTO DE VENDA - PMRV = VALORES A RECEBER / ROB x 360 PAGAMENTO DE COMPRA - PMPC = FORNECEDORES / COMPRAS x 360 RENOVAÇÃO DE ESTOQUE - PMRE = ESTOQUE / CMV x 360 6.2 Rentabilidade Uma das análises mais relevantes e desenvolvidas para a gestão financeira das organizações é a rentabilidade. Esse índice analisa o retorno do investimento realizado pelo investidor. Multifacetado, o retorno é abordado em vários aspectos, da operacionalidade à projeção de orçamento e viabilidade econômica. Caro(a) aluno(a), lembre-se de que rentabilidade é diferente de lucratividade. Conforme já foi abordado, o índice de lucratividade se pauta no lucro em específico, enquanto o retorno é mais amplo e trata também do lucro que é objeto de uma das fórmulas, porém direciona o enfoque nos recursos (ativo) e no capital próprio (patrimônio líquido). O administrador financeiro deve entender as diferenças e as abordagens de cada um dos aspectos financeiros e orçamentários: lucro, caixa (liquidez), retorno e solvência, pois as informações obtidas pela análise das demonstrações tendem a alcançar vários aspectos. Uma empresa, nesse caso, pode ser lucrativa, mas pode ter uma liquidez deficitária, e o retorno pode não ser alcançado ou, ainda, não ser lucrativo, mas pode haver liquidez e solvência controladas com o retorno alcançado. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 79 ANOTE ISSO Lucro: é o resultado das vendas subtraídas das despesas e dos custos, apresentado em valor monetário. “Rentabilidade: é o retorno sobre o capital investido, apresentado em percentual” (PADOVEZE, 2015, p. 67). Dessa forma, quando estudamos a análise das demonstrações financeiras, o administrador financeiro deve ter ciência da importância dos dados integrados dos índices como um todo. O retorno — ou a rentabilidade — é um dos objetivos direcionados pelo investidor, seja ele um investidor externo, o sócio, o proprietário ou o acionista, pois quando injetado o capital na organização, a ideia é ter um parâmetro de retorno que, usualmente, é em percentual. “Há muitas medidas de rentabilidade. Tomadas em conjunto, essas medidas permitem aos analistas avaliar os lucros da empresa em relação a um dado nível de vendas, um dado nível de ativos ou o investimento dos proprietários” (GITMAN, 2010, p. 58). Ainda, conforme Assaf Neto (2014), os indicadores de rentabilidade costumam exercer influências significativas sobre as decisões que envolvem a empresa em análise, tomadas no mercado de crédito e acionário. Para tanto, o índice de rentabilidade atinge aspectos da organização como um todo. Seguem os índices que serão estudados: 1- Rentabilidade sobre Patrimônio Líquido (ROE); 2- Rentabilidade sobre o Ativo Total (ROA); 3- Margem Bruta; 4- Margem Líquida. 6.2.1 Retorno sobre o Patrimônio Líquido (Return on Common Equity - ROE) É uma medida de desempenho do investimento dos sócios/acionistas durante o ano. Como o objetivo da administração financeira e orçamentária é maximizar riquezas para os sócios/acionistas, o ROE traduz muito bem esse objetivo. O retorno sobre o patrimônio líquido (capital próprio) é a medida de desempenho em termos de lucro. Quanto mais alto for o resultado, melhor será para os sócios/ acionistas. Segue a fórmula: ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 80 ROE = Lucro Líquido / Patrimônio Líquido Parâmetros para avaliação: • Até 2% → rentabilidade péssima • De 2% a 10% → rentabilidade baixa • De 10% a 16% → rentabilidade boa • Acima de 16% → rentabilidade excelente Exemplo: Determinada organização apresentou os seguintes valores em seu Balanço Patrimonial e sua Demonstração do Resultado: 1- Patrimônio Líquido: R$ 1.754.000,00 2- Lucro Líquido: R$ 297.000,00 ROE = Lucro Líquido / Patrimônio Líquido x 100 ROE = 297.000 / 1.754.000 x 100 ROE = 16,93% • Parâmetros para avaliação: Acima de 16% → rentabilidade excelente Análise: para cada R$ 1,00 de capital próprio, a empresa gerou em torno de 17 centavos de lucro. 6.2.2 Retorno sobre o ativo total (ROA - Return on Total Assets) A rentabilidade pautada no ativo tem por objetivo trazer uma medida de lucro, um comparativo dos recursos (ativos) criados pela gestão empresarial em comparação com o resultado (lucro) que a empresa está fornecendo, por isso esse índice é conhecido como uma medida de lucro. Utilizado para demonstrar a capacidade de resultado produzido pela empresa em suas atividades em relação ao ativo, o ROA mede quanto a empresa obtém de lucro para cada R$ 1,00 de investimento total, por isso sua análise recai diretamente sobre seu ativo total, ou seja, sobre seu investimento total. O retorno sobre o ativo total (ROA), muitas vezes chamado de retorno sobre o investimento (ROI), mede a eficácia geral da administração na geração de lucros a partir dos ativos disponíveis. Quanto mais elevado o retorno sobre o ativo total de uma empresa, melhor (GITMAN, 2010, p. 60). Segue a fórmula para cálculo: ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 81 ROA = Lucro Líquido / Ativo Total Parâmetros para avaliação: • Até 8% → rentabilidade baixa • De 8% a 14% → rentabilidade normal • De 14% a 20% → rentabilidade boa • Acima de 20% → rentabilidade excelente Exemplo: Determinada organização apresentou os seguintes valores em seu Balanço Patrimonial e sua Demonstração do Resultado: 1- Ativo Total: R$ 3.754.000,00 2- Lucro Líquido: R$ 117.000,00 ROA = Lucro Líquido / Ativo Total x 100 ROA = 117.000 / 3.754.000 x 100 ROA = 3,12% Parâmetros para avaliação: Até 8% → rentabilidade baixa Análise: para cada R$ 1,00 de investimento no ativo, a empresa gerou em torno de 3,12 centavos de lucro. 6.2.3 Margem bruta (margem de lucro bruto) Prezado(a) aluno(a), as medidas advindas dos cálculos de margem pautada no lucro têm por objetivo evidenciar a distribuição do lucro em relação a parâmetros como as vendas brutas, as vendas líquidas após a diluição do custo, as vendas líquidas após as despesas, e assim por diante. Comumente utilizado como índice para a análise das demonstrações, o cálculo de margem de lucro é um diferencial para uma visualização mais estruturada e focada da demonstração do resultado para o administrador financeiro e os interessados. No caso da margem de lucro bruto, é uma medida que fornece a distribuição do lucro bruto em relação à receita de vendas. Mas precisamos saber: o que seria o lucro bruto? Muito difundido na literatura e na gestão financeira das organizações, o lucro bruto tem sido matéria de estudo de várias áreas, como gestão da produção e operações, gestão de projetos, gestão orçamentária, controladoria, contabilidade de custos etc. O lucro bruto é o resultado apresentado na estrutura da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). Deduzimos da receita líquida operacional o custo e, dessa forma, ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 82 conseguimos decompor a demonstração de resultado. Assim, o administrador financeiroconsegue entender qual impacto o custo exerce sobre as vendas. ISTO ESTÁ NA REDE Caro(a) aluno(a), saiba que o custo é o gasto financeiro vinculado diretamente ao processo produtivo, e que Lucro Bruto = Receita (ROL) - Custo. Veja, no artigo apresentado no link a seguir, a importância do lucro bruto para a administração financeira e orçamentária. Acesse: https://www.suno.com.br/artigos/lucro-bruto/. A margem do lucro bruto é uma medida que evidencia quanto a organização possui de lucro bruto para cada R$ 1,00 de receita líquida. Segundo Hoji (2012), esse índice indica quanto a empresa obtém de lucro bruto para cada R$ 1,00 de receita líquida. Com base em Braga (2015), a margem bruta indica a porcentagem do remanescente da receita operacional líquida após a dedução do custo das vendas. Segue a fórmula para cálculo: MB = Lucro Bruto / Receita Operacional Líquida Parâmetros para avaliação: quanto mais elevado, melhor. Exemplo: Determinada organização apresentou os seguintes valores em seu Balanço Patrimonial e sua Demonstração do Resultado: 1- Receita Operacional Líquida (ROL): R$ 754.000,00 2- Lucro Bruto: R$ 317.000,00 MB = Lucro Bruto / ROL x 100 MB = 317.000 / 754.000 x 100 MB = 42% Parâmetros para avaliação: quanto maior, melhor. Análise: para cada R$ 1,00 de receita líquida, a organização obtém 42% de lucro bruto, ou seja, com 42% de lucro bruto, a organização precisa ter cobertura para as despesas operacionais e financeiras e, ainda, gerar lucro líquido. https://www.suno.com.br/artigos/lucro-bruto/ ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 83 6.2.4 Margem líquida (margem de lucro líquido) A margem líquida é um índice que tem por objetivo evidenciar a participação do lucro líquido em relação às receitas de vendas líquidas. De acordo com Gitman (2010, p. 59), “a margem de lucro líquido mede a porcentagem de cada unidade monetária de vendas remanescentes após a dedução de todos os custos e despesas. [...] quanto mais elevada a margem de lucro líquido de uma empresa, melhor”. Caro(a) aluno(a), a margem bruta tem por parâmetro de cálculo o lucro bruto, que, como aprendemos, é o resultado das vendas após a subtração dos custos, enquanto a margem líquida ou margem do lucro líquido tem como parâmetro o resultado após todos os itens que devem ser deduzidos para obtermos o lucro líquido do exercício. Deve-se levar em conta que esse índice evidencia uma amplitude maior, pois estão envolvidas contas além dos custos. Dessa forma, a margem líquida fornece uma medida que, após descontados custos e despesas, a organização obteve de determinado resultado líquido. Segue a fórmula para cálculo: ML = Lucro Líquido / Receita Operacional Líquida Parâmetros para avaliação: quanto mais elevado, melhor. Exemplo: Determinada organização apresentou os seguintes valores em seu Balanço Patrimonial e sua Demonstração do Resultado: 1- Receita Operacional Líquida (ROL): R$ 754.000,00 2- Lucro Líquido: R$ 98.000,00 ML = Lucro Líquido / ROL x 100 ML = 98.000 / 754.000 x 100 ML = 13% Parâmetros para avaliação: quanto maior, melhor. Análise: para cada R$ 1,00 de receita líquida, a organização obtém 13% de lucro líquido. Após descontados os custos e as despesas, sobraram 13% das receitas líquidas da organização. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 84 CAPÍTULO 7 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO I - FUNDAMENTOS E GIRO OPERACIONAL Caro(a) aluno(a), como vimos anteriormente, a administração financeira e orçamentária pode ser um dos fatores de maior peso para o sucesso ou a falência de um negócio, por isso é necessário o know-how pautado em ferramentas e metodologias que auxiliam o administrador financeiro no tocante à gestão operacional, estratégica e decisória das finanças empresariais. A ideia principal deste livro é fornecer, de forma ampla, os pontos principais voltados à gestão financeira e orçamentária e sua aplicabilidade nas rotinas das organizações. Dessa forma, um dos entendimentos que obtivemos até o momento foi sobre uma das ferramentas mais amplas para o levantamento da saúde econômico-financeira das entidades: a análise das demonstrações financeiras. Aprendemos sobre a aplicação dos índices financeiros, também conhecidos como quocientes ou fórmulas. Notamos a relevância de cada uma das metodologias aplicadas ao negócio e constatamos que ambas as demonstrações contábeis (Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício - DRE) são utilizadas para os cálculos dos resultados específicos de cada temática estudada. Neste capítulo, vamos analisar uma temática que possui uma grande participação no processo decisório e estratégico para a administração financeira e orçamentária. Aprenderemos sobre a administração do capital de giro. Para o aprendizado do capital de giro da entidade, veremos sobre: 1. Ciclo operacional e financeiro; 2. Aplicação dos prazos médios; 3. Cálculo da necessidade do capital de giro; 4. Administração de duplicatas a receber; 5. Administração de duplicatas a pagar. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 85 São muitos os aspectos relacionados à administração do capital de giro. Vamos entender sobre o que é o capital de giro e o porquê da sua importância para a gestão financeira dos negócios. Conforme Salazar (2010), operacionalmente, os diretores e/ou administradores financeiros enfrentam o problema de como a empresa pode manter o capital de giro em quantidade suficiente para obter um ótimo desempenho. 7.1 Fundamentos iniciais Uma das áreas do conhecimento da administração financeira e orçamentária é a gestão do capital de giro. Trata-se de uma temática que tem como base inicial os ciclos empresariais: ciclo operacional e ciclo financeiro, ambos provêm da premissa que é o caixa. O caixa é o instrumento financeiro que traduz adequadamente o ciclo operacional e financeiro, pois é a partir dele que temos o quantitativo quanto à dependência e à busca de capital para aportar na organização. Outros componentes que fazem parte da estrutura de análise da administração do capital de giro são os ativos e os passivos circulantes levantados a partir do Balanço Patrimonial. Dessa forma, notamos que o giro de capital deve ter uma visão a curto prazo, ou seja, dentro do exercício financeiro. Para tanto, o administrador financeiro necessita entender: 1. O que é capital de giro? 2. Quais as ferramentas e metodologias aplicáveis à gestão do capital de giro? 3. Qual a importância para o “todo” da administração financeira e orçamentária? 4. Qual o impacto da má administração do capital de giro para o setor financeiro das entidades? Esses questionamentos serão diluídos no decorrer deste capítulo. A princípio, precisamos entender o que é capital de giro. Capital de giro corresponde aos ativos correntes ou ativos circulantes, os quais constituem o capital da empresa que circula até transformar-se em dinheiro dentro de um ciclo de operações. Em suma, é o tempo para que o dinheiro gire, desde a compra até o recebimento. Para Salazar (2010, p. 54), “A conceituação de capital de giro é a constatação de uma inevitável defasagem de tempo entre o desembolso dos gastos e o recebimento das receitas da empresa”. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 86 De acordo com Padoveze (2015, p. 193), “Podemos definir a gestão do capital de giro como a gestão do ciclo de comprar, produzir e vender ou revender produtos e serviços.” Ainda, conforme afirma Braga (2015, p. 81): Muitas vezes ouvimos dizer que determinada empresa tornou- se insolvente devido ao excesso de imobilizações. Em geral isto significa que foram desviados para outra finalidade recursos que deveriam estar financiando o capital de giro ou então, que os planos de expansão não levaram em conta as necessidades adicionaisde recursos para financiar o giro das operações. ANOTE ISSO CAPITAL DE GIRO LÍQUIDO = Dinheiro direcionado ao Ciclo Operacional 7.2 Fluxo de caixa operacional Como vimos no capítulo 3, a demonstração do fluxo de caixa possui três formatos: operacional, de investimento e de financiamento. Para a gestão do capital de giro, devemos entender em profundidade a estrutura da Demonstração de Fluxo de Caixa Operacional, conhecida como Caixa das Atividades Operacionais (CAO). Como vimos na introdução, a conta caixa que faz parte do grupo ativo circulante e que possui uma demonstração específica, que foi estudada no capítulo 3 deste livro, representa basicamente a essência e a forma do capital giro no quadrante de nossa disciplina. No tocante a isso, devemos relembrar o que representa o fluxo de caixa; em específico, o operacional. O fluxo de caixa operacional é composto por contas que sintetizam o ciclo operacional das organizações. Basicamente, o ciclo operacional, também conhecido como “giro”, traz a ideia de etapas sequenciais relacionadas à atividade-fim do negócio. Basicamente, a operacionalidade da empresa se resume em: 1ª Etapa - Compra de insumos: compra de matéria-prima e mercadoria de revenda que é alocada no ESTOQUE; 2ª Etapa - Transformação do insumo: processamento da matéria-prima e/ou disposição para a venda da mercadoria de revenda; ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 87 3ª Etapa - VENDA do produto: após produto elaborado ou revenda de mercadoria à disposição, efetua-se a venda; 4ª Etapa - RECEBIMENTO da venda: recebimento em valores monetários que retornam ao caixa operacional. Fluxo dos ciclos (giro) nas empresas: Na INDÚSTRIA: Caixa = Materiais/Despesas = Produção = Produtos Acabados = Vendas = Devedores = Caixa No COMÉRCIO: Caixa = Materiais/Despesas = Vendas = Devedores = Caixa Em INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS: Caixa = Devedores/Despesas = Caixa O volume necessário do capital de giro depende do tempo do ciclo de caixa: 1- Quanto maior o ciclo de caixa, maior a necessidade de capital de giro; 2- Quanto maior a taxa de rotação dos elementos do capital em giro, maior será a necessidade de financiamento. Segue a representação gráfica do ciclo de caixa: Título: Fluxo de caixa operacional Fonte: do próprio autor. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 88 ISTO ESTÁ NA REDE Veja, no link a seguir, sobre a aplicabilidade do fluxo de caixa operacional, com base no Jornal Contábil. Acesse: https://www.jornalcontabil.com.br/fluxo-de-caixa-operacional-quais- os-componentes-e-como-calcular/ Segue modelo do fluxo de caixa operacional, conforme já abordado no capítulo 3: Caixa das Atividades Operacionais (CAO) Mod. Direto (+) ENTRADA DE VALORES R$ Recebimentos de clientes R$ (-) SAÍDAS R$ Pagamento a fornecedores e empregados R$ Pagamento de aluguéis R$ Pagamento de juros R$ Pagamento de IR R$ CAIXA GERADO OU CONSUMIDO R$ Título: Modelo do fluxo de caixa operacional Fonte: do próprio autor. 7.3 Administração do capital de giro A necessidade do capital de giro é uma análise pautada em dois aspectos: 1- Fluxo de caixa operacional; 2- Capital circulante líquido. Segue a estrutura que evidencia as contas vinculadas na análise do capital de giro: https://www.jornalcontabil.com.br/fluxo-de-caixa-operacional-quais-os-componentes-e-como-calcular/ https://www.jornalcontabil.com.br/fluxo-de-caixa-operacional-quais-os-componentes-e-como-calcular/ ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 89 Título: Estrutura do capital de giro Fonte: do próprio autor. Para o cálculo do Capital de Giro Líquido (CGL), temos que trabalhar com as contas a curto prazo, com base nos conceitos de liquidez e operacionalidade do caixa. Segue fórmula do Capital de Giro Líquido: CGL = AC - PC Sendo: CGL = Capital de Giro Líquido; AC = Ativo Circulante; PC = Passivo Circulante. Para a análise, devemos entender quais são as contas que compõem tanto o ativo circulante quanto o passivo circulante. O grupo ativo circulante representa o capital de giro de uma organização e evidencia os recursos que, se administrados corretamente, serão necessários para que o ciclo operacional da entidade ocorra. Se o ativo circulante é superior em contraponto com o passivo circulante, a empresa está administrando corretamente seu giro de capital líquido, mas se seu ativo circulante é inferior, há falhas na administração do capital de giro. As contas que compõem o ativo circulante e que devem ser analisadas para as questões voltadas à gestão do capital de giro são: ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 90 1- CAIXA/BANCO: vimos que o giro é a representação do ciclo operacional da empresa, que nada mais é do que o processo de compra de insumos e transformação deste, venda e, por fim, recebimento, o qual supõe entrada de valores monetários no caixa. 2- DUPLICATAS A RECEBER: também conhecida como de boletos a receber, essa conta traz o conceito do direito a receber a venda. Dessa forma, em ocasião da venda ao cliente, a empresa, pelo regime de competência, registra, e o valor ficará disponível no ato do pagamento; então, há uma entrada de valor no caixa. Dessa forma, inicia-se o processo do ciclo. Essa conta deverá ser administrada corretamente com base nos prazos médios aplicados, que veremos posteriormente. 3- ESTOQUE: seja de produtos elaborados ou prontos e para o segmento do comércio, revenda de mercadoria. Essa conta deverá ser administrada corretamente para positivar o capital de giro, pois sua movimentação faz parte do giro, e a gestão dos prazos médios deverá ser condizente com o recebimento do cliente e o pagamento ao fornecedor. A aplicação dos prazos médios será vista posteriormente. Vamos, mais tarde, aprofundar as abordagens sobre a aplicabilidade dos prazos médios das duplicatas a pagar e receber e a rotação de estoque. Dessa forma, podemos ter três situações na análise do capital de giro: Situação 1: AC maior que PC = situação favorável. É a situação normal na maioria das empresas. Há uma Necessidade de Capital de Giro (NCG) para a qual a empresa deve encontrar fontes adequadas de financiamento. Situação 2: AC igual a PC = nesse caso, a Necessidade de Capital de Giro (NCG) é igual a zero, portanto a empresa não tem necessidade de financiamento para giro. Situação 3: AC menor que PC = a empresa tem mais financiamentos operacionais do que investimentos operacionais. Sobram recursos das atividades operacionais, os quais poderão ser usados no mercado financeiro ou para a expansão da Planta Fixa. Exemplo: Determinada empresa possui em seu Balanço Patrimonial os seguintes valores: 1- Total do Ativo Circulante: R$ 1.500.000,00; 2- Total do Passivo Circulante: R$ 2.500.000,00. AC = 1.500.000,00 PC = 2.500.000,00 Fórmula = CGL = AC - PC CGL - 1.500.000 - 2.500.000 CGL = - 1.000.000 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 91 Resultado = nota-se que a empresa está com o capital de giro deficitário. Análise: Situação 3: AC menor que PC = a empresa tem mais financiamentos operacionais do que investimentos operacionais. Sobram recursos das atividades operacionais, os quais poderão ser usados no mercado financeiro ou para a expansão da Planta Fixa. O primeiro passo para entendermos sobre a gestão do capital de giro foi dado. Aqui, entendemos qual é a fórmula básica para o cálculo do capital de giro líquido e as contas que fazem parte da estrutura do giro. Também vimos o entendimento necessário que precisamos ter sobre o fluxo de caixa operacional e seu ciclo, que faz parte do entendimento quanto ao giro financeiro e sua necessidade. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 92 CAPÍTULO8 ADMINISTRAÇÃO CAPITAL DE GIRO II - GESTÃO DE DUPLICATAS A RECEBER/PAGAR E ESTOQUE Anteriormente, vimos sobre o cálculo do capital circulante líquido e a aplicação do fluxo de caixa operacional para a gestão do capital de giro. Neste capítulo, teremos como objetivo entender sobre o ciclo operacional e financeiro, utilizando o que já aprendemos sobre o índice de prazos médios, conhecido também como quociente de atividades. Além disso, após termos uma introdução da administração do capital de giro e elencarmos sua necessidade, vamos entender, de forma prática, o cálculo do levantamento da necessidade de capital de giro das organizações. Para reafirmarmos a importância da gestão do giro das entidades, vale ressaltar, assim como Matarazzo (2010), a sua necessidade. Capital de giro (NCG) é um conceito fundamental não apenas para análise da empresa do ponto de vista financeiro, ou seja, análise do caixa, mas também do ponto de vista de expansão dos negócios, estratégias de financiamento e lucratividade. Assim, grande parte do tempo do gestor financeiro é destinada à solução de problemas de capital de giro, como financiamento de estoques, gerenciamento da inadimplência de clientes e administração das insuficiências de caixa. Esses problemas podem ser minimizados ou mesmo evitados por meio de uma administração de capital de giro que valorize a prevenção de sua concorrência (SANTOS, 2010, p. 211). ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 93 Título: Gestão de contas a pagar e receber Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/foto/terminal-de-pagamento-preto-2988232/ 8.1 Índice de atividades e ciclo operacional O índice de prazos médios traz à luz conceitos como o ciclo operacional e financeiro, pautas que vêm sendo estudadas e conhecidas pelo administrador financeiro. Quando analisamos a gestão de capital de giro, é essencial o conhecimento sobre os prazos médios que, em suas fórmulas, evidenciam os prazos administrados pela empresa nos fatores: 1- PMPC - Prazo médio de pagamento de compra; 2- PMRV - Prazo médio de recebimento de venda; 3- PMRE - Prazo médio de rotação/renovação de estoque. Os três índices mostram os prazos de cada um dos itens citados, lembrando que são itens que compõem os grupos do ativo e do passivo circulante. Dessa forma, como ferramenta para a gestão do capital de giro, os prazos médios conseguem demonstrar o ciclo financeiro e operacional da entidade. Quando a empresa entra em operação, o gestor financeiro transfere sua prioridade para o capital de giro, entidade representada pelos ativos circulantes. Essa alteração de foco acontece porque o capital de giro é bastante suscetível às mudanças que acontecem continuamente no ambiente econômico em que a empresa atua (SANTOS, 2010, p. 211). Fatos contábeis que serão analisados por meio dos índices de prazos médios: https://www.pexels.com/pt-br/foto/terminal-de-pagamento-preto-2988232/ ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 94 1- Estoque - Renovação; 2- Valores a receber - prazo de recebimento; 3- Custo das operações; 4- Fornecedores - prazo de pagamento. Vejamos um resumo de cada prazo médio, para entendermos o ciclo operacional. 8.1.1 Gestão do Prazo Médio de Recebimento de Vendas (PMRV) O prazo médio de recebimento de vendas indica o volume de investimentos em duplicatas a receber. A fórmula é composta pelas contas do ativo circulante (capital de giro) e da demonstração de resultado (ROB), que evidenciam, basicamente, itens que têm impacto na gestão financeira e nos trazem a ideia necessária para sabermos a necessidade do capital de giro. Segue a fórmula: PMRV = Valores a Receber / ROB x 360 A fórmula traz a seguinte lógica: VENDAS → DUPLICATAS A RECEBER → PRAZO MÉDIO DE RECEBIMENTO DE VENDAS Vale lembrar que o fluxo de entrada de recursos em caixa não depende do PMRV. Na realidade, os valores a receber funcionam como uma espécie de reservatório que é alimentado pelas vendas e, ao mesmo tempo, alimenta o caixa. O nível é o volume de investimentos efetuados em duplicatas a receber. O fluxo de entrada e saída do reservatório não depende de seu nível, mas de quanto entra diariamente no reservatório; isso significa que a entrada de caixa será igual em qualquer que seja o nível de reservatório. Dessa forma, notamos que o prazo médio de recebimento de vendas não afeta o fluxo de caixa, somente o volume de investimentos em duplicatas a receber. Se, por exemplo, a empresa optar por ampliar seu PMRV de 30 para 45 dias, ela terá um investimento, mantendo as vendas diárias em R$ 10,00, de R$ 450,00, ou seja, R$ 150,00 adicionais. Possivelmente, nesse momento, a empresa deverá obter um financiamento (pela rede bancária, talvez). Como os desembolsos diários continuarão, e considerando ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 95 que o lucro gerado pelas vendas, no curto prazo, é pequeno, a empresa dificilmente gerará recursos suficientes para pagar empréstimos bancários. ANOTE ISSO Empréstimos bancários só podem ser pagos a longo prazo. 8.1.2 Gestão do Prazo Médio de Pagamento de Compras (PMPC) e Prazo Médio de Renovação de Estoque (PMRE) O volume de estoques é um dos ativos mais importantes da empresa — notadamente, é em muitas das empresas do comércio que representa o maior ativo. É importante a perfeita administração dos estoques, por isso deve-se buscar o equilíbrio desse volume. 1- Superdimensionamento; Inconvenientes: custo do dinheiro investido, custo do manuseio, armazenagem, seguro, perdas etc.; 2- Subdimensionamento; Inconvenientes: perda de vendas, aumento do custo de produção, problemas com o pessoal por falta de produtos. Também vale lembrar que existem vários tipos de estoques, conforme o ramo de atividade, tais como: Mercadoria de revenda = empresas comerciais; Matéria-prima, produtos em elaboração e produtos acabados = empresas industriais. Faz-se necessário trabalhar com o custo de estoque na ótica correta, ou seja, retirando impostos. Por exemplo: 1- CUSTO CONTÁBIL: Impostos recuperáveis: na indústria, ICMS e IPI; no comércio, ICMS; Fretes e seguros, quando são pagos pelo comprador, constituem custos. 2 - CUSTO ECONÔMICO: A segunda grande variável que necessita ser analisada, para efeito de negócios, é o juro teórico “embutido” no preço da compra realizada, quando se tem a opção de pagá-la a prazo. O custo econômico é o custo real para estoque. Ele não consta em nenhum controle contábil, a não ser em empresas muito bem estruturadas com instrumentos de ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 96 controles gerenciais avançados, habituadas a trabalhar e analisar seus resultados desconsiderando a inflação ou os juros embutidos. Conhecer o custo real de seu produto ou serviço é condição essencial para o êxito de qualquer empreendimento, porque a partir dele é que se torna possível avaliar o resultado alcançado por qualquer operação de venda. Fórmulas: 1- Prazo Médio de Pagamento de Compras (PMPC) PMPC = Fornecedores / compras x 360 2- Prazo Médio de Renovação de Estoque (PMRE) PMRE = Estoque / CMV x 360 8.1.3 Ciclo operacional e ciclo financeiro Ciclo operacional: é o período de tempo que uma indústria demanda para produzir seu estoque, vendê-lo e receber as duplicatas geradas na venda, entrando em caixa. Em outras palavras, é o tempo que a empresa demora para produzir, vender e receber o produto que ela fabrica. O ciclo operacional de um supermercado é relativamente rápido (em média, 30 dias), pois esse tipo de empresa tem um giro rápido e vende à vista. Uma metalúrgica, por exemplo, tem um ciclo mais lento, pois, além de produzir (industrializar), tradicionalmente vende a prazo (seu ciclo é de, normalmente, mais de 90 dias). Há empresas cujo ciclo operacional é bastantelongo. Um exemplo é a pecuária de corte, em que desde o nascimento do bezerro até a venda do boi gordo e o respectivo recebimento do pagamento, o ciclo pode ultrapassar quatro anos. Conforme Deliberação CVM n. 488/2005 e Pronunciamento Ibracon n. 27, as empresas configuradas pelas Sociedades por Ações de Capital Aberto devem efetuar, com base na natureza de suas operações, a apresentação de ativos e passivos circulantes e não circulantes em separado no próprio balanço. Quando uma entidade fornece mercadorias ou serviços dentro de um ciclo operacional claramente identificável, a classificação separada de ativos e passivos circulantes e não circulantes no próprio balanço oferece informações úteis, distinguindo-se o ativo ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 97 líquido, que está continuamente circulando como capital de giro, daqueles usados nas operações de longo prazo da entidade. O ciclo operacional de uma entidade é definido como o período entre a aquisição de materiais utilizados na produção e sua realização na forma de dinheiro ou equivalente a dinheiro. Ativos circulantes são ativos (como estoques e contas a receber de clientes) que são vendidos, consumidos e realizados dentro do ciclo operacional da entidade, desde que sejam realizados no prazo de 12 meses. No caso do passivo circulante, se é esperada sua liquidação dentro dos 12 meses seguintes à data de balanço, se é mantido com a finalidade de ser transacionado ou a entidade não tem nenhum direito de postergar sua liquidação por período que exceda os 12 meses. Os índices de prazos médios são calculados através da análise de balanços em conjunto. Eles podem indicar elementos importantes para a estratégia empresarial, sendo a combinação do Prazo Médio de Recebimento de Vendas (PMRV), o Prazo Médio de Renovação dos Estoques (PMRE) e o Prazo Médio de Pagamento das Contas (PMPC) um indicativo da análise dos ciclos operacional e de financeiro (caixa) na organização. Segue a fórmula: CICLO OPERACIONAL = PMRE + PMRV Sendo: 1- PMRE = Prazo Médio de Renovação do Estoque PMRE = ESTOQUE / CMV x 360 2- PMRV = Prazo Médio de Recebimento de Venda PMRV = VALORES A RECEBER / ROB x 360 O ciclo financeiro é a diferença no dia em que entram recursos como caixa da empresa com a data em que saiu o dinheiro do caixa para pagar os fornecedores, por exemplo. É um prazo, é o tempo em que a empresa depende de recursos de terceiros (que busca no sistema financeiro), que são onerosos. Exemplo: Prazo grande para pagar fornecedores é bom para o ciclo financeiro, pois o giro é menor. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 98 Título: Ciclo operacional - Modelo Fonte: adaptada de Hoji (2012). ANOTE ISSO CICLO FINANCEIRO = é um prazo, é o tempo em que a empresa depende de recursos de terceiros (que busca no sistema financeiro), que são onerosos. CICLO OPERACIONAL = é o período entre a aquisição de materiais utilizados na produção e sua realização na forma de dinheiro ou equivalente a dinheiro. CICLO OPERACIONAL = PMRE + PMRV ISTO ACONTECE NA PRÁTICA Veja o trecho da análise realizada pela empresa GE Company como case da Ambev. Foram levantados os ciclos financeiros e operacionais (2013 a 2015). Para a leitura do artigo por completo, segue o link: http://www.gecompany.com.br/ educacional/financas/indicadores-de-atividade-ciclo-operacional-e-financeiro/ “Analisando a AMBEV, verificamos o CICLO OPERACIONAL de 129 dias em 2015 e o prazo médio de pagamento aos fornecedores em 210 dias; denotando que os FORNECEDORES financiam a operação da empresa com resultados positivos ao CAPITAL DE GIRO.” Fonte: Wander (2015, online). Seguem 4 exemplos de formatos de Ciclos Financeiros e Operacionais: EXEMPLO - EMPRESA 1: http://www.gecompany.com.br/educacional/financas/indicadores-de-atividade-ciclo-operacional-e-financeiro/ http://www.gecompany.com.br/educacional/financas/indicadores-de-atividade-ciclo-operacional-e-financeiro/ ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 99 Título: Ciclo operacional - exemplo empresa 1 Fonte: adaptada de Hoji (2012). Análise: PMRE = 40 dias é um prazo longo. O caixa fica deficitário porque paga no dia 18, e ainda dá 10 dias de prazo para recursos de terceiros. É ruim para a empresa ter um ciclo financeiro de 32 dias. EXEMPLO - EMPRESA 2: Título: Ciclo operacional - exemplo empresa 2 Fonte: adaptada de Hoji (2012). Análise: pode ocorrer em alguns prestadores de serviços e comércio. O CF é muito melhor que na empresa 1; o prazo de 7 dias no CF é menor, portanto razoável. EXEMPLO - EMPRESA 3: Título: Ciclo operacional - exemplo empresa 3 Fonte: adaptada de Hoji (2012). ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 100 Análise: muito bom. O Ciclo Operacional praticamente sustentou a compra e o pagamento a fornecedores. EXEMPLO - EMPRESA 4 Título: Ciclo operacional - exemplo empresa 4 Fonte: adaptada de Hoji (2012). Análise: pode ocorrer em empresas de transporte de passageiros. Em suma, apesar de limitações impostas pelo mercado em alguns setores da economia, é necessário que a empresa averigue com regularidade o comportamento dos ciclos, uma vez que eles interferem de forma direta no caixa. Independentemente do setor em que atua, toda empresa deve promover os esforços necessários para tornar o seu Ciclo Financeiro o menor possível. Valores menores de Ciclo Financeiro pressupõem melhor situação econômica e financeira. Há sempre margem para melhorar a administração desses ciclos por meio de: • Negociações com fornecedores; • Negociações com clientes ou, mais comum, implantando medidas internas para reduzir o prazo de produção e o tempo em que as mercadorias e a matéria- prima permanecem no estoque. A Administração do Ciclo Operacional e Financeiro tem como objetivos: • Aumentar a sua eficiência operacional; • Viabilizar uma situação favorável de caixa; • Torná-la menos dependente de recursos de terceiros; • Conquistar a sustentabilidade (capacidade de financiar os seus próprios capitais de giro). ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 101 ANOTE ISSO PARA FIXAÇÃO: CICLO FINANCEIRO = é um prazo, é o tempo em que a empresa depende de recursos de terceiros (que busca no sistema financeiro), que são onerosos. CF = PMRE + PMRV - PMPC CICLO OPERACIONAL = o período entre a aquisição de materiais utilizados na produção e sua realização na forma de dinheiro. CO = PMRE + PMRV ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 102 CAPÍTULO 9 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO III - NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO E EBITDA Anteriormente, vimos sobre o cálculo do capital circulante líquido, a aplicação do fluxo de caixa operacional para a gestão do capital de giro e a gestão dos prazos na administração dos valores a receber e a pagar. Neste capítulo, teremos como objetivo entender sobre o cálculo da necessidade do capital de giro e obter uma noção sobre o efeito tesoura. Para reafirmarmos a importância da gestão do giro das entidades, vale ressaltar, assim como Matarazzo (2010), que a Necessidade de Capital de Giro (NCG) é um conceito fundamental para análise da empresa não apenas do ponto de vista financeiro, ou seja, análise do caixa, mas também do ponto de vista de expansão dos negócios, das estratégias de financiamento e da lucratividade. Assim, grande parte do tempo do gestor financeiro é destinada à solução de problemas de capital de giro, como financiamento de estoques, gerenciamento da inadimplência de clientes e administração das insuficiências de caixa. Esses problemas podem ser minimizados ou mesmo evitados por meio de uma administração de capital de giro que valorize a prevenção de sua concorrência(SANTOS, 2010, p. 211). Título: Necessidade de Capital de Giro Fonte: https://pixabay.com/illustrations/ball-to-protect-hands-euro-hand-665090/ https://pixabay.com/illustrations/ball-to-protect-hands-euro-hand-665090/ ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 103 9.1 Necessidade de capital e giro líquido Primeiramente, vamos retomar alguns conceitos para podermos apurar a Necessidade de Capital de Giro (NCG): 1- Ativo Circulante Operacional (ACO): é o investimento que decorre automaticamente das atividades de compra/produção/estocagem/venda. 2- Passivo Circulante Operacional (PCO): é o financiamento, também automático, que decorre dessas atividades. A diferença entre esses investimentos (ACO) e financiamentos (PCO) é o quanto a empresa necessita de capital para financiar o giro, ou seja, a necessidade de capital de giro, e é exatamente aquilo que o financiamento operacional não cobre. Portanto: NCG: ACO - PCO Situações resumidas nas empresas: ACO > PCO: é a situação normal na maioria das empresas. Há uma NCG para a qual a empresa deve encontrar fontes adequadas de financiamento. ACO = PCO: nesse caso, a NCG = 0 e, portanto, a empresa não tem necessidade de financiamento para o giro. ACO < PCO: a empresa tem mais financiamentos operacionais do que investimentos operacionais. Sobram recursos das atividades operacionais, os quais poderão ser usados no mercado financeiro ou para expansão da planta fixa. Conforme afirma Hoji (2012, p. 296): Os balanços patrimoniais fornecem dados para cálculo da necessidade de capital de giro. A Necessidade Líquida de Capital Giro (NLCG) é a diferença entre o Ativo Circulante Operacional (ACO) e o Passivo Circulante Operacional (PCO). O ACO, à medida que vai sendo realizado, é substituído por outro ativo de mesma natureza, para manter o nível das atividades de operações. O PCO, à medida que vai sendo liquidado, também é substituído por outro passivo de mesma natureza. Portanto, as contas do ACO e do PCO são chamadas contas cíclicas. ISTO ESTÁ NA REDE No link a seguir, leia o e-book disponibilizado pelo Sebrae e pelo Serasa sobre Capital de Giro. Acesse: Ebook Necessidade de Capital de Giro 1.cdr (sebrae.com.br). https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/UFs/RS/Anexos/Ebook%20Necessidade%20de%20Capital%20de%20Giro%202.pdf ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 104 Segue a fórmula da Análise de Capital de Giro: NCDG: Estoques + Valores a Receber (-) Fontes: Fornecedores + Desp. Operacionais a pagar + Imposto a pagar (=) NLDCG: CDGP: PL - AP (ativo imobilizado - depreciação + investimento + intangível) Longo Prazo: ELP - RLP Tesouraria: demais contas do ativo circulante e demais contas do passivo circulante. Seguem exemplos de cálculo: BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO ANO 2017 ANO 2018 CIRCULANTE 1.954.080,00 2.372.105,00 Caixa/Banco 110.705,00 297.238,00 Aplic. financeiras 161.942,00 163.463,00 Clientes a Receber 1.078.578,00 1.291.437,00 Estoques 558.279,00 537.563,00 Outras contas 44.576,00 82.404,00 NÃO CIRCULANTE 1.739.353,00 1.868.537,00 RLP 154.804,00 174.343,00 Investimentos 222.301,00 214.391,00 Imobilizado 1.383.518,00 1.590.644,00 Deprec. Acumulada -61.983,00 -150.494,00 Imobilizado 1.383.518,00 1.590.644,00 Intangíveis 40.713,00 39.653,00 TOTAL ATIVO 3.693.433,00 4.240.642,00 Tabela 4 – Balanço patrimonial ativo - exemplo de NCG Fonte: do próprio autor. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 105 BALANÇO PATRIMONIAL PASSIVO ANO 2017 ANO 2018 CIRCULANTE 821.986,00 995.122,00 Fornecedores 222.116,00 227.777,00 Empréstimos 293.606,00 372.668,00 Contas a pagar 119.725,00 180.702,00 Impostos a pagar 84.015,00 95.471,00 Prov. do IR 102.524,00 118.504,00 NÃO CIRCULANTE 633.099,00 718.621,00 ELP 633.099,00 718.621,00 TOTAL PASSIVO 1.455.085,00 1.713.743,00 PL Capital Social 1.874.496,00 1.797.496,00 Reserva de Lucro 363.852,00 729.403,00 Prejuízo Acum. 0,00 0,00 TOTAL PL 2.238.348,00 2.526.899,00 TOTAL PASS + PL 3.693.433,00 4.240.642,00 Tabela 5 – Balanço patrimonial passivo - exemplo de NCG Fonte: do próprio autor. DRE ANO 2017 ANO 2018 ROB 4.183.373,00 4.850.239,00 (-) Imp. sobre venda 1.137.349,00 1.304.244,00 (=) ROL 3.046.024,00 3.545.995,00 (-) CMV 1.298.184,00 1.474.969,00 (=) Lucro Bruto 1.747.840,00 2.071.026,00 (-) Desp. Operacionais 1.268.426,00 1.566.522,00 Adm. 261.617,00 261.611,00 Comercial 944.826,00 1.216.400,00 Depreciação 61.983,00 88.511,00 (+) Receitas Finan. 45.087,00 53.157,00 (=) Resultado Op. 524.501,00 557.661,00 (-) Desp. Finan. 58.125,00 73.606,00 (=) LAIR 466.376,00 484.055,00 (-) Prov. IR 105.524,00 118.504,00 (=) LL 363.852,00 365.551,00 Tabela 6 – DRE - exemplo de NCG Fonte: do próprio autor. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 106 Resolução: Análise de Capital de Giro: NCDG: Estoques + Valores a Receber (-) Fontes: Fornecedores + Contas a pagar + Imposto a pagar + IR (=) NLDCG: CDGP: PL - AP (ativo imobilizado - depreciação + investimento + intangível) Longo Prazo: ELP - RLP ANO 2017 ANO 2018 NCDG 1.636.857,00 1.829.000,00 (-) FONTES 528.380,00 622.454,00 (=) NLDCG 1.108.477,00 1.206.546,00 CDGP 653.799,00 832.705,00 LONGO PRAZO 478.295,00 544.278,00 TESOURARIA 23.617,00 170.437,00 Tabela 7 – Cálculo de NLCG - exemplo Fonte: o próprio autor. Análise: notamos que a necessidade líquida de um ano a outro obteve aumento. Dessa forma, é fundamental, e, ao mesmo tempo, a necessidade de longo prazo também aumentou. Ainda, o ponto que a seta demonstra é o ponto alto do efeito tesoura. Título: Gráfico - NCG - efeito tesoura Fonte: do próprio autor. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 107 2017 2018 (=) NLDCG 1.108.477,00 1.206.546,00 CDGP 653.799,00 832.705,00 CDGP: PL - AP (ativo imobilizado - depreciação + investimento + intangível) Nota-se que a situação deverá ser administrada corretamente, pois a “abertura da tesoura” tende a aumentar. ANOTE ISSO O efeito tesoura é a relação entre a Necessidade Líquida de Capital de Giro e a Capacidade de Giro Próprio. QUANTO MAIOR A ABERTURA, MAIOR A ATENÇÃO NECESSÁRIA. 9.2 EBITDA (Earning Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization) - LAJIDA: Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização EBITDA é a sigla em inglês que significa o lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização. De acordo com Assaf Neto (2015, p. 224), “depara-se com um indicador de desempenho bastante conhecido desde longa data pelos analistas de balanços”. Essa ferramenta, muito difundida em outros países, no Brasil, é conhecida como LAJIDA. Trata-se de um parâmetro para a concessão ou não de empréstimo, realizada pela rede bancária. Faz parte do escopo de análise de capital de giro, pois, em essência, o EBITDA é o lucro operacional. Ultimamente, o EBITDA passou a ser utilizado no Brasil como indicador de desempenho das empresas de capital aberto. Adquiriu notoriedade nos Estados Unidos na década de 70, quando as empresas começaram a utilizá-lo como medida temporária para analisar somente o período que uma empresa, investindo em infraestrutura, levaria para prosperar no longo prazo, a partir do instante em que, excluindo os juros do dinheiro tomado, emprestado e somado à depreciação dos ativos, os investidores teriam uma medida de performance futura da empresa, avaliando apenas a parte operacional. Em linhas gerais, o EBITDA representa a geração operacional de caixa da companhia, ou seja, o quanto a empresa gera de recursos apenas em suas atividades operacionais, sem levar em consideração os efeitos financeiros e de impostos. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 108 Cálculo: Umprimeiro passo é calcular o lucro operacional, que, de acordo com o critério utilizado para análise econômica e financeira, é obtido com a subtração, a partir da receita líquida, do Custo dos Produtos Vendidos (CPV) e das despesas operacionais, somados às receitas financeiras. Para calcular, é preciso somar ao lucro operacional a depreciação e a amortização inclusas no CPV e nas despesas operacionais, isso porque essas contas não representam saída de caixa efetiva no período. Em resumo, a depreciação de um equipamento quantifica a perda de sua capacidade produtiva graças ao uso ou ao tempo e, portanto, a perda de seu valor para a empresa. Essa perda, vale ressaltar, é econômica e não financeira, ou seja, não há um desembolso efetivo de recursos no período. Outra conta que deve ser acrescentada ao Lucro Operacional é a despesa financeira, que foge do escopo de análise do indicador, ou seja, de efetivo desempenho operacional. Ou seja, para o cálculo do EBITDA, adicionam-se os juros, a depreciação e a amortização ao Lucro Operacional Líquido antes dos impostos. Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) 2017 2018 Receita Operacional Bruta 4.183.373 4.850.239 Imposto sobre vendas (1.137.349) (1.304.244) Receita Operacional Líquida 3.046.024 3.545.995 Custo do produto vendido (1.298.184) (1.474.969) Lucro Bruto 1.747.840 2.071.026 Despesas operacionais Administrativas 261.617 261.611 Comerciais 944.826 1.216.400 Depreciação 61.983 88.511 Soma das Despesas Operacionais (1.268.426) (1.566.522) Receitas financeiras 45.087 53.157 Resultado ou Lucro Operacional 524.501 557.661 Despesas financeiras (58.125) (73.606) Resultado antes do IR e CSLL 466.376 484.055 Imposto de renda e CSLL (102.524) (118.504) Resultado ou Lucro Líquido 363.852 365.551 Tabela 8 – DRE - EBITDA Fonte: o próprio autor. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 109 Lembrando que o EBITDA é o resultado antes dos juros, dos impostos, da depreciação e da amortização. Se partimos do Resultado antes do Imposto de Renda e CSLL, já eliminamos os impostos. Como os juros (Despesas Financeiras) já foram subtraídos, para encontrar o Resultado antes do Imposto de Renda e CSLL, devemos somá-los. A depreciação, como os juros, também já foi subtraída; para encontrar o Resultado antes do Imposto de Renda e CSLL, devemos somá-la. Vamos ao cálculo: 1. Localizar na DRE o Resultado antes do Imposto de Renda. No ano 1: 436.376; e no ano 2: 484.055. 2. Localizar na DRE o valor das Despesas Financeiras. Preste atenção: na DRE, as Despesas Financeiras aparecem entre parênteses, demonstrando que o valor está sendo deduzido. Para os demais cálculos, o valor é grafado sem parênteses. No ano 1: 58.125; e no ano 2: 73.606. 3. Localizar na DRE o valor das Depreciações. No ano 1: 61.983; e no ano 2: 88.511. 4. De posse de todas as informações, resta-nos somente somar os três valores para encontrarmos o Resultado antes da Depreciação, dos juros e do IR. Vamos lá: • ANO 1: Resultado antes do IR, que também é conhecido como LAIR: 466.376, mais o valor das Despesas Financeiras: 58.125. Finalmente, mais o valor das Depreciações: 61.983. • ANO 2: Resultado antes do Imposto de Renda, que também é conhecido como LAIR: 484.055, mais o valor das Despesas Financeiras: 73.606. Finalmente, mais o valor das Depreciações: 88.511. Pronto, já calculamos o EBITDA! Vejamos o resumo a seguir: Resultado antes do Imposto de Renda e CSLL 466.376 484.055 + Despesas Financeiras 58.125 73.606 + Depreciação 61.983 88.11 EBITDA 586.484 646.172 Tabela 9 – EBITDA - Cálculo Fonte: o próprio autor. Análise: • ANO 1: EBITDA 19,25% da ROL; • ANO 2: EBITDA 18,22% da ROL. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 110 Do ano 1 para o ano 2, houve uma pequena redução de 1 ponto percentual que, com pouco esforço, será revertida. Receita Operacional Líquida 3.046.024 3.545.995 EBITDA: ANO 1: 586.484; e ANO 2: 646.172 ANO 1: 586.484 / 3.046.024 = 19,25% ANO 2: 646.172 / 3.545.995 = 18,22% Como a empresa opera com vendas a prazo e o EBITDA é calculado como se a Receita Operacional Bruta fosse totalmente à vista, devemos analisar o Caixa das Atividades Operacionais ajustado. Para encontrarmos o CAO ajustado, vamos retirar o Imposto de Renda a pagar e acrescentar as Receitas Financeiras. Assim, o CAOA aproxima-se do EBITDA, uma vez que excluímos o efeito tanto do Imposto de Renda quanto das Receitas Financeiras. Caixa das Atividades Operacionais Ajustado (CAOA) CAO 376.442 + Imposto de Renda 102.524 + Receitas Financeiras 53.157 = CAOA para comparação com o EBITDA 532.123 Percentual da ROL 15,01% Tabela 10 – EBITDA - Cálculo com o CAO Fonte: o próprio autor. A tabela mostra que também o CAOA tem uma boa geração de caixa. O mercado financeiro limita o crédito das empresas em 2,5 vezes o EBITDA, comparado com o Passivo Oneroso. Passivo Oneroso ANO 1: 926.70 Passivo Oneroso ANO 2: 1.091.289 EBITDA ANO 1: 586.484 EBITDA ANO 2: 646.172 Relação Passivo Oneroso/EBITDA do ANO 1: 1,58, isto é, a relação entre o Passivo Oneroso e o EBITDA mostra que a empresa, no ano 1, tinha capacidade de contratar novos empréstimos no mercado financeiro, pois sua relação é menor que 2,5. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 111 Relação Passivo Oneroso/EBITDA do ANO 2: 1,69, isto é, a relação entre o Passivo Oneroso do EBITDA mostra que a empresa, no ano 2, tinha a capacidade de contratar novos empréstimos no mercado financeiro, pois sua relação é menor que 2,5. De acordo com Assaf Neto (2015, p. 224): O EBITDA revela, em essência, a genuína capacidade operacional de geração de caixa de uma empresa, ou seja, sua eficiência financeira determinada pelas estratégias operacionais adotadas. Quanto maior o índice, mais eficiente se apresenta a formação de caixa proveniente das operações (ativos), e, melhor ainda, a capacidade de pagamento aos proprietários de capital e investimentos demonstrada pela empresa. A relação entre o EBITDA e as despesas financeiras de competência de determinado período é consagrada pelos analistas financeiros como o índice de cobertura de juros, denotando o potencial operacional de caixa da empresa em remunerar seus credores. ISTO ESTÁ NA REDE Veja, no artigo a seguir, da Infomoney, a aplicabilidade do EBITDA como fator da gestão do giro. Acesse: https://www.infomoney.com.br/guias/ebitda/. ANOTE ISSO O mercado financeiro limita o crédito das empresas em 2,5 vezes o EBITDA. https://www.infomoney.com.br/guias/ebitda/ ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 112 CAPÍTULO 10 DECISÃO DE FINANCIAMENTO I Uma das etapas do escopo da administração financeira e orçamentária é a decisão de financiamento. Para lembrarmos, as três decisões que são direcionadoras da gestão financeira são: 1- Decisão operacional; 3- Decisão de financiamento; 4- Decisão de investimento. Todas possuem sua relevância e amplitude em nossa disciplina, mas com o mesmo foco direcionador: a maximização da riqueza para os sócios/acionistas. Título: Decisão de financiamento - Gráfico Fonte: https://pixabay.com/photos/financial-planning-report-chart-3207895/ Neste capítulo, iremos aprender quais são as metodologias e ferramentas aplicadas para o processo decisório na etapa de escolha de financiamento da organização. Anteriormente, vimos que o administrador financeiro necessita entender quais são as opções disponíveis para poder manter a organização ativa em sua rotina operacional e que para isso ele deve entender a estrutura do Balanço Patrimonial, em específico, na captação de recursos, seja por meio do capital próprio ou do capital de terceiros. https://pixabay.com/photos/financial-planning-report-chart-3207895/ ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINEMIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 113 Quando o administrador opta por financiar a organização pelo capital de terceiros, deve ter ciência do quão custoso é e quais impactos causam na estrutura da gestão financeira a curto e longo prazo. Diante disso, algumas perguntas surgem: 1- Qual opção de captação de recursos é mais adequada: a própria ou terceirizada? 2- Qual taxa seria interessante que remunerasse o investimento feito? 3- Na utilização de ambas as formas de financiamento, qual dado identifica que a empresa está “caminhando” corretamente? 4- O que é o custo de capital? Essas questões serão abordadas neste capítulo. Além disso, abordaremos os seguintes tópicos: 1- Custo de Capital; 2- Alavancagem financeira (caixa); 3- Estrutura de capital. 10.1 Estrutura de capital Uma das mais relevantes ações da administração financeira e orçamentária é a etapa decisória sobre a definição da obtenção de recursos financeiros. O termo “financiamento”, ou “decisão de financiamento”, é comumente utilizado na gestão financeira das empresas, tanto pela literatura quanto na prática. Ele evidencia a necessidade da utilização de valores advindos de recursos captados no mercado para satisfazer questões relacionadas à continuidade, à lucratividade, à perpetuidade e à sobrevivência das organizações. A literatura sobre a decisão de financiamento traz uma série de conteúdos que evidenciam, de forma estruturada, quais são as opções de captação de recursos financeiros no mercado. Inicialmente, devemos conhecer a estrutura por meio do Balanço Patrimonial, que nos fornece uma visão da opção de captação por recursos próprios e de terceiros. Vale ressaltar que, dentro das contas pertencentes ao grupo passivo, vamos direcionar atenção ao passivo de longo prazo (não circulante), pois as contas de curto prazo são comumente entendidas como operacionais e fazem parte da decisão de curto prazo. Segue modelo sugerido da estrutura de capital: ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 114 Título: Estrutura de capital Fonte: Hoji (2012, p. 187). Hoji (2012, p. 186) afirma: Para fins de análise e tomada de decisões sobre estrutura de capital, são considerados somente os fundos permanentes e de longo prazo, pois as estruturas de capital, por serem de natureza estratégica, não são frequentemente alteradas. Entretanto, pela escassez do capital de longo prazo, o capital de curto prazo pode assumir importância significativa em algumas empresas. Ainda, conforme Padoveze (2015, p. 161), “dentro da estrutura do passivo, não se consideram fontes de capital os passivos normais decorrentes do financiamento dos custos das operações da empresa [...]”, pois a análise utilizando as ferramentas de alavancagem e custo de capital focam as fontes de longo prazo. Dessa forma, vamos aplicar e manter esse conceito no decorrer do capítulo. Seguem as contas que serão relevantes para o cálculo do grau de alavancagem financeira e custo de capital. Para o grupo Passivo Não Circulante: 1- Empréstimos a longo prazo; 2- Financiamento a longo prazo; 3- Exigível a longo prazo. Para o grupo Patrimônio Líquido: 1- Integralização de capital; 2- Ações preferenciais e ordinárias; 3- Reserva de lucro; 4- Reserva de capital. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 115 Para a análise da utilização das fontes de capital próprio e de terceiros, o administrador financeiro necessita conhecer algumas contas da estrutura da Demonstração do Resultado do Exercício, como despesas financeiras, vendas brutas e líquidas etc. Agora que aprendemos a estrutura de capital, a diferença entre capital próprio e de terceiros e a importância do uso dessas fontes para o crescimento da entidade, devemos entender quais são as ferramentas que propiciam um auxílio na tomada de decisão entre elas. Além disso, o uso das fontes acarreta custos. O gestor financeiro deve levantar esses valores e controlar de forma a não ser exacerbado o suficiente para prejudicar a saúde financeira. Dessa forma, quando há a possibilidade de projeção ou orçamento do uso de capital de terceiros, de capital próprio ou de ambos, é importante ter ciência antecipadamente do impacto que isso terá no longo prazo no âmbito financeiro. Após entendermos sobre a estrutura de capital, a seguinte etapa é conhecer as ferramentas para a decisão de financiamento. As metodologias que auxiliam nesse caso são: 1- Custo de Capital - CMPC; 2- Alavancagem do caixa. ANOTE ISSO CAPITAL DE TERCEIROS = Passivo - captação externa de capital; CAPITAL PRÓPRIO = PL - captação interna de capital. 10.2 Custo de capital Existem vários meios e opções no mercado para a captação de recursos financeiros. O administrador financeiro tem o papel de conhecer as ferramentas que auxiliem para obter e utilizar recursos advindos de capital de terceiros ou próprio, além de sua aplicabilidade prática na organização. Conforme afirma Padoveze (2015), o custo de capital é definido como a taxa de retorno mínima requerida pelos investidores. Dessa forma, partimos da ideia de que uma taxa que proporcione uma análise adequada do capital ideal, ou seja, a captação de recursos de terceiros e/ou próprio, auxilia o administrador quanto a qual escolha deve fazer na aplicação do seu negócio. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 116 Para tanto, o conceito de custo de capital tem suma importância para chegarmos à fórmula que nos interessa. O custo de capital é a taxa de retorno que uma empresa precisa para obter nos projetos em que investe, para manter o valor de mercado de sua ação. Também pode ser considerada a taxa de retorno exigida pelos fornecedores de capital no mercado, para que seus fundos sejam atraídos para a empresa. [...] O custo de capital é um conceito de extrema importância (GITMAN, 2010, p. 432). O custo de capital é um mecanismo de medição que é afetado por vários fatores externos e internos, portanto o administrador financeiro deverá ter ciência desses impactos que possam afetar o cálculo do custo. Além disso, na estrutura da fórmula, são utilizadas relações entre risco e retorno (serão abordadas mais à frente) que evidenciam fatores positivos e, dessa forma, podem oscilar, portanto o ideal é atentar- se quanto aos riscos e entendê-los. Os conceitos sobre risco e retorno serão abordados em profundidade nos capítulos voltados à decisão de investimentos, porém é fundamental para a etapa financeira da decisão de financiamento conhecer alguns exemplos de possíveis riscos aderentes à empresa e aquéns à organização. Exemplo: risco de que a empresa não consiga arcar com os custos operacionais e as obrigações financeiras (aluguéis, juros etc.). A ideia é captar os custos de fontes específicas de capital e sua combinação para determinar o custo médio ponderado de capital. Serão focados os fundos de longo prazo, pois são eles que proporcionam o financiamento permanente. O financiamento de longo prazo sustenta os investimentos da empresa em ativos imobilizados. São eles: dívidas de longo prazo, ações preferenciais, ações ordinárias e lucros retidos para empresas de grande porte com abertura na bolsa de valores; para as menores, utilizam-se dívidas de longo prazo. ANOTE ISSO Capital Ideal = equilíbrio entre a aplicação de fontes de capital de terceiros e capital próprio. CUSTO DE CAPITAL = taxa de retorno mínima requerida pelos investidores. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 117 Título: Fonte de capital de longo prazo Fonte: adaptada de Gitman (2010). Por que precisamos determinar o custo médio ponderado de capital de uma empresa? 1ª Situação Suponha que uma empresa tenha a oportunidade de investimento: • Investimento inicial: R$ 100.000 • Duração: 20 anos • TIR: 7% • Custo da fonte mais barata de financiamento,capital de terceiros: 6% Em vista dessas informações, o administrador financeiro da empresa estaria disposto a aceitar realizar o investimento. 2ª Situação Uma semana mais tarde a empresa, tem outra oportunidade de investimento: • Investimento inicial: R$ 100.000,00 • Duração: 20 anos • TIR: 12% • Custo da fonte de financiamento mais barato, capital próprio: 14% Nesse caso, a empresa rejeita a oportunidade de investimento, pois o custo de financiamento de 14% é superior ao retorno esperado de 12% 3ª Situação Agora, suponha que a empresa possa utilizar as duas fontes, com metade do capital de cada fonte: 50% de cada. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 118 Tabela 11 – Comparativo custo próprio x de terceiros Fonte: o próprio autor. Com esse custo, a primeira oportunidade de investimento teria sido rejeitada (7% TIR < 10% do custo médio ponderado); e a segunda, aceita (12% TIR > 10% do custo médio ponderado). Esse resultado seria preferível. Como ilustrado no exemplo, o uso desse enfoque para avaliar oportunidades de investimento projeto a projeto não é o mais adequado aos acionistas da empresa. No longo prazo, a empresa deve fazer investimentos que maximizem seu valor, e isso só pode ser conseguido quando a empresa aceita projetos que oferecem retornos superiores ao seu custo médio ponderado de capital. 10.2.1 Custo Médio Ponderado de Capital (CMPC) O Weighted Average Cost of Capital (WACC), conhecido como Custo Médio Ponderado de Capital (CMPC), é a rentabilidade mínima exigida pelos credores e acionistas/sócios ou a média ponderada pelo valor de mercado dos custos de capital de terceiros e próprio. Fórmula: WACC = (Ke * We) + Kd * (1-t) * Wd Ke = Custo de Capital próprio Kd = Custo do Capital de terceiros We = Percentual do capital próprio na estrutura de capital Wd = Percentual de capital de terceiros na estrutura de capital t = Alíquota efetiva de impostos de renda e contribuição social da companhia Exemplo prático: Um negócio requer o investimento de R$ 500.000,00, sendo que: • o capital próprio = R$ 400.000,00 ou 80% virão dos sócios; • o capital de terceiros = R$ 100.000,00 ou 20% virão de credores e bancos; • sócios = esperam receber em forma de dividendos 18% a.a. sobre R$ 400.000,00; • terceiros = juros de 15% sobre R$ 100.000,00. A empresa terá que pagar ao ano: • aos sócios = (18% * 400.000,00) = 72.000,00 ao ano de dividendos; • a terceiros = (15% * 100.000,00) = 15.000,00 de juros aos bancos/credores; ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 119 • total a pagar = R$ 87.000,00; • custo de capital = 87.000 / 500.000 = 17,4%. Ou: WACC = 18% * 80% + 15% * 20% = 17,4% Lembrando que t é a taxa de benefício do regime tributário. Nesse caso, para uma empresa que opta pelo Lucro Real, como os juros pagos pela dívida são dedutíveis de imposto de renda, aplicam-se. O benefício fiscal da dívida (tax shield) tem que ser refletido no Custo de Capital, portanto a fórmula fica desta forma: alíquota de imposto sobre o lucro tributável = 34%. WACC = (Ke * We) + Kd * (1-t) * Wd WACC = 18% * 80% + 15% * (1-34%) * 20% = 16,38% Custo de Capital Efetivo = 16,38% ou 5.100,00 de benefício fiscal. Conforme o exemplo, é importante considerarmos alguns aspectos: 1. Para fixação, a fórmula é: WACC = (Ke * We) + Kd * (1-t) * Wd. 2. A fórmula fornece uma taxa que analisa o peso ponderado da utilização de cada uma das fontes e determina um percentual. O administrador financeiro é quem determinará qual a taxa adequada à realidade da empresa e o que ela busca. 3. É fundamental não esquecer os conceitos voltados ao risco, que pode ser interno ou externo, e quando complementado com o retorno, usualmente é positivo. Deve- se olhar de forma realista e não se esquecer de que se trata de um parâmetro resultante de uma probabilidade por ter erro acima ou abaixo. Conforme afirma Hoji (2012, p. 203): Quanto maiores forem as incertezas, maiores serão os riscos e, portanto, maiores deverão ser os retornos dos investimentos. As taxas de juros determinam o custo de capital e flutuam muito no longo prazo, o que dificulta a estimativa das taxas futuras. [...] O custo do capital deve ser determinado de forma a ser o mais “realista” [...]. ISTO ESTÁ NA REDE Leia, no artigo a seguir, sobre a utilização do CMPC (WACC) para as organizações. Acesse: https://investorcp.com/financas-corporativas/custo-medio-ponderado-de- capital/. WACC = (Ke * We) + Kd * (1-t) * Wd https://investorcp.com/financas-corporativas/custo-medio-ponderado-de-capital/ https://investorcp.com/financas-corporativas/custo-medio-ponderado-de-capital/ ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 120 CAPÍTULO 11 DECISÃO DE FINANCIAMENTO II - ALAVANCAGEM FINANCEIRA Prezado(a) aluno(a), seguindo o conceito de decisão de financiamento, vamos aprender, neste capítulo, outra metodologia para o controle e o gerenciamento do uso de capital de terceiros como forma de financiamento para a organização. Vimos, no começo deste livro, o objetivo principal da administração financeira e orçamentária: maximização da riqueza da entidade para os sócios/acionistas. Dentro da visão de riqueza, listamos, até agora, conceitos e ferramentas de análise das demonstrações financeiras, gestão do capital de giro e das duplicatas a pagar e receber e gestão de decisão de financiamento. No capítulo anterior, notamos a necessidade de entender qual o impacto das decisões de financiamento e que se pode fazer por meio de capital de terceiros e capital próprio, porém relevante foi a abordagem de que, com uma determinada taxa, conseguimos trilhar caminhos mais seguros e pautados em parâmetros para o uso dessas fontes, seja optando por uma delas ou utilizando ambas para a gestão financeira. Quando a organização decide utilizar o capital de terceiros em seu processo de financiamento empresarial, ela está aplicando fontes que deverão ser muito bem gerenciadas para obter o equilíbrio financeiro. Anteriormente à utilização da metodologia do cálculo do CMPC, verificamos que essa ferramenta fornece dados para tomarmos decisões de forma mais lógica e estruturada, sejam elas estratégicas ou operacionais. Agora, com base na literatura, vamos entender que, ao utilizar a fonte de capital de terceiros, a empresa está alavancando seu negócio e, se bem equilibrada, poderá ter resultados positivos no curto e longo prazo. A metodologia da alavancagem financeira traz em sua fórmula uma junção de aspectos financeiros de curto e longo prazo, contas essas elencadas dos demonstrativos Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). Vejamos, então, qual sua utilidade e quais pontos afetam a administração financeira e orçamentária. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 121 11.1 Alavancagem financeira (caixa) Título: Alavancas Fonte: https://pixabay.com/illustrations/success-strategy-business-solution-2081167/ Alavancagem é o uso das fontes de capital de terceiros dentro do processo de decisão de financiamento da organização. No levantamento da decisão de financiamento, possuímos dois tipos de alavancagem: 1- Alavancagem financeira; 2- Alavancagem operacional. Neste capítulo, vamos estudar sobre a alavancagem financeira e seus aspectos. Alavancagem resulta do uso de ativos ou fundos a custo fixo para multiplicar os retornos aos proprietários da empresa. De modo geral, aumentá-la resulta em maior retorno e risco, ao passo que reduzi-la diminui ambos (GITMAN, 2010, p. 468). Confirmando o conceito, Santos (2010), sobre a importância do uso do conceito da alavancagem, afirma que a justificativa econômica para uso de capital de terceiros baseia-se no conceito de alavancagem financeira, que o é parâmetro que indica a relação entre a variação da rentabilidade do capitalpróprio e a variação da rentabilidade do investimento total. Ainda, conforme Hoji (2012), a análise do grau de alavancagem financeira é um importante instrumento de gestão financeira. Em suma, com base em nosso aprendizado da estrutura de capital, entendemos que a alavancagem financeira é a utilização do passivo e sua relação sobre o patrimônio líquido, ou seja, quando a empresa emprega valores advindos das fontes de terceiros a um determinado custo com os objetivos de lucro e aumento da riqueza dos acionistas. https://pixabay.com/illustrations/success-strategy-business-solution-2081167/ ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 122 O sentido etimológico da palavra “alavancagem” vem de alavancar, ou criar uma alavanca, para fomentar ou mover “algo”. Aplicado no sentido da administração financeira e operacional, é fato que uma organização é financiada conforme sua estrutura de capital. Nesse caso, a utilização do passivo é recorrida pelos administradores financeiros para mover ou fomentar uma determinada necessidade, podendo ser um projeto específico, um investimento em algum setor da empresa ou, simplesmente, objetivar o lucro. Ainda, conforme já aprendemos sobre o grau de endividamento, é evidente que é uma consequência. Quando a organização busca captar fundos no mercado, o endividamento é um fato, porém isso é comum na gestão financeira das organizações de modo geral. O ponto alto nesse aspecto é a organização preocupar-se com a administração adequada da alavancagem para obter um resultado positivo, por isso, no cálculo, temos três possíveis situações do grau de alavancagem: 1- Grau de alavancagem positiva ou alavancada; 2- Grau de alavancagem negativa ou prejudicada; 3- Grau nulo de alavancagem. Veremos, no próximo tópico, sobre cada um dos resultados possíveis do grau de alavancagem. A estrutura da fórmula para o cálculo da alavancagem financeira contém contas trazidas do Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado do Exercício. Algumas das contas que são utilizadas para o cálculo são: 1- Despesas financeiras: DRE; 2- Empréstimos: Passivo - Balanço Patrimonial; 3- Exigível a longo prazo: Passivo - Balanço Patrimonial. Ainda, na alavancagem financeira, temos as fontes de financiamento nas quais obtemos recursos para o giro do negócio. Dentro do mercado de crédito direcionado ao capital de terceiros, é uma das formas de obtenção de recursos, e no capital próprio, temos o mecanismo de integrar um novo sócio ou abrir o capital para oferecer ações ao mercado de capitais. De acordo com Padoveze (2015, p. 179), seguem as formas de fontes de financiamento: Os mercados monetários, de crédito e de capitais são as fontes de financiamento. Elas são classificadas em fontes de recursos próprios ou de terceiros, caso sejam ou não de crédito dos sócios ou acionistas. As fontes de recursos próprios são: • integralização de capital social; ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 123 • reinversão de lucros. • As principais fontes de recursos de terceiros são: • financiamentos bancários; • emissões de títulos de dívidas; • debêntures; • project finance; • leasing. 11.1.1 Cálculo da alavancagem financeira Alavancagem financeira é a utilização de recursos onerosos de terceiros pela empresa em benefício dos sócios. Se o GAF for igual a 1,0 = prejudicada. Se o GAF for maior que 1,0 = alavancada. Se o GAF for menor que 1,0 = não alavancada. GAF = TRI + (TRI – CD) x (PO / PL) TRI GAF: Grau de Alavancagem Financeira Dentro do ativo: usualmente, o administrador financeiro utiliza o capital quando sobra no caixa para estoque ou o coloca no mercado financeiro. A estrutura da fórmula da alavancagem financeira reúne as taxas de remuneração do investimento somadas ao custo da dívida e à distribuição do passivo oneroso com o patrimônio líquido. Anteriormente, vimos sobre o passivo oneroso. Dentro da estrutura do passivo, trabalhamos com contas que são onerosas e não onerosas. As contas onerosas são aquelas vinculadas a juros advindos da captação desse recurso, como o empréstimo. GAF = TRI + (TRI – CD) x (PO / PL) TRI TRI: Taxa que Remunera o Investimento = Resultado Operacional / Invest. x 100 *Atenção = Investimento da fórmula não é do ativo. Investimento = Ativo Total (-) Passivo Não Oneroso PO: Passivo Oneroso = Empréstimo Curto Prazo (+) ELP (Exigível a Longo Prazo) PÑO: Passivo Não Oneroso = Total Passivo (-) Empréstimo e ELP CD: Custo da Dívida = Despesa Financeira / Passivo Oneroso x 100 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 124 Título: Alavancagem financeira Fonte: Hoji (2012, p. 190). Exemplo: Conforme os dados da Sociedade Empresária, a seguir, formule o Grau de Alavancagem Financeira (GAF) e sua análise: BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO ANO 2017 ANO 2018 CIRCULANTE 1.954.080,00 2.372.105,00 Caixa/Banco 110.705,00 297.238,00 Aplic. financeiras 161.942,00 163.463,00 Clientes a Receber 1.078.578,00 1.291.437,00 Estoques 558.279,00 537.563,00 Outras contas 44.576,00 82.404,00 NÃO CIRCULANTE 1.739.353,00 1.868.537,00 RLP 154.804,00 174.343,00 Investimentos 222.301,00 214.391,00 Imobilizado 1.383.518,00 1.590.644,00 Deprec. Acumulada -61.983,00 -150.494,00 Imobilizado 1.383.518,00 1.590.644,00 Intangíveis 40.713,00 39.653,00 TOTAL ATIVO 3.693.433,00 4.240.642,00 Tabela 12 – Balanço Patrimonial Ativo - exemplo de alavancagem financeira Fonte: o próprio autor. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 125 BALANÇO PATRIMONIAL PASSIVO ANO 2017 ANO 2018 CIRCULANTE 821.986,00 995.122,00 Fornecedores 222.116,00 227.777,00 Empréstimos 293.606,00 372.668,00 Desp. Oper. a Pagar 119.725,00 180.702,00 Impostos a Pagar 84.015,00 95.471,00 Prov. do IR 102.524,00 118.504,00 NÃO CIRCULANTE 633.099,00 718.621,00 ELP 633.099,00 718.621,00 TOTAL PASSIVO 1.455.085,00 1.713.743,00 PL Capital Social 1.874.496,00 1.797.496,00 Reserva de Lucro 363.852,00 729.403,00 Prejuízo Acum. 0,00 0,00 TOTAL PL 2.238.348,00 2.526.899,00 TOTAL PASS. + PL 3.693.433,00 4.240.642,00 Tabela 13 – Balanço Patrimonial Passivo - exemplo de alavancagem financeira Fonte: o próprio autor. DRE ANO 2017 ANO 2018 ROB 4.183.373,00 4.850.239,00 (-) Imp. sobre venda 1.137.349,00 1.304.244,00 (=) ROL 3.046.024,00 3.545.995,00 (-) CMV 1.298.184,00 1.474.969,00 (=) Lucro Bruto 1.747.840,00 2.071.026,00 (-) Desp. Operacionais 1.268.426,00 1.566.522,00 Adm. 261.617,00 261.611,00 Comercial 944.826,00 1.216.400,00 Depreciação 61.983,00 88.511,00 (+) Receitas Finan. 45.087,00 53.157,00 (=) Resultado Op. 524.501,00 557.661,00 (-) Desp. Finan. 58.125,00 73.606,00 (=) LAIR 466.376,00 484.055,00 (-) Prov. IR 105.524,00 118.504,00 (=) LL 363.852,00 365.551,00 Tabela 14 – DRE - exemplo de alavancagem financeira Fonte: o próprio autor. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 126 Resolução: 2017 2018 Ativo Total 3.693.433,00 4.240.642,00 Passivo não oneroso -528.380,00 -622.454,00 Investimentos 3.165.053,00 3.618.188,00 Passivo Oneroso -926.705,00 -1.091.289,00 PL 2.238.348,00 2.526.899,00 Tabela 15 – Resolução - exemplo de alavancagem financeira Fonte: o próprio autor. Ano 2017 Primeiramente, vamos descobrir a Taxa de Retorno de Investimento: TRI = RO / Investimento x 100 TRi = 524.501 / 3.165.053 x 100 TRi = 16,57% Depois, descobrimos o Custo da Dívida: CD = DF / PO x 100 CD = 58.125 / 926.705 x 100 = 6,27% CD = 6,27% GAF = 16,57 + (16,57 - 6,27) x ( 926.705 / 2.238.348) / 16,57 GAF = 16,57 + (10,30) x (0,41) / 16,57 GAF = 16,57 + 4,22 / 16,57 GAF = 1,25 Ano 2018 Primeiramente, vamos descobrir a Taxa de Retorno de Investimento: TRI = RO / Investimento x 100 TRi = 557.661 / 3.618.188 x 100 TRi = 15,41% Depois, descobrimoso Custo da Dívida: CD = DF / PO x 100 CD = 73.606 / 1.091.289 x 100 = 6,74% CD = 6,74% ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 127 GAF = 15,41 + (15,41 - 6,74) x (1.091.289 / 2.526.899) / 15,41 GAF = 15,41 + (8,67) x (0,43) / 15,41 GAF = 15,41 + 3,73 / 15,41 GAF = 1,24 Resultado final: GAF ano 2017: 1,25% GAF ano 2018: 1,24% Análise: em ambos os anos, o grau de alavancagem foi maior que 1, portanto a empresa está alavancada. Dessa forma, a utilização de recursos onerosos de terceiros pela empresa está em benefício dos sócios/acionistas. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 128 CAPÍTULO 12 PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO I Prezado(a) aluno(a), conforme já aprendemos, a administração financeira e orçamentária é uma ciência que objetiva a maximização da riqueza da empresa para os sócios/acionistas. Diante disso, há vários questionamentos de como obter riqueza e de quais ferramentas e metodologias aplicáveis à empresa nos movem a atingirmos esse objetivo. Neste livro, conseguimos conhecer algumas dessas metodologias que, aplicadas nas organizações, auxiliam na busca do resultado positivo da gestão financeira do negócio. Nos capítulos anteriores, vimos, em várias etapas sequenciais, os seguintes tópicos que fornecem base para uma série de ações possíveis de aplicação prática para conseguirmos visualizar como está a administração financeira do negócio e como trilhar o caminho que direciona a saúde econômico-financeira positiva. Inicialmente, vimos a necessidade do conhecimento da estrutura da empresa, e uma das formas de se obtê-la é conhecer as demonstrações financeiras. O Balanço Patrimonial evidencia a situação patrimonial da organização, enquanto a Demonstração do Resultado do Exercício mostra a situação líquida da empresa e se o resultado (lucro) está adequado à necessidade da organização. Outra demonstração extremamente relevante é a Demonstração de Fluxo de Caixa, que nos mostra a situação financeira nos âmbitos operacional, de financiamento e investimento. Outras metodologias que abordamos no decorrer no livro direcionam a entidade ao objetivo macro da administração financeira e orçamentária: a maximização da riqueza. O primeiro passo foi dado. Nos capítulos iniciais, trabalhamos no sentido de conhecer a real situação econômico-financeira da empresa. Temáticas como liquidez, solvência, rentabilidade, lucratividade etc. trazem consigo pontos que, somados, mostram a realidade do negócio no âmbito financeiro. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 129 O segundo passo foi entendermos se a organização possui uma administração do seu capital de giro e se administrava corretamente o uso de financiamento, objetivando um equilíbrio na captação de fontes de terceiros e própria. Perceba que tais conteúdos nos proporcionaram um olhar do fator histórico da empresa: o de “como” a organização está agora. A etapa que vamos iniciar agora é um olhar ao “futuro”; usar mecanismos de projeção que auxiliem o administrador financeiro a planejar de forma a reduzir custos e otimizar seu resultado, ou seja, vamos entender e conhecer sobre o orçamento e suas diferentes abordagens. 12.1 Orçamento Título: Plan - planejar orçamento Fonte: https://www.istockphoto.com/br/vetor/infogr%C3%A1fico-de-diagrama-do-c%C3%ADrculo-pdca-com-estilo-plano-gm1320094390- 406762846?phrase=PDCA Um dos estudos provenientes da gestão de negócios é conhecido como ciclo PDCA, que fornece uma visão das etapas da administração de uma empresa. Esse conceito muito amplo lista ações que, colocadas por etapa, objetivam um resultado positivo para a gestão como um todo. Uma das etapas do ciclo PDCA é o “Planejamento”, a primeira etapa a ser cumprida quando aplicada. Nessa etapa, o administrador tem como foco um vislumbre da meta que se propõe a chegar, mas não de forma lúdica e sim de forma estruturada e lógica. O “Orçamento” é uma das fases mais importantes aplicadas à gestão das organizações. Trata-se de uma ferramenta que faz parte do planejamento da administração financeira e orçamentária. Algumas questões que serão respondidas ao estudarmos este capítulo são: https://www.istockphoto.com/br/vetor/infogr%C3%A1fico-de-diagrama-do-c%C3%ADrculo-pdca-com-estilo-plano-gm1320094390-406762846?phrase=PDCA https://www.istockphoto.com/br/vetor/infogr%C3%A1fico-de-diagrama-do-c%C3%ADrculo-pdca-com-estilo-plano-gm1320094390-406762846?phrase=PDCA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 130 1- O que é o orçamento? 2- O que compõe o orçamento? 3- Quais os formatos de orçamentos aplicáveis à gestão financeira das organizações? Mas o que é o orçamento? O orçamento é o plano financeiro para implementar a estratégia da empresa para determinado exercício. É mais do que uma simples estimativa, pois deve estar baseado no compromisso dos gestores em termos de metas a serem alcançadas (FREZATTI, 2009, p. 46). Ainda, conforme Caggiano e Figueiredo (2017, p. 21), “o conceito de orçamento, além de ser parâmetro para avaliação dos planos, permite a apuração do resultado por área de responsabilidade [...]”. O orçamento tem como objetivo acompanhar o desempenho da empresa e assegurar que os desvios sejam analisados e adequadamente controlados. Para isso, faz-se necessário seu acompanhamento diário. Dentre os objetivos do orçamento, destacam-se: 1) o planejamento, que permite programar as atividades de longo prazo da empresa; 2) a coordenação, que ajuda a administrar as atividades das diversas áreas; 3) a comunicação, que disponibiliza informações sobre os objetivos da empresa aos gerentes; 4) a motivação, que fornece estímulo aos gerentes para que atinjam metas; 5) o controle, que nada mais é do que comparar o planejado com o executado e, por fim, a avaliação de cada gerente em seus respectivos departamentos. Em síntese, as características de um orçamento podem ser vistas como a projeção do futuro, a flexibilidade na aplicação e a participação direta dos responsáveis. 12.1.1 Composição do orçamento O orçamento é um mecanismo que pode apresentar vários orçamentos por área ou individuais. Seguem alguns dos orçamentos mais utilizados: 1- Orçamento de vendas; 2- Orçamento de produção e custo; 3- Orçamento de materiais e estoque; 4- Orçamento de despesas gerais; ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 131 5- Orçamento de investimentos e financiamentos. Além dos orçamentos direcionados às necessidades específicas por setor na empresa, existem modelos de orçamento e sua utilidade específica. Veremos, ainda neste capítulo, sobre eles. Seguem alguns modelos utilizados nas organizações: 1- Orçamento contínuo; 2- Orçamento base zero; 3- Orçamento flexível; 4- Orçamento estático. ANOTE ISSO Orçamento = objetiva acompanhar o desempenho da empresa e assegurar que os desvios sejam analisados e adequadamente controlados. Para isso, faz-se necessário seu acompanhamento diário. 12.1.2 Vantagens e desvantagens do planejamento orçamentário O “Planejamento Orçamentário” é amplo e atinge vários setores. Mesmo que o administrador financeiro desenvolva com o setor financeiro, ele necessita de coesão entres os líderes de setores, pois, quando formalizado o orçamento, há a necessidade de aspectos vinculados a determinado setor, ou seja, quando é definido um objetivo para o orçamento em desenvolvimento, há objetivos específicos dos setores. Dessa forma, nesta etapa, poderão surgir vantagens e desvantagens, porém vale lembrar que, para o orçamento fornecer um resultado positivo, ele deverá ter a participação de todos os envolvidos. Seguem algumas vantagens de sua aplicação: 1- Traz uma visão de futuro para o negócio como um todo, sempre direcionando para um resultado positivo; 2-Possui uma estrutura clara e objetiva, traduzindo, assim, as etapas, os objetivos e a meta que os envolvidos desejam alcançar; 3- Tem linguagem legível e clara para todos os usuários; 4- Fornece o melhor parâmetro de avaliação do desempenho objetivado pela empresa, por trazer expectativas bem definidas; ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 132 5- Ajuda na integração dos objetivos individuais com o objetivo macro da organização no planejamento do orçamento; 6- Gera integração entre departamentos, funções e atividades, direcionando a meta orçamentária. O orçamento possui várias vantagens, como as listadas anteriormente, as quais, infelizmente, são as mesmas que podem chegar a se tornar desvantagens se não possuírem um direcionamento adequado, coesão dos envolvidos e sua revisão. O orçamento tem determinada amplitude que envolve vários setores da organização e, dessa forma, pode gerar situações indesejáveis e conflituosas se não houver um controle adequado. Além disso, outra desvantagem pode ser a necessidade de atenção dispensada para a formulação do orçamento que, muitas vezes, engessa a empresa e trava a criatividade, gerando insatisfação. Veremos sobre algumas metodologias de orçamento. 12.2 Metodologias de orçamento Os modelos mais utilizados de orçamento são os seguintes: 1- Orçamento contínuo; 2- Orçamento Base Zero (OBZ); 3 - Orçamento flexível; 4 - Orçamento estático ou fixo. Abordaremos cada um dos orçamentos, lembrando que são algumas das metodologias abordadas neste livro. 12.2.1 Orçamento contínuo Um dos princípios referentes ao planejamento orçamentário é a necessidade de avaliação do orçamento definido e implementado. Deve-se sempre verificar o previsto versus o realizado, para, se necessário, fazer ajustes e conferir se os objetivos gerais e específicos estão se cumprindo conforme estabelecido no orçamento. Um dos modelos que auxilia nesse conceito é o orçamento conhecido como contínuo, ou rolling forecast. Qual a diferença entre budget e forecast? Budget é o valor executado que será utilizado durante a aplicabilidade do orçamento. É definido com base em análises feitas em projeção de custos, despesas e gastos ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 133 provenientes do orçamento. O budget está mais alinhado à meta e aos objetivos gerais do orçamento. O forecast é um ajuste necessário a ser feito quando o administrador financeiro avalia o orçamento. Conforme Padoveze (2015, p. 244), “a terminologia inglesa budget é mais utilizada entre as empresas transnacionais e se refere basicamente ao orçamento dentro do conceito estático. A terminologia forecast é utilizada para o conceito de projeções”. Quando é implementado, o orçamento, usualmente, tem um começo e fim, e os responsáveis fazem a avaliação final e confrontam o previsto versus o realizado. No caso do modelo de orçamento contínuo, a ideia é, mês a mês, avaliar, e, se necessário, será feito o ajuste e será inserido um novo mês, eliminando o que já passou. Dessa forma, cria-se um ciclo no qual o orçamento dura os doze (12) meses. São muitas as vantagens do orçamento contínuo. Uma delas diz respeito à precisão, pois como é feita essa avaliação mês a mês e prolonga-se mais um mês à frente, e a revisão é constante, a precisão desse modelo de orçamento pode ser superior à dos outros modelos. Além disso, a complexidade é menor por já ter estruturado o orçamento em 11 meses anteriores. Para a organização, é muito interessante sua aplicação, já que possui ciclos voláteis. Em contrapartida, uma das desvantagens é o alto custo, devido às avaliações mensais que devem ser feitas e o engajamento necessário da equipe envolvida no orçamento. 12.2.2 Orçamento Base Zero (OBZ) O Orçamento Base Zero, ao contrário do orçamento contínuo ou rolling forecast, tem como base um desenvolvimento de orçamento por projeto, processo ou atividade. Como pauta, no conceito de que nem todos os eventos ocorridos no atual ano vão se repetir no próximo, é necessário estipular despesas, gastos e custos pautados em cada processo, projeto ou atividade, para estabelecer a meta e os objetivos gerais e específicos. Diferentemente do modelo de orçamento tradicional, o OBZ não é pautado com base em exercícios anteriores; não necessita de uma média das despesas e dos custos calculada com base nos anos anteriores, e sim deixar a especificidade de cada setor definir a projeção a ser estipulada para o orçamento. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 134 A filosofia do Orçamento Base Zero está em romper com o passado. Consiste basicamente em dizer que o orçamento nunca deve partir da observação dos dados anteriores, pois neles podem conter ineficiências que o orçamento de tendências acaba de perpetuar (PADOVEZE, 2015, p. 241). Por não ter a visão de anos anteriores, impulsiona os gestores de cada setor a serem meticulosos e definirem os dados necessários aplicados e projetados no orçamento, visando, assim, uma eficiência de forma estratégica. O foco direcionador desse modelo de orçamento é a eficiência, reduzindo custos, alocando recursos com base na meta atual da empresa e trabalhando, de forma meticulosa, a avaliação do previsto e do realizado. Existem três preceitos que norteiam o Orçamento Base Zero. São eles: 1- Torre: os envolvidos classificam as atividades em ordem de prioridade de forma estratégica; 2- Limiar: definem em uma situação crítica que a organização tenha que passar e estipulam as atividades, as tarefas e os gastos mínimos que vão incorrer nessa situação; 3- Incrementos: definição de despesas e custos das atividades de um departamento, evidenciando, assim, o perfil meticuloso que o Orçamento Base Zero propõe. Por ter como base a especificidade de atividades por setor, uma das vantagens é a precisão desse orçamento. Há a visão, de forma clara, de ameaças ao negócio, além da possibilidade de adaptação a possíveis mudanças que possam surgir. Em respeito às desvantagens, pelo fato de o OBZ ser meticuloso, demanda mais tempo e engajamento da equipe, além da necessidade de a equipe envolvida estar preparada para possíveis mudanças que possam surgir. Outro ponto que pode afetar negativamente é a definição de custos mínimos, gastos e despesas. Como esse modelo de orçamento não se baseia em exercícios anteriores, a dificuldade em elencar, de forma precisa, os valores se torna uma tarefa complexa. 12.2.3 Orçamento flexível O orçamento flexível, muito utilizado e difundido entre os administradores financeiros, traz como escopo a flexibilidade de adaptação e os ajustes necessários no decurso da aplicação do orçamento. Um dos parâmetros utilizados para o orçamento flexível define os gastos variáveis, sejam eles custos ou despesas. Essa variação é um fator que caracteriza o orçamento ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 135 flexível e tem como premissa a variabilidade de vendas ou de produção, dependendo do segmento de atuação da organização, da indústria, do comércio ou da prestação de serviços. Orçamentos flexíveis são aqueles que, uma vez elaborados, permitem modificações ou ajustes de suas previsões em decorrência dos desvios observados durante a sua execução entre o que foi fixado e o que foi realizado. Esses reajustes podem estar previstos em decorrência do prazo de abrangência do orçamento ou mesmo em decorrência das oscilações que são normais entre o padrão fixado e o desempenho realizado (MARION; RIBEIRO, 2018, p. 200). Diferentemente do Orçamento Base Zero, o orçamento flexível tem sua base de cálculo para os valores previstos baseados nos dados históricos da organização. As únicas questões são a variabilidade de ocorrência para mais ou para menos e a preparação dos objetivos para osreajustes necessários no período de execução. Uma das vantagens do orçamento flexível é a possibilidade de efetuar reajustes no decorrer da execução orçamentária, pois não é desgastante; pelo contrário, essa abertura das correções necessárias é o ponto alto desse modelo de orçamento. Para tanto, isso é um dos fatores que explica seu uso para organizações recentes que não possuam, ainda, fatores históricos de grande data, com definições já precisas dos gastos, dos custos e das despesas, ou que necessitem de mudanças estruturais ou conjunturais do mercado e da própria empresa. Empresas com abertura recente ainda não têm fatores históricos já definidos, e isso é fator relevante para a aplicação do orçamento flexível. O custo para manter a execução do orçamento flexível é uma das desvantagens, pois, devido aos reajustes feitos no decorrer da execução, isso dependerá muito da equipe envolvida e de tempo, além de exigir um perfil muito flexível e adaptável à sua execução. 12.2.4 Orçamento estático ou fixo Diferentemente do orçamento flexível, que possibilita adaptações e reajustes no período de execução do orçamento, no orçamento estático ou fixo, os envolvidos definem seus parâmetros em um determinado valor e não permitem essas alterações posteriormente. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 136 O orçamento estático é muito utilizado e difundido entre as organizações, talvez o tipo de orçamento mais antigo a ser utilizado. Inicialmente, a equipe cria definições pautadas nos fatores como despesas, custos, gastos e investimentos, fixadas de forma a serem a projeção definida, e não há abertura para os ajustes diante de mudanças ou adequações necessárias. Esse modelo de orçamento é muito utilizado em grandes organizações, pois conseguem aplicar individualmente orçamentos por setores ou atividades distintas, porém em qualquer mudança não há necessidade de alteração, pois o orçamento geral da entidade não é substancialmente afetado. Orçamentos fixos são aqueles que, uma vez elaborados, seus objetivos não serão modificados até a sua execução final, ainda que desvios ocorram na sua execução em relação ao que foi nele padronizado para alcançar (MARION; RIBEIRO, 2018, p. 200). Por ser estático, uma das vantagens é não ter um custo alto durante sua execução, além de não haver necessidade de atuação tão meticulosa quanto no orçamento flexível ou o de base zero. O tempo será menor para sua condução e seu controle. Ainda, o orçamento estático proporciona uma visão mais explícita de cada setor e, desse modo, os gestores das áreas conseguem medir de forma mais específica, gerando, assim, fatores de variação e métricas mais fáceis de serem levantados. Para as empresas de grande porte, é interessante sua aplicação para a tomada de decisão e controle, principalmente quando a empresa possui muitas filiais, pois define um orçamento mestre e os orçamentos por empresa e setores, e a amplitude do orçamento estático é um guia muito relevante nesse caso. De acordo com Padoveze (2015, p. 242), “O motivo básico dessa utilização é a grande necessidade de consolidação dos orçamentos de todas as suas unidades dispersas geograficamente, em um orçamento mestre e único da corporação”. Como o orçamento no modelo estático não traz abertura para flexibilidades, diante de situações em que, talvez, fosse interessante um ajuste ou uma complementação, pode haver sofrimento em algum aspecto. Nesse caso, como exemplo, foi estabelecido o orçamento estático para o setor de cobrança. O mercado no período de execução do orçamento traz oportunidades de poder de negociação e abertura para fechar acordos com os clientes inadimplentes. O orçamento, por ser “engessado”, não permite aproveitar melhor a oportunidade do momento. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 137 12.3 Estratégia e orçamento Em relação à formulação e à definição do orçamento na organização, o administrador financeiro deverá estipular qual modelo é o mais aplicável à realidade da empresa. O cenário em que se encontra o mercado onde a empresa está inserida deverá, também, ter uma visão tanto estratégica quanto operacional do orçamento. 1- Planejamento estratégico: na definição do orçamento, a organização deve levar em conta a leitura e a análise do ambiente e construir cenários de probabilidades de ocorrências. Para isso, o administrador deverá pensar de forma estratégica, controlando o curto e o longo prazo. Nesse ponto, a organização deve levantar informações sobre o mercado de atuação e fatores como cenário político, social e econômico. A análise sistemática das informações gerenciais constitui um elemento fundamental para a qualidade do planejamento orçamentário. Essa análise permite conhecer mais profundamente o comportamento das variáveis internas e externas que interferem nas atividades e nos resultados (BRAGA, 2015, p. 231). 2- Planejamento operacional: nessa etapa, deve-se levantar as peças orçamentárias que serão abordadas no orçamento. No âmbito operacional, são normalmente elencadas várias delas, que condizem com as necessidades táticas e operacionais de cada setor da organização envolvido no orçamento. Na etapa operacional, notamos quase que um espelho da demonstração do resultado do exercício, pois são refletidos os setores ou as peças orçamentárias abordadas no orçamento. O orçamento operacional compreende as seguintes peças orçamentárias: a) orçamento de vendas; b) orçamento de produção; c) orçamento de compras de materiais e estoques; d) orçamento de despesas departamentais (PADOVEZE, 2018, p. 250). Segue gráfico que nos auxilia a visualizar estratégia e operacionalidade para a formulação do orçamento: ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 138 Imagem: Estratégia x orçamento Fonte: Padoveze (2015, p. 243). No próximo capítulo, aprenderemos sobre os orçamentos operacionais. ISTO ESTÁ NA REDE Veja, no link a seguir, sobre os modelos de orçamentos, com base em Ferreira Filho Associados. Acesse: FFA Insights #14 - (TOP 3) Orçamentos: Qual o Melhor Tipo? - YouTube. https://www.youtube.com/watch?v=XPad719mIBc https://www.youtube.com/watch?v=XPad719mIBc ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 139 CAPÍTULO 13 PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO II - ORÇAMENTOS OPERACIONAIS Prezado(a) aluno(a), vimos no capítulo anterior quais são os formatos dos orçamentos mais aplicados na administração financeira e orçamentária, a importância da prática orçamentária, as vantagens e desvantagens do orçamento e qual impacto tem o orçamento dentro da organização. Título: Orçamento - Budget Fonte: https://picjumbo.com/budget/ A etapa do planejamento operacional, que segue a etapa posterior ao planejamento estratégico, é um dos mecanismos orçamentários mais praticados nas entidades. De suma importância, o processo da projeção ou provisão do orçamento no âmbito operacional engloba a temática “finanças corporativas”. Assim como vimos que o fluxo de caixa operacional traz uma visão financeira do negócio, a projeção de orçamentos operacionais aplica esse conceito financeiro. https://picjumbo.com/budget/ ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 140 Para relembrarmos, o orçamento tem como objetivo acompanhar o desempenho da empresa e assegurar que os desvios sejam analisados e adequadamente controlados e, para isso, faz-se necessário seu acompanhamento diário. Diante disso, surgem algumas dúvidas que serão diluídas no decorrer deste capítulo. Alguns tópicos que serão abordados são: 1- Orçamento de vendas; 2- Orçamento de matéria-prima; 3- Orçamento de mão de obra; 4- Orçamento de custos indiretos de fabricação; 5- Orçamento das despesas de vendas e administrativas; 6- Orçamentode investimento; 7- Projeções das demonstrações contábeis. Sabemos, até o momento, que a operacionalidade de uma organização é vinculada à atividade-fim da entidade, ou seja, é a essência do seu negócio, entrada de insumos, transformação, saída do produto, venda e recebimento da venda. Em todas essas etapas do ciclo operacional, notamos a necessidade de uma projeção, e, se observamos, essas etapas nos conectam à estrutura da demonstração do resultado do exercício. Dessa forma, vamos aprender sobre os orçamentos operacionais e sua relevância para as organizações. ANOTE ISSO O CICLO OPERACIONAL = são necessárias projeções. ORÇAMENTO = metodologia de projetar ao futuro ações determinadas no presente; auxilia no controle do previsto com o realizado. 13.1 Orçamento de vendas O orçamento de vendas constitui um plano de vendas da empresa, para determinado período de tempo. Sua função é a determinação do nível de atividades futuras da empresa. Todos os demais orçamentos parciais são desenvolvidos em função do orçamento de vendas, ou seja, tendo determinado o que será vendido, em que quantidade e quando, ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 141 e contam com informações principais para a determinação dos recursos necessários para o atendimento dessas vendas em quantidade, qualidade e por período de tempo. A responsabilidade pela elaboração do orçamento de vendas cabe ao gestor dessa área de operações em conjunto com a equipe das definições, porém, dada a sua importância para toda a empresa, cabe ao administrador financeiro e à diretoria da organização a sua revisão final e aprovação. Variáveis consideradas para a projeção do orçamento de vendas: 1- Variáveis de mercado consumidor; 2- Variáveis de produção; 3- Variáveis de mercado fornecedor e trabalho; 4- Variáveis de recursos financeiros. Essas variáveis afetam, em maior ou menor grau, todas as empresas. Segundo Hoji (2012, p. 420): A finalidade do orçamento de vendas é determinar a quantidade e o valor total dos produtos a vender elaborados pelas unidades de vendas e/ou executivos e especialistas em marketing. Esse orçamento é complementado com o orçamento de Despesas de Vendas. Os componentes e alguns pontos relevantes que fazem parte da estrutura do orçamento de vendas são os seguintes: 1- Quantidade de produtos: a previsão deverá ser efetuada com base na quantidade projetada de cada produto, de forma individual, seja em percentual de crescimento futuro ou em quantidades; 2- Clientes a receber: diante da quantidade de produtos provisionados, deve-se projetar os valores de recebimento dos clientes; 3- Impostos: extremamente relevantes devido a seu impacto. Projetar os impostos sobre a venda desses produtos é necessário; 4- Preços: deve-se formalizar a projeção dos preços unitários dos produtos; 5- Ressalta-se que o ideal seria formalizar o orçamento na moeda corrente. Se necessário, converter para a moeda a que o mercado consumidor se direciona. Conforme afirma Padoveze (2015, p. 252), “O ponto chave do orçamento operacional é o orçamento de vendas. Na realidade, o orçamento de vendas é o ponto de partida de todo processo de elaboração das peças orçamentárias”. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 142 Encontram-se, hoje, empresas operando com capacidade produtiva ociosa, por falta de mercado consumidor, pela concorrência acirrada, dentre outros fatores. A dificuldade se encontra, muitas vezes, na falta de informação necessária e na impossibilidade de algumas variáveis. Segue modelo de orçamento: Tabela 16 – Orçamento de vendas - exemplo Fonte: Padoveze (2015, p. 79). ANOTE ISSO ORÇAMENTO DE VENDAS: projeção de vendas futuras adequadas a unidades, preços, impostos e valores a receber previstos. ISTO ACONTECE NA PRÁTICA Segue o resultado da pesquisa elaborada por Oliveira (2014), em algumas indústrias da cidade de Bauru-SP, sobre orçamento de vendas. Caso queira conferir o artigo completo, acesse: https://revistas.unifacs.br/index.php/rgb/article/ download/2751/2522. “Após análise e discussão dos resultados da pesquisa nas empresas, pode-se concluir que: a) Existe a predominância de empresas do tipo limitada (Ltda.), de capital fechado e nacional, e sua contabilidade efetuada dentro da empresa. A maioria possui até 50 funcionários, mas as que possuem mais de 200 funcionários têm grande https://revistas.unifacs.br/index.php/rgb/article/download/2751/2522 https://revistas.unifacs.br/index.php/rgb/article/download/2751/2522 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 143 representatividade. Mais da metade das empresas possui abrangência de mercado nacional e internacional; b) Encontra-se alto nível de dificuldades em relação à elaboração das estratégias e metas a serem alcançadas, bem como seu alinhamento com as operações; c) 57% elaboram periodicamente o orçamento de vendas. Estas possuem o maior nível de faturamento e também a maior quantidade de funcionários. Elas compreendem, utilizam e dão mais importância aos instrumentos de mensuração quantitativa e de gestão; d) Aquelas que possuem o menor faturamento e a menor quantidade de funcionários apresentam dificuldades em gerenciar e integrar os instrumentos de mensuração quantitativa e de gestão, algumas nem os conhecem; e) É importante, para a implantação do planejamento orçamentário, a classificação adequada dos dados, para o gerenciamento da informação; f) Os principais responsáveis pela elaboração do orçamento nas empresas são os Diretores/Gerentes e Contador/Controller, desenvolvendo esta atividade em conjunto; g) Predominam as empresas que elaboram o orçamento de vendas para os próximos doze meses. Estas definem o orçamento com base na expectativa de crescimento dos negócios, na utilização de resultados do período anterior e na percepção sobre os negócios; h) A maioria utiliza, para a elaboração do orçamento de vendas, a percepção da empresa sobre o mercado e boa parte também utiliza a média das vendas dos últimos períodos; i) Para a elaboração do orçamento empresarial e a disponibilização de suas informações aos usuários, é necessário o aumento do nível de conhecimento dos administradores da empresa, ter um programa computacional que permita o tratamento eletrônico dos dados, gerando informações para a elaboração do orçamento, interesse daqueles que utilizam tais informações e maior conhecimento da realidade interna da empresa.” Fonte: Oliveira (2014, p. 498-499). 13.2 Orçamento de matéria-prima Após o levantamento de projeções das quantidades de produtos a serem produzidos, se a organização estiver no segmento de indústria, o próximo passo é desenvolver o orçamento para a matéria-prima a ser utilizada para a produção. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 144 O orçamento de matéria-prima, também conhecido como orçamento de material, é o plano que especifica as quantidades de matéria-prima, ou material a ser utilizado, e inclui os seguintes aspectos: 1- Tipo de material a ser adquirido; 2- Período de compra; 3- Preços; 4- Áreas da organização a serem atendidas; 5- Estoque mínimo; Deve ser elaborado partindo das necessidades informadas pela área de fabricação, e o setor de compras será responsável pela aquisição do material e pelas quantidades estimadas. ANOTE ISSO ORÇAMENTO DE MATÉRIA-PRIMA: plano que especifica as quantidades de matéria- prima ou de material a ser utilizado. O setor de compras deve adquirir o material no momento certo e em quantidades suficientes para suprir estoques mínimos planejados, uma vez que manter um estoque grande gera perda financeira. Alguns pontos elencados pelo orçamento de matéria-prima são: 1- Evidencia padrões de consumo ou a relação entre a quantidade de cada matéria- prima e o volumefísico de produção; 2- Indica o consumo de matéria-prima e de horas de Mão de Obra Direta (MOD), ou horas-máquinas para a produção. Para a realização de um bom orçamento para compra de matéria-prima, são necessários alguns requisitos: 1- Determinação das quantidades exigidas para o atendimento da fabricação e do fornecimento das informações à área de compras; 2- Estabelecimento das políticas de estocagem de matérias-primas; 3- Elaboração do programa de suprimentos, além de informações sobre qualidade e desperdício; 4- Determinação do custo estimado das matérias-primas necessárias à fabricação, incluindo o plano de investimento e as informações à área financeira; ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 145 5- Tipos de materiais, quantificar os materiais que são diretos ou indiretos aos produtos fabricados; 6- Orçamento de estoque; 7- Orçamento de compras; 8- Orçamento de contas a pagar (fornecedores). Ainda, conforme Padoveze (2015, p. 258): O orçamento de materiais compreende quatro peças: a) de consumo de materiais; b) de estoque de materiais; c) de compras de materiais; d) do saldo final mensal de contas a pagar a fornecedores. O orçamento de consumo de materiais é o primeiro a ser elaborado e indica o custo dos materiais consumidos pelo programa de produção. ISTO ACONTECE NA PRÁTICA Assista, no link a seguir, o vídeo do Sebrae Minas referente a orçamento de matéria-prima, estoque e compras.: Acesse: Gestão de Compras e Estoques - YouTube. Empresas que possuem sua produção em série têm maior facilidade e vantagem em acertar no planejamento de Orçamento de Matéria-Prima, comparadas com empresas que têm seu processo de produção não seriada. A produção não seriada acarreta a dificuldade em fazer seu planejamento através dos dados históricos e também dos dados previstos, pois a necessidade de produção é baseada na demanda de clientes. Dessa forma, cabe aos gestores dos departamentos analisar o custo de oportunidades em manter sua matéria-prima estocada, ou fazer a compra somente no fechamento de pedido, o que pode resultar no atraso de entrega da produção. Segue modelo de orçamento: https://www.youtube.com/watch?v=_aQf-tKNrTs ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 146 Tabela 17 – Orçamento de matéria-prima - exemplo Fonte: Padoveze (2015, p. 261). 13.3 Orçamento de mão de obra Orçamento de mão de obra é o planejamento e o controle de mão de obra direta necessária à produção, ou seja, mão de obra envolvida diretamente na produção. Segundo Hoji (2012, p. 432), “A finalidade do orçamento de mão de obra direta (MOD) é determinar a quantidade e o valor de horas de mão de obra diretamente aplicados na produção”. ANOTE ISSO ORÇAMENTO DE MÃO DE OBRA = planejamento e controle da mão de obra necessária a determinada produção. Esse orçamento quantifica: 1- Os tipos de mão de obra; 2- As quantidades de horas de trabalho necessárias para a produção de determinado bem ou serviço; 3- Os valores de cada tipo de mão de obra. O orçamento de mão de obra deve observar os seguintes itens: 1- Volume necessário de mão de obra direta e indireta; ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 147 2- Número de empregados exigidos no processo produtivo; 3- Custo unitário de fabricação; 4- Necessidades de fluxo de caixa; 5- Controle do trabalho realizado. No orçamento de mão de obra, é fundamental o levantamento dos custos e dos controles à parte. O planejamento de mão de obra exige envolvimento de diversas áreas que se compõem diferentes atividades, como o dimensionamento de necessidade de recursos humanos, recrutamento, treinamento, avaliação e especificação de tarefas, avaliação de desempenhos, negociações com sindicatos e administração salarial. Conceitualmente, o orçamento de mão de obra serve para a gestão de quantidade de força de trabalho e seus custos, inclusive para subsidiar a contratação de pessoal, podendo ser constituído de demonstrativos que espelham dois tipos de dados: horas de mão de obra e custos de mão de obra. Os fatores em que se baseiam os administradores na elaboração do orçamento de mão de obra são diversos. Seguem alguns exemplos: 1- Do método de pagamento de salários; 2- Dos tipos de produção envolvidos; 3- Da disponibilidade de tempos-padrão de trabalho; 4- Da adequação dos registros de contabilidade de custos relativos à mão de obra. Alguns autores recomendam orçar separadamente custos com pagamento de horas-extras, prêmios e gratificações, pois esses são esporádicos e não devem ser previstos nos custos de produção. O gestor deve, por cautela de controle, orçar a mão de obra indireta juntamente com os custos indiretos de produção. Além de o planejamento de custos de mão de obra permitir orçar dispêndios com trabalhadores no processo produtivo, há outros benefícios gerados para a empresa, como o auxílio na gestão de recursos humanos e na gestão financeira, controle e redução de custos etc. ISTO ESTÁ NA REDE Assista, no link a seguir, um vídeo da Reinaldo Cafeo Soluções em Gestão sobre as questões relacionadas ao orçamento de custo de mão de obra. Acesse: Economia de Empresas | Saiba o custo da mão de obra - YouTube. https://www.youtube.com/watch?v=lFLX1DasPHk ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 148 13.4 Orçamento de custos indiretos de fabricação O orçamento de custos indiretos de fabricação requer critérios menos simples de apropriação aos produtos, pois esses custos não são associáveis facilmente a produtos específicos, ou seja, não são diretamente vinculados a determinado produto. Assim, os custos indiretos de fabricação constituem a parte do custo total de fabricação que não é diretamente identificável com produtos específicos. São custos referentes à fabricação, por exemplo: material indireto, custos de mão de obra indireta (custo da administração, manutenção), despesas diversas de fabricação (a exemplo de impostos, seguros, depreciação, luz, água, telefone e gás e outros de menor ocorrência), cuja identificação do centro de custo exige critério de rateio para apropriação. Esses custos se apresentam sob duas categorias, do ponto de vista da apuração do valor e do controle: 1- Custos indiretos controláveis: são custos cujos valores podem ser influenciados pelo gestor e pelos empregados. Se o gestor e o empregado influenciam tais custos, ambos podem ser responsabilizados pela sua ocorrência. Por exemplo: material indireto, mão de obra indireta e embalagem; 2- Custos indiretos não controláveis: são os custos sobre os quais o gestor e o empregado não têm gestão. Se o gestor e o empregado não têm poder para autorizá- los, não podem ser responsabilizados pelo monitoramento e pelo controle. Por exemplo: depreciação, aluguel de fábrica e energia elétrica. O orçamento de custos indiretos de fabricação reúne os itens anteriormente citados, ou seja, os custos indiretos de fabricação necessários à produção, incluindo o custo total estimado para cada item de custo indireto de fabricação. ANOTE ISSO ORÇAMENTO DE CUSTOS INDIRETOS = plano e controle de custos não apropriados diretamente à produção do produto fabricado. 13.5 Orçamento das despesas de vendas e administrativas O orçamento das despesas de vendas e administrativas é constituído por todos os gastos necessários para manter a organização em funcionamento e que irão incorrer no período que está sendo projetado, exceto os custos de produção. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 149 Esse orçamento trata todos os gastos necessários para administrar e vender os produtos ou serviços aos clientes da empresa e, geralmente, compreende: 1- Os gastos de administração pertinentes a pró-labore da diretoria, salário do pessoaladministrativo e materiais de expediente; 2- As despesas comerciais e tudo o que é necessário antes, durante e depois do evento de venda; 3- As despesas financeiras oriundas de operações de crédito de curto e longo prazo; 4- As despesas tributárias representadas pelas taxas e pelos tributos a recolher pela empresa no período orçado. O orçamento das despesas de vendas e administrativas, geralmente, estará relacionado a itens classificados como gastos fixos, ou seja, que acontecerão independentemente de a empresa vender ou não, como aluguéis, salários etc. Por isso, geralmente, a análise dos dados históricos da própria empresa constitui-se como uma boa fonte para a estimativa desse orçamento. ANOTE ISSO ORÇAMENTO DE VENDAS/ADM. = gastos, exceto custos de produção. O gerente de cada um desses setores deve ser o principal responsável pelo planejamento e pelo controle das suas operações. Após serem preparados pelos gerentes das respectivas unidades administrativas, os orçamentos devem ser aceitos pela alta administração de forma idêntica à que foi descrita para todos os orçamentos. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 150 Tabela 18 – Orçamento de despesas de vendas e administrativas - exemplo Fonte: Padoveze (2015, p. 272). 13.6 Orçamento de investimentos Segundo Hoji (2012, p. 451), “O orçamento de investimentos (ou orçamento de capital) visa determinar os valores de aquisições e baixas do ativo permanente, bem como apurar as contas de depreciação, exaustão e amortização”. O orçamento de investimentos compreende os investimentos dos planos operacionais já deflagrados no passado e em execução no período orçamentário, bem como aqueles detectados necessários para o período em curso. Exemplos desses investimentos — definidos em horizonte de curto prazo, e não ligados, necessariamente, a planos operacionais maiores — são os investimentos para manutenção e reformas de equipamentos operacionais, reformas de obras civis, troca ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 151 de máquinas da atual estrutura de operações, aquisição de equipamentos menores como computadores, software, móveis, veículos etc. Esses investimentos podem ser pagos de uma única vez ou parcelados. Geralmente, a empresa utiliza o próprio lucro gerado em sua operação para a realização de novos investimentos, mas também é muito comum o uso de financiamentos e de linhas de crédito para a aquisição de bens. Algumas empresas também utilizam os lucros gerados e as sobras de caixa para realizar investimentos financeiros, ou seja, ao invés de investir na ampliação do patrimônio da empresa, opta-se por colocar os recursos em fundos de investimentos ou até mesmo por comprar ações de outras empresas. Ainda, conforme Padoveze (2015, p. 274): Podemos então ter as seguintes peças orçamentárias de investimento: a) orçamento de aquisição de investimentos em outras empresas; b) orçamento de venda de investimentos em outras empresas; c) orçamento de aquisição de imobilizados; d) orçamento de venda de imobilizados; e) orçamento de despesas geradoras de intangíveis; f) orçamento de baixa de ativos intangíveis; g) orçamento de depreciações, exaustões e amortizações das novas aquisições e baixas. O orçamento de investimento será estudado em profundidade nos capítulos 14 e 15, em Decisão de Investimento. Segue exemplo do orçamento: Tabela 19 – Orçamento de investimentos - exemplo Fonte: Padoveze (2015, p. 99). ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 152 13.7 Projeções dos demonstrativos contábeis A projeção dos demonstrativos contábeis é a conclusão do processo orçamentário em que todas as peças orçamentárias são reunidas dentro dos formatos de Demonstração de Resultados e Balanço Patrimonial. A projeção dos demonstrativos contábeis baseia-se em um Balanço Patrimonial Inicial, na Demonstração de Resultados do período orçamentário, no Balanço Final após a Demonstração de Resultados e no Fluxo de Caixa como consequência dos itens anteriores. De acordo com a maioria dos autores, os demonstrativos a serem projetados são: a) Demonstrativo de Resultado (DRE); b) Balanço Patrimonial (BP); e c) Demonstrativo de Fluxo de Caixa (DFC). Assim, a Projeção do Demonstrativo de Resultado do Exercício é elaborada a partir dos orçamentos operacionais, como: Orçamento de Vendas, Orçamento de Produção e Orçamento de Despesas Operacionais. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 153 CAPÍTULO 14 DECISÃO DE INVESTIMENTO I - NOÇÕES Olá, aluno(a)! Estamos cientes de que o objetivo da administração financeira e orçamentária é a maximização da riqueza na organização para os sócios/acionistas. Para tanto, desde o começo de nossos estudos, vimos os seguintes tópicos voltados a fornecer informações gerenciais necessárias ao processo decisório e ao planejamento operacional, tático e estratégico: 1- Conceitos fundamentais sobre o estudo da administração financeira e orçamentária e sua aplicabilidade prática; 2- Estruturas das demonstrações financeiras mais utilizadas na gestão financeira das empresas de grande porte: Balanço Patrimonial; Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC); 3- Índices de análise das demonstrações financeiras: Liquidez; Endividamento; Lucratividade; Rentabilidade; Índice de Atividades etc.; 4- Análise horizontal e vertical; 5- Administração da necessidade de capital de giro; 6- Decisão de financiamento: alavancagem do caixa; 7- Planejamento orçamentário. No decorrer dessas temáticas analisadas, notamos a importância da “leitura” da organização no sentido de sua posição econômico-financeira, ou seja, olhamos os fatos históricos para realizarmos o levantamento de como está a saúde empresarial no aspecto financeiro e orçamentário para concluirmos uma série de fatores, e um deles é o investimento a longo prazo de projetos, processos ou ações ao futuro. Neste capítulo, a temática de tomada de decisão voltada a investimento será apreciada por meio de fundamentos, princípios e metodologias direcionadas a prover uma base de fundamentação teórica e prática utilizada nas entidades. Os tópicos que serão abordados neste capítulo são: 1- Viabilidade econômica; 2- Payback; ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 154 3- Taxa Interna de Retorno (TIR) e Taxa Mínima de Atratividade. 14.1 Decisão de investimento Título: Decisão de investimento Fonte: https://pixabay.com/photos/modern-technologies-marketing-1263422/ Uma das temáticas mais relevantes da administração financeira e orçamentária é a tomada de decisão financeira, em específico, em uma situação que necessita de uma fundamentação que traga dados, estatísticas, projeções e métodos que, aplicáveis à situação, de fato, forneçam uma visão mais sólida do resultado após decisão tomada. ISTO ESTÁ NA REDE No link a seguir, você verá um vídeo interessante do CRA-SP sobre tomada de decisão financeira nas organizações. Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=VnA8mAy83-w. A literatura nos fornece um vasto conhecimento a respeito da área de investimento nas organizações, mas conforme foi apresentado a você no início deste capítulo, vamos nos aprofundar nas metodologias mais práticas utilizadas no meio corporativo. A questão inicial que devemos nos fazer é: O que é investimento de capital no âmbito empresarial? Conforme Caggiano e Figueiredo (2017, p. 80): https://pixabay.com/photos/modern-technologies-marketing-1263422/ https://www.youtube.com/watch?v=VnA8mAy83-w ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 155 Um investimento de capital pode ser definido como um investimento que oferece retorno durante muitosperíodos futuros e se diferencia dos outros tipos de investimentos cujo retorno pertence ao período de tempo corrente. As decisões de investimento de capital dizem respeito aos seguintes assuntos: 1. aquisição de ativos de longa duração, como imóveis ou maquinários; 2. investimento em outros fundos, dos quais as receitas serão derivadas; 3. um projeto especial, que afetará a capacidade futura de ganho da firma, com projetos de pesquisa ou uma campanha promocional; 4. ampliação do leque de atividades da firma, que envolva saídas de capital, como uma nova linha de produção ou mesmo um novo produto; 5. desenvolvimento de projetos de capacitação de pessoal de alto nível para as empresas prestadoras de serviço como universidades, empresas de pesquisa, consultorias, alta tecnologia de gestão etc. Ainda, de acordo com Hoji (2012, p. 167), um investimento permanente, ou conhecido como orçamento de capital, diz respeito aos recursos aplicados em ativos de natureza permanente, para manutenção das atividades operacionais, e produzem resultados por longo prazo. Para acrescentar, podemos complementar, com base no conceito trazido por Assaf Neto (2014, p. 347): As decisões de investimento envolvem a elaboração, avaliação e seleção de propostas de aplicações de capital efetuadas com o objetivo, normalmente de médio e longo prazos, de produzir determinado retorno aos proprietários de ativos. Dessa forma, chegamos ao ponto essencial deste capítulo: o investimento de capital visa aplicações a longo prazo em ativos fixos ou decisões aplicadas a investimentos e longo prazo em projetos específicos, obtenção de ativos imobilizados, expansão estrutural e dos negócios etc. Portanto, a ideia central é iniciarmos com o conceito de orçamento de capital e, então, adentrarmos nas metodologias quantitativas que permitam ao administrador financeiro tomar a decisão mais adequada à necessidade da organização. 14.1.1 Fundamentos de orçamento de capital Pontos a serem abordados: ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 156 1- Compreender os principais motivos para a realização de investimento de capital e as etapas do processo de orçamento de capital; 2- Definir a terminologia básica do processo do orçamento de capital; 3- Entender sobre o fluxo de caixa descontado, aplicado ao orçamento de capital; 4- As metodologias aplicáveis à decisão de investimento e à viabilidade econômica de negócios. Entendemos anteriormente que o orçamento é ferramenta imprescindível à tomada de decisão e ao negócio como um todo, e sua aplicação é diversificada em vários aspectos, podendo ser formulado por setores, processo, operacionalidades específicas e projetos. Ainda, “capital” é um conceito amplo, mas que aplicado à nossa disciplina, diz respeito a valores monetários representativos para as decisões no âmbito financeiro (fluxo de caixa) e econômico (técnicas de viabilidade de negócio). Neste capítulo, vamos analisar o conceito no sentido que preceitua a ideia de um retorno econômico- financeiro para o valor investido pelos sócios/acionistas, respaldado pela meta da administração financeira e orçamentária. Portanto, orçamento de capital é uma metodologia que reúne dados baseados em métricas que analisam, selecionam e evidenciam possíveis investimentos de longo prazo que direcionam para o objetivo do retorno do capital investido feito pelos sócios/ acionistas. Quais são as possíveis ações financeiras de que a organização precisará para o orçamento de capital? Podemos citar algumas: 1- Expansão da organização; 2- Investimento em ativos fixos de longo prazo, como maquinário, móveis e utensílios, imóveis, equipamentos etc. — o grupo imobilizado que conhecemos tão bem; 3- Aumento da estrutura do parque fabril; 4- Investimento em outras entidades. Além de outras decisões de investimento, as técnicas apresentadas neste capítulo são amplas e podem ser aplicadas até mesmo para ideias de negócios, ou seja, para futuros empresários, é interessante usar essas ferramentas que podem ser aplicadas ainda dentro da estrutura do plano de negócios. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 157 ISTO ESTÁ NA REDE Para maior aprendizado, leia, no link a seguir, do Sebrae, sobre a metodologia Plano de Negócios. Bons Estudos! Acesse: https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/df/sebraeaz/ ferramentas-para-voce-criar-seu-plano-de-negocio,31f40d58df4f5410VgnVCM20000 03c74010aRCRD. De acordo com Gitman (2010, p. 326): Investimento de capital é um desembolso de fundos que uma empresa faz na expectativa de produzir benefícios a longo prazo superior a um ano. Um investimento operacional é um desembolso que resulta na obtenção de benefícios em um prazo inferior a um ano. Ainda, conforme afirma Braga (2015, p. 277), sobre o orçamento de capital: A importância dessas decisões requer um processo específico para determinar onde, quando e quanto investir. Esse processo está compreendido no orçamento de capital, cujo escopo é a seleção de um conjunto de investimentos que seja mais vantajoso em termos de retorno e risco. Além de entendermos sobre orçamento de capital e decisão de investimento, alguns conceitos e terminologias precisam ser aprendidos, que são: 1- Projetos independentes e projetos que se excluem: na etapa da seleção do projeto que será escolhido, deve-se entender que, dentre as propostas avaliadas, há projetos que são sequenciais e/ou são pertinentes ou se excluem, e o parâmetro é a finalidade. Um exemplo de independentes ou não relacionados é a aquisição de uma máquina para aumento da produção de determinado produto, ou investimento em pesquisa e desenvolvimento de determinado produto ainda não fabricado. Um exemplo dos que excluem é que, para aumentar a produção, a empresa toma a decisão de investir por aquisição de outra empresa, terceirizar produção ou construir um novo parque fabril. São decisões que têm uma finalidade única. 2- Fundos racionalizados ou ilimitados: o budget do orçamento de capital poderá ser limitado a um valor monetário específico ou não terá um teto do valor monetário investido. Um exemplo: https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/df/sebraeaz/ferramentas-para-voce-criar-seu-plano-de-negocio,31f40d58df4f5410VgnVCM2000003c74010aRCRD https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/df/sebraeaz/ferramentas-para-voce-criar-seu-plano-de-negocio,31f40d58df4f5410VgnVCM2000003c74010aRCRD https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/df/sebraeaz/ferramentas-para-voce-criar-seu-plano-de-negocio,31f40d58df4f5410VgnVCM2000003c74010aRCRD ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 158 Tabela 20 – Projetos fundos racionalizados e ilimitados Fonte: do próprio autor. 3- Fluxo de caixa linear e não linear ou convencional e não convencional: na aplicação da técnica do fluxo de caixa descontado há fluxos de caixa que possuem na projeção somente entradas de caixa e fluxos de caixas com entradas e saídas de valores. Exemplo: Título: Fluxo de caixa convencional e não convencional Fonte: do próprio autor. 14.1.2 Processo de orçamento de capital Uma das principais razões para a realização de um investimento de capital é, usualmente, a expansão das operações, substituição ou reforma de ativos imobilizados. Para tanto, é necessária a formalidade do orçamento de capital. Alguns autores sugerem a formalização em etapas. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 159 Com base em Gitman (2010), seguem algumas etapas sugeridas: 1ª Etapa: a geração da proposta deverá ser feita em conjunto com a equipe envolvida e em todos os níveis organizacionais envolvidos; 2ª Etapa: após formalizada a geração da proposta do projeto, é fundamental que a equipe e os gestores designados revisem e analisem, para constatar se estáadequada com o que foi definido; 3ª Etapa: após análise do projeto, deverá ser tomada a decisão da escolha do projeto ou dos projetos aplicáveis. A organização pode tomar a decisão pautada nos parâmetros definidos, como teto de valor, menor risco de projetos, melhor retorno, melhor tempo etc.; 4ª Etapa: após escolhido o projeto, implementar; 5ª Etapa: controle gerencial do projeto implementado, buscando avaliar se a meta definida está sendo cumprida e avaliar o orçamento de capital previsto com o orçamento de capital realizado. 14.1.3 Metodologias de orçamento de capital Serão abordadas as seguintes metodologias: 1- Payback: analisa o tempo de retorno do capital investido; 2- Valor Presente Líquido (VPL): ferramenta que utiliza métricas e retorna o resultado do cálculo em valores monetários; 3- Taxa Interna de Retorno: técnica que, em conjunto com o VPL, retorna um resultado em percentual que deve ser comparado com a taxa mínima de atratividade definida pelos sócios/acionistas do projeto em questão. 14.1.3.1 Payback Também conhecido como método payback, é uma das metodologias aplicáveis à decisão de investimento. Fornece em seu cálculo um resultado obtido em anos e responde à seguinte máxima: Quanto tempo a entidade terá em anos de determinado projeto investido? Dessa forma, seu cálculo, com base nas projeções de valores de caixa a longo prazo e trazidos ao valor presente, responde em quanto tempo o capital investido retorna ao sócio/acionista. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 160 Segundo Hoji (2012, p. 173), “o período de payback é o período em que o valor do investimento é recuperado, ou seja, é o prazo em que os valores dos benefícios líquidos de caixa se igualam ao valor do investimento inicial”. Assim, o payback deixa evidente se um investimento é interessante ou não e auxilia nas escolhas entre projetos excludentes, mas que tenham o mesmo fim. Para a análise, o projeto de retornar em menos tempo o valor do investimento inicial, teoricamente, seria o melhor. As informações básicas, como duração de tempo de retorno, valor do investimento e valor dos fluxos de caixas projetados, são estipuladas pela equipe que está coordenando o projeto de decisão de investimento em questão. Apesar de não ser uma técnica considerada sofisticada ou possuir falhas por não considerar o valor do dinheiro no tempo, pois sabemos que o dinheiro sofre oscilações advindas por inflação, índices econômicos e questões sociopolíticas, o payback ainda é muito aplicado para a decisão de investimento e até mesmo para a decisão de abertura de um novo empreendimento. Nesse aspecto, é interessante uma utilização da metodologia do payback com as outras técnicas, como o valor presente líquido, a taxa interna de retorno em comparação com a taxa mínima de atratividade e o fluxo de caixa descontado, as quais serão abordadas posteriormente. ANOTE ISSO A análise do payback deverá ser analisada em conjunto com as técnicas VPL e TIR, para melhor resultado. Título: Análise payback Fonte: do próprio autor. Segue exemplo prático do payback: Determinada companhia do ramo industrial desenvolveu, em seu orçamento de capital, dois projetos pautados em fluxos de caixa projetados no retorno do investimento nas máquinas que precisam ser adquiridas para aumentar sua produção: ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 161 1- MÁQUINA A = Investimento inicial de R$ 42.000,00 2- MÁQUINA B = Investimento inicial de R$ 45.000,00 A empresa necessita aplicar uma das metodologias que auxiliam na tomada de decisão. Seguem os cálculos do payback: PROJETO A PROJETO B INVESTIMENTO INICIAL R$ 42.000,00 R$ 45.000,00 ANO FLUXO CAIXAS PROJETADOS FLUXO CAIXAS PROJETADOS 1 R$ 14.000,00 R$ 28.000,00 2 R$ 14.000,00 R$ 12.000,00 3 R$ 14.000,00 R$ 12.000,00 4 R$ 14.000,00 R$ 10.000,00 5 R$ 14.000,00 R$ 10.000,00 Tabela 21 – Payback - exemplo Fonte: adaptada de Hoji (2012). Cálculo do payback: 1 - PROJETO A: Período de anuidades iguais Fórmula: INVESTIMENTO INICIAL / ENTRADA DE CAIXA ANO 1 = 42.000 / 14.000 = 3,0 ANOS Análise: em 3 anos e meio, o Projeto A já supera o investimento inicial. 2 - PROJETO B: Período de séries mistas Fórmula: INVESTIMENTO INICIAL / ENTRADA DE CAIXA ANO 1 = 45.000 = ano 1 + ano 2 + ano 3 = 28.000 + 12.000 + 12.000 = 52.000, portanto = 2,5 anos Análise: em 2 anos e meio, o Projeto B já supera o investimento inicial. Para analisar qual projeto será aprovado, a diretoria deverá tomar a decisão com base no tempo. Se o período máximo aceitável de payback da empresa no exemplo fosse 2,7 anos, o Projeto A seria rejeitado; e o Projeto B, aceito. Se o período máximo aceitável de payback fosse 2,2 anos, ambos não seriam aceitos. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 162 Se o período fosse por classificação, o Projeto B teria preferência em relação ao Projeto A, pois apresenta um período de payback menor. Investidor = retorno em 1 ano = rejeita os dois projetos; Investidor = retorno em 2 anos = rejeita os dois projetos; Investidor = retorno em 2 anos e 6 meses = aprova o Projeto B; Investidor = retorno em 4 anos = ambos os projetos se adequam, mas o retorno do Projeto B é mais rápido. PROJETO A = 3 ANOS PROJETO B = 2,5 ANOS 14.1.3.2 Valor Presente Líquido (VPL) O valor presente líquido é uma metodologia que aplica em seu conceito a ideia das oscilações do dinheiro no tempo. O cálculo dos fluxos de caixa projetados trazidos a valor presente líquido é o parâmetro utilizado nessa técnica. Comumente utilizada nas disciplinas de matemática financeira, estatística, probabilidade e engenharia econômica, a Metodologia do Valor Presente Líquido, ou VPL, leva em consideração o valor do dinheiro no tempo, diferentemente da técnica do payback. No seu cálculo, os fluxos de caixa projetados são trazidos à data do investimento inicial descontados a uma determinada taxa, definida pelo administrador financeiro, taxa específica para o projeto específico do orçamento de capital. A taxa de desconto, também conhecida como custo de capital ou custo de oportunidade, é uma definição que utiliza vários conceitos para chegar a um determinado percentual. É calculado subtraindo o investimento inicial (FCo) do valor presente das entradas de caixa (FCt) do projeto, sendo destas descontada a taxa de custo de capital da empresa (r). VPL = Valor presente das entradas de caixa - Investimento inicial O Valor Presente Líquido (VPL) é calculado para sabermos qual o valor atual de um investimento, bem como a sua rentabilidade. O cálculo do VPL é feito atualizando todo o fluxo de caixa de um investimento para o valor de hoje, utilizando uma taxa de desconto no cálculo, conhecida como Taxa Mínima de Atratividade (TMA). A fórmula para o cálculo do VPL é a seguinte: ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 163 O cálculo indica uma média aritmética dos fluxos de caixa trazidos ao valor presente descontado a uma taxa definida pelo administrador financeiro subtraindo o investimento do projeto. Vejamos um exemplo que nos ajuda no aprendizado: Determinada sociedade empresária definiu, em seu orçamento de capital, as informações a seguir e precisava analisar a viabilidade econômica quanto à decisão do projeto. A empresa em questão necessita aumentar a sua capacidade produtiva e, dessa forma, decidiu adquirir uma máquina que vai auxiliar, porém precisa constatar se é interessante ou não o investimento. O cálculo do VPL auxilia nessa decisão: DADOS - PROJETO A - MÁQUINA: 1- INVESTIMENTO INICIAL: R$ 15.000,00; 2- PROJEÇÃO DE FLUXOS DE CAIXA EM 5 ANOS A ANUIDADES IGUAIS: R$ 3.500,00; 3- TMA: 4% a.a. Período (j) Fluxo Cx (FC) Fórmula VPL Fluxo Caixa Atualizado 0 -R$ 15.000,00 -15.000 / (1+0,04)0 -R$ 15.000,00 1 R$ 3.500,003500 / (1+0,04)1 R$ 3.365,38 2 R$ 3.500,00 3500 / (1+0,04)2 R$ 3.235,95 3 R$ 3.500,00 3500 / (1+0,04)3 R$ 3.111,49 4 R$ 3.500,00 3500 / (1+0,04)4 R$ 2.991,81 5 R$ 3.500,00 3500 / (1+0,04)5 R$ 2.876,74 TOTAL = R$ 15.581,37 VPL = (15.581,37 - 15.000) R$ 581,38 Tabela 22 – Cálculo VPL - exemplo Fonte: do próprio autor. Atenção para o cálculo do VPL: VPL = Investimento inicial (-) Somatório dos caixas trazidos ao presente ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 164 VPL = 15.000 (-) 15.581,37 VPL = 581,38 Portanto, notamos que o PROJETO A, com o investimento inicial em R$ 15.000,00 a uma taxa mínima de 4% a.a e fluxos de caixa projetados a 5 anos, no valor de R$ 3.500,00, retorna a um Valor Presente Líquido (VPL) POSITIVO, ou seja, esse projeto é rentável. Para realizarmos a análise do VPL, o resultado deve apresentar um valor positivo. ANOTE ISSO ANÁLISE DO VPL VPL POSITIVO PROJETO ADEQUADO VPL NEGATIVO PROJETO INADEQUADO Outra forma de podermos calcular é utilizando a calculadora HP12c; ela possui as funções para o cálculo direto do Valor Presente Líquido (VPL). Nesse caso, você deverá utilizar as teclas em azul e laranja para o resultado. Título: HP12c - VPL Fonte: https://visualhunt.com/f7/photo/99397254/082e6573c2/ Veja a fórmula como ficaria na HP12c: 1- Tecla CHS: significa que, como o investimento inicial foi desembolsado, ele é negativo. Dessa forma, temos que usar a tecla CHS quando inserimos o valor de R$ 15.000,00 para a fórmula; https://visualhunt.com/f7/photo/99397254/082e6573c2/ ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 165 2- Tecla g: significa que devo usá-la antes de utilizar as teclas azuis CFo e CFJ, pois muda, para cálculos estatístico e não financeiro, como a tecla f; 3- Tecla CFo (azul): é o investimento inicial; 4- Tecla CFj (azul): representa os caixas projetados; 5- Tecla Nj (azul): quando houver anuidades iguais de caixas projetados; 5- Tecla f: para usar as teclas financeiras (laranjas); 6- Tecla i: é a taxa; 7- Tecla NPV (laranja): é o VPL (NPV - Net Present Value, que, traduzido, é Valor Presente Líquido). Segue a fórmula do PROJETO A: 15.000 → CHS → g → CFo - investimento inicial 3.500 → g → CFj - caixas projetados 5 → g → Nj - 5 anos de projeção de caixa 4 → i - taxa Ao final, as teclas: f → NPV = R$ 581,38 = positivo = investimento viável. Como o valor presente líquido (VPL) considera explicitamente o valor do dinheiro no tempo, é considerado uma técnica sofisticada de orçamento de capital. Todas as técnicas desse tipo descontam de alguma maneira os fluxos de caixa da empresa a uma taxa especificada. Essa taxa - comumente chamada de taxa de desconto, retorno requerido, custo de capital ou custo de oportunidade - consiste no retorno mínimo que um projeto precisa proporcionar para manter inalterado o valor de mercado da empresa (GITMAN, 2010, p. 369). Ainda sobre a ideia central da técnica do Valor Presente Líquido, citando Salazar (2010, p. 101): A lógica do valor presente líquido é a de que os fluxos de caixa dos projetos de investimento sejam suficientes somente para recuperar o capital investido à taxa de desconto no mercado escolhida. Especificamente, se um projeto tiver um VPL positivo, então ele estará gerando mais caixa do que necessário para recuperar capital investido. Assim como na análise das demonstrações contábeis, o uso das várias metodologias traz um resultado mais concreto da saúde econômico-financeira da entidade. A utilização das metodologias em conjunto é interessante para a decisão de investimento, ou seja, o ideal é utilizar nos projetos, além do método do valor presente, a técnica do payback. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 166 Outro aspecto relevante é, ao fazer o cálculo do fluxo de caixas projetados, utilizar uma moeda-base, como o dólar, ou então, em nosso caso, o real, devido às oscilações advindas da inflação. Assim, como sinaliza Hoji (2012, p. 175), “é recomendável utilizar os valores em moeda forte ou em moeda de poder aquisitivo constante, pois as taxas de inflação anuais podem ser significativas durante o prazo do projeto”. 14.1.3.3 Taxa Interna de Retorno (TIR) O Valor Presente Líquido e a técnica de payback, utilizados em conjunto, trazem resultados significativos para a tomada de decisão na administração financeira e orçamentária. Dessa forma, sua aplicabilidade é incentivada a ser utilizada para que forneça ao administrador financeiro um parâmetro mais adequado na decisão de por qual projeto optar. Outra metodologia muito relevante nessa etapa é a do entendimento sobre a Taxa Interna de Retorno (TIR), que, em inglês, é Internal Rate Return, ou IRR. Uma das teclas laranjas da HP12c fornece o resultado da TIR. A Taxa Interna de Retorno (TIR) fornece um valor em percentual do projeto em questão que evidencia qual seria a rentabilidade se optassem por ele. Essa taxa de retorno que o projeto possui deve ser avaliada em relação à taxa mínima de atratividade, ou seja, a avaliação será a de comparação entre o que o projeto traz de retorno em percentual e a taxa requerida do projeto pelos sócios/acionistas. Dessa forma, a Taxa Interna de Retorno (TIR) fornece a taxa em que o valor líquido presente dos caixas projetados seria igual a zero, ou seja, no dado momento em que o investimento não fornece lucro ou prejuízo. A taxa interna de retorno (TIR) é, provavelmente, a mais usada das técnicas sofisticadas de orçamento de capital, embora seja consideravelmente mais difícil de calcular à mão do que o VPL. A taxa interna de retorno (TIR) consiste na taxa de desconto que faz com que o VPL de uma oportunidade de investimento seja igual a $ 0 (já que o valor presente das entradas de caixa iguala-se ao investimento inicial) (GITMAN, 2010, p. 371). ANOTE ISSO ANÁLISE DA TIR TIR > TMA PROJETO ADEQUADO TIR < TMA PROJETO INADEQUADO ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 167 Para o projeto ser viável, a Taxa Interna de Retorno (TIR) deverá ser maior que a Taxa Mínima de Aceitação (TMA). O cálculo para um único período é feito por meio da seguinte fórmula: Porém, é aplicado somente se for um exercício, pois o cálculo é o somatório do caixa subtraindo o investimento inicial sob uma taxa mínima de atratividade definida. Para o cálculo com mais fluxos de caixa, devido à complexidade da equação, utiliza- se a calculadora HP12c por meio da tecla (laranja) IRR (TIR), após termos calculado o Valor Presente Líquido (VPL). Segue exemplo para melhor entendimento: Período ( j ) Fluxo Cx (FC) Fórmula VPL Fluxo Caixa Atualizado 0 -R$ 15.000,00 -15.000/(1+0,04)0 -R$ 15.000,00 1 R$ 3.500,00 3500/(1+0,04)1 R$ 3.365,38 2 R$ 3.500,00 3500/(1+0,04)2 R$ 3.235,95 3 R$ 3.500,00 3500/(1+0,04)3 R$ 3.111,49 4 R$ 3.500,00 3500/(1+0,04)4 R$ 2.991,81 5 R$ 3.500,00 3500/(1+0,04)5 R$ 2.876,74 TOTAL = R$ 15.581,37 VPL = (15.581,37 - 15.000) R$ 581,38 Tabela 23 – Cálculo TIR - exemplo Fonte: do próprio autor. Segue a fórmula do PROJETO A: 15.000 → CHS → g → CFo - investimento inicial 3.500 → g → CFj - caixas projetados 5 → g → Nj - 5 anos de projeção de caixa 4 → i - taxa = Ao final, as teclas: f → NPV = R$581,38 = positivo = investimento viável. Para cálculo da TIR = TIR = f IRR (TECLA FV) = 5,37% = TMA = 4% e TIR = 5,3% - VIÁVEL. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 168 Título: HP12c - Cálculo IRR ou TIR Fonte: https://visualhunt.com/f7/photo/99397254/082e6573c2/ Retomando: Para o cálculo da TIR, suponhamos que a taxa de 4%, definida no exemplo anterior, seja a Taxa Mínima Aceitável (TMA) pelo projeto. Dessa forma: TMA: 4% TIR: ? = cálculo com a HP12c, pela tecla laranja correspondente, conforme a figura anterior. = TIR = f IRR (TECLA FV) =5,37% = TMA= 4% E TIR= 5,3% - VIÁVEL Portanto, chegamos à conclusão de que o exemplo usado para o cálculo do Valor Presente Líquido (VPL) e a Taxa Interna de Retorno (TIR) evidenciou os seguintes resultados: 1- VPL = R$ 581,38 - resultado positivo - projeto viável; 2- TIR = 5,3% maior que a TMA: 4% - o retorno se sobressai ao retorno desejado. Para chegarmos à conclusão, nesse caso, podemos elencar o cálculo do payback, da seguinte forma: PAYBACK: 15.000 / 3500 = 4,30 – 4 ANOS E 3 MESES Nota-se, portanto, com base no cálculo, que o retorno do investimento inicial (R$ 15.000,00) será antes de findar a projeção para 5 anos. Caso o padrão de payback definido pela diretoria ou o administrador financeiro para o projeto fosse 5 anos, o projeto seria aceito, somando, ainda, os resultados do VPL e da TIR. https://visualhunt.com/f7/photo/99397254/082e6573c2/ ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 169 CAPÍTULO 15 DECISÃO DE INVESTIMENTO II - RISCO E RETORNO Neste capítulo, trataremos sobre metodologias aplicadas para a decisão de investimento na administração financeira e orçamentária. Estudamos, no capítulo 14, sobre as metodologias que possibilitam o administrador financeiro visualizar, com mais precisão, se determinado investimento a longo prazo poderá fluir num resultado positivo e desejado, atingindo o objetivo geral e específico do projeto em questão. Para relembrarmos, as metodologias estudadas foram as seguintes: 1- Payback: sua utilização possibilita diluir a dúvida em respeito ao tempo do retorno do investimento inicial de determinado projeto; 2- Valor Presente Líquido (VPL ou NPV): uma ferramenta que, aplicada a fluxos de caixa projetados a determinada taxa e trazidos ao valor presente, possibilita um resultado que evidencia se determinado projeto é viável ou não; 3- Taxa Interna de Retorno (TIR ou IRR): fornece a taxa de retorno do projeto de investimento avaliado e em comparabilidade com a taxa desejada pelos sócios/ acionistas para visualizarem se o projeto compensa. Notamos, no decorrer dos capítulos anteriores, que o processo decisório é uma das etapas mais complexas de nossa disciplina, sejam decisões operacionais, táticas ou estratégicas. Aprendemos sobre várias ferramentas que possibilitam ao administrador financeiro atingir o objetivo central da administração financeira e orçamentária. Neste capítulo, vamos nos aprofundar sobre os temas de rentabilidade e conhecer sobre risco. Algumas aspectos que vamos estudar são: 1- O que é risco no âmbito da decisão de investimento? 2- Qual ferramenta quantitativa fornece meios de calcular o risco de determinado projeto de investimento? 3- Mensuração de retorno sobre projeto de investimento. 4- Utilização das informações de risco e retorno para tomada de decisão. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 170 15.1 Fundamentos de risco e retorno Um dos fatores mais impactantes no dia a dia da gestão financeira das organizações é o risco. O risco vem sendo estudado de forma ampla pela literatura, em setores como mercado financeiro e de capitais, seguro de acidentes pessoais e de bens, probabilidade e estatística, jogos lícitos realizados pela loteria etc. Ele está presente em vários aspectos do cotidiano e dentro da administração financeira e orçamentária. Para nossa aplicação, utilizaremos o estudo, em específico, da probabilidade e da estatística. Com respeito ao retorno, já adentramos nesse conteúdo anteriormente para a etapa de análise das demonstrações financeiras. Entendemos que a rentabilidade é o retorno no valor investido pelos sócios/acionistas, podendo ocorrer em valores monetários ou percentuais. Veremos, neste tópico, sobre as nomenclaturas de risco e retorno, quais as distinções entre eles e quais impactos eles exercem na decisão de investimento. Título: Decisão de investimento - Fundamentos Fonte: https://pixabay.com/photos/digital-marketing-seo-google-1725340/ ISTO ESTÁ NA REDE Leia, no link a seguir, uma matéria da Suno sobre o impacto de risco nos negócios de modo geral. Acesse: https://www.suno.com.br/artigos/analise-risco/. https://pixabay.com/photos/digital-marketing-seo-google-1725340/ https://www.suno.com.br/artigos/analise-risco/ ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 171 15.1.1 Gerenciamento do risco Basicamente, risco é a incerteza em referência à variabilidade de retorno. Dessa forma, entendemos que o risco está vinculado diretamente ao retorno, pois é a possibilidade ou a probabilidade de ocorrência de perda financeira, que, explicitamente, é o retorno. Em um mundo ideal para a gestão financeira, a ideia de risco é tratada com seriedade e deve ser gerenciada, pois pode surtir como efeito negativo e incide diretamente na rentabilidade dos sócios/acionistas. Nessa construção, é fundamental entendermos sobre rentabilidade, pois ela está atrelada diretamente à definição do risco. Vamos verificar alguns exemplos para explanar melhor o conceito de risco: Exemplo 1- Quando não temos uma variabilidade no retorno. Uma sociedade empresária determinou investir o valor de R$ 10.000,00 em determinado projeto de investimento. O retorno exigido pelos sócios/acionistas é de 5% sobre o projeto após 1 mês. Análise: a grosso modo, podemos dizer que não há risco, pois não há uma variabilidade ou incerteza do retorno. A definição está pautada em 5%. Exemplo 2- Quando temos uma variabilidade no retorno. Uma sociedade empresária determinou investir o valor de R$ 10.000,00 em determinado projeto de investimento. O retorno possível desse investimento, após análises de viabilidade, está entre 5% e 15% sobre o projeto após 1 mês. Análise: a grosso modo, podemos concluir a existência de risco em confronto com a variabilidade do retorno. Tecnicamente, em finanças, o risco significa a variabilidade em relação ao retorno esperado. A variabilidade, portanto, pode ser para mais ou para menos. Contudo, o resultado inferior ao planejado é que prejudica o processo de investimento, o risco pode ser definido como probabilidade de perda em relação a resultados esperados (PADOVEZE, 2015, p. 52). Na gestão financeira como um todo, há definições a despeito do perfil do investidor. É interessante entendermos, de forma a agregar maior conhecimento sobre a necessidade dos sócios/acionistas, quanto à percepção que eles possuem diante do risco inerente à decisão de investimento. Dentro dos conceitos de risco, há preferências. Segundo Padoveze (2015, p. 53), em conjunto ao conhecimento usual do mercado financeiro aplicado à análise de perfis levantados pela rede bancária, podemos listar desta forma: ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 172 1- Perfil avesso ao risco ou conservador: usualmente, não tolera riscos e exige um aumento da taxa de retorno caso o risco aumente; 2- Perfil tendente ao risco ou moderado: usualmente, tolera determinado nível de risco para ter consequente resultado do retorno. A taxa de retorno pode diminuir, mesmo que o risco aumente; 3- Perfil indiferente ao risco ou agressivo: usualmente, exige altos retornos e, dessa forma, tem ciência do risco maior que acompanha esse tipo de investimento. Não exige mudanças de retorno caso o risco aumente. Com base em Gitman (2010) e Padoveze (2015), podemos classificar o risco da seguinte forma: Risco sistêmico, de mercado ou não diversificável: incide de modo geral em todas as empresas, pois são riscos alinhados e existentes no mercado ou na economia e afetam todas as organizações. Não há a possibilidade de diversificar esse tipo de risco, pois ele é inerente à existência das entidades nos mercados. Um exemplo de fixação é o período da pandemia do coronavírus, em que as organizações do mundo todo foram afetadas de alguma forma. Exemplos derisco sistêmico: além do já citado período pandêmico, podemos citar guerras, inflação, incidentes internacionais, decisões políticas, situações sociais de grande escala etc. Risco não sistêmico ou diversificável: é inerente à gestão específica na organização, pois situações que ocorrem dentro da organização são fatores que produzem esse tipo de risco. Trata-se de um formato de risco que é encarado como diversificável, pois há a possibilidade de gerenciamento pela gestão. Exemplos do risco não sistêmico: situações específicas da empresa, greves, decisões da liderança, perdas advindas de situações específicas, processos judiciais etc. ANOTE ISSO RISCO CLASSIFICAÇÃO FORMATOS EXEMPLO SISTÊMICO INCIDE SOBRE TODAS AS ORGANIZAÇÕES; NÃO É DIVERSIFICÁVEL. PANDEMIA NÃO SISTÊMICO ESPECÍFICO “DENTRO” DA ORGANIZAÇÃO; É DIVERSIFICÁVEL. GREVE Título: Classificação de riscos sistêmicos e não sistêmicos Fonte: adaptada de Padoveze (2015). ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 173 Basicamente, os riscos são operacionais e financeiros, além de poderem ser divididos entre riscos sobre o negócio, sobre os sócios/acionistas e que afetam a organização e os sócios/acionistas. Seguem, conforme Gitman (2010, p. 204), os tipos de riscos existentes: Riscos específicos da empresa: • Risco Operacional: A possibilidade de que a empresa não seja capaz de cobrir seus custos operacionais. Seu nível é determinado pela estabilidade das receitas da empresa e pela estrutura de seus custos operacionais (fixos versus variáveis); • Risco Financeiro: A possibilidade de que a empresa não seja capaz de fazer frente a suas obrigações financeiras. Seu nível é medido pela previsibilidade dos fluxos de caixa operacionais da empresa e por suas obrigações financeiras de custo fixo. • Riscos específicos de um acionista: • Risco da Taxa de Juros: A possibilidade de mudanças, os investimentos perdem valor quando a taxa de juros aumenta e ganham valor quando a taxa de juros cai. • Risco de Liquidez: A possibilidade de que um investimento não possa ser facilmente liquidado a um preço razoável. • Risco de Mercado: A possibilidade de que o valor de um investimento caia devido a fatores de mercado (fatores econômicos, políticos e sociais). Riscos que afetam as empresas e os acionistas: • Risco de evento: A possibilidade de que algum evento inteiramente imprevisto exerça efeito significativo em um investimento ou na empresa. • Risco de câmbio: A exposição dos fluxos de caixa esperados futuros a flutuações da taxa de câmbio, maior a chance de flutuações, maior o risco e como consequência menor valor da empresa e investimento. • Risco de poder aquisitivo: A possibilidade de que inflação ou deflação possa afetar os fluxos de caixa e o valor da empresa e investimentos. Quando acompanham os níveis gerais de preço, possuem menor risco de poder aquisitivo; quando não acompanham, apresentam elevado poder aquisitivo. • Risco tributário: A possibilidade de que sobrevenham mudanças desfavoráveis na legislação tributária. 15.1.2 Retorno Conforme falamos sobre a temática “rentabilidade” anteriormente, notamos que um dos pontos relevantes para a tomada de decisão é o retorno sobre os investimentos. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 174 Vimos que o risco é a incerteza em relação à variabilidade de retorno, e que uma situação que possua possibilidades de variação de retorno é uma situação propensa a risco. Dessa forma, o que seria o retorno no campo da gestão financeira e orçamentária? Retorno é o resultado positivo ou negativo em relação ao investimento de determinado projeto. De acordo com Padoveze (2015, p. 67), “A rentabilidade é uma relação percentual do resultado obtido com o valor do investimento”. Vimos no capítulo 6, em “Análise das Demonstrações Financeiras”, que há meios de levantar os retornos com base nos índices calculados por meio de fórmulas (retornos sobre o investimento). Com relação a projeções futuras, para cálculos de decisões de investimento, utilizamos a seguinte fórmula: Rt = Ct + Pt - Pt-1 / Pt-1 Sendo: Rt: taxa de retorno efetivo; Ct: fluxo de caixa recebido durante o período de t-1 a t; Pt: preço (valor) do ativo no tempo t; Pt-1: preço (valor) do ativo no tempo t-1. A fórmula em questão fornece um resultado pautado em trazer a divisão da soma da variação do preço inicial do fator histórico (compra) em dado momento e o preço de mercado atual, ou seja, conseguimos analisar se determinado imobilizado investido tem valor de mercado e qual retornou valores adequados para a organização. Exemplo: Determinada sociedade empresária necessita analisar o retorno produzido por duas máquinas que fazem parte do processo produtivo. Seguem dados de ambas as máquinas para o cálculo do retorno: A máquina A foi adquirida há um ano por R$ 20.000,00 e gerou R$ 800,00 em receitas após impostos; seu valor de mercado atual avaliado é de R$ 21.500,00. A máquina B foi adquirida há 4 anos pelo valor de R$ 12.000,00 e gerou R$ 1.700,00 em receitas após os impostos; seu valor de mercado é avaliado em R$ 11.800,00. Calcular a taxa de retorno (R) de cada uma das máquinas: MÁQUINA VALOR COMPRA CAIXA GERADO VALOR MERCADO TEMPO COMPRA MÁQUINA A R$ 20.000,00 R$ 800,00 R$ 24.500,00 1 ANO MÁQUINA B R$ 12.000,00 R$ 1.700,00 R$ 11.800,00 4 ANOS Tabela 24 – Cálculo de retorno - exemplo Fonte: do próprio autor. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 175 Resolução: Rt = Ct + Pt - Pt-1 / Pt-1 Máquina A: Rt: ? Ct: 800 Pt: 21.500 Pt-1 : 20.000 Máquina A = 800 + 21.500 - 20.000 / 20.000 = 2.300 / 20.000 = 11,5% Rt = Ct + Pt - Pt-1 / Pt-1 Máquina B: Rt: ? Ct: 1.700 Pt: 12.000 Pt-1 : 11.800 Máquina B = 1.700 + 11.800 - 12.000 / 12.000 = 1.500 / 12.000 = 12,5% Resultado: Retorno Máquina A = 11,5% Retorno Máquina B = 12,5% Nota-se que o retorno da máquina B, mesmo tendo uma desvalorização em seu valor de mercado, ainda sobrepõe-se ao retorno da máquina A. Essa é uma constatação necessária da importância do caixa criado pela máquina B (1.700), que supera o caixa gerado pela máquina A (800). ANOTE ISSO Rt = Ct + Pt - Pt-1 / Pt-1 15.1.3 Cálculos de avaliação do risco Para o cálculo do risco de determinado projeto de investimento, deve-se levar em conta alguns aspectos relevantes antes de conhecermos e utilizarmos uma das formas de calcular. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 176 Uma das premissas iniciais é entender sobre a análise de cenários, no sentido de que, no mercado em que está inserida a organização, são possíveis três tipos de cenários de ocorrência do risco: 1- Cenário otimista: situação favorável em que o retorno esperado de determinado projeto de investimento retorna após o cálculo de uma rentabilidade desejada e com risco baixo; 2- Cenário mais provável: situação mediana e realista, maior probabilidade de ocorrência, possui rentabilidade desejada, porém um risco já esperado; 3- Cenário pessimista: alto risco da não ocorrência de retorno desejado. Dentro da premissa de análise de cenário, precisamos entender a amplitude atingida entre os cenários pessimista e otimista que traduz a extensão possível alcançada da medida do risco. ANOTE ISSO CENÁRIO: definir probabilidades de ocorrência de risco e retorno. CENÁRIO OTIMISTA: risco baixo e retorno alto. CENÁRIO PROVÁVEL: risco e retorno medianos. CENÁRIO PESSIMISTA: risco alto e retorno abaixo do desejável. Para podermos entender melhor a metodologia aplicada à questão da utilização dos cenários e o cálculo da amplitude, vamos verificar um exemplo, com base em Gitman (2010): Determinada organização do ramo industrial possui decisão de investimento de determinado projeto entre dois ativos imobilizados: são dois edifícios para o novo parque fabril.Para ambos os edifícios, a empresa dispõe de um investimento inicial de R$ 10.000,00, e a taxa de retorno mínima aceitável determinada pelos sócios/acionistas é de 15%. O primeiro passo do administrador financeiro foi estimar, em conjunto com a equipe financeira envolvida no projeto, medidas nos cenários otimista e pessimista. Dessa forma, segue a planilha do orçamento de capital do projeto: ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 177 INVESTIMENTOS ATIVO A ATIVO B INVESTIMENTO INICIAL R$ 10.000,00 R$ 10.000,00 Taxa de Retorno Anual Pessimista 13% 7% Mais Provável 15% 15% Otimista 17% 23% Amplitude (medida de risco) 4% 16% Tabela 25 – Análise de cenários - Risco de Retorno Fonte: adaptada de Gitman (2010). Após levantarmos os cenários e a amplitude da probabilidade de risco e retorno, precisamos utilizar um método para que possamos chegar ao valor. 15.1.3.1 Mensuração do risco - Desvio-padrão Uma das metodologias utilizadas para a mensuração do risco vem das áreas de estudos da estatística e da probabilidade. Temos o cálculo por meio do desvio-padrão quando possuímos um valor específico de retorno para cada projeto de investimento e o coeficiente de variação aplicado quando possuímos retornos e riscos diferentes para o projeto de investimento. Para o cálculo do desvio-padrão, vamos utilizar a fórmula: Título: Desvio-padrão (retorno e risco) Fonte: Risco… (2017, p. 5). Em que: σk= desvio padrão dos retornos; Ki= retorno obtido; K = retorno médio esperado; Pri= probabilidade de ocorrência de Ki; n = número de ocorrências. Vamos aplicar em um exemplo para melhor entendimento: Uma sociedade empresária necessita levantar o risco e o retorno de determinado projeto de investimento vinculado ao aumento da capacidade produtiva. Foram ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 178 levantados dois orçamentos de capitais para aquisição de duas máquinas que virão importadas da Alemanha. Na primeira etapa, a equipe responsável para o orçamento, em conjunto com o administrador financeiro, levantou estimativas quanto aos três cenários de ocorrências (pessimista, mais provável e otimista), conforme apresentado a seguir: Ativo Máquina: A MÁQUINA A Cenário Probabilidade Retorno Pessimista 25% 11% Mais provável 40% 13% Otimista 35% 15% Tabela 26 – Máquina A (decisão de investimento - desvio-padrão) Fonte: adaptada de Gitman (2010). Ativo Máquina: B MÁQUINA B Cenário Probabilidade Retorno Pessimista 25% 5% Mais provável 40% 13% Otimista 35% 19% Tabela 27 – Máquina B (decisão de investimento - desvio-padrão) Fonte: adaptada de Gitman (2010). Vamos calcular inicialmente o retorno médio esperado = K: Máquina A KA = ∑ (K x Pri) KA = (0,11 x 0,25) + (0,13 x 0,40) x (0,15 x 0,35) KA = 0,13 KA = 13% Máquina B KB = ∑ (K x Pri) KB = (0,05 x 0,25) + (0,13 x 0,40) x (0,19 x 0,35) KB = 0,13 KB = 13% ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 179 Após encontrado o K = 13%, vamos lançar na fórmula para o cálculo do risco: Título: Desvio-padrão (retorno e risco) Fonte: Risco… (2017, p. 5). MÁQUINA A: σA= σA= 1,41% MÁQUINA B: σB= σB= 5,35% Resultado: Máquina A = Retorno médio: 13%; e Risco: 1,41% Máquina B = Retorno médio: 13%; e Risco: 5,35 Portanto o investimento quanto à Máquina B contém um risco superior em relação à Máquina A. 15.1.3.2 Mensuração do risco - Coeficiente de variação Notamos que, por meio do desvio-padrão, conseguimos obter o risco do projeto desde que o retorno seja o mesmo para ambos os projetos. Dessa forma, necessitamos de uma metodologia que consiga nos fornecer o risco mesmo que os retornos sejam diferentes entre os projetos. O coeficiente de variação, muito utilizado no campo das probabilidades, auxilia nesse aspecto. Segundo Gitman (2010, p. 212), “O coeficiente de variação, CV, consiste em uma medida de dispersão relativa que é útil na comparação dos riscos de ativos com diferentes retornos esperados.” Segue a fórmula: CV = σK / Kmédio Em que: σK : desvio-padrão dos retornos; Kmédio: retorno médio esperado. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 180 Exemplo: Uma sociedade empresária necessita levantar o risco e o retorno de determinado projeto de investimento vinculado ao aumento da capacidade produtiva. Foram levantados dois orçamentos de capitais para aquisição de duas máquinas que virão importadas da Alemanha. Máquina A= retorno 13% e risco 7%; Máquina B = retorno 19% e risco 9%. Segue o cálculo: Máquina A: CV = σK / Kmédio CVA = 7 / 13 = 53,85% Máquina B: CVB = 9 / 19 = 47,37% O resultado evidencia o desvio de variação. Nesse exemplo, notamos que a Máquina A, mesmo tendo um risco menor (7%) do que o da Máquina B (9%), demonstra uma variabilidade superior. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 181 CONCLUSÃO Estudamos, no decorrer dos capítulos, as importantes ferramentas, metodologias e procedimentos necessários à administração financeira e orçamentária. Acima de tudo, nos aprofundamos no objetivo central da gestão financeira, que é a maximização da riqueza da entidade para os sócios/acionistas e investidores. Nos primeiros capítulos, entendemos sobre as demonstrações financeiras e a importância de cada aspecto em que elas direcionam a visão do administrador financeiro. Vimos que o Balanço Patrimonial é fundamental, não importando o tamanho da organização. Esse relatório financeiro proporciona à empresa várias temáticas desenvolvidas no decorrer dos capítulos, como a estrutura de capital, o ciclo operacional, endividamento, liquidez etc. Com a Demonstração do Resultado do Exercício, notamos a importância de fazê-lo e de chegarmos ao objetivo de qualquer empresa, que é o lucro. O estudo sobre a Demonstração do Fluxo de Caixa deixou clara a relevância da sua gestão e da leitura que ela nos proporciona no sentido financeiro e de curto prazo. Todas as metodologias proporcionam, acima de tudo, bases fundamentadas para a gestão operacional, tática e estratégica, além da tomada de decisão operacional, de financiamento e investimento. Esperamos que você tenha conseguido absorver ao máximo o conteúdo e que ele tenha proporcionado conhecimento direcionado para resultados positivos e adequados para a sua atuação nas organizações. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 182 ELEMENTOS COMPLEMENTARES LIVRO Título: Princípios de administração financeira Autores: Chad J. Zutter e Lawrence J. Gitman Editora: Pearson Sinopse: O livro consegue reunir de forma organizada a disciplina de Administração Financeira e Orçamentária. Traz uma linguagem clara e objetiva, além de possuir cases práticos de cada aspecto da AFO. FILME Título: Fome de poder Ano: 2017 Sinopse: A história da ascensão do McDonald’s. Após receber uma demanda sem precedentes e notar uma movimentação de consumidores fora do normal, o vendedor de Illinois Ray Kroc (Michael Keaton) adquire uma participação nos negócios da lanchonete dos irmãos Richard e Maurice “Mac” McDonald, no sul da Califórnia. Pouco a pouco, eliminando os dois da rede, Kroc transforma a marca em um gigantesco império alimentício. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 183 WEB O link a seguir traz um curso prático de gestão financeira e orçamentária, formulado pelo Sebrae-SP, direcionado às micro e pequenas empresas. O material traz conceitos sobre fluxo de caixa, giro de caixa e análise de estoque. <https://sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/cursosonline/gestao-financeira,7370b8a6 a28bb610VgnVCM1000004c00210aRCRD> https://sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/cursosonline/gestao-financeira,7370b8a6a28bb610VgnVCM1000004c00210aRCRDhttps://sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/cursosonline/gestao-financeira,7370b8a6a28bb610VgnVCM1000004c00210aRCRD ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 184 REFERÊNCIAS ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e análise de balanços: Um enfoque econômico- financeiro. São Paulo: São Paulo, 2015. ASSAF NETO, Alexandre. Finanças corporativas e valor. São Paulo: Atlas, 2014. BRAGA, Roberto. Fundamentos e técnicas de administração financeira. São Paulo: Atlas, 2015. BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre Sociedades por Ações. Brasília, DF: Presidência da República, 1976. Disponível em: https://www.planalto. gov.br/ccivil_03/leis/l6404compilada.htm. Acesso em: 01 maio 2023. BRASIL. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Brasília, DF: Presidência da República, 2007. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/ l11638.htm. Acesso em: 01 maio 2023. CAGGIANO, Paulo Cesar; FIGUEIREDO, Sandra. Controladoria: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2017. CPC – COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Correlação às Normas Internacionais de Contabilidade – IAS 7 (IASB – BV2010). CPC, 2010. Disponível em: http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/183_CPC_03_R2_rev%2021.pdf. Acesso em: 11 jul. 2023. DORNELAS, José. Empreendedorismo, transformando ideias em negócios. São Paulo: Empreende, 2018. http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/183_CPC_03_R2_rev%2021.pdf ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 185 FERRAMENTAS para você criar seu plano de negócio. Sebrae, 29 jan. 2019. Disponível em: https://sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/df/sebraeaz/ferramentas-para-voce- criar-seu-plano-de-negocio,31f40d58df4f5410VgnVCM2000003c74010aRCRD. Acesso 23 abr. 2023. FREZATTI, Fábio. Orçamento empresarial: planejamento e controle gerencial. São Paulo: Atlas, 2009. GITMAN, Lawrence J. Princípios da administração financeira. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. HOJI, Masakazu. Administração financeira e orçamentário: matemática financeira aplicada, estratégias financeiras, orçamento empresarial. São Paulo: Atlas, 2012. IBEF-SP – INSTITUTO BRASILEIRO DE EXECUTIVOS DE FINANÇAS DE SÃO PAULO. Tesouraria: Análise do case de disrupção na gestão de fluxo de caixa da Mastercard. IBEF-SP, 26 nov. 2021. Disponível em: https://ibefsp.com.br/tesouraria-analise-do-case- de-disrupcao-na-gestao-de-fluxo-de-caixa-da-mastercard/. Acesso em: 11 jul. 2023. IUDÍCIBUS, Sérgio de. Análise de balanços. São Paulo: Atlas, 2017. MARION, José Carlos. Contabilidade básica. São Paulo: Atlas, 2015. MARION, José Carlos; RIBEIRO, Osni Moura. Introdução à contabilidade gerencial. São Paulo: Saraiva, 2018. MATARAZZO, Dante Carmine. Análise financeira de balanços: abordagem gerencial. São Paulo: Atlas, 2010. NOGUEIRA, Thais Carolyne de Oliveira; DA SILVA, Anderson Carlos. Um estudo de caso com análise vertical e horizontal das demonstrações contábeis do Banco do Brasil S/A nos períodos de 2017 e 2018. 2019. 28 f. Estudo de Caso (Bacharelado em Ciências Contábeis) – Universidade de Anápolis, Anápolis, 2019. Disponível em: http://repositorio.aee.edu.br/bitstream/aee/10773/1/UM%20ESTUDO%20DE%20 https://sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/df/sebraeaz/ferramentas-para-voce-criar-seu-plano-de-negocio,31f40d58df4f5410VgnVCM2000003c74010aRCRD https://sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/df/sebraeaz/ferramentas-para-voce-criar-seu-plano-de-negocio,31f40d58df4f5410VgnVCM2000003c74010aRCRD https://ibefsp.com.br/tesouraria-analise-do-case-de-disrupcao-na-gestao-de-fluxo-de-caixa-da-mastercard/ https://ibefsp.com.br/tesouraria-analise-do-case-de-disrupcao-na-gestao-de-fluxo-de-caixa-da-mastercard/ http://repositorio.aee.edu.br/bitstream/aee/10773/1/UM%20ESTUDO%20DE%20CASO%20COM%20AN%C3%81LISE%20VERTICAL%20E%20HORIZONTAL%20DAS%20DEMONSTRA%C3%87%C3%95ES%20CONT%C3%81BEIS%20DO%20BANCO%20DO%20BRASIL%20S%20A%20.pdf ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA PROF.a FRANCISLAINE MIGUEL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 186 CASO%20COM%20AN%C3%81LISE%20VERTICAL%20E%20HORIZONTAL%20DAS%20 DEMONSTRA%C3%87%C3%95ES%20CONT%C3%81BEIS%20DO%20BANCO%20 DO%20BRASIL%20S%20A%20.pdf. Acesso em: 11 jul. 2023. OLIVEIRA, Carlos Eduardo de. Orçamento de vendas: um estudo acerca das indústrias de um distrito industrial. Gestão & Planejamento, Salvador, v. 15, n. 3, p. 487-500, jul./dez. 2014. Disponível em: https://revistas.unifacs.br/index.php/rgb/article/ download/2751/2522. Acesso em: 13 jul. 2023. PADOVEZE, Clóvis Luís. Introdução à administração financeira: texto e exercícios. São Paulo: Cengage Learning, 2015. RISCO e retorno. PUC Goiás, 2017. Disponível em: https://professor.pucgoias.edu. br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/3843/material/RISCO%20E%20INCERTEZA%20 5%2017gabAULAS.pdf. Acesso em: 14 jul. 2023. SALAZAR, German Torres. Fundamentos de finanças corporativas: teoria e aplicações práticas. São Paulo: Atlas, 2010. SANTOS, Edno Oliveira dos. Administração financeira da pequena e média empresa. São Paulo: Atlas, 2010. WANDER, Alexandre. Indicadores de atividade – ciclo operacional e financeiro com case: AMBEV. GeCompany, [2015]. Disponível em: http://www.gecompany. com.br/educacional/financas/indicadores-de-atividade-ciclo-operacional-e- financeiro/#respond. Acesso em: 12 jul. 2023. http://repositorio.aee.edu.br/bitstream/aee/10773/1/UM%20ESTUDO%20DE%20CASO%20COM%20AN%C3%81LISE%20VERTICAL%20E%20HORIZONTAL%20DAS%20DEMONSTRA%C3%87%C3%95ES%20CONT%C3%81BEIS%20DO%20BANCO%20DO%20BRASIL%20S%20A%20.pdf http://repositorio.aee.edu.br/bitstream/aee/10773/1/UM%20ESTUDO%20DE%20CASO%20COM%20AN%C3%81LISE%20VERTICAL%20E%20HORIZONTAL%20DAS%20DEMONSTRA%C3%87%C3%95ES%20CONT%C3%81BEIS%20DO%20BANCO%20DO%20BRASIL%20S%20A%20.pdf http://repositorio.aee.edu.br/bitstream/aee/10773/1/UM%20ESTUDO%20DE%20CASO%20COM%20AN%C3%81LISE%20VERTICAL%20E%20HORIZONTAL%20DAS%20DEMONSTRA%C3%87%C3%95ES%20CONT%C3%81BEIS%20DO%20BANCO%20DO%20BRASIL%20S%20A%20.pdf https://revistas.unifacs.br/index.php/rgb/article/download/2751/2522 https://revistas.unifacs.br/index.php/rgb/article/download/2751/2522 https://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/3843/material/RISCO%20E%20INCERTEZA%205%2017gabAULAS.pdf https://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/3843/material/RISCO%20E%20INCERTEZA%205%2017gabAULAS.pdf https://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/3843/material/RISCO%20E%20INCERTEZA%205%2017gabAULAS.pdf http://www.gecompany.com.br/educacional/financas/indicadores-de-atividade-ciclo-operacional-e-financeiro/#respond http://www.gecompany.com.br/educacional/financas/indicadores-de-atividade-ciclo-operacional-e-financeiro/#respond http://www.gecompany.com.br/educacional/financas/indicadores-de-atividade-ciclo-operacional-e-financeiro/#respond _heading=h.gjdgxs _heading=h.30j0zll _heading=h.bqcjshtd8u5m _heading=h.ibwoq47h528x _heading=h.gjdgxs _heading=h.30j0zll _heading=h.msb5eh34c44b _heading=h.tcw8la2liy03 _heading=h.k6p95vhxkgw7 _heading=h.3lpveoxu62h1 _heading=h.2dsnjt5jesat _heading=h.e35uzrwy8nu _heading=h.e35uzrwy8nu _heading=h.e35uzrwy8nu _heading=h.e35uzrwy8nu _heading=h.e35uzrwy8nu _heading=h.e35uzrwy8nu _heading=h.e35uzrwy8nu _heading=h.e35uzrwy8nu _heading=h.e35uzrwy8nu _heading=h.k2k7gjheoofv _heading=h.oaa79sbwgfs8 _heading=h.gjdgxs _heading=h.30j0zll _heading=h.k0h93rswu1na _heading=h.ew1v4g9pw4iy _heading=h.k0h93rswu1na _heading=h.k0h93rswu1na _heading=h.ew1v4g9pw4iy _heading=h.k0h93rswu1na _heading=h.k0h93rswu1na _heading=h.ew1v4g9pw4iy _heading=h.l4ok6x4cfyr5 _heading=h.96aeh0gxjkkr _heading=h.k0h93rswu1na _heading=h.k0h93rswu1na _heading=h.ew1v4g9pw4iy_heading=h.kh86d3aslr30 _heading=h.2nxsgp49ovre _heading=h.88m6fx1tgaz6 _heading=h.n3280zq19o3z _heading=h.n3280zq19o3z _heading=h.g08k4nkqg2tw _heading=h.61h2log7cjod _heading=h.6yuzmt7c2gui _heading=h.5qeyqral9rh0 _heading=h.w38dsp8hr6lk _heading=h.ywpk9qefqysb _heading=h.8y3mx76qa7bd _heading=h.msdt4ajg8b3v _heading=h.35nkun2 _heading=h.9u2m4gbomz3t _heading=h.num2hh7cbxgc _heading=h.yrtrecwr36n7 _heading=h.wtwsres3oop7 _heading=h.wtwsres3oop7 _heading=h.k0h93rswu1na _heading=h.k0h93rswu1na _heading=h.ew1v4g9pw4iy _heading=h.bnyxorf9k3bj _heading=h.9u2m4gbomz3t _heading=h.uz93e3786apj _heading=h.j7g4v459ncbw _heading=h.9u2m4gbomz3t _heading=h.9u2m4gbomz3t _heading=h.9u2m4gbomz3t _heading=h.k0h93rswu1na _heading=h.k0h93rswu1na _heading=h.ew1v4g9pw4iy _heading=h.9u2m4gbomz3t _heading=h.zb9716kjrhci _heading=h.6rs8gc47nzbk _heading=h.dz4cl2k5z9gh _heading=h.k0h93rswu1na _heading=h.ew1v4g9pw4iy _heading=h.ov3ft1lsv0z8 _heading=h.oh9ohhlabca4 _heading=h.9u2m4gbomz3t _heading=h.bzksi9eh7xrv _heading=h.k0h93rswu1na _heading=h.k0h93rswu1na _heading=h.ew1v4g9pw4iy _heading=h.4ykdtmdryovk _heading=h.4ykdtmdryovk _heading=h.4ykdtmdryovk _heading=h.4ykdtmdryovk _heading=h.4ykdtmdryovk _heading=h.4ykdtmdryovk _heading=h.4ykdtmdryovk _heading=h.xhvjp567vk6b _heading=h.u25utdnejoii _heading=h.444nityyy3du _heading=h.a72zxpucw41i _heading=h.8kd2ewe5e15s _heading=h.6vndzs1ete3e _heading=h.on5p1nc1jtuk _heading=h.972hyfg61bvw _heading=h.4ykdtmdryovk _heading=h.gjdgxs _heading=h.nvgw5v4p0qxk _heading=h.5gbv37akfjxy _heading=h.1pwumpfajefb _heading=h.51yi1wz3t6ic _heading=h.3znysh7 _heading=h.3znysh7 _heading=h.3znysh7 _heading=h.3znysh7 _heading=h.3znysh7 _heading=h.3znysh7 _heading=h.3znysh7 _heading=h.3znysh7 _heading=h.3znysh7 _heading=h.3znysh7 _heading=h.3znysh7 _heading=h.3znysh7 _heading=h.3znysh7 _heading=h.3znysh7 _heading=h.3znysh7 _heading=h.3znysh7 _heading=h.3znysh7 _heading=h.3znysh7 _heading=h.3znysh7 _heading=h.3znysh7 _heading=h.3znysh7 _heading=h.3znysh7 _heading=h.3znysh7 _heading=h.3znysh7 _heading=h.3znysh7 _heading=h.3znysh7 _heading=h.r1gpl3l4wi3 _heading=h.s491kptwc8oj _heading=h.7dc8ts9etfcz _heading=h.i1e3myfwt2y2 _heading=h.e9psjzvlg0ww _heading=h.aqld03vfiu28 _heading=h.n7vc8r8tx15l _heading=h.ftr34xlne63e _heading=h.s491kptwc8oj _heading=h.gjdgxs _heading=h.30j0zll _heading=h.1fob9te _heading=h.d3r4zyvidv8o _heading=h.y38l69mrnuvq _heading=h.s55har98knuy _heading=h.hwlp834vd4uc _heading=h.veylsuxxbnbd _heading=h.lgklkqd5khkl _heading=h.s0ir7e15tebt _heading=h.qhms9wkk0e33 _heading=h.r4jhsg8kbctg _heading=h.zgydesh74iv8 _heading=h.hqn0oys1tyn4 _heading=h.9z7g054hz4w5 _heading=h.gmyv0smo0105 _heading=h.pnhpqdsh4ey5 _heading=h.6c50imv1gpg5 _heading=h.1lq6shyenn19 _heading=h.ew0ym3g4yuxn _heading=h.5k82cu9493xq _heading=h.3msnopokhcf9 _heading=h.lsu21wg253zi _heading=h.t6dfs5hte1cs _heading=h.4px1rhkz2k6 _heading=h.8pye7k4ahsd9 _heading=h.t6dfs5hte1cs _heading=h.vu41u0ih4ur3 _heading=h.pqwcimp65s13 _heading=h.1nzkhztzxbg _heading=h.r4z768bqf4zo _heading=h.k0h93rswu1na _heading=h.ew1v4g9pw4iy _heading=h.k0h93rswu1na _heading=h.k0h93rswu1na _heading=h.ew1v4g9pw4iy _heading=h.k0h93rswu1na _heading=h.k0h93rswu1na _heading=h.ew1v4g9pw4iy _heading=h.uj9ll4n1pame _heading=h.k0h93rswu1na _heading=h.ew1v4g9pw4iy _heading=h.2rbkxmzfnu5k _heading=h.gjdgxs _heading=h.30j0zll _heading=h.hphnjj88xd8f _heading=h.jwyw4riqk3na _heading=h.wp8qylynpaxd _heading=h.d0zhue3uq8fl _heading=h.ap96o8qf2s5g _heading=h.ltluf93syjtu _heading=h.1fob9te _heading=h.h0fcuh6ra2mm _heading=h.c89qc5takg1i _heading=h.fc913j9pin4c _heading=h.9046yanpg51b _heading=h.a1oty5o7sje6 _heading=h.cttvpiuvhimh _heading=h.ato44z70ifng _heading=h.975aw1v4ru42 _heading=h.wiq8v4keq7k3 _heading=h.kry76s1qziyg _heading=h.82y8wpirw68d _heading=h.h8jvyx8f1774 _heading=h.mt4lw0kwquti _heading=h.r2yubxzi3fqm _heading=h.heq98ty3k5ms _heading=h.lclujev3c3tl _heading=h.1ndbeygr4m93 _heading=h.jqp018h71gek _heading=h.kgs33gkbahpd _heading=h.1ksv4uv _heading=h.gjdgxs _heading=h.30j0zll _heading=h.1fob9te _heading=h.19gmmeihhq5p _heading=h.o5tzlkp5fskb _heading=h.97gvn9kmncv2 _heading=h.jw6mgnad0c8c _heading=h.1f3uxok5hdng _heading=h.a13r7xat8l7 _heading=h.8e94ex4y52yq _heading=h.ua8hefbsu7kd _heading=h.nbq1x9qqaywl _heading=h.om013iuz5loe _heading=h.k1p6c8ehyu4i _heading=h.biyg0uyaujl _heading=h.8c92ztfz5umh _heading=h.mtyf18ildzxt _heading=h.8invk9qjhvl2 _heading=h.5dufkvkq3xe2 _heading=h.ci2l2k1snn28 _heading=h.tbobqeob92vj _heading=h.grlom9lybmqj _heading=h.bmgfs51b8pck _heading=h.jctg1h14amnv _heading=h.k0h93rswu1na _heading=h.2ek326hdo1z0 _heading=h.bmgfs51b8pck _heading=h.wmw2ttagh3px _heading=h.q6d0m0ol1sqa _heading=h.q6d0m0ol1sqa _heading=h.svyvyd92uu53 _heading=h.k7ger8xjwipl _heading=h.7zu6vjxubgk9 _heading=h.xn6foiq1884h _heading=h.ojip0j9f6ym6 _heading=h.uy23g6pvqay4 _heading=h.rhhf21594sjx _heading=h.cvazg8ulc7lr _heading=h.1pzszprxmihb _heading=h.j5hvo5v12c2v _heading=h.ql9ulshwckhs _heading=h.ogs04f113hjh _heading=h.vwelevidj0m3 _heading=h.jj30qfo5t87v _heading=h.i5sjtbu3kb5v _heading=h.1fob9te _heading=h.zh1b0uuhgifm _heading=h.eduoxtfl0366 _heading=h.lqttbdff4rwe _heading=h.lg03ktfk8vjy _heading=h.emrzo9aiowwo _heading=h.twt4qr7tag1 _heading=h.pic5gewi9q5z _heading=h.49u14hn7pzoc _heading=h.u4qf6df3b3af _heading=h.zh1b0uuhgifm _heading=h.4d6c30z70fv8 _heading=h.xmav06yzqo36 _heading=h.4eys5vare9e3 _heading=h.kymzj3x9horm _heading=h.ctiy9qgnp7mx _heading=h.3iojffgr0wik _heading=h.yd9n5o8c6vsz _heading=h.22yjvi5f4sep _heading=h.vilwcd3ex1nc _heading=h.ig1yskfrurut _heading=h.61zmgxk2d8cj _heading=h.mwrzukoxupbh _heading=h.f8e25ovy2dig _heading=h.bpe0u2d42d4a _heading=h.fxe3abdhg73t _heading=h.ttdrc9or5mx0 _heading=h.lsdc46lyimsx _heading=h.o9cx7st0ol8a _heading=h.2nmhxytnj86s _heading=h.27zt3go66zh0 _heading=h.j1enl9sh4qru _heading=h.6z4s54ng83on _heading=h.we5lwh2pmr4t _heading=h.5hu2ytujt5bc _heading=h.5hu2ytujt5bc _heading=h.zf1o0uur8zv5 _heading=h.xf68ie7b5h88 _heading=h.htvbtaxaoyuc _heading=h.la4obymzm69a _heading=h.bimz1eimv65f _heading=h.jctg1h14amnv _heading=h.f5n4c9que1bz _heading=h.u4pizavs39yo _heading=h.k0h93rswu1na _heading=h.o2q20zrv9rqp _heading=h.o2q20zrv9rqp _heading=h.wyxjl2jao0zl _heading=h.1fob9te _heading=h.r82b5rdy8pgs _heading=h.30nzn5b6av3 _heading=h.5ko6nceeg406 _heading=h.1fob9te _heading=h.gtjls0g4cwuu _heading=h.dzzxuog6k8zd _heading=h.t5xi2totxoot _heading=h.7x9pvoh8mzyx _heading=h.qdhrttgzb1y _heading=h.xtf535jh4ohi _heading=h.d2kv21odna5k _heading=h.aqhxeubf18hv _heading=h.qf9oxnkwu6vf _heading=h.iymm4b4phtk7 _heading=h.20byj0m5luzr _heading=h.ht8cpfdhhch1 _heading=h.eh49mu3qh564 _heading=h.62ylyt13ma6p _heading=h.y1v9nq42pdq8 _heading=h.80rnd7qh6tof _heading=h.njalf8yb2os5 _heading=h.ctg923yz4cd _heading=h.uhnircx3s0xl _heading=h.zftp2zdxirjx _heading=h.pjv4xuz79uy _heading=h.fb5wrx2kfnos _heading=h.ey8ux4xnlc5a _heading=h.ey8ux4xnlc5a _heading=h.rszaqqs2aceg _heading=h.lkwsmfi43zq7 _heading=h.4xsh4z7s36vw _heading=h.1fob9te _heading=h.qmyhf4kq7wf4 _heading=h.vprtsi4v99j0 _heading=h.vprtsi4v99j0 _heading=h.wqlk4xrccu0 _heading=h.perhjsjaoe2o _heading=h.tjfs5zuxtvd _heading=h.rf6ugog6ncc2 _heading=h.rip72zr2aov3 _heading=h.tjfs5zuxtvd _heading=h.q3hs9zhlhqlc _heading=h.ux1l4qw7rmqh _heading=h.1fob9te _heading=h.1fob9te _heading=h.k0h93rswu1na _heading=h.j2f4qr5udma2 _heading=h.4ri7oxr7e5ku _heading=h.1fob9te _heading=h.jmg4wuo56kdt _heading=h.sso0i75tb5ff _heading=h.4agy47ubxb9e _heading=h.mse5i41vbh2m _heading=h.d5jxgsxhs28t _heading=h.fesyzhpyqke _heading=h.ch4ln8wggkue _heading=h.9or09144xxoc _heading=h.eyn4ywxfm7hd _heading=h.8k9ailq7r0iv _heading=h.6hic3lwvafwd _heading=h.q3bhgsgestgz _heading=h.kdcy2rgqcerg _heading=h.xo2gdp6yqsx _heading=h.r8ty039srebx _heading=h.fijaukv8qji2_heading=h.knzwyomgg6ij _heading=h.k0h93rswu1na _heading=h.sy7fpqde0s0m _heading=h.g2qdsiqa2qzp _heading=h.pn0hg7m6wau3 _heading=h.1fob9te _heading=h.epx6l4lp1431 _heading=h.eaxkx8mjn0o _heading=h.7r3liw30jysk _heading=h.isl8qmnep9u5 _heading=h.wzrrixn6aass _heading=h.fs03yaxk8k9p _heading=h.gjdgxs _heading=h.gn3gv2nbajok _heading=h.1fob9te _heading=h.y9no066u8gf _heading=h.d05smaicibvy _heading=h.lmcm1e6i2eh1 _heading=h.axp9w4maqvud _heading=h.k25c6mw2xr9e _heading=h.fta8gvwb5sw4 _heading=h.dr45ouyanov7 _heading=h.8i7n0791wyti _heading=h.gzgti4nriree _heading=h.oq8ilbtacweo _heading=h.5ga0f3y5nbth _heading=h.u8aw5u9wull3 _heading=h.nagbi05p0vwj _heading=h.62ogsalf1gxz _heading=h.w5soykpoa7ih _heading=h.30j0zll _heading=h.7jvur4hodrki _heading=h.xwev2t4evguh _heading=h.oq8ilbtacweo _heading=h.hy5nawnp7exv _heading=h.hy5nawnp7exv _heading=h.tk3m7ur907l _heading=h.bicwkr6yj09j _heading=h.oq8ilbtacweo _heading=h.au33neeb0ky2 _heading=h.7uhqtldf2938 _heading=h.77v8ltml2hjz _heading=h.o42gbyvrw383 _heading=h.ycxi33xtzj6y _heading=h.hcjj81wfrbjp _heading=h.8iaq7apzexj1 _heading=h.xfi2yry8ez8b _heading=h.o91qnbc6012n _heading=h.oq8ilbtacweo _heading=h.1depv2ub0gt _heading=h.905dfmc2hfct _heading=h.7q2qjsxr0lm9 _heading=h.a8q5htit5e1g _heading=h.oq8ilbtacweo _heading=h.ab7rnx9lwy8o _heading=h.oq8ilbtacweo _heading=h.tutkhusbc5w _heading=h.9yqmjn2olxku _heading=h.qsmlbl1d4src _heading=h.5kcaxcdr1tm6 _heading=h.83lbzh5n5h62 _heading=h.wwqo8u8mumxd _heading=h.mv36xqctk2lz _heading=h.enm78ie0umlj _heading=h.kk50m8s97tsy _heading=h.7c1jwh4n8w0l _heading=h.gtuxcqtxpm0 _heading=h.wctaeebmoz54 _heading=h.zg51bmc591hy _heading=h.o9kkr8223lul _heading=h.djlrl04d3bqk _heading=h.djlrl04d3bqk _heading=h.hzxsmn28n09r _heading=h.pnsufnwmcka9 _heading=h.o9kkr8223lul _heading=h.2o5cdpmq2cr1 _heading=h.5oo0ykce005t _heading=h.l05258d3gukx _heading=h.7nazuu2jrjfe _heading=h.39pslj5hxbik _heading=h.99sj4zl6zs6 _heading=h.k5djv95bgvew _heading=h.o9kkr8223lul _heading=h.nrqyf1w78njp _heading=h.fo6y9xyarss9 _heading=h.wyuvfle22oxo _heading=h.kdso4zw3tf7h _heading=h.w4kaf2onabpw _heading=h.k0h93rswu1na _heading=h.uekhri17vc9l _heading=h.mj4w1u5lunde _heading=h.wyuvfle22oxo _heading=h.q2wvslnhedm1 _heading=h.q2spfnl4m3uh _heading=h.urie2eotkpul _heading=h.i0ji53in7vrh _heading=h.m0tw5ktpic4n _heading=h.tutkhusbc5w _heading=h.37zqsk685n1 _heading=h.a81mzubmzhju _heading=h.nxa95cmhw8jh _heading=h.vflij78rc3ca _heading=h.l44m251wiep1 _heading=h.e6nciyd85t1c _heading=h.h4hiaknm3sbx _heading=h.tutkhusbc5w _heading=h.13twvuekxfm5 _heading=h.qmtu3gxaidy5 _heading=h.7w46mdnkabjl _heading=h.m7ykf6hbwws1 _heading=h.e6nciyd85t1c _heading=h.gjf5pjdpbv1s _heading=h.amc3ky3j2gbe _heading=h.x5uyteya0nf0 _heading=h.bxz7cv1fd6z0 _heading=h.n63vaknoqdwz _heading=h.pcbvslmz5gdl _heading=h.3myicluzresv _heading=h.5dxlh67c4dn4 _heading=h.5dxlh67c4dn4 _heading=h.e67q3gy1u6rw _heading=h.5dxlh67c4dn4 _heading=h.w0eeoknni73p _heading=h.2o6corfef9hk _heading=h.oi9xy2c1lmit _heading=h.ec1apsoft1l9 _heading=h.h9vcuknkplbb _heading=h.cl20iiq8do8a _heading=h.a2e7kqqzxe5q _heading=h.jm90zrczut0h _heading=h.k0h93rswu1na _heading=h.5v9t2cw8m7ye _heading=h.n63vaknoqdwz _heading=h.omguajritj9c _heading=h.jk4fq41ir6t4 _heading=h.xzgjxhu74i67 _heading=h.s8mpociustz1 _heading=h.ituwyjs22jed _heading=h.omguajritj9c _heading=h.jk4fq41ir6t4 _heading=h.xzgjxhu74i67 _heading=h.s8mpociustz1 _heading=h.e3q0ao1hthp0 _heading=h.d6te96lvv1kr _heading=h.32t0ehjfw9so _heading=h.ituwyjs22jed _heading=h.h9vcuknkplbb _heading=h.y15atede7k8l _heading=h.inb93gtoxnzm _heading=h.ngzvhz9hsfmm _heading=h.dnnmt7qsttps _heading=h.dnnmt7qsttps _heading=h.dnnmt7qsttps _heading=h.dnnmt7qsttps _heading=h.dnnmt7qsttps _heading=h.dnnmt7qsttps _heading=h.2dwlzspczza3 _heading=h.e6nciyd85t1c _heading=h.li2boxml847r _heading=h.s6a9d0omvonm _heading=h.hn9tefj9ig3y _heading=h.cortzldvpirw _heading=h.lf9qkoynvv5h _heading=h.azt64hc0p2fm _heading=h.21o48qimeiss _heading=h.o1o8cod5aubq _heading=h.o5nvg1y1rehk _heading=h.j132cqubttr _heading=h.y3xuscp3tifw _heading=h.i8kxio7hwrc9 _heading=h.3ziam8k6yjft _heading=h.94n1jyc8r4vy _heading=h.uonzo5gw39v5 _heading=h.wgwxhtb3qaal _heading=h.k0h93rswu1na _heading=h.8yudalaxtsb9 _heading=h.rpvhrea2x683 _heading=h.cv3oyk6bnw49 _heading=h.x6e2zgpg7lda _heading=h.5mcokye7ba1r _heading=h.othmrsfx02hs _heading=h.4ipctorbb2an _heading=h.15ed10hud3cl _heading=h.3g4w53epwknq _heading=h.6m953skana06 _heading=h.sbqf9s3a47fw _heading=h.jr4le8gqh3g5 _heading=h.3bk0e6yhn0d7 _heading=h.capnh9imwm6z _heading=h.1t4x9vm6qwlm _heading=h.xqkpc1l2c99z _heading=h.nuv11kli4dgv _heading=h.p7mbvx9ayttb _heading=h.beu9phyhmnv5 _heading=h.wumfsrp4uy9e _heading=h.58kaj5wv27rf _heading=h.u80fa3qgmgc8 _heading=h.s585djvtw0yh _heading=h.nslbcgi4fd0n _heading=h.2xlnjzqwodxf _heading=h.l3mwid5tiddq _heading=h.4qgrx0z31ne3 _heading=h.4qgrx0z31ne3 _heading=h.4qgrx0z31ne3 _heading=h.4qgrx0z31ne3 _heading=h.4qgrx0z31ne3 _heading=h.lojue2yx827y _heading=h.hn9tefj9ig3y _heading=h.2gvxsg1qngxn _heading=h.c4gfrhmjpgj2 _heading=h.9nc3k6dhppgt _heading=h.45nv9s7r3xxf _heading=h.n9wdsj9v6t1o _heading=h.p7mbvx9ayttb _heading=h.1mybuq32fs1u _heading=h.g6jsx9k0s0a8 _heading=h.e6nciyd85t1c _heading=h.zb7sblpolpgz _heading=h.dyszavljbfd _heading=h.arckom6qdyvu _heading=h.x6tc3tx8s9xa _heading=h.9iwb9boz3bn6 _heading=h.sbqf9s3a47fw _heading=h.6m953skana06 _heading=h.1n5upmbcbob0 _heading=h.ik033wrvdx0z _heading=h.iq3d4vi6loc0 _heading=h.q26c5d98gvxd _heading=h.vps1i6doegly _heading=h.7n199bqf6aip _heading=h.xdvz78cvcbyz _heading=h.k0h93rswu1na _heading=h.ghgk38b2sl4i _heading=h.l3mwid5tiddq _heading=h.4qgrx0z31ne3 _heading=h.4qgrx0z31ne3 _heading=h.4qgrx0z31ne3 _heading=h.4qgrx0z31ne3 _heading=h.67mb2ip9vmbq _heading=h.whex9rz8cy3z _heading=h.x4tij6y93uxd _heading=h.tj9jog8h85le _heading=h.wjtpd6wdqch5 _heading=h.6sehdl9asd8h _heading=h.whex9rz8cy3z _heading=h.gbni6opo7bl0 _heading=h.jid2bz6tkz76 _heading=h.rvty77msarrg _heading=h.9000svs5jfr _heading=h.varx4f9uo8io _heading=h.5pqh5rw79pbm _heading=h.b8bcfwtcdlxi _heading=h.w3q7oe5q7sm4 _heading=h.5pqh5rw79pbm _heading=h.l7wowmolgdft _heading=h.i7zwjpcdl3le _heading=h.gjdgxs _heading=h.30j0zll _heading=h.5fgi1757b6p4 _heading=h.5fgi1757b6p4 _heading=h.1fob9te _heading=h.3znysh7 _heading=h.g4s0y2nj0nqx _heading=h.yputklu1ri86 _heading=h.712n4jomjwkf _heading=h.ut2gv55zedyw _heading=h.40uim3mu6gmt _heading=h.oguwxlgm9uw _heading=h.ut2gv55zedyw _heading=h.gewb42pffuoe _heading=h.a5kr00tw46op _heading=h.ozrx01lsytfl _heading=h.57i7sr7m0u4m _heading=h.ut2gv55zedyw _heading=h.5d6dd0hxtjt9 _heading=h.1o63cp2yknsf _heading=h.vyizc48ylzx7 _heading=h.gan75hdwfba9 _heading=h.7qhgrrjaz9jg _heading=h.bnpf7xel5k4e _heading=h.c7hnklrfgrjm _heading=h.akvdn3wxi349 _heading=h.vaajja9m1bs3 _heading=h.ou3w6h7d5gda _heading=h.sdfa8y59tb8b _heading=h.nmzp9h9go4sv _heading=h.ktu6h8inmkw5 _heading=h.c7lo3midvxuw _heading=h.ou3w6h7d5gda _heading=h.bmj464smjlab _heading=h.2xr35fut7rmt _heading=h.2xr35fut7rmt _heading=h.2xr35fut7rmt _heading=h.jrvvelwdrz2k _heading=h.tiz4jfeo55wl _heading=h.ht6hzbu1beey _heading=h.vy1h4yvki3et _heading=h.9x18ht9cbis9 _heading=h.dg32l8ity4ci _heading=h.u3peozygsdkm _heading=h.9xvn4r63xoev _heading=h.mndd1kqr0su9 _heading=h.8x3z9z1f0v3p _heading=h.8lowzv79u6m9 _heading=h.4szi4xlomy3w _heading=h.9xvn4r63xoev _heading=h.4noz3497v1pl _heading=h.ampr5qcx83q8 _heading=h.3h50mvmax9c4 _heading=h.3si4wxpfxmmv _heading=h.4fse7dety9v2 _heading=h.kq4jeu59fjs0 _heading=h.s1kgvcfveihg _heading=h.14gsshzcu1ud _heading=h.ktu6h8inmkw5 _heading=h.47tvg0a7r1a8 _heading=h.9xvn4r63xoev _heading=h.mndd1kqr0su9 _heading=h.8x3z9z1f0v3p _heading=h.8lowzv79u6m9 _heading=h.4szi4xlomy3w _heading=h.9xvn4r63xoev _heading=h.bpg1kachvdpv _heading=h.udw0w9o2ntuu _heading=h.9xvn4r63xoev_heading=h.mndd1kqr0su9 _heading=h.8x3z9z1f0v3p _heading=h.8lowzv79u6m9 _heading=h.4szi4xlomy3w _heading=h.9xvn4r63xoev _heading=h.7roj8ak8oti _heading=h.9jklskz679no _heading=h.568o9v3eiir6 _heading=h.2sb7mcsnr51t _heading=h.r3dsz3mq13z6 _heading=h.kearydbd8d05 _heading=h.ewqyy099tt6a _heading=h.9xvn4r63xoev _heading=h.keonpufgxhnj _heading=h.jt9s7ba8pe3 _heading=h.ht6hzbu1beey _heading=h.p5hebmns0u8w _heading=h.w4a7gbg8hlcf _heading=h.i9cmqos3wd7e _heading=h.wmt0tlp90hry _heading=h.ij2kgp6onv9m _heading=h.2g4s0rchvrzp _heading=h.82q2a6fawcog _heading=h.ciirzra3ta5k _heading=h.2hbce46uosrz _heading=h.13dt948ynnt6 _heading=h.kb4zw92cn3ts _heading=h.3bc0yyzcma3q _heading=h.d9bm17e1jv6j _heading=h.yitah2cc95k3 _heading=h.yitah2cc95k3 _heading=h.ktu6h8inmkw5 _heading=h.2a8y772gdjia _heading=h.q4xjmdw34g22 _heading=h.v6by3v9etdcw _heading=h.3rf24726z99u _heading=h.ts5v2tgu6941 _heading=h.8rqsno5ukedd _heading=h.15jkhzk6q84b _heading=h.q11y1hmmtfdo _heading=h.mr9devi3gc9i _heading=h.mr9devi3gc9i _heading=h.zcq4a577wwmd _heading=h.cu57ud5ipizt _heading=h.vrid3ckitamb _heading=h.kssobf9n46os _heading=h.pl55ajy6v2gx _heading=h.lcayj9n88uyx _heading=h.r154m2cjyf5y _heading=h.1vyh14aqjwyp _heading=h.ts5v2tgu6941 _heading=h.8ywjmeutivi _heading=h.qg1tki450mxd _heading=h.p8k1hiek9kp7 _heading=h.3ie22kvsjnke _heading=h.6253o5lb3l2l _heading=h.6253o5lb3l2l _heading=h.p8k1hiek9kp7 _heading=h.3ie22kvsjnke _heading=h.6253o5lb3l2l _heading=h.rmcb4xvpkwk8 _heading=h.8ywjmeutivi _heading=h.705rp8k2btjw _heading=h.lmcxgqmvbr44 _heading=h.wjkyyqi6w3br _heading=h.rp7xdyjsw0sf _heading=h.vaa3opews7ar _heading=h.hkl6o3jxkhsq _heading=h.705rp8k2btjw _heading=h.lmcxgqmvbr44 _heading=h.wjkyyqi6w3br _heading=h.rp7xdyjsw0sf _heading=h.vaa3opews7ar _heading=h.5a955tait0h _heading=h.59ayojaathh6 _heading=h.q11y1hmmtfdo _heading=h.mr9devi3gc9i _heading=h.mr9devi3gc9i _heading=h.vzi4i1enwjjj _heading=h.7uo0lzmjo1ls _heading=h.vrid3ckitamb _heading=h.vrid3ckitamb _heading=h.45gnf5i75dg7 _heading=h.7uo0lzmjo1ls _heading=h.vrid3ckitamb _heading=h.vrid3ckitamb _heading=h.lh1kf6zi8brv _heading=h.m60v4n71kdnj _heading=h.d26t3hb4p17b _heading=h.4yfkziz1mibq _heading=h.vbncnmcjt7r9 _heading=h.p9ny10qen5ch _heading=h.ts5v2tgu6941 _heading=h.pkehudgkg5r _heading=h.rav2prq10g1u _heading=h.8iqd508pnntc _heading=h.we8nkvfo81ad _heading=h.e6rf4fi5i6v7 _heading=h.we8nkvfo81ad _heading=h.we8nkvfo81ad _heading=h.pkehudgkg5r _heading=h.5zwv3rybj9en _heading=h.y216ywmb0qp _heading=h.qkxmvme9wrjn _heading=h.ydyaoha0rlc4 _heading=h.pb7xavxvkfq _heading=h.we8nkvfo81ad _heading=h.we8nkvfo81ad _heading=h.kdeb5xbh4j1n _heading=h.pribmwnyrv5h _heading=h.we8nkvfo81ad _heading=h.2jxafyvgpco _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.30j0zll _GoBack _heading=h.gjdgxs _heading=h.gpbrjci8d7d0 _heading=h.gjdgxs _heading=h.rvhd7gyn074q _heading=h.gjdgxs _heading=h.82bqbtrq8nci _heading=h.gjdgxs _heading=h.7ogsj8surv82 _heading=h.gjdgxs _heading=h.5febdaudqj2a _heading=h.gjdgxs _heading=h.62a7eymz06hm _heading=h.duhgr8z4zj94 _heading=h.g0ydrpewzpgg _heading=h.gjdgxs _heading=h.4cxd5ciugjth _heading=h.gjdgxs _heading=h.n93aut1t1dui _heading=h.gjdgxs _heading=h.9ptypintba9 _heading=h.gjdgxs _heading=h.21n719tb2v7s _heading=h.gjdgxs _heading=h.du2z0jkb05j8 _heading=h.9qaiuw6wla6z _heading=h.43xm93hkk7ab _heading=h.gjdgxs _heading=h.1wrnrlrv617m _heading=h.gjdgxs _heading=h.77oknhu1qvqp _heading=h.gjdgxs _heading=h.ce5st5ry3sbc _heading=h.gjdgxs _heading=h.6u41j074zhm9 _heading=h.6k42kltzeku _heading=h.9gqteq6ehkkr _heading=h.wchew2uv34x4 _heading=h.7l82kc2tdyib _heading=h.gjdgxs _heading=h.rpap6xnjg8nv _heading=h.8434r16h6nur _heading=h.n2btkmctq1ef _heading=h.gjdgxs _heading=h.zbn89zyti773 _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E APLICABILIDADE PARA A ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA APLICADO NA GESTÃO FINANCEIRA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS I - LIQUIDEZ E ENDIVIDAMENTO ANÁLISE HORIZONTAL/VERTICAL E LUCRATIVIDADE ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS II - ÍNDICE DE ATIVIDADES/PRAZO MÉDIO E RENTABILIDADE ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO I - FUNDAMENTOS E GIRO OPERACIONAL ADMINISTRAÇÃO CAPITAL DE GIRO II - GESTÃO DE DUPLICATAS A RECEBER/PAGAR E ESTOQUE ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO III - NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO E EBITDA DECISÃO DE FINANCIAMENTO I DECISÃO DE FINANCIAMENTO II - ALAVANCAGEM FINANCEIRA PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO I PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO II - ORÇAMENTOS OPERACIONAIS DECISÃO DE INVESTIMENTO I - NOÇÕES DECISÃO DE INVESTIMENTO II - RISCO E RETORNO