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EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 - FISIOLOGIA 1 Cardiopatia isquêmica - É um distúrbio no qual existe um suprimento inadequado de sangue e oxigênio para uma região do miocárdio; ocorre sempre que há um desequilíbrio entre a oferta e a demanda de oxigênio para o miocárdio. - A causa mais comum da isquemia miocárdica é a doença aterosclerótica de uma ou mais artérias coronárias. FISIOPATOLOGIA - O conceito de oferta e demanda miocárdica é essencial à compressão sobre a fisiopatologia da isquemia miocárdica: - Os principais determinantes de demanda miocárdica de oxigênio (MVO2) são: Frequência cardíaca (FC) Contratilidade miocárdica Tensão da parede miocárdica (estresse). - Um suprimento adequado de oxigênio para o miocárdio requer um nível satisfatório de capacidade transportadora de oxigênio do sangue: Determinada por um nível de O2 inspirado Função pulmonar Concentração e função da hemoglobina normais Um nível adequado de fluxo sanguíneo coronariano. - A circulação coronariana normal é determinada e controlada pelas demandas de O2 do coração. - Essas demandas são atendidas pela capacidade que os vasos sanguíneos coronarianos possuem de variar significativamente sua resistência, enquanto o miocárdio extrai uma porcentagem relativamente alta e fixa de oxigênio. - Os vasos de resistência coronariana se adaptam às alterações fisiológicas: exercício físico, estresse emocional, alterações à pressão arterial para manter o fluxo sanguíneo coronariano em níveis apropriados às necessidades miocárdicas (autorregulação) - Menor o tempo entre sist. e diast, menor tempo para o sangue refluir da aorta para coronárias, dificultando nutrição coronariana. - Ao reduzir o diâmetro interno das artérias coronárias, a aterosclerose limita o aumento necessário da perfusão quando a demanda de sangue for aumentada, como ocorre durante um esforço físico ou estresse emocional. - Quando a redução do lúmen vascular é intensa, a perfusão miocárdica no estado basal se reduz. - O fluxo sanguíneo coronariano também pode ser reduzido por: Espasmos (Prinzmetal) vasoconstrição Trombos arteriais e, raramente êmbolos coronarianos Estreitamento dos óstios coronário ou anormalidades congênitas. - Exemplos de patologias associadas ao desequilíbrio oferta/ demanda: # A isquemia miocárdica também poderá ocorrer se as demandas de oxigênio do miocárdio forem aumentadas significativamente e, particularmente, quando houver limitação do fluxo sanguíneo coronariano, como na hipertrofia do ventrículo esquerdo grave. # A redução da capacidade sanguínea de transporte de O2, como a que ocorre na anemia profunda ou na presença de carboxiemoglobina, raramente pode causar isquemia miocárdica por si só, mas pode contribuir para reduzir o limiar isquêmico dos pacientes com obstrução coronariana moderada. Aterosclerose coronariana - As artérias coronárias epicárdicas são o principal local afetado pela doença aterosclerótica. EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 - FISIOLOGIA 2 - Principais fatores de risco para aterosclerose são: LDL elevado HDL baixo Tabagismo Hipertensão DM - Esses fatores variam no seu impacto em causar distúrbios nas funções normais do endotélio vascular. Lesão vascular. - A perda dessas defesas acarreta vasoconstrição inadequada, formação de trombos intraluminais e interações anormais entre as células sanguíneas, especialmente monócitos e plaquetas, e o endotélio vascular ativado. - Alterações funcionais no meio vascular resultam no acúmulo sob a íntima de lipídeos, células musculares lisas, fibroblastos e matriz intercelular que define a placa aterosclerótica. - A aterosclerose se desenvolve em frequências irregulares em diferentes segmentos da árvore coronária epicárdica e pode, por fim, levar a reduções segmentares na área transversal, isto é, formação da placa. - Há também uma predileção das placas ateroscleróticas por se desenvolverem em locais de maior turbulência de fluxo coronariano, como as bifurcações dos ramos nas artérias epicárdicas. - Se uma estenose reduz o diâmetro de uma artéria epicárdica em 50% ocorre limitação da capacidade de aumentar o fluxo para atender à maior demanda do miocárdio. - Quando o diâmetro for reduzido em cerca de 80%, o fluxo sanguíneo em repouso pode ser reduzido, e mesmo discretas reduções adicionais do vaso estenótico poderão diminuir drasticamente a irrigação coronariana, causando isquemia miocárdica em repouso ou mínimo estresse - O estreitamento aterosclerótico segmentar das artérias coronárias epicárdicas é causado mais comumente pela formação de placas, sujeitas a ruptura ou erosão da capa que separa a placa da corrente sanguínea. - Com a exposição do conteúdo da placa ao sangue, dois processos inter-relacionados são ativas: As plaquetas são ativas e agregam-se. A cascata de coagulação é ativada, levando ao depósito de filamentos de fibrina aprisiona hemácias e pode reduzir o fluxo sanguíneo coronariano, levando a manifestações clínicas de isquemia miocárdica. EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 - FISIOLOGIA 3 - A localização da obstrução influencia a extensão do miocárdio em risco de isquemia e determina a gravidade das manifestações clínicas. - Quanto mais distal (epicárdica), pior é. - Quanto mais jovem o pcte que sofre IAM, pior é, pq impede a formação de novas artérias tributárias por ramificações, para ajudar no fluxo sanguíneo. Placas estáveis versus instáveis Placa fixa ou estável, que obstrui o fluxo sanguíneo Placa instável ou vulnerável: placa de alto risco, que pode romper e causar adesão de plaquetas e formação de trombos. - A placa estável está implicada nos casos de angina estável, enquanto a instável está associada SCA, na maioria dos casos, as alterações súbitas das placas seguidas de trombose causam a isquemia miocárdica (IAM). - Os determinantes principais de suscetibilidade das placas à ruptura são o diâmetro do centro rico em lipídeos, a estabilidade e espessura da cobertura fibrose, a existência de inflamação e a escassez de células musculares lisas. - Embora a ruptura da placa possa ocorrer espontaneamente, em geral isso é desencadeado por fatores hemodinâmicos como características de fluxo sanguíneo e tensão do vaso sanguíneo: - Pico repentino de atividade simpática com aumento da pressão arterial, da FC, das forças de contração cardíacas e do fluxo sanguíneo coronariano parece aumentar o risco de rupturas das placas. - A ruptura da placa também mostra variações diurnas, porque ocorrem mais comumente nas primeiras horas da manhã, sugerindo que fatores fisiológicos possam predispor à ruptura das placas ateroscleróticas e deposição subsequente de plaquetas. - Aumento de cortisol/aldosterona, ... - IAM nas 1ª hs do dia. Quando dormimos, nossa necessidade basal de oxigênio é baixa, FC baixa, PA baixa. Quando acordamos, há uma descarga adrenérgica, aumenta chance de ruptura. - IAM sem elevação do ST: trombo que oclui parcialmente o vaso. Ainda tem fluxo passando. Reverte com medicamento na maioria dos casos. - IAM com elevação de ST: trombo ocluiu todo o lúmen do vaso. Não passa sangue, nem oxigênio. É preciso ser desobstruído, pq só a medicação não consegue. - Quanto mais próximo ao tronco da coronária, mais chance de isquemia em todo o coração. Quanto mais lesão no coração/quantidade de músculo afetado, mais chance de morte. Efeitos da Isquemia - Durante os episódios de perfusão inadequada causada pela aterosclerose coronariana, a tensão de O2 nos tecidos miocárdicos diminuí, podendo causar distúrbios transitórios nas funções mecânicas, bioquímicas e elétricas do miocárdico. - A aterosclerose é um processo focal geralmente, causaisquemia não uniforme. - Durante a isquemia distúrbios regionais da contratilidade ventricular causam hipocinesia segmentar, acinesia ou, nos casos graves, abaulamento (discinesia), que pode reduzir a função da bomba do miocárdio. *** EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 - FISIOLOGIA 4 - O súbito desenvolvimento de isquemia grave, está associada à falha quase instantânea do relaxamento e da contração muscular anormal. - A precária perfusão dos tecidos subendocárdicos causa isquemia mais grave nessa parte da parede miocárdica (comparada com a região subepicárdica) - A isquemia de grandes áreas do ventrículo provoca insuficiência ventricular esquerda transitória e, se os músculos papilares forem afetados, pode ocorrer insuficiência mitral. - Quando a isquemia é transitória, pode estar associada à Angina pectoris, se for prolongada, poderá causar necrose e fibrose miocárdica, com ou sem quadro clínico de infarto agudo do miocárdio. - Uma grande variedade de anormalidades do metabolismo, da função e da estrutura celulares ocasiona essas alterações mecânicas durante a isquemia. - O miocárdio normal metaboliza ácidos graxos e glicose, formando CO2 e H2O. Com a privação grave de O2, os ácidos graxos não podem ser oxidados e a glicose é convertida em lactato, o pH intracelular diminui, assim como as reservas miocárdicas de ATP e creatina-fosfato. - Acidose diminui a capacidade contrátil cardíaca. - A disfunção da membrana celular possibilita o extravasamento do potássio e a captação de sódio pelos miócitos, assim como um aumento do cálcio intracelular. - Se pega fibras especializadas, desregula a função elétrica cardíaca. - A intensidade e a duração do desequilíbrio entre a oferta e a demanda miocárdica de O2 determinam se o dano será reversível (<= 20 minutos de oclusão total na ausência de vasos colaterais) ou permanente com necrose miocárdica subsequente (>20 minutos). - Até 8 minutos seria o tempo ideal para evitar dano cardíaco. A: trombo B: ruptura da placa Angiografia/ Angioplastia: colocação de contraste no cateterismo. Verifica onde há obstrução da coronária. - Depois de localização, usa-se um balão vazio que é inflado várias vezes até que as placas sejam empurradas e liberem a passagem de sangue. - O stent é colocado para garantir que a artéria fica aberta. Filme: Quase Deuses
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