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Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Problem� 1 - Ritm� Circadian� Os fenômenos que se repetem entre 20 e 28 horas são denominados ritmos circadianos. Durante a vida intra-uterina, o feto humano apresenta ritmicidade ambiental acarretada pela biorritmia materna. Dessa forma , o sistema circadiano materno coordena o tempo de desenvolvimento do relógio para o ciclo claro-escuro do feto . Ao nascer, entretanto, o recém-nascido fica privado desse biorritmo porque seu ritmo circadiano não se encontra desenvolvido. Sincronização dos ritmos biológicos e os ciclos ambientais se dá via relógio biológico central - SCH Nos mamíferos, o núcleo supraquiasmático (NSQ) situado no hipotálamo é o relógio biológico endógeno. Os relógios biológicos são ajustáveis ao ambiente pela ação de células sensoriais e vias aferentes (neurônios), tornando-se sincronizados com os ciclos naturais. A retina envia informações luminosas para outras áreas além da área visual primária como para esse núcleo (trato retino-hipotalâmico). Dessa forma, o SNC pode reconhecer as oscilações claro-escuro do meio ambiente (dia-noite). Dessa forma, o SNC pode reconhecer as oscilações claro-escuro do meio ambiente (dia-noite). Os neurônios do NSQ são gabaérgicos (inibitórios) e fazem conexões com outros núcleos hipotalâmicos, como o prosencéfalo basal e o tálamo (influenciando comportamento motivado). Neurônios do SCH são osciladores naturais, cujo potencial de repouso varia ciclicamente. A cada ciclo o potencial de repouso oscila e atinge o limiar, surgindo potenciais de ação, que se conduzem através dos axônios. Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Então o potencial de repouso é restaurado e seu valor volta a se despolarizar lentamente. O SCH confere periodicidade às funções normais. Experimentos de lesões no SCH animal mostra que o ser perde o ritmo de suas atividades. O SCH veicula comandos para que algumas funções autonômicas, neuroendócrinas, comportamentais e ciclo sono-vigília possam ser reguladas de acordo com o período de 24h. As oscilações externas sincronizadoras dos ciclos endógenos são chamadas de Zeitgebers, sincronizadores ou arrastadores. Alguns fatores responsáveis por arrastar os ritmos endógenos são: o ciclo claro/escuro, a temperatura, disponibilidade de alimento, fatores sociais… O sol é, de longe, o zeitgeber mais importante. Todas as manhãs, sua aparição faz os ritmos do corpo se rearranjam e recomeçarem seus ciclos diários. A luz efetivamente sincroniza o marca-passo. A luz é o estímulo sincronizador ou temporizador principal dos ritmos circadianos. Os relógios locais geram rítmos na expressão gênica, metabolismo e atividades fisiológicas. O ritmo circadiano é um ciclo regular e diário de processos biológicos, incluindo variações previsíveis nos níveis circulantes de hormônios. Vem sendo, cada vez mais, associado a uma série de processos endócrinos e neuroendócrinos, incluindo o metabolismo energético, o balanço de energia e o controle do apetite. Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina A melatonina é o hormônio que exerce um papel extremamente importante no processo de sincronização circadiana do organismo, em particular, do sono e vigília e do metabolismo energético, obedecendo a uma produção rítmica circadiana precisa e sincronizada ao ciclo de iluminação ambiental característico do dia e da noite. O pico de produção rítmica diária da melatonina se dá durante a noite. A melatonina, um hormônio produzido pela glândula pineal, influencia o ritmo sazonal e circadiano ‒ sobre o ciclo sono-vigília e a reprodução. Apresenta um padrão secretor dia-noite, sensível à luminosidade, com início de elevação no começo da noite e queda no final. A exposição à luminosidade é suficiente para suprimir a síntese de melatonina, sendo que evidências clínicas e experimentais mostram que diversos estados biológicos e metabólicos podem ser influenciados pela ação desse hormônio. O cortisol é um hormônio corticosteróide produzido pela glândula suprarrenal que está envolvido na resposta ao estresse e pode ter um papel importante no comportamento alimentar, além de ser associado com aumento da ingestão energética em indivíduos saudáveis. A produção de cortisol tem um ritmo circadiano que depende da estimulação do hormônio adrenocorticotrófico (adrenocorticotropic hormone, ACTH). Seu nível encontra-se elevado próximo ao início das atividades diárias, decaindo ao longo das 24 h. A dopamina se prende ao seu receptor cerebral, ela manda um sinal ao corpo informando-o de que é hora de despertar. Para isso, ela causa a diminuição dos níveis do hormônio do sono (a melatonina). Vários hormônios são produzidos pelo corpo, como a adrenalina e o cortisol. Esse último aumenta rapidamente no início da manhã para ajudar o organismo a ter energia para começar o dia. Vigília: estado em que uma pessoa responde facilmente aos estímulos sensoriais ambientais e comporta-se ativamente manifestando padrões locomotores e expressões cognitivas. A postura é muito dinâmica e muda constantemente apoiada em tônus muscular bastante variável. Sono: estado de consciência complementar ao de vigília que proporciona repouso, durante o qual ocorre a suspensão temporária Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina da atividade perceptivo-sensorial e motora voluntária. Neste estado a pessoa fica com elevado limiar de resposta aos estímulos ambientais (não é fácil acordar alguém) e apresenta atividade motora reduzida (não se locomove). Os estágios do sono foram identificados conforme os padrões do EEG (eletroencefalografia) levando-se em consideração a freqüência e a amplitude das ondas cerebrais. Na prática o sono é dividido em sono de ondas lentas (maior parte do sono) e sono paradoxal. Quando estamos relaxados e de olhos fechados (vigília descontraída) predominam ondas eletroencefalográficas rápidas (frequência baixa) e de baixa amplitude chamadas ondas alfa. O sono começa tecnicamente quando a frequência de ondas começa a diminuir e sentimos-nos sonolentos, ou seja, quando entramos no primeiro estágio do sono (Estágio I). À medida que o tempo vai passando, as ondas do EEG tendem a ficar progressivamente mais lentas, sincronizadas e com maior amplitude. O sono de ondas lentas é classificado em 4 estágios. Estágio 1: fase inicial do sono, dura cerca de 5 minutos (5% do tempo total de sono) é muito leve. No EEG predominam as ondas α e o indivíduo está subconsciente, ie, com estado de consciência baixo; responde a perguntas mas não se lembra do que disse ou ouviu. A atenção está bastante reduzida e quando estimulado, desperta com sobressalto. Estágio 2: ainda é um sono leve e dura de 10 a 20 minutos no primeiro ciclo de sono; (50% do tempo total de sono). O EEG mostra fusos de sono e ocasionalmente complexos K, ondas bifásicas de grande amplitude. O estado da atividade motora é semelhante à fase 1. Estágios 3 e 4: o sono já é profundo e dura de 20 a 40 minutos no primeiro ciclo de sono (20% do tempo total de sono). Os fusos de sono são interrompidos por ondas que são lentas e de grande amplitude. À medida que o sono atinge o estágio IV vai ficando mais difícil de despertar a pessoa. O sono de ondas lentas parece estar particularmente delineado para o repouso. O tônus muscular está reduzido e o movimento do corpo é mínimo. Ocorrem reduções da temperatura corporal e do consumo de oxigênio (redução do metabolismo) e aumento da atividade parassimpática. A presença de ondas lentas e de grande amplitude indica que os neurônios corticais estão sincronizados e as entradas Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina sensoriais externas estão “funcionalmente” bloqueadas para o córtex. Gradativamente, o sono passa do estágio 4, 3 para o 2 seguidos de um episódio bastante especial onde o EEG se torna semelhante ao do indivíduo acordado, ou seja, totalmente dessincronizado. A esse episódio do sono que se repete umas 4 a 5 vezes durante uma noite de sono chamou-se sono paradoxal. O termo paradoxal justifica-se, pois além das ondas do EEG ficaremdessincronizadas, os olhos, mesmo com as pálpebras fechadas, se movem rapidamente (REM = rapid eyes movements) enquanto o restante da musculatura esquelética mantém-se totalmente atônico. Por isso esse sono é chamado também de sono REM. Assim, mais ou menos 70 a 90 min depois do início do sono ocorre o primeiro episódio de sono REM (durando de 5 a 15 minutos). A figura mostra que à medida que se aproxima a hora de despertar, a duração do sono REM aumenta e não ocorrem mais os estágios 3 e 4. Durante o sono REM ocorrem os sonhos, aumentos do metabolismo das células nervosas e da atividade simpática. Relatamos o sonho como sendo experiências sensoriais vividas, porém muitas vezes bizarras e ilógicas. Nos episódios de sono REM ocorrem alterações de atividades viscerais como o pênis e o clitóris ficarem ingurgitados e eretos, mas sem que o sonho tenha necessariamente conteúdo sexual. A duração total do sono varia conforme a idade, assim como a duração do sono REM: na criança pode representar 80% e no adulto, de 25 a 30% e no idoso podendo chegar a 10 a 15%. Segundo um artigo divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o estresse está Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina relacionado a mudanças nos números de linfócitos presentes na corrente sanguínea. Tratam-se de células que fazem parte do sistema imunológico e que são responsáveis pela destruição de micro-organismos invasores, como bactérias e vírus. Todos nós temos diferentes níveis de ansiedade como característica pessoal e, quanto mais ansiosa for a pessoa, maior é a chance de que um transtorno se desenvolva. Situações estressantes podem funcionar como gatilho, tais como dificuldades financeiras, perda do trabalho, problemas familiares e doenças, porém, nem sempre é possível identificar quais são estes fatores. Um estudo feito pela Universidade de Copenhague, em parceria com o Centro Nacional de Pesquisa para o Ambiente de Trabalho e o Centro Dinamarquês de Pesquisa sobre Demências, constatou que problemas como ansiedade, estresse e cansaço podem aumentar em até 40% o risco de doenças neurológicas como o Alzheimer. Os pesquisadores acreditam que a alta produção de cortisol, hormônio liberado em situações estressantes, explica essa relação. Como o cérebro passa a ficar em constante estado de alerta, o processamento de novas informações é dificultado, contribuindo para a degeneração das funções cerebrais. Sinais físicos: Falta de ar (na ausência de um resfriado ou outro problema respiratório) (falta ou excesso); Aumento dos batimentos cardíacos; Sensação de "queimação ou "peso" no estômago; Dores musculares; Tensão muscular; Cansaço e falta de ‘’energia’’; Tremores Dores em geral sem causa aparente; Dor de cabeça; Má digestão; Prisão de ventre; Diarreia; Piora no quadro geral de quem já tem uma doença; Sinais emocionais: Emoções excessivas e persistentes de tristeza, raiva, culpa, medo ou preocupação; Humor deprimido; Irritação ou sentir que está com "os nervos à flor da pele’’; Desânimo; Indiferença afetiva (uma sensação de "tanto faz", de estar "frio afetivamente; Sinais comportamentais: Discussões e perda de paciência; Evitar expressar e compartilhar sentimentos as pessoas; Aumento ou abuso de substâncias; Violência e agitação; Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Sinais comportamentais: Dificuldade de lembrar informações e ter "brancos" de memória; Dificuldade de tomar decisões; Dificuldade de concentração nas tarefas; Confusão; Pensamentos repetitivos e intrusivos (que "invadem a mente") sobre temas desagradáveis; Diante de qualquer situação estressora, o organismo libera as substâncias noradrenalina e dopamina, que elevam a sensação de alerta. "Há um estresse oxidativo que gera lesões nas próprias células", diz Calzada. O sistema imune também enfraquece —pois fica "esgotado" de tanto trabalhar esperando uma agressão física que nunca acontece. Então, a imunidade cai e qualquer doença tende a transitar de maneira mais fácil no corpo. Coração: o aumento nos batimentos cardíacos mantém as coronárias mais contraídas. Isso faz com que a reserva cardíaca seja limitada, diminuindo o controle das placas de gordura nas artérias e elevando ainda mais o risco de infarto ou AVC (Acidente Vascular Cerebral). Estômago: a hiperativação diminui sua funcionalidade, aumentando a liberação de suco gástrico. Esse líquido, em excesso e sem o seu estímulo natural (alimento), corrói o próprio estômago, favorecendo o aparecimento de uma gastrite ou até mesmo de uma úlcera gástrica. Cérebro: estressado, o organismo também libera cortisol, um hormônio que hiperativa o corpo. Se suas taxas não normalizam, o organismo continua desregulado, o que pode provocar ansiedade, alterações no sono e até atrapalhar a cognição (causando problemas de memória e concentração). Para a nutricionista Natasha Fonseca, mestre em neurociências pela UFRGS e pesquisadora pelo Hospital de Clínicas de Porto Alegre, altos níveis de estresse e ansiedade podem influenciar o comportamento alimentar. Para aliviar os sintomas dessas emoções, são consumidos alimentos saborosos, densamente calóricos e ricos em açúcar e gordura, como forma de conforto e "automedicação" —as chamadas comfort foods, que parecem regular e melhorar a resposta ao estresse.
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