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Resumo de Direito Processual do Trabalho para os alunos (1)


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RESUMO DE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 
 
SUMÁRIO 
 
 
01. Meios de Solução dos Conflitos Trabalhistas. Autodefesa. Autocomposição. 
Heterocomposição. 
02. Jurisdição. Princípios da Jurisdição. 
03. Conceito de Direito Processual do Trabalho. 
04. Autonomia do Direito Processual do Trabalho. 
05. Princípios do Direito Processual do Trabalho. 
06. Relações do Direito Processual do Trabalho. 
07. Fontes do Direito Processual do Trabalho. 
08. Aplicação das Normas de Direito Processual do Trabalho. Eficácia das Leis no 
Tempo e no Espaço. Interpretação e Integração. 
09. Órgãos da Justiça do Trabalho. Composição dos Tribunais. Ministério Público do 
Trabalho. 
10. Competência da Justiça do Trabalho: Competência em Razão da Matéria, das 
Pessoas, Funcional e do Lugar. Cessação da Competência. Cláusula Contratual de 
Foro de Eleição. Incompetência da Justiça do Trabalho. Conflitos de Competência. 
11. Atos, Termos e Prazos Processuais. 
12. Nulidades. Preclusão. Perempção. 
13. Partes. Procuradores e Terceiros. Jus Postulandi. Assistência Judiciária. Ética no 
Processo do Trabalho (Litigância de Má-Fé). Substituição Processual. Litisconsórcio. 
Intervenção de Terceiros. 
14. Dissídio Individual e Dissídio Coletivo. Distinções Fundamentais. 
15. Reclamação Trabalhista. Petição Inicial. Requisitos. Tutela de Urgência e Tutela 
de Evidência. Comissão de Conciliação Prévia. 
16. Audiência. Ordem dos Acontecimentos. Arquivamento. Revelia. Confissão. 
Conciliação. Resposta do Reclamado: Exceções. Preliminares. Contestação. 
Reconvenção. Compensação. 
17. Procedimento Sumaríssimo. 
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18. Instrução Processual. Meios de Prova. Ônus da Prova. Presunções. Valoração da 
Prova. 
19. Razões Finais. Sentença. Valor da Condenação. Custas e Despesas Processuais. 
Publicação. Trânsito em Julgado. 
20. Procedimentos (Ritos): Ordinário, Sumário e Sumaríssimo. Inquérito Judicial Para 
Apuração de Falta Grave. Ação de Cumprimento. Mandado de Segurança. Habeas 
Corpus. Ação de Consignação em Pagamento. Prestação de Contas. Ações 
Possessórias. Habilitação Incidente. Restauração de Autos. Ação Civil Pública. 
Medidas Cautelares Nominadas e Inominadas. Ação Anulatória. Ação Rescisória. 
Ação Monitória. 
21. Recursos. Generalidades. Efeitos: Suspensivo, Devolutivo Translativo, 
Substitutivo, Extensivo e Regressivo. Pressupostos. Espécies de Recursos Cabíveis no 
Processo do Trabalho. 
22. Liquidação de Sentença. Execução. Procedimento. Embargos à Execução e 
Impugnação à Sentença de Liquidação. Defesa do Executado Sem Embargos 
(“Exceção ou Objeção de Pré-Executividade”). Alienação de Bens e Embargos. 
Suspensão e Extinção da Execução. 
23. Dissídio Coletivo. Poder Normativo da Justiça do Trabalho. Dissídio Coletivo de 
Natureza Econômica e de Natureza Jurídica. Dissídio Coletivo de Greve. Sentença 
Normativa. Recurso. 
 
 
OBSERVAÇÃO 
 
COM A REFORMA TRABALHISTA (LEI Nº 13.467/2017) VÁRIOS 
DISPOSITIVOS DE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO FORAM 
ALTERADOS NA CLT. IMPORTA MENCIONAR QUE AS REGRAS DE 
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO, QUANDO ENTRAM EM VIGOR, 
ATINGEM OS PROCESSOS EM CURSO, MAS SEMR RETROAGIR ÀQUELES 
ATOS PROCESSUAIS JÁ PRATICADOS. VIGORA, PORTANTO, A LEI 
VIGENTE NO TEMPO, NO CASO, A CLT ALTERADA EM RELAÇÃO ÀS 
REGRAS PROCESSUAIS. 
 
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01. MEIOS DE SOLUÇÃO DOS CONFLITOS TRABALHISTAS. 
AUTODEFESA. AUTOCOMPOSIÇÃO. HETEROCOMPOSIÇÃO. 
 
Conflito – pode ser entendido como controvérsia ou dissídio. 
 
Conflitos podem ser individuais ou coletivos. 
 
Meios: 
 
01.1 Autodefesa: as próprias partes procedem à defesa de seus interesses. A solução do 
conflito somente ocorre quando uma parte cede à outra. Ex: greve e lock-out. 
 
a) greve: no Brasil é um direito. 
b) Lock-out: proibido no Brasil. 
 
01.2. Autocomposição: realizada pelas próprias partes, sem a intervenção de um 
terceiro. Ex: celebração de acordos coletivos de trabalho e de convenções coletivas de 
trabalho. 
 
a) acordos coletivos de trabalho: celebrados entre sindicato de empregados e uma ou 
mais empresas. 
b) convenções coletivas de trabalho: celebradas entre sindicado de empregados e 
sindicato de empregadores. 
 
Reforma Trabalhista: 
 
1ª Observação: O artigo 614, parágrafo 3º, da CLT, com a redação dada pela Lei nº 
13.467/2017 consagrou ser vedada a ultratividade da norma coletiva, assim entendida 
como a continuidade da vigência da norma coletiva, mesmo após o seu termino, 
quando o sindicato patronal ou o empregador se negar a negociar novo instrumento 
coletivo. 
 
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2ª Observação: O artigo 620, caput, da CLT, com a redação dada pela Lei nº 
13.467/2017 prescreve que as condições estabelecidas em acordo coletivo de trabalho 
sempre prevalecerão sobre as estipuladas em convenção coletiva de trabalho. 
 
01.3 Heterocomposição: quando a solução dos conflitos trabalhistas é determinada por 
um terceiro. Ex: mediação, arbitragem e a jurisdição do Estado. 
 
a) mediação: ocorre quando um terceiro, chamado pelas partes, propõe soluções às 
partes vindo estas a colocar termo ao litígio. Não há necessidade que o mediador tenha 
conhecimentos jurídicos. As partes não estão obrigadas a aceitar as propostas feitas 
pelo conciliador, razão pela qual este não pode coagi-las de forma alguma. O mediador 
não toma nenhuma decisão servindo apenas como intermediário entre as partes. 
Geralmente a mediação é extrajudicial, mas nada impede que seja judicial. 
 
A mediação é instituto aplicado largamente em outros países como França, Espanha, 
Argentina, Austrália, EUA, etc. 
 
No Brasil foi editado o Decreto nº 1.572/95 de 28/07/1995 que estabelece regras sobre 
mediação na negociação coletiva. Pode o mediador ser escolhido livremente pelas 
partes e se não houve escolha, pode ser indicado o Ministério do Trabalho e Emprego. 
 
A Portaria nº 817/95 de 30/08/1995 do Ministério do Trabalho e Emprego especifica 
critérios para a participação do mediador nos conflitos de negociação coletiva de 
natureza trabalhista. 
 
b) arbitragem: é a forma de solução dos conflitos feita por um terceiro estranho em 
relação às partes, que é escolhido por estas, impondo a solução do litígio. É forma 
voluntária de terminar o conflito, ou seja, não é obrigatória. Largamente utilizada na 
Europa e EUA. 
 
No Brasil foi aprovada a Lei nº 9.307/96 de 23/09/1996, depois alterada pela Lei nº 
13.129/2015 de 23/09/2015, que dispõe sobre referido diploma legal preconiza que 
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esse instituto somente é aplicável se o litígio versar sobre direitos patrimoniais 
disponíveis sendo necessário que as partes estejam aptas a contratar. 
 
Convenção de arbitragem = cláusula compromissória + compromisso arbitral. 
 
Cláusula compromissória – é a convenção através da qual as partes em um contrato de 
trabalho comprometem-se a submeter à arbitragem os litígios que possam vir a surgir 
relativamente a tal contrato – artigo 4º da Lei nº 9.307/96. 
 
Explicar os riscos de inserção de cláusula compromissória nos contratos de trabalho. 
 
Compromisso arbitral – é a convenção por meio da qual as partes submetem um litígio 
à arbitragem de uma ou mais pessoas, podendo ser judicial ou extrajudicial. Artigo 9º 
da Lei nº 9.307/96. 
 
Prazo para a solução do litígio – 6 (seis) meses podendo ser prorrogado a critério das 
partes envolvidas. 
 
Decisão do árbitro deve ser escrita e conter relatório, fundamentos da decisão e 
dispositivo. 
 
A sentença arbitral é título executivo judicial segundo o artigo 515, inciso VII, do CPC 
de 2015, razão pela qual não necessita de homologação pelo Poder Judiciário e pode 
ser executada de imediato. 
 
Vantagens do procedimento arbitral – rapidez e segredo. 
 
Desvantagens do procedimento arbitral – alto custo em alguns casos sendo 
desaconselhável para solucionar conflitos que envolvem pequenas quantias. 
 
Nulidade da sentença arbitral – hipóteses: artigo 32 da Lei nº 9.307/96:6 
a) for nulo o compromisso. 
b) emanou de quem não podia ser árbitro. 
c) não contiver os requisitos do artigo 26 da Lei nº 9.307/96. 
d) for proferida fora dos limites da convenção de arbitragem. 
e) não decidir todo o litígio submetido à arbitragem. 
f) comprovado que foi proferida por prevaricação, concussão ou corrupção passiva. 
g) proferida fora do prazo, respeitado o disposto no artigo 12, inciso III, da Lei nº 
9.307/96. 
h) forem desrespeitados os princípios de que trata o artigo 21, parágrafo 2º, da Lei nº 
9.307/96. 
 
 
Princípios da arbitragem: contraditório 
 igualdade das partes 
 imparcialidade do árbitro e de seu livre convencimento 
 
 
Nulidade da sentença arbitral deve ser pleiteada junto ao Poder Judiciário competente 
devendo ser proposta no prazo de 90 (noventa) dias após o recebimento da notificação 
da mesma. Quando tal ocorrer a sentença de nulidade proferida pelo Poder Judiciário 
determinará que o árbitro profira nova sentença arbitral. 
 
Arbitragem – único dispositivo constitucional que trata da arbitragem está previsto no 
artigo 114, parágrafo 1º, da CF/88, in verbis: Frustrada a negociação coletiva, as partes 
poderão eleger árbitros. 
 
Dissídio coletivo: indiscutível a possibilidade da arbitragem nos termos do artigo 114, 
parágrafo 1º, da Constituição Federal de 1988. 
 
Dissídio individual: 
 
 
 
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Reforma Trabalhista: 
 
1ª Observação: A Lei nº 13.129/2015 alterou alguns dispositivos da Lei nº 9.307/1996, 
mas nada de modo efetivo relacionado ao direito processual do trabalho. 
 
2ª Observação: Nada obstante sempre tenha havido questionamentos sobre a 
possibilidade de arbitragem no dissídio individual trabalhista é certo que no artigo 
507-A da Lei nº 13.467/2017 prevê essa possibilidade quando o empregado quando a 
remuneração do empregado seja superior a duas vezes o limite máximo estabelecido 
para os benefícios do Regime Geral de Previdência Social, situação em que será 
possível ser pactuada cláusula compromissória de arbitragem, desde que por iniciativa 
do empregado ou mediante a sua concordância expressa. 
 
c) jurisdição do Estado: os conflitos solucionados pelo Poder Judiciário, seja em 
dissídios individuais, seja em dissídios coletivos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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02. JURISDIÇÃO. 
 
02.1. Conceito – é o poder de dizer o direito. É inerente a todos os juízes investidos 
nessa função pelo Estado. 
 
02.2. Princípios Inerentes à Jurisdição – Segundo Antonio Carlos de Araújo Cintra, 
Ada Pellegrini Grinover e Cândido Rangel Dinamarco são princípios inerentes à 
jurisdição: investidura, aderência ao território, indelegabilidade, inevitabilidade, 
inafastabilidade, juiz natural e inércia. 
 
02.2.1. princípio da investidura: a jurisdição só será exercida por quem tenha sido 
regularmente investido na autoridade de juiz. A jurisdição é um monopólio do Estado 
e este, que é uma pessoa jurídica, precisa exercê-la através de pessoas físicas que 
sejam seus órgãos ou agentes: essas pessoas físicas são os juízes. 
 
02.2..2. princípio da aderência ao território: manifesta-se, em primeiro lugar, a 
limitação da própria soberania nacional ao território do país. Além disso, como os 
juízes são muitos no mesmo país, distribuídos em comarcas ou seções judiciárias 
também se infere daí que cada juiz só exerce a sua autoridade nos limites do território 
sujeito por lei à sua jurisdição. Esse princípio estabelece limitações territoriais à 
autoridade dos juízes. 
 
02.2.3. princípio da indelegabilidade: é, em primeiro lugar, expresso através do 
princípio constitucional segundo o qual é vedado a qualquer dos Poderes delegar 
atribuições. A Constituição fixa o conteúdo das atribuições do Poder Judiciário e não 
pode a lei, nem pode muito menos alguma deliberação dos próprios membros deste, 
alterar a distribuição feita naquele nível jurídico-positivo superior. Além disso, no 
âmbito do próprio Poder Judiciário não pode juiz algum, segundo seu próprio critério e 
talvez atendendo à sua própria conveniência, delegar funções a outro órgão, na medida 
em que o magistrado exerce a jurisdição como agente do Estado e não em seu próprio 
nome. 
 
 
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02.2.4. princípio da inevitabilidade: significa que a autoridade dos órgãos 
jurisdicionais, sendo uma emanação do próprio poder estatal soberano, impõe-se por si 
mesma, independentemente da vontade das partes ou de eventual pacto para aceitarem 
os resultados do processo. 
 
02.2.5. princípio da inafastabilidade: (ou princípio do controle jurisdicional), garante a 
todos o acesso ao Poder Judiciário, o qual não pode deixar de atender a quem venha a 
juízo deduzir uma pretensão fundada no direito e pedir solução para ela (artigo 5º, 
inciso XXXV, da CF/88). 
 
02.2.6. princípio do juiz natural: assegura que ninguém pode ser privado do 
julgamento por juiz independente e imparcial, indicado pelas normas constitucionais e 
legais. A Constituição proíbe os chamados tribunais de exceção, instituídos para o 
julgamento de determinadas pessoas ou crimes de determinada natureza, sem previsão 
constitucional (artigo 5º, inciso XXXVII da CF/88). 
 
02.2.7. princípio da inércia: por sua própria natureza, os órgãos jurisdicionais são 
inertes, ou seja, só age mediante provocação das partes. Exceção que ocorre no 
processo do trabalho: artigo 878 da CLT, o qual preconiza que o juiz do trabalho pode 
impulsionar a fase executória de ofício. 
 
Reforma Trabalhista: 
 
Observação: Com o advento da Lei nº 13.467/2017, o artigo 878 da CLT foi alterado 
para consagrar que a execução a ser impulsionada de ofício pelo juiz do trabalho tem 
limite apenas no caso das partes não estarem representados por advogado. Ou seja, 
apenas no caso de jus postulandi. 
 
02.2.8. princípio da ampla defesa e do contraditório: é princípio previsto no artigo 5º, 
inciso LV, da Carta Constitucional de 1988. 
 
Observação: o artigo 10 do CPC de 2015 apenas e tão somente repisa o princípio da 
ampla defesa e do contraditório. 
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03. CONCEITO DE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO. 
 
Cleber Lúcio de Almeida – direito processual do trabalho é o conjunto de normas e 
princípios que organizam e disciplinam a solução judicial dos conflitos de interesses 
de natureza trabalhista (entendendo-se como tais os que decorrem de uma relação de 
trabalho ou que sejam conexos à relação de emprego). 
 
Renato Saraiva – direito processual do trabalho é o ramo da ciência jurídica, dotado de 
normas e princípios próprios para a atuação do direito do trabalho e que disciplina a 
atividade das partes, juízes e seus auxiliares, no processo individual e coletivo do 
trabalho. 
 
 Amauri Mascaro Nascimento - direito processual do trabalho é o ramo do direito 
processual destinado à solução judicial dos conflitos trabalhistas. 
 
Sérgio Pinto Martins - direito processual do trabalho é o conjunto de princípios, regras 
e instituições destinado a regular a atividade dos órgãos jurisdicionais na solução dos 
dissídios, individuais ou coletivos, entre trabalhadores e empregadores. 
 
Observação: Com o advento da Emenda Constitucional nº 45/2004 é certo que a 
competência da Justiça do Trabalho foi significativamente ampliada, razão pela qual 
outros litígios que não apenas entre trabalhadores e empregadores são solucionados 
por esse ramo do Poder Judiciário. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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04. AUTONOMIA DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO. 
 
No dizer de Amauri Mascaro Nascimento o direito processual do trabalho, que nunca 
se separa do direito processual civil, tem os seguintes aspectos: 
 
a) jurisdição especial destinada a julgar dissídios individuais. 
b) dissídio coletivo econômico, jurídico e de greve como uma de suas peculiaridades. 
c) existência de lei processual específica,embora com larga aplicação subsidiária do 
direito processual comum. 
d) singularidade do tipo de contrato que interpreta - o vínculo de trabalho - que, diante 
da inafastabilidade entre o trabalho e a pessoa que o presta, difere dos contratos de 
direito civil, na medida em que em seu objeto está envolvida a pessoa que trabalha, 
seus direitos de personalidade e o poder de direção daquele que é beneficiado pelo 
trabalho, uma troca salário-trabalho, mas, também, diante das pessoas típicas que 
figuram como sujeitos do vínculo, o empregado e o empregador. 
 
Dessa forma, diz o doutrinador, o direito do trabalho e o direito processual do trabalho 
são autônomos, porque o primeiro é ramo do direito material, e o segundo, do direito 
processual. 
 
A CLT contém tanto normas de direito material, quanto normas de direito processual. 
 
A maioria dos cursos de bacharelado tem a cadeira específica de direito processual do 
trabalho. 
 
Por fim, a produção doutrinária de direito processual do trabalho em nosso País é uma 
das maiores entre todos os países esclarecendo o renomado doutrinador que há livros 
de curso, livros monográficos e de prática forense. 
 
 
 
 
 
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5. PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO. 
 
05.1. Conceito – José Cretella Junior – princípios de uma ciência são as proposições 
básicas, fundamentais, típicas que condicionam todas as estruturações subsequentes. 
São os alicerces da ciência. 
 
05.2. Princípios Constitucionais do Direito Processual: 
 
05.2.1. Acesso à justiça – direito de ação. Nenhuma lei pode contemplar vedação ao 
direito de cada um acionar o Poder Judiciário. Nesse sentido, incabível a possibilidade 
de discussão de qualquer litígio em instância administrativa, antes da propositura de 
ação judicial. A única exceção encontra-se prevista no artigo 217, parágrafo 1º, da Lei 
Magna que assim preconiza: 
 
Art. 217 - ... 
... 
Parágrafo 1º - O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e 
às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça 
desportiva, reguladas em lei. 
 
Sobreleva mencionar, portanto, a passagem por instância administrativa, nesse caso, 
somente tem cabimento quando o litígio for exclusivamente ligado às questões 
desportivas. Disso é forçoso concluir que quando se trate de questões trabalhistas ou 
desportivas e trabalhistas, simultaneamente, é permitido o ajuizamento de ações 
trabalhistas (grifei e negritei). 
 
05.2.2. Inafastabilidade da prestação jurisdicional – vivemos num Estado Democrático 
de Direito. Assim sendo em vista que não é possível fazer justiça com as próprias 
mãos é direito de cada um obter uma decisão judicial para o seu pleito. 
 
05.2.3. Dever de fundamentar a decisão – tal encontra-se consagrado no artigo 93, 
inciso IX, da Carta Constitucional de 1988. Não é admissível que o juiz defira ou 
indefira pedidos sem dizer como e porque de sua decisão. 
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05.3. Princípios Constitucionais do Direito Processual do Trabalho: 
 
05.3.1. Competência conciliatória e decisória dos órgãos judiciais trabalhistas – no 
processo do trabalho a conciliação deve ser buscada à exaustão, na medida em que tal 
se presta como instrumento de pacificação social. No processo do trabalho pode-se 
tentar a conciliação a qualquer tempo, bem como em inúmeras vezes. Todavia, em 
duas oportunidades tal deve ser obrigatória em audiência, a saber: antes da 
apresentação da defesa e após as razões finais. 
 
05.3.2. Poder normativo para decidir conflitos coletivos de trabalho – a legislação 
processual trabalhista permite que se solucionem conflitos trabalhistas tanto de forma 
individual, como de forma coletiva. O litígio individual é a própria reclamação 
trabalhista ou ação trabalhista, no qual há solução do mesmo in concreto (sentença 
condenatória). Por outro lado, no litígio coletivo a solução se dá por meio de uma 
sentença normativa em que o Poder Judiciário tem a possibilidade de criar norma com 
a aprovação de cláusulas normativas, atuando em verdadeira função atípica, quando a 
solução do litígio ocorre in abstrato (sentença declaratória-constitutiva). 
 
05.3.3. Respeito, nos dissídios coletivos, às disposições convencionais e legais 
mínimas de proteção ao trabalho – não é permitido ao Poder Judiciário proferir 
sentença normativa que viole acordos coletivos de trabalho ou convenções coletivas de 
trabalho que estejam em vigor e que tragam mais direitos aos trabalhadores e nem 
proferir sentença normativa que consagre direitos trabalhistas inferiores àqueles 
previstos na Constituição Federal de 1988 ou na Consolidação das Leis do Trabalho. 
 
05.4. Princípios específicos do Direito Processual do Trabalho: 
 
05.4.1. Oralidade - prevalência da produção oral de provas reduzida a termo. 
Hodiernamente referido princípio tem sido mitigado pelos operadores do direito, na 
medida em que os litígios trabalhistas se tornam mais complexos. Contudo, referido 
princípio ainda remanesce, quando possível de aplicação. 
 
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05.4.2. Concentração - prevalência da realização de todos os atos num só momento. 
Em regra a audiência trabalhista deve ser UNA. Entretanto, cabe ao juiz do trabalho 
decidir sobre a adoção dessa modalidade de audiência ou mesmo de audiência 
fracionada. Sustentamos a audiência UNA como regra justamente para conferir 
observância ao princípio sob estudo. Mas nem sempre é possível a realização de 
audiência UNA como, v.g., no caso de necessidade de realização de prova pericial ou 
no mesmo no caso de oitiva de testemunha por meio de carta precatória ou de carta 
rogatória. 
 
05.4.3. Irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias - diferentemente do 
processo civil, o Agravo de Instrumento no processo do trabalho somente se presta a 
destrancar recurso cujo seguimento tenha sido denegado. Exceções: impugnação ao 
valor atribuído à causa (Lei nº 5.584/70 – artigo 2º, parágrafo 1º) e as matérias 
previstas na Súmula 214 do Tribunal Superior do Trabalho, a saber: 
 
Súmula nº 214 do TST 
DECISÃO INTERLOCUTÓRIA. IRRECORRIBILIDADE 
Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões 
interlocutórias não ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de 
decisão: a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou 
Orientação Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho; b) suscetível 
de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal; c) que acolhe 
exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para Tribunal 
Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante 
o disposto no art. 799, § 2º, da CLT. 
 
 
05.4.4. Celeridade - o processo não é fim em si mesmo, mas apenas meio para 
obtenção do direito violado. Por isso a necessidade de uma solução rápida para o 
litígio que, lembre-se, tem natureza alimentar. Com o advento da Emenda 
Constitucional nº 45/2004 foi aprovado o inciso LXXVIII ao artigo 5º, in verbis: 
 
 
 15 
Art. 5º ... 
... 
Inciso LXXVIII – a todos, no âmbito judicial ou administrativo, são 
assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a 
celeridade de sua tramitação. 
 
05.4.5. Identidade física do juiz – com o cancelamento da Súmula 136 do TST é de se 
concluir que no processo do trabalho, à semelhança do que ocorre no processo civil, há 
identidade física do juiz. Assim, o juiz do trabalho que instruir o feito deverá julgá-lo. 
 
05.4.6 Impulso oficial na fase executória - o juiz pode impulsionar o processo de ofício 
quando o mesmo estiver na fase executória. É o que se depreende do disposto no artigo 
878, caput, do Texto Consolidado, conforme abaixo: 
 
Art. 878 – A execução poderá ser promovida por qualquer interessado, ou 
ex officio, pelo próprio juiz ou presidente ou tribunal competente, nos 
termos do artigo anterior. 
 
Reforma Trabalhista: 
 
Observação: Com o advento da Lei nº13.467/2017, o artigo 878 da CLT foi alterado 
para consagrar que a execução a ser impulsionada de ofício pelo juiz do trabalho tem 
limite apenas no caso das partes não estarem representados por advogado. Ou seja, 
apenas no caso de jus postulandi. 
 
 
 
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06. RELAÇÕES DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO. 
 
Segundo Sérgio Pinto Martins, o direito processual do trabalho relaciona-se com 
outros ramos do direito, a saber: 
 
a) Direito do Trabalho: os dispositivos processuais inseridos na CLT se prestam a 
concretizar o direito material do trabalho inserido no mesmo diploma legal. 
 
b) Direito Processual: vários conceitos consagrados no direito processual como ação, 
autor, réu, exceção, reconvenção, recurso, etc são trazidos do direito processual. 
 
c) Direito Administrativo: utilização de toda a organização da Justiça do Trabalho e o 
regime jurídico dos seus servidores públicos. 
 
d) Direito Penal: utilização dos conceitos caracterizadores da justa causa aplicada ao 
empregado, vez que são infrações que muito se assemelham com as infrações 
cometidas pelas pessoas e que estão previstas no Código Penal. Além disso, pode 
ocorrer o cometimento de crimes como falso testemunho, falsa perícia, fraude 
processual, coação no curso do processo, crimes de funcionários públicos da Justiça do 
Trabalho. 
 
e) Direito Empresarial: utilização de regras contidas na lei de falências e de 
recuperação judicial no processo do trabalho. 
 
f) Direito Civil: utilização de regras contidas no Código Civil como, por exemplo, 
habilitação de herdeiros, conceitos de parentesco para saber se a testemunha pode ou 
não depor, etc. 
 
g) Direito Tributário: utilização subsidiária da Lei nº 6.830/80 (lei de execuções 
fiscais) na fase executória, por força do contido no artigo 889 da CLT. Também a 
incidência de imposto de renda, contribuição previdenciária e fundiária sobre verbas 
de natureza trabalhista apontam para o relacionamento do direito processual do 
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trabalho com essa matéria. Por fim, a fixação de custas processuais, tributo da espécie 
taxa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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07. FONTES DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO. 
 
São classificadas em: fontes formais e fontes materiais. 
 
07.1. Fontes materiais – Sérgio Pinto Martins - são o complexo de fatores que 
ocasionam o surgimento de normas, envolvendo fatos e valores. São analisados fatores 
sociais, psicológicos, econômicos, históricos, etc. São os fatores reais que irão 
influenciar na criação da norma jurídica. 
 
07.2. Fontes formais – Sérgio Pinto Martins – são as formas de exteriorização do 
Direito. Exemplo: lei, costume, etc. 
 
Fontes formais – são classificadas em heterônomas e autônomas. 
 
07.2.1. Fontes heterônomas: são aquelas impostas por agente externo. Exemplo: 
constituição, lei, decreto, sentença normativa, regimento interno dos Tribunais. 
 
07.2.2. Fontes autônomas: são aquelas elaboradas pelos próprios interessados. 
Exemplo: costume, convenção coletiva de trabalho, acordo coletivo de trabalho, 
regulamento de empresa, contrato de trabalho. 
 
07.3. Fontes Formais Encontradas nas Normas Processuais Trabalhistas: 
 
07.3.1. Na Constituição Federal de 1988 – artigo 111 e seguintes tratam de direito 
processual trabalhista sobre competência, organização e composição da Justiça do 
Trabalho. 
 
07.3.2. A lei como fonte formal de Direito Processual do Trabalho - Leis Ordinárias – 
CLT, CPC de 2015 (este último de forma subsidiária e supletiva por força do artigo 
15), Decreto-Lei nº 779/69, Lei nº 5.584/70, Lei nº 6.830/80, Lei nº 7.701/88. 
 
 
 
 19 
07.3.3. Decretos que regulamentam as leis. 
 
07.3.4. Regimentos dos Tribunais. 
 
07.3.5. O negócio jurídico como fonte formal do Direito Processual do Trabalho – 
Normalmente o negócio jurídico contempla normas de direito material trabalhista. 
Todavia, podem as convenções coletivas de trabalho e os acordos coletivos de trabalho 
trazer regras sobre mediação e arbitragem. 
 
07.3.6. Costumes – nem todos os doutrinadores entendem possível, pois, em regra, as 
normas são elaboradas pelo Estado. 
 
Observação: Direito Processual do Trabalho, em princípio, é exclusivamente estatal. 
Todavia, tratados internacionais podem conter normas processuais. Ex: Tratado de 
Itaipu, Tratado de Roma, Tratado de Assunção. 
 
07.3.7. Jurisprudência – Súmula: também pode versar sobre Direito Processual do 
Trabalho. Ex: quando tratam de prazo, quando tratam de cabimento de recursos, 
quando tratam de cabimento de ação rescisória, quando trata de mandado de 
segurança, quando trata de substituição processual, etc. 
 
Reforma Trabalhista: 
 
O artigo 702, aliena “f”, da CLT, com a redação dada pela Lei nº 13.467/2017, 
preconiza como deverão ser os requisitos para a criação ou alteração de Súmulas, in 
verbis: 
 
Art. 702... 
... 
f) estabelecer ou alterar súmulas e outros enunciados de jurisprudência 
uniforme, pelo voto de pelo menos dois terços de seus membros, caso a 
mesma matéria já tenha sido decidida de forma idêntica por unanimidade 
em, no mínimo, dois terços das turmas em pelo menos dez sessões 
 20 
diferentes em cada uma delas, podendo, ainda, por maioria de dois terços 
de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que 
ela só tenha eficácia a partir de sua publicação no Diário Oficial; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 21 
08. APLICAÇÃO DAS NORMAS DE DIREITO PROCESSUAL DO 
TRABALHO. EFICÁCIA DAS LEIS NO TEMPO E NO ESPAÇO. 
INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO. 
 
08.1. Eficácia, no entendimento de Sérgio Pinto Martins, significa a aplicação ou a 
execução da norma jurídica. É a produção de efeitos jurídicos concretos ao regular as 
relações. 
 
Esclarece o doutrinador que a eficácia não se confunde com validade, que é a força 
imponível que a norma tem, isto é, a possibilidade de ser observada. 
 
Esclarece o doutrinador, ainda, que a eficácia também não se confunde com a vigência 
da norma, que diz respeito ao seu tempo de atuação. 
 
08.1.1. Eficácia das leis processuais trabalhistas no tempo: geralmente a lei entra em 
vigor na data de sua publicação. Se não existir disposição expressa a lei começa a 
vigorar 45 dias depois de oficialmente publicada (artigo 1º da Leis de Introdução ao 
Código Civil). Normalmente, a eficácia da lei processual trabalhista é imediata, razão 
pela qual se aplica aos processos em curso ficando resguardados os atos já praticados 
pelo direito adquirido e pelo ato jurídico perfeito. Contudo, o retromencionado 
legislador cita como exemplo a Lei nº 9.957/2000 que criou o procedimento 
sumaríssimo, a qual entrou em vigor 60 dias após sua publicação no Diário Oficial. 
Nesse mesmo sentido podemos citar a Lei nº 13.467/2017 que aprovou a Reforma 
Trabalhista, a qual entrou em vigor 120 dias após a sua publicação no Diário Oficial. 
 
08.1.2. Eficácia das leis processuais trabalhistas no espaço: diz respeito ao território 
em que vai ser aplicada a norma. A lei processual trabalhista se aplica no território 
brasileiro tanto para os trabalhadores nacionais, quanto para os trabalhadores 
estrangeiros que buscam a prestação jurisdicional em nosso País. 
 
08.2. Interpretação das Normas Trabalhistas Processuais – para Sérgio Pinto Martins 
interpretar a norma é compreender o que o legislador quer dizer. Em suma: interpretar 
é buscar o verdadeiro sentido da norma. 
 22 
Os recursos de interpretação podem ser classificados de diversas formas. Alguns 
critérios: 
 
08.2.1. Com relação às fontes de interpretação: 
 
a) autêntica – feita pelo autor da norma. 
 
b) doutrinária – feita pelos doutrinadores: é a opinião dos doutos. 
 
c) jurisprudencial – é a estabelecida pelos tribunais. 
 
08.2.2. Com relação aos meios de interpretação:a) gramatical ou literal - consiste em verificar qual o sentido do texto gramatical da 
norma jurídica, o alcance das palavras encerradas no texto da lei. É a mais pobre de 
todas as interpretações da lei. 
 
b) lógica - em que se estabelece conexão entre vários textos legais a serem 
interpretados. 
 
c) teleológica ou finalística - a interpretação será dada ao dispositivo legal de acordo 
com o fim colimado pelo legislador. 
 
d) sistemática - a interpretação será dada ao dispositivo legal conforme a análise do 
sistema no qual está inserido, sem se ater à interpretação isolada de um dispositivo, 
mas ao seu conjunto. 
 
e) histórica - leva em conta o contexto histórico existente à época da edição da lei, sua 
exposição de motivos, mensagens, emendas, discussões parlamentares. 
 
f) sociológica - em que se verifica a realidade e a necessidade social na elaboração da 
lei e em sua aplicação. Diz a lei de introdução ao Código Civil que o juiz, ao aplicar a 
lei, deve ater-se aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum. 
 23 
08.2.3. Com relação aos efeitos (resultado da interpretação): 
 
a) taxativa – prevalece rigorosamente aquilo que foi previsto pelo legislador. 
 
b) restritiva – a conclusão é no sentido de que o legislador quis incluir menos casos do 
que aqueles que, à primeira vista, estão incluídos na redação da norma. 
 
c) extensiva ou ampliativa – a conclusão é no sentido de que o legislador quis aplicar a 
norma a casos aparentemente não previstos na redação da norma. 
 
08.3. Integração das Normas Processuais Trabalhistas - integrar é suprir lacunas do 
ordenamento jurídico. Mesmo com a enorme quantidade de normas que existe no 
ordenamento jurídico, e em especial no ordenamento jurídico trabalhista que conta 
com fontes específicas de produção de normas (acordo coletivo, convenção coletiva, 
sentença normativa), pode ocorrer de determinado problema concreto não encontrar 
preceito próprio que diga como as partes devem se comportar. Nessa hipótese, o 
intérprete e o operador do Direito (advogados, juízes, membros do Ministério Público) 
deverão apelar para critérios ou técnicas apropriadas para integrar o sistema jurídico, 
criando por esses meios a norma que falta. 
 
08.3.1. As técnicas de integração: o intérprete está autorizado a suprir lacunas 
existentes na norma jurídica por meio de utilização de técnicas jurídicas. O artigo 8º da 
Consolidação das Leis do Trabalho autoriza o juiz, na falta de disposição legal ou 
convencional, a utilizar a analogia e a equidade. Também podem ser usados a doutrina, 
os princípios e a jurisprudência. São elas: 
 
a) analogia: consiste na utilização de uma regra semelhante para o caso em exame. 
Divide-se em analogia legis (aplicação de texto de lei que soluciona caso concreto a 
caso semelhante) ou analogia juris (aplicação de princípio). 
 
b) equidade: tem dois significados. Pode ser chamado de equidade o processo de 
criação da norma jurídica para a sua integração no ordenamento jurídico, sendo, pois, 
por esse prisma, uma técnica de integração da norma. Tem também o significado de 
 24 
igualdade, de benignidade, de equilíbrio. Nesse último sentido, deve ser lembrado que 
em nosso sistema jurídico o juiz só pode julgar por equidade nas hipóteses 
expressamente autorizadas em lei (artigo 140, parágrafo único, do CPC de 2015). 
 
Observação: O TST houve por bem aprovar a Resolução nº 41 de 21/06/2018 acerca 
da aplicação das regras processuais aprovadas na Lei nº 13.467/2018, também 
denominada Reforma Trabalhista, in verbis: 
 
Art. 1° A aplicação das normas processuais previstas na 
Consolidação das Leis do Trabalho, alteradas pela Lei nº 13.467, de 
13 de julho de 2017, com eficácia a partir de 11 de novembro de 
2017, é imediata, sem atingir, no entanto, situações pretéritas 
iniciadas ou consolidadas sob a égide da lei revogada. 
 
Art. 2° O fluxo da prescrição intercorrente conta-se a partir do 
descumprimento da determinação judicial a que alude o § 1º do art. 
11-A da CLT, desde que feita após 11 de novembro de 2017 (Lei nº 
13.467/2017). 
 
Art. 3º A obrigação de formar o litisconsórcio necessário a que se 
refere o art. 611-A, § 5º, da CLT dar-se-á nos processos iniciados a 
partir de 11 de novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). 
 
Art. 4º O art. 789, caput, da CLT aplica-se nas decisões que fixem 
custas, proferidas a partir da entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017. 
 
Art. 5º O art. 790-B, caput e §§ 1º a 4º, da CLT, não se aplica aos 
processos iniciados antes de 11 de novembro de 2017 (Lei nº 
13.467/2017). 
 
Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários 
advocatícios sucumbenciais, prevista no art. 791-A, e parágrafos, da 
CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11 de novembro 
 25 
de 2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas anteriormente, 
subsistem as diretrizes do art. 14 da Lei nº 5.584/1970 e das Súmulas 
nos 219 e 329 do TST. 
 
Art. 7º Os arts. 793-A, 793-B e 793-C, § 1º, da CLT têm aplicação 
autônoma e imediata. 
 
Art. 8º A condenação de que trata o art. 793-C, caput, da CLT, 
aplica-se apenas às ações ajuizadas a partir de 11 de novembro de 
2017 (Lei nº 13.467/2017). 
 
Art. 9º O art. 793-C, §§ 2º e 3º, da CLT tem aplicação apenas nas 
ações ajuizadas a partir de 11 de novembro de 2017 (Lei nº 
13.467/2017). 
 
Art. 10. O disposto no caput do art. 793-D será aplicável às ações 
ajuizadas a partir de 11 de novembro de 2017 (Lei nº 13.467/2017). 
Parágrafo único. Após a colheita da prova oral, a aplicação de multa 
à testemunha dar-se-á na sentença e será precedida de instauração de 
incidente mediante o qual o juiz indicará o ponto ou os pontos 
controvertidos no depoimento, assegurados o contraditório, a defesa, 
com os meios a ela inerentes, além de possibilitar a retratação. 
 
Art. 11. A exceção de incompetência territorial, disciplinada no art. 
800 da CLT, é imediatamente aplicável aos processos trabalhistas 
em curso, desde que o recebimento da notificação seja posterior a 11 
de novembro de 2017 (Lei 13.467/2017). 
 
Art. 12. Os arts. 840 e 844, §§ 2º, 3º e 5º, da CLT, com as redações 
dadas pela Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017, não retroagirão, 
aplicando-se, exclusivamente, às ações ajuizadas a partir de 11 de 
novembro de 2017. § 1º Aplica-se o disposto no art. 843, § 3º, da 
CLT somente às audiências trabalhistas realizadas após 11 de 
 26 
novembro de 2017. § 2º Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, 
da CLT, o valor da causa será estimado, observando-se, no que 
couber, o disposto nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil. 
§ 3º Nos termos do art. 843, § 3º, e do art. 844, § 5º, da CLT, não se 
admite a cumulação das condições de advogado e preposto. 
 
Art. 13. A partir da vigência da Lei nº 13.467/2017, a iniciativa do 
juiz na execução de que trata o art. 878 da CLT e no incidente de 
desconsideração da personalidade jurídica a que alude o art. 855-A 
da CLT ficará limitada aos casos em que as partes não estiverem 
representadas por advogado. 
 
Art. 14. A regra inscrita no art. 879, § 2º, da CLT, quanto ao dever 
de o juiz conceder prazo comum de oito dias para impugnação 
fundamentada da conta de liquidação, não se aplica à liquidação de 
julgado iniciada antes de 11 de novembro de 2017. 
 
Art. 15. O prazo previsto no art. 883-A da CLT, para as medidas de 
execução indireta nele especificadas, aplica-se somente às execuções 
iniciadas a partir de 11 de novembro de 2017. 
 
Art. 16. O art. 884, § 6º, da CLT aplica-se às entidades filantrópicas 
e seus diretores, em processos com execuções iniciadas após 11 de 
novembro de 2017. 
 
Art. 17. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica, 
regulado pelo CPC (artigos 133 a 137), aplica-se ao processo do 
trabalho, com as inovações trazidas pela Lei nº 13.467/2017. 
 
Art. 18. O deverde os Tribunais Regionais do Trabalho 
uniformizarem a sua jurisprudência faz incidir, subsidiariamente ao 
processo do trabalho, o art. 926 do CPC, por meio do qual os 
Tribunais deverão manter sua jurisprudência íntegra, estável e 
 27 
coerente. § 1º Os incidentes de uniformização de jurisprudência 
suscitados ou iniciados antes da vigência da Lei nº 13.467/2017, no 
âmbito dos Tribunais Regionais do Trabalho ou por iniciativa de 
decisão do Tribunal Superior do Trabalho, deverão observar e serão 
concluídos sob a égide da legislação vigente ao tempo da 
interposição do recurso, segundo o disposto nos respectivos 
Regimentos Internos. § 2º Aos recursos de revista e de agravo de 
instrumento no âmbito do Tribunal Superior do Trabalho, conclusos 
aos relatores e ainda não julgados até a edição da Lei nº 13.467/17, 
não se aplicam as disposições contidas nos §§ 3º a 6º do artigo 896 
da Consolidação das Leis do Trabalho. § 3º As teses jurídicas 
prevalecentes e os enunciados de Súmulas decorrentes do 
julgamento dos incidentes de uniformização de jurisprudência 
suscitados ou iniciados anteriormente à edição da Lei nº 
13.467/2017, no âmbito dos Tribunais Regionais do Trabalho, 
conservam sua natureza vinculante à luz dos arts. 926, §§ 1º e 2º, e 
927, III e V, do CPC. 
 
Art. 19. O exame da transcendência seguirá a regra estabelecida no 
art. 246 do Regimento Interno do Tribunal Superior do Trabalho, 
incidindo apenas sobre os acórdãos proferidos pelos Tribunais 
Regionais do Trabalho publicados a partir de 11 de novembro de 
2017, excluídas as decisões em embargos de declaração. 
 
Art. 20. As disposições contidas nos §§ 4º, 9º, 10 e 11 do artigo 899 
da CLT, com a redação dada pela Lei nº 13.467/2017, serão 
observadas para os recursos interpostos contra as decisões proferidas 
a partir de 11 de novembro de 2017. 
 
Art. 21. Esta Instrução Normativa entrará em vigor na data da sua 
publicação. Ficam revogados os art. 2º, VIII, e 6º da Instrução 
Normativa nº 39/2016 do TST. 
 
 28 
JOÃO BATISTA BRITO PEREIRA 
Ministro Presidente do Tribunal Superior do Trabalho 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 29 
09. ÓRGÃOS DA JUSTIÇA DO TRABALHO. COMPOSIÇÃO DOS 
TRIBUNAIS. 
 
09.1. Poder Judiciário - ramos: 
 
a) Poder Judiciário da União que se subdivide em: 
 
Justiça Federal; 
Justiça do Trabalho; 
Justiça Eleitoral; 
Justiça Militar. 
 
b) Poder Judiciário dos Estados Membros. 
 
Quanto à Justiça do Trabalho pode-se dizer o seguinte: 
 
09.2. Constituição Federal de 1934 – artigo 122 – Justiça do Trabalho instituída para 
dirimir questões entre empregadores e empregados, não se aplicando aos juízes as 
garantias pertinentes aos juízes do Poder Judiciário. Isto porque nessa época a Justiça 
do Trabalho era órgão pertencente ao Poder Executivo. 
 
09.3. Constituição Federal de 1937 – artigo 139 – redação semelhante ao artigo 122 da 
Constituição Federal de 1934 mencionando que ficaria instituída a Justiça do Trabalho 
para dirimir os conflitos oriundos das relações entre empregadores e empregados, 
sendo regulada em lei e à qual não se aplicam as disposições constitucionais relativas à 
competência, ao recrutamento e às prerrogativas da justiça comum. 
 
09.4. Decreto-Lei nº 1.237/39 de 05/05/39 regulamentado pelo Decreto nº 6.596/40 de 
12/12/40 - organizou a Justiça do Trabalho. Era considerado órgão autônomo do Poder 
Executivo, mas ainda não pertencia ao Poder Judiciário. 
 
09.5. Constituição Federal de 1946 – artigo 122 – inclusão da Justiça do Trabalho 
como órgão do Poder Judiciário. Passa também a ter uma organização estabelecida 
 30 
pela própria Constituição. O artigo 122 da referida norma consagrou o que foi repetido 
nas demais constituições: os órgãos da Justiça do Trabalho são o Tribunal Superior do 
Trabalho, Tribunais Regionais do Trabalho e Juntas de Conciliação de Julgamento. 
 
 
Também versam sobre o tema: artigo 133 da Constituição Federal de 1967. 
 artigo 141 da Emenda Constitucional nº 1/69. 
 artigos 111 a 116 da Constituição Federal de 1988. 
 
 
09.6. Peculiaridades da Justiça do Trabalho: 
 
a) dá efetividade ao direito do trabalho. 
 
b) não há divisão em entrâncias nas Varas. 
 
c) não existem Varas especializadas. 
 
d) os tribunais têm sido criados por regiões e não por Estados. Contudo, aos poucos 
essa realidade foi mudando e, hoje, a maioria dos Estados é contemplada com um 
Tribunal Regional do Trabalho, exceto nos seguintes casos: 8ª Região – Pará (abrange 
Pará e Amapá), 10ª Região (Brasília e Tocantins), 11ª Região – Amazonas (abrange 
Amazonas e Roraima) e 14ª Região – Rondônia (abrange Rondônia e Acre). Além 
disso, ao contrário do que acaba de ser dito, o único Estado que possui dois Tribunais 
Regionais do Trabalho é São Paulo (2ª Região que abrange a Capital, Grande São 
Paulo e parte da Baixada Santista e 15ª Região – Campinas que abrange todo o restante 
do Estado). 
 
09.7. Varas do Trabalho. 
 
09.7.1. Decreto nº 22.132 de 1932: criou as Juntas de Conciliação e Julgamento - 
avocatória pelo Ministro do Trabalho de processos no prazo de seis meses, tanto a 
requerimento da parte, como se houvesse prova da parcialidade dos julgadores ou 
 31 
violação de direito. O trânsito em julgado das decisões das Juntas só se dava após esse 
prazo. Composição de um presidente e dois vogais. 
 
09.7.2. Constituição Federal de 1946: Juntas de Conciliação e Julgamento passaram a 
fazer parte da Justiça do Trabalho como órgãos do Poder Judiciário. Onde não havia 
Junta de Conciliação e Julgamento havia atribuição aos juízes de direito. 
 
09.7.3. Emenda Constitucional nº 24/99: extinção da representação classista 
transformando Juntas de Conciliação e Julgamento em Varas do Trabalho. 
 
09.7.4. Lei nº 6.947/81: critérios para criação de Varas do Trabalho: 
 
a) o Tribunal Superior do Trabalho a cada dois anos analisa propostas de criação de 
novas Varas e encaminha projeto de lei ao governo. 
 
b) é preciso que existam mais de 24.000 empregados na localidade ou que tenham sido 
ajuizadas 240 reclamações trabalhistas anuais, em média, nos últimos três anos. 
 
c) nos locais onde já existam Varas só serão criadas outras quando o número de 
processos por ano for de 1.500 nas existentes. 
 
d) a jurisdição de uma Vara é estendida aos Municípios próximos num raio máximo de 
100 quilômetros da sede, desde que existam meios de acesso e de comunicação 
regulares com os referidos locais. 
 
09.7.5. Garantias do juiz – artigo 95 da CF/88: 
 
a) vitaliciedade – um juiz de primeiro grau se torna vitalício após dois anos de efetivo 
exercício e somente poderá ser desligado do cargo por decisão judicial; 
 
b) inamovibilidade – um juiz somente deixa uma Vara ou uma Comarca por interesse 
próprio (remoção a pedido) não podendo ser removido por interesses particulares, 
salvo por motivo de interesse público; 
 32 
c) irredutibilidade de subsídio – o subsídio de um juiz não pode ser reduzido 
nominalmente. Esclareça-se que para o STF o fato de o juiz não receber ou receber 
parcialmente reajuste salarial decorrente de inflação não caracteriza redução salarial. 
 
09.8. Tribunais Regionais do Trabalho: 
 
09.8.1. Decreto-Lei nº 1.237/39: Conselhos Regionais do Trabalho – um presidente e 
quatro vogais – mandato de dois anos. 
 
09.8.2. Constituição Federal de 1946: criou os Tribunais Regionais do Trabalho 
 
09.8.3. Nomeação dos juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho: Presidente da 
República. Feita entre juízes de carreira, advogados e membros do Ministério Público 
do Trabalho. 
 
09.8.4. Composição: número de juízes integrantes do órgão. 
 
09.8.5. Funcionamento: número de juízes necessário para serem feitos os julgamentos. 
 
09.8.6.Tribunais Regionais do Trabalho com + de 25 julgadores: poderá ser 
constituído de órgão especial (com 11 no mínimo e 25 no máximo) para o exercício 
das atribuições administrativas e jurisdicionais da competência do Tribunal Pleno. 
 
09.8.7. Tribunais Regionais do Trabalho com 7 julgadores: há o Presidente e o Vice-
Presidente 
 
09.8.8. Tribunais Regionais do Trabalho maiores: há Corregedor e Vice-Corregedor. 
 
09.8.9. Tribunais Regionais do Trabalho (composição plena): deliberam com a 
presença de metade mais um do número de juízes. 
 
09.8.10. Turmas: compostas de cinco juízes. Só podem funcionar estando três juízes. 
 
 33 
09.8.11. Presidente do Tribunal Regional do Trabalho: voto de desempate. Todavia, 
nas questões sobre a constitucionalidade de leis ou de atos do poder público e 
administrativas terá voto como qualquer outro juiz. 
 
09.8.12. Turma ou Seção: não podem atuar parentes consanguíneo ou afins em linha 
reta, bem como em linha colateral até o terceiro grau. 
 
09.8.13. Emenda Constitucional nº 24/99: extinguiu a representação classista. 
 
09.9. Tribunal Superior do Trabalho: 
 
09.9.1. Decreto nº 16.027/23: criou o Conselho Nacional do Trabalho no âmbito do 
Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio. Era integrado por 12 membros e tinha 
como finalidade ser órgão consultivo do Ministério, de funcionar como instância 
recursal em matéria previdenciária e atuar como órgão autorizador de dispensas dos 
empregados que, no serviço público, gozavam de estabilidade. 
 
09.9.2. Constituição de 1934 e Decreto nº 24.784/34: órgão de cúpula da Justiça do 
Trabalho. 
 
09.9.3. Decretos-leis nºs 1.237 e 1.346/39: passou a ter 19 membros. 
 
09.9.4. Constituição Federal de 1946: criação do Tribunal Superior do Trabalho 
quando a Justiça do Trabalho passou a integrar o Poder Judiciário. 
 
09.9.5. Decreto-Lei nº 9.797/46: reduziu o número de juízes do Tribunal Superior do 
Trabalho para 11. 
 
09.9.6. Constituição Federal de 1967: número de 17 ministros. 11 togados e vitalícios, 
nomeados pelo Presidente da República, 7 magistrados, 2 advogados e 2 membros do 
Ministério Público do Trabalho. 6 juízes classistas e temporários com representação 
paritária. 
 
 34 
09.9.7. Emenda Constitucional nº 1/69 repetiu a formação de 1967. 
 
09.9.8. Constituição Federal de 1988: número de 27 ministros. 17 togados e vitalícios 
(11 juízes escolhidos dos tribunais regionais, 3 advogados e 3 membros do MPT) e 10 
classistas e temporários com representação paritária. 
 
09.9.9. Emenda Constitucional nº 24/99: extinguiu a representação classista, o que 
implicou na redução de 27 para 17 ministros. 
 
09.9.10. Emenda Constitucional nº 45/2004: aumentou o número de ministros do 
Tribunal Superior do Trabalho para 27 (artigo 111-A da CF/88). 
 
09.9.11. Pleno do Tribunal Superior do Trabalho: funciona com, no mínimo, 11 
ministros. 
 
09.9.12. Tribunal Superior do Trabalho: 8 Turmas com 3 Ministros em cada Turma. 
Funcionamento: quorum integral. 
 
 
 
 
SDI-I 14 ministros 
 Funciona com 7 julgadores 
 Composição: 
 Presidente 
 Vice-Presidente 
 Corregedor 
 Presidentes de Turmas 
 Alguns ministros de Turmas. 
 
 
 
 
 35 
SDI-II 9 ministros 
 Funciona com 5 julgadores 
 Composição: 
 Presidente 
 Vice-Presidente 
 Corregedor 
 6 Ministros integrantes de Turmas. 
 
SDC 9 ministros 
 Funciona com 6 ministros. 
 
Órgão Especial - 14 ministros. 
 
Composição: 
 
Presidente 
Vice-Presidente 
Corregedor 
6 Ministros mais antigos do Tribunal. 
 
09.9.13. Presidente do Tribunal Superior do Trabalho: vota somente para desempatar, 
nas questões sobre inconstitucionalidade das leis ou de atos do poder público e em 
matéria administrativa. 
 
09.9.14. Competência do Tribunal Superior do Trabalho: encontra-se prevista na Lei nº 
7.701/88. 
 
09.9.15. Órgãos Auxiliares da Justiça do Trabalho: 
 
a) Secretaria; 
b) Distribuidor; 
c) Contadoria – nem todo Tribunal tem. 
d) Oficial de Justiça – é cargo e não órgão. 
 36 
09.10. Ministério Público do Trabalho: 
 
09.10.1. Aspectos gerais: 
 
Até o advento da Constituição Federal de 1988 o Ministério Público era órgão 
vinculado ao Poder Executivo. 
 
Após a Constituição Federal de 1988 o Ministério Público é órgão extra-poderes não 
estando vinculado a nenhum dos poderes constituídos. É dotado de autonomia 
funcional e administrativa (artigo 127, parágrafo 2º, da Constituição Federal de 1988). 
 
Artigo 127, caput, da Constituição Federal de 1988 – O Ministério Público é 
instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a 
defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais 
indisponíveis. 
 
Com o advento da Constituição Federal de 1988 o Ministério Público – também 
incluído o Ministério Público do Trabalho – ganhou destaque com atuação bem mais 
efetiva em prol da sociedade. 
 
09.10.2. Ministério Público abrange: 
 
a) Ministério Público da União Ministério Público Federal 
 Ministério Público do Trabalho 
 Ministério Público Militar 
 Ministério Público do Distrito Federal e Territórios 
 
 
b) Ministério Público dos Estados 
 
 
09.10.3. Garantias – artigo 128, parágrafo 5º, inciso I, da Constituição Federal de 
1988: 
 37 
a) vitaliciedade; 
b) inamovibilidade; 
c) irredutibilidade de subsídio. 
 
09.10.4. Atuação: 
 
a) Órgão Agente: instauração de inquéritos civis públicos e propositura de Ações Civis 
Públicas. 
 
b) Órgão Interveniente: emissão de pareceres circunstanciados e participação em 
sessões nos Tribunais Trabalhistas. 
 
09.10.5. Lei Complementar nº 75/93 – Lei Orgânica do Ministério Público da União. 
 
09.10.6. Artigo 83 da Lei Complementar nº 75/93 – atribuições do Ministério Público 
do Trabalho: 
 
I - promover as ações que lhe sejam atribuídas pela Constituição Federal e pelas leis 
trabalhistas; 
 
II - manifestar-se em qualquer fase do processo trabalhista, acolhendo solicitação do 
juiz ou por sua iniciativa, quando entender existente interesse público que justifique a 
intervenção; 
 
III - promover a ação civil pública no âmbito da Justiça do Trabalho, para defesa de 
interesses coletivos, quando desrespeitados os direitos sociais constitucionalmente 
garantidos; 
 
IV - propor as ações cabíveis para declaração de nulidade de cláusula de contrato, 
acordo coletivo ou convenção coletiva que viole as liberdades individuais ou coletivas 
ou os direitos individuais indisponíveis dos trabalhadores; 
 
 38 
V - propor as ações necessárias à defesa dos direitos e interesses dos menores, 
incapazes e índios, decorrentes das relações de trabalho; 
 
VI - recorrer das decisões da Justiça do Trabalho, quando entender necessário, tanto 
nos processos em que for parte, como naqueles em que oficiar como fiscal da lei, bem 
como pedir revisão dos Enunciados da Súmula de Jurisprudência do Tribunal Superior 
do Trabalho; 
 
VII - funcionar nas sessões dos Tribunais Trabalhistas, manifestando-se verbalmente 
sobre a matéria em debate, sempre que entender necessário, sendo-lhe assegurado o 
direito de vista dos processos em julgamento, podendo solicitar as requisições e 
diligências que julgar convenientes; 
 
VIII - instaurar instância em caso de greve, quando a defesa da ordem jurídica ou o 
interesse público assim o exigir; 
 
IX - promover ou participar da instrução e conciliação em dissídios decorrentes da 
paralisação de serviços de qualquer natureza, oficiando obrigatoriamente nos 
processos, manifestando sua concordância ou discordância,em eventuais acordos 
firmados antes da homologação, resguardando o direito de recorrer em caso de 
violação à lei e à Constituição Federal; 
 
X - promover mandado de injunção, quando a competência for da Justiça do Trabalho; 
 
XI - atuar como árbitro, se assim for solicitado pelas partes, nos dissídios de 
competência da Justiça do Trabalho; 
 
XII - requerer as diligências que julgar convenientes para o correto andamento dos 
processos e para a melhor solução das lides trabalhistas; 
 
XIII - intervir obrigatoriamente em todos os feitos nos segundo e terceiro graus de 
jurisdição da Justiça do Trabalho, quando a parte for pessoa jurídica de Direito 
Público, Estado estrangeiro ou organismo internacional. 
 39 
09.10.7. Artigo 84 da Lei Complementar nº 75/93 - Outras atribuições do Ministério 
Público do Trabalho: 
 
I – integrar os órgãos colegiados previstos no parágrafo 1º do artigo 6º, que lhes sejam 
pertinentes; 
 
II – instaurar inquérito civil e outros procedimentos administrativos, sempre que 
cabíveis, para assegurar a observância dos direitos sociais dos trabalhadores; 
 
III – requisitar à autoridade administrativa federal competente, dos órgãos de proteção 
ao trabalho, a instauração de procedimentos administrativos, podendo acompanhá-los e 
produzir provas; 
 
IV – ser cientificado pessoalmente das decisões proferidas pela Justiça do Trabalho, 
nas causas em que o órgão tenha intervido ou emitido parecer escrito; 
 
V – exercer outras atribuições que lhe forem conferidas por lei, desde que compatíveis 
com sua finalidade. 
 
09.10.8. Artigo 85 da Lei Complementar nº 75/93 – Órgãos do Ministério Público do 
Trabalho: 
 
I – o Procurador-Geral do Trabalho; 
 
II - o Colégio de Procuradores do Trabalho; 
 
III – o Conselho Superior do Ministério Público do Trabalho; 
 
IV – a Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público do Trabalho; 
 
V – a Corregedoria do Ministério Público do Trabalho; 
 
VI – os Subprocuradores-Gerais do Trabalho; 
 40 
VII – os Procuradores Regionais do Trabalho; 
 
VIII – os Procuradores do Trabalho. 
 
9.11. Defensoria Pública: 
 
A Lei Complementar nº 80/2014 de 04/06/2014 disciplina a atuação da Defensoria 
Pública conforme abaixo: 
 
Art. 1º - Capítulo IV – Das Funções Essenciais à Justiça, do Título IV – Da 
Organização dos Poderes, passa a vigorar com as seguintes alterações: 
 
A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função 
jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do 
regime democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção 
dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, 
dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos 
necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição 
Federal. 
... 
São princípios institucionais da Defensoria Pública a unidade, a 
indivisibilidade e a independência funcional, aplicando-se também, no que 
couber, o disposto no art. 93 e no inciso II do art. 96 desta Constituição 
Federal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 41 
10. COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA, DA PESSOA, FUNCIONAL 
E DO LUGAR. CESSAÇÃO DA COMPETÊNCIA CLÁUSULA DE FORO DE 
ELEIÇÃO. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. CONFLITOS 
DE COMPETÊNCIA. 
 
10.1. Competência – é a medida da jurisdição; é o grau da jurisdição. Segundo a 
doutrina de Liebman é a quantidade de jurisdição concretamente conferida a cada 
órgão judicante, segundo alguns critérios predeterminados em lei. 
 
10.2. Competência da Justiça do Trabalho – artigo 114 da Constituição Federal de 
1988: 
 
 
 Em razão da matéria 
 Competência absoluta: Em razão da pessoa improrrogável 
 Funcional 
 Nas cidades com 
 mais de um fórum 
 
 
 
 
Competência relativa: em razão do lugar prorrogável 
 
 
 
10.3. Competência em Razão da Matéria. 
 
Uma das alterações mais importantes promovidas pelo Congresso Nacional quando da 
aprovação da Emenda Constitucional nº 45/2004 é que a partir de agora a Justiça do 
Trabalho não tem como competência apenas apreciar questões ligadas à relação de 
emprego, mas sim da relação de trabalho (artigo 114 da Constituição Federal de 1988). 
A questão não é de mera semântica, mas de alteração efetiva na medida em que 
relação de trabalho é gênero da qual é uma das espécies a relação de emprego. 
conhecida 
de ofício 
pelo juiz 
o juiz não 
pode 
conhecer de 
ofício 
 42 
Também questões ligadas ao direito sindical foram transferidas para a Justiça do 
Trabalho. 
 
Assim, a partir da Emenda Constitucional nº 45/2004, questões que eram da 
competência da Justiça Comum Estadual teriam passado para a competência da Justiça 
do Trabalho. Exemplos: 
 
a) trabalhadores autônomos ou representantes comerciais autônomos – Lei nº 
4.886/1965 de 09/12/1965 (artigo 114, inciso I, da Constituição Federal de 1988). 
 
Há doutrinadores que fazem uma distinção entre relação de trabalho e relação de 
consumo. Tal diferenciação, segundo esses doutrinadores, redundaria na competência 
da Justiça do Trabalho quando a prestação de serviços sem vínculo empregatício não 
tiver o tomador com destinatário final dos mesmos e da Justiça Comum Estadual 
quando o tomador dos serviços for o destinatário final destes. 
 
Quanto à competência supracitada, embora a nosso ver a alteração constitucional tenha 
efetivamente ocorrido, é certo que no tocante aos trabalhadores autônomos o 
deslocamento da competência tem se mostrado matéria discutível nos Tribunais 
Superiores. Exemplo disso é que mesmo após a Emenda Constitucional nº 45/2004 
houve por bem o Superior Tribunal de Justiça aprovar a Súmula 363 que preconiza que 
a cobrança de honorários decorrentes de serviços prestados por profissionais liberais 
contra cliente é da Justiça Comum Estadual e não da Justiça do Trabalho. Sobre o 
tema, algumas turmas do Tribunal Superior do Trabalho divergiram, ora sustentando a 
competência da Justiça Especializada, ora sustentando a competência da Justiça 
Comum Estadual. 
 
b) trabalhadores eventuais – antes apenas os litígios decorrentes de contrato de 
empreitada em que o empreiteiro seja operário ou artífice conforme artigo 652, alínea 
“a”, III, da Consolidação das Leis do Trabalho eram da Justiça do Trabalho (artigo 
114, inciso I, da Constituição Federal de 1988). 
 
 43 
Neste caso há necessidade de separar o grande do pequeno empreiteiro. A 
jurisprudência dos Tribunais do Trabalho é no sentido de que pequeno empreiteiro é 
aquele que trabalha sem o auxílio de empregados. Somente nesta hipótese é que a 
competência para julgar litígios é da Justiça do Trabalho. De se destacar que, nesse 
caso, o autor da ação perante a Justiça do Trabalho não postula reconhecimento do 
vínculo empregatício e verbas trabalhistas decorrentes do mesmo, mas sim o direito às 
importâncias decorrentes do contrato de empreitada inadimplido. 
 
c) parceiros, meeiros e arrendatários (artigo 114, inciso I, da Constituição Federal de 
1988). 
 
Nesse caso o questionamento é o mesmo feito na letra “a” acima. A Justiça do 
Trabalho por ora não tem sido chamada a decidir litígios decorrentes de contrato de 
parceria, meação e arrendamento. Todavia, se aplicável a jurisprudência dos Tribunais 
Superiores, por certo a competência para apreciar litígios continuará com a Justiça 
Comum Estadual, embora entendamos que o deslocamento da competência após a 
Emenda Constitucional nº 45/2004 é de clareza solar quando trata não mais de 
“relação de emprego”, mas sim de “relação de trabalho”. 
 
d) contribuição sindical (artigo 114, inciso III, da Constituição Federal de 1988). 
 
Até o advento da Emenda Constitucional nº45/2004 qualquer litígio decorrente de 
contribuição sindical era apreciado pela Justiça Comum Estadual. Esse entendimento 
se dava em razão de ser uma contribuição prevista em lei, ao contrário das 
contribuições assistenciais e confederativas, que são inseridas em normas coletivas. 
Contudo, a partir da citada emenda a competência para apreciar tal litígio foi deslocada 
para a Justiça do Trabalho. 
 
e) disputa de representatividade sindical (artigo 114, inciso III, da Constituição Federal 
de 1988). 
 
Da mesma forma que o legislador constituinte derivado houve por bem deslocar a 
competência da Justiça Comum Estadual para a Justiça do Trabalho no tocante aos 
 44 
litígios que envolvam contribuições sindicais, também o fez em relação às disputas de 
representatividade sindical. Nesse sentido, podemos dizer que ações entre sindicatos 
que lutam pela representatividade de uma categoria ou no caso de parte de uma 
categoria abrangente que possa ser desmembrada é de competência da Justiça do 
Trabalho. Também tivemos que apreciar litígio no qual um grupo de trabalhadores 
postulou a nulidade de uma eleição sindical, sob o argumento de que a chapa da 
situação teria fixado prazo exíguo para constituição de outras chapas de oposição. 
 
f) Contrato de empreitada: artigo 652, inciso III, da Consolidação das Leis do Trabalho 
– nos casos em que o empreiteiro seja operário ou artífice. Comentários encontram-se 
na letra “b”. 
 
g) Reforma Trabalhista: Com o advento da Lei nº 13.467/2017 houve por bem o 
legislador inserir a alínea “f” do artigo 652, da CLT, para contemplar a competência da 
Justiça do Trabalho para homologar acordo extrajudicial em matéria de competência 
da mesma. 
 
h) Competência normativa: artigo 114, parágrafo 2º, da Constituição Federal de 1988 – 
ação de cumprimento – com a nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 
45/2004. 
 
i) Leis esparsas: Ex: Lei nº 8.984/95 de 07/02/1995 – dissídios que tenham origem no 
cumprimento de convenções coletivas de trabalho ou acordos coletivos de trabalho 
mesmo quando ocorram entre sindicatos ou entre sindicato de trabalhadores e 
empregador. 
 
Alguns sindicatos têm ajuizado ações de cobrança de contribuições assistenciais e 
confederativas de empregadores que deixam de descontá-las dos empregados e 
repassá-las à entidade. Não obstante as discussões travadas perante o Poder Judiciário 
acerca da obrigatoriedade ou não dessas contribuições para trabalhadores não 
associados do sindicato (Súmula 666 do Supremo Tribunal Federal e Precedente 
Normativo 119 do Tribunal Superior do Trabalho), é certo que a competência para 
 45 
dirimir tais conflitos é da Justiça do Trabalho. Vejamos o conteúdo dessa Súmula e 
desse Precedente Normativo: 
 
Súmula 666 do STF – CONTRIBUIÇÃO CONFEDERATIVA – ART. 8º, 
IV, DA CONSTITUIÇÃO - FILIADOS – EXIGÊNCIA. 
A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da Constituição, só 
é exigível dos filiados ao sindicato respectivo. 
 
A Súmula 666 foi transformada pelo próprio Supremo Tribunal Federal na Súmula 
Vinculante nº 40, cujo teor é o mesmo. 
 
Precedente Normativo 119 do TST – CONTRIBUIÇÕES SINDICAIS – 
INOBSERVÂNCIA DE PRECEITOS CONSTITUCIONAIS. 
A Constituição da República, em seus arts. 5º, XX e 8º, V, assegura o 
direito de livre associação e sindicalização. É ofensiva a essa modalidade 
de liberdade cláusula constante de acordo, convenção coletiva ou sentença 
normativa estabelecendo contribuição em favor de entidade sindical a 
título d taxa para custeio do sistema confederativo, assistencial, 
revigoramento ou fortalecimento sindical e outras da mesma espécie, 
obrigando trabalhadores não sindicalizados. Sendo nulas as estipulações 
que inobservem tal restrição, tornam-se passíveis de devolução os valores 
irregularmente descontados. 
 
j) Contribuições previdenciárias: Emenda Constitucional nº 45/2004 – artigo 114, 
inciso VIII, da Constituição Federal de 1988. 
 
Muitas foram as discussões acerca dessa alteração constitucional. Por primeiro merece 
relevo esclarecer que tal deslocamento deu-se já com o advento da Emenda 
Constitucional nº 20/1998 e confirmada pela Emenda Constitucional nº 45/2004. 
 
É cediço que compete à Justiça Federal julgar litígios decorrentes do inadimplemento 
das contribuições previdenciárias por parte das empresas. Contudo, é certo que parte 
 46 
dessa competência foi deslocada para a Justiça do Trabalho. Contudo, a mudança é de 
pequena amplitude, embora o volume arrecadado seja significativo. 
 
O deslocamento da competência no tocante às contribuições previdenciárias para a 
Justiça do Trabalho limita-se apenas e tão-somente aos tributos devidos em 
decorrência das decisões condenatórias proferidas por esta última. Assim, permanece 
com a Justiça Federal a competência para apreciar ações de execução das 
contribuições previdenciárias não satisfeitas pelas empresas de forma integral, ou seja, 
não pagas em sua totalidade. A competência da Justiça do Trabalho limita-se a 
executar as contribuições previdenciárias decorrentes de verbas condenatórias de 
natureza salarial com trânsito em julgado e bem assim de verbas de natureza salarial 
pagas em acordos judiciais. 
 
Houve um período após a Emenda Constitucional nº 45/2004 em que foi sustentada a 
competência da Justiça do Trabalho para executar contribuições previdenciárias não só 
decorrentes de verbas condenatórias, mas também no caso de sentenças declaratórias 
nas quais era reconhecido o vínculo empregatício. Contudo, não foi o que prevaleceu 
no Supremo Tribunal Federal no Recurso Extraordinário nº 569.056 e, por conta disso, 
foi aprovada a Súmula 368 pelo Tribunal Superior do Trabalho que trata da limitação 
da competência apenas em relação às verbas condenatórias em pecúnia. Dispõe a 
citada Súmula: 
 
Súmula 368 – DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS E FISCAIS – 
COMPETÊNCIA – REESPONSABILIDADE PELO PAGAMENTO – 
FORMA DE CÁLCULO. 
I – A Justiça do Trabalho é competente para determinar o recolhimento das 
contribuições fiscais. A competência da Justiça do Trabalho, quando à 
execução das contribuições previdenciárias, limita-se às sentenças 
condenatórias em pecúnia que proferir e aos valores, objeto de acordo 
homologado, que integrem o salário de contribuição. 
II – É do empregador a responsabilidade pelo recolhimento das 
contribuições previdenciárias e fiscais, resultante de crédito do empregado 
oriundo de condenação judicial, devendo incidir, em relação aos descontos 
 47 
fiscais, sobre o valor total da condenação, referente às parcelas tributáveis, 
calculado ao final, nos termos da Lei n. 8.541/1992, art. 46, e Provimento 
da CGJT n. 01/1996. 
III – Em se tratando de descontos previdenciários, o critério de apuração 
encontra-se disciplinado no art. 276, § 4º, do Decreto n. 3.048/99, que 
regulamenta a Lei n. 8.212/91 e determina que a contribuição do 
empregado, no caso de ações trabalhistas, seja calculada mês a mês, 
aplicando-se as alíquotas previstas no art. 198, observado o limite máximo 
do salário de contribuição. 
 
Como corolário disso, é o trabalhador que vai sofrer as consequências se não tiver seu 
contrato de trabalho assinado quando da contratação e que necessitará fazê-lo perante a 
Justiça do Trabalho e, depois disso, ajuizar outra ação perante a Justiça Federal com o 
intuito de obter o reconhecimento do tempo de serviço para fins de aposentadoria. 
 
Nesse sentido veja-se o contido na Súmula Vinculante nº 53 do Supremo Tribunal 
Federal: 
 
Súmula Vinculante nº 53 - A competência da Justiça do Trabalho 
prevista no art. 114, VIII, da Constituição Federal alcança a execução 
de ofício das contribuições previdenciárias relativas ao objeto da 
condenação constante das sentenças que proferir e acordos por ela 
homologados. (Divulgada no DJe do STF de 22/06/2015; publicada 
no DJe do STF de 23/06/2015)k) execução: tanto dos acordos celebrados e não cumpridos quanto das sentenças 
transitadas em julgado. Também quanto à execução dos acordos celebrados perante a 
Comissão de Conciliação Prévia quanto os Termos de Compromisso de Ajustamento 
de Conduta firmados perante o Ministério Público do Trabalho. 
 
Trata-se, o item acima, de rol taxativo e não exemplificativo. Isto porque o legislador 
ordinário preocupou-se em vedar qualquer possibilidade do empregador induzir o 
 48 
trabalhador menos esclarecido a assinar documentos que pudessem implicar no 
reconhecimento de dívidas com o primeiro. 
 
Quanto aos dois primeiros títulos executivos, estes são judiciais e não comportam 
qualquer dúvida. 
 
No que respeita aos dois títulos executivos restantes, estes são extrajudiciais. 
 
Com efeito, o Termo de Acordo firmado perante a Comissão de Conciliação Prévia 
não cumprido deve ser executado perante a Justiça do Trabalho. Note-se que, nesse 
caso, não haverá nenhuma discussão dos direitos trabalhistas como, por exemplo, 
aviso prévio, saldo salarial, 13º salário, férias com o terço constitucional, horas extras 
e reflexos, entre outros, mas sim apenas a execução do valor do acordo avençado e 
não cumprido. 
 
No que pertine ao Termo de Ajustamento de Conduta firmado perante o Ministério 
Público do Trabalho e não cumprido há que ser salientado que a redação do artigo 
876 da Consolidação das Leis do Trabalho foi alterada com a edição da Lei nº 
9.958/2000 com o intuito de incluí-lo no rol dos títulos executivos extrajudiciais. Até 
então o empregador que descumpria normas trabalhistas era investigado e, depois, 
chamado à Procuradoria do Trabalho para assinar o referido Termo, que não era 
cumprido sob a alegação de que sua executividade não estava prevista em lei. A 
controvérsia, portanto, resta superada. 
 
Além disso, por força do artigo 114, inciso VII, da Carta Magna de 1988, com a 
redação dada pela Emenda Constitucional nº 45/2004, também é título executivo 
extrajudicial a Certidão de Dívida Ativa decorrente das multas aplicadas pelas 
autoridades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização 
das relações de trabalho. Assim, ações de mandado de segurança, ações anulatórias 
de débito fiscal e ações de embargos à execução são de competência da Justiça do 
Trabalho. 
 
 49 
l) ações possessórias: se decorrente da relação de emprego. Ex 1: imóvel utilizado pelo 
empregado para o exercício do trabalho. Ex: zelador. Ex 2: ferramentas não 
devolvidas pelo empregado ou mostruários de vendas. Ex: no caso de greve quando 
houver necessidade do ajuizamento de ações de reintegração de posse ou de interdito 
proibitório. A propósito disso, com o advento da Súmula Vinculante nº 23 do Supremo 
Tribunal Federal ficou pacificado o entendimento de que a competência para apreciar 
ações possessórias decorrentes de greve é da Justiça do Trabalho. 
 
m) Programa de Integração Social – PIS – Programa de Integração Social: 
cadastramento – Súmula nº 300 do Tribunal Superior do Trabalho, in verbis: 
 
Súmula 300 – COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO – 
CADASTRAMENTO NO PIS. 
Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar ações ajuizadas por 
empregados em face de empregadores relativas ao cadastramento no 
Programa de Integração Social (PIS). 
 
n) FGTS – Fundo de Garantia do Tempo de Serviço: levantamento do saldo da conta 
vinculada - quando há dissídio entre empregado e empregador. 
 
o) complementação de aposentadoria: até 19/02/2013 era da Justiça do Trabalho. 
Contudo, conforme decisão do STF de 20/02/2013 a competência material para 
apreciar litígios decorrentes de complementação de aposentadoria em função do 
contrato de trabalho é da Justiça Comum Estadual. 
 
Por outro lado, não é assim que estão entendendo os Tribunais Trabalhistas que 
pugnam pela competência material da Justiça do Trabalho nos casos em que a 
complementação de aposentadoria decorra de um contrato de trabalho. 
 
A União Federal, não se conformando com as decisões dos Tribunais Trabalhistas que 
decidem pela competência material da Justiça do Trabalho, ajuizou a Reclamação 
Constitucional nº 26597 questionando justamente uma decisão do TRT da 2ª Região 
que reconheceu a competência material da Justiça do Trabalho para julgar pedido de 
 50 
complementação de aposentadoria. O ministro relator Edson Fachin lembrou que o 
Plenário do Supremo Tribunal Federal referendou liminar na ADI – Ação Declaratória 
de Inconstitucionalidade nº 3395 que suspendeu qualquer interpretação dada ao inciso 
I do artigo 114 da Constituição Federal, na redação dada pela Emenda Constitucional 
45/2004, que inclua na competência da Justiça do Trabalho a apreciação de causas 
instauradas entre o Poder Público e seus servidores, de caráter jurídico-administrativo. 
 
p) indenização por danos morais: a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é no 
sentido de que se a causa de pedir decorre do contrato de trabalho a Justiça do 
Trabalho é competente para apreciar o litígio. O Tribunal Superior do Trabalho, 
seguindo orientação jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal, aprovou a 
Orientação Jurisprudencial nº 327 da SDI-I do Tribunal Superior do Trabalho – Seção 
de Dissídios Individuais I do Tribunal Superior do Trabalho, depois convertida na 
Súmula 392. Entretanto, a decisão sob enfoque fala apenas “quando decorrer da 
relação de trabalho”, sem especificar se seria em quaisquer causas de pedir. Diz a 
Súmula 392: 
 
Súmula 392 – DANO MORAL – COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO 
TRABALHO. 
Nos termos do art. 114, inc. VI, da Constituição da República, a Justiça do 
Trabalho é competente para processar e julgar ações de indenização por dano 
moral e material, decorrentes da relação de trabalho, inclusive as oriundas de 
acidente do trabalho e doenças a ele equiparadas. 
 
Observação: Com o advento da Emenda Constitucional nº 45/2004 (artigo 114, inciso 
VI, da Constituição Federal de 1988) imaginou-se que a matéria teria sido pacificada 
com entendimento de que, qualquer que fosse a causa de pedir, a competência seria da 
Justiça do Trabalho, quando ajuizada ação em face do empregador. Contudo, em 
julgamento proferido no dia 09/03/2005 em sede de controle difuso o Supremo 
Tribunal Federal entendera, por 8 votos a 2, que quando a causa de pedir da 
indenização por danos morais ou materiais fosse decorrente de acidente do trabalho 
seria competente a Justiça Comum Estadual (Recurso Extraordinário nº 438.639). 
Também esse sempre foi o entendimento do Superior Tribunal de Justiça ao apreciar 
 51 
conflitos negativos de competência acerca dessa matéria. Todavia, em julgamento 
mais recente (junho/2005) o Supremo Tribunal Federal mudou o entendimento e, por 
unanimidade, conferiu competência à Justiça do Trabalho para apreciar pedido de 
indenização por danos morais e materiais, ainda que a causa de pedir seja decorrente 
de acidente do trabalho, em decisão proferida no Conflito de Competência nº 7.204-1 - 
MG. Com o advento da Súmula Vinculante nº 22 do Supremo Tribunal Federal ficou 
pacificado o entendimento no sentido de que a competência para apreciar pedidos de 
indenização por danos morais em razão de acidente do trabalho é da Justiça do 
Trabalho. 
 
q) greve: abusividade ou não - competência da Justiça do Trabalho – Súmula 189 do 
Tribunal Superior do Trabalho. Lei nº 7.783/89 de 28/06/1989 – artigo 8º. 
 
Observação: Com o advento da Emenda Constitucional nº 45/2004 (artigo 114, inciso 
II, da Constituição Federal de 1988) todas as questões ligadas ao direito de greve são 
de competência da Justiça do Trabalho, inclusive aquelas que até então estavam a 
cargo da Justiça Comum Estadual (ex: ação de interdito proibitório quando os 
trabalhadores ameaçam invadir e tomar uma fábrica). Se se tratar de dissídio coletivo 
de greve a competência para apreciação é dos Tribunais