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MIELOMA MÚLTIPLO ✓ O mieloma múltiplo vem de uma alteração nos plasmócitos ● São os linfócitos B maduros ● Responsáveis pela produção de imunoglobulinas (IgG, IgM, IgA) o São mecanismos de defesa o Formadas por cadeias leves e pesadas ✓ Fisiopatologia ● O mieloma múltiplo é uma alteração nessa célula do plasmócito ● Proliferação de um plasmócito clonar neoplásico o Produção de apenas 1 tipo de imunoglobulina ▪ Não vai conseguir todos os outros tipos o E esse tipo é uma imunoglobulina defeituosa o Vai produzir em grandes quantidades ▪ Atrapalha o metabolismo ▪ Com liberação de citocinas inflamatórias → responsáveis pelo quadro clínico do mieloma múltiplo o Sempre formadas pelo mesmo tipo de cadeia leve e pesada ▪ Importante para o dx da doença → porque é possível detectar essa cadeia leve e pesada. ▪ Costuma produzir muito mais cadeia leve do que cadeia pesada ▪ Excesso de cadeias leves no organismo: ◊ Alterações da doença ◊ Marcador prognóstico e diagnóstico dessa doença ✓ Etiologia ● Afeta mais a 7ª década de vida o No Brasil, costuma começar um pouco antes (~50 anos) ● Homens > mulheres ● Incurável, porém tratável! o Objetivo do tratamento = controlar a doença, e não fornecer uma cura para o paciente. ● Muitas vezes relacionada com condição preexistente o Gamopatia monoclonal de significado indeterminado ● Relacionada a exposição ao benzeno o Ex. trabalho em petrolífera, produtos químicos. ✓ Quadro clínico ● Invasão dos plasmócitos à medula óssea → não sobra espaço para produção de outras células → citopenia de diferentes linhagens: anemia, leucopenia, trombocitopenia. ● Nos casos de “rim do mieloma”, o paciente pode se apresentar com IRA. ● Hipercalcemia é uma causa secundária dessa disfunção renal do mieloma múltiplo o A principal causa de alteração renal é o próprio rim do mieloma (pela produção do excesso de cadeias leves e do acúmulo de cilindros). o O cálcio também pode lesar o rim do paciente! ● Lesões ósseas o Expansão tumoral na medula óssea o Aumento da atividade osteoclástica ▪ Retirada do cálcio dos ossos. o Inibição da maturação dos osteoblastos o Queixa de dor ou fraturas esporádicas e quase espontâneas. o Dor óssea ▪ Região lombar, costelas, vértebras, etc. o Fraturas patológicas ▪ Principalmente na região de coluna o Compressão por lesão vertebral ou colapso ósseo ▪ Sintomas neurológicos o Lesões osteolíticas ▪ Insuflantes ou lesão em “sal e pimenta” ▪ São meio que buracos no osso. ▪ Não acontece só no crânio, mas pode ocorrer também em costela, úmero, fêmur ● Hipercalcemia o Destruição óssea → cálcio liberado na circulação → não é absorvido → aumento do cálcio no organismo e seus efeitos deletérios. o Letargia o Confusão mental o Coma o Fraqueza o Náusea o Vômitos ● Infecções o Principal causa de óbito no mieloma múltiplo o Hipogamaglobulinemia ▪ Queda das imunoglobulinas normais ▪ Plasmócito neoplásico produz imunoglobulina de um tipo só, que ainda é defeituosa. o Infecções por bactérias encapsuladas principalmente ● Hiperviscosidade o Principalmente nos secretores de IgM o Púrpuras o Distúrbios visuais o Sintomas neurológicos (confusão mental, cefaleia) o Insuficiência cardíaca o Hemorragia o Trombocitopenia ✓ Laboratório ● Hemograma o Anemia normocítica e normocrômica o Outras citopenias são incomuns ▪ Mas pode ter leucopenia e/ou plaquetopenia o Plasmocitose em sangue periférico ▪ Leucemia de células plasmáticas ▪ Prognóstico ruim (não tem muito parâmetro de tratamento). ▪ Não é mieloma múltiplo! o Hemácias em Rouleaux ▪ Hemácia em “empilhamento de moedas” ▪ Não é patognomônico de mieloma múltiplo ● Aumento VHS e DHL o Aumento de marcadores inflamatórios e de hemólise ● Hipercalcemia ● Aumento de ureia e creatinina o Pela disfunção renal ● Imunoglobulinas reduzidas o Exceto pela imunoglobulina clonal que vai estar aumentada ● Marcadores prognósticos o Albumina diminuída o Beta-2-macroglobulina aumentada o Indicam pior prognóstico ● Pesquisa de proteína monoclonal (M) o Em pacientes normais: apenas a curva da albumina é alta, todas as outras são pequenas porque indica produção normal de todas a imunoglobulinas. o Em pacientes com mieloma múltiplo: a curva de uma das imunoglobulinas encontra-se aumentada (produção exclusiva de uma única proteína = pico monoclonal), enquanto todas as outras estará pequena. o Outros métodos para pesquisa monoclonal ▪ Detectam até quantidades menores dessa proteína monoclonal. ▪ Imunoeletroforese de proteínas ▪ Imunofixação ● Dosagem de cadeias leves livres o Monitorização da doença o Após QMT, pode-se dosar novamente para ver se reduziu. ▪ Se começar a subir de novo, pode indicar recidiva. ✓ Critérios diagnósticos ● 1- Plasmócitos na medula óssea medular > ou = 10 % ou presença, confirmada por biópsia, de plasmocitoma o Plasmocitoma = massa detectada na pele ou nos ossos (ou várias bolinhas), ou expansão da calota craniana; é um acúmulo de plasmócito. ● 2- Evidência de dano em órgãos-alvo que possam ser atribuídos à doença proliferativa de plasmócitos. o Mnemônico CRAB: ▪ C – Cálcio sério > 10 mg/dL ▪ R – Rim: insuficiência renal com clearance de creatinina < 40 mL/min ou creatinina sérica > 2 mg/dL ▪ A – Anemia: Hb < 10g/L ou queda maior que 2g/dL da Hb basal do paciente. ▪ B – “Bone”: Doença óssea, definida como a presença de uma ou mais lesões osteolíticas detectadas na radiografia do esqueleto, TC ou PET/TC. ● 3- Presença de no mínimo um dos biomarcadores de malignidade: o 1. Plasmócitos monoclonais na medula óssea > 60% o 2. Relação de cadeia leve livre afetada sobre a não afetada > ou = 100 o 3. Mais de uma lesão focal > ou = 5 mm vista em ressonância magnética. ● O diagnóstico de mieloma múltiplo necessita que haja algum dos critérios do item 1 + um ou outro critério qualquer dos itens 2 ou 3. ● Alguns casos não se consegue fechar todos os critérios necessários de dx de mieloma múltiplo, e cai em algum ddx. ✓ Diagnósticos diferenciais ● Gamopatia Monoclonal de Significado indeterminado o Proteína monoclonal presente, mas < 3,0g/dL ▪ Pico monoclonal presente mas menor do que o característico de mieloma múltiplo o Sem características de CRAB ou outros indicadores de mieloma ativo o Células plasmáticas monoclonais da medula óssea < 10% o Ausência de evidências de outras doenças linfoproliferativas ou de amiloidose o Tem uma tendência a evoluir para mieloma múltiplo (1% evolui para MM em período de 1 ano) ▪ Apenas tem essa alteração na eletroforese de proteínas. o Não trata! Apenas faz acompanhamento. ● Mieloma Múltiplo Assintomático o Nível mais alto de doença do que GMSI: componente M sérico pode ser > 3,0g/dL e/ou células plasmáticas da medula óssea entre 10% e 60%. o Sem características de CRAB ou outros indicadores de mieloma múltiplo. o Só acompanha, mas não trata! o Provavelmente vai evoluir para mieloma ativo. ✓ Estadiamento e prognóstico ✓ Tratamento ● Quimioterapia combinada o Agente imunomodulador ▪ Talidomida (maioria das vezes) ▪ Outra opção: Leraninomida (alternativa melhor que a Talidomida, com menos efeitos colaterais). ● Glicocorticoide em altas doses ● Ciclofosfamida ou inibidor de Proteassoma (Bortezomib) ● Consolidação da QMT com transplante de medula óssea autólogo (dele para ele mesmo) o Ajuda a manter a doença sob controle o Objetivo dessa QMT com transplante: deixar o paciente sem tratamento por 2 anos. o Se recidiva após 2 anos, pode repetir. o Não candidatos = esquema alternativo ▪ Paciente muito idoso ou muitas comorbidades → TMO autólogo é muito agressivo. ▪ Nesses pacientes faz esquemas de QMT alternativos e manutenção com outros agentes. ●Tratamento das complicações o Hipercalcemia o Hemodiálise para recuperar a disfunção renal o Dores ósseas ▪ Avaliação com ortopedista e se necessário fazer cirurgia.