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DIREITO CIVIL

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DIREITO CIVIL 
RESUMO SOBRE PESSOA JURÍDICA 
 
1. Conceito: 
 
A pessoa Jurídica é uma figura moldada a partir de um fato social, surgindo dessa 
forma a necessidade de personalizar o grupo, para que possa proceder a uma 
unidade, participando do comércio jurídico, com individualidade. Para Clóvis 
Beviláqua, “a personalidade jurídica intervém um elemento, a ordem jurídica, do qual 
ela depende essencialmente, recebe a existência, a forma, a extensão e a força. 
Assim, a personalidade jurídica é mais do que um processo superior da atividade 
psíquica, é uma criação social exigida pela necessidade de por em movimento o 
aparelho jurídico”. Dessa forma, a pessoa jurídica é reconhecida pela justiça e se 
relaciona a uma organização que tem deveres e obrigações a realizar perante a lei, 
além de possuir direitos e participar de ações judiciais. 
 
2. Natureza jurídica: 
 
Em vários questionamentos a respeito da natureza jurídica de determinada figura, 
deve o estudioso de Direito cuidar em que categoria se enquadra, evidenciando 
cada teoria explicativa. A primeira refere-se a Teoria Negativista, em que alguns 
estudiosos ressaltam sobre o mero patrimônio destinado a um fim, sem conferir-lhe 
personalidade jurídica, esta por sua vez não foi acatada pela doutrina. Por fim, 
Bolze e Ihering defenderam tese no sentido de que a associação formada por um 
grupo de indivíduos não possuiria personalidade jurídica própria, pois dessa forma 
os próprios associados seriam considerados em conjunto. Tratando-se da teoria da 
mera aparência. Ademais, douguit (o mais radical de todos) apresentou a teoria 
negadora de toda personalidade jurídica, não aceitando a categoria dos direitos 
subjetivos, e substituindo-a pelo conceito de situações jurídicas subjetivas. A 
segunda refere-se a Teoria Afirmativa, na qual as correntes de sentido contrario ao 
pensamento negativista formaram novas teorias, devido as necessidades sociais e o 
progresso material e espiritual dos povos. São estas: 
 
1) Teoria da ficção: Segundo essa concepção o direito concebe a pessoa 
jurídica como uma criação artificial, cuja existência, por isso mesmo, é 
simplesmente uma ficção. 
 
2) Teoria Orgânica ou da realidade objetiva: Para os seus adeptos, a pessoa 
jurídica não seria mera abstração ou criação da lei. Para esta teoria as 
pessoas jurídicas possuem tanto um corpus, que administra e mantém a 
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entidade em contato com o mundo, como um animus, que é a ideia 
dominante, manifestada nas associações e nas sociedades pela vontade do 
grupo componente e nas fundações pela de seu criador. 
 
3) Teoria da realidade técnica: É a que melhor explica o tratamento dispensado 
á pessoa jurídica por nosso Direito Positivo, dessa forma, situa a pessoa 
jurídica como produto da técnica jurídica, rejeitando a tese ficcional para 
considerar os entes coletivos como uma realidade, que não seria objetiva, 
pois a personificação dos grupos se opera por construção jurídica. 
 
No entanto, a teoria da realidade das instituições jurídicas, diz que a 
personalidade jurídica é um atributo do Estado, onde este possibilita a sua 
aquisição. Diante disso, o direito concede a personalidade a grupos 
específicos de pessoas que buscam o interesse comum. Com base no artigo 
40 do Código Civil de 2002, as pessoas jurídicas são de direito público, 
interno ou externo, e de direito privado. 
 
3. Pressupostos existências de Pessoa Jurídica: 
 
Antecedente ao surgimento da pessoa jurídica foi necessário a conjugação de 
três pressupostos básicos: 
 
1. A vontade humana criadora: É a vontade de duas ou mais pessoas 
com interesses em comum. Dessa forma, não se pode conceber, no 
campo do direito privado, a formação de uma pessoa jurídica por 
simples imposição estatal, em prejuízo da autonomia negocial e da 
livre iniciativa. 
 
2. A observância das condições legais para a sua instituição: 
Considerando a exigência legal da pessoa jurídica exige-se 
observância das condições estabelecidas em lei. Assim a aquisição da 
personalidade jurídica exige a inscrição dos seus atos constitutivos no 
registro peculiar. No caso de algumas sociedades, em virtude das 
peculiaridades de seu objeto ou risco que a sua atividade representa á 
economia ou ao sistema financeiro nacional, juntamente com 
autorização governamental para o seu funcionamento. 
 
3. A licitude de seu objetivo: A pessoa jurídica que tenha objetivo social 
ilícito ou proibido por lei, não há que se reconhecer exigência legal e 
validade, pois a autonomia da vontade não chega a esse ponto. A 
autonomia da vontade é limitada pela lei, neste sentido. 
 
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Conclui-se, portanto, que a teoria ora adotada pelo Código Civil reconhece 
poder criador à vontade humana, independentemente de autorização estatal, 
desde que respeitadas às condições legais de existência e validade. 
 
4. Classificação da Pessoa Jurídica: 
 
A classificação é de um lado incompleta, uma vez que entre as pessoas jurídicas de 
Direito Público não inclui os territórios, o Distrito Federal, os partidos políticos, as 
autarquias, as fundações de natureza pública, etc; Por outro lado está superada no 
que diz respeito às pessoas jurídicas de direito privado de caráter interno, tanto no 
que se refere ao critério sistemático, como no que diz respeito à sua enumeração. 
 
 4.1. Pessoa jurídica de Direito Público: 
 
Pessoas Jurídicas de direito público externo: 
Artigo 42, Código Civil, são pessoas jurídicas de direito público externo os Estados 
estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público. 
Exemplo: As nações estrangeiras, Santa sé e organismos internacionais (ONU, 
OEA, União Europeia, Mercosul, UNESCO, FAO, etc). 
 
Pessoas jurídicas de direito público interno: 
Já as pessoas jurídicas de direito interno, nos termos do art. 41, são: a União, os 
Estados, o Distrito Federal e os Territórios, os Municípios, as autarquias (como o 
INSS), inclusive as associações publicas e as demais entidades de caráter publico 
criadas por lei, como por exemplo, as fundações públicas de direito público 
(fundação pública). 
 
 4.2. Pessoa jurídica de Direito Privado: 
O código civil brasileiro vigente, em seu art. 44, classificou originalmente as pessoas 
jurídicas de direito privado em: 
a) Associações (art. 44, I), são entidades formadas pela união de indivíduos 
com o propósito de realizarem fins não econômicos. 
 
b) Sociedades (art. 44, II), são corporações dotadas de personalidade jurídica 
própria, e instituídas por meio de um contrato social, exercendo atividade 
econômica e partilha de lucros. Subdividindo-se em sociedade empresária, na 
qual um conjunto de pessoas se reúne para executar determinada atividade 
econômica organizada, e sociedade simples que nessa modalidade os 
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empresários realizam uma atividade que esta diretamente relacionada à 
profissão que exercitam na sociedade, exemplo: advogado, médico, dentista, 
etc. 
 
c) Fundações (art.44, III), resultam não da união de indivíduos, mas da afetação 
de um patrimônio, por testamento ou escritura pública, que faz o seu 
instituidor, especificando o fim para o qual se destina. 
 
d) ONGS: constitui-se por meio de estatuto social, sendo considerada uma 
associação com finalidade filantrópica específica de proteção a algo, a fim de 
uma melhoria social. 
 
e) Entidade religiosa: constitui-se por estatuto social e não possui fins 
lucrativos. A contribuição, para manutenção, em regra, dá-se pelo dízimo – 
não é tributado. 
 
f) Partido político: constitui-se por meio de estatuto social, devendo ser 
registrado no TRE e TSE. Não tem fins lucrativos e a contribuição, para 
manutenção, vem dos candidatos. 
 
g) Eireli: a empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por 
uma única pessoa titular da totalidade do capital social. 
 
5. Responsabilidade Civil e Penal 
 
As pessoas jurídicasrespondem, com seu patrimônio, por todos os atos ilícitos que 
praticarem, por meio de seus representantes. Dessa forma, responsabilidade é a 
obrigação de reparar o dano que uma pessoa causa a outra. Entre os romanos não 
havia distinção alguma entre responsabilidade civil e responsabilidade penal, com o 
passar do tempo surgiram diferentes teses e, embora a responsabilidade 
continuasse sendo penal, a indenização monetária passou a ser a única forma de 
punir o infrator do ato lesivo não criminoso. Por exemplo, no caso de uma colisão de 
veículos, o fato pode gerar a responsabilidade civil do culpado, que será obrigado a 
pagar as despesas com o conserto do outro veículo e todos os danos causados, 
mas também por acarretar a sua responsabilidade penal, caso tenha causado 
ferimentos em alguém ou se configurou o crime. Dessa forma, em razão de uma 
ação ou omissão, pode surgir para o agente a responsabilidade civil, penal, ou ainda 
as duas responsabilidades. 
Acredita-se que as pessoas jurídicas em sua maioria, são as grandes agressoras do 
meio ambiente, devido seu poder econômico, e o grande potencial destrutivo que 
podem causar, o que significa a necessidade da penalização dessas pessoas, como 
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dito devido ao potencial de destruição, ficaria impossível, para a pessoa física 
reparar tais estragos. Assim o ordenamento jurídico não pode deixar de punir 
penalmente, tento como argumento a ausência de culpabilidade. Por isso, não pode 
o ordenamento jurídico se omitir em responsabilizá-las penalmente sob o manto de 
que não tem culpabilidade, as penas são pessoais e não se adequam aos entes 
morais, entre outros argumentos distanciados dos fatos sociais. Vale destacar que, 
de forma inovadora em nosso sistema jurídico, seguindo tendência do moderno 
direito penal, o art. 3º da Lei n. 9.605/98 prevê imputabilidade criminal também para 
as pessoas jurídicas, no caso em que a atividade lesiva ao meio ambiente seja 
cometida por decisão de seus representantes legais, ou contratuais, ou de seu órgão 
colegiado, no interesse ou em beneficio da entidade. 
Do ponto de vista da responsabilidade civil, inexiste distinção e efetiva entre os 
entes de existência física para os de existência ideal. Sobre a responsabilidade civil 
das pessoas jurídicas de direito publico, farta doutrina já foi produzida, havendo, 
historicamente, posicionamentos que vão desde a irresponsabilidade absoluta até a 
teoria do risco integral. O CC/2002, em seu art.43, seguindo diretrizes do art.37 da 
CF/88, adotou a tese da responsabilidade objetiva do Estado, registrando que as 
pessoas jurídicas de direito publico interno são civilmente responsáveis por atos dos 
seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito 
regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou 
dolo. 
 
6. Desconsideração da personalidade jurídica 
 
É o afastamento temporário da autonomia patrimonial da pessoa jurídica, com o 
intuito de, mediante a constrição do patrimônio de seus sócios ou administradores, 
possibilitar o adimplemento de dívidas assumidas pela sociedade. Dessa forma, 
desconsidera-se a personalidade jurídica para atingir o patrimônio pessoal de seus 
sócios quando a sociedade é utilizada como instrumento para a fraude, abuso de 
direito, for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados a consumidores, meio 
ambiente, ilicitudes, ( falência, insolvência e encerramento irregular decorrentes de 
má administração – no sentido de irregularidade, fraude, dolo). Foram elaboradas 
teorias sobre a aplicação da desconsideração da personalidade jurídica: 
 Teoria maior: aplica a desconsideração com mais cautela do que a teoria 
menor, como algo realmente excepcional. Subdivide em: 
Teoria maior subjetiva: o pressuposto básico da aplicação da desconsideração é a 
ocorrência do desvio de função da personalidade jurídica, a qual é configurada com 
a fraude (conduta maliciosa com o objetivo de prejudicar terceiros, exercendo um 
ilícito, utilizando-se da autonomia patrimonial) ou com o abuso de direito da 
personalidade jurídica (conduta lícita praticada pela pessoa jurídica que leva a 
resultado contrário à sua função social). 
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Teoria maior objetiva: entende que, para haver desconsideração, é necessária a 
ocorrência da confusão patrimonial, como um pressuposto objetivo. 
 A teoria menor: tem como pressuposto apenas o não pagamento dos 
créditos. É uma teoria que, caso fosse aplicada com frequência, acabaria por 
enterrar a possibilidade de exercício de atividade empresarial com limitação 
de responsabilidade. No Direito brasileiro, a teoria menor é aplicada 
usualmente apenas no Direito Ambiental e no Direito do Consumidor. 
 
Para a aplicação da desconsideração da personalidade jurídica, é necessário que 
exista, primeiramente, uma sociedade com personalidade jurídica, com sócios que 
possuam responsabilidade limitada, como ocorre na sociedade limitada ou na 
sociedade anônima do Direito brasileiro. 
 
7. Extinção da pessoa jurídica 
 
O fim da pessoa jurídica poderá ocorrer por causas diversas, mas em qualquer 
hipótese a personalidade subsistirá até que se ultime a liquidação e se proceda a 
anotação devida. A dissolução deverá ser averbada no registro respectivo e, uma 
vez encerrada a liquidação, seguir-se-á o cancelamento da inscrição da pessoa 
jurídica. 
 
A dissolução das pessoas poderá ser: 
 
a) Convencional – A mesma liberdade que permitiu aos sócios a criação da pessoa 
jurídica pode levá-los à extinção desta. Para tanto devem ser observadas as normas 
previstas no estatuto ou contrato social. 
 
b) Administrativa – Ocorre quando a autorização para o funcionamento da pessoa 
jurídica é cancelada. 
 
c) Judicial – A iniciativa para a dissolução da pessoa jurídica, em primeiro lugar, é 
dos administradores, que dispõem do prazo de trinta dias contado da perda da 
autorização, ou de sócio que tenha exercitado o direito de pedi-la na forma da lei. 
 
d) Fato natural – Ocorrendo o fato jurídico morte dos membros de uma sociedade, e 
não prevendo o seu ato constitutivo o prosseguimento das atividades por intermédio 
dos herdeiros, o resultado será a extinção da pessoa jurídica. 
 
A extinção da pessoa jurídica realiza-se pela dissolução e pela liquefação (bens). 
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8. Referências bibliográficas 
 
 
STOLZE, Pablo, Novo Curso de Direito Civil, Parte Geral, 19 edição, Editora Saraiva, 
2016 
 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/290751/pessoa-juridica 
 
https://pedroaraujoprog.jusbrasil.com.br/artigos/196674365/pessoa-juridica 
 
www.normaslegais.com.br/guia/clientes/direitos-da-personalidade.htm 
 
https://www.migalhas.com.br › migalhas quentes 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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https://www.jusbrasil.com.br/topicos/290751/pessoa-juridica
https://pedroaraujoprog.jusbrasil.com.br/artigos/196674365/pessoa-juridica
http://www.normaslegais.com.br/guia/clientes/direitos-da-personalidade.htm

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