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LIVRO_UVA_20152_Raul_Castro

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31ª Edição – 2015
RAUL CASTRO BRASIL
Professor - CLF
ENSAIOS
Análise das obras
UVA 2015.2
COORDENAÇÃO EDITORIAL:
COORDENAÇÃO GERAL:
AUTOR:
ASSISTÊNCIA EDITORIAL:
COORD. DE PRODUÇÃO GRÁFICA :
COORDENAÇÃO DE REVISÃO:
EDIÇÃO DE ARTE:
IMPRESSÃO:
ACABAMENTO:
Francisco Lúcio Pontes Feijão
Carlos Albuquerque
Raul Castro Brasil
Silvana Cândido
Auricélio Rodrigues Vasconcelos
Andreline Coelho da Silva
Antonio Johnyslei Alves Sampaio
Gráfica CLF
Gráfica CLF
Todos os direitos reservados
COLÉGIO LUCIANO FEIJÃO
Av. D. José, 325 - Centro
Sobra-CE-Brasil - CEP 62030-630
Tel.: (88) 3112.1000
www.lucianofeijao.com.br
2015
Impresso no Brasil
Raul Castro Brasil
Resumo das Obras - UVA 2015.2 – 31ª edição – Sobral: 
CLF, 2015
 Conteúdo: Literatura Brasileira - Ensaios
 Caros alunos,
 Se hoje sei Literatura, é porque estive escalando nos ombros de gigantes. Passei a 
amar Literatura nas beiras de um terceiro ano que me predestinava a um curso de 
Direito, comecei a ter professores que, quando entravam em sala, aos poucos, em 
doses moderadas, mostravam-me um pouco do saber literário.
 E foi nas salas do mesmo colégio que hoje ensino, que me apaixonei 
perdidamente pelas letras, porque tive professores que ensinavam com tanto amor, 
afinco e destreza, que aquilo me cativou, havia horas que eu não sabia o que mais me 
encantava, o conhecimento que detinham ou amor com que ensinavam.
 Eles me concediam a ponta do iceberg, e me convidavam a mergulhar e descobrir 
o que havia por baixo, e lá ficava a contemplar a maravilha de saberes que estavam 
além de uma aula. Hoje tenho a honra de estar ao lado deles em profissão.
 Não estou tentando aqui convencê-lo a fazer Letras, mas se quiserem tentar....
 Enfim, tento a cada dia de meu magistério transbordar esse mesmo amor, 
dedicação e saber, foi por isso que surgiu esse material, apresento-lhe aqui uma ponta 
do iceberg, um pouco dos cinco livros que a tão almejada UVA nos indica, o que não 
os impedem de conhecê-los melhor, de estudá-los, sem ficar na loucura de qual 
pergunta a questão quererá saber. Desfrutar um prazer imenso que é ler na íntegra os 
romances românticos, naturalistas e pré-modernistas. Ninguém faz cálculos por 
prazer, ninguém faz equações por amar Química, mas ler um bom livro, um bom 
romance...
 Talvez tenha sido por isso que optei pelas letras, porque descobri que, nas artes, 
pode-se fazê-las com imenso prazer em ler, descobrir e estudar.
Raul Castro.
Apresentação
• ROMANTISMO
 I. Escrava Isaura (Bernardo Guimarães) ............................................. 10
 II. Iaiá Garcia (Machado de Assis) ..................................................... 28
• MODERNISMO
 III. Menino do Engenho (José Lins do Rego) ....................................... 94
 IV. Cacau (Jorge Amado) .................................................................. 94
 V. Olhai os Lírios do campo (Érico Veríssimo) ..................................... 94
Sumário
Tendo a Uva indicado dois livros românticos, não podemos deixar de fazer algumas 
breves considerações dessa escola literária que irá revolucionar o modo de se fazer 
Literatura.
Grande é o número de características que marcaram o movimento romântico, 
características essas que, centradas sempre na valorização do eu e da liberdade, vão-se 
entrelaçando, umas atadas às outras, umas desencadeando outras e formando um 
amplo painel de traços reveladores.
Para aqui discuti-las, vamos seguir os aspectos considerados os mais significativos 
por Domício Proença Filho em sua análise dos estilos de época na Literatura.
1. Contraste entre os ideais divulgados e a limitação imposta pela realidade vivida. 
2. Imaginação criadora. 
3. Subjetivismo. 
4. Evasão. 
5. Senso de mistério. 
6. Consciência da solidão. 
7. Reformismo. 
8. Sonho. 
9. Fé. 
10. Ilogismo. 
11. Culto da natureza. 
12. Retorno ao passado. 
13. Gosto do pitoresco, do exótico. 
14. Exagero. 
15. Liberdade criadora. 
16. Sentimentalismo. 
17. Ânsia de glória. 
18. Importância da paisagem. 
19. Gosto pelas ruínas. 
20. Gosto pelo noturno. 
21. Idealização da mulher. 
22. Função sacralizadora da arte. 
Acrescentem-se a essas características os novos elementos estilísticos introduzidos 
na arte literária: a valorização do romance em suas muitas variantes; a liberdade no uso 
do ritmo e da métrica; a confusão dos gêneros, dando lugar à criação de novas formas 
poéticas; a renovação do teatro.
O Romantismo
UVA 2015.2
Análise das Obras | UVA 2015.2 07
O Romantismo Brasileiro
Considera-se a obra Suspiros poéticos e saudades, de Gonçalves de Magalhães, 
publicada em Paris em 1836, como o marco inicial do Romantismo brasileiro.
A poesia romântica brasileira passou por diferentes momentos nitidamente 
caracterizados. Essas diferentes vagas são apontadas pelos estudiosos, que agrupam os 
autores segundo as características predominantes em sua produção, dando destaque a 
essas tendências. Embora alguns críticos estabeleçam quatro, cinco e até seis grupos, 
observa-se que os aspectos apresentados em relevo podem ser assim reunidos:
 
1º grupo – chamado de primeira geração romântica – em que se destacam duas 
tendências básicas: o misticismo (intensa religiosidade) e o indianismo. A religiosidade 
é marcante nos primeiros românticos, enquanto o indianismo se torna símbolo da 
civilização brasileira nos poemas de Gonçalves Dias. Esse espírito nacionalista fez 
desabrocharem também poemas cuja temática explorou o patriotismo e o saudosismo. 
Nomes que marcaram o período: Gonçalves de Magalhães, Araújo Porto Alegre, 
Gonçalves Dias.
 
2º grupo – a segunda geração romântica – por seu intimismo, tédio e melancolia, 
abraçou o negativismo boêmio, a obsessão pela morte, o satanismo. É conhecida como 
geração byroniana (numa alusão ao poeta inglês Lord Byron, um de seus principais 
representantes) e sua postura vivencial considerada o mal do século, por se tratar não 
apenas de um fazer poético, mas de uma forma autodestrutiva de ser no mundo. 
Destaques no período: Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela, 
Junqueira Freire. Algumas das obras de Castro Alves permitem enquadrá-lo no período. 
Sua visão da mulher, marcada pela sensualidade, distancia-se, porém, do lirismo 
idealizante que caracterizou as demais produções de poesia amorosa do período.
 
3º grupo – a terceira geração romântica –, voltada para uma poesia de 
preocupação social. Conhecida como condoreira (tinha como emblema o condor, ave 
que constrói seu ninho em grandes altitudes) ou hugoniana (numa referência a Vitor 
Hugo, escritor francês cuja obra de cunho social marcou o período), sua linguagem 
adquiria um tom inflamado, declamatório, grandiloquente, carregada de transposições 
e de figuras de linguagem. Seus principais representantes, Castro Alves e Tobias Barreto, 
têm sua produção associada ao movimento abolicionista e republicano, 
respectivamente.
O Romance Romântico
Destaque especial teve no movimento romântico a narrativa romanesca. Foi por 
meio dos romances que a Europa marcou seu reencontro com o mundo medieval em que 
repousavam as raízes das modernas nações europeias. Ali floresceram os ideais 
Análise das Obras | UVA 2015.208
cavalheirescos que resgatavam na origem heroica a dignidade da pátria e se expressaram 
nos romances históricos. Encontram-se também as narrativas apoiadas no embate entre 
o Bem e o Mal, com a vitória do primeiro. No Brasil, o romance histórico se fez indianista 
na busca das raízes da nacionalidade (não esqueçamos que a independência há pouco 
alcançada legou aos intelectuais românticos o compromisso de construir a identidade 
nacional). 
O primeiro romance bem-sucedido na história da Literatura brasileira foi A 
moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, publicado em 1844. Seu reconhecimento 
se deve ao fato de ter sido a primeira narrativa centrada em personagens brasileiros, com 
ambiência local.
Os romances do período romântico foram construídos em torno de quatro grandes 
núcleos:
·os romances históricos, voltados para as relações que fizeram o Brasil colônia; 
· os romances indianistas, com a intenção de estabelecer nossas raízes históricas, 
construiu-se em torno da idealização da figura do índio, transformado em herói 
nacional; 
· os romances urbanos, com ênfase nas relações amorosas, foram o espaço de 
revelação das preocupações burguesas, sua noção de honra e o significado do 
dinheiro nas relações estabelecidas; 
· o romance sertanista ou regionalista, voltado para o mundo rural, veio a ser a 
abertura para uma das temáticas mais significativas a desenvolver-se na literatura 
brasileira nos movimentos literários que se seguiram ao Romantismo. 
Embora encontrados em muitos dos escritores do período, os romances assim 
caracterizados foram preocupação especial de José de Alencar, que se propôs a, através 
de sua obra, representar o Brasil em todas as suas facetas.
Iaiá Garcia, de Machado de Assis, enquadra-se no romance urbano, enquanto 
Inocência, enquadra-se no romance regionalista, mais a frente entenderemos melhor.
Análise das Obras | UVA 2015.2 09
RÁPIDAS ANÁLISES
Escrito em plena campanha abolicionista (1875), o livro conta as desventuras de 
Isaura, escrava branca e educada, de caráter nobre, vítima de um senhor devasso e cruel.
O romance A Escrava Isaura foi um grande sucesso editorial e permitiu que Bernardo 
Guimarães se tornasse um dos mais populares romancistas de sua época no Brasil. O 
autor pretende, nesta obra, fazer um libelo anti-escravagista e libertário e, talvez, por 
isso, o romance exceda em idealização romântica, a fim de conquistar a imaginação 
popular perante as situações intoleráveis do cativeiro.
O estudioso Manuel Cavalcanti Proença observa que: "Numa literatura não muito 
abundante em manifestação abolicionistas, é obra de muita importância, pelo modo 
sentimental como focalizou o problema, atingindo principalmente o público feminino, 
que encontrava na literatura de ficção derivativo e caminho de fuga, numa sociedade em 
que a mulher só saía à rua acompanhada e em dias pré-estabelecidos; o mais do tempo 
ficava retida em casa, sem trabalho obrigatório, bordando, cosendo e ouvindo e falando 
mexericos, isto é, enredos e intrigas, como se dizia no tempo e ainda se diz neste 
romance."
O NASCIMENTO DO ROMANCE
A publicação de romances em folhetins - os capítulos aparecendo a cada dia nos 
jornais - já era comum no Brasil desde a década de 1830. A maior parte destes folhetins 
era composta por traduções de romances de origem inglesa, como as histórias medievais 
de Walter Scott, ou francesa, como as aventuras dos Três Mosqueteiros, de Alexandre 
Dumas.
Emocionados, os brasileiros acompanhavam as distantes aventuras de um Ivanhoé 
ou de um D'Artagnan, transportando-se, em espírito, para os campos e reinos da 
Análise da Obra 
Bernardo Guimarães
Escrava Isausa
UVA 2015.2
Análise das Obras | UVA 2015.210
Europa.
Embora fizessem sucesso junto ao público, os primeiros romances brasileiros, 
publicados em folhetim, não deixavam de ser considerados, pelos literatos "sérios", 
como "uma leitura agradável, diríamos quase um alimento de fácil digestão, 
proporcionado a estômagos fracos."
O romance, esse gênero literário novo e "fácil", que foi introduzido na literatura 
brasileira por autores como Joaquim Manuel de Macedo e Teixeira e Sousa, ganharia 
status de literatura "séria" com a obra de José de Alencar.
Os Romances Brasileiros
Na década de 1840 começam a aparecer alguns folhetins de autores nacionais, 
ambientados no Brasil. Teixeira e Sousa (1812-1861), considerado por muitos o nosso 
primeiro romancista, estréia em 1843 com O Filho do Pescador.
No ano seguinte, o jovem estudante de medicina, Joaquim Manuel de Macedo 
(1820-1882), surge com A Moreninha, o primeiro romance nacional "apreciável pela 
coerência e pela execução". Em meio à corrente açucarada dos nossos primeiros 
folhetinistas surge, já em 1852/53, a obra excêntrica de um jornalista carioca de vinte e 
um anos chamado Manuel Antônio de Almeida (1831-1861).
As suas Memórias de um Sargento de Milícias retratam de forma irônica a vida do Rio 
de Janeiro "no tempo do rei" Dom João VI e apresentam um contraponto cômico à 
seriedade por vezes excessiva e à inverossimilhança dos romances do Dr. Macedinho.
A descrição do cenário nacional
O público interessava-se, portanto, cada vez mais por um romance de aventuras 
românticas que apresentasse o cenário brasileiro. O grande sucesso de público de O 
Guarani (1857), de José de Alencar, em que as aventuras de Peri e sua amada Cecília se 
desenrolam em meio à exuberante natureza fluminense, estimula os escritores a se 
voltarem para a apresentação da ambientação tipicamente nacional em suas obras.
Na década de 70 essa tendência nacionalista haveria de se consolidar, com o 
surgimento das obras de Franklin Távora (1842-1888), autor de O Cabeleira (1876) e o 
Visconde de Taunay (1843-1899), autor de Inocência (1872). É nesse cenário literário que 
aparece, em 1875, um dos maiores sucessos de público do período: A Escrava Isaura, que 
explora uma das questões mais polêmicas da sociedade brasileira da época, a 
escravidão..
Foco Narrativo
O foco narrativo do livro Escrava Isaura é na terceira pessoa.
Tempo e Espaço
O autor localiza a narrativa em uma temporalidade histórica: "Era nos primeiros 
anos do reinado do Sr. D. Pedro II". Este parágrafo lança o leitor em uma temporalidade 
Escrava Isaura |Bernardo Guimarães 11
apenas familiar para os leitores da época da publicação do romance. Ele foi publicado na 
década de setenta do século XIX, durante o império do Sr. D. Pedro II.
No parágrafo seguinte, o leitor é enviado para um espaço banal, o espaço do 
município de Campos de Goitacazes. Este município foi um dos centros da economia 
escravagista do sudeste.
Conduzindo o leitor pelo olhar, o narrador descreve a fazenda situada à margem do 
rio Paraíba, a pouca distância da vila de campos. O olhar do narrador põe a arquitetura da 
fazenda, tendo como centro do palco a casa-grande e as senzalas, em uma paisagem 
brasileira que lembra, de uma outra maneira, a descrição maravilhosa da descoberta do 
Brasil na Carta de Pedro Vaz de Caminha. Neste Jardim das delícias senhorial, o leitor 
descobrirá, se tiver vontade de ver, uma versão ficcional do regime oligárquico de poder 
do Brasil-Nação funcionado ao lado da poética da natureza de Bernardo de Guimarães. 
O poder oligárquico e a poética da natureza brasileira são os dois objetos que remetem o 
leitor para a temporalidade histórica do romance. Escrito na campanha abolicionista 
(1875). O autor pretende, nesta obra, fazer uma acusação documentada anti - escravo e 
da liberdade. O autor explorou uma das questões mais polêmicas da sociedade brasileira 
da época: a escravidão.
Linguagem
O tratamento exageradamente romântico que o autor aplica neste livro faz com que 
tenha um caráter mais de lenda do que de realidade, ao contrário de seus outros 
romances, como O Ermitão de Muquém (1864), O Seminarista (1872) e O 
Garimpeiro(1872). Nessas obras, a descrição regionalista do ambiente físico e social 
proporciona mais verossimilhança à trama. 
Em A Escrava Isaura, o excesso de imaginação traduz-se em "idealização 
descabida", como afirma Antonio Candido, que se concretiza no plano da linguagem 
em descrições repetitivas e mecânicas das personagens, com abuso de adjetivos 
redundantes. Observe-se a descrição de Isaura quando se senta ao piano no salão de 
baile, em Recife:
 "A fisionomia, cuja expressão habitual era toda modéstia, ingenuidade e 
candura, animou-se de luz insólita; o busto admiravelmente cinzelado ergueu-se 
altaneiro e majestoso; os olhos extáticos alçavam-se cheios de esplendor e serenidade; os 
seios, que até ali apenas arfavam como as ondas de um lago em tranqüila noite de luar, 
começaram de ofegar, túrgidos e agitados, como oceano encapelado; seu colo 
distendeu-se alvo e esbelto como o do cisne, que se apresta a desprender os divinais 
gorgeios.Era o sopro da inspiração artística, que, roçando-lhe pela fronte, a 
transformava em sacerdotisa do belo, em intérprete inspirada das harmonias do céu."
Temática Central
A temática está ligada a essa passagem: “Demais não tive preocupação literária ao 
compor essas páginas. Procurei contar a vida dos trabalhadores das fazendas de cacau. 
12 Escrava Isaura |Bernardo Guimarães
Não sei se desvirtuei esse trabalho contando meu caso com a filha do patrão. Mas isso 
entrou no livro naturalmente, apesar de não ter sido convidado. Um dia talvez eu volte às 
fazendas de cacau. Hoje tenho alguma coisa a ensinar. Se eu não voltar, Colodino 
voltará.”
Essa vai ser a grande diferença que o leitor vai notar nas obras regionalistas, as obras 
naturalistas destacavam problemas mais gerais: o preconceito, a homossexualidade, já 
os regionalistas, além da fuga do urbano para o rural, aplicavam seu foco literário sobre a 
região destacando problemas que só ali haviam para que a sociedade visse o que se 
passava ali.
Personagens
A construção dos personagens é simples. Eles são facilmente indentificáveis e não 
mudam seu comportamento nem suas características. Maniqueístas, os envolvidos na 
trama são bons ou maus e permanecem nessa condição no transcorrer da história.
Isaura: É a personagem central do romance. Filha da escrava Juliana e do bom feitor 
Miguel, Isaura é dócil, formosa, educada, letrada e repleta de dons artísticos. Escrava 
submissa, ela suporta o assédio de Leôncio, filho do comendador Almeida, porque 
acredita que só deve se entregar a um homem por amor. Veja a descrição de Isaura:
“Acha-se ali sozinha e sentada ao piano uma bela e nobre figura de moça (...) A tez é 
como marfim do teclado (...) O colo donoso e do mais puro lavro sustenta com graça 
inefável o busto maravilhoso. Os cabelos soltos e fortemente ondulados se despenham 
caracolando pelos ombros em espessos e luzidios rolos.”
Leôncio: O vilão da trama. Filho único do comendador Almeida, o dono da fazenda 
situada em Campos dos Goitacases (RJ), é uma criança difícil, que cresce e se torna um 
homem inescrupuloso. Casa-se com a rica Malvina, mais é incansável na perseguição a 
Isaura. Veja a descrição de Leôncio:
“Mau aluno e criança incorrigível, turbulento e insubordinado, andou de colégio em 
colégio (...) Matriculado na escola de medicina, logo no primeiro ano enjoou-se daquela 
disciplina, e como seus pais não sabiam contrariá-lo, foi-se para Olinda a fim de 
frequentar o curso jurídico. Ali, depois de ter dissipado não pequena porção da fortuna 
paterna na satisfação de todos os seus vícios e loucas fantasias, tomou tédio também aos 
estudos jurídicos.”
Álvaro: É i bom moço da história. Conhece Isaura quando esta foge com o pai para 
Recife. Tornam-se amigos e em pouco tempo a amizade dá lugar a um profundo amor. 
Por princípio, Álvaro é abolicionista e, como prova, emancipa todos os escravos que eram 
herança da fazenda de seus pais. Leia algumas características enumerdas pelo escritor 
sobre Álvaro:
“Era um desses entes privilegiados, sobre quem a natureza e a fortuna parece terem 
querido despejar á porfia todo o cofre de seus favores. Filho único de uma distinta e 
13Escrava Isaura |Bernardo Guimarães
opulenta família (...) Era de estatura regular, esbelto, bem-feito e belo (...) Tinha ódio a 
todos os privilégios e distinções sociais, e é escusado dizer que era liberal, republicano e 
quase socialista.”
Miguel: Pai de Isaura. Feitor da fazenda do comendador Almeirda, coloca-se ao 
lado da filha e a protege da perseguição de Leôncio.
Juliana: Mãe de Isaura. Linda mulata, é a criada predileta da esposa do comendador 
Almeida. Morre jovem em razão dos castigos praticados pelo comendador.
Malvina: A esposa de Leôncio. Filha de um rico negociante da corte, é um formosa e 
elegante dama da sociedade.
Henrique: O irmão de Malvina. Estudante de medicina, tem dignidade e bom 
coração, mas também tenta seduzir Isaura.
Belchior: É o jardineiro da fazenda. Torto, de cabeça grande, tronco raquítico e 
pernas arqueadas, Belchior é apaixonado por Isaura. Tem o costume de dar flores á 
mulher cujo amor não é correspondido.
Comendador Almeida: Pai de Leôncio e dono da majestosa fazenda. Com idade 
avançada e cheio de enfermidades, ele delega a administração da fazenda ao filho.
Rosa: É uma amante de Leôncio. Linda e esbelta, passa a nutrir ódio por Isaura 
depois que esta vira a menina dos olhos de Leôncio.
André: É o pajem de Miguel. Atraído pela beleza de Isaura, também tece galanteios 
á filha do feitor, que o afasta de imediato.
Dr. Geraldo: Amigo de Álvaro. Advogado conceituoso, é o ponto de equilíbrio para 
Álvaro ponderar suas atitudes em relação á condição de Isaura como escrava.
Martinho: É um espião que presta serviço a Leôncio. Ganancioso, ele descobre 
Isaura no baile e conta a seu senhor com o objetivo de ganhar muito dinheiro.
Vejamos como Guimarães descreve sua heroína:
“A tez é como o marfim do teclado, alva que não deslumbra, embaçada por uma 
nuança delicada, que não sabereis dizer se é leve palidez ou cor-de-rosa desmaiada. (.) Na 
fronte calma e lisa como o mármore polido, a luz do ocaso esbatia um róseo e suave 
reflexo; di-la-íeis misteriosa lâmpada de alabastro guardando no seio diáfano o fogo 
celeste da inspiração.”
Leôncio é o vilão leviano, devasso e insensível que, de "criança incorrigível e 
insubordinada" e adolescente que sangra a carteira do pai com suas aventuras, acaba 
por tornar-se um homem cruel e inescrupuloso, casando-se com Malvina, linda, ingênua 
e rica, por ser "um meio mais suave e natural de adquirir fortuna". Persegue Isaura e se 
recusa a cumprir a vontade de sua mãe, já falecida, que queria dar a ela a liberdade e 
alguma renda para viver com dignidade.
14 Escrava Isaura |Bernardo Guimarães
Álvaro é um rico herdeiro, cavalheiro nobre e de caráter impecável, que "tinha ódio a 
todos os privilégios e distinções sociais, e é escusado dizer que era liberal, republicano e 
quase socialista"; um jovem de idéias igualitárias, idealista e corajoso para lutar contra os 
valores da sociedade a que pertence. Sua conduta moral é assim descrita pelo autor:
“Original e excêntrico como um rico lorde inglês, professava em seus costumes a 
pureza e severidade de um quacker. Todavia, como homem de imaginação viva e coração 
impressionável, não deixava de amar os prazeres, o luxo, a elegância, e sobretudo as 
mulheres, mas com certo platonismo delicado, certa pureza ideal, próprios das almas 
elevadas e dos corações bem formados.”
Apaixonado por Isaura, o grande obstáculo que Álvaro precisa vencer é o fato de ser 
Isaura propriedade legítima de Leôncio. Para isso, vai à corte, descobre a falência de 
Leôncio, adquire seus bens e desmascara o vilão. Liberta Isaura e casa-se com ela, 
desafiando, assim, os preconceitos da sociedade escravocrata.
Nos demais personagens o processo de construção é o mesmo. Miguel, pai de 
Isaura, foge do conceito tradicional do mau feitor. Quando feitor da fazenda de Leôncio, 
tratara bem aos escravos e amparara Juliana, mãe de Isaura, nas suas desditas com o pai 
de Leôncio. Pai extremoso, deseja libertar a filha do jugo da escravidão e não mede 
esforços para isso.
Martinho é o protótipo do ganancioso: cabeça grande, cara larga, feições grosseiras 
e "no fundo de seus olhos pardos e pequeninos,. reluz constantemente um raio de 
velhacaria". Por querer ganhar muito dinheiro entregando Isaura ao seu senhor, acaba 
por não ganhar nada.
Já Belchior é o símbolo da estupidez submissa e também sua descrição física se 
presta a demonstrar sua conduta: feio, cabeludo, atarracado e corcunda. O crítico 
Manuel Cavalcanti Proença aponta "o parentesco entre o disforme e grotesco (de gruta) 
Belchior, e o Quasímodo de O Corcunda de Notre Dame, de Víctor Hugo, romance de 
extraordinária voga, ainda não de todo perdida, no Brasil."
O Dr. Geraldo é um advogado conceituado, que serve como fiel da balança para 
Álvaro, já que procura equilibrar os arroubos do amigo,mostrando-lhe a realidade dos 
fatos.
Quando Álvaro, revoltado com a condição de Isaura e indignado com os horrores da 
escravidão, dispõe-se a unir-se a ela, mesmo sabendo que escandalizaria a sociedade, 
Geraldo retruca lucidamente que a fortuna de Álvaro lhe dá independência para 
"satisfazer os teus sonhos filantrópicos e os caprichos de tua imaginação romanesca". O 
que não é, na verdade, característica restrita apenas à sociedade escravocrata do século 
XIX.
RESUMO
Em uma bela fazenda, no município de Campos de Goitacases (RJ), morava Isaura, 
uma linda escrava de cor de marfim. Isaura era filha de uma bonita escrava que por não se 
sujeitar aos sórdidos desejos do senhor comendador Almeida (dono da casa) sofreu as 
mais terríveis privações. Esta escrava teve um caso com o feitor Miguel, que era um bom 
15Escrava Isaura |Bernardo Guimarães
homem e não aceitou castigá-la como mandou o seu senhor, sendo Isaura fruto desse 
relacionamento. Isaura foi educada pela mulher do comendador, e era dotada de natural 
bondade e candura do coração além de saber ler, escrever, italiano, francês e piano. A 
mulher do comendador tinha desejo de libertar Isaura, porém não fazia para conservá-la 
perto e assim ter companhia.
O Sr. Almeida se aposenta, retirando-se para a corte e entrega a fazenda a seu filho 
Leôncio. Este era digno herdeiro de todos os maus instintos e devassidão do 
comendador.
Casou-se por especulação. Nutre por Isaura o mais cego e violento amor. Ele chega à 
fazenda com sua mulher - Malvina - e seu cunhado - Henrique. Malvina era mulher dócil e 
tratava Isaura muito bem. Henrique era um filho rico, estudante de medicina, e também 
ficou tocado pela beleza de Isaura. Morre a mãe de Leôncio sem deixar testamento que 
libertasse Isaura.
Henrique rapidamente percebe as intenções de Leôncio para com Isaura. Temendo 
que ele traia sua irmã, adverte que não vai tolerar tal ato. Henrique se oferece como 
amante para Isaura e daria em troca sua liberdade. O jardineiro da fazenda, um ser 
disforme e desprezível, também se oferece como amante. Isaura não dá atenção a essas 
propostas, e diz nunca casar sem amor. Leôncio é avistado por Henrique e Malvina 
quando fazia semelhante proposta à Isaura. Malvina sentencia: ou ela (Isaura) ou eu.
No mesmo momento da calorosa discussão, aparece o pai de Isaura com o dinheiro 
suficiente, uma enorme quantia de 10 contos de réis, para comprar a liberdade dela 
conforme havia prometido o comendador Almeida. Leôncio não aceita o dinheiro e dá 
desculpas.
Morre o pai de Leôncio e ele finge imensa tristeza por dias, e fica temporariamente 
sem brigar com a mulher. Passado certo tempo, Malvina continua a pressão para libertar 
Isaura. Com as desculpas e adiamentos de Leôncio, ela decide voltar para casa do seu pai. 
A sua saída era caminho livre para os intentos indecentes de Leôncio. Como Isaura 
continuava a resistir, Leôncio ameaça com torturas. Miguel, sabendo do acontecido, 
decide fugir com Isaura para o Norte.
Chegando a Recife, Isaura muda seu nome para Elvira e Miguel para Anselmo (para 
ninguém os descobrirem) passando a morarem numa chácara no bairro de Santo 
Antônio. Álvaro era um moço rico, filho de uma distinta e opulente família, liberal, 
republicano e abolicionista ao extremo.
Ele avista Isaura ao passear perto da sua chácara e a conhece, passando a visitá-la 
constantemente. Álvaro se utiliza de todos os meios para convencer Isaura a ir a um baile 
com ele. Isaura não queria ir para não enganar a sociedade e iludir o seu amante. Ela por 
diversas vezes tentou contar a Álvaro que se tratava de uma escrava fugida, mas não 
tinha coragem.
No baile, Isaura se destaca no meio de todas as mulheres devido a sua beleza e por 
tocar muito bem piano. Contudo, é reconhecida por Martinho - um estudante de sórdida 
ganância e espírito de cobiça - que havia guardado um anúncio de escravo fugido. Ele 
provoca um escândalo durante o baile e Isaura confessa diante de toda a sociedade se 
tratar de uma escrava. Álvaro, não obstante, defende Isaura das mãos imundas de 
16 Escrava Isaura |Bernardo Guimarães
Martinho. Martinho, sem conseguir levá-la, escreve para Leôncio informando que havia 
achado sua escrava.
Graças à valiosa intervenção de Álvaro, Miguel e Isaura continuam na sua chácara 
em Santo Antônio na espera das ações que ele havia prometido tomar. Isaura conta que 
fugiu para escapar do amor de um senhor cruel. Enquanto Álvaro se encontrava na 
chácara, Leôncio aparece para sua surpresa e exige levar Isaura. Leôncio encontrava-se 
munido de um mandado de prisão contra Miguel e guardas para levar sua escrava.
A aparição é seguida de forte discussão e Álvaro avança contra Leôncio. A briga é 
cessada com a aparição de Isaura que se entrega ao seu senhor.
Isaura volta à fazenda onde fica na mais completa reclusão. Leôncio volta para 
Malvina, pois iria precisar do seu dinheiro. Miguel é ludibriado na cadeia e convencido
a tentar persuadir Isaura a se casar com Belchior, o jardineiro da fazenda, em troca da 
liberdade sua e da filha.
Isaura aceita o sacrifício, pois estava sem forças e sem esperança. Leôncio já havia 
tomado todas as providências para o casamento, quando é informado que alguns 
cavalheiros chegaram. Pensando se tratar do vigário e do tabelião, manda eles entrarem. 
Fica surpreso ao ver Álvaro. Este tinha ido ao Rio de Janeiro e descobre com alguns 
comerciantes que Leôncio estava falido. Compra os seus créditos e fica dono de toda a 
dívida de Leôncio.
Álvaro fala para Leôncio que nada mais o pertence, que toda a sua fazenda incluindo 
os escravos passava a ser dele com a execução dos débitos. Isaura abraça Álvaro. Leôncio 
jura que nunca irá implorar a sua generosidade para abrandar a dívida. Ele se ausenta da 
sala e se mata.
Exercícios sobre o romance
01. Em poucas palavras o livro se resume em: 
a. Estudos sobre o culto, o direito, as instituições da Grécia e de Roma.
b. No livro são contadas as aventuras e desventuras de uma bela escrava mestiça em 
busca de sua liberdade.
c. Reporta-se um episódio da História do Brasil: a luta travada entre as cidades de 
Olinda e Recife, nos anos de 1710 e 1711.
d. Conta a história de Macabéa, personagem protagonista, vinda de Alagoas para o 
Rio de Janeiro, onde vivia com mais quatro colegas de quarto, além de trabalhar 
como datilógrafa.
02. O vilão leviano, devasso e insensível que, de "criança incorrigível e insubordinada" a 
adolescente que sangra a carteira do pai com suas aventuras, acaba por tornar-se 
um homem cruel e inescrupuloso era:
a. Álvaro
b. Belchior 
c. Dr. Geraldo
d. Leôncio
17Escrava Isaura |Bernardo Guimarães
03. A protagonista e antagonista são, respectivamente:
a. Isaura e Belchior 
b. Rosa e Álvaro 
c. Isaura e Miguel 
d. Isaura e Leôncio
04. Uma linda escrava de cor de marfim, Isaura, morava em uma magnífica fazenda, no 
município de Campos de Goytacazes, no estado de:
a. São Paulo 
b. Bahia 
c. Rio de Janeiro 
d. Pará 
05. Qual era o nome que Isaura atendia em seu disfarce, quando estava em Recife?
a. Elvira 
b. Tomásia 
c. Rosa 
d. Josefa 
06. Apaixonado por Isaura, o grande obstáculo que Álvaro precisa vencer é o fato de ser 
Isaura propriedade legítima de Leôncio. Como ele resolve isso?
a. Tratara bem aos escravos e amparara Juliana, mãe de Isaura, nas suas desditas 
com o pai de Leôncio.
b. Não deixava de amar os prazeres, o luxo, a elegância, e, sobretudo as mulheres.
c. Dispõe-se a unir-se com Isaura, mesmo sabendo que escandalizaria a sociedade.
d. Vai à corte, descobre a falência de Leôncio, adquire seus bens e desmascara o 
vilão. Liberta Isaura e casa-se com ela, desafiando, assim, os preconceitos da 
sociedade escravocrata.
07. A Escrava Isaura é um romance de:
a. Carlos Drummond 
b. Machado de Assis 
c. Bernardo Guimarães 
d. Clarisse Lispector
08. O autor pretende, nesta obra, fazer uma acusação documentada:
a. Discriminação social 
b. anti-escravo e da liberdade 
c. Desvio de verbas 
d. Problemas sociais
09. O autor explorouuma das questões mais polêmicas da sociedade brasileira da época 
relativas a:
18 Escrava Isaura |Bernardo Guimarães
a. Drogas 
b. Ética e ciência 
c. A escravidão. 
d. Religião.
10 . Quem sofre um amor impossível por Isaura?
a. Belchior
b. Álvaro
c. Leôncio
d. Comendador Almeida 
11. Com quem Isaura era comparada?
a. Deusa Vênus
b. Iracema
c. Atenas
d. Hera
12. Leia com atenção o trecho extraído de A Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães. 
Assinale a alternativa INCORRETA a respeito da obra. 
Acha-se ali sozinha e sentada ao piano uma bela e nobre figura de moça. As linhas 
do perfil desenham-se distintamente entre o ébano da caixa do piano e as bastas 
madeixas ainda mais negras do que ele. São tão puras e suaves essas linhas, que fascinam 
os olhos, enlevam a mente e paralisam toda análise. A tez é como o marfim do teclado, 
alva que não deslumbra, embaçada por uma nuança delicada, que não sabereis dizer se é 
leve palidez ou cor-de-rosa desmaiada. (...) Os encantos da gentil cantora eram ainda 
realçados pela singeleza, e diremos quase pobreza, do modesto trajar. (GUIMARÃES, 
2002, p. 19.) 
a. O trecho ilustra a característica romântica de exaltação da mulher, por meio de 
descrições minuciosas que destacam a beleza física. 
b. O retrato de mulher apresentado no início do livro corresponde ao projeto 
ideológico manifestado pelo autor de valorização da beleza e da cultura negras. 
c. O trecho evidencia o caráter subjetivo do romance romântico, em que se 
destacam as impressões pessoais do narrador e o excesso de adjetivos. 
d. O retrato de mulher apresentado no trecho representa os ideais românticos de 
beleza feminina, que dá ênfase à beleza frágil e contemplativa
Da questão 13 a 17, você vai usar o texto abaixo.
Texto crítico
"Embora seja importante indagar das razões por que público brasileiro dos anos de 
1870 avidamente leu e com entusiasmo aplaudiu "A Escrava Isaura", razões que 
encontram o principal motivo em onda então crescente de sentimento abolicionista – 
convenhamos em que muito mais importante o comportamento desse público é, para a 
19Escrava Isaura |Bernardo Guimarães
crítica, a natureza desse romance.
Mesmo lido com simpatia, "A Escrava Isaura" não resiste à crítica. Seu enredo 
resulta em ser inverossímel, tais e tantos são os expedientes primários do Autor, usados 
para conduzir por determinados caminhos e para desenlace preestabelecido: em 
freqüentes ex-abruptos, mudam os sentimentos dos protagonistas com relação à bela e 
desditosa Isaura, e assim de protetores se transformam de pronto em pérfidos algozes, 
servindo à linha dramática premeditada pelo ficcionistas; não menos precipitada e 
artificialmente se engendram e desenrolam as situações ou episódios concebidos sempre 
com a intenção de marcar "passus" da vida "crucis" da desgraçada heroína, que, por 
fim, mais arrastada pelo autor que pelas forças do drama que vive, encontra no alto do 
seu calvário, ao invés do sacrifício final (o que teria dado ao romance verossimilhança e 
força), a salvação e a felicidade de extrema.
Tão primário e artificial quanto enredo que domina a obra, dando-lhe típica 
estrutura novelesca ou romanesca, é, não digo a concepção, mas o modo de conduzir 
personagens: Isaura, Malvina, Rosa, Leôncio, Álvaro, Belchior, André, o Dr. Geraldo, 
Martim e Miguel, se têm peculiaridades físicas e morais que os caracterizam 
suficientemente e os individualizam na galeria das personagens da ficção romântica, se 
ocupam posições bem "marcadas" no palco dos acontecimentos, decomposto em dois 
cenários (uma fazenda de café da Baixada Fluminense e o Recife), não chegam contudo, 
a receber suficiente estofo psicológico: daí a impressão que deixam, não apenas de 
símbolos dramáticos quase vazios, senão que também títeres (vá lá a cansada imagem) 
conduzidos pelo autor, para esta ou aquela ação indispensável, a seu ver, às suas 
principais intenções".
(Antônio Soares Amora, "O Romantismo", vol. II da A Literatura Brasileira).
13. Segundo o texto:
a. "A Escrava Isaura" consagrou-se como um bom romance por causa da aceitação 
que teve entre o público leitor de 1870.
b. "A Escrava Isaura" não é um bom romance porque o público leitor de 1870 o leu 
avidamente e o aplaudiu com entusiasmo.
c. O leitor deve ter muito cuidado ao ler ou aplaudir um romance, pois poderá 
consagrar uma obra medíocre.
d. "A Escrava Isaura" não é um bom romance para a crítica, embora o público o haja 
lido com entusiasmo, movido pelo sentimento abolicionista.
14. Antônio Soares Amora diz-nos, no texto, que:
a. a crítica, ao avaliar um romance, baseia-se na natureza da obra e não 
simplesmente nas reações do público leitor;
b. a crítica ataca os romances que cativam a simpatia e o entusiasmo dos leitores;
c. Bernardo Guimarães, ao escrever seu romance "A Escrava Isaura", não se 
preocupou com a crítica e, sim, com a Abolição;
d. é muito difícil a crítica avaliar romances de grande popularidade e aceitação;
e. romance da natureza é para a crítica muito mais importante do que o 
comportamento do público leitor.
20 Escrava Isaura |Bernardo Guimarães
15. Ainda, de acordo com o texto:
a. enredo inverossímel de "A Escrava Isaura" resulta de um autor primário que se 
perde nos caminhos escolhidos para um fim determinado;
b. os protetores de Isaura transformam-se em seus algozes, crucificando-a no final 
do romance;
c. os recursos empregados pelo Autor forçam um defeso preestabelecido;
d. a parte mais inverossímel do romance é a que assinala os "passus" da "via crucis" 
de Isaura;
e. embora reconhecesse a inverossimilhança do drama, o autor via nela a salvação e 
felicidade extrema da heroína.
16. De texto concluímos que:
a. de tal modo os episódios de "A Escrava Isaura" são dominados pela precipitação 
e artificialidade, que a ação resulta muito mais da inserção do Autor do que das 
forças do conflito;
b. a típica estrutura novelesca de "A Escrava Isaura" caracteriza-se pelo 
desenvolvimento do enredo, pela concepção das personagens e pelo desfecho;
c. em "A Escrava Isaura" o Autor vive um drama cujas forças o arrastam a um 
calvário onde encontra, em vez do sacrifício final, a sua felicidade;
d. a bela e desditosa Isaura muda os sentimentos dos protagonistas, levando-os ao 
sacrifício final, no alto do calvário;
e. para a heroína é muito mais importante encontrar a salvação e a felicidade 
extrema do que o sacrifício final, no alto do Calvário.
17. O texto afirma que:
a. as personagens Isaura, Malvina, Rosa, Leôncio, Álvaro, Belchior, Dr. Geraldo, 
Martim e Miguel são suficientemente caracterizados física, moral e 
psicologicamente;
b. uma falha comparável no primarismo e artificialidade do enredo é a concepção 
das personagens de "A Escrava Isaura';
c. as personagens títeres cansam o leitor, à medida que o Autor as conduz a esta ou 
àquela ação indispensável ao enredo;
d. as personagens, conduzidas de modo primário e artificial, sem profundidade 
psicológica, são como fantoches nas mãos do Autor;
e. sem o artificialismo das personagens, "A Escrava Isaura" teria resistido à crítica.
21Escrava Isaura |Bernardo Guimarães
DA ESCOLA LITERÁRIA
Apesar das obras de Machado de Assis em sua maioria fazerem parte do Realismo, o 
romance ‘’Helena’’ escrito em 1876 se encaixa na "fase romântica", quando melhor se 
diriam "de compromisso" ou "convencionais" do escritor. Entretanto, destaca que a 
genialidade do autor transcende a qualquer escola em que se possa colocar.
A obra de Machado, segundo alguns críticos, pode ser dividida em duas fases: 
romântica ou convencional e realista.
1ª fase: Romântica
“Ressurreição” (1872)
“A Mão e a Luva” (1874)
“Helena” (1876)
“Iaiá Garcia” (1878)
Os romances de sua primeira fase se caracterizam por uma mistura de romantismo 
agonizante e psicologismo incipiente. Observam-se aqui e ali perfeitas construções 
estilísticas, renúncia à ação aventureira e melodramática dos românticos, certa agudeza 
em tratar os caracteres dos personagens; mas o grave equívoco destesromances é que 
Machado os submete à moral e aos padrões da época.
2ª fase: Realista
“Memórias Póstumas de Brás Cubas” (1881)
“Quincas Borba” (1891)
“Dom Casmurro” (1900)
“Esaú e Jacó” (1908)
“Memorial de Aires” (1908)
Análise da Obra 
Machado de Assis
Iaiá Garcia
UVA 2015.2
Análise das Obras | UVA 2015.222
Pode-se encontrar a verdadeira essência do Machado de Assis nesta 2ª fase. Quebra 
da atitude narrativa e da estrutura linear, análise psicológica, uma nova visão do mundo e 
o senso de humor destacam o realismo na obra do escritor.
Dessa forma ‘’Helena’’ se comporta de forma Romântica, mas, assim como 
‘’Senhora’’, de José de Alencar, o livro possui características pré-realistas.
MACHADO DE ASSIS – vida e obra
Fonte de Pesquisa: http://www.releituras.com/machadodeassis_bio.asp
Acesso: 05 de janeiro de 2013
Joaquim Maria Machado de Assis, cronista, contista, dramaturgo, jornalista, poeta, 
novelista, romancista, crítico e ensaísta, nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 21 de 
junho de 1839. Filho de um operário mestiço de negro e português, Francisco José de 
Assis, e de D. Maria Leopoldina Machado de Assis, aquele que viria a tornar-se o maior 
escritor do país e um mestre da língua, perde a mãe muito cedo e é criado pela madrasta, 
Maria Inês, também mulata, que se dedica ao menino e o matricula na escola pública, 
única que frequentará o autodidata Machado de Assis.
De saúde frágil, epilético, gago, sabe-se pouco de sua infância e início da juventude. 
Criado no morro do Livramento, consta que ajudava a missa na igreja da Lampadosa. 
Com a morte do pai, em 1851, Maria Inês, à época morando em São Cristóvão, 
emprega-se como doceira num colégio do bairro, e Machadinho, como era chamado, 
torna-se vendedor de doces. No colégio tem contato com professores e alunos e é até 
provável que assistisse às aulas nas ocasiões em que não estava trabalhando.
Mesmo sem ter acesso a cursos regulares, empenhou-se em aprender. Consta que, 
em São Cristóvão, conheceu uma senhora francesa, proprietária de uma padaria, cujo 
forneiro lhe deu as primeiras lições de Francês. Contava, também, com a proteção da 
madrinha D. Maria José de Mendonça Barroso, viúva do Brigadeiro e Senador do Império 
Bento Barroso Pereira, proprietária da Quinta do Livramento, onde foram agregados seus 
pais.
Aos 16 anos, publica em 12-01-1855 seu primeiro trabalho literário, o poema "Ela", 
na revista Marmota Fluminense, de Francisco de Paula Brito. A Livraria Paula Brito acolhia 
novos talentos da época, tendo publicado o citado poema e feito de Machado de Assis 
seu colaborador efetivo.
Com 17 anos, consegue emprego como aprendiz de tipógrafo na Imprensa 
Nacional, e começa a escrever durante o tempo livre. Conhece o então diretor do órgão, 
Manuel Antônio de Almeida, autor de Memórias de um sargento de milícias, que se 
torna seu protetor.
Em 1858 volta à Livraria Paula Brito, como revisor e colaborador da Marmota, e ali 
integra-se à sociedade lítero-humorística Petalógica, fundada por Paula Brito. Lá constrói 
o seu círculo de amigos, do qual faziam parte Joaquim Manoel de Macedo, Manoel 
Antônio de Almeida, José de Alencar e Gonçalves Dias.
Começa a publicar obras românticas e, em 1859, era revisor e colaborava com o 
jornal Correio Mercantil. Em 1860, a convite de Quintino Bocaiúva, passa a fazer parte da 
redação do jornal Diário do Rio de Janeiro. Além desse, escrevia também para a revista O 
Iaiá Garcia |Machado de Assis 23
Espelho (como crítico teatral, inicialmente), A Semana Ilustrada(onde, além do nome, 
usava o pseudônimo de Dr. Semana) e Jornal das Famílias.
Seu primeiro livro foi impresso em 1861, com o título Queda que as mulheres têm 
para os tolos, onde aparece como tradutor. No ano de 1862 era censor teatral, cargo 
que não rendia qualquer remuneração, mas o possibilitava a ter acesso livre aos teatros. 
Nessa época, passa a colaborar em O Futuro, órgão sob a direção do irmão de sua futura 
esposa, Faustino Xavier de Novais.
Publica seu primeiro livro de poesias em 1864, sob o título de Crisálidas.
Em 1867, é nomeado ajudante do diretor de publicação do Diário Oficial.
Agosto de 1869 marca a data da morte de seu amigo Faustino Xavier de Novais, e, 
menos de três meses depois, em 12 de novembro de 1869, casa-se com Carolina 
Augusta Xavier de Novais.
Nessa época, o escritor era um típico homem de letras brasileiro bem sucedido, 
confortavelmente amparado por um cargo público e por um casamento feliz que durou 
35 anos. D. Carolina, mulher culta, apresenta Machado aos clássicos portugueses e a 
vários autores da língua inglesa.
Sua união foi feliz, mas sem filhos. A morte de sua esposa, em 1904, é uma sentida 
perda, tendo o marido dedicado à falecida o soneto Carolina, que a celebrizou.
Seu primeiro romance, Ressurreição, foi publicado em 1872. Com a nomeação para 
o cargo de primeiro oficial da Secretaria de Estado do Ministério da Agricultura, 
Comércio e Obras Públicas, estabiliza-se na carreira burocrática que seria o seu principal 
meio de subsistência durante toda sua vida.
No O Globo de então (1874), jornal de Quintino Bocaiúva, começa a publicar em 
folhetins o romance A mão e a luva. Escreveu crônicas, contos, poesias e romances para 
as revistas O Cruzeiro, A Estação e Revista Brasileira.
Sua primeira peça teatral é encenada no Imperial Teatro Dom Pedro II em junho de 
1880, escrita especialmente para a comemoração do tricentenário de Camões, em 
festividades programadas pelo Real Gabinete Português de Leitura.
Na Gazeta de Notícias, no período de 1881 a 1897, publica aquelas que foram 
consideradas suas melhores crônicas.
Em 1881, com a posse como ministro interino da Agricultura, Comércio Obras 
Públicas do poeta Pedro Luís Pereira de Sousa, Machado assume o cargo de oficial de 
gabinete.
Publica, nesse ano, um livro extremamente original , pouco convencional para o 
estilo da época: Memórias Póstumas de Brás Cubas -- que foi considerado, juntamente 
com O Mulato, de Aluísio de Azevedo, o marco do realismo na literatura brasileira. 
Extraordinário contista, publica Papéis Avulsos em 1882, Histórias sem data (1884), 
Vária Histórias (1896), Páginas Recolhidas (1889), e Relíquias da casa velha (1906).
Torna-se diretor da Diretoria do Comércio no Ministério em que servia, no ano de 
1889.
Grande amigo do escritor paraense José Veríssimo, que dirigia a Revista Brasileira, 
24 Iaiá Garcia |Machado de Assis
em sua redação promoviam reuniões os intelectuais que se identificaram com a idéia de 
Lúcio de Mendonça de criar uma Academia Brasileira de Letras. Machado desde o 
princípio apoiou a idéia e compareceu às reuniões preparatórias e, no dia 28 de janeiro de 
1897, quando se instalou a Academia, foi eleito presidente da instituição, cargo que 
ocupou até sua morte, ocorrida no Rio de Janeiro em 29 de setembro de 1908. Sua 
oração fúnebre foi proferida pelo acadêmico Rui Barbosa.
É o fundador da cadeira nº. 23, e escolheu o nome de José de Alencar, seu grande 
amigo, para ser seu patrono.
Por sua importância, a Academia Brasileira de Letras passou a ser chamada de Casa 
de Machado de Assis.
Dizem os críticos que Machado era "urbano, aristocrata, cosmopolita, reservado e 
cínico, ignorou questões sociais como a independência do Brasil e a abolição da 
escravatura. Passou ao longe do nacionalismo, tendo ambientado suas histórias sempre 
no Rio, como se não houvesse outro lugar. ... A galeria de tipos e personagens que criou 
revela o autor como um mestre da observação psicológica. ... Sua obra divide-se em 
duas fases, uma romântica e outra parnasiano-realista, quando desenvolveu 
inconfundível estilo desiludido, sarcástico e amargo. O domínio da linguagem é sutil e o 
estilo é preciso, reticente. O humor pessimista e a complexidade do pensamento, além 
da desconfiança na razão (no seu sentido cartesiano e iluminista), fazem com que se 
afaste de seus contemporâneos."
BIBLIOGRAFIA:
Comédia:
Desencantos, 1861.
Tu, só tu, puro amor, 1881.
Poesia:
Crisálidas,1864.
Falenas, 1870.
Americanas, 1875.
Poesias completas, 1901.
Romance:
Ressurreição, 1872.
A mão e a luva, 1874.
Helena, 1876.
Iaiá Garcia, 1878.
Memórias Póstumas de Brás Cubas, 1881.
Quincas Borba, 1891.
Dom Casmurro, 1899.
Esaú Jacó, 1904.
Memorial de Aires, 1908.
25Iaiá Garcia |Machado de Assis
Conto:
Contos Fluminenses,1870.
Histórias da meia-noite, 1873.
Papéis avulsos, 1882.
Histórias sem data, 1884.
Várias histórias, 1896.
Páginas recolhidas, 1899.
Relíquias de casa velha, 1906.
Teatro:
Queda que as mulheres têm para os tolos, 1861
Desencantos, 1861
Hoje avental, amanhã luva, 1861.
O caminho da porta, 1862.
O protocolo, 1862.
Quase ministro, 1863.
Os deuses de casaca, 1865.
Tu, só tu, puro amor, 1881.
Algumas obras póstumas:
Crítica, 1910.
Teatro coligido, 1910.
Outras relíquias, 1921.
Correspondência, 1932.
A semana, 1914/1937.
Páginas escolhidas, 1921.
Novas relíquias, 1932.
Crônicas, 1937.
Contos Fluminenses - 2º. volume, 1937.
Crítica literária, 1937.
Crítica teatral, 1937.
Histórias românticas, 1937.
Páginas esquecidas, 1939.
Casa velha, 1944.
Diálogos e reflexões de um relojoeiro, 1956.
Crônicas de Lélio, 1958.
Conto de escola, 2002.
Antologias:
Obras completas (31 volumes), 1936.
Contos e crônicas, 1958.
Contos esparsos, 1966.
Contos: Uma Antologia (02 volumes), 1998
26 Iaiá Garcia |Machado de Assis
Em 1975, a Comissão Machado de Assis, instituída pelo Ministério da Educação e 
Cultura, organizou e publicou as Edições críticas de obras de Machado de Assis, em 15 
volumes.
Seus trabalhos são constantemente republicados, em diversos idiomas, tendo 
ocorrido a adaptação de alguns textos para o cinema e a televisão.
Elementos da Narrativa e Características
Autoria: Prof. Raul Castro
LINGUAGEM e ESTILO:
Elaborada em uma linguagem bem simples, pode-se considerar uma característica 
de um pré-realismo, a linguagem na obra é a mesma adotada no resto de suas obras.
O estilo de Machado de Assis assume uma originalidade despreocupada com as 
modas literárias dominantes de seu tempo. Mesmo suas obras iniciais — ‘’Ressurreição’’, 
‘’Helena’’, ‘’Iaiá Garcia’’ — que eram pertencentes ao Romantismo (ou ao 
convencionalismo), possuem uma ainda tímida análise do interior das personagens e do 
homem diante da sociedade, que ele virá, mais amplamente, desenvolver em suas obras 
do Realismo. Os acadêmicos notam cinco fundamentais enquadramentos em seus 
textos: "elementos clássicos" (equilíbrio, concisão, contenção lírica e expressional), 
"resíduos românticos"(narrativas convencionais ao enredo), "aproximações realistas" 
(atitude crítica, objetividade, temas contemporâneos), "procedimentos impressionistas" 
(recriação do passado através da memória), e "antecipações modernas" (o elíptico e o 
alusivo engajados à um tema que permite diversas leituras e interpretações).
O estudioso Francisco Achcar traça um plano resumidamente no estilo de 
Machado de Assis, escrevendo:
"[...] alguns dos pontos mais importantes da prosa narrativa machadiana:
Machado é o grande mestre do foco narrativo de primeira pessoa, embora 
tenha exercido com mestria também o foco de terceira pessoa. Ele sabe colocar-
se no lugar de um narrador hipotético e vivenciar todos os seus grandes 
problemas.
Ao contrário dos realistas, que eram muito dependentes de um certo 
esquematismo determinista (isto é: pensavam que tudo, no comportamento 
humano, era determinado por causas precisas), Machado não procura causas 
muito explícitas ou claras para a explicação das personagens e situações. Ele sabe 
deixar na sombra e no mistério aquilo que seria inútil explicar. Foi justamente por 
não tentar explicar tudo que Machado não caiu na vulgaridade de muitos 
realistas, como Aluísio Azevedo. Há coisas que não se explicam, coisas que só 
podem ter descrição discreta. Nisso, Machado de Assis foi um grande mestre.
A frase machadiana é simples, sem enfeites. Os períodos em geral são 
curtos, as palavras muito bem escolhidas e não há vocabulário difícil (alguma 
dificuldade que pode ter um leitor de hoje se deve ao fato de que certas palavras 
27Iaiá Garcia |Machado de Assis
caíram em desuso). Mas com esses recursos limitados Machado consegue um 
estilo de extraordinária expressividade, com um fraseado de agilidade 
incomparável.
A descrição dos objetos se limita ao que neles é funcional, ou seja, àquilo que 
tenha que ver com a história que está sendo contada. O espaço é singelo, 
reduzido, e as coisas descritas parecem participar intimamente do espírito da 
narrativa.
Uma das maiores características da prosa de Machado de Assis é a forma 
contraditória de apreensão do mundo. Machado em geral apanha o fato em suas 
versões antagônicas, e isso lhe dá um caráter dilemático. É também uma forma 
superior e mais completa de ver as coisas. Machado tem os olhos voltados para as 
contradições do mundo.
Chamamos aparência aquilo que aparece a nossos olhos, aquilo que 
primeiramente surge à observação; chamamos essência aquilo que 
consideramos a verdade, aquilo que é encoberto pela aparência. Mas o que 
tomamos por essência pode não ser mais do que outra aparência. O estilo 
machadiano focaliza as personagens de fora para dentro, vai descascando as 
pessoas, aparência atrás de aparência. Por isso, Machado é considerado grande 
"analista da alma humana".
A linguagem machadiana faz referências constantes aos estilos de outros 
grandes autores do Ocidente. Na maioria dos casos, essas referências são 
implícitas, só podem ser percebidas por leitores familiarizados com as grandes 
obras da literatura. Esse é um dos motivos de se poder dizer que o estilo de 
Machado é um estilo "culto" (pois ele faz uso da cultura e sua compreensão 
aprofundada exige cultura da parte do leitor). Costuma-se chamar 
intertextualidade a esse diálogo que se estabelece, no texto de um escritor, com 
textos de outros autores, do presente ou do passado. Machado de Assis foi um 
grande virtuose da intertextualidade.
Em seus romances mais importantes, Machado de Assis pratica a 
interpolação de episódios, recordações, ou reflexões que se afastam da linha 
central da narrativa. Essas "intromissões" de elementos que aparentemente se 
desviam do tema central do livro correspondem a procedimentos chamados 
digressões. As digressões são, naturalmente, muito mais comuns nos romances 
do que nos contos, pois nestes a brevidade do texto não permite constantes 
retardamentos da narrativa. Nessas digressões, Machado é constantemente 
seduzido pelo impulso de falar sobre a própria obra que está escrevendo, isto é, 
faz metalinguagem, comentando os capítulos, as frases, a organização do todo. 
Embora também presente nos contos, esses elementos de metalinguagem são 
neles bem mais raros e discretos.
Uma das características mais atraentes e refinadas de Machado de Assis é 
sua ironia, uma ironia que, embora chegue francamente ao humor em certas 
situações, tem geralmente uma sutileza que só a faz perceptível a leitores de 
28 Iaiá Garcia |Machado de Assis
sensibilidade já treinada em textos de alta qualidade. Essa ironia é a arma mais 
corrosiva da crítica machadiana dos comportamentos, dos costumes, das 
estruturas sociais. Machado a desenvolveu a partir de grandes escritores ingleses 
que apreciava e nos quais se inspirou (sobretudo o originalíssimo Lawrence 
Sterne, romancista do século XVIII). Na representação dos comportamentos 
humanos, a ironia de Machado de Assis se associa àquilo que é classificado como 
o seu grande poder de analista da alma humana'."
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Estilo_de_Machado_de_Assis
FOCO NARRATIVO
A narrativa é toda em 3ª pessoa, portanto é onisciente, heterodiegético, Machado 
tem como característica a análise do perfil feminino, e o psicologismo, sua marca 
registrada; para isso precisa de um narrador que não esteja na história.
Notamos tal peculiaridade no capítulo IV quando Jorge, após seu frustrante 
encontro com Estela sai desatinado e começa a ponderar sobre fatos:
- Tua mãe é que tem razão – bradava uma voz interior-...
- Quem tem razão és tu – dizia-lhe outra voz contrária-...
Aqui notamos que o narrador é onisciente pois é capaz de expressar os sentimentos 
internos e as suas reflexões ao longo da caminhada que faz.
TEMPO
A narrativa é cronológica com várias quebras de linearidade
ESPAÇO
Tudo ocorre no Rio de Janeiro, principalmente na Rua dos Inválidos, há também 
a guerra do Paraguai na qual Jorge vai para a guerra e lá serve por 4 anos.
PERSONAGENS 
Iaiá Garcia
Era alta, delgada, travessa; possuía os movimentos súbitos e incoerentes da 
andorinha. A boca desabrochava facilmente em riso, — um riso que ainda não toldavam 
as dissimulações da vida, nem ensurdeciam as ironias de outra idade.
Jorge
Filho de Valéria, apaixona-se por Estela, mas ao voltar da Guerra do Paraguai 
encanta-se por Iaiá Garcia.
Sr. Antunes
Era o escrevente e homem de confiança do marido de Valéria, ao longo de três anos 
de plena subserviência consolidou sua posição em meio a bajulações e gratificações do 
seu amigo-patrão, infelizmente nessa mesma época a esposa morreu deixando uma filha 
de apenas 10 anos. O esposo de Valéria, amigo e cordial, pagou os estudos da moça e 
com o tempo, sendo boa e gentil, foi ganhando o coração de Valéria até se hospedar em 
sua casa no dia em que terminou os estudos.
29Iaiá Garcia |Machado de Assis
Estela
Filha de Sr. Antunes, devia toda sua educação à família de Jorge, morava na casa de 
Valéria, e vai ser essa proximidade com o rapaz que desencadeará o interesse dele.
Pálida era, da palidez das monjas, mas sem nenhum tom de melancolia 
ascética. Tinha os olhos grandes, escuros, talhados à feição de amêndoa, por 
baixo de duas sobrancelhas lisas, cheias e corretas. Os olhos eram a parte mais 
saliente do rosto, a que dominava tudo, não obstante a harmonia das restantes 
feições; é que havia neles uma expressão de virilidade moral, que dava à beleza 
de Estela o principal característico. Uma por uma, as feições da moça eram 
graciosas e delicadas; mas a impressão que deixava o todo estava longe da 
meiguice natural do sexo. Estela, posta entre as musas, seria Melpomene. Tinha 
as formas; restava só que o destino fizesse correr sobre elas o gemido das 
paixões trágicas. Usualmente, trazia roupas pretas, cor que preferia a todas as 
outras. A mulher pálida, que não usa de preferência a cor preta, carece de um 
instinto. Estela possuía esse instinto do contraste. Nu de enfeites, o vestido 
punha-lhe em relevo o talhe esbelto, elevado e flexível. Nem ousava nunca 
trazê-lo de outro modo, sem embargo de algum dixe ou renda com que a viúva a 
presenteava de quando em quando; rejeitava de si toda a sorte de ornatos; nem 
folhos, nem brincos, nem anéis.
Eulália
Tinha dezenove anos, mas cabeça de trinta, era parenta da família de Jorge e é 
arranjada e sondada por Valéria para se casar com seu filho.
Era uma moça sem ilusões nem vaidades, talvez sem paixões, dotada de juízo reto e 
coração simples, e sobre tudo isso uma beleza sem mácula e uma elegância sem 
espavento.
Luís Garcia
Pai de Iaiá Garcia, no começo da trama possui 41 anos de idade e é assim 
descrito:
Era alto e magro, um começo de calva, barba raspada, ar circunspeto. Suas 
maneiras eram frias, modestas e corteses; a fisionomia um pouco triste. Um 
observador atento podia adivinhar por trás daquela impassibilidade aparente 
ou contraída as ruínas de um coração desenganado.
Assim era; a experiência, que foi precoce, produzira em Luís Garcia um 
estado de apatia e ceticismo, com seus laivos de desdém. ... Por fora, havia só a 
máscara imóvel, o gesto lento e as atitudes tranquilas.
Raimundo
Ex-escravo fiel de Luís Garcia, possuía 50 anos, era herança de seu pai, logo após 
pertencer ao Luís ele tratou logo de alforriá-lo, o escravo achando que estava sendo 
dispensado pensou até em rasgar, entre os dois havia uma eterna amizade.
De noite junto de seu senhor tocava marimba, cantigas alegres e felizes.
30 Iaiá Garcia |Machado de Assis
Depois dessa amizade só o amor que tinha por Iaiá Garcia, sempre quando ela vinha 
aos finais de semana guardava um presentinho para a garota.
Maria das Dores
A ama que a havia criado, uma pobre catarinense, para quem só havia duas 
devoções capazes de levar uma alma ao céu: Nossa Senhora e a filha de Luís Garcia.
Ia ela de quando em quando à casa deste, nos dias em que era certo encontrar lá a 
menina, e ia de S. Cristóvão, onde morava.
Não descansou enquanto não alugou um casebre em Santa Teresa, para ficar mais 
perto da filha de criação.
 RESUMO
O enredo se constitui de uma série de incidentes que giram sempre em torno do 
mesmo ponto, a realização ou a não-realização de um casamento. Todos os atos das 
personagens são conduzidos, de modo direto ou indireto, para a consecução ou para o 
impedimento desse objetivo. Assim, a ação do romance arma-se sobre a mesma 
sequência básica, repetida ao longo do relato com ligeiras variações, mas mantendo 
sistematicamente os elementos essenciais.
Como já citado, Iaiá Garcia trata do conflito social entre as classes, aproveitando 
como eixo o romance entre Jorge, um cavalheiro de alta sociedade e Estela, uma jovem 
pobre.
O romance se inicia com a apresentação de Luís Garcia, pai de Lina Garcia, chamada 
em seu círculo familiar de Iaiá. A personagem é convocada por Valéria para que a ajude a 
convencer o filho a alistar-se no exército brasileiro e participar da Guerra do Paraguai. Na 
descrição da personagem, ao iniciar o romance, Machado de Assis chama a atenção do 
leitor para certos aspectos de Luís Garcia:
No momento em que começa esta narrativa, tinha Luís Garcia quarenta e um anos. 
(...) Suas maneiras eram frias, modestas e corteses; a fisionomia um pouco triste. Um 
observador atento podia adivinhar por trás daquela impassividade aparente ou 
contraída as ruínas de um coração desenganado. Assim era; a experiência, que foi 
precoce, produzira em Luís Garcia um estado de apatia e ceticismo, com seus laivos de 
desdém. 
Nessa primeira descrição, podemos notar que não há nada a se esconder: o narrador 
apresenta as principais peculiaridades da personagem. Não é um “observador atento” 
que é chamado à leitura, pois o próprio narrador dá ao leitor a chave para o 
entendimento das futuras decisões tomadas por Luís Garcia logo na primeira página do 
romance. A descrição, nesse caso, funciona como um objeto de desvelamento: mostra 
aos leitores a impossibilidade de imputar à personagem qualquer outro caráter que não 
seja o de um “coração desenganado”.
No romance não há nada de oculto no caráter de Luís Garcia. Tudo sobre o pai de Iaiá 
foi dito na primeira oportunidade pelo narrador, de modo que a atenção do leitor ficasse 
presa à camada mais imediata do texto: aquela dos fatos a serem narrados. 
31Iaiá Garcia |Machado de Assis
A partir daí, pode-se dizer que a narrativa de Machado de Assis em Iaiá Garcia 
encontra-se a meio caminho entre o romance de feição popular e o problemático. Se por 
um lado há descrições que reduzem as personagens psicologicamente, mantendo a 
atenção do leitor voltada para a superfície mais direta da trama, por outro lado há a 
presença de certas sutilezas psicológicas que produzem um nível de problematicidade 
maior a ser enfrentado pelo leitor.
Logo após a descrição do pai, o narrador passa rapidamente para a descrição da 
filha:
Entretanto, das duas afeições de Luís Garcia, Raimundo era apenas a segunda; a 
primeira era uma filha. (...)
Contava onze anos e chamava-se Lina. O nome doméstico era Iaiá.(...) A boca 
desabrochava facilmente um riso, — um riso que ainda não toldavam as dissimulações 
da vida, nem ensurdeciam as ironias de outra idade.
Logo após a apresentação de Iaiá, temos a descrição do ambiente doméstico 
de seu pai. Vemos, nessa parte da narrativa, que a filha de Luís Garcia apresenta 
sutilezas psicológicas importantes. Observemos com cuidado:
(...) Dessa comparação extraiu a ideia do sacrifício que o pai devia ter feito 
para condescender com ela; ideia que a pôs triste, aindaque não por muito 
tempo, como sucede às tristezas pueris. A penetração madrugava, mas a dor 
moral fazia também irrupção naquela alma até agora isenta da jurisdição da 
fortuna. (ASSIS, 1975, p. 79)
Machado, nesse momento, apresenta-nos um problema: Iaiá reconhece que o pai 
sacrificou-se ao lhe dar um piano de presente. Porém, como as tristezas pueris não 
duram, logo ela delicia-se com o presente. 
O que se mostra importante neste breve trecho é a presença de uma palavra-chave 
da narrativa de ‘’Iaiá Garcia’’. Palavra que constitui o verdadeiro palco da discussão nesta 
obra: a moral. Percebe-se que desde cedo (a personagem contava nessa época com onze 
anos de idade) Iaiá compreende a “dor moral” que o pai tem de sofrer, para que possa 
lhe dar educação e conforto. 
O romance trata, portanto, da aprendizagem de Iaiá em um novo mundo: o mundo 
da tensão entre o social e o natural, mediante o jogo imposto pelo narrado acerca da 
moral.
O primeiro momento de tensão da narrativa ocorre já no segundo capítulo do 
romance. Na verdade, trata-se de uma fórmula que se repetirá em toda a trama: a 
realização ou não de um casamento, como já vimos.
Temos a tríade Estela – Valéria – Jorge que representa a dinâmica entre o natural e o 
social por meio do casamento. A convocação de Luís Garcia para interagir nessa 
dinâmica, sendo esse o tema do segundo capítulo do romance, não afeta o trinômio, 
pois, como sabemos, ele não participará diretamente da tensão. Porém, caberá a essa 
personagem o papel de julgar, sendo complementado pelo narrador. O diálogo entre 
Valéria, Luís Garcia e Jorge é recheado de julgamentos morais que levam o leitor a uma 
32 Iaiá Garcia |Machado de Assis
dubiedade: ao separar seu filho de Estela, a verdadeira motivação de Valéria é egoísta, 
mas, por outro lado, existem grandes vantagens sociais para o jovem rapaz.
Sob esse aspecto, basta que observemos a descrição que Machado de Assis faz de 
Estela:
Simples agregada ou protegida, não se julgava no direito a sonhar posição superior 
e independente; e dado que fosse possível obtê-la, é lícito afirmar que recusara, porque, 
a seus olhos seria um favor, e sua taça de gratidão estava cheia. (...)
Pois o orgulho de Estela não lhe fez somente calar o coração, infundiu-lhe a 
confiança moral necessária para viver tranquila no centro mesmo do perigo.
A dissimulação, característica própria do universo feminino e romanesco, é 
resgatada no momento em que Estela descobre seu amor por Jorge:
No meio de semelhante situação, que sentia ou pensava Estela? Estela amava-o. No 
instante em que descobriu esse sentimento em si mesma, pareceu-lhe que o futuro se lhe 
rasgava largo e luminoso; mas foi só nesse instante. Tão depressa descobriu o 
sentimento, como tratou de o estrangulá-lo ou dissimular, — trancá-lo ao menos no 
mais escuro do coração, como se fora uma vergonha ou pecado. (ASSIS, 1975, p. 97)
Sendo assim, a primeira tensão do romance é a seguinte: Jorge ama uma mulher 
que não é compatível com sua condição social. A mãe do rapaz se mostra contrária a essa 
união, mas Estela descobre que também o ama. No entanto, Estela, dominada pelo 
orgulho, rechaça a possibilidade de uma união, pois, em seu entendimento, entregar-se 
a Jorge seria assumir seu papel de agregada. Assim, a mulher passa a dissimular seus 
sentimentos, tornando-se superior ao amado por meio da frieza para com ele.
Apesar de Estela esconder seus sentimentos, é Valéria que domina por ser mais 
experiente na arte da dissimulação. Ou seja, Valéria, desde o primeiro momento, percebe 
que há um perigo a ser vencido: Jorge não pode casar-se com Estela:
Valéria reparou na atitude dos dois; mas como possuía a qualidade de dissimular as 
impressões, não alterou nem o gesto nem a voz. Os olhos é que nunca mais os deixaram. 
(ASSIS, 1975; p.102)
Sempre vigilante, e apesar de todos os percalços, Valéria despacha o filho para o 
Paraguai. Porém, antes de morrer, casa Estela com Luís Garcia, sendo este o segundo 
trinômio da trama: Estela – Valéria – Luís Garcia.
Aqui se configura uma pequena mudança: todos são a favor do casamento. Em 
primeiro lugar, Valéria vê nesta união a resposta para seus problemas; por isso, oferece o 
dote de casamento para Estela. Em vista desse fato, percebe-se claramente a maestria de 
Valéria:
Com essa ideia opressiva entrou ela na casa da viúva, cuja recepção lhe desabafou o 
espírito do mais espesso de suas preocupações. Valéria beijou-a, com um gesto mais 
maternal que protetor. Nem lhe deixou concluir a frase de agradecimento; cortou-a com 
uma carícia (...) dissimulação generosa, que Estela compreendeu, porque também 
possuía o segredo dessas delicadezas morais. 
Ou seja, Estela acaba por reconhecer em Valéria alguém superior às suas forças. A 
orgulhosa agregada não conseguiu separar-se de sua protetora, pois, reconhecendo-lhe 
33Iaiá Garcia |Machado de Assis
a superioridade na arte da dissimulação, não lhe sobra recursos a não ser retornar à 
esfera de proteção da viúva.
Logo após esse episódio, Estela e Luís Garcia discutem sobre o projeto de se unirem:
— Creio que nenhuma paixão nos cega, e se nos casarmos é por nos 
julgarmos friamente dignos um do outro.
— Uma paixão de sua parte, em relação à minha pessoa, seria inverossímil, 
confessou Luís Garcia; não lha atribuo. Pelo que me toca, era igualmente 
inverossímil um sentimento dessa natureza, não porque a senhora não pudesse 
inspirar, mas porque eu já não o poderia ter.
— Tanto melhor, concluiu Estela; estamos na mesma situação e vamos 
começar uma viagem com os olhos abertos e o coração tranqüilo. Parece que em 
geral os casamentos começam pelo amor e acabam pela estima; nós começamos 
pela estima; é muito mais seguro. 
Do diálogo entre as personagens não deriva, por certo, um julgamento amoroso, 
pois se trata de um julgamento moral, que fora impulsionado pela mãe de Jorge. A 
mesma senhora que, para recompensar esse matrimônio, entrega o dote de Estela. A 
união entre o indiferente Luís Garcia e a orgulhosa viúva é uma união de características 
que não se confundem, mas que podem vir equilibrar a economia doméstica da casa de 
Iaiá Garcia. O real motivo do casamento para Luís é Iaiá, que já reconhecera Estela como 
uma mãe possível, mas que em sua ingenuidade não participou dos planos de Valéria.
Jorge retorna da guerra para descobrir a amada em matrimônio com seu melhor 
amigo, e a mãe morta. Lembremos que os dois primeiros trinômios de tensão da 
narrativa tiveram como motivo inspirador as próprias resoluções de Valéria. Devemos 
lembrar ainda que uma personagem fora dos trinômios serve de catalisador dos 
acontecimentos – no primeiro trinômio, temos Luís Garcia; no segundo, Iaiá. O próximo 
trinômio apresentará Iaiá como uma de suas peças fundamentais.
Agora temos Luís Garcia – Iaiá Garcia – Jorge. É Iaiá, centro deste trinômio, que 
desenvolve a dinâmica da narrativa. Aqui trata-se do casamento como salvaguarda de 
uma situação: Iaiá pretende casar-se com Jorge pelo amor que tem ao pai. Vejamos como 
se configura o problema:
(...) Luís Garcia disse algumas palavras a respeito do filho de Valéria.
— Pode ser que eu me engane, concluiu o cético; mas persuado-me que é um bom 
rapaz.
Estela não respondeu nada; cravou os olhos numa nuvem negra, que manchava a 
brancura do luar. Mas Iaiá, que chegara alguns momentos antes, ergueu os ombros com 
um movimento nervoso.
— Pode ser, disse ela; mas eu acho-o insuportável.
E ainda:
A verdadeira causa era nada menos que um sentimento de ciúme filial. Iaiá adorava 
o pai sobre todas as coisas; era o principal mandamento de seu catecismo. Instigara o 
casamento, com o fim de lhe tornar a vida menos solitária, e porque amava Estela. O 
34 Iaiá Garcia |Machado de Assis
casamento trouxe para casa uma companheira e uma afeição; não lhe diminuiu nada do 
seu quinhão de filha.
Iaiá viu, entretanto, a mudança nos hábitos do pai, pouco depois de convalescido, e 
sobretudo desde os fins de setembro. Esse homem seco para todos,expansivo somente 
na família, abriria uma exceção em favor de Jorge (...) 
A primeira motivação de Iaiá é separar Luís Garcia de Jorge por conta de um ciúme 
filial. Entretanto, o que acontece é o oposto: pouco a pouco, Jorge aproxima-se de Iaiá 
sem perder a admiração de Luís Garcia. Em realidade, essa admiração moral aumenta. E 
Iaiá ainda não tinha os planos de casamento. Até então, seu objetivo era afastar Jorge de 
seu pai.
No capítulo X, há a mudança na resolução de Iaiá. E, seguindo a ordem da narrativa, 
um fator externo desencadeia a mudança: a releitura de uma das cartas de Jorge nos 
tempos de guerra, releitura para o pai e leitura para Estela e Iaiá – que “lê” os olhos da 
madrasta.
Iaiá, mesmo com um pretendente certo, começa a aproximar-se de Jorge. Procópio 
Dias, o pretendente cuja moral é execrada tanto pelo narrador quanto por Jorge, precisa 
viajar para recuperar uma herança. O afastamento de Procópio, como anteriormente o 
afastamento de Jorge, configura a aproximação das personagens, que terminará no 
matrimônio de ambos. Procópio pede a Jorge para cuidar de Iaiá. E Iaiá inicia seu plano 
para conquistar o antigo amado de Estela. Como já vimos, o objetivo de Iaiá não é a 
disputa mas a salvaguarda de seu pai, pois ela sabia o perigo que representava Jorge em 
sua casa.
A filha de Luís Garcia, enfim, consegue seu objetivo. Jorge jura-lhe amor e os dois 
iniciam os preparativos para o casamento. Contudo, o pai de Iaiá encontra-se enfermo e 
acaba por falecer. 
Regida pelo orgulho, Estela percebe logo que Iaiá deseja casar-se com Jorge por 
algum motivo além de seus próprios sentimentos. Vejamos a reação da personagem à 
situação em que é mera espectadora:
O procedimento da enteada, a súbita conversão às atenções de Jorge, toda aquela 
intimidade visível e recente, acordara no coração de Estela um sentimento, que nem aos 
orgulhosos poupa. Ciúme ou não, revolvera a cinza morna e achou lá dentro uma brasa. 
(...)
(...) O orgulho vencera uma vez; agora era o amor, que, durante anos de jugo e 
compressão, criara músculos e saía a combater de novo. A vitória seria uma catástrofe, 
porque Estela não dispunha da arte de combinar a paixão espúria com a tranquilidade 
doméstica; teria as lutas e as primeiras dissimulações; uma vez subjugada, iria direto ao 
mal.
Vemos que os ciúmes de Estela continuam relacionados a uma situação em que o 
orgulho é o verdadeiro motivo, pois, mesmo reconhecendo o amor de Jorge, ela 
pretende provar que é moralmente superior. Com a morte de Luís Garcia, no capítulo XV, 
Estela poderia desobrigar-se dos impedimentos morais que a colocaram na situação 
acima mencionada. Todavia, devemos lembrar que Estela era também mãe de Iaiá. Esse 
35Iaiá Garcia |Machado de Assis
fato, gerado pela convivência das duas em casa do pai de Lina, poderia ser exatamente o 
sucesso da nova empreitada da viúva: casar os até então noivos Jorge e Iaiá.
Porém, Iaiá não desejava mais casar com o filho de Valéria. Vejamos os motivos:
Mas duas circunstâncias a induziram ao desfecho; era a primeira a revelação 
de Procópio Dias, confirmação de suas suspeitas; a segunda foi o espetáculo que 
se lhe ofereceu aos olhos, naquela noite, logo depois de se despedir do noivo. 
Sabendo que a madrasta estava no gabinete do pai, ali foi ter e espreitou pela 
fechadura; viu-a sentada com a cabeça inclinada ao chão, desfeito o penteado, 
mas desfeito violentamente, como se lhe metera as mãos em um momento de 
desespero, e caindo-lhe o cabelo em ondas amplas sobre a espádua, com a 
desordem da pecadora evangélica. Iaiá não a viu sem que os olhos se 
umedecessem.
— Que se casem! disse a moça resolutamente.
Embora ainda ame Jorge, a menina decide desfazer a promessa porque sua 
madrasta o ama e não há impedimento moral algum para que se faça a união. É aqui que 
vemos como a “puberdade moral” de Iaiá torna-a superior aos procedimentos de Estela:
Ergueu-se e procurou beijá-la. A madrasta recuou instintivamente a cabeça; era um 
gesto de repugnância, que a fisionomia ingênua e pura de Iaiá para logo dissipou. Em tão 
verdes anos, sem nenhum trato social, era lícito supor na menina tamanha dissimulação?
Sim, pois Iaiá sabia da paixão de Jorge e do amor que Estela tentava esconder. É claro 
que o orgulho de Estela passa a interpretar as atitudes de sua enteada como “um 
impulso desinteressado”. Porém, o leitor sabe que não se trata disso, mas de uma 
batalha, em todo o romance, de fingimentos para atingir determinados objetivos em 
torno do contrato social chamado casamento. Estela, perdida em meio à batalha das 
ilusões, ainda ama Jorge, que não mais a ama.
Entretanto, Estela não deseja casar com Jorge, pois seu orgulho a impede. Assim, 
após o noivo de Iaiá recorrer à futura sogra por meio de uma carta, Estela decide intervir. 
Vai ao encontro da jovem e inicia o mais longo diálogo do texto, resultando em um 
casamento por amor e o afastamento de alguém, neste caso, Estela, que deixa o Rio de 
Janeiro e, ao fazer isso, demonstra que a única coisa a escapar ao naufrágio das ilusões é 
a moral, respondendo assim a indeterminação dada pela palavra “coisa” na frase final 
do romance: “Era sincera a piedade da viúva. Alguma coisa escapa ao naufrágio das 
ilusões””.
36 Iaiá Garcia |Machado de Assis
Exercícios – Sala de Aula
01. Sobre o estilo e linguagem machadiano assinale o item incorreto:
a. "elementos barrocos" (dualidade, dúvida, exagero lírico. 
b. "resíduos românticos" (narrativas convencionais ao enredo).
c. "aproximações realistas" (atitude crítica, objetividade, temas contemporâneos).
d. "procedimentos impressionistas" (recriação do passado através da memória).
02. Dentro das relações que se dão dentro da obra, podemos afirmar que
a. Jorge casa com Estela.
b. Iaiá casa-se com Procópio Dias.
c. Estela casa-se com Luís Garcia.
d. Jorge casa-se com Eulália.
03. Valéria pode ser considerada uma vilã dentro da obra, pois
a. impede inicialmente um romance entre Estela e Jorge.
b. faz com o filho vá para a guerra do Paraguai.
c. convence Estela a não casar com Jorge.
d. morre sem deixar herança para Jorge.
04. O livro Iaiá pode ser considerado um romance romântico
a. de tese.
b. urbano.
c. regionalista.
d. Histórico.
05. Iaiá Garcia é apenas um epíteto, sou nome de fato seria
a. Lina.
b. Helena.
c. Lenita.
d. Olívia
Exercícios – Para casa
Leia o texto com atenção e responda aos itens de 01 a 05:
O resto foi obra de Iaiá, obra dividida em duas partes, uma voluntária, outra 
inconsciente. Voluntária, porque também a menina, no silêncio laborioso de seu 
cérebro, construíra o projeto de os unir, e o dissera mais de uma vez a um e a outro.
Inconsciente, porque o amor que a ligava a Estela, foi a mais poderosa força que 
modificou o pai. Era uma afeição intensa a dessas duas criaturas; ao passo que Iaiá dava a 
37Iaiá Garcia |Machado de Assis
Estela uma porção de ternura de filha, Estela achava no amor da menina uma 
antecipação dos prazeres da maternidade. Luís Garcia testemunhou esse movimento 
recíproco e, por assim dizer, fatal.
Se Iaiá devesse ter madrasta, onde a acharia mais completa? Discreta, moderada, 
superior aos seus anos, Estela tinha as condições necessárias para esse delicado papel. A 
primeira insinuação da viúva foi a causa primordial; mas o tempo, a convivência, a 
afeição das duas, a necessidade de dar segunda mãe à menina, e antes legítima que 
mercenária, finalmente, a certeza de que a Estela não repugnava a solução, tais foram os 
primeiros elementos da decisão de Luís Garcia.
Faltava só o milagre, e o milagre veio. Iaiá adoeceu um dia em casa de Valéria, e a 
doença, posto que não grave nem longa, deu ocasião a que Estela manifestasse de modo 
inequívoco toda a ternura de seu coração. Luís Garcia foi testemunha da dedicação 
silenciosa e contínua com que Estela tratou da doente. Esse último espetáculo 
desarmou-o de todo. Entre eles, o casamento não era a mesma cousa que costuma ser 
para outros; nada tinha das alegrias inefáveis ou das ilusões juvenis.

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