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26/10/2020 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 1/9 Módulo 5 – Mediação: Origem, Conceituação e Fundamentos Históricos da Mediação. Mudança de Paradigma. Princípios da Mediação. MEDIAÇÃO (Lei nº 13.140/2015) A mediação é um método de resolução de litígios não jurisdicional cujo o crescimento apresenta-se global, pois permite a análise realística do conflito, estabelece um diálogo entre as partes, afasta a cultura de apenas um vencedor – resultado final de um processo – para produzir um resultado satisfatório que permite ganhos mútuos e torna célere a resolução do conflito. A intensa participação das partes e o diálogo estabelecido confere papel mais ativo do que seria em um processo judicial. Isto permite a reconstrução das relações sociais e, consequentemente, a pacificação social. Apesar de existir um terceiro – mediador – este colabora em analisar o conflito em concreto e suas possíveis soluções sem, contudo, estabelecer de forma vinculativa a solução definitiva do caso, pois este é obtido pelas próprias partes. O artigo 165, parágrafo 3º, do novo Código de Processo Civil, estabelece que ‘os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de conflitos, responsáveis pela realização de sessões e audiências de conciliação e mediação e pelo desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a autocomposição. § 3º O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior entre as partes, auxiliará aos interessados a compreender as questões e os interesses em conflito, de modo que eles possam, pelo restabelecimento da comunicação, identificar, por si próprios, soluções consensuais que gerem benefícios mútuos’. 26/10/2020 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 2/9 A mediação é o método de solução de conflitos em que o terceiro interventor deve possuir um vínculo anterior entre as partes para que possua um conhecimento aprofundado do litígio, a fim de que seja possível auxiliar em um acordo que produza mútuos benefícios as partes e, assim, uma melhor distribuição da justiça. A atuação deste terceiro não será de definir de forma definitiva o acordo resolutivo, pois tal função é de competência das partes. Ou seja, ao fim, os responsáveis pela fixação dos termos do acordo são as partes e não o mediador. As partes tomam para si a responsabilidade de definir o seu próprio problema, sem necessidade do Estado. A respeito das espécies de mediações, esclarece Fernanda Galvão e Mauricio Galvão Filho que ‘as espécies ou diferenças de atuação são a mediação passiva e mediação ativa, decorrendo esta classificação do modelo de procedimento que se adote e, especialmente, quanto à participação do terceiro – mediador – na formação da vontade para a solução da controvérsia. Na mediação passiva a atuação do mediador não deve ir além da mediação das partes, não podendo fazer sugestões, não podendo propor alternativas, não podendo praticar conduta que retire integralmente das partes a responsabilidade pela construção do consenso. Na mediação ativa, de forma contrária, admite-se que o mediador tenha atuação positiva na construção da solução, na busca do consenso, podendo ele fazer sugestões, aconselhar, apresentar propostas, atuando nos limites da atribuição que lhe for outorgada pelas partes para buscar a resolução da questão conflituosa. No Brasil, do mesmo modo que o antigo projeto de Lei de Mediação Civil parecia adotar tão somente a perspectiva da mediação passiva, adequando-se à linha adotada pela Escola de Direito de Harvard (Harvard Law School) e o PON117 (Program on Negotiation at Harvard Law School), e que também é adotada em outros centros de estudo, resta claro que o instrumento da mediação constante do Novo Código de Processo Civil observa o modelo passivo, sendo resguardada a atuação ativa do terceiro para o caso de conciliação’. [GALVÃO, Fernanda Koeler; GALVÃO FILHO, Maurício Vasconcelos. Da mediação e da conciliação na definição do novo código de processo civil. A mediação no novo código de processo civil. Coordenação Diogo Assumpção Rezende de Almeida, Fernanda Medina Pantoja, Samantha Pelajo. – 2. ed – Rio de Janeiro : Forense, 2016, p. 92]. 26/10/2020 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 3/9 Por fim, importante esclarecer a diferença entre mediação e conciliação. A respeito do tema Diogo Almeida e Fernanda Panjota esclarecem que ‘a mediação é inconfundível com a conciliação. Conquanto ambas consistam em procedimentos de negociação assistida por um terceiro imparcial sem poder decisório, a conciliação é um procedimento mais simples, célere e objetivo, que visa exclusivamente ao alcance de um acordo sobre uma controvérsia pontual e, por isso, autoriza uma atuação mais contundente do conciliador, permitindo-lhe fazer sugestões e até mesmo expressar a sua opinião às partes, desde que não as constranja ou intimide (art. 165, § 2.º). Por isso, a conciliação é adequada aos casos “em que não houver vínculo anterior entre as partes”, ou seja, nos conflitos decorrentes de relações episódicas ou descartáveis, cujo viés é geralmente patrimonial, como questões de consumo, acidentes automobilísticos etc. Sua utilização deve caber, de modo residual, às disputas transacionáveis que não forem especificamente apropriadas à resolução por meio da mediação.’. [ALMEIDA, Dioga Assumpção Rezende de; PANTOJA, Fernanda Medina. Técnicas e procedimento de mediação no novo Código de Processo Civil. A mediação no novo código de processo civil. Coordenação Diogo Assumpção Rezende de Almeida, Fernanda Medina Pantoja, Samantha Pelajo. – 2. ed – Rio de Janeiro : Forense, 2016, p. 138]. 1 – Mediação Para Fredie Didier Júnior, a mediação é uma técnica não-estatal de solução de conflitos, pela qual um terceiro se coloca entre os contendores e tenta conduzi-los à solução autocomposta. A Lei nº 13.140/2015 conceitua mediação, como meio de solução de controvérsias entre particulares e sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da administração pública, dispondo que mediação é a atividade técnica exercida por terceito imparcial sem poder decisório, que, escolhido ou aceito pelas partes, as auxilia e estimula a identificar ou desenvolver soluções consensuais para a controvérsia. 26/10/2020 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 4/9 O mediador é um profissional qualificado que tenta fazer com que os próprios litigantes descubram as causas do problema e tentem removê-las. Trata-se de técnica para catalisar a autocomposição. A mediação diferencia-se da negociação pelo simples fato da presença do terceiro mediador, eis que este terá como função de auxiliar as partes para resolver o conflito. Daniel Amorim Assumpção Neves assevera que a postura do terceiro é que diferencia a conciliação da mediação, eis que na primeira há o oferecimento de alternativas de sacrifício mútuo entre as partes, enquanto na segunda, o mediador estabelece um diálogo entre os envolvidos, de forma que os mesmos possam resolver o conflito, sem necessariamente abdicar de parcela de direito. Ao distinguir a mediação da conciliação, pode-se dizer que a mediação é atividade privada, mesmo que processual e visa resolver abrangentemente o conflito entre as partes, enquanto a conciliação contenta-se em solucionar o litígio conforme as posições apresentadas pelos envolvidos. Via de regra, a mediação é utilizada antes da adjudicação, ou seja, ela possui um procedimento extrajudicial e pode ser adotada até como forma de prevenção. Por fim, o autor conclui que as vias alternativas têm o intuito de complementar e não disputar com a adjudicação, sendoa mediação mais adequada para tratar de relacionamentos interpessoais continuados (aqueles que vão subsistir independentemente da vontade das partes), como os casos de direito de família, vizinhos e associados. Nenhuma área de conflito reflete melhor as vantagens e desvantagens da negociação de acordos, feitos através da mediação, do que a familiar. Conflitos de família ocorrem entre pais e filhos adolescentes, ou entre cônjuges em separação, sobre guarda de filho, ou 26/10/2020 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 5/9 propriedade, e são configurados por questões especialíssimas e extremamente interligadas. Por isso vêm desafiando as decisões judiciais, pelo retorno sem fim de seus processos, às salas dos tribunais. As famílias, geralmente, operam de acordo com suas “próprias” leis e são rebeldes à imposição de padrões de terceiros. Quando são pressionadas, tomam a justiça em suas próprias mãos e ignoram decisões, sejam profissionais ou judiciais (...). A conciliação e a mediação pode ser judicial ou extrajudicial e as partes podem estar assistidas por advogados ou defensores públicos. 2 – Diferença entre conciliação e mediação Conciliação Mediação Somente há a presença das partes (contendores), sem vínculo anterior. O conciliador tem por função ser um facilitador, isto é, facilitar o diálogo entre as partes, apresenta proposta e soluções para o litígio. Há a presença das partes com vínculo anterior. O terceiro, mediador, tem função de auxiliar as partes para resolver o conflito. Existência de terceiro com atuação direta. O mediador se coloca entre os contendores e tenta conduzi- los à solução autocomposta. Há o oferecimento de alternativas de sacrifício mútuo entre as partes. O mediador estabelece um diálogo entre os envolvidos, de forma que os mesmos possam resolver o conflito, sem necessariamente abdicar de parcela de direito. 3 – Princípios fundamentais e garantias que regem conciliação e mediação: 26/10/2020 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 6/9 Confidencialidade: sigilo sobre as informações obtidas na sessão de conciliação, salvo autorização expressa das partes, violação à ordem pública ou às leis vigentes. Não pode o conciliador ser testemunha do caso, nem atuar como advogado. Competência: ser pessoa capaz, ter qualificação para a atuação judicial como conciliador e capacitação por curso. Para atuar como mediador também deve ter graduação há pelo menos 2 anos em curso de ensino superior de instituição reconhecida pelo Ministério da Educação e que tenha obtido capacitação em escola ou instituição de formação de mediadores, reconhecida pela Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (ENFAM) ou pelos tribunais, observados os requisitos mínimos estabelecidos pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em conjunto com o Ministério da Justiça (Lei 13.140/2015, art. 11). Isonomia entre as partes: tratamento igual, com as mesmas oportunidades de diálogo e exposição, e de obtenção de auxílio. Oralidade: obrigatória a presença e a participação efetiva das partes conflitantes. Imparcialidade: ausência de favoritismo, preferência ou preconceito, compreendendo a realidade dos envolvidos no conflito. Neutralidade: manter equidistância das partes, respeitando seus pontos de vista, com atribuição de igual valor a cada um deles. Independência e autonomia: atuação com liberdade, sem pressão interna ou externa, sendo permitido recusar, suspender ou interromper a sessão se ausentes as condições para o bom desenvolvimento da sessão. 26/10/2020 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 7/9 Informalidade: não há formas solenas para o seu desenvolvimento. Busca do consenso e boa fé: objetiva o acordo das partes, sempre regido pela boa fé das mesmas. Respeito à ordem pública e às leis: zelar para que o acordo entre as partes não viole a ordem pública, nem contrarie as leis. 4 – Regras que regem o procedimento de conciliação e mediação: Estas regras são normas de conduta a serem observadas pelos conciliadores/mediadores para seu bom desenvolvimento, permitindo que haja o engajamento dos envolvidos, com vistas à pacificação e ao comprometimento com eventual acordo obtido: Informação: dever de esclarecer os envolvidos sobre o método de trabalho a ser empregado, apresentando-o de forma completa, clara e precisa, informando sobre os princípios deontológicos, as regras de conduta e as etapas do processo. Autonomia da vontade: dever de respeitar os diferentes pontos de vista dos envolvidos, assegurando-lhes que cheguem a uma decisão voluntária e não coercitiva, com liberdade para tomar as próprias decisões durante ou ao final do processo, podendo inclusive interrompê-lo a qualquer momento. Ausência de obrigação de resultado: dever de não forçar um acordo e de não tomar decisões pelos envolvidos, podendo, quando muito, no caso da conciliação, criar opções, que podem ou não ser acolhidas por eles. 26/10/2020 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 8/9 Desvinculação da profissão de origem: dever de esclarecer aos envolvidos que atua desvinculado de sua profissão de origem, informando que, caso seja necessária orientação ou aconselhamento afetos a qualquer área do conhecimento poderá ser convocado para a sessão o profissional respectivo, desde que com o consentimento de todos. Teste de realidade: dever de assegurar que os envolvidos, ao chegarem a um acordo, compreendem perfeitamente suas disposições, que devem ser exequíveis, gerando o comprometimento com seu cumprimento. 5 – Responsabilidades e sanções do conciliador e mediador: Para exercer as funções de conciliador e mediador perante o Poder Judiciário devem estar capacitados e cadastrados pelos tribunais, que regulamentam o processo de inclusão e exclusão destes. Conciliador e mediador devem exercer sua função com lisura, respeitando os princípios e regras acima, assinando termo de compromisso e submetendo-se às orientações do juiz coordenador da unidade a que está vinculado. Conciliador e mediador são impedidos e suspeitos pelos mesmos motivos dos juízes, conforme disposto no NCPC, arts. 144 e 145, devendo quando constatados, estes motivos serem informados aos envolvidos, com a interrupção da sessão e sua substituição (NCPC, art. 170 e §§). Em caso de impossibilidade temporária do exercício da função, o conciliador e mediador deverá informar com antecedência ao responsável para que seja providenciada sua substituição na condução das sessões (NCPC, art. 171). 26/10/2020 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 9/9 Os conciliadores e mediadores judiciais, se advogados, cadastrados nos Centros Judiciários de Solução Consensual de Conflitos (Cejuscs) estarão impedidos de exercer a advocacia nos juízos em que desempenhem suas funções (NCPC, art. 167, § 5º). A Lei 13.140/2015 regulamenta a mediação entre particulares como meio de solução de controvérsias e sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da administração pública. O conciliador e mediador fica absolutamente impedido de prestar serviços profissionais de qualquer natureza pelo prazo de 1 ano aos envolvidos em processo de conciliação e mediação sob sua condução, contado do término da última audiência em que atuou (NCPC, art. 172; Lei 13.140/2015, art. 6º). O mediador não pode atuar como árbitro nem funcionar como testemunha em processos judiciais ou arbitrais pertinentes a conflito em que tenha atuado como mediador (Lei 13.140/2015, art. 7º). O descumprimentodos princípios e regras estabelecidos, bem como a condenação definitiva em processo criminal, resultará na exclusão do conciliador e mediador do respectivo cadastro e no impedimento para atuar nesta função em qualquer outro órgão do Poder Judiciário nacional. O mediador e todos que assessorarem no procedimento de mediação, quando no exercício de suas funções ou em razão delas, são equiparados a servidor público, para os efeitos da legislação penal (Lei 13.140/2015, art. 8º). Qualquer pessoa que venha a ter conhecimento de conduta inadequada por parte do conciliador e mediador poderá representar ao Juiz Coordenador a fim de que sejam adotadas as providências cabíveis.
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