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Anatomia do Cerebelo

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Lívia T. R. Costa - Medicina
Produtora Verificada
CEREBELO
Lívia Thaís Rodrigues Costa - XXXI - Medicina
✨ ANATOMIA
O cerebelo está localizado na fossa posterior, separado do cérebro pelo tentório do cerebelo.
Encontra-se sobre o quarto ventrículo e está ligado ao tronco encefálico por três pedúnculos
cerebelares. Todos os tratos que vão e voltam do cerebelo passam pelos pedúnculos cerebelares.O
cerebelo é dividido em três partes funcionais: Os hemisférios (que são responsáveis pela coordenação
dos membros), o verme anterior e superior (responsável pela marcha e outras funções axiais) e o
vestibulocerebelo ou lobo floculonodular, sendo esta estrutura a mais antiga e, por isso, denominada
de arquicerebelo e é responsável pelo controle de movimento dos olhos e a orientação geral do corpo
no espaço, como as posições de acima e abaixo. A outra área desenvolvida após o arquicerebelo foi o
paleocerebelo, ou o cerebelo espinal, que corresponde - aproximadamente - ao lobo anterior e se
relaciona com a postura, o tônus muscular, o controle dos músculos axiais e a locomoção. Já o
neocerebelo (hemisférios do cerebelo) corresponde ao lobo posterior e se relaciona à coordenação dos
movimentos e é também responsável pelo controle motor fino e pelos movimentos precisos dos
membros. Outro modo de analisar o cerebelo é por meio de suas conexões aferentes primárias: o
cerebelo vestibular (estímulos dos núcleos vestibulares para o lobo FN), o cerebelo espinal
(estímulos dos tratos espinocerebelares para o verme anterior) e o cerebelo cortical (estímulos dos
núcleos da ponte para os hemisférios). Tonsila do cerebelo é a região mais medial da superfície
inferior. Os anatomistas dividem o cerebelo por meio de fissuras e sulcos em 10 lóbulos de nomes
obscuro e sem relevância clínica.
● Arquicerebelo: O lobo FN é uma parte primitiva do cerebelo relacionada principalmente com
a função vestibular. As conexões do lobo FN são sobretudo, se não totalmente, vestibulares. O
lobo FN recebe impulsos aferentes dos labirintos e dos centros vestibulares, da medula espinal
e do tronco encefálico – o que inclui a formação reticular e as olivas – e envia projeções para
os núcleos vestibulares, os tratos vestibulospinais e a formação reticular. O cerebelo e os
centros vestibulares atuam em conjunto para manter o equilíbrio, a orientação do corpo no
espaço e a regulação do tônus muscular e da postura. É difícil distinguir as manifestações
clínicas de doença do lobo FN dos achados vestibulares sempre associados, em especial o
nistagmo. Em geral, a disfunção isolada do lobo FN é causada por ependimomas e
meduloblastomas em crianças.
● Paleocerebelo: O paleocerebelo comunica-se com a medula espinal, o tronco encefálico e os
centros vestibulares. As principais conexões aferentes do lobo anterior provêm do trato
espinocerebelar anterior, embora receba fibras trigeminocerebelares, estímulos dos núcleos
vestibulares e algumas fibras corticocerebelares. As descargas seguem para os núcleos
vestibulares, o tronco encefálico e a medula espinal.
● Neocerebelo: O neocerebelo (pontocerebelo) comunica-se com o córtex cerebral. É
extremamente desenvolvido em mamíferos em associação ao crescimento dos hemisférios
cerebrais. Em primatas, os hemisférios superam o resto do cerebelo. Suas conexões aferentes
são principalmente corticopontinas, ou corticopontocerebelares, embora haja algumas fibras
espinocerebelares; ele emite descargas através do núcleo denteado para o núcleo rubro e o
tálamo e, portanto, para o córtex cerebral.
Lívia Thaís Rodrigues Costa - XXXI - Medicina
● Núcleos: O cerebelo é constituído de uma parte central
de substância branca, recoberta por delgada camada de
substância cinzenta, o córtex cerebelar. Na parte profunda da
substância branca há várias massas cinzentas, os núcleos
cerebelares. Há quatro pares de núcleos profundos do cerebelo
que servem como estações de transmissão e processamento de
informações oriundas do córtex cerebelar para alvos fora do
cerebelo O maior núcleo profundo é o núcleo denteado. De
lateral para medial, os núcleos são os seguintes: denteado,
emboliforme, globoso e fastigial (mnemônico: “don’t eat greasy
food”).
● Córtex Cerebelar: Semelhante ao que ocorre no córtex
cerebral, as representações de áreas do corpo podem ser
mapeadas no córtex do cerebelo. Esse mapa, chamado de
homúnculo tem seu tronco na linha média do verme e seus
membros nos hemisférios cerebelares. O lobo anterior tem
representação das extremidades, e o posterior tem representações
em espelho, tanto da cabeça quanto dos membros. O tronco está
sempre na linha média. A fim de compreender melhor as áreas
funcionais do córtex, ele pode ser “descolado” e espalhado, o que
permite mapear o homúnculo nesse córtex plano
● Pedúnculos: O cerebelo está conectado ao tronco encefálico pelos três pedúnculos
cerebelares. O pedúnculo cerebelar inferior (PCI) conecta o cerebelo à medula espinal e ao
bulbo, O PCI transporta uma variedade de aferências para o cerebelo. As informações
vestibulares dos núcleos vestibulares ipsilateral e contralateral passam por esse pedúnculo
para o lóbulo floculonodular. O input ipsilateral é o mais proeminente. Os inputs
proprioceptivos da coluna intermédia e as fibras cuneocerebelares compreendem o trato
espinocerebelar posterior, que entra no cerebelo pelo PCI e termina principalmente no lobo
anterior. As fibras olivocerebelares também passam pelo PCI e terminam como fibras
trepadeiras ao longo do córtex cerebelar. As duas vias eferentes do PCI são o trato
cerebelovestibular, que envia informações do lóbulo floculonodular de volta aos núcleos
vestibulares, e o trato cerebelo-olivar, que envia informações do verme do cerebelo de volta
ao complexo olivar inferior. O pedúnculo cerebelar médio conecta o cerebelo à ponte e,
através dele, seguem os tratos pontocerebelares, que são os neurônios finais da via
corticopontocerebelar provindos principalmente das áreas frontal, temporal e de outras áreas
do córtex e se comunicam com o hemisfério contralateral do cerebelo. O pedúnculo
cerebelar superior contém as principais fibras eferentes do cerebelo e as vias
denteadorrubrais e denteadotalâmicas. As fibras aferentes das células da camada marginal
espinal compreendem o trato espinocerebelar anterior e alcançam o lobo anterior do cerebelo
pelo PCS. Além disso, algumas fibras aferentes que transportam informações acústicas e
ópticas para o cerebelo também passam pelo PCS e se projetam para o lobo posterior. O trato
mais proeminente no PCS é o dentatorubrotalâmico . As informações do córtex cerebelar
(sobretudo do lobo posterior) se projetam para o núcleo denteado. A partir deste, podem se
projetar para o núcleo rubro ou diretamente para o núcleo ventral lateral (VL) do tálamo
Lívia Thaís Rodrigues Costa - XXXI - Medicina
✨ FUNÇÕES: O cerebelo recebe e interpreta informações proprioceptivas, além de coordenar o
equilíbrio por sua estreita ligação com os núcleos vestibulares. As conexões com o prosencéfalo
permitem a coordenação dos movimentos dos membros, bem como movimentos finos e a
coordenação olho-mão
✨ RELAÇÕES FUNCIONAIS: As fibras aferentes e eferentes do/para o cerebelo podem ser
organizadas em circuitos funcionais de informação, por meio dos quais o cerebelo influencia as
funções motora e cognitiva.O cerebelo opera por mecanismos de feedback e antecipatórios. Os inputs
e outputs do cerebelo são segregados, e cada circuito funcional é independente do outro. As
importantes atuações do núcleo rubro e do complexo olivar inferior frequentemente são subestimadas.
Os inputs do complexo olivar inferior vão para todas as áreas do cerebelo, no qual modulam
diretamente os outputs das células de Purkinje. Esses inputs atuam em todos os circuitos funcionais.
Muitos outputs convergem para o núcleo rubro, no qual a informação é integrada antes de se projetar
para o tálamo ou para a medula espinal
● Mecanismo de feedback: No feedback, o plano para o movimento é comparado aos sinais
sensoriais proprioceptivos decorrentes do movimento.O feedback não exige aprendizagem,
apenas uma comparação precisa entre o movimento real e o planejado. Isso significa que o
feedback é lento; só pode corrigir os erros que já ocorreram, não pode prevê-los e evitá-los.
● Mecanismos antecipatórios: Já os mecanismos antecipatórios permitem a reação rápida, pois
os erros são previstos e evitados antes que possam acontecer. Esse sistema se baseia em
aprender com a experiência anterior (aprendizagem associativa). Com nas experiências, o
cerebelo calcula resultados prováveis e prevê as consequências sensoriais, corrigindo o
movimento continuamente antes que possa ocorrer um erro. Esse sistema de mecanismos
antecipatórios funciona não só para os movimentos de um único indivíduo, mas também para
aqueles de objetos e pessoas no mesmo ambiente. Ao andar em uma rua movimentada, por
exemplo, calcula-se as trajetórias de movimento das outras pessoas e ajusta-se rapidamente o
padrão de movimento, de modo a não colidir-se uns com os outros. Essa antecipação também
se aplica a imagens estáticas, em que se pode ver e antecipar o movimento, dando-lhes vida.
Lívia Thaís Rodrigues Costa - XXXI - Medicina
Con�õe� d� cerebel� vestibular: O cerebelo vestibular é a parte
mais antiga do cerebelo. É também chamado de arquicerebelo. Os
principais componentes do cerebelo vestibular são os núcleos
vestibulares, o lóbulo floculonodular, as partes inferiores da área
paravermiana e o núcleo do fastígio. As fibras aferentes para o
cerebelo fornecem informações sobre a posição da cabeça no
espaço e ajudam a orientar os movimentos dos olhos por meio de
reflexo vestíbulo-ocular. Esse sistema contém mecanismos
antecipatórios e de feedback no cerebelo, tanto do sistema
locomotor como do vestibular. Isso proporciona correção
contínua e antecipação de alterações na estabilidade e no
equilíbrio
● Fibras aferentes e eferentes: a comunicação desse
sistema é relativamente simples. As fibras aferentes dos núcleos
vestibulares se projetam para o lóbulo floculonodular e para a
área paravermiana inferior, na qual a informação é processada.
Daí, as fibras eferentes são enviadas para o núcleo fastigial, de
qual são enviadas projeções bilaterais para o núcleo vestibular e
para a formação reticular. Dessas estruturas, essa informação se
projeta pelos tratos vestibulospinal e reticulospinal para os
neurônios motores da medula espinal para ajustar a estabilidade
axial e o equilíbrio
● Inputs adicionais: Inputs adicionais ao sistema do cerebelo vestibular (não mostrado
na figura) vêm do complexo olivar inferior contralateral, que fornece informações
motoras, e da ponte basal contralateral, que fornece informações visuais
Con�õe� d� cerebel� espinha�:
O cerebelo espinal é a
segunda par te mais
antiga do cerebelo. É
também chamada de
paleocerebelo.
Compreende o lobo
anterior, o verme (sem o
nódulo) e a área
paravermiana superior.
O lobo anterior é
composto quase
inteiramente pelo verme
e pela área
paravermiana.
Lívia Thaís Rodrigues Costa - XXXI - Medicina
● Inputs: Fibras Ia e II de fusos musculares e fibras Ib de órgãos tendinosos de Golgi
transportam informações proprioceptivas para a coluna intermédia e para o núcleo cuneiforme
acessório, de onde se deslocam como tratos espinocerebelar posterior e cuneocerebelar, via
PCI para o cerebelo espinal. As células da camada marginal espinal recebem inputs do
sistema do neurônio motor superior. Os axônios das células da camada marginal espinal
formam o trato espinocerebelar anterior, que se projeta para o cerebelo espinal via PCS. É
desse modo que o cerebelo recebe uma “cópia” das informações motoras enviadas para o
sistema do neurônio motor inferior da medula espinal
● Funções: Os movimentos corporais podem ser divididos em movimentos de tronco e de
membros
Movimento de Tronco: O cerebelo coordena os movimentos de tronco e membros pelo circuito
espinocerebelar. Os do tronco são processados principalmente no verme e os outputs para a
musculatura do tronco saem do núcleo do fastígio, do qual são enviadas projeções bilaterais para os
núcleos vestibulares, os núcleos rubros e a formação reticular. Dessas estruturas, essa informação
projeta-se bilateralmente via tratos vestibulospinal, rubrospinal e reticulospinal para os neurônios
motores da medula espinal a fim de ajustar e refinar os movimentos do tronco.
Movimento dos Membros: O movimento dos membros é coordenado sobretudo no lobo anterior. Os
outputs saem pelos núcleos emboliforme e globoso para o núcleo ventral lateral (VL) do tálamo.
Projeções do VL para o córtex motor permitem o ajuste dos movimentos dos membros continuamente
via trato corticospinal lateral. A coordenação dos membros é lateralizada: o cerebelo controla o lado
ipsilateral do corpo pela projeção para o córtex motor contralateral. Por exemplo, o cerebelo esquerdo
projeta-se para o córtex motor direito, que se projeta retrogradamente para a medula espinal esquerda
(o ciclo cruza a linha média duas vezes!). Os núcleos profundos do cerebelo também recebem
informações do complexo olivar contralateral, que fornece mais informações sobre o movimento. Ao
integrar a informação proprioceptiva ipsilateral e os planos motores com a informação do movimento
contralateral do núcleo olivar, os outputs podem regular sinergicamente os movimentos dos membros.
Essa regulação exata assegura a fluidez desses movimentos, mantendo a estabilidade do tronco.
Con�õe� d� Cerebel� Cortica�: O
cerebelo cortical foi a última
adição ao cerebelo, sendo também
chamado de neocerebelo.
Compreende os aspectos laterais
dos lobos posteriores. Os inputs
para o neocerebelo vêm dos
núcleos pontinos. Grandes áreas do
córtex se projetam para os núcleos
pontinos ipsilaterais. Dos núcleos
pontinos, as fibras cruzam a linha
média (fibras transversais da
ponte) e entram no neocerebelo
contralateral via PCM.
Informações aferentes adicionais
provêm do complexo olivar
contralateral (fibras trepadeiras do
Lívia Thaís Rodrigues Costa - XXXI - Medicina
córtex cerebelar).
● Conexões recíprocas: Os outputs do córtex neocerebelar vão sobretudo para o núcleo
dentado, que os projeta para o núcleo rubro e daí para o VL do tálamo, o chamado trato
dentatorubrotalâmico. Há também projeções diretas do núcleo denteado para o tálamo, o
chamado trato dentatotalâmico. Do tálamo, as informações se projetam de volta para as áreas
motoras e sensoriais do córtex. Essas conexões recíprocas com o córtex cerebral permitem ao
cerebelo coordenar e agilizar os outputs motores do córtex
● Funções: O neocerebelo é necessário para a coordenação olho-mão. Utiliza inputs visuais e
calcula a trajetória do movimento necessária para alcançar ou manipular um alvo. Isso
envolve mecanismos de feedback e antecipatórios, que permitem que a aprendizagem e a
experiência influenciem no movimento.
Consequência sensorial: O neocerebelo também prevê a consequência sensorial de um movimento pela
comparação com experiências do passado. Esta é a razão pela qual você não pode fazer cócegas em si
mesmo: o neocerebelo já previu a consequência sensorial deste comando motor autogerado e atenuou
a resposta sensorial do córtex.
Movimento Voluntário: O neocerebelo está envolvido no planejamento e na automatização dos
movimentos voluntários. É responsável pelo ajuste fino dos padrões motores, de modo que, com a
prática, uma nova habilidade passa a ser executada automaticamente. Exemplos disso são a escrita a
mão e o tocar piano. Ambas são habilidades aprendidas que se tornaram automáticas com a prática.
Não se pensa como cada letra deve ser escrita; apenas nos conceitos, assim como não se pensa na
ordem e no espaçamento das teclas do piano ou no movimento necessário para atingi-las; concentra-se
apenas na partitura musical. Essa automatização pelo cerebelo, na verdade, libera o cérebro para
atividades cognitivas mais complexas.
Coordenação da atividade motora e cognição: É importante notar que os inputs para o neocerebelo não
provêm apenas das áreas motoras, mas também de áreas corticais relacionadas às funções cognitivae
sensorial; assim, é possível automatizar não só habilidades motoras, mas também sensoriais e
cognitivas. O neocerebelo modula, mas não gera linguagem e cognição. Por suas conexões, é uma
interface entre a cognição e os outputs motores. A linguagem é um exemplo de uma função que requer
atividade mental e motora coordenada pelo cerebelo. É responsável pela coordenação linguística,
fluidez da linguagem, automatização sintática e gramatical, bem como pela previsão da estrutura e do
fluxo das frases.
✨ RESUMINDO OS PRINCIPAIS TRATOS CEREBELARES
Lívia Thaís Rodrigues Costa - XXXI - Medicina
✨MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DAS DISFUNÇÕES CEREBELARES
A ataxia é o principal sinal de doença cerebelar; caracteriza-se por vários graus de dissinergia,
dismetria, ausência de coordenação agonista–antagonista e tremor. A ataxia pode afetar os membros, o
tronco ou a marcha. A doença cerebelar também pode causar hipotonia, astenia ou lentidão de
movimento, além de desvio dos membros estendidos. A doença com acometimento das conexões do
cerebelo no tronco encefálico causa anormalidades indistinguíveis da doença cerebelar propriamente
dita. Quando a ataxia cerebelar é causada por disfunção das conexões do cerebelo no tronco
encefálico, geralmente há outros sinais relativos ao tronco encefálico.
DISSINERGIA: O distúrbio básico na doença cerebelar é a dissinergia. Normalmente, a ação dos vários
músculos participantes de um movimento é coordenada e harmoniosa, sendo a força, o momento e a
sequência de ativação da contração apropriados para que o movimento seja uniforme e exato. A
doença cerebelar compromete os mecanismos normais de controle que organizam e regulam as
contrações dos diferentes músculos e grupos musculares participantes para garantir a uniformidade e a
coordenação apropriada do movimento. Há perda de velocidade e habilidade para realizar
movimentos que exijam a atividade coordenada de vários grupos de músculos ou de vários
movimentos. A contribuição do cerebelo é decisiva para o momento da ativação dos músculos
participantes de um movimento. A ausência de integração dos componentes da ação acarreta a
decomposição do movimento – a ação é dividida em seus componentes e realizada de maneira
arrítmica, inconstante, inábil e desorganizada. O cerebelo tem importância especial na coordenação de
movimentos multiarticulares.
DISMETRIA: A dismetria é caracterizada por erros na avaliação da distância e na medida da distância,
velocidade, potência e direção de movimento. A disfunção cerebelar causa perda da colaboração
normal entre agonista e antagonista. Ao se estender a mão para alcançar um objeto a 50 cm de
distância, a mão vai até 55 cm e ultrapassa o alvo (hipermetria), ou não alcança o alvo (hipometria). A
hipermetria é mais comum. O movimento pode ser muito lento ou muito rápido com força excessiva
ou insuficiente. O paciente com dismetria não faz um movimento em linha reta entre dois pontos, mas
desvia-se irregularmente do trajeto pretendido. Os estudos eletromiográficos mostraram que a
dismetria está associada a anormalidades do momento e da força da contração do antagonista
Lívia Thaís Rodrigues Costa - XXXI - Medicina
necessária para desacelerar o movimento. A hipermetria está associada a uma escalada mais gradual e
ao prolongamento da atividade agonista com início tardio da atividade antagonista, ou com menor
velocidade de aumento da atividade dos antagonistas.
COORDENAÇÃO AGONISTA-ANTAGONISTA: Um distúrbio da inervação recíproca leva à perda da
capacidade de interromper a contração dos agonistas e de contrair rapidamente os antagonistas para
controlar e regular o movimento. Em pacientes com déficits cerebelares que tentam fazer movimentos
voluntários rápidos, o primeiro pico de atividade do agonista costuma ser prolongado, o tempo de
aceleração é maior do que o normal e pode ser maior do que o tempo de desaceleração. A sequência
trifásica agonista–antagonista– agonista normal de atividade é perturbada por um pico de atividade do
agonista demasiado longo ou curto ou por um pico de atividade do agonista que persiste durante a
atividade do antagonista. O prejuízo da capacidade de fazer movimentos sucessivos e de interromper
uma ação e, logo em seguida, fazer o movimento diametralmente oposto causa disdiadococinesia,
perda dos movimentos de controle e fenômeno de rebote. Disdiadococinesia (ou adiadococinesia) é
um termo deselegante (cunhado por Babinski) que significa incapacidade de fazer movimentos
repetitivos rápidos ou MAR. O paciente com prejuízo dos MAR tem dificuldade em testes como bater
na palma de uma mão alternadamente com a palma e o dorso da outra mão, tamborilar rapidamente
em uma mesa, batucar um ritmo complexo ou bater o pé em ritmo constante. A incapacidade de
inverter rapidamente uma ação também compromete a resposta de controle e tem como consequência
o fenômeno de rebote de Holmes
TREMOR: O tipo mais comum de tremor cerebelar é o tremor de intenção (ativo, cinético ou terminal)
ausente em repouso, mas que se torna evidente durante o movimento intencional. No membro
superior, quando o paciente estende a mão para tocar um objeto, ocorrem abalos irregulares, para a
frente e para trás, perpendiculares ao trajeto do movimento, que aumentam de amplitude quando a
mão se aproxima do alvo. Também pode haver tremor postural dos membros estendidos, sem que o
paciente tente alcançar um alvo. Com frequência, o tremor cerebelar acomete os músculos proximais;
quando intenso, pode acometer não só os membros, mas também a cabeça ou mesmo todo o corpo. Às
vezes, o tremor cerebelar intenso pode ter um caráter quase mioclônico; alguns distúrbios causam
ataxia cerebelar e mioclonia. Os tremores e outros movimentos provavelmente são consequência de
doença das vias eferentes cerebelares ou de suas conexões com o núcleo rubro e o tálamo (vias
denteadorrubrais e denteadotalâmicas ou PCS) e, às vezes, são denominados tremor eferente
cerebelar. O tremor rubral está presente em repouso, mas agrava-se com o movimento e
provavelmente é consequência de uma lesão dos tratos eferentes cerebelares
HIPOTONIA: A hipotonia, ou flacidez muscular, com diminuição da resistência ao movimento passivo, é
observada com frequência na doença cerebelar. A disfunção cerebelar diminui os impulsos eferentes
tônicos dos núcleos do cerebelo, o que causa perda da facilitação cerebelar para o córtex motor. Os
músculos são flácidos e assumem atitudes artificiais; as partes do corpo podem ser movimentadas
passivamente até posições de flexão ou extensão extrema. Os reflexos de estiramento apresentam-se
normais ou diminuídos na doença limitada ao cerebelo. Por vezes, os reflexos tendinosos são
“pendulares”. A percussão do tendão patelar enquanto o pé está pendente acarreta uma série de
movimentos do pé e da perna, para a frente e para trás, até que o membro finalmente para. Os reflexos
pendulares são causados por hipotonicidade muscular e ausência do controle normal do reflexo. Os
reflexos superficiais não são afetados por doença do cerebelo. A doença cerebelar também pode
causar uma posição característica da mão estendida, provavelmente decorrente da hipotonia. Há
flexão e curvatura dorsal do carpo, com hiperextensão dos dedos, e tendência à hiperpronação. A mão
Lívia Thaís Rodrigues Costa - XXXI - Medicina
é semelhante à observada na coreia de Sydenham. A lesão cerebelar pode diminuir o movimento
pendular normal do braço afetado ao caminhar. O balanço do braço também pode diminuir em
distúrbios extrapiramidais e na hemiparesia leve. No teste de balanço dos ombros, a lesão cerebelar
aumenta a amplitude e a duração da oscilação do braço, embora os movimentos possam ser irregulares
e arrítmicos.
DISARTRIA: A doença cerebelar costuma afetar a fala. A articulação pode ser lenta, atáxica, arrastada,
com prolongamento das vogais, espasmódica ou explosiva em decorrência da dissinergia dos
músculos da fonação. Um tipo escandido de disartria é especialmente característico de doença
cerebelar. A fala escandida da esclerose múltipla e a falaem staccato da ataxia de Friedreich (AF)
provavelmente são consequências da disfunção cerebelar. A disartria pode ser manifestação isolada de
infarto cerebelar paravérmico.
NISTAGMO: O nistagmo e outros distúrbios da motilidade ocular podem ocorrer em lesões do cerebelo.
Com frequência, o nistagmo indica o acometimento das vias vestibulocerebelares. As anormalidades
oculares costumam ser consequência do acometimento das conexões do cerebelo com outros centros,
e não de real disfunção cerebelar. A doença cerebelar pode causar nistagmo do olhar parético. O
paciente é incapaz de manter o olhar excêntrico e necessita de repetidos movimentos sacádicos para
olhar lateralmente. Na lesão de um hemisfério, os olhos em repouso podem ser desviados 10° a 30°
em direção ao lado não afetado. Quando o paciente tenta olhar para outro lugar, os olhos fazem um
movimento sacádico em direção ao ponto de fixação, com lentos movimentos de retorno ao ponto de
repouso. Os movimentos são mais acentuados e de maior amplitude quando o paciente olha para o
lado afetado. Quando há tumor do ângulo pontocerebelar, o nistagmo é grosseiro ao se olhar para o
lado da lesão e fino e rápido ao se olhar para o lado oposto (nistagmo de Bruns). Outros distúrbios da
motilidade ocular observados na doença cerebelar são desvio, dismetria ocular, flutter ocular,
opsoclonia, reação de inclinação ocular e intrusões sacádicas. O nistagmo de rebote é um tipo de
nistagmo que pode ser exclusivo da doença cerebelar; o componente rápido ocorre na direção do olhar
lateral, mas há inversão transitória da direção quando os olhos voltam à posição primária.
OUTRAS ANORMALIDADES: Na doença cerebelar, podem-se observar anormalidades da postura e da
marcha com atitude anormal e desvio espontâneo da cabeça e de partes do corpo. Na doença cerebelar
unilateral, pode haver desvio da cabeça e do corpo em direção ao lado afetado, com hipermetria dos
membros em direção ao lado afetado. Há uma tendência à queda, na posição de pé, e ao desvio,
durante a marcha, em direção ao lado da lesão. Os membros estendidos desviam-se lateralmente, em
direção ao lado da lesão. Pode haver diminuição ou ausência do movimento pendular normal do braço
ao caminhar. Nas lesões da linha mediana, ou do verme, o paciente pode não ser capaz de se manter
ereto e cair para trás ou para a frente. A marcha é cambaleante, instável ou irregular, sem lateralidade.
“Crises cerebelares” é um termo antiquado que designa episódios de rigidez de descerebração por
disfunção do tronco encefálico causada pelo efeito de massa de lesões expansivas no cerebelo.

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