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HISTÓRIA DA ÁFRICA - TRABALHO ARGÉLIA Carolina MARCHESIN MOISÉS Introdução O presente trabalho tem o intuito de apresentar a Argélia, país africano, em suas principais características. Procuramos neste apresentar os contrastes entre a Argélia em sua atual configuração e enquanto país colonizado pela França, tratando ainda de seu processo de independência. A Argélia hoje A Argélia, oficialmente República Democrática e Popular da Argélia, é um país localizado no Magreb, Norte da África, e tem como capital a cidade de Argel. A língua oficial e majoritária do país é o árabe, junto a uma série de dialetos berberes, mas muitos dos argelinos também falam francês. Quanto à religião, 99% da população da Argélia adere ao Islã, considerado a religião do Estado. Tanto a religião quanto a língua refletem a origem da população do país, quase que inteiramente composta por árabes de origem berbere. O país aprovou em 1996 uma Constituição que adicionava o Senado à já existente Assembleia Nacional, que possui um presidente eleito a cada cinco anos. Além disso, existe um sistema de 48 províncias que elegem seus próprios membros do Conselho, da Assembleia e um Governador. A estimativa da população do país para o ano de 2016 é de 40,4 milhões de1 habitantes, com um PIB per capita estimado em U$14, 620 .2 A colonização francesa Quando da chegada dos franceses no território hoje considerado como a Argélia em 1830, não havia uma nação constituída e estabilizada, mas sim um senso de comunidade entre os povos do local. O emir Abd al-Qadir, frente à ameaça francesa, criou um Estado para combater a invasão, mas após diversos conflitos acabou se rendendo às forças do francês Bugeaud em 1847. Com a partilha da África pelos países europeus sendo discutida na3 3 NAYLOR, Phillip C. France and Algeria: A History of Decolonization and Transformation. Florida: University Press of Florida, 2010. p. 6. 2 Disponível em: <http://www.suapesquisa.com/paises/argelia/>. Acesso em 25/06/2016. 1 Thomson Gale Gale Group. Worldmark encyclopedia of the nations (12th edition). Detroit, MI: Thomson Gale, 2007. http://www.suapesquisa.com/paises/argelia/ conferência de Berlim (1884-5), que estabeleceu as regras para declarar posse sobre os territórios africanos, os franceses concentraram-se na colonização das regiões ao redor do lago Chade, na África Ocidental e na África do Norte (que inclui a Argélia). Já a partir de 1873 vemos o início da instalação dos pieds-noirs (colonos franceses) no território argelino, desapropriando as terras nativas e colocando toda a economia local (baseada principalmente na agricultura) a favor da metrópole. Segundo Marc Ferro, historiador francês, a Argélia “foi concebida como uma prolongação da metrópole, com seus três departamentos - a divisão administrativa da França -, mas tendo a menos, para os árabes, as vantagens sociais, os direitos políticos etc” , mostrando que a maioria da população do4 país estava em situação desfavorável em relação à elite colonial que o governava, o que contrasta com a colonização francesa do Marrocos e da Tunísia, onde mesmo as relações entre colono e nativo eram mais favoráveis. É notável nos estudos sobre a colonização francesa na África que apesar da população majoritariamente muçulmana estar sob pressão e em uma posição reprimida, poucos optaram por renunciar à religião para assim se tornarem cidadãos franceses. Ainda que a colonização francesa tenha se perpetuado por certo tempo, ao levar a cultura metropolitana para uma nova geração de argelinos que fora educada em escolas francesas, alimentou o crescimento desse grupo que viria a reivindicar seu nacionalismo argelino, dando início à resistência que levou à luta pela independência do país. O processo de descolonização A crise econômica da década de 1930 assola também os países africanos, mas na Argélia ela significa um abalo na população argelina, sendo ainda agravada pela crise do sistema colonial. Em 1936 a mobilização das massas já se mostrava efetiva com a criação do Partido do Povo Argelino. Mais a frente, durante a Segunda Guerra Mundial, os muçulmanos lutaram pela França, e sua derrota enfraqueceu as relações entre a metrópole e o Magrebe, expandindo o desejo por uma reforma na sociedade .5 Após os desdobramentos da Segunda Guerra Mundial, que resultou numa rebelião popular fortemente reprimida, foi criado um partido de militância anti-francesa, o Amigos do 5 CONNELY, Matthew. A diplomatic revolution: Algeria’s Fight for Independence and the Origins of the Post-Cold War Era. New York: Oxford University Press, 2002. p. 23. 4 FERRO, Marc. História das Colonizações. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. p. 149. Manifesto da Liberdade (1944). No mesmo ano de 1944, os argelinos conseguiram acesso às instituições metropolitanas, com um total de quinze deputados na Assembleia Nacional e sete senadores no Conselho da República. Isso permitiu que Farhat ‘Abbas, o mesmo fundador do Amigos do Manifesto da Liberdade, apresentasse “perante a Assembleia Nacional Constituinte, em Paris, um projeto de federação entre a França e uma futura república argelina” .6 Em 1955 foi fundada a Frente de Libertação Nacional, composta de diversos integrantes de partidos já dissolvidos. Em 1956, em seu primeiro congresso, a FLN deliberou que “Uma orientação revolucionária foi adotada: a independência não bastaria; a criação de uma ordem socialista e a colocação em marcha de uma reforma agrária radical consistiam um imperativo” . Após muitas dissidências com a França e a organização de um governo no7 exílio, em 1962 a França e a Argélia entraram em acordo que determinou cessar-fogo e que o futuro da Argélia ainda seria definido, o que aconteceu à 1º de julho, quando o referendo que tratava do assunto teve um total de 99,7% de votos favoráveis à independência, pondo fim à Revolução Argelina. A Argélia pós-colonial Os primeiros meses da Argélia pós-colonial tiveram grande influência na formação da nova república, pois ocorreu um êxodo da minoria francesa, que percebeu que não poderia continuar no país em suas novas formas. Com isso, a Argélia poupou-se dos conflitos raciais que poderiam vir a acontecer. A Argélia teve seu primeiro presidente eleito, Ahmed bem8 Bella, em 1962, quando foi declarada um estado socialista árabe-islâmico, tendo o FLN como único partido. Em 1963, uma Constituição foi apresentada à população, que de certa forma determinava um modo de identidade nacional árabe-muçulmana, colocando o Islã e a língua árabe como forças da Revolução. É notável que a Argélia, mesmo após a independência, levou em frente a tarefa revolucionária do socialismo. Entre 1968 e os anos 1970 a Argélia teve um crescimento impressionante sob o comando de Boumediene, com o desenvolvimento de indústrias (principalmente relacionadas 8 Ibidem, p. 165. 7 HRBEK, I. “A África setentrional e o Chifre da África”. In: MAZRUI, A. A.: História Geral da África – Vol.VIII – África desde 1935. SP Ática/UNESCO, 1991. p. 161. 6 MAZRUI, Ali A. “O horizonte 2000”. In: MAZRUI, A. A.: História Geral da África - Vol. VIII - África desde 1935. SP Ática/UNESCO, 1991. p. 1099 à petróleo e gás natural, que vieram a se tornar a principal fonte econômica do país), construção civil e mineração, mas que acabou negligenciando o setor agrícola. O foco nas9 indústrias de petróleo e gás é vista por Le Sueur como um dos motivos para a Argélia ter fraquejado durante a crise do petróleo de 1986 , já sob comando de Chadli Bendjedid, que10 influenciou na relação com a França. Além da crise econômica causada pela queda do petróleo, o novo presidente teve que lidar com problemas sociais, visto que a população argelina havia crescido muito desde a independência e precisava de serviços sociais mais efetivos para moradia, saúde e educação. A solução encontrada por Chadli foi a de abrir a economia, numa tentativa de ultrapassar os problemas causados pelo modelo socialista até então implantado. Já no governode Bendjedid iniciava-se a solicitação popular por um governo islâmico. A resposta do presidente foi a criação de uma nova constituição em 1989, que reduzia o papel da FLN e permitia a criação de novos partidos de oposição. A ação da Frente Islâmica, aliada à FLN durante o governo de Ahmed ben Bella, foi de total vitória sobre a FLN nas eleições gerais de 1991. Em 1991, logo após as eleições, o setor militar tenta abafar a nova democracia que surge na Argélia, suspendo o parlamento e realizando uma grande opressão; a resposta da Frente Islâmica é realizada em atos de terrorismo, que mesmo após inúmeras reformas políticas continuou sendo violenta e resultou em muitos massacres. Em 1995 houve novas eleições, na qual um representante dos militares venceu, e quando este declarou anistia aos guerrilheiros a violência passou a diminuir, tendo quase desaparecido no ano de 2002, considerado o último ano da guerra civil. 10 Op. cit., p. 26. 9 LE SUEUR, James D. Between terror and democracy: Algeria since 1989. London: Zed Books, 2010. p. 21. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Algeria-Watch: Information on the human rights situation in Argelia. Disponível em: <http://www.algeria-watch.de/index_en.htm>. Acesso em: 26/06/2016. CONNELLY, Matthew. A diplomatic revolution: Algeria’s Fight for Independence and the Origins of the Post–Cold War Era. New York: Oxford University Press, 2002. FERRO, Marc. História das Colonizações. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. LE SUEUR, James D. Between terror and democracy: Algeria since 1989. London: Zed Books, 2010. MAZRUI, A. A.: História Geral da África – Vol.VIII – África desde 1935. SP Ática/UNESCO, 1991. NAYLOR, Phillip C. France and Algeria: A History of Decolonization and Transformation. Florida: University Press of Florida, 2000. Thomson Gale Gale Group. Worldmark encyclopedia of the nations (12th ed.). Detroit, MI: Thomson Gale, 2007. http://www.algeria-watch.de/index_en.htm
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