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Enzo Amaral Avidago 0 ENZO AMARAL AVIDAGO - 3º PERÍODO / 2019.2 PROF. PIETRO MAINENTI ENZO AMARAL AVIDAGO - 3º PERÍODO / 2019.2 PROF. PIETRO MAINENTI Enzo Amaral Avidago 1 1. INTRODUÇÃO • PATOLOGIA → é uma disciplina das ciências biomédicas preocupada em desvendar os mistérios das doenças nos seres vivos. Para tanto, se ocupa de avaliações macro e microscópicas de estruturas sadias e doentes, pois a patologia trabalha com comparação. Caracterizar o processo patológico é verificar o que acometeu a estrutura para que ela ficasse doente. - ETIOLOGIA (ou ETIOPATOGÊNESE): estudo das causas; reconhecimento do agente etiológico; - PATOGÊNESE (ou PATOGENIA): estudo dos mecanismos de origem ou de evolução de qualquer processo patológico; - ANATOPATOLOGIA e HISTOPATOLOGIA: estudo das alterações morfológicas dos tecidos que, em conjunto, recebem o nome de lesões; - FISIOPATOLOGIA: estudo das alterações funcionais de órgãos e sistemas afetados. • SAÚDE X DOENÇA → pode-se definir saúde como um estado de adaptação do organismo ao ambiente físico, psíquico ou social em que vive, de modo que o indivíduo se sente bem (saúde subjetiva) e não apresenta sinais ou alterações orgânicas (saúde objetiva). Ao contrário, doença é um estado de falta de adaptação ao ambiente físico, psíquico ou social, no qual o indivíduo se sente mal (tem sintomas) e/ou apresenta alterações orgânicas evidenciáveis objetivamente (sinais clínicos). • HISTÓRIA NATURAL → refere-se a uma descrição da progressão ininterrupta de uma doença em um indivíduo desde o momento da exposição aos agentes causais até a recuperação ou a morte. Não abrange o tratamento da doença. • NOSOLOGIA → é a parte da medicina ou o ramo da patologia que trata das enfermidades em geral e as classifica do ponto de vista explicativo (isto é, de sua etiopatogenia). O quadro nosológico serve para limitar um grupo de doenças que você compõe o seu estudo (p. ex., o quadro nosológico do coração são as doenças que acometem o coração; quando se impõem mais um limite, como doenças infecciosas, o quadro nosológico passa a ser doenças infecciosas do coração). • BIÓPSIAS → é um procedimento no qual o médico cirurgião realiza a retirada de um pequeno fragmento do nódulo suspeito para análise em laboratório, chamada de exame anatomopatológico. A biopsia deve conter o tecido doente e parte do tecido sadio para comparação. • NECRÓPSIAS → significa a abertura e a inspeção detalhada e metódica das cavidades e órgãos do indivíduo morto com o objetivo de determinar a respectiva causa mortis. • PATOLOGIA CIRÚRGIA X PATOLOGIA CLÍNICA → a Patologia Cirúrgica é a área da Anatomia Patológica que realiza análise dos aspectos morfológicos das enfermidades, em amostras de tecido ou órgãos humanos removidos cirurgicamente. A Patologia Clínica, também chamada de Medicina Laboratorial, é uma especialidade médica que se baseia na análise de exames de laboratório clínico, como exames de sangue, urina, fezes e outros materiais biológicos. 2. TIPOS DE BIOPSIA • BIÓPSIA INCISIONAL → remove apenas um fragmento do nódulo; é realizada para reconhecer a natureza, e saber se deve ser feita a extração remoção completa da lesão ou deve entrar com outro tratamento. • BIÓPSIA EXCISIONAL → remove todo o nódulo, com margem e profundidade de segurança. Realizada, por exemplo, em certos tumores malignos, que não causam metástase (p. ex., carcinoma basocelular; melanoma). Porém, antes de saber o diagnóstico realiza-se uma coleta incisional, para descobrir a origem da lesão. • BIÓPSIA ASPIRATIVA → a proposta é a investigação de órgãos, como glândulas salivares, tireóide, mamárias e nódulos linfáticos; a partir da coleta de células; é do tipo incisional. Muito usada na tireoide para verificar se as células possuem identidade maligna ou não. • BIÓPSIA POR PUNCH → o punch é um bisturi circular, no qual você entra com ele na pele ou mucosa e retira um cilindro de tecido; trata- se de um procedimento rápido e pouco invasivo. Serve tanto para incisional quanto para excisional dependendo do diâmetro do punch. É feito para reconhecer o diagnóstico e o que devemos fazer. • BIÓPSIA POR CONGELAÇÃO → é um procedimento diagnóstico dentro da anatomia patológica realizado durante o ato cirúrgico. Serve para orientar o cirurgião na cirurgia (ampliação das margens). Pode ser feito em mastectomia, na qual você retira o linfonodo axilar, e avalia se tem infiltração, não havendo infiltração não tem metástase. ! Biópsia por congelamento serve somente para tecidos moles. 3. REQUISITOS PARA BIÓPSIA • MATERIAL → punch, bisturi – pele e mucosas; bisturi – retira órgãos; brocas e serras – ossos; curetas (uma espécie de colher) – cápsulas, material cavitário; • TÉCNICA → incisional/punch – retirada de parte do tecido; excisional/punch – retirada do todo o tecido ou órgão; curetas – raspados celulares; • FIXAÇÃO → formol a 10% quando o material deve ser conservado para a biópsia (paralisa as ações celulares; sem fixador as células vão continuar com enzimas metabólicas, e são levadas a autólise, a célula morre); coloração – 80% dos casos é corado com eosina e hematoxilina com tonalidade rosada ou avermelhada a lâmina e os outros 20% temos a histoquímica (lâmina verde, azul) e a imunohistoquímica. https://brasilescola.uol.com.br/biologia/sangue.htm https://brasilescola.uol.com.br/biologia/formacao-urina.htm Enzo Amaral Avidago 2 4. RESPOSTAS CELULARES ÀS AGRESSÕES As agressões podem se originar no ambiente externo ou a partir do próprio organismo. De modo muito resumido, agressões podem ser provocadas por agentes físicos, químicos e biológicos, além de por alterações na expressão gênica ou por modificações nutricionais ou dos próprios mecanismos defensivos do organismo (p. ex., alterações na respiração celular; síntese proteica; integridade da membrana celular; integridade do genoma). Lesão ou processo patológico é o conjunto de alterações morfológicas, moleculares e/ou funcionais que surgem nas células e tecidos após agressões. • TIPOS DE AGRESSÃO - Hipóxia (diminuição do oxigênio); - Anóxia (isquemia – oxigênio insuficiente para o metabolismo celular); - Re-oxigenação (reperfusão após isquemia – formas de oxigênio reativas); - Agentes físicos (calor e frio extremos, choque elétrico, irradiação, alteração brusca na pressão atmosférica); - Agentes químicos (lesões celulares variadas); - Mecanismos imunologicamente mediados (defesa humoral ou celular); - Agentes infecciosos (lesões celulares diretas – vírus, bactérias, fungos); - Deficiências nutricionais. ! O efeito da agressão depende do estímulo e da célula. Por exemplo, a hipóxia em um neurônio causa alterações celulares irreversíveis ou morte da célula e do tecido; já no fibroblasto, a hipóxia causa alteração celular, disfunção e adaptação. As respostas às agressões podem ocorrer: - NÍVEL BIOQUÍMICO: regulação das funções metabólicas (sem alteração estrutural); ativação de genes com funções citoprotetoras (imunoistoquímica). - NÍVEL ESTRUTURAL: alteração microscopicamente perceptível; alteração fisiológica (p. ex., aumento da tireóide na gravidez – estimulação das células tireoidianas por hormônio), alteração patológica (alteração celular; disfunção; adaptação ou morte). Perante o estimulo agressivo, a melhor resposta para o organismo seria o retorno das células ao seu estado normal, sem alteração de nenhuma de suas funções. A adaptação refere-se à capacidade das células, dos tecidos ou do próprio indivíduo de, frente a um estímulo, modificar suas funções dentro de certos limites (faixa da normalidade), para ajustar-se às modificações induzidas pelo estímulo; pode envolver apenas células (ou suas organelas) ou o indivíduo como um todo. Quando não há chance de sobrevivência celular, a célula sofrerá morte celular, em que não ocorre nem adaptação da célula, nem possibilidade de retorno ao normal,devido ao evento da lesão ocorrer de maneira rápida. ! Agressões por falta de oxigênio podem gerar formas de oxigênio reativas (FOR), vulgarmente chamados “radicais livres”. Causados por lesão celular isquêmica (↓oxigênio – ↑FOR) seguida de reperfusão (↑oxigênio). Formas de oxigênio reativas → superóxido (O2-); peróxido de hidrogênio (H2O2); radical hidroxila (OH-). As FOR reagem com todos os tipos de componentes (p. ex., lipídios, proteínas, ácidos nucleicos). 5. ALTERAÇÕES REGRESSIVAS OU DEGENERAÇÕES Aplica-se a alterações morfológicas das células, não incluindo modificações no interstício. Indica as lesões reversíveis (a célula retorna ao estado normal após ser eliminada a causa) decorrentes de alterações bioquímicas que resultam no acúmulo de substâncias no interior das células. Enzo Amaral Avidago 3 • DEGENERAÇÃO HIDRÓPICA → é caracterizada pelo acúmulo de água e eletrólitos no interior da célula, tornando-a tumefeita, aumentada de volume. A degeneração hidrópica é provocada por transtornos no equilíbrio hidroeletrolítico que resulta na retenção de eletrólitos e água nas células. O trânsito de eletrólitos através das membranas celulares depende de mecanismos de transporte feito por canais iônicos; são as chamadas bombas eletrolíticas (dependentes de ATP), que são capazes de transportar eletrólitos contra gradiente de concentração e de manter constantes as concentrações desses eletrólitos no interior da célula. Uma agressão pode diminuir o funcionamento da bomba eletrolítica quando → altera a produção ou consumo de ATP (p. ex., hipóxia – redução da produção de ATP; hipertermia exógena ou endógena – aumento de consumo de ATP); interfere na integridade das membranas; modifica a atividade de uma ou mais moléculas que formam a bomba. • ESTEATOSE (DEGENERAÇÃO GORDUROSA) → acúmulo de gorduras neutras (mono, di ou triglicérides) no citoplasma de células que normalmente não armazenam. A esteatose é comum no fígado, epitélio tubular renal e miocárdio. A lesão aparece todas as vezes que um agente interfere no metabolismo dos ácidos graxos da célula, aumentando sua síntese ou dificultando sua utilização (transformação de triglicerídeos em colesterol, fosfolipídeos ou lipoproteínas), transporte ou excreção. Esteatose é causada por agentes tóxicos, hipóxia, alterações na dieta (alcoolismo) e distúrbios metabólicos de origem genética (diabetes). ! Em uma célula com degeneração gordurosa há acúmulo de triglicérides na célula, o que acarreta deslocamento nuclear para a periferia. • DEGENERAÇÃO HIALINA → apresentação de acúmulos de material proteico no interior das células (do grego hyalinos = vidro). O conceito de degeneração hialina é morfotintorial: trata-se do acúmulo de material acidófilo no interior da célula. A degeneração resulta da condensação de filamentos intermediários e proteínas associadas que formam corpúsculos no interior da célula; em outros, representa acúmulo de material de origem virótica. A ubiquitina, proteína citoprotetora do estresse celular, se liga a proteínas intracitoplasmáticas que necessitam de eliminação. Em casos crônicos os produtos das ligações ficam aprisionados na célula. Um exemplo, é a associação da ubiquitina à filamentos intermediários de ceratina no interior dos hepatócitos em alcoolistas crônicos, representada pelo corpúsculo hialino de Mallory. • DEGENERAÇÃO MUCOIDE → hiperprodução de muco pelas células mucíparas dos tratos digestivo e respiratório, levando ao acúmulo de mucina, podendo levar à morte celular; síntese exagerada de mucinas em adenomas e adenocarcinomas, que às vezes extravasam para o interstício. Ocorre: estômago, intestino grosso, vesícula biliar, próstata e pâncreas. • DEGENERAÇÃO GLICOGÊNICA → trata-se de um processo menos comuns, pois é uma agressão estrutural, visível ao microscópio de luz; causas genéticas – deficiências de enzimas responsáveis pelo metabolismo de carboidratos, provocando acumulo de glicogênio nas células do fígado, rim, músculos esqueléticos e coração. 6. MORTE CELULAR Fases da morte celular vista ao microscópio: (1) As células normais têm núcleo e nucléolo evidentes. O citoplasma é rosa pálido pelo RNA disperso no mesmo; (2) A célula em início de necrose apresenta menor tamanho e eosinofilia. Uma diminuição do RNA citoplasmático altera a coloração do mesmo. Há redução do núcleo, como reflexo de proteção; (3) A liberação de nucleases causa a fragmentação do núcleo em pequenos pedaços; (4) Há dissolução do núcleo. O citoplasma celular exibe uma massa de proteína desnaturada. 7. APOPTOSE x NECROSE A apoptose, também definida como morte celular programada, é um tipo de "autodestruição celular" que requer energia e síntese proteica para a sua execução. Está relacionado com a homeostase na regulação fisiológica do tamanho dos tecidos, exercendo um papel oposto ao da mitose. Ocorre nos contextos → durante o desenvolvimento; no controle do número celular nos tecidos; mecanismo de defesa nas reações imunes; lesão por agentes nocivos; envelhecimento. ETAPAS DA APOPTOSE: células normais → condensação da cromatina; manutenção das organelas → organização em corpos apoptóticos → corpos apoptóticos fagocitados por células vizinhas ou macrófagos. ! Durante a embriogênese ocorre apoptose das células epiteliais para a separação dos dedos. A necrose é o estado de morte de um tecido ou parte dele em um organismo vivo; trata-se sempre de um processo patológico e desordenado de morte celular (diferente da apoptose) causado por fatores que levam à lesão celular irreversível e consequente morte celular. Trata-se de um processo rápido que a célula não consegue reagir. - NECROSE DE COAGULAÇÃO: com preservação da arquitetura geral do tecido (p. ex., infarto do miocárdio). - NECROSE DE LIQUENIFICAÇÃO: sem preservação da arquitetura geral do tecido (p. ex., trombose no sistema nervoso central). - NECROSE CASEOSA: necrose de coagulação com fragmentos granulares amorfos cercados por uma borda inflamatória, sem preservação da arquitetura geral do tecido (p. ex., tuberculose). - NECROSE GORDUROSA: digestão enzimática do tecido adiposo (p. ex., pancreatite aguda). https://pt.wikipedia.org/wiki/Tecido https://pt.wikipedia.org/wiki/Organismo https://pt.wikipedia.org/wiki/Apoptose Enzo Amaral Avidago 4 8. CICLO CELULAR G0: fase de descanso; G1: fase de pré-síntese; G2: fase pré-mitose; S: fase de síntese ! O que diferencia os tipos celulares é a período G1. - CÉLULAS LÁBEIS: são células que entram no ciclo de divisão celular constantemente; encontram-se em G0 até receberem um estímulo que iniciará a divisão (p. ex., células epiteliais); - CÉLULAS ESTÁVEIS: são células que entram no ciclo até G0 e permanece em descanso; na necessidade retornam a G1 (p. ex., células parenquimatosas do fígado; fibroblastos); - CÉLULAS PERMANENTES: são células que deixam o ciclo após a mitose; permanecem em G0 pelo resto da vida (p. ex., neurônios). 9. ALTERAÇÕES PROGRESSIVAS OU DISTÚRBIOS DO CRESCIMENTO As células podem responder aos estímulos nocivos e alterar seu metabolismo em relação ao novo ambiente. Em linhas gerais as adaptações podem ser: por aumento da atividade celular; por diminuição da atividade celular; por alteração na morfologia celular. TECIDO NORMAL → ESTÍMULO ANORMAL (aumento do trabalho; aumento do metabolismo; excesso de estímulo endócrino; dano celular persistente) → RESPOSTA ADAPTATIVA (aumento do volume celular; aumento do número de células) → TECIDO ‘ESTÁVEL’ (hipertrofia e/ou hiperplasia) → FIM DO ESTÍMULO ANORMAL → REMOÇÃO DA CAUSA (redução do volume e/ou número de células) → TECIDO NORMAL TECIDO NORMAL → ESTÍMULO ANORMAL (nutrientes inadequados; ausência de estimulação endócrina; suprimento sanguíneo pobre; denervação; envelhecimento) → RESPOSTA ADAPTATIVA (redução do volume celular e/ou redução do número de células) → TECIDO ‘ESTÁVEL’ (hipotrofia e/ou hipoplasia) → FIMDO ESTÍMULO ANORMAL → REMOÇÃO DA CAUSA (aumento do volume e/ou número de células) → TECIDO NORMAL • HIPERTROFIA (grego: hyper – aumento; trophos – nutrição/ metabolismo) → consiste no aumento dos constituintes estruturais (número de organelas) e das funções celulares, o que resulta em aumento volumétrico das células e órgãos afetados; requer fluxo sanguíneo maior que o normal, integridade da inervação e normalidade da célula. ! A hipertrofia pura acontece na musculatura cardíaca e na musculatura esquelética. Na maioria dos casos a hipertrofia é acompanhada da hiperplasia. EVOLUÇÃO: regressão após o fim do estímulo; degeneração celular por excesso de estimulo; ou hiperplasia. Pode ser fisiológica ou patológica: - FISIOLÓGICA: ocorre em certos órgãos e em determinadas fases da vida como fenômenos programados (p. ex., hipertrofia da musculatura uterina na gravidez). - PATOLÓGICA: (1) hipertrofia do miocárdio – sobrecarga do coração por mecanismo de barreira; (2) hipertrofia da musculatura esquelética – aumento exagerado por esforço físico; (3) hipertrofia da musculatura lisa em órgãos ocos – relacionado a obstrução; (4) hipertrofia de neurônios; (5) hipertrofia de hepatócitos – aumento do retículo endoplasmático liso. • HIPERPLASIA (grego: hyper – aumento; plasis – formação) → consiste no aumento do número de células de um órgão ou de parte dele, por aumento da proliferação e/ou por diminuição da apoptose; só acontece em órgãos que contêm células com capacidade replicativa (células lábeis ou estáveis). Requer fluxo sanguíneo adequado, integridade da inervação e ausência de desvios morfológicos celulares. As células hiperplásicas são idênticas às normais. EVOLUÇÃO: regressão após o fim do estímulo; estabilização mesmo depois do fim do estímulo; hiperplasias de superfície – podem sofrer inflamação, erosão, ulceração e sangramento (atrito). TIPOS: - POR AUMENTO DO TRABALHO: (1) realizar trabalho de população celular destruída (hiperplasia vicariante) – hiperplasia de um rim após nefrectomia unilateral, hiperplasia do fígado após hepatectomia parcial, testículo remanescente após orquiectomia unilateral; (2) exigência de trabalho – hiperplasia da mama na lactação (e, também, hipertrofia). - HIPERPLASIA HORMONAL: (1) fisiológica – útero e mamas na gravidez e na puberdade; (2) patológica - hiperplasia do endométrio por aumento dos níveis de estrogênio (reposição hormonal; neoplasia de ovário; ovário policístico), hiperplasia prostática por aumento dos níveis de 5α-redutase e diidrotestosterona. - HIPERPLASIA INFLAMATÓRIA/REACIONAL: (1) proliferação conjuntivo-vascular – tecido de granulação (requer fatores de crescimento); (2) inflamações crônicas (protuberâncias sésseis ou pediculadas nas mucosas); (3) infecções viróticas (verrugas por infecção pelo vírus do papiloma – hiperplasia epitelial). • HIPOTROFIA (grego: hypo – pouco; trophos – nutrição/metabolismo) → consiste na redução quantitativa dos componentes estruturais e das funções celulares, resultando em diminuição do volume das células e dos órgãos atingidos. Na hipotrofia primaria, a causa está na Enzo Amaral Avidago 6 célula → inibição da atividade enzimática celular; redução de transcrição de DNA em RNA; na hipotrofia secundária, a causa é extracelular → redução de O2 e nutrientes. EVOLUÇÃO: regressão após o fim do estímulo; ausência de regressão se houver fibrose; hipotrofias fisiológicas são irreversíveis (envelhecimento). Pode ser fisiológica ou patológica: - FISIOLÓGICA: ocorre com o envelhecimento, quando todos os órgãos e sistemas do organismo reduzem as atividades metabólicas (p. ex., redução do coração; redução da massa muscular; atrofia fisiológica do cérebro); - PATOLÓGICA: (1) inanição – desnutrição promove hipotrofia generalizada; (2) imobilização transitória o permanente – desuso; (3) compressão – resulta de uma lesão expansiva, como cistos, tumores, próteses, entre outros; (4) obstrução vascular – doença oclusiva arterial ou venosa (isquemia); (5) hormônio – redução (p. ex., menopausa); (6) inflamação crônica; (7) substâncias tóxicas que bloqueiam sistemas enzimáticos e a produção de energia pelas células (p. ex., saturnismo – chumbo); (8) neuropatia – falta de inervação motora • HIPOPLASIA (grego: hypo – pouco; plasis – formação) → consiste na diminuição da população celular de um tecido, de um órgão ou de parte do corpo. A região afetada é menor e menos pesada que o normal, mas conserva o padrão arquitetural básico. As causas principais são defeitos na embriogênese (p. ex., focomelia) e destruições celulares. Pode ser fisiológica ou patológica: - FISIOLÓGICA: involução do timo a partir da puberdade e a de gônadas no climatério; com o envelhecimento, ocorre hipoplasia dos órgãos por aumento da apoptose. - PATOLÓGICA: tóxica (p. ex., hipoplasia de medula – anemias “aplásicas”); por destruição de linfócitos por corticóides – hipoplasia dos órgãos linfoides. ! No geral, as hipoplasias são irreversíveis. 10. METAPLASIA ETIMOLOGIA: (grego: meta – variação; plasis – formação) Trata-se de um processo adaptativo reversível, que consiste na mudança de um tipo de tecido adulto (epitelial ou mesenquimal) em outro da mesma linhagem (p. ex., um tipo de epitélio transforma-se em outro tipo epitelial; um epitélio, porém, não se modifica em tecido mesenquimal), em resposta a algum tipo de agressão. As novas células são bem diferenciadas; ocorre inativação de genes da primeira característica celular e desrepressão de genes para a nova característica. Os antígenos de histocompatibilidade são transformados. Os antígenos de histocompatibilidade são transformados; logo não há somente modificação genética, mas também há alteração fenotípica. Desta forma, a célula irá trabalhar com a nova estrutura que ela está admitindo. Tipos mais comuns: (1) epitélio estratificado pavimentoso não ceratinizado em epitélio ceratinizado – ocorre na boca ou no esôfago em consequência de irritação; (2) epitélio pseudoestratificado ciliado em epitélio estratificado pavimentoso, ceratinizado ou não; (3) epitélio glandular seroso em epitélio mucíparo – acontece na metaplasia intestinal da mucosa gástrica; (4) tecido conjuntivo em tecido cartilaginoso ou ósseo; (5) tecido cartilaginoso em tecido ósseo. EXEMPLOS: metaplasia escamosa na bexiga; epidermização no colo do útero; metaplasia intestinal da mucosa gástrica; metaplasia cartilaginosa e óssea. É causada, no geral, por agressões mecânicas de baixa intensidade e repetidas (próteses); ação repetida do calor (no tabagismo, no uso do chimarrão); ação repetida de agressores químicos (no tabagismo – fumaça na mucosa brônquica); inflamações crônicas (cervicite crônica – inflamação crônica do colo uterino). ! LEUCOPLASIA (grego: leuco – branco; plasis – formação) → transformação metaplásica do epitélio escamoso estratificado não ceratinizado consistindo em aumento das camadas de ceratina (p. ex., mucosa bucal e colo uterino). O epitélio adquire aspecto → lesão branca, nacarada (perolada). IMPORTÂNCIA: a leucoplasia sugere uma lesão pré-maligna (neoplásica); as lesões podem se associar a outros padrões – eritroplasia (p. ex., leucoeritroplasia). 11. DISPLASIA ETIMOLOGIA: (grego: dys – imperfeito/irregular; plasis – formação) Pode ser definida com a “formação errada” de uma célula ou tecido. - RELACIONADAS AO DESENVOLVIMENTO: distúrbios congênitos do crescimento (acondroplasia – tipo de nanismo); displasias por proliferação mesenquimal (displasia fibrosa); - RELACIONADAS ÀS NEOPLASIAS: displasias adquiridas (displasias mucosas, displasias no trato respiratório); perda da uniformidade nas células, tendo células de tamanho, volume e formar variadas (pleomorfismo), e desarranjo estrutural tecidual – alterações do citoplasma e do núcleo. ETAPAS DA DISPLASIA: 1. DISPLASIA LEVE: caracterizada por uma duplicação ou triplicação da camada basal; 2. DISPLASIA MODERADA: há mitose nas camadas basal e média;3. DISPLASIA GRAVE: há mitose nas camadas basal, média e superficial; 4. CARCINOMA IN SITU: onde se formou a displasia, neste caso a grave, há a formação de um carcinoma que utiliza todo o pleomorfismo da manifestação displásica. ! Carcinoma microinvasivo: é quando o carcinoma in situ rompe a membrana basal, invadindo o tecido conjuntivo, possibilitando sua disseminação por este ser amplamente vascularizado. Enzo Amaral Avidago 7 12. NEOPLASIA ETIMOLOGIA: (grego: neo = novo - plasis = formação) Proliferação de clones de células atípicas com autonomia multiplicativa e perda da diferenciação. As neoplasias podem ser benignas ou malignas. Caracterizada pelo crescimento progressivo (ininterrupto – pois há repressão dos genes que fazem o controle celular), pelo crescimento exponencial (número grande de mitoses) e por variação de comportamento (distanciamento das células antecessoras). São benignas quando as células forem parecidas com as células originais (a regressão ao estágio indiferente é pequena) e serão malignas quando divergirem muito das células originais. As células benignas ainda conseguem desempenhar algumas funções das células originais (p. ex., a secreção de substâncias); já as células malignas concentram toda a atividade celular na multiplicação. ! Quanto maior o pleomorfismo maior a malignidade da neoplasia. 1. Atipia celular: diferença que a célula tem da célula típica; 2. Atipia arquitetural: desarranjo tridimensional das células no tecido; 3. Crescimento expansivo: em todas as direções; 4. Crescimento infiltrativo: penetração das células em vias de menor resistência; 5. Metástase: manifestação secundária do tumor primitivo; 6. Recidiva: reaparecimento da neoplasia após tratamento; 7. Caquexia: espoliação do hospedeiro; 8. Anaplasia (ana – negativo; plasia – desenvolvimento): célula indiferenciada; 9. Classificação clínica: comportamento benigno ou maligno; 10. Classificação histogenética: origem celular; complementa a classificação clínica; 11. Parênquima x estroma: o estroma nutre o parênquima neoplásico. 13. OUTROS TERMOS - AGENESIA (grego: genesis – formação): anomalia congênita por falta de órgão ou parte de um órgão; - DISTROFIA (grego: dys – imperfeito; trophos – nutrição/metabolismo): doença degenerativa sistêmica ou não (p. ex., distrofias musculares); - ECTOPIA ou HETEROTOPIA (grego: ektos – fora; hetero – diferente): presença de tecido normal em localização anormal; - HAMARTOMAS (grego: hamartia – engano ou erro): crescimentos focais e excessivos de determinado tecido de um órgão. 14. INTRODUÇÃO Trata-se de um processo complexo, multifásico e dependente de fenômenos genéticos e epigenéticos que culminam no surgimento de clones de células imortalizadas que adquirem a capacidade de se multiplicar autonomamente, de invadir os tecidos vizinhos e de causar metástases. Agentes físicos, químicos e biológicos podem induzir agressão ao genoma e ocasionar alterações fenotípicas configurando uma neoplasia. O processo pelo qual se desenvolvem as neoplasias induzidas é denominado carcinogênese. • AGENTES FÍSICOS → raios ultravioletas; radiação ionizante (raios X e gama); - MODO DE AÇÃO DOS CARCINÓGENOS FÍSICOS: • AGENTES QUÍMICOS → hidrocarbonetos policíclicos aromáticos; aflatoxinas (toxina produzida pelo Aspergillus flavus); metais; - MODO DE AÇÃO DOS CARCINÓGENOS QUÍMICOS: Enzo Amaral Avidago 8 • AGENTES BIOLÓGICOS → vírus do papiloma; vírus Epstein-Barr; Helicobacter pylori. - MODO DE AÇÃO DOS CARCINÓGENOS BIOLÓGICOS: 15. HISTÓRIA NATURAL DAS NEOPLASIAS Quando a célula sofre iniciação, há uma exposição celular ao carcinógeno e alteração permanente do DNA de forma não letal, tornando-se neoplásica. Inicialmente, o carcinoma promove uma mudança genotípica que não altera visualmente a célula, torna-se uma célula pronta para ganhar uma autonomia multiplicativa, podendo ficar muito distante da célula original ou não. Porém, para se desenvolver um tumor, necessita de um agente promotor, ou seja, que estimula a perda do controle de proliferação celular, causando uma hiperplasia. Temos depois a progressão que seria a perda do controle replicativo, estabelecendo o fenótipo maligno, é visível o tumor. ! O cigarro se encaixa em todos os processos (iniciação, promoção e progressão). A bebida é promotora para boca e orofaringe, mas no caso de fígado ela é um fator de iniciação. 16. ALTERAÇÕES GENÉTICAS Pode haver a transformação de um proto-oncogene em oncogene, e a partir desse ponto a célula ganha uma autonomia proliferativa (ela não se prolifera porque ela quer e tem que proliferar, ela cresce pois não responde mais ao controle do organismo). Quando se trata de um tumor benigno isso não é tão evidente, já que o descontrole genético é menor, tanto que a célula nova se parece muito com a original. Já nas malignos, alteração genética é grande, logo há maior chance de se multiplicar. 17. NEOPLASIA BENIGNA x MALIGNA • CRESCIMENTO - NEOPLASIA BENIGNA: crescimento lento e expansivo (formação de pseudocápsula pelo hospedeiro); - NEOPLASIA MALIGNA: crescimento rápido e infiltrativo (resposta do sistema imunológico); ! Como o tumor benigno cresce expansivo, devagar, dá tempo de alimentar todo o conjunto de células, mesmo que por difusão. Já no tumor maligno, por crescer muito, abandona o suprimento da região central, causando necrose. • ANGIOGÊNESE - NEOPLASIA BENIGNA: pouca angiogênese; ausência de caquexia; - NEOPLASIA MALIGNA: muita angiogênese; presença de caquexia (espoliação na neoplasia maligna); • ATIPIA ARQUITETURAL - NEOPLASIA BENIGNA: pouca atipia arquitetural (moderada coesão celular); - NEOPLASIA MALIGNA: grande atipia arquitetural (perda da adesão celular – facilita metástase). ! O tumor pode ser benigno com um comportamento maligno, dependendo da área afetada. Enzo Amaral Avidago 9 ! Pseudocápsula → é uma estrutura fibrosa (sempre formada por tecido conjuntivo) ao redor do tumor; ajuda a retirar todo o tumor benigno, sem deixar rastro. 18. METÁSTASE Quando o câncer se espalha além do local onde começou (sítio primário) para outras partes do corpo é denominado metástase. Esse processo pode ocorrer quando as células cancerosas viajam através da corrente sanguínea ou dos vasos linfáticos para outras áreas do corpo. Para se iniciar o processo de metástase, é necessária atividade enzimática para quebrar a barreira do tecido conjuntivo, passar por ele, penetrar no vaso sanguíneo ou linfático. Por esse motivo, para ser metastático, o tumor precisa possuir alta capacidade de crescimento. Principais rotas de disseminação: - DISSEMINAÇÃO LINFÁTICA: é geralmente a mais recorrente, pelos vasos linfáticos e linfonodos; - DISSEMINAÇÃO LOCAL: pelo crescimento do tumor no tecido; - DISSEMINAÇÃO TRANSCELÔMICA: não é visto com facilidade; passagem das células tumorais dentro dos folhetos naturais, principalmente a pleura e peritônio; o tumor se espalha pelo espaço pleural e pode atingir outros órgãos; - DISSEMINAÇÃO HEMATOGÊNICA: é a mais difícil de acontecer; o tumor se espalha pelos vasos sanguíneos e pode atingir outros órgãos. 19. NEOPLASIAS BENIGNAS De uma maneira geral as neoplasias benignas recebem o sufixo OMA. • NEOPLASIA DE TECIDO FIBROSO MADURO → fibrOMA; • NEOPLASIA DE TECIDO FIBROSO JOVEM → mixOMA; • NEOPLASIA DE CARTILAGEM → condrOMA; • NEOPLASIA DE OSSOS → osteOMA; • NEOPLASIA DE GORDURA → lipOMA; • NEOPLASIA DE MÚSCULO LISO → leiomiOMA; • NEOPLASIA DE MÚSCULO ESQUELÉTICO → rabdomiOMA; • NEOPLASIA DE GLANDULAR → adenOMA. 20. NEOPLASIAS MALIGNAS De uma maneira geral as neoplasias malignas recebem o sufixo SARCOMA (origem mesodérmica) e CARCINOMA (origem ectodérmica). • NEOPLASIA DE TECIDO FIBROSO MADURO → fibrosSARCOMA; • NEOPLASIA DE TECIDO FIBROSO JOVEM → mixosSARCOMA;• NEOPLASIA DE CARTILAGEM → condrosSARCOMA; • NEOPLASIA DE OSSOS → osteosSARCOMA; • NEOPLASIA DE GORDURA → liposSARCOMA; • NEOPLASIA DE MÚSCULO LISO → leiomiosSARCOMA; • NEOPLASIA DE MÚSCULO ESQUELÉTICO → rabdomiosSARCOMA; • NEOPLASIA DE GLANDULAR → adenoCARCINOMA. 21. NOMENCLATURA BÁSICA DAS NEOPLASIAS DE PELE E MUCOSA Os papilomas e condilomas podem ser representados como crescimentos benignos. As neoplasias malignas de pele e mucosas são denominadas de carcinomas. As células que identificam as neoplasias são apresentadas no nome do tumor. Por exemplo, carcinoma basocelular (ou de células basais), carcinoma espinocelular (ou de células escamosas). ! Exceções (denominações que sugerem benignidade) → melanoma, linfoma e mesotelioma. Enzo Amaral Avidago 10 22. SISTEMA TNM A American Joint Committee on Cancer (AJCC) e a União Internacional de Controle do Câncer (UICC) utilizam o sistema de classificação TNM como uma ferramenta para os médicos estadiarem diferentes tipos de câncer com base em determinadas normas. - T para o tumor primário; - N para linfonodos. O câncer que se espalhou para os linfonodos próximos; - M para metástase. O câncer que se espalhou para partes distantes do organismo. A categoria T fornece informações sobre aspectos do tumor primário, como seu tamanho, quão profundamente se desenvolveu no órgão em que se originou e quanto invadiu os tecidos adjacentes: - TX significa que o tumor não pode ser avaliado. - T0 significa que não existe evidência de tumor primário (não pode ser encontrado). - Tis significa que as células cancerosas estão se desenvolvendo apenas na camada mais superficial do tecido, sem invadir tecidos mais profundos. Também pode ser chamado de câncer in situ ou pré-câncer. Os números que aparecem após o T (tais como T1, T2, T3 e T4) podem descrever o tamanho do tumor e/ou a disseminação da doença nas proximidades. Quanto maior o número de T, maior o tumor e/ou mais se disseminou pelos tecidos próximos. A categoria N descreve se o câncer se espalhou para os linfonodos vizinhos: - NX significa que os linfonodos não podem ser avaliados. - N0 significa que os linfonodos vizinhos não contêm câncer. Os números que aparecem após o N (por exemplo, N1, N2 e N3) podem descrever o tamanho, localização e/ou o número dos linfonodos com doença. Quanto maior o número, mais o câncer se espalhou para os linfonodos. A categoria M descreve se o câncer se espalhou (metástases) para locais distantes do corpo: - M0 significa que nenhuma disseminação foi encontrada. - M1 significa que o câncer se espalhou para tecidos e órgãos distantes (metástases à distância foram encontradas). 23. TRATAMENTO O tratamento pode ser cirúrgico, radioterápico e quimioterápico. Sendo que o tratamento o cirúrgico pode ser usado isoladamente ou associado aos outros dois. • CIRURGIA → pode ter como objetivo ablações totais de tumores ou ablações para diminuir neoplasias irressecáveis (p. ex., neoplasias da boca). Nem sempre é possível remover toda a extensão da neoplasia, como por exemplo, um tumor abdominal com limite cirúrgico anatômico na aorta descendente; então faz a cirurgia somente até o limite anatômico. • QUIMIOTERAPIA → trata-se da utilização de vários medicamentos extremamente potentes e, ao se misturarem com o sangue, são levados para todas as partes do corpo com o objetivo de destruir, controlar ou inibir o crescimento das células doentes. • RADIOTERAPIA → uso terapêutico da radiação para o tratamento de neoplasias. A radioterapia ideal deve concentrar, na neoplasia, a maior dose com o menor dano possível aos tecidos normais. A unidade gray (Gy) é utilizada para medir a dose de radioterapia. Ela expressa a dose de radiação absorvida por qualquer material ou tecido biológico. Quanto mais oxigenado o tecido neoplásico maior o efeito da radioterapia (maior formação de radicais livres). Promove sintomas comuns (ainda sem explicação), como náuseas e vômitos. Causa efeitos adversos, como alterações em glândulas salivares, radionecrose, osteorradionecose, inflamações, fibroses, entre outros. 24. DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA NO CORPO HUMANO A água presente no corpo humano encontra-se distribuída da seguinte forma → 2/3 do líquido orgânico encontra-se no meio intracelular; enquanto que 1/3 encontra- se no meio extracelular, sendo que 75% deste no compartimento intersticial e 25% no compartimento intravascular. Essa proporção é controlada pelo equilíbrio de pressão nos vasos: Enzo Amaral Avidago 11 25. EDEMA Pode ser definido como o acúmulo de água no interstício e/ou nas cavidades naturais do corpo (p. ex., edema de cavidades – pleural, peritoneal, pericárdica, articular). O edema pode ocorrer de forma: - LOCALIZADO: em um órgão ou parte do organismo → hidrotórax ou derrame pleural (cavidade pleural); hidrocele (interior da túnica vaginal do testículo); hidrartrose (cavidade articular); ascite ou hidroperitônio (cavidade peritoneal); hidropericárdio (cavidade pericárdica); - GENERALIZADO: todo o organismo → anasarca (edema em todo o corpo). • PATOGÊNESE A. AUMENTO DA PRESSÃO INTRAVASCULAR (HIDROSTÁTICA): pode ser causada por alteração venosa – impedimento do retorno venoso por insuficiência cardíaca, trombose venosa localizada (p. ex., trombose nas veias poplíteas); alteração aterial – aumento do influxo arterial (p. ex., inflamações). B. AUMENTO DA PERMEABILIDADE DA PAREDE DOS VASOS: pode ser causada por inflamação – mediadores químicos como a histamina; fragmentos do sistema complemento (C3a e C5a); bradicinina; fator ativador de plaquetas; leucotrienos; C. DIMINUIÇÃO DA PRESSÃO ONCÓTICA DO PLASMA: pode ser causada por baixa concentração de albumina, que sustenta a pressão (hipoalbuminemia) – diminuição da síntese pelo fígado (doenças hepáticas de estágio terminal); aumento da perda pela urina (Síndrome nefrótica); ingestão protéica inadequada (Kwarshiorkor). - Mecanismos → edema na síndrome nefrótica, causada por infecções, diabetes, LES, etc. (proteinúria e hipoalbuminemia, lipidúria e hiperlipidemia – Ag-AC no glomérulo): lesão glomerular → aumento da permeabilidade glomerular → proteinúria (+ lipidúria – a lesão glomerular deixa passar proteínas e lipídios para a urina) → redução da pressão oncótica intravascular → edema. ! A síndrome nefrótica traz vulnerabilidade às infecções (perda de imunoglobulinas) e complicações tromboembólicas (perda de fatores anticoagulantes). D. RETENÇÃO DE SÓDIO: insuficiência cardíaca → redução da perfusão renal → aparelho justaglomerular (secreção de renina) → supra- renal (secreção de aldosterona) → tubos convolutos distais do rim (retenção de sódio) → retenção de líquido intravascular → aumento da pressão hidrostática. E. OBSTRUÇÃO DO FLUXO LINFÁTICO (linfedema): pode ser causada por obstrução dos vasos linfáticos e impedimento da retirada da linfa dos espaços intersticiais. Sempre localizado (exemplos) → filariose – obstrução dos MMII por filárias (Wuhchereria bancrofti) – “elefantíase”; edema após dissecção cirúrgica de linfonodos axilares – neoplasia de mama. • TRANSUDATO x EXSUDATO - TRANSUDATO: ultrafiltrado do plasma, com poucas células e baixo peso molecular; ocorre → por aumento da pressão hidrostática; por diminuição da pressão oncótica; - EXSUDATO: líquido com células, proteínas plasmáticas de alto peso molecular; ocorre → por aumento da permeabilidade vascular (inflamação). • EXEMPLOS DE EDEMA - EDEMA PULMONAR: insuficiência cardíaca esquerda – aumento da pressão venosa pulmonar; pneumonia – aumento da permeabilidade capilar pulmonar; - ASCITE NA CIRROSE: hipoalbuminemia – síntese reduzida no fígado (edema oncótico); obstrução do fluxo linfático (linfedema); retenção de sódio – renina-angiotensina = hiperaldosteronismo; hipertensão portal – por impedimento de fluxo de sangue. 26. HIPEREMIA • HIPEREMIA ATIVA → aumento do influxo de sangue por vasodilatação das arteríolas,o que aumenta o fluxo de sangue no local. Hiperemia ativa é causada por estímulos vasodilatadores neurogênicos (rubor facial) ou metabólicos (ADP e adenosina no exercício físico) – causa fisiológica; e por mediadores inflamatórios vasodilatadores (calor, rubor, tumor e dor) – causa patológica. O tecido hiperemiados ativamente adquire cor avermelhada (sangue oxigenado) e a temperatura e aspecto dos tecidos é quente. • HIPEREMIA PASSIVA (congestão) → estagnação do sangue nos capilares por impedimento de retorno (drenagem venosa); causada por insuficiência cardíaca; causas intrínsecas dos vasos; por compressão extrínseca das veias. O tecido hiperemiados passivamente adquire cor vermelho escuro ou azul (sangue venoso) e a temperatura e aspecto dos tecidos é frio e úmido. Pode ser → aguda (p. ex., compressão de um dedo – cianose); ou crônica, por falência cardíaca – do ventrículo esquerdo, em que os pulmões ficam hiperêmicos, ou do ventrículo direito, em que o fígado fica hiperêmico. Enzo Amaral Avidago 12 27. HEMORRAGIA Trata-se da saída de sangue dos vasos ou do coração. Pode ser classificada segundo a origem: - CARDÍACA: por feridas penetrantes ou por infarto do miocárdio; - ARTERIAL: por traumas ou ruptura de um aneurisma; - CAPILAR: por trauma ou cirurgias por fraqueza vascular (síndrome de Ehlers-Danlos; deficiência de vit. C); - VENOSA: por trauma ou cirurgias. TERMINOLOGIA - Petéquias: hemorragias puntiformes menores que 1 mm; - Púrpura: hemorragias entre 1 mm e 1 cm; - Equimoses: hemorragias maiores que 1 cm; - Hematoma: acúmulo de sangue extravasado com tumoração; - Hemotórax: hemorragia nas cavidades pleurais; - Hemopericárdio: hemorragia no saco pericárdico; - Hemoperitônio: hemorragia na cavidade peritoneal; - Hemartrose: hemorragia em cavidade articular; - Hematúria: presença de sangue na urina (rins e trato urinário); - Hematêmese: vômito de sangue (TGI alto); - Hematoquezia: sangramento pelo reto (TGI baixo ou hemorróidas); - Melena: sangue parcialmente digerido nas fezes (TGI alto); - Epistaxe: sangramento pelo nariz; - Hemoptise: sangramento dos pulmões; - Menorragia: sangramento menstrual acentuado; - Metrorragia: sangramento vaginal não relacionado à menstruação. O controle da hemorragia acontece através da hemostasia; deve ocorrer → vasoconstrição; agregação plaquetária; coagulação sanguínea. 28. ATEROSCLEROSE Tipo mais comum de arteriosclerose. Ocorre formação de um ateroma (grego: athér, atheros – ponta, papila) que designa a histopatologia de placas em médios e grandes vasos; mais comum na aorta, coronárias, cerebrais, carótidas, renais e íleo-femorais. ! Arteriosclerose → termo genérico que designa certas alterações vasculares associadas ou não → diminuição da elasticidade da parede vascular; endurecimento da parede vascular; aumento da espessura da parede vascular. Enzo Amaral Avidago 13 • COMPLICAÇÕES - OCLUSÃO: diminuição da luz vascular com isquemia e infarto; - TROMBOSE: mobilização do trombo (se forma para proteger vasos ulcerados), formando êmbolos; - ANEURISMA: dilatação vascular por enfraquecimento muscular; • FATORES DE RISCO - RISCO CONSTITUCIONAL: idade (incidência de doença grave aumenta a cada década); sexo (risco maior em homens após a 7ª década); genético (pode ser familiar); - FATORES MAIORES (contribuição maior; potencialmente tratável e evitável): hiperlipidemia (particularmente hipercolesterolemia); hipertensão (especialmente após a 4ª década de vida); tabagismo (efeito aterogênico predominante na aorta e coronárias); diabetes (artérias – coronárias, cerebrais e periféricas); - FATORES MENORES (contribuição menor nos estudos estatístico): falta de exercícios; obesidade; estresse. • FORMAÇÃO DO ATEROMA 1. Estágio da camada gordurosa → acúmulo de colesterol e triglicérides abaixo da túnica íntima (trauma, hematogênico); macrófagos e células mioíntimas (fagocitose); morte celular com liberação da gordura; 2. Estágio da placa fibro-lipídica → acúmulo lípides na túnica íntima – organização fibro-colágena; células mioíntimas – colágeno (citocinas liberadas por macrófagos); hipotrofia da túnica média; 3. Ateroma maduro → acúmulo lípides túnica na íntima – atrofia e substituição muscular; calcificação da placa fibro-lipídica; trombo formado após ulceração (suprimento sanguíneo insuficiente). ! Estreitamento arterial por ateroma → em artérias dos mm. Inferiores – claudicação intermitente; sistema vértebro-basilar (cérebro, cerebelo) – Síndrome Vértebro-basilar (tonteira, falta de equilíbrio, inconsciência); arteria coronária (em fumantes) – Angina pectoris. 29. TROMBOSE Trata-se da formação de massa sólida de produtos sanguíneos na luz vascular. Fatores predisponentes (Tríade de Virchow) → alterações no endotélio vascular; alterações no fluxo do sangue; alterações na composição do sangue. • ALTERAÇÕES NO ENDOTÉLIO VASCULAR → solução de continuidade no endotélio – exposição do colágeno e/ou fibras elásticas dos vasos; alterações arteriais – ateroma (distorções arquiteturais das artérias); alterações venosas – injúrias leves (anoxia por estase ou compressão prolongada; vasculite); alterações no coração – lesão endocárdica (p. ex., infarto do miocárdio); • ALTERAÇÕES NO FLUXO DE SANGUE → diminuição da velocidade sanguínea/estase venosa com possibilidade de trombose no coração e nas artérias → coração (aurículas) – redemoinhos e agregação plaquetária; artérias (aneurismas) – circulação sanguínea turbulenta; veias varicosas – trombos venosos; • ALTERAÇÕES NA COMPOSIÇÃO DO SANGUE → aumento do número de plaquetas (cirurgias, policitemias); neoplasias com liberação de células e produtos de necrose – estímulo à coagulação; destruição de glóbulos vermelhos malária, anemia hemolítica, transfusões; queimaduras, desidratação, rejeição a enxertos; diminuição da fibrinólise; 5 a 10% das pessoas = defeito genético predispondo formação de trombos. • CARACTERÍSTICAS DOS TROMBOS - LINHAS DE ZAHN: deposição alternada de plaquetas + fibrina e eritrócitos; plaquetas + fibrina (branco)/eritrócitos (vermelho); - FRIABILIDADE: rede de fibrina pouco coesa – tromboembolismo; - ADERÊNCIA: os trombos se aderem aos vasos ou câmaras cardíacas; - MODELAMENTO: os trombos tomam a forma dos vasos; - TROMBO MURAL: oclusão parcial dos vasos e das cavidades cardíacas; - TROMBO OCLUSIVO: oclusão de toda luz vascular. • TROMBOGÊNESE → trata-se do processo de formação do trombo. Quando há rompimento do vaso, há reparação; o sangue proveniente da vasa varorum tem como objetivo estancar o sangramento de um vaso grande. O processo ocorre segunda as etapas: lesão endotelial → liberação de plaquetas → agregação plaquetária → degranulação plaquetária → cascata da coagulação. • CONSEQUÊNCIAS - OBSTRUÇÃO VASCULAR: oclusão total ou parcial da luz vascular, pode ocorrer isquemia e infarto; - EMBOLIZAÇÃO: deslocamento de êmbolos na circulação, pode ser fatal no pulmão; - TROMBOEMBOLISMO: deslocamento de trombos (parte ou todo); - INFECÇÃO: meio de cultura; - TROMBOFLEBITE: inflamação vascular e dos tecidos. ! Trombose venosa profunda → comum após cirurgias e queimaduras – estase venosa; possivelmente relacionada às dilatações varicosas (formação de tromboembolo). • POSSÍVEIS EVOLUÇÕES DOS TROMBOS - RESOLUÇÃO: restauração do fluxo sanguíneo após fibrinólise e desintegração; - ORGANIZAÇÃO: formação de tecido de granulação que reestrutura o tamanho do trombo (fibrose); - RECANALIZAÇÃO: reestruturação dos vasos do tecido de granulação permitindo a passagem do sangue. 30. COAGULAÇÃO INTRAVASCULAR DISSEMINADA (CIVD) Também denominada coagulopatia de consumo, trata-se de um fenômeno caracterizado por pela geração anormal excessiva de trombina e fibrina no sangue circulante, ocorrendo agregação plaquetária e consumo de fatores de coagulação. Um desenvolvimento lento da doença pode causar tromboembolismo e um desenvolvimento rápido pode causar hemorragiagrave. Possui causas variadas (queimaduras, septicemia por G-, doenças auto- imunes, neoplasias); pode causar insuficiência circulatória difusa (cérebro, pulmões, coração, rins); a formação de trombos utiliza plaquetas e proteínas da coagulação. ! Pode evoluir para distúrbio hemorrágico grave. Enzo Amaral Avidago 14 31. EMBOLIA O êmbolo pode ser definido como materiais particulados, líquidos ou gasosos, transportados pelo sangue. Pode ser: tromboembólicos; êmbolos de ar (gás); êmbolos de gordura; êmbolos de medula óssea; êmbolos de células tumorais; êmbolos de corpo estranho; êmbolos de líquido amniótico. • TROMBOEMBOLIAS → trombos mais comuns: venosos – originam-se nas veias (95% - veias da perna) são transportados para os pulmões; arteriais – originam-se no coração ou artéria de grande calibre são transportados pelo sangue arterial para os órgãos (cérebro, rins, baço entre outros); paradoxais – originam-se nas veias e ganham a circulação arterial por defeitos cardíacos. ! Embolia pulmonar → depende do tamanho do trombo e extensão da embolia; tromboembolismo originário, frequentemente, das veias dos MMII. Artéria pulmonar principal ou ramos principais: provável morte; ramos menores: infarto pulmonar + necrose parenquimatosa; trombos não oclusivos: clinicamente inofensivos até evoluir para oclusão vascular. • ÊMBOLOS DE AR (GÁS) → introdução de ar nas grandes veias - solução de continuidade (cirurgias); descompressão rápida (mergulhadores) e grandes altitudes (aviadores); ocorre liberação de oxigênio, gás carbônico e nitrogênio na circulação. ! O nitrogênio acumula-se no sangue em bolhas juntamente com plaquetas, causando CIVD. • ÊMBOLO DE GORDURA → presença de glóbulos de gordura na circulação; relaciona-se a fraturas extensas de ossos longos. 90% dos pacientes tem presença de êmbolos; somente 1 a 17% – “Síndrome do embolismo gorduroso”; oclusão da microcirculação (pulmão, cérebro, rins, pele, coração); taquipnéia, dispnéia, confusão, coma (“síndrome do embolismo gorduroso”); • ÊMBOLO DE MEDULA ÓSSEA → fragmentos de gordura + células hematopoéticas na circulação; consequência de traumatismos ósseos; pode ocorrer após fraturas de costelas em manobra de ressuscitação; • ÊMBOLO DE CÉLULAS TUMORAIS → migração de células pela parede de capilares; implantação em vasos maiores durante cirurgia; os êmbolos podem ser viáveis e se transformar em tumores secundários → metástase hematogênica; • ÊMBOLO DE CORPO ESTRANHO → entrada de corpos estranhos na circulação, durante cirurgias (fibras de tecido, fios de sutura); a partir do uso de drogas injetáveis (cristais de talco e amido); ou fragmentos de projétil de arma de fogo (PAF). • ÊMBOLO DE LÍQUIDO AMNIÓTICO → trata-se de um fenômeno raro (1:80.000 partos), potencialmente letal; pelos lanuginosos, gordura, mecônio, restos celulares e outros. O líquido amniótico pode ganhar acesso à circulação pelas veias uterinas. Pode ocluir ramos da artéria pulmonar e causar a morte; além disso, pode causar coagulação intravascular disseminada. 32. INFARTO Trata-se do efeito da interrupção do fluxo sanguíneo em qualquer órgão, causando necrose. Ocorre após tromboembolismos, vasoespasmos, torções e aterosclerose. O infarto arterial pode ser causado pelo bloqueio do sangue por trombos ou êmbolos (complicador – presença de ateroma); já o infarto venoso pode ser causado pela compressão mecânica ou torção venosa (p. ex., funículo espermático). • TIPOS - IINFARTO ANÊMICO OU BRANCO: ocorre oclusão arterial em órgãos compactos (a hemorragia é limitada pelo parênquima sólido); principalmente áreas com pouca circulação colateral (p. ex., rins, coração e baço); causa isquemia no órgão afetado; - INFARTO HEMORRÁGICO OU VERMELHO: ocorre oclusão arterial ou venosa em órgãos de dupla circulação ou com circulação colateral extensa; necrose com hemorragia associada (p. ex., pulmões, intestino e cérebro). 33. CHOQUE Trata-se de uma condição causada por hipoperfusão sanguínea tecidual, perdendo a capacidade de fornecer oxigênio e nutrientes. • CHOQUE CARDIOGÊNICO → ocorre por diminuição acentuada do débito cardíaco; causado por lesão miocárdica intrínseca (infarto agudo do miocárdio), arritmias ventriculares ou obstrução do fluxo sanguíneo (embolia pulmonar); • CHOQUE HIPOVOLÊMICO → ocorre por diminuição da volemia; causado por hemorragias internas ou externas, perda de líquidos (queimaduras, diarréias, vômitos, desidratação) • CHOQUE SÉPTICO → ocorre durante infecções bacterianas (choque endotóxico – Gram-negativo). O lipopolissacarides (LPS) induz monócitos e macrófagos a liberar mediadores; fator de necrose tumoral favorece inflamação e danifica o endotélio; neutrófilos, macrófagos e monócitos liberam radicais livres; neutrófilos cruzam espaços entre células endoteliais; ocorre extenso edema intersticial. • CHOQUE NEUROGÊNICO → ocorre por acidente anestésico ou trauma raquimedular (perda do tônus vascular e acúmulo periférico de sangue); • CHOQUE ANAFILÁTICO → ocorre hipersensibilidade generalizada mediada por IgE (vasodilatação sistêmica e aumento da permeabilidade vascular). Consequências: hipotensão, hipoperfusão tecidual e anóxia celular. Enzo Amaral Avidago 15 - FASES DO CHOQUE: 1. COMPENSADO: aumento da frequência cardíaca; constrição das arteríolas; redução da perda de líquido pela urina; 2. DESCOMPENSADO REVERSÍVEL: hipotensão; taquipnéia e dispnéia (tentativa de compensação da anóxia); oligúria (redução da filtração); acidose metabólica (ac. láctico por glicólise anaeróbica nos tecidos); 3. DESCOMPENSADO IRREVERSÍVEL: hipotensão acentuada e taquicardia; acidose, anúria, coma, hemorragias (TGI), CIVD. 34. CONCEITOS GERAIS Inflamação ou flogose é uma reação dos tecidos a um agente agressor caracterizada morfologicamente pela saída de líquidos e de células do sangue (plasma e leucócitos) para o interstício. Constitui um dos componentes mais importantes da execução da resposta imunitária; embora faça parte dos mecanismos defensivos, pode causar dano ao organismo. Caracteriza por ser uma resposta inespecífica, que tende a limitar os efeitos da agressão. Agressões exógenas (físicas, químicas ou biológicas) ou endógenas (estresse metabólico ou imunológico) constituem o que se denominam agentes inflamatórios ou flogógenos. Os processos inflamatórios são dinâmicos e dependentes de variáveis (agente flogógeno, resposta do hospedeiro, etc). As inflamações ocorrerão sempre que houver alteração da homeostase; tendo como propósito destruir (ou conter) o agente lesivo, iniciar os processos de reparo e devolver os tecidos às suas funções. O processo inflamatório irá gerar sinais cardiais → RUBOR e CALOR – aumento da circulação; TUMOR – aumento local do líquido intersticial; DOR – substância em terminações nervosas; PERDA DA FUNÇÃO – produto do somatório de sinais. 35. CLASSIFICAÇÃO DAS INFLAMAÇÕES • INFLAMAÇÃO AGUDA → ocorre poucos minutos ou dias após agressão; constituída de exsudato contendo somente muitos neutrófilos. Causa dilatação vascular (hiperemia), ativação da célula endotelial (aumento da permeabilidade vascular) e ativação neutrofílica (adesão vascular, motilidade e fagocitose). Pode haver um processo asséptico e séptico. No infarto agudo do miocárdio, por exemplo, ocorre rompimento do músculo, não há presença de microrganismos e por esse motivo não reconhecimento por parte do neutrófilo. Caso ocorra infecção, também ocorrerá inflamação como uma forma de conter o microrganismo. Logo, quando há infecção há inflamação, porém nem toda inflamação é uma reposta a uma infecção. • INFLAMAÇÃO CRÔNICA → é persistente; constituída de exsudato contendo poucos neutrófilos, outras células e colágenos (indicando reparo). Causa ativação de células de defesa (diferentes de neutrófilos) e ativação de fibroblastos e vasos no processo de reparação (tecido de granulação – fibroblastos formando conjuntivo + vasos sanguíneos). Pode convergirpara outro processo inflamatório. Raramente possui neutrófilos. No processo crônico, o estímulo vulnerante se equilibra com o processo de reparo. ! Se em exame houver neutrófilos e leucócitos, trata-se da transição de inflamação aguda para crônica. 36. FENÔMENOS INFLAMATÓRIOS • FENÔMENOS ALTERATIVOS → ocorrem logo após o início da agressão, quase como um ato reflexo; o vaso (arteríolas e vênulas) tenta realizar uma vasoconstrição rápida, por segundos, mas logo depois haverá dilatação. Os capilares também se dilatam e sofrem ingurgitam (aumento da espessura e do calibre). Ocorre hiperemia ativa relacionada a passagem do sangue arterial para uma região que não recebia essa quantidade de sangue, causando rubor e calor. • FENÔMENOS EXSUDATIVOS → o vaso torna-se propício à saída de células do sistema imune; ocorre alteração na permeabilidade vascular; edema na região inflamada (transudato com poucas proteínas) – acúmulo de fibrina no interstício; presença de leucócitos (PMN – neutrófilos) e hemácias. Primeiro, há saída de fluido com fibrina, sinalizador bioquímico, que sinaliza para onde as células inflamatórias devem ir; os neutrófilos, após sair do vaso, agrega-se a malha de fibrina até se apropriar dos eventos quimiotáticos e ir para seu destino. No geral, a alteração da permeabilidade vascular visa a saída de células ativas e, os neutrófilos saem por diapedese do vaso sanguíneo (saída de células sanguíneas, em especial leucócitos, pela parede dos capilares); as hemácias não fazem diapedese, o que denuncia a ocorrência de lesão vascular. Enzo Amaral Avidago 16 A lesão vascular pode ser causada por um agente vulnerante ou pelo próprio neutrófilo; se o vaso sanguíneo não permitir a passagem do neutrófilo ao tecido lesado, ele próprio lesa o endotélio do vaso utilizando as suas enzimas para forçar a sua saída dos vasos, causando mais uma lesão. Desta forma ocorre um fenômeno exsudativo. Em um processo inflamatório, temos o aumento da pressão hidrostática – uma força tendendo a saída de plasma dos vasos. A pressão coloidosmótica é equilibrada pela saída de proteínas. A saída é muito maior do que a entrada para os vasos; o tecido tende a inchar. • FENÔMENOS PRODUTIVOS → mais evidente no processo crônico, relacionado ao tecido de granulação; ocorre crescimento do tecido conjuntivo (proliferação celular) e vasos neoformados; deposição de colágeno e fibroblastos; migração e proliferação de monócitos e linfócitos (proteção da região); fase de reparo tecidual. 37. PERMEABILIDADE VASCULAR - RESPOSTA IMEDIATA: começa e declina rapidamente com um pico de 10 a 15 minutos (p. ex, picada de inseto – agressão leve). - RESPOSTA TARDIA: começa com agressão à capilares e vênulas no momento ou após a agressão e tem declínio lento (p. ex., exposição intensa ao sol gera febre como sinal de inflamação – exposição ao sol altera permeabilidade vascular extravasando plasma e causando inchaço, e células inflamatória para o corpo todo – inflamação grave). ! A presença de bolhas em queimaduras significa lesão vascular grave. - RESPOSTA IMEDIATA PERSISTENTE: começa com agressão intensa com alteração vascular grave (perda de plasma para tecido) e declínio lento com pico de 60 minutos (p. ex., queimadura grave). 38. RECONHECIMENTO DE AGRESSÕES As alarminas são moléculas de alarme (reconhecidas em receptores), que fazem a agressão do corpo. Essas moléculas são produzidas somente se houver alteração da homeostase. Moléculas dos patógenos (PAMP) + moléculas de resposta dos organismos (DAMP) → alarminas. ! PAMP = pathogen associated molecular pattern; DAMP = damage associated molecular pattern. ! Quando se faz o exame de sangue para a proteína C reativa que é produzida pelo fígado, proteína relativa à inflamação, ela é uma molécula do tipo DAMP porque dá uma resposta de que tem um processo inflamatório. 39. TRANSUDATO x EXSUDATO • TRANSUDATO → trata-se de um ultrafiltrado do plasma, com poucas células e baixo peso molecular. Ocorre por um aumento da pressão hidrostática e/ou por diminuição da pressão oncótica. • EXSUDATO → trata-se de um líquido contendo células, proteínas plasmáticas de alto peso molecular. Ocorre por aumento da permeabilidade vascular (inflamação). 40. CARACTERÍSTICAS GERAIS • CAUSAS → microrganismos (bactérias, vírus, fungos, parasitas); traumatismo mecânico (corte, erosão); traumatismo químico (ácidos, álcalis); radiação (X e UV); temperaturas extremas (frio ou calor); isquemia e necrose; hiperfunção do sistema imune. • PATOGENIA → alterações do calibre vascular; alterações estruturais na microvasculatura; saída de leucócitos dos vasos e permanência dos mesmos nos tecidos. 41. SINAIS CARDIAIS DA INFLAMAÇÃO • CALOR E RUBOR → ocorre a ação de mediadores químicos que farão a vasodilatação dos músculos das arteríolas promovendo um aumento na circulação oxigenada naquela região (o que confere o sangue quente). Ocorre a formação de uma hiperemia ativa patológica; provocando congestão do vaso (acumulo de sangue). Enzo Amaral Avidago 17 • TUMOR → elevação de certo local devido ao acúmulo de fluido no interstício. Primeiramente, ocorre vasoconstrição passageira (ação imediata e rápida sobre fibras nervosas vasoconstritoras) e transudação; há liberação de substâncias como endotelina 1 que causa lesão vascular direta e a vasoconstrição. Seguido de mecanismos de aumento da permeabilidade vascular e exsudação. Mecanismos de extravasamento vascular: - LACUNAS POR CONTRAÇÃO ENDOTELIAL (mais comum): células endoteliais estimuladas por mediadores alteram a sua estrutura conformacional deixando células inflamatórias passarem. Há dois mecanismos → resposta imediata, reversível e breve (15-30 minutos) gera aumento dos espaços intercelulares; resposta tardia, até 12 horas após agressão e pode durar dias; agente lento (extremo de T, radiação X e UV e toxinas bacterianas) e precisa de muitas células liberando citocinas. Há presença de mediadores químicos, como histamina, bradicinina, leucotrienos, substância P. Em inflamações, células inflamatórias ou células da própria região liberam histamina que gera vasodilatação e contração de algumas células para que as inflamatórias passem entre as endoteliais. Esse processo de contração é estimulado também pela bradicinina. - LESÃO ENDOTELIAL DIRETA (corte e necrose): resposta imediata persistente. Após lesões diretas em vasos (queimaduras e infecções bacterianas lítica), estes sofrem trombose pelo material morto que fica dentro deles podendo acarretar uma tromboembolia. Neste caso há hemorragia e necrose. - LESÃO ENDOTELIAL MEDIADA POR LEUCÓCITOS: ocorre quando não há facilitação pela célula endotelial da saída das células inflamatórias fazendo com que os leucócitos se juntem aos vasos, liberando espécies reativos de oxigênio e enzimas proteolíticas para perfurar e passar pelo vaso, e por isso chegam desarmados no sítio inflamatório, ou seja, ocorrerá dificuldade/atraso na resposta inflamatória e no reparo favorecendo a multiplicação de microorganismos ! Somente os primeiros neutrofilos vão chegar desarmados. - TRANSOCITOSE AUMENTADA: por ação do fator de crescimento endotelial (VEGF) → aumenta o número de canais celulares (vaso fica cribriforme/perfurado, cheio de poros) e passagem de líquido (transudato) por estes. Ocorre independente de alterações juncionais pois a célula sozinha cria poros e amplifica o processo facilitando a saída do transudato. ! Esses poros não podem durar por muito tempo pois perderia todo o líquido. - DURANTE A ANGIOGÊNESE: quando começa a agressão, começa imediatamente o reparo com VEGF (fator de crescimento endotelial vascular) responsável pela angiogênese e formação de tecido de granulação, ou seja, os poros ainda presentes entre as células endoteliais serão aos poucos fechados para que decline o processo inflamatório. - REORGANIZAÇÃO DO CITOESQUELETO: formação deum poro lateral durante o rearranjo dos capilares e vênulas. Dura bastante tempo (retardada, 4 a 6 horas, ou prolongada, 24 horas) pois as citocinas (interleucina 1, TNF e interferon-gama) são removidas e a célula se destaca uma da outra. AGENTE AÇÃO RESULTADO Lacunas por contração endotelial (resposta imediata) Mediadores químicos Contração de células Aumento dos espaços intercelulares Lacunas por contração endotelial (resposta tardia) Agentes lentos como radiação X, UV e toxinas bacterianas Contração de células Aumento dos espaços intercelulares, lesão celular tardia (apoptose) Lesão endotelial direta (resposta imediata persistente) Lesão diretas por queimaduras e infecções bacterianas líticas Destruição do vaso Perda vascular com possibilidade de trombose Lesão endotelial mediada por leucócitos Enzimas proteolíticas; espécies tóxicas de oxigênio Destruição do vaso Saída de células de defesa com solução de continuidade do vaso Transocitose aumentada VEGF (fator de crescimento endotelial vascular) Aumento do número e espessura dos canais Passagem de líquido atravessando as células Angiogênese VEGF (fator de crescimento endotelial vascular) Crescimento de células; aumento do espaço intercelular Passagem de líquido nas junções intercelulares Reorganização do citoesqueleto Citocinas (interleucina 1, TNF e interferon-γ) Reorganização com distanciamento celular Distanciamento celular • DOR → causada por pressão na área do tumor (aumento volumétrico dos tecidos pelo edema – quanto maior o volume maior será a dor) e substâncias químicas inflamatórias (bradicinina – vasodilatadora). Enzo Amaral Avidago 18 - DOR AGUDA: ocorre por causas bioquímicas e pode ocorrer pelo aumento do volume; - DOR CRÔNICA: não está relacionada a causas bioquímicas, somente pela persistência do aumento do volume. ! O anti-inflamatório não bloqueia a inflamação (se bloquear cessa a inflamação mas também não há reparo) mas diminui o volume do tumor, diminuindo assim a pressão, e por fim diminui a dor. 42. PARTICIPAÇÃO CELULAR Eventos causados pela presença de células no local da inflamação: • ALTERAÇÃO NA DISPOSIÇÃO CELULAR E PLASMÁTICA INTRAVASCULAR → aumento da permeabilidade vascular (ação da histamina); aumento da adesividade plaquetária (devido à desaceleração da velocidade do sangue, a plaqueta agrega-se a parede do vaso com facilidade) e aumento da hemoconcentração (sangue fica grosso devido à saída de líquido/plasma). • MARGINAÇÃO → é a diminuição progressiva da velocidade do sangue intravascular e aproximação dos leucócitos, na parede vascular. • ROLAGEM → o contato provisório dos leucócitos com os vasos faz células começarem a “rolagem molecular” até pararem devido a perda de velocidade molecular (tipo um “freio” molecular). • PAVIMENTAÇÃO (ADESÃO) → após parar a rolagem é feita uma ligação firme que promove um revestimento do endotélio por leucócitos. ! A passagem de célula inflamatória é ativa (gasto ATP), tem reconhecimento molécula e é feita de forma condicionada. • DIAPEDESE → ocorre inserção dos pseudópodos nas junções intercelulares endoteliais. É necessária porosidade para que a célula se desloque sem lesar o vaso; para que isso ocorra, deve haver a diminuição do volume celular, possibilitando a passagem para o interstício. • MOVIMENTAÇÃO POR QUIMIOTAXIA → após ultrapassar os vasos, os leucócitos se deslocam para os sítios quimicamente sinalizados e os pseudópodos ajudam a puxá-las para essas regiões. É neste momento que se tem o exsudato. ! Antes de sair do vaso as células já sabem que há inflamção mas só saberão o local exato após saírem dele. • RESOLUÇÃO DA INFLAMAÇÃO E REESTABELECIMENTO DO FLUXO SANGUÍNEO → ocorre reconhecimento do antígeno, fagocitose, morte ou digestão do mesmo. 43. ADESINAS São receptores de adesão intercelular necessários a ligação da célula inflamatória à célula endotelial. Divididas em 3 famílias: selectinas, imunoglobulinas e integrinas. • SELECTINAS → proteínas específicas que se ligam a carboidratos do tipo selectina dependente específicos. - E-SELECTINA: pertence ao endotélio e é estimulada por IL-1 e TNF. São responsáveis pela síntese e expressão molecular na superfície endotelial para a aderência de células por ligação mais fraca. Acontece quando uma célula inflamatória (PMN, linfócitos e monócitos) começa a fazer a rolagem no endotélio e expressa seu carboidrato, ao tocar o endotélio estimula a E-selectina (por citoinas) que, por sua vez, começa as expressões por parte do endotélio. - P-SELECTINA: presente no endotélio e plaquetas. É um pentâmero que possui corpúsculos de Weibel-Palade já pré-formados que se reorganizam após estimulo inflamatório (histamina, trombina, fator ativador de plaquetas, etc) tornando o endotélio preparado para ser acoplado pelas células inflamatórias. Caso o endotélio não esteja preparado, as células o tangenciarão. - L-SELECTINA: presente nos leucócitos. • IMUNOGLOBULINA → são verificáveis por meio de imunohistoquímica; ICAMS (inter-cellular adhesion molecules – CD54) e VCAMS (vascular cellular adhesion molecules – CD106), são estimuladas por IL-1 e TNF que estão em baixa taxa no endotélio normal. Já são pré-fabricadas e são expressas na superfície do endotélio para possibilitar o acoplamento das células inflamatórias, quando necessário. Enzo Amaral Avidago 19 • INTEGRINAS → são glicoproteínas transmembranas dos leucócitos que funcionam como receptores para componentes da matriz extracelular (fibrina – transudato) e reagem com as moléculas de adesão do endotélio fazendo com que as células se desloquem como um “trilho”. São ativadas por mediadores inflamatórios como a histamina que ativa LFA-1 (lymphocyte function-associated antigen 1); também há MAC-1 (macrophage-1 antigen). ! LFA-1 e MAC-1 tem 2 cadeias de ligação: alfa e beta. MECANISMO: célula inflamatória com integrinas inativas é estimulada por mediadores químicos, que ativa as integrinas e fazem a ligação dessas com imunoglobulinas do endotélio (expressas após o contato com mediadores químicos). Se essa ligação for fraca (integrina não está esticada, ou seja, esta enrolada) a célula continua rodando. 44. ADERÊNCIA E TRANSMIGRAÇÃO • HISTÓRIA NATURAL 1. ATIVAÇÃO ENDOTELIAL: o endotélio é ativado por mediadores químicos. 2. ROLAGEM: aderência inicial frouxa/fraca; a célula endotelial expressa a E-selectina e as P-selectinas que se ligam à carboidratos específicos da célula inflamatória fazendo com que a célula seja “freada”, porém ainda não para pois precisa de ligação forte para tal. 3. PAVIMENTAÇÃO: aderência firme e ativação dos leucócitos e integrinas; ocorre pela ligação de um carboidrato da célula endotelial à L-selectina de um leucócito e ativação de integrinas presentes nas células inflamatórias. Para que a frenagem ocorra de fato, é necessário a ligação LFA-1 (integrina) + ICAM-1 (imunoglobulina). 4. TRANSMIGRAÇÃO/DIAPEDESE: mediada por ICAM-1/integrinas e PECAM-1 (são moléculas presentes em ambas células endotelial e inflamatória); a última só se expressa caso haja a formação da ligação forte. Junto com o acoplamento haverá diapedese que ocorre com rompimento da membrana basal pelas células inflamatórias e gasto energético devido ao reparo desta. ! Gasto de energia no processo da inflamação → produção de células (medula óssea produz mais células do que o normal); produção de enzimas pelas células inflamatórias; as células gastam cálcio para ter movimento, gastam ATP; romper a colagenase; locomoção pelo tecido conjuntivo. Por esses motivos há liberação da enzima lipase lipoproteica, que utiliza a reserva dos adipócitos para queima e produção de energia. • DOENÇAS RELACIONADAS À ADERÊNCIA DE LEUCÓCITOS - DEFICIÊNCIA DA ADERÊNCIA LEUCOCITÁRIA DO TIPO I: distúrbio genético em que há alteração na cadeia beta da integrina (CD 18) o que impede sua ligação com a ICAM-1 do endotélio,e sendo assim, a células inflamatória não será frenada e não ocorrera diapedese. - DEFICIÊNCIA DA ADERÊNCIA LEUCOCITÁRIA DO TIPO II: ausência de Sialil-Lewis X (ponte entre carboidrato da célula inflamatória e E- selectina) por defeito metabólico impedirá a ligação deste a E-selectina do endotélio, ou seja, não haverá rolamento, frenagem e nem diapedese. 45. CÉLULAS DA INFLAMAÇÃO • NEUTRÓFILOS → faz parte da primeira onda migratória (são 60 a 70% do total de leucócitos). Possuem origem na medula óssea, saem desta maduras após 6 dias e se locomovem no interstício através de estruturas pré-formadas de (no vaso sanguíneo há fibrinogênio e no transudato se polimeriza virando fibrina). São quimiotáticos à → produtos bacterianos, componentes do complemento (C5a), produtos da lipoxigenação do ácido aracdônico (leucotrieno B4). Tem meia-vida de dias na medula e +/- 7h na circulação antes de sair do vaso, e se não forem requisitadas são destruídas e substituídas. Pode causar sérios danos teciduais quando se rompe e libera grânulos enzimáticos, pois estes danos estimulam a inflamação e a infiltração leucocitária; no interstício vive 2 dias devendo haver nova onda células após este tempo que pode ou não ter neutrófilos (se continuar neutrófilo – agudo; se mudar – crônico). Grânulos dos PMNs (lisossomas) → grânulos primários (azurófilo): são os mais importantes e mais destrutivos, são liberados dentro dos fagossomas e contém mieloperoxidases (são enzimas presentes nos grânulos responsáveis por degradar matriz extracelular); grânulos secundários: possuem lisozima, colagenase e gelatinase; grânulos terciários: possuem gelatinase e catepsina. Os grânulos degradam bactérias e restos celulares; degradam componentes extracelulares; podem amplificar a infiltração leucocitária por aumento da quimiotaxia (intensificando a lesão tecidual); antiproteases no soro e tecidos regulam efeitos extracelulares (1-antitripsina). Essas enzimas presentes nos grânulos causam danos a tudo, inclusive matam aos próprios neutrófilos. Estes grânulos são liberados progressivamente à medida que vão acabando, ou seja, primários → secundários → terciários. ! Os neutrófilos fagocitam o antígeno, forma fagossomo e por fim o fagolisossomo (fagossomo + lisossomo contendo enzimas). • EOSINÓFILOS (4% do total de leucócitos) → são semelhantes aos neutrófilos. Tem origem e maturação na medula óssea estimulados pela IL-5. Meia-vida na circulação de 6-12 horas antes de chegar ao interstício onde vivem por até semanas (utilizadas no combate enzimático persistente). Nas doenças parasitárias, o eosinófilo tenta matar o parasita mas não consegue e quanto mais este se multiplica mais eosinófilos terão na região liberando enzimas desencadeando um quadro de eosinofilia. Os grânulos possuem mais peroxidase que os neutrófilos (maior poder “combativo”) e são muito mais envolvidos com combate crônico, sendo chamados quando os neutrófilos são ineficazes contra algum agente. Tem receptores de membrana para IgE e complemento (hipersensibilidade tipo I). São ativados por: IL-2, PAF, TNF e fatores derivados de macrófagos, linfócito T, endotélio e parasitas. FUNÇÕES: se relacionam com a destruição de imunocomplexos (reconhecem complexos antígeno-anticorpo); podem bloquear funções da histamina; podem bloquear leucotrienos liberados para os mastócitos; participam do processo de reparo tecidual e modulação de reações alérgicas. • BASÓFILOS e MASTÓCITOS → tem o mesmo precursor na medula óssea. Não são parte do exsudato inflamatório; são células cesseis/paradas. Os basófilos são circulantes e os mastócitos amadurecem no interstício. São guardiões dos “poros”, liberam mediadores inflamatórios como a histamina e serotonina (aminas vasoativas – aumento dos leitos vasculares e edemas), tem relação com hipersensibilidade (tem receptores de IgE e são ativados por este anticorpo). Enzo Amaral Avidago 20 Os mastócitos liberam histamina e serotonina que agem por dentro e por fora do vaso causando vasodilatação que é seguida pela abertura vascular formando os poros que darão passagem as células. ! Dentro do vaso as plaquetas liberam histamina, enquanto fora, os mastócitos o fazem. • LINFÓCITOS e PLASMÓCITOS (20-25% dos leucócitos) → possuem origem na medula óssea, reprodução nos órgãos do sistema linfóide. Fazem a resposta celular; produzem linfocinas (LT) e imunoglobulinas (LBmemória, plasmócitos). Tipos → linfócito T (auxiliar e supressor/citotóxico); linfócito B (produção de imunoglobulinas); linfócito NK (citotóxicos independentes). • MACRÓFAGOS → possuem origem na medula óssea pelos monobastos. No sangue é o monócito (vive muito) e no tecido é o histiócito (célula de Kupfer, cél APC de Langehans, etc). Uns macrófagos maduros podem se unir formando uma célula gigante; podem se reproduzir nos tecidos. Estão presentes na inflamação aguda secretando lisozima (é uma enzima interessante para a quebra de boa parte das bactérias), fator ativador de plasminogênio, fatores de complemento (C2, C3, C4, C5), fatores de proliferação (fibroblastos/vasos – estimula o tecido de granulação) e interferons; e na Inflamação crônica (formam as células gigantes). FUNÇÕES: fagocitose (receptor para Fc das imunoglobulinas, receptores para frações do complemento e tem lisossomas com enzimas hidrolíticas); produção de citocinas; apresentação de antígenos. Quando ativados por linfocinas aumentam o número de lisossomas (maior poder destrutivo) o que ocorre também se apresentarem imunoglobulinas aderidas à membrana. • PLAQUETAS → fragmentos de células originadas na medula óssea. Tem grânulos com substâncias vasoativas como serotonina e histamina, e outras fibrinogênio, fator de crescimento derivado de plaquetas, etc. 46. QUIMIOTAXIA Representam a movimentação de células inflamatórias para os locais de agressão, a partir de mediadores químicos. ! Quimiocinese → movimento sem direção feito pelas células inflamatórias antes de serem estimuladas por mediadores quimiotáticos. Por exemplo, o neutrófilo sai do vaso → se liga à fibrina → faz quimiocinese → é estimulada por agentes quimiotáticos (exógenos – produtos bacterianos; endógenos – componentes do complemento, como a C5a; produtos da lipoxigenase e citocinas) que fazem sinalização química → faz quimiotaxia. Ocorre ligação entre agentes quimiotáticos e receptores de membrana, promove a liberação de cálcio da reserva intracelular e o influxo de cálcio extracelular. A alta taxa de cálcio facilita a organização filamentar de actina e miosina fazendo com que a célula se movimente como um grande musculo através de pseudopódos. O movimento celular ocorre por pseudopódos que são a montagem e desmontagem dos filamentos contrateis (actina e miosina) com gasto de energia, sendo controlados por íons Ca e proteínas (calmodulina, etc), por isso um paciente com processo inflamatório grande tende a emagrecer. ! Tanto a fagocitose quanto o deslocamento celular são realizados pelo mesmo movimento de pseudopódos → a célula movimenta jogando o pseudopódo, que a puxa; na fagocitose o pseudopódo se fecha ao redor do antígeno. 47. FAGOCITOSE O processo é realizado por fagócitos (PMN e macrófagos) que fazem reconhecimento de estruturas opsonizadas (opsoninas – IgG e C3b) que, por sua vez, facilitam a fagocitose. MECANISMO: reconhecimento (reconhece a imunoglobulina e o C3b na membrana da bactéria e se liga a ela por ligação firme) → fixação → engolfamento (formação do fagolisossoma) → destruição do material englobado. • MECANISMOS DE DEGENERAÇÃO DA FAGOCITOSE - MECANISMOS DEPENDENTES DE OXIGÊNIO: Etapa 01: migração do complexo enzimático NADPH oxidase do citosol e da membrana plasmática até o fagossoma depende de oxigênio → forma H2O2 (bactericida fraco responsável pela limpeza externa e eventual de um machucado superficial); o peroxido de hidrogênio formado nesta etapa ajudara na formação do bactericida forte. Etapa 02: mieloperoxidase
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