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1 @ortognaticatro7ao - Jonathan Melo – Odontologia AGRESSÃO E DEFESA INTRODUÇÃO A PATOLOGIA A patologia é a ciência que estuda as causas das doenças, os mecanismos que a produzem e as alterações morfológicas e funcionais que apresentam. SAÚDE Estado de adaptação do organismo ao ambiente físico, psíquico e social - indivíduo bem e sem alterações orgânicas. DOENÇA Falta de adaptação ao ambiente físico, psíquico e social, indivíduo sente-se mal e apresenta alterações orgânicas evidentes. ESTUDO DAS DOENÇAS • Envolve: a) Etiologia: estudo das causas das doenças. b) Patogenia/patogênese: mecanismo de desenvolvimento. c) Propedêutica/semiologia: estudo dos sinais e sintomas. d) Finalidade: diagnóstico - prognóstico, terapêutica e prevenção. TIPOS DE ESTUDO • Patologia geral: aspectos comuns às diferentes doenças (causas, mecanismo, alterações estruturais e funcionais). • Patologia especial: doenças de determinado órgão ou sistema (patologias da boca) ou suas causas (patologia das doenças por fungos). LESÃO Conjunto de alterações morfológicas, moleculares e funcionais que surgem após agressões ao tecido. • São dinâmicas: início, evolução, cura ou cronicidade. ETIOLOGIA DAS DOENÇAS a) Drogas ou toxinas; b) Endócrina/metabólica (diabetes); c) Desordens autoimunes (lúpus, artrite reumatoide); d) Inflamatória/idiopática; e) Congênita (anormalidades cromossomais, defeitos genéticos). MÉTODOS DE OBTENÇÃO DE AMOSTRAS a) Patologia clínica: exames laboratoriais, hemogramas, coagulograma, urina. b) Exames de imagem: radiografica, ultrassonografias. c) Anatomia patológica: histopatologia, citopatologia. d) Patologia cirúgica: 1. Biópsia: pequeno fragmento de tecido/órgão/lesão retirado por cirurgia, endoscopia ou punção. 2. Peça cirúrgica: órgão (segmento/inteiro/conjunto), segmento corporal ou lesão inteira retirados cirurgcamente. 3. Autópsia (necrópsia): exame médico das partes internas de um cadáver. e) Citopatologia: estudo diagnóstico de células isoladas ou grupamentos de células, obtidas por esfregaços/escovados; punção aspirativa por agulha fina (PAAF); centrifugação de líquidos naturais ou lavados; técnica de impressão/decalque ("imprint"); raspagem ou esmagamento de tecidos. 2 @ortognaticatro7ao - Jonathan Melo – Odontologia ETAPAS DA PATOLOGIA CIRÚRGICA: a) Envio e fixação adequados; b) Exame macroscópico; c) Procedimento histotécnico apdrão; d) Técnica de coloração padrão; e) Exame microscópico. COLORAÇÕES • Rotina: a) Histopatologia: hematoxilina e eosina (H- núcleo, RE; E- citoplasma, colágeno); b) Citopatologia: papanuicolaou. COLORAÇÕES ESPECIAIS a) Prata: fungos, fibra e bacilos; b) Reticulina: fibras reticulares; c) Azul de toluidina: substâncias metacromáticas; d) Tricrômicros: tecido conjuntivo; e) Sudan red (vermelho do Sudão): lipídios; f) Congo red (vermelho do Congo): proteína amilóide; g) Ziehl-Nielsen: BAAR (bacilos álcool TÉCNICAS COMPLEMENTARES EM PATOLOGIA a) Microscopia eletrônica; b) Imunohistoqiímica; c) Imunofluorescência; d) Hibridização in situ; e) PCR; f) Cultura de células; g) Cultura de microrgansmos. LESÃO CELULAR A lesão celular ocorre quando a célula está submetida a um estresse excessivo e não consegue se adaptar fisiologicamente, quando está exposta a agentes nocivos, ou quando ocorrem anormalidades intrínsecas prejudiciais. As lesões celulares podem ser reversíveis ou irreversíveis. Assim, quando o fator nocivo é cessado e ainda não houve dano severo à membrana plasmática e ao núcleo, as lesões podem ser revertidas, apesar de haver anomalias na estrutura e no funcionamento da célula. No entanto, a persistência da injúria causa um estado danoso irreversível, o qual culmina na morte celular. • Causas das lesões celulares: várias situações podem levar a uma lesão celular, que podem ser desde um trauma por acidente a uma via metabólica defeituosa, devido a mutações genéticas. Porém, os estímulos lesivos a células podem ser classificados em: a) Privação de oxigênio: chamada de hipóxia, dificulta a respiração celular e leva a lesões sérias na célula. Ela pode ser causada por uma interrupção do fluxo sanguíneo, denominada isquemia; por dificuldades na oxigenação do sangue nos pulmões, como nos casos de pneumonia ou enfisema pulmonar; ou por diminuição da capacidade de transporte de O2 no sangue, como no caso de intoxicação por monóxido de carbono (CO) e na anemia. b) Agentes químicos: diversas substâncias químicas podem levar a uma lesão celular. Tais substâncias podem ser toxinas, venenos ou agentes potencialmente tóxicos, como algumas substâncias produzidas por serpentes, insetos, fungos ou plantas, inseticidas, gases tóxicos (CO ou cianeto), poluentes, álcool e drogas ilícitas. No entanto, substâncias que são benéficas ou inofensivas ao organismo, também podem levar a lesões se estiverem em contato com as células em doses excessivas. Assim, podemos citar a água, a glicose e o sal, que podem desregular o potencial osmótico intra e extracelular; os medicamentos, que chegam a 3 @ortognaticatro7ao - Jonathan Melo – Odontologia doses tóxicas quando administrados acima da sua faixa terapêutica; ou mesmo vitaminas que podem ser acumuladas quando em excesso. Todos esses excessos podem interagir com o metabolismo, a membrana e a integridade da célula, levando a lesões celulares. c) Agentes infecciosos: os microrganismos patogênicos, como os vírus, bactérias, protozoários e fungos, assim como parasitas maiores, como tênias e lombrigas, podem causar lesões celulares reversíveis e irreversíveis. d) Reações imunológicas: o mecanismo de atuação do sistema imunológico lesiona células infectadas por microrganismos, mas podem também lesionar células saudáveis em doenças autoimunes ou hipersensibilidades a agentes externos. e) Anomalias genéticas: as mutações gênicas que produzem proteínas defeituosas, podem levar a lesões celulares, por meio da ineficiência das reações químicas as quais elas participam, como no caso da anemia falciforme ou doença celíaca. f) Desequilíbrios nutricionais: o excesso no consumo de algumas substâncias e a sua falta podem causar lesões celulares. É possível citar a obesidade, que leva a muitas disfunções, e a deficiência nutricional de proteínas e vitaminas. g) Envelhecimento: a senescência celular provoca dificuldade de adaptações fisiológicas a estresses, provocando lesões. Vale saber, que diferentes células podem responder aos estímulos e ter níveis de sensibilidade a eles variáveis. • As substâncias lesivas às células possuem alguns alvos mais importantes que causam lesões, são eles: a) Mitocôndrias: podem rompê-las, dificultar a produção de ATP, ou aumentar as espécies reativas de oxigênio (ERO); b) O DNA e sua expressão gênica; c) Membranas: podem causar danos tanto à membrana plasmática, quanto à lisossômica, o que provoca a morte celular; d) Desequilíbrio na homeostasia do cálcio. • As principais alterações que ocorrem em lesões celulares são: a) Lesão celular reversível: ocorrem tumefação celular, alteração gordurosa, bolhas na membrana plasmática e perda das microvilosidades, aumento do volume das mitocôndrias, dilatação do retículo endoplasmático, entre outras. b) Lesão irreversível: as alterações morfológicas irreversível são aquelas relacionadas a morte celular, as quais podem ser de vários tipos, mas nos casos mais típicos que são possíveis de se visualizar, podem ocorrer aumento da célula, a retração e fragmentação do núcleo e extravasamento de seu conteúdo, gerando alteração tecidual, na necrose. ETAPAS DA EVOLUÇÃO DA DOENÇA NECROSE X APOPTOSE 4 @ortognaticatro7ao - Jonathan Melo – OdontologiaCAUSAS DA LESÃO CELULAR a) Hipóxia: redução do fornecimento de oxigênio. b) Anóxia: parada total do suprimento de oxigênio. a) Traumas mecânicos intensos; b) Temperaturas extremas (queimaduras); c) Choque elétrico; d) Radiação. a) Meio ambiente: inseticidas, fumaça de cigarro; fármacos (acetaminofeno); b) Gás carbônico; c) Álcool e drogas; d) Glicose; sal, oxigênio (em doses elevadas). a) Doenças autoimunes; b) Reações alérgicas. c) Provocam reações inflamatórias. a) Alterações cromossômicas; b) Malformações congênitas. c) Deficiência de proteínas funcionais, acúmulo de DNA danificado, erros de metabolismo. a) Insuficiência proteico-calórica; b) Deficiências vitamínicas, dietas restritivas; c) Excesso de alimentos (obesidade, diabetes e aterosclerose). a) Senescência celular (diminuição da capacidade de responder ao dano). 5 @ortognaticatro7ao - Jonathan Melo – Odontologia COMO OCORRE A LESÃO CELULAR Depende da etiologia, duração e gravidade do agente causador. • Alterações estruturais: a) Ruptura da integridade das membranas celulares; b) Ausência de respiração aeróibca; c) Erro na síntese de proteínas; d) Ausência de preservação do conteúdo genético da célula. • Lesão celular reversível: a função prejudicada e a morfologia celular lesionada podem voltar ao normal se o estímulo prejudicial for removido. a) Células e organelas: sofrem tumefação. b) Absorção de água (defeito nas bombas iônicas na MP); c) Difícil vizualização na microscopia; d) Muitas células afetadas deixam o órgão pálido, com aumento de peso. e) Alteração hidrópica ou degeneração vacuolar. • Limite lesão reversível/irreversível? Ponto de não-retorno: exposições nocivas persistentes. • Difícil caracterizção: a) Mitocôndria: não restaura fosforilação oxidativa e geração de ATP. b) MP: perda de estrutura e funções. c) DNA: perda da integriade da cromatina. • Dano irreversível varia com o tipo celular: a) Hepatócitos: 1 a 2 horas pós hipóxia. b) Neurônios: 3 a 5 minutos pós hipóxia. RADICAIS LIVRES São moléculas instáveis e que apresentam um elétron que tende a se associar de maneira rápida a outras moléculas de carga positiva com as quais pode reagir ou oxidar. No nosso organismo, os radicais livres são produzidos pelas células, durante o processo de queima do oxigênio, utilizado para converter os nutrientes dos alimentos absorvidos em energia. Os radicais livres podem danificar células sadias do nosso corpo, entretanto, nosso organismo possui enzimas protetoras que reparam 99% dos danos causados pela oxidação, ou seja, nosso organismo consegue controlar o nível desses radicais produzidos através do nosso metabolismo. Os processos metabólicos não são a única fonte de radicais livres. Fatores externos podem contribuir para o aumento da formação dessas moléculas. Entre esses fatores estão: a) Poluição ambiental; b) Raios-X e radiação ultravioleta; c) Cigarro; d) Álcool; e) Resíduos de pesticidas; f) Substâncias presentes em alimentos e bebidas (aditivos químicos, hormônios, entre outros); g) Estresse; h) Consumo excessivo de gorduras saturadas (frituras, etc). • Produção de radicais livres aparecem em situações como: a) Produto de fosforilação incompleta da mitocôndria, envelhecimento, inflamação, danos por raios UV, lesão por isquemia- reperfusão. b) Espécies reativas de oxigênio (ERRO): pertencem ao grupo de moléculas (radiacais livres). 6 @ortognaticatro7ao - Jonathan Melo – Odontologia • Combate aos radicais livres: a) Enzimas endógenas (superóxido dismutase, catalase, glutationa peroxidase); b) Antioxidantes exógenos (vitaminas E, C e albumina). TUMEFAÇÃO CELULAR A tumefação (degeneração hidrópica ou vacuolar) é lesão celular reversível, devido ao acúmulo de água e eletrólitos no citoplasma e nas organelas celulares, por distúrbio hidroeletrolítico, tornando-as volumosas, tumefeitas. APOPTOSE É uma forma de morte celular programada, ou "suicídio celular". É diferente de necrose, na qual as células morrem por causa de uma lesão. A apoptose é um processo ordenado, no qual o conteúdo da célula é compactado em pequenos pacotes de membrana para a "coleta de lixo" pelas células do sistema imunológico. ADAPTAÇÕES CELULARES Adaptação celular é a resposta celular ao estresse fisiológico ou a um estímulo patológico. Dependendo dos estímulos do meio extracelular, a célula ativa mecanismos moleculares que acabam alterando os genes que comandam a diferenciação celular. As adaptações celulares são alterações reversíveis em número, tamanho, fenótipo, atividade metabólica e das funções celulares. EFEITOS DA ADAPTAÇÃO CELULAR O estímulo para e a célula volta ao normal (homeostase restaurada), e quando o estímulo piora, acontece lesão na célula (degeneração). CAPACIDADE DE ADAPTAÇÃO CELULAR Temos 3 maneiras de proliferação celular, e cada uma delas possibilita uma capacidade de adaptação diferente. 1. Lábeis: continuam a se multiplicar durante a vida toda (células epiteliais, hematopoiéticas e linfoides). 2. Estáveis: normalmente não se dividem, contudo têm a capacidade de proliferar quando estimuladas (células do fígado, pâncreas, glândulas salivares e endócrinas e as células derivadas do mesênquima como fibroblastos, osteoblastos). 3. Permanentes: perderam totalmente a capacidade de se dividir (células do sistema nervoso central e músculo cardíaco). HIPERPLASIA Aumento no número de células; células capazes de replicação; estimulada por hormônios ou citocinas. • Fisiológica: hormonal. Ex.: mama (proliferação epitelial glandular na gravidez e puberdade. • Patológica: estímulo hormonal excessivo ou fatores de crescimento. Ex.: hiperplasia endometrial (sangramento menstrual anormal [estrogênio- progesterona]; hiperplasia benigna de próstata). HIPERTROFIA Aumento do tamanho celular que resulta em aumento do tamanho do órgão. Células com capacidade limitade de divisão. Pode ocorrer em conjunto com hiperplasia. • Células maiores: maior demanda funcional, fatores de crescimento ou hormônios (citoesqueleto aumentado [aumento da produção de proteínas e organelas]). • Fisiológica: aumento do útero na gravidez por estrogênio, halterofilista (maior carga de trabalho). • Patológica: coração de cardiopatas (hipertensão). 7 @ortognaticatro7ao - Jonathan Melo – Odontologia ATROFIA Diminuição do tamanho de células por perda de substância celular (quebra do citoesqueleto via uniquitina-proteassoma). • Causas: a) Diminuição da carga de trabalho (imobilização de membro); b) Falta de circulação; c) Diminuição de estimulação hormonal (menopausa) ou diminuição do suprimento nervoso; d) Envelhecimento (atrofia senil). METAPLASIA Tecido celular adulto epitelial ou mesenquimal é substituído por outro tipo celular adulto, com maior capacidade de suportar o estresse (provavél reprogramação de células-tronco). Ex.: metaplasia escamosa no trato respiratório de fumantes, metaplasia escamosa no colo uterino. DISPLASIA Alteração no tamanho, forma e organização das células no tecido. Alteração na maturação e diferenciação. Ex.: displasia epitelial no colo do útero, boca. ACÚMULOS INTRACELULARES E ARMAZENAMENTO DE PRODUTOS Algumas circunstâncias propiciam as células a acumulares quantidades anormais de substâncias (inofensivas/causam lesão). • A substância pode ser produzida pela própria célula ou externamente: a) Degeneração hidrópica; b) Degeneração gordurosa; c) Degeneração protéica; d) Glicogênio; e) Pigmentos; f) Calcificações. • Principais vias de acumulações celulares: DEGENERAÇÃO HIDRÓPICA Acúmulo de água e eletrólitosno interior da célula. Processo de lesão celular (hipóxia). DEGENERAÇÃO GORDUROSA Qualquer acúmulo de triglicerídios dentro das células. Ocorre mais no fígado (esteatose: maior metabolismo de gordura, coração, músculo, rins e outros). É reversível denpendendo da causa e gravidade do acúmulo. • Causas: toxinas, desnutrição proteica, diabetes, obesidade, alcoolismo, anóxia. DEGENERAÇÃO PROTEICA Muito menos comuns que os de gordura. Excesso de proteinas absorvidas ou síntese excessiva. Células com aspecto hialino róseo. • Acúmulo de imunoglobulinas: a) Corpúsculos de Russel: no retículo endoplasmático granuloso dos plasmócitos. b) Corpúsculos de Mallory: doença hepática alcoólica (hepatócitos: agregados de filaments intermediários não degradados). GLICOGÊNIO Excessivo depósito intracelular associados ao metabolismo anormal de glicose ou glicogênio. Ex.: diabete mellitus descompensado (glicogênio se acumula no epitélio dos túbulos renais, miócitos cardíacos e células do pâncreas). • Glicogenoses: doença de armazenamento de glicogênio (distúrbio genético). 8 @ortognaticatro7ao - Jonathan Melo – Odontologia PIGMENTOS Substâncias coloridas exógenas ou engógenas. • Pigmentos endógenos: pigmentos derivados da hemoglobina, melanina e lipofuscina. • Pigmentos exógenos: depositam-se nos órgãos por via respiratória, digestiva ou parenteral; antracose; tatuagem; argirismo. • Pigmentos derivados da hemoglobina: a) Hemossiderina: resultante da degradação da hemoglobna; amarelo à castanho-dourado (ferro na hemoglobina). Ex.: em hemorragias (esquimoses); fagocitose dos eritrócitos dentro de macrófagos cerca de 24 a 48 horas após o início do sangramento; azul-escerdeado (biliverdina); amarelo-dourada. • Melanina: melanócitos; castanho ao negro. • Hiperpigmentação: aumento dos melanócitos ou da melaninogênese. Defeito na eliminação da melanina na epiderme. • Lipofuscina (pigmento do desgaste): consequência do envelhecimento ou atrofia. Constituída de lipídios e proteinas da membrana celular. Marca lesão antiga por radical livre. Grânulos intracitoplasmáticos, pardo-amarelados. • Antracose: deposição de carvão; poluição ambiental. a) Inalado: fagocitose por macrófagos alveolares e seguem aos linfonodos regionais (manchas irregulares no parênquima pulmonar). Coloração negra. • Tatuagem: introdução de pigmentos insolúveis na derme, fagocitado por macrófagos, permanecem inertes no tecido. • Argirismo: deposição de sais de prata nos tecidos, amálgama, uso tópico de nitrato de prata. Grânulos enegrecidos ou acinzentados. • Calcificações: substâncias constituintes do organismo podem se depositar anormalmente nos tecidos frouxos, órgãos, nas paredes de vasos, pleuras e meninges. a) Calcificações patológicas (distrófica): deposição de cistais de cálcio em locais previamente lesados ou mortos. Níveis sérico normais de cálcio. Ex.: aterosclerose, válvulas cardíacas lesadas, áreas de necrose. b) Calcificações patológicas (metastática): deposição de cálcio nos tecidos normais; resultante de hipercalcemia generalizada. Ex.: hiperparatireoidismo, tumores ósseos, cânceres ósseos metastáticos. MORTE CELULAR Se a injúria excede a capacidade da célula de se adaptar, as mudanças levam a célula à morte. Alterações que acompanham a morte celular por ação degradativa de enzimas (células necróticas) não mantém integridade de membranas. • Morfologia da lesão celular irreversível: a) Picnose, carriorrexis e cariólise (alterações nucleares [quebra de cromatina]); b) Corpos mitocondriais densos (cálcio); c) Bolhas plasmáticas; d) Citoplasma eosinofílico (aumento da cor rósea); e) Figuras de mielina (derivadas das membranas celulares danificadas). NECROSE É o estado de morte de um grupo de células, tecido ou órgão, geralmente devido à ausência de suprimento sanguíneo. A necrose pode ocorrer também por outros fatores que levam à lesão celular irreversível, como a ação causada por agentes químicos tóxicos ou resposta imunológica danosa. Fala-se de morte celular quando as suas funções orgânicas e processos do metabolismo cessam. A necrose deve ser diferenciada da apoptose que é a morte celular natural e programada pela natureza, não seguida de autólise (destruição das células por reabsorção), que serve ao equilíbrio do organismo. • Alterações nucleares devido à degradação do DNA: a) Picnose: retração nuclear (condensação da cromatina nuclear [núcleo basofílico]). b) Cariólise: perda de DNA por degradação pelas endonucleases (cromatina menos basofílica). c) Cariorrexe: fragmentação do núcleo, núcleo celular desaparece). A necrose representa morte celular no organismo vivo. • Padrões de necrose, podem fornecer "pistas" sobre a causa: a) Necrose por coagulação/coagulativa; b) Necrose por liquefação/liquefativa; c) Necrose gordurosa; d) Necrose caseosa; e) Necrose fibrinoide; f) Gangrena. 9 @ortognaticatro7ao - Jonathan Melo – Odontologia NECROSE COAGULATIVA As células estão mortas, mas a estrutura tecidual é preservada por alguns dias. Células são removidas por fagocitose devido à infiltração de células inflamatórias e ação de enzimas lisossômicas dos leucócitos. Ex.: área de necrose por isquemia (infarto). A necrose coagulativa é característica de infartos. • Necrose por coagulação: a) Ocorre em órgãos como baço, rim e coração; b) Infartos, necrose pulpar; c) Membrana não mantém o gradiente de íons. d) Influxo e acúmulo de cálcio na célula. NECROSE LIQUEFATIVA Digestão das células mortas resultando em massa de tecido viscoso líquido. Observada em: infecções bacterianas ou ocasionalmente fúngicas. Microrganismos presentes estimulam acúmulo de leucócitos em degeneração, liberação de enzimas (tecido necrótico cremoso amarelo = pus [liquefazem o tecido]). • Necrose por liquefação: a) O melhor exemplo de uma necrose liquefativa é um infarto cerebral. b) Abcessos piogênicos (formando pus); c) Remoção rápida do material necrótico por macrófagos (amolecimento do tecido necrótico). d) Abcesso é uma áre de infecção purulenta localizada. NECROSE GORDUROSA Áreas focaisde destruição gordurosa (esteatonecrose). Ação de lipases sobre triglicerídeos (libera ácidos graxos e triglicerol). Ocorre em tecido adiposo, usualmente em associação com pancreatite, que libera numerosas lipases e proteinases. • Ácidos graxos e ésteres de triglicerídeos: reagem com Ca+2 (sabões de cálcio) - reação de saponificação - áreas brancas. Ex.: pacreatite aguda. NECROSE CASEOSA Aspecto "caseoso" (semelhante a queijo). Aspecto friável e esbranquiçado. Comum nas lesões de tuberculose. • MO: células fragmentadas de aparência granular. • Diferença da necrose coagulativa: contornos celulares não são distinguidos. • Necrose caseosa: a) Macroscopia (parecida com queijo). b) Associação com Mycobacterium. c) Tipo especial: coagulação + liquefação. Ex.: tuberculose. • Granuloma: restos celulares dentro de área bem demarcada por inflamação. NECROSE FIBRINOIDE Reações imunes que envolvem vasos sanguíneos. Depósitos de imunocomplexos em associação com fibrina são depositados nas paredes das artérias. Aparência amorfa, róseo-brilhante. Indicação de dano grave as paredes dos vasos, causado usualmente por inflamação. Tecido normal substituído por massa hialina. NECROSE GANGRENOSA Teoricamente não é um padrão de necrose específico. Quando ocorre em um membro: necrose de coagulação nas extremidades (perda de suprimento sanguíneo). • Tipos de gangrena: a) Seca: aterosclerose, cordão umbilical, frio. b) Úmida: apendicites (necrose liquefativa se sobrepondo). c) Gasosa: bactérias que produzem gás (botulismo). 10 @ortognaticatro7ao - Jonathan Melo – Odontologia APOPTOSE• "Cair fora" (1972): morte celular programada. • Ativação gênica: quebras específicas e irreversíveis do DNA. Auto-destruição geneticamente determinada. Ex.: bilhões de neutrófilos morrem por apoptose a cada dia em um homem adulto. • Programa de suicídio: via de morte celular induzida. • Células ativam enzimas: a) Degradam o próprio DNA; b) As proteinas nucleares e citoplasmáticas. c) Não há indução de resposta inflamatória, pois não há extravasamento de conteúdo celular. • Apoptose fisiológica: Elimina células não mais necessárias. Ex.: embriogênese, involução de tecido hormonio- dependetes (ciclo menstrual), morte de células inflamatórias. • Apoptose patológicas: Elimina células alteradas geneticamente ou que não podem ser reparadas. Ex.: lesão no DNA por radiação, drogas anticâncer, hipóxia. As células que morrem por apoptose são fagocitadas por macrófagos ou outras células vizinhas, não havendo extravasamento de enzimas citossólicas nem tampouco reação inflamatória. • Mecanismos: a) Via mitocondrial (intrínseca); b) Via receptor de morte (extrínseca). • Morfologia: a) Células apoptóticas: ovais ou redondas, citoplasma eosinofílico, núcleos condensados. b) Corpos apoptóticos: vesículas envoltas por membrana contendo citosol e organelas. CARACTERÍSTICAS NECROSE X APOPTOSE SISTEMA CIRCULATÓRIO • Sistema de transporte: coração, vasos sanguíneos e sangue. DISTÚRBIOS CIRCULATÓRIOS • Saúde celular e tecidual depende da circulação intacta: a) Hemostasia: processo de coagulação sanguínea que impede o sangramento excessivo após um dano ao vaso. • Hemostasia inadequada: pode resultar de hemorragia e comprometer a perfusão tecidual. • Saúde de células e tecidos: dependem de circulação sanguínea – O2 e nutrientes – remoção de resíduos. a) Desequilíbrio: alteração na função endotelial, aumento da pressão hidrostática vascular. Dependente da gravidade do quadro e localização. 11 @ortognaticatro7ao - Jonathan Melo – Odontologia • Os distúrbios circulatórios podem resultar de: a) Edema de extremidades (ex.: calçar sapatos); b) Edema nos pulmões (ex.: hipóxia); c) Hemorragia (ex.: hemostasia inadequada); d) Coagulação inadequada (ex.: trombose e embolia, obstrução de vasos, morte isquêmica, infarto). • Distúbios circulatórios que geram aumento de volume sanguíneo ao tecido: a) Hiperemia e congestão: aumento de volume sanguíneo no interior dos vasos em um tecido. HIPEREMIA A hiperemia é um aumento da quantidade de sangue circulante num determinado local, ocasionado pela dilatação arterial, pelo número de vasos sanguíneos funcionais, ou por congestão. Processo ativo, dilata a arteríola e promove aumento do fluxo sanguíneo aumentado. Ex.: inflamação; exercício físico. Tecidos mais avermelhados (sangue mais oxigenado); cárie – hiperemia pulpar – infeccção e inflamação. CONGESTÃO É um aumento local de volume de sangue nos vasos de determinadas partes do corpo. Essa condição resulta da obstrução do retorno venoso, que pode ser um evento ou um fenômeno generalizado. Processo passivo, comprometimento do fluxo de saída do sangue venoso – retorno venoso ineficiente. • Pode ser: a) Sistêmica: insuficiência cardíaca. b) Local: obstrução venosa – tecido com coloração vermelho-azulada (cianose) – leva ao acúmulo de hemoglobina desoxigenada nos tecidos afetados. Ex.: ICC ou obstrução venosa isolada (trombose). Tecidos mais azulados (cianóticos) - acúmulo de hemoglobina desoxigenada. EDEMA Edema, denominado popularmente por retenção de líquidos, é a acumulação de líquidos nos tecidos do corpo. As regiões afetadas com maior frequência são os braços ou as pernas. Os sintomas mais comuns são pele esticada, sensação de peso na região e dificuldade em mover as articulações afetadas. A presença de outros sintomas depende da causa subjacente. • Categorias fisiopatológicas de edema: a) Aumento no volume ou pressão intravascular; b) Redução das proteínas plasmáticas (hipoproteinemia). • Movimento de líquido entre espaço intravascular e intersticial é controlado pelo equilíbrio: pressão hidrostática vascular (força a saída do líquido capilar) x pressão osmótica plasmática (exercida pelas proteínas plasmáticas (impedem a perda de líquido capilar). CAUSAS DO EDEMA • Fatores fisiológicos: 1. Aumento de pressão hidrostática; 2. Redução da pressão oncótica (pressão por osmose gerada pelas proteínas no plasma) dentro dos vasos sanguíneos; 3. Aumento da pressão oncótica nos tecidos; 4. Aumento da permeabilidade da parede do vaso sanguíneo (por exemplo durante uma inflamação); 5. Obstrução da depuração de fluídos pelo sistema linfático; 6. Mudanças na água de retenção propriedades dos tecidos propriamente ditos; 7. Retenção de água e sódio pelo rim. 12 @ortognaticatro7ao - Jonathan Melo – Odontologia • Doenças: 1. Cardíacas como insuficiência cardíaca; 2. Hepáticas como cirrose; 3. Circulatórias como hipervolemia; 4. Linfáticas como obstrução do fluxo do sistema linfático; 5. Urinárias como insuficiência renal; 6. Endócrinas como hipotireoidismo ou; 7. Sistêmicas como desnutrição proteica grave. • Drogas: 1. Antidepressivos; 2. Anti-hipertensivos; 3. Esteroides; 4. Diuréticos; 5. Laxantes; 6. Outras. • Existem ainda outras causas: 1. Comer muito sal ou sódio; 2. Queimaduras solares; 3. Gravidez 4. Correr muito no sol quente. CLASSIFICAÇÃO DO EDEMA • O edema pode ser classificado também como: a) Edema comum; b) Linfedema: é uma tumefação de algum órgão do corpo, decorrente da perturbação ou obstrução na circulação linfática. Consiste em um acúmulo do fluido linfático no tecido intersticial, o que causa edema, mais frequente em braços e pernas, quando os vasos linfáticos estão prejudicados. Rico em proteínas acumuladas na região afetada, pode causar redução na disponibilidade de oxigênio e fornecer um meio de cultura bacteriana, resultando em linfagite. Dentro das possíveis causas para a ocorrência de um linfedema estão o elevado consumo de sais, gorduras e álcool e o baixo consumo de água. Geralmente é indolor com uma sensação crônica de peso nas extremidades, se afetadas; c) Mixedema: é uma desordem de pele e tecidos causada geralmente por um hipotireoidismo severo prolongado. Nesta desordem ocorre a destruição do parênquima tireoidiano. Ocorre com freqüência cinco vezes maior nas mulheres que nos homens. TIPOS DE EDEMA O edema pode ser mole ou transudato, sendo constituído apenas por água. Pode também ser edema duro ou exsudato, sendo constituído de água e proteínas. O exsudativo, geralmente é inflamatório e causa dor, calor e rubor. • Transudato: edema secundário ao aumento da pressão hidrostática ou devido a redução de proteínas plasmáticas. Edema pobre em proteínas. Ex.: ICC, insuficiência renal. • Exsudato: associado a aumento da permeabilidade vascular. Edema inflamatório, rico em proteínas. EFEITOS DO EDEMA a) Edema localizado: comprometem apenas um território do organismo (como vagina, ânus e boca) são as partes que mais ficam edemaciadas. b) Edema generalizado: ou anasarca, acontece quando o mesmo se espalha por todo o corpo e nas cavidades pré-formadas. Pode ocorrer também dentro do abdômen (ascite) e dentro do pulmão (edema pulmonar ou derrame pleural). Por ocasião de qualquer tipo de edema, em qualquer localização, sua presença faz diminuir a velocidade da circulação do sangue, assim prejudicando a nutrição e a eficiência dos tecidos. • Tipos de edemas generalizados: 1. Edema renal; 2. Edema cardíaco; 3. Edema da gravidez; 4. Edema das cirroses hepáticas; 5. Edema iatrogênico (causados por tratamentos). 13 @ortognaticatro7ao - JonathanMelo – Odontologia HEMORRAGIA Extravasamento de sangue dos vasos para o espaço extravascular. Ocorre por lesão vascular (trauma, ateroesclerose, inflamação, neoplasias, etc) ou por formação defeituosa de coágulo (tampão hemostático). • Hemorragias em cavidades corporais: hemotórax, hemoperitônio, hemocárdio, epistaxe, hematúria, etc. • Significado clínico: depende do volume e velocidade da perda sanguínea e local da hemorragia. EXTRAVASAMENTO DE HEMÁCIAS a) Hematoma: qualquer acúmulo de sangue; b) Petéquias: diminutas (1-2 mm); c) Púrpura: um pouco maiores (3-5 mm); d) Equimoses: hematomas subcutâneos maiores – hemoglobina (vermelha) – bilirrubina (azul/verde) – hemossiderina (marrom/amarelo). TROMBOSE Processo de formação de um coágulo sanguíneo (trombo) no interior dos vasos ou do coração de indivíduos vivos. CAUSAS DA TROMBOSE Geralmente, a trombose é causada devido a uma anomalia em um ou mais itens da Tríade de Virchow abaixo relacionados: 1. Composição do sangue (hipercoagulabilidade); 2. Qualidade das paredes venosas; 3. Natureza do fluxo sanguíneo (hemodinâmica). Além dessas causas o choque térmico pode levar a um tipo de trombose que pode ser revertido. A formação do trombo é geralmente causada por um dano nas paredes do vaso, ou ainda por um trauma ou infecção, e também pela lentidão ou estagnação do fluxo sanguíneo, ocasionado por alguma anomalia na coagulação sanguínea. Após a coagulação intravascular, formam-se uma massa deforme de hemácias, leucócitos e fibrina. TIPOS DE TROMBOSE Em geral, existem duas formas distintas de trombose: • Trombose venosa: a) Trombose venosa profunda (TVP): quando o coágulo se forma em veias profundas, ao interior dos músculos; b) Trombose da veia renal; c) Trombose da veia hepática (Síndrome de Budd-Chiari); d) Síndrome de Paget-Schroetter (trombose venosa nos membros superiores); e) Trombose da veia porta renal (trombose que afeta principalmente a face, devido a choque térmico, em alguns casos os membros superiores, conhecida com mal de Tairkan); f) Síndrome do desfiladeiro torácico (a causa da maioria das tromboses venosas nos membros superiores que não têm relação com um trauma); • Trombose arterial: a) Acidente vascular cerebral (AVC); b) Trombose da artéria aorta abdominal; c) Infarto do miocárdio (geralmente uma trombose na coronária devida a uma ruptura em uma placa aterosclerótica); d) Síndrome do desfiladeiro torácico (pode precipitar uma trombose tanto arterial como venosa). Em todo caso, o trombo irá causar uma inflamação na veia ou artéria, podendo ficar apenas no local inicial de formação ou se espalhar ao longo desta, causando a sua obstrução parcial ou total. 14 @ortognaticatro7ao - Jonathan Melo – Odontologia EMBOLIZAÇÃO Se uma infecção bacteriológica está presente no lugar onde ocorre a trombose, o trombo pode se romper, espalhando partículas da substância infectada por todo o sistema circulatório e configurando um abscesso metastático onde quer que elas parem. Sem infecção, o trombo pode desprender-se e entrar na circulação como um êmbolo (coágulo), alojando-se e obstruindo completamente a veia sanguínea (um infarto). Os efeitos de um infarto dependem de onde ele ocorreu. A maioria dos trombos, não obstante, se organizam em proteína fibrilar, e a veia trombótica é gradualmente recanalizada com a ajuda de fibrinolíticos. FATORES DE RISCO PARA TROMBOSE • O risco de desenvolver uma trombose pode ser aumentada por alguns fatores tais como: a) Estase: permanecer em inatividade prolongada (por exemplo viagem de avião ou de carro); b) Traumatismo na veia: algum traumatismo que provoque lesão nas veias; c) Prática do tabagismo; d) Uso de anticoncepcionais; e) O avanço da idade; f) Predisposição genética. Quando uma trombose é diagnosticada uma das primeiras suspeitas recaem sobre a combinação do uso de anticoncepcionais aliado à prática do tabagismo, sobretudo se o paciente possui 35 anos ou mais. Outras hipóteses como trauma na veia, por infecção, cateterismo, introdução de medicação venosa também podem estar desencadeando uma trombose. Alguns fatores genéticos como o Fator V de Leiden, com prevalência de até 5% na população caucasiana, e a Protrombina fator II, podem aumentar significativamente a predisposição de desenvolver uma trombose, sobretudo quando combinada a outros fatores de risco. EMBOLIA Impactação em alguma parte do sistema circulatório de qualquer material não dissolvido conduzido pela corrente sanguínea (massas sólidas, líquidas ou gasosas). O corpo circulante é chamado êmbolo. Os êmbolos mais comuns são os que originam-se a partir de trombos. TIPOS DE EMBOLIA a) Embolia sistêmica: maioria de trombos murais intracardíacos (80-95%). b) Embolia por líquido amniótico: ruptura da placenta ou veias uterinas/cervicais. c) Embolia gasosa: é a obstrução dos vasos sanguíneos por bolhas de gás na corrente sanguínea, geralmente decorrentes da expansão do ar nos pulmões com a diminuição da pressão durante a subida à superfície em um mergulho. d) Embolia gordurosa: é um tipo de embolia que geralmente tem origem em fraturas de ossos longos, como por exemplo nas fraturas de fêmur e tíbia ou da bacia, e nas artroplastias do joelho e quadril. CHOQUE Deficiência circulatória devido a diminuição do débito cardíaco, com diminuição da pressão sanguínea e consequente fluxo inadequado e hipóxia celular. TIPOS DE CHOQUE • Hipovolêmico (hemorrágico): a) Perda de sangue ou volume plasmático; b) Queimaduras e desidratação; c) Sudorese excessiva, diarreia e vômitos. • Cardiogênico: a) Lesão miocárdica intrínseca; b) Arritmias ventriculares. • Choque anafilático: a) Hipersensibilidade generalizada - mediada por IgE; b) Vasodilatação sistêmica e aumento da permeabilidade vascular. 15 @ortognaticatro7ao - Jonathan Melo – Odontologia ARTERIOESCLEROSE Endurecimento das artérias resultado da destruição das camadas muscular e elástica, com espessamento das paredes das artérias pela deposição de gordura, fibras e hializanização. • Aterosclerose: formação de placas gordurosas e fibrosas na parede das artérias de grande e médio calibre, resultando em perda de elasticidade e de resistência. • Arterioloesclerose: hialinização das paredes das arteríolas, especialmente rins, baço e pâncreas. Frequentemente ocorre nos rins devido a hipertensão. INFARTO Área de necrose causada por interrupção da irrigação arterial ou, mais raramente, por obstrução venosa. O tromboembolismo arterial é a causa subjacente à grande maioria dos infartos. • Classificação pela cor: a) Anêmicos (brancos): oclusão arterial, coração, baço e rim – órgãos de circulação terminal. b) Hemorrágicos (vermelhos): em oclusões venosas, pulmão e intestino (circulação dupla) • Variação dos resultados é influenciada: a) Pela anatomia do suprimento vascular: presença ou ausência de um suprimento sanguíneo alternativo; b) Pelo tempo de desenvolvimento da oclusão: se artéria coronária oclui lentamente (ex.: placa aterosclerótica), o fluxo na circulação colateral pode aumentar o suficiente para impedir o infarto c) Pela vulnerabilidade intrínseca do tecido afetado à lesão isquêmica: neurônios e células miocárdicas resistem menos; d) Pelo conteúdo de oxigênio no sangue: quanto mais baixo, maiores as chances de infarto. INFLAMAÇÃO a) Processo de defesa não específico. b) Ocorre no tecido conjuntivo vascularizado. c) Participação de células e elementos do plasma e dos tecidos. d) Objetiva destruir, isolar ou neutralizar o agente da lesão, remover restos celulares e elementos estranhos indesejáveis e promover restauração tecidual. e) Inflamação é entrelaçada com oprocesso de reparo (regeneração e/ou cicatrização). f) Resposta de proteção: livrar o organismo da agressão. g) No entanto é potencialmente nociva. HISTOLOGIA DA INFLAMAÇÃO • Aguda: fenômenos vasculares e exsudativos, PMN e neutrófilos; • Crônica: fenômenos proliferativos (com formação de fibrose) e macrófagos. INFLAMAÇÃO AGUDA a) É uma resposta rápida à lesão ou a micróbios e outras substâncias estranhas. b) Leva leucócitos e proteínas plasmáticas para os locais da lesão. c) Leucócitos removem os invasores e iniciam o processo de digestão dos tecidos necróticos. • Características básicas: a) Vasoconstrição transitória (dura segundos a minutos); b) Vasodilatação das arteríolas -> aumento do fluxo; c) Estase e marginação, com aumento na permeabilidade da barreira celular endotelial. d) Alteração do fluxo e do calibre vascular; e) Vasodilatação; f) Aumento da permeabilidade vascular; 16 @ortognaticatro7ao - Jonathan Melo – Odontologia g) Diminuição do fluxo circulatório (estase); h) Marginação leucocitária; i) Rolagem e adesão; j) Passagem para o meio extravascular. • Recrutamento de leucócitos: 1. Marginação e aderência ao endotélio; 2. Rolagem ao longo da parede do vaso; 3. Transmigração entre as células endoteliais; 4. Migração para os tecidos em direção ao estímulo quimiotático. • Quimiotaxia: processo de direcionar a locomoção celular orientada ao foco de agressão por um gradiente químico. • Fagocitose: 1. Reconhecimento e fixação da partícula ao fagócito; 2. Engolfamento; 3. Destruição e degradação do material ingerido. • Dano tecidual: O mecanismo pelo qual o leucócito agride é o mesmo envolvido na defesa. Provoca dano ao tecido através de enzimas, restos de digestão e espécies reativas de oxigênio (microbicidas). A inflamação persisite até o estímulo inicial ser removido e os mediadores serem dissipados ou removidos. • Consequências: a) Resolução: Lesão leve ou limitada – restauração funcional; liberação de mediadores – inibição da inflamação. b) Progressão para inflamação crônica: agente não é removido. c) Cicatrização ou fibrose: destruição tecidual e tecido não regenera. • Abscesso: coleções de infiltrado de neutrófilos; ou em algumas infecções bacterianas e fúngicas (pus). 17 @ortognaticatro7ao - Jonathan Melo – Odontologia INFLAMAÇÃO AGUDA X CRÔNICA ALTERAÇÕES NA PERMEABILIDADE a) Aumento da pressão hidrostática intravascular; b) Diminuição da pressão osmótica intravascular; c) Se extravasa líquido, há uma hemoconcentração resultante da saída do plasma, o que causa um empilhamento de hemácias, ou seja, extase sanguínea. FASES DA INFLAMAÇÃO a) Irritativa: estimulação nervosa passageira e mediadores químicos. b) Vascular: diferente fluxo, calibre e permeabilidade. c) Exsudativa: saída de células. d) Degenerativa-necrótica: ação do agente agressor e do processo inflamatório. e) Produtiva-reparativa: finalizar o processo e reparar tecido injuriado. FENÔMENOS VASCULARES • Tríplice resposta de Lewis: 1. Isquemia: resultante da vasoconstrição rápida, passageira; 2. Hiperemia: causada por mediadores inflamatórios; 3. Edema: causado por mediadores inflamatórios. SINAIS CARDINAIS DA INFLAMAÇÃO 1. Calor e rubor: hiperemia arterial, alto fluxo sanguíneo; 2. Tumor: edema; 3. Dor: compressão de fibras nervosas e mediadores inflamatórios que as hipersensibilizam, estimulam; 4. Perda de função. CAUSAS DA INFLAMAÇÃO a) Situações de hipóxia: isquemia; aterosclerose – necrose tecidual; b) Agentes físicos: trauma, cortes, radiação – queimadura solar; c) Agentes químicos: altas concentrações de O2, venenos; d) Agentes infecciosos: vírus, fungos, bactérias e) Corpos estranhos: farpa, sutura. 18 @ortognaticatro7ao - Jonathan Melo – Odontologia PRINCIPAIS COMPONENTES DA INFLAMAÇÃO a) Reação vascular: b) Reação celular: TIPOS DE EDEMA • Intracelular: tumefação/degeneração hidrópica. Ex.: bomba de sódio e potássio. • Extracelular: não inflamatório (transudato); inflamatório (exsudato). • Obs.: a inflamação ocorre na microcirculação. CLASSIFICAÇÃO DAS INFLAMAÇÕES a) Serosa: líquido claro, de composição próxima ao soro sanguíneo, não é transudato. Ex.: pleurite, renite, bolha de queimadura. b) Hemorrágica: componente hemorrágico predomina. Ex.: glomerulonefrite aguda hemorrágica. c) Purulenta: supurativa, com células mortas (neutrófilos e macrófagos). Ex.: abcesso. INFLAMAÇÃO CRÔNICA Resposta de duração prolongada (semanas ou meses), na qual inflamação, lesão tecidual e tentativas de reparo coexistem em diferentes combinações. REAÇÃO TECIDUAL a) Aumento dos graus de celularidade e de elementos teciduais mediante a permanência do agente agressor; b) Duração prolongada; c) Destruição tecidual e tentativa de reparo. CAUSAS DA INFLAMAÇÃO CRÔNICA a) Infecções persistentes (difíceis de erradicar); b) Doenças de hipersensibilidade (doenças com ativação excessiva e inadequada do sistema imune [autoimunes]); c) Exposição prolongada a agentes tóxicos. CARACTERÍSTICA MORFOLÓGICAS a) Infiltração de células mononucleares: macrófagos, linfócitos e plasmócitos; eosinófilos e mastócitos. b) Destruição tecidual: induzida pelo agente ofensivo ou células inflamatórias. c) Tentativa de reparo: troca do tecido danificado por tecido conjuntivo através de angiogênese e fibrose. 19 @ortognaticatro7ao - Jonathan Melo – Odontologia MACRÓFAGOS a) Predominantes na maioria das inflamações crônicas; b) Destroem invasores e tecidos estranhos; c) Ativam linfócitos T, predominantemente. • Vias de ativação dos macrófagos: 1. Clássica: produzem óxido nítrico e EROs e suprarregulam enzimas lisossômicas - microbicidas. 2. Alternativa: função principal no reparo tecidual – angiogênese e síntese de colágeno. Os produtos dos macrófagos ativados matam agentes nocivos e iniciam o processo de reparo, mas também são responsáveis por grande parte de lesão tecidual na inflamação crônica. LINFÓCITOS a) Amplificam e propagam a inflamação crônica; b) Inflamação tende a ser persistente e mais grave; c) Predominante nas doenças autoimunes. INFLAMAÇÃO GRANULOMATOSA a) Forma de inflamação crônica; b) Coleções de macrófagos ativados (epitelioides), muitas vezes com linfócitos T; às vezes necrose central. Ex.: doenças imunes e infecciosas como tuberculose, sífilis, paracoccidioidomicose. c) Os macrófagos podem se fundir e formar as células gigantes multinucleadas. GRANULOMA a) Área focal da inflamação granulomatosa; b) Tentativa de conter um agente agressor. • Tipos de granulomas: a) Granulomas imunes: agentes capazes de induzir resposta imune mediada por células T (microorganismos persistentes). b) Granulomas de corpo estranho: resposta a corpos estranhos inertes, sem resposta imunomediada (fio de sutura). • Características morfológicas: a) Citoplasma granular róseo com limites indistinguíveis – células epitelioides; b) Colar de linfócitos ao redor; c) Células de Langhans: células gigantes multinucleadas com muitos núcleos na periferia; d) Zona central de necrose – Mycobacterium tuberculosis – necrose caseosa. REPARO TECIDUAL • Ocorre por: a) Regeneração: proliferação das células residuais não lesadas - tecido lesado é substituído por células do mesmo tipo e retornam ao estado normal. b) Cicatrização: tecido lesado incapaz de regenerar e tecido gravemente lesado é substituído por um tecido conjuntivo (fibrose) vascularizado - cicatriz. REGENERAÇÃO • Mecanismos: proliferação das células residuais e diferenciação de células-tronco– migração para preencher o defeito – restauração da integridade tecidual. Ex.: remoção cirúrgica parcial do fígado. 20 @ortognaticatro7ao - Jonathan Melo – Odontologia CICATRIZAÇÃO Quando não ocorre regeneração e as células lesadas são substituídas por tecido conjuntivo formando cicatriz. • Etapas da cicatrização: 1. Instalação de reação inflamatória: células do exsudato de células fagocitárias reabsorvem restos celulares e sangue extravasado; 2. Proliferação fibroblástica e endotelial formando o tecido conjuntivo cicatricial (tecido de granulação); 3. Remodelação com redução do volume da cicatriz. Dano –> tampão hemostático (interrompe sangramento) –> inflamação (macrófagos) –> proliferação celular (endoteliais - angiogênese; fibroblastos - fibras colágenas). CICATRIZAÇÕES • A cicatrização por primeira intenção: em ferimentos assépticos, com um mínimo de perda e destruição teciduais, permitindo união primária (em primeira intenção) das superfícies de corte, com pouca reação tecidual. O tecido de granulação, em pouca quantidade, não é visível e a formação de cicatriz é mínima, linear, fina. • A cicatrização por segunda intenção: a cicatrização por união dos bordos por segunda intenção ocorre em ferimentos infectados, ou em que os bordos são irregulares, não podendo ser aproximados, por perda de tecido. A presença de células mortas, degeneradas, impede a cicatrização por primeira intenção, sendo, então, formado o tecido de granulação em maior quantidade. Este é constituído por delicados vasos sanguíneos capilares neoformados, em meio a tecido conjuntivo frouxo e muitos leucócitos, os quais preenchem a área aberta do ferimento. O tecido de granulação vai sendo substituído por tecido conjuntivo fibroso cicatricial, e a superfície do ferimento em cicatrização vai sendo recoberta por células epiteliais, que proliferam (regeneração epitelial). • A cicatrização por terceira intenção: a cicatrização por união dos bordos por terceira intenção envolve os ferimentos tratados cirurgicamente, em geral profundos e submetidos à sutura secundária, após cicatrização aberta, por não terem sido submetidos à sutura prévia, inicial, ou esta ter se desfeito, ou por suspeita de infecção, tendo que ser acompanhados abertos ou com drenos, até poderem ser suturados, tratados com enxertos, etc. O espaço da ferida é preenchido por tecido de granulação, que surge a partir dos bordos em aposição auxiliada pelas suturas, quando feitas. A cura dá-se por cicatriz ampla e profunda. FATORES QUE INFLUENCIAM O PROCESSO DE CICATRIZAÇÃO a) Infecções e corpos estranhos: exacerba a inflamação e desequilibra a síntese e destruição da MEC; b) Desnutrição: especialmente proteínas, vit. C e zinco; c) Diabetes: baixa perfusão tecidual – reduz aporte de nutrientes e O2 ; d) Pessoas idosas: comorbidades; e) Tabagismo: vasoconstrição (nicotina) e efeito antiinflamatório (monóxido de carbono). QUELOIDE O quelóide é uma lesão elevada, brilhante, pruriginosa ou dolorosa, de localização dérmica e que ultrapassa os limites da ferida original, ou seja, invade a pele normal adjacente. Apresenta crescimento ao longo do tempo e não regride espontaneamente. Comumente evolui com recorrência após excisão. Ocorre com formação excessiva de tecido conjuntivo denso em cicatriz cutânea. a) Cicatriz hipertrófica: reversível, no local da injúria (cicatriz elevada); b) Queloide: irreversível ou quase, não respeita o limite da ferida original; Quando não se conhece o defeito - há descontrole da síntese de colágeno (aumento de produção e/ou redução de degradação da MEC). 21 @ortognaticatro7ao - Jonathan Melo – Odontologia NEOPLASIAS É um tumor que é originado pelo aumento do número de células. Frequentemente o termo tumor é usado como um sinônimo de neoplasia. Neoplasias ou tumores – benignos ou malignos. Câncer é a denominação genérica usada para tumores malignos e originou-se devido a capacidade de invadirem os tecidos vizinhos O estudo das neoplasias é conhecido como oncologia (onco = massa). Câncer representa múltiplos distúrbios que compartilham uma desregulação do crescimento celular, podem ser curáveis à fatais. EPIDEMIOLOGIA • Incidência de câncer: OMS projeta (2035) - 24 milhões de pessoas com câncer e 14 milhões de mortes. • Cancer é influênciado por: fatores ambientais, alimentação, uso de álcool, tabaco, idade, condições predisponentes adquiridas. NOMENCLATURA • Componentes básicos: a) Neoplasias benignas: origem celular + sufixo OMA. Ex.: fibroma, osteoma, condroma, lipoma, mioma, adenoma. • Exceções: linfoma, melanoma são neoplasias malignas. b) Neoplasias malignas: carcinomas e sarcomas. • Origem epitelial: carcinoma (usado como prefixo ou sufixo, dependendo da origem celular). • Epitélio: carcinoma basocelular, carcinoma espinocelular. • Glândulas: adenocarcinoma. • Origem mesenquimal (conjuntiva): sufixo sarcoma (sarco = carne). Ex.: fibrossarcoma, osteossarcoma, rabdomiossarcoma. • Nomeclatura dos principais tumores benignos e malignos: CARACTERÍSTICAS GERAIS • Diferenciação: refere-se ao grau em que as células neoplásicas assemelham-se às células normais, tanto na morfologia quanto na função. a) Neoplasias benignas: células bem diferenciadas, semelhantes às células do tecido de origem. b) Neoplasias malignas: células com grau variável de diferenciação. Células indiferenciadas são também chamadas de anaplásicas (formação retrógrada [inversa]). • Hemagioma: • Lipoma: 22 @ortognaticatro7ao - Jonathan Melo – Odontologia • As células anaplásicas apresentam: a) Variações no tamanho e forma (pleomorfismo celular e nuclear); b) Núcleos hipercromáticos (coloração escura); c) Relação núcleo-citoplasma aumentada (1:1 ao invés de 1:4 ou 1:6); d) Aumento no tamanho e número dos nucléolos; e) Mitoses atípicas. • Epitélio normal: • Displasia: proliferação desordenada celular, mas não neoplásica. Perda da uniformidade das células individuais e da sua orientação arquitetônica. Displasia não é sinônimo de câncer. Em geral, representa um tecido com risco aumentado de desenvolver um câncer. • Ritmo de crescimento: a maiorias das neoplasias benignas cresce lentamente e as malignas crescem rapidamente. Entretanto, alguns tumores benignos podem apresentar crescimento mais rápido que tumores malignos. O ritmo de crescimento depende do tipo de tumor e de alguns fatores como suprimento sanguíneo e hormonal. • Invasão local - neoplasias benignas: a) Crescem por expansão, sem infiltrar ou invadir tecidos vizinhos; b) São geralmente circunscritas por uma cápsula de tecido fibroso que delimita o tumor; c) Devido à cápsula, usualmente formam massas isoladas, palpáveis e móveis, tratadas por cirurgias conservadoras. • Invasão local - neoplasias malignas: a) São invasivas e infiltrativas, infiltrando e provocando destruição dos tecidos adjacentes; b) São geralmente não-encapsuladas e não- circunscritas; c) O tratamento requer remoção cirúrgica de uma margem de tecido aparentemente normal, conhecida como margem de segurança (margens livres/ limpas). • Metástases: a) Presença de células ou massas tumorais em tecidos que não apresentam continuidade com o tumor primário. b) Principal característica das neoplasias malignas: todos os tipos de câncer podem provocar metástases, com poucas exceções. c) O desenvolvimento de metástases diminui acentuadamente a possibilidade de cura dos pacientes. d) Disseminação das células tumorais pode ocorrer através dos vasos sanguíneos, linfáticos ou cavidades corporais. e) Em geral, quanto mais anaplásica e maior for a neoplasia, mais provável a disseminação metastática. • Estadiamento: a) O sistema TNMé a classificação mais usada para as neoplasias malignas; b) Critério estabelecido pela UICC (União Internacional Contra o Câncer); c) Determinar a extensão do crescimento e disseminação das neoplasias malignas. 23 @ortognaticatro7ao - Jonathan Melo – Odontologia • Sistema TNM: T – tamanho do tumor primário; N – presença de linfonodos regionais comprometidos (metástases regionais); M – presença de metástases à distância. A associação destes fatores permite classificar os tumores em estádios clínicos (0, I, II, III e IV). • O sistema TNM tem como objetivos: a) Planejamento do tratamento; b) Indicação sobre o prognóstico; c) Resultado do tratamento; d) Troca de informações entre centros de tratamento. NEOPLASIAS BENIGNAS X MALIGNAS CANCÊR O câncer surge a partir de uma mutação genética, ou seja, de uma alteração no DNA da célula, que passa a receber instruções erradas para as suas atividades. O processo de formação do câncer é chamado de carcinogênese ou oncogênese. Os efeitos cumulativos de diferentes agentes cancerígenos ou carcinógenos são os responsáveis pelo início, promoção e progressão do tumor. • Mecanismos de defesa naturais pré- determinados: ação do sistema imunológico, capacidade de reparo do DNA e ação de enzimas. Ou seja, uma mutação não é suficiente para transformar uma célula normal em uma célula cancerosa. • A princípio, os cânceres apresentam mudanças fundamentais na fisiologia das células: a) Autossuficiência nos sinais de crescimento: fruto de mutações que convertem proto-oncogenes em oncogenes. • Oncogenes: genes que induzem o aumento do crescimento celular de forma autônoma (versão mutada dos proto-oncogenes). • Proto-oncogenes: genes celulares normais que promovem o crescimento celular. Os cânceres podem secretar seus próprios fatores de crescimento ou induzir as células do estroma a produzir fatores de crescimento no microambiente tumoral. Um exemplo de estimulação autócrina é o fator de crescimento transformante α (TGFα) – muitos sarcomas secretam e possuem seu receptor. • Proteínas transdutoras de sinal: RAS - papel chave na regulação de muitos eventos celulares, incluindo a proligeração celular. • Mutação oncogênica na proteína K-RAS: se mantém permanente ativada - sinal contínuo de indução de proliferação é transmitido ao núcleo destas células. b) Insensibilidade aos sinais inibitórios de crescimento: genes supressores de tumor - genes que codificam protínas que inibem o crescimento celular (aplicam freios à proliferação celular). A perda desses genes simula efeitos promotes de crescimento. • Rb: relacionado com retinoblastoma - 1º gene supressor de tumor a ser descoberto. Rb controla a transição G1-S do ciclo celular. • P53: mutação mais comum no câncer humano (gene TP53 [+70%]). P53 a sua fisiologia é ativada por dano ao DNA, impede a transformação neoplásica da célula, ativando a parada do ciclo temporária (bloqueio G1); induzindo a parada permanente do ciclo; e desencadeia a apoptose. c) Alteração do metabolismo celular; d) Evasão da apoptose: os cânceres frequentemente apresentam mutações em genes que regulam a apoptose. Mutações e alteração na expressão gênica que desativam componentes da via intrínseca principalmente 24 @ortognaticatro7ao - Jonathan Melo – Odontologia são ptns BAX e BAK – pró-apoptóticas e ptn BCL2 – anti-apoptótica - superexpressão. e) Potencial replicativo ilimitado: a maioria das células tem capacidade de no máximo 70 duplicações. Perdem a capacidade (senescência replicativa). Encurtamento progressivo dos telômeros (extremidades dos cromossomos). • Telômeros: impedem que os cromossomos se fundam ou degradem; ficam menores a cada divisão celular, limitando o número de divisões da célula. f) Angiogênese sustentada: os cânceres precisam de suprimento de oxigênio e nutrientes e remoção de resíduos. Cânceres estimulam a neoangiogênese (vasos brotam de capilares). A angiogênese contribui para a metástase. g) Invasão e metástase: principais causas de morbidade e mortalidade do câncer. Envolve células cancerosas, células do estroma, MEC. Sua etapas são invasão da MEC; disseminação vascular; e realojamento das células tumorais. h) Evasão da vigilância imune. CARCINOGÊNESE Processo de desenvolvimento das transformações moleculares que culminam com as neoplasias malignas (câncer). • Dividida em iniciação, promoção e progressão: a) Iniciação: células expostas a carcinógenos promovem alteração permanente no DNA (mutação). b) Promoção e progressão: proliferação das células transformadas, células com maior potencial maligno. 1. Estágio de iniciação: os genes sofrem ação dos agentes cancerígenos. Nessa fase, as células se encontram geneticamente alteradas, porém ainda não é possível se detectar um tumor clinicamente. 2. Estágio de promoção: as células geneticamente alteradas (“iniciadas”) são transformadas em células malignas. Para que ocorra essa transformação, é necessário um longo e continuado contato com o agente cancerígeno promotor. A suspensão do contato com agentes promotores muitas vezes interrompe o processo nesse estágio. 3. Estágio de progressão: multiplicação descontrolada e irreversível das células alteradas. Nesse estágio, o câncer já está instalado, evolui até o surgimento das primeiras manifestações clínicas da doença. TELOMERASE DNA polimerases que mantém e alongam os telômeros; inativas na maioria das células normais. A atividade da telomerase é aumentada em neoplasias (possibilita número ilimitado de divisões celulares). MECANISMO DE INVASÃO E METÁSTASE a) Separação das células tumorais: afrouxamento das moléculas de adesão intercelulares. Ex.: E- caderina. b) Ligação aos componentes da MEC: receptores para componentes da MEC. c) Degradação da MEC: células tumorais secretam de enzimas proteolíticas. Ex.: metaloproteinases. d) Migração das células tumorais: clivagem dos componentes da MEC + fator autócrino de motilidade - citocinas. 25 @ortognaticatro7ao - Jonathan Melo – Odontologia • A capacidade das células cancerosas deixar a circulação, invadir e crescer em outros locais é “precária”, devido as seguintes etapas: a) Destacar do tumor primário; b) Invadir e migrar nos tecidos adjacentes; c) Infiltrar e sobreviver na corrente circulatória (ação do sistema imune); d) Aderir e atravessar os capilares sanguíneos; e) Sobreviver em tecido estranho ao da sua origem (falta de suporte estromal). LOCAL DE DESENVOLVIMENTO DA METÁSTASE Localização anatômica e a drenagem vascular do tumor primário (fígado e pulmão – 1º leito capilar disponível) e o tropismo de tumores específicos para tecidos específicos. Células tumorais podem expressar moléculas de adesão as quais se ligam preferencialmente às células endoteliais do órgão-alvo. Alguns órgãos podem liberar agentes quimiotáticos que recrutam células tumorais. O órgão-alvo pode não ser favorável para a proliferação das células tumorais. ALTERAÇÕES CELULARES AGENTES CARCINÓGENOS • Incitam o dano genético: a) Substâncias químicas; b) Energia radiante; c) Agentes microbianos. CARCINÓGENOS QUÍMICOS a) Agentes de ação direta: não necessitam transformação química para promover carcinogênese - agentes alquilantes (fármacos) - ciclofosfamida, clorambucil. b) Agentes de ação indireta: requerem conversão metabólica para que os produtos finais sejam capazes de transformar as células - pró-carcinógenos – hidrocarboneto aromático; benzopireno (formado na combustão do tabaco); nitritos de conservantes alimentares. CARCINÓGENOS FÍSICOS Raios ultravioleta, radiações eletromagnéticas (raios X e gama) e partículas (alfa, beta, prótons e nêutrons) podem provocar alterações celulares e desenvolvimentode câncer. • Radiação UV: aumento da incidência de cânceres de pele. Dano ao sistema de reparo do DNA. CARCINÓGENOS BIOLÓGICOS Vários vírus (DNA ou RNA) são oncogênicos. • Papilomavírus humano (HPV): tipos 16 e 18 - câncer de cólo de útero e de orofaringe. • Epstein-Barr (EBV): família herpes; linfomas e carcinoma de nasofaringe. • Hepatite B (HBV): câncer hepático. 26 @ortognaticatro7ao - Jonathan Melo – Odontologia DOENÇAS DA IMUNIDADE • Sistema imune: conjunto de células e tecidos responsáveis pela defesa do corpo contra patógenos do ambiente. O próprio sistema imunológico é capaz de causar doenças. • Doenças de exacerbação do sistema imune: doenças autoimunes. • Doenças de deficiência do sistema imune: imunodeficiências. RESPOSTAS IMUNES • Tipos: imunidade inata (inicial) e imunidade adaptativa (adquirida ou tardia). 1. Imunidade inata: natural ou nativa – células e proteínas que estão sempre presentes. • Componentes: barreiras epiteliais da pele, TGI e respiratório, neutrófilos e macrófagos, células NK (natural killers) e proteínas plasmáticas (sistema complemento), citocinas (proteínas que regulam as atividades das células). Recrutadas imediatamente em resposta à infecção. • A imunidade inata protege através: a) Neutrófilos e macrófagos: fagocitose; b) Eosinófilos: matam parasitas; c) NK: matam células infectadas por vírus; d) Células dendríticas: fagocitose e apresentação de patógenos; e) Sistema complemento: cascata de reações enzimáticas produzidas por proteínas plasmáticas desencadeadas pela presença do patógeno; f) Citocinas: PTNs que regulam atividades das células da imunidade inata. • Reconhecimento: componentes da imunidade reconhecem substâncias ou estruturas do patógeno (padrões moleculares associados a patógenos – PAMPs) através de receptores (Toll). • Ativação: estímulo à célula – potencialização da fagocitose, produção de radicais de oxigênio (microbicidas), secretam citocinas (processo inflamatório), desgranulam enzimas capazes de degradar produtos patogênicos, aumentam a expressão de moléculas na membrana celular. 27 @ortognaticatro7ao - Jonathan Melo – Odontologia • Reconhecimento por receptor (Toll): ativação celular - fagocitose, produção de EROs, secreção de citocinas; processo inflamatório; ativação de linfócitos T. 2. Imunidade adaptativa: adquirida ou específica. Mecanismos mais poderosos contra agentes patogênicos persistentes. Tem capacidade de memória. • Componentes: linfócitos B e T e seus produtos. • Tipos: a) Imunidade humoral: mediada por anticorpos – produzidos por linfócitos B. Proteção contra microrganismos extracelulares (sangue, secreção de mucosas e tecidos). b) Imunidade celular: mediada por linfócitos T. Proteção contra microrganismos intracelulares. • Linfócitos virgens (naïves): linfócitos produzidos na medula óssea e timo. Migram para órgãos linfoides para entrar em contato com antígenos: linfócitos efetores (TCD4 e TCD8) e linfócitos de memória. • Células apresentadoras de antígenos: capturam os microrganismos e outros antígenos e os apresenta aos linfócitos. Ex.: células dendríticas. • Linfócitos B (derivados da medula óssea): expressam Ac na membrana que reconhecem uma variedade de antígenos diretamente. Células B são ativadas para se tornarem plasmócitos. • Linfócitos T (derivados do timo): expressam receptores de células T (TCR) que reconhecem antígenos proteicos apresentados pelas moléculas MHC (complexo de histocompatibilidade principal) nas células apresentadoras de antígenos (células dendríticas, LB, macrófagos). • Anormalidade nas respostas imunológicas: hipersensibilidade, autoimunidade e imunodeficiências. 28 @ortognaticatro7ao - Jonathan Melo – Odontologia DOENÇAS DE HIPERSENSIBILIDADE Respostas imunológicas excessivas capazes de causarem lesão tecidual. As doenças tendem a ser crônicas e debilitantes, de difícil tratamento. A inflamação está intimamente ligada a essas desordens, as doenças inflamatórias são mediadas pelo sistema imunológico. • Quatro classes de reações com base nos mecanismos da resposta imune: I. Hipersensibilidade tipo I: desencadeada por antígenos ambientais (alérgenos) – normalmente partículas de plantas e animais (pólen, pêlos, saliva de animais). Partículas aprisionadas no muco de vias respiratórias. Células apresentadoras de antígenos (APC) processam os antígenos e apresentam as TCD4 – estimulam diferenciação de LB em plasmócitos que secretam IgE – IgE se liga a mastócito. II. Hipersensibilidade tipo II: causadas por anticorpos, IgG ou IgM, que reagem contra antígenos de células do hospedeiro ou contra antígenos teciduais. Causas de doenças autoimunes. • Mecanismos: a) Opsonização e fagocitose: anticorpos marcam as células e facilitam a sua fagocitose; b) Inflamação: anticorpos recrutam neutrófilos e macrófagos, estimulam a liberação de mediadores químicos e causam lesão tecidual; c) Respostas fisiológicas anormais: anticorpos se ligam a receptores celulares e interferem nas suas funções. 29 @ortognaticatro7ao - Jonathan Melo – Odontologia III. Hipersensibilidade tipo III: ou mediadas por imunocomplexos – complexo com antígenos externos, antígenos do hospedeiro e IgG e IgM. Circulam e podem se depositar nos leitos vasculares e estimular a inflamação (ativação pelo complemento). Fagócitos tentam fagocitar os imunocomplexos, mas não conseguem digeri-los. Liberam grânulos e produtos tóxicos no meio extracelular causando dano local. IV. Hipersensibilidade tipo IV: ou do tipo tardio. Ocorre 1 a 3 dias após o contato com o antígeno; ocorre ativação de LT e macrófagos. Os LT causam lesão tecidual pela produção de citocinas, que induzem inflamação e ativam macrófagos, ou pela destruição direta das células do hospedeiro. 30 @ortognaticatro7ao - Jonathan Melo – Odontologia DOENÇAS AUTOIMUNES • Reação imunológica contra antígenos do hospedeiro: reações imunológicas contra constituintes do próprio corpo. Células T e B ou ambas reconhecem as células residentes como estranhas e causam lesão aos tecidos. Podem atingir alguns órgãos ou serem sistêmicas. • Causas: genética, infecção microbiana (bactérias e vírus) (ativação de células T autorreativas), etc. • Órgão-específicas ou tecido-específicas: vitiligo (pele); doença de Graves (tireoide); tireoidite de Hashimoto (tireoide). • Sistêmicas: afetam principalmente TC e vasos sanguíneos. Ex.: lupus eritematoso (pele, rim, pulmão, coração); esclerose sistêmica (pele, intestino, pulmão); doença reumatoide (articulações, pulmões, vasos); síndrome de Sjögren (xerostomia, xeroftalmia). IMUNODEFICIÊNCIAS • Defeitos nos componentes da resposta imunológica: defeitos nas células T; defeitos nas células B; combinação dos defeitos das células B e T; deficiência de complemento; e deficiência na fagocitose. Podem ser congênitas ou primárias (nascem com defeito na resposta imune – defeitos em receptores Toll; relacionada à falta de Ac) ou secundárias (câncer, AIDS, medicamentos - quimioterapia). IMUNOPATOLOGIA DOS TRANSPLANTES Transplante é a substituição de tecidos ou órgãos com função comprometida por outros íntegros que pertençam ou não ao mesmo indivíduo. • Tipos de transplantes: a) Alogênico: doador e receptor são distintos, mas da mesma espécie. b) Autólogo: doador e receptor são o mesmo indivíduo. c) Singênico: gêmeos idênticos univitelinos. d) Xenogênicos: entre espécies. Ex.: doador animal e receptor humano. ANTÍGENOS DE HISTOCOMPATIBILIDADE • Rejeição a transplantes: resposta imunológica exacerbada do receptor ao tecido doado. • As células T do receptor reconhecem o transplantepor 2 vias: APC do enxerto e do hospedeiro. • Causa: diferenças no complexo principal de histocompatibilidade (MHC) – apresentam peptídeos para reconhecimento de linfócitos (complexo HLA – antígeno leucocitário humano). • MHC classe I: todas as células nucleadas. • MHC classe II: apresentadoras de Ag. DOENÇA DO ENXERTO CONTRA O HOSPEDEIRO “Graft versus host disease” (GVHD). Ocorre entre 30% e 70% dos pacientes submetidos ao transplante de células tronco hematopoiéticas (TCTH). Pode ser aguda e crônica, mediada por linfócitos T e afeta mais pele, mucosas, fígado, TGI. LESÕES BUCAIS EM PACIENTES TRANSPLANTADOS • Pela imunosupressão: a) Infecções: candidose, herpes, CMV, EBV. b) Neoplasias malignas: linfomas, carcinomas, sarcoma de Kaposi. c) Pelos medicamentos imunosupressores: hiperplasia gengival (ciclosporina). 31 @ortognaticatro7ao - Jonathan Melo – Odontologia Referências: 1. DE NORONHA, Juliana; Introdução à Patologia. 2020. 22 slides. 2. DE NORONHA, Juliana; Lesão Celular. 2020. 32 slides. 3. DE NORONHA, Juliana; Adaptação Celular. 2020. 56 slides. 4. DE NORONHA, Juliana; Morte Celular. 2020. 49 slides. 5. DE NORONHA, Juliana; Distúrbios Circulatórios I. 2020. 29 slides. 6. DE NORONHA, Juliana; Trombose, Embolia, Choque. 2020. 50 slides. 7. DE NORONHA, Juliana; Inflamação. 2020. 42 slides. 8. DE NORONHA, Juliana; Inflamação Crônica. 2020. 39 slides. 9. DE NORONHA, Juliana; Neoplasias. 2020. 38 slides. 10. DE NORONHA, Juliana; Oncogênese e Biologia Tumoral. 2020. 34 slides. 11. DE NORONHA, Juliana; Doenças da Imunidade. 2020. 49 slides.
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