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ANTIDEPRESSIVOS PARTE 1 O QUE É DEPRESSÃO? O termo mais adequado é transtorno depressivo maior, um distúrbio com alta prevalência caracterizado por humor deprimido na maior parte do dia durante pelo menos duas semanas com anormalidades neurovegetativas (alteração do apetite ou do peso, alteração do sono), da atividade psicomotora (perda de energia, lentificação) e da cognição (desesperança, culpa inapropriada). O curso dessa condição é crônico e recorrente. Além disso, os pacientes deprimidos apresentam limitação de atividades e comprometimento do bem-estar, levando-os a utilizar mais os serviços de saúde. Algumas teorias tentam explicar a fisiopatologia do transtorno depressivo maior, veja a seguir. Teoria das monoaminas A hipótese monoaminérgica proposta em 1965 sugere que a depressão é causada por uma deficiência na quantidade ou na função de monoaminas, norepinefrina (NE) e serotonina (5-HT) corticais e límbicas. Várias evidências dão suporte para essa teoria, como as esquematizadas na tabela abaixo: Fármaco / procedimento Ação Efeito Reserpina Depleta os estoques de NE e 5-HT nas vesículas sinápticas neuronais Desenvolvimento ou piora do quadro depressivo (↓ humor) Dieta pobre em triptofano (precursor da 5-HT) Redução na síntese de 5-HT Recidiva em pacientes deprimidos tratados com antidepressivos que aumentam 5-HT na fenda sináptica α-metiltirosina e metildopa Inibição da síntese de NE Sintomas depressivos (↓ humor) Outra evidência muito forte para essa teoria é que praticamente todos os antidepressivos comercializados atuam sobre o sistema monoaminérgico, mais especificamente tendendo a aumentar a disponibilidade de 5-HT e NE. Teoria neurotrófica “Trofismo” normalmente está relacionado a nutrição, manutenção e desenvolvimento de um determinado tecido. O fator neurotrófico derivado do cérebro, BDNF (do inglês, brain-derived neurotrophic factor), desempenha importante função na regulação da plasticidade neural e neurogênese. Nessa teoria, sugere-se que redução nos níveis de BDNF ou mau funcionamento do seu receptor desempenhem um papel importante na depressão. Acredita-se que a depressão está associada a perda neuronal no hipocampo e córtex pré-frontal e as terapias antidepressivas atuam por inibir ou reverter essa perda mediante neurogênese. Várias linhas de evidência dão suporte a essa ideia. Exames de imagem sugerem uma perda de 5 a 10% do volume do hipocampo, além de uma perda do córtex pré-frontal, em pacientes depressivos. Além disso, todas as classes de antidepressivos quando administradas cronicamente em animais estão associadas a aumento de níveis de BDNF, que por sua vez, está consistentemente ligado a um aumento da neurogênese no hipocampo nesses animais. Fatores neuroendócrinos na fisiopatologia da depressão Os neurônios hipotalâmicos que controlam a função hipofisária recebem aferências noradrenérgicas e de 5-HT, que controlam a descarga dessas células. As células hipotalâmicas liberam hormônio liberador de corticotrofina (CRH, do inglês corticotrophin-releasing hormone), que estimula as células hipofisárias a secretar hormônio adrenocorticotrófico (ACTH, do inglês adrenocorticotrophic hormone), levando por sua vez a secreção de cortisol. O transtorno depressivo maior está associado a níveis elevados de cortisol, além disso, há elevação crônica dos níveis do hormônio liberador de corticotrofina (CRH). A injeção de CRH no cérebro de animais de experimentação simula alguns aspectos da depressão no homem, tais como diminuição da atividade, perda de apetite e aumento dos sinais de ansiedade. O aumento dos níveis de CRH também está associado ao estresse e, em muitos casos, a depressão é precedida por períodos de estresse crônico. Essas anormalidades do eixo hipotálamo-hipófise adrenal são mais comuns em formas mais graves de depressão do que as formas mais leves. Integração das hipóteses As várias hipóteses fisiopatológicas descritas não são mutuamente exclusivas. É evidente que os sistemas monoaminérgico, neurotrófico e neuroendócrino estão inter-relacionados de maneira significativa. Por exemplo, as anormalidades do eixo hipotálamo-hipófise adrenal e dos esteróides (cortisol) podem contribuir para supressão da transcrição do gene BDNF. Receptores de glicocorticóides são encontrados em alta densidade no hipocampo. A ligação desses receptores de glicocorticóides no hipocampo pelo cortisol durante estados crônicos de estresse, como a depressão maior, pode reduzir a síntese de BDNF e resultar em perda de volume de regiões sensíveis ao estresse, como o hipocampo. Antidepressivo que levam a um aumento das monoaminas, levando a uma ativação crônica dos seus receptores, parece ter efeito oposto ao estresse, resultando em aumento da transcrição de BDNF. Além disso, a ativação dos receptores de monoaminas parece infrarregular o eixo hipotálamo-hipófise adrenal, normalizando sua função. Referências bibliográficas CORDIOLI, Aristides Volpato. Psicofármacos: consulta rápida. 5ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2015. KATZUNG, Bertram G. Farmacologia básica e clínica. 13. ed. Porto Alegre, RS: AMGH, 2017. RANG, H. P. et al. Farmacologia. 8. ed. Rio de Janeiro, RJ: Elsevier, 2016. Hipotálamo Hipófise Adrenal CRH ACTH Cortisol aferências NE 5-HT ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS A depressão, ou transtorno depressivo maior alternativas farmacológicas para seu tratamento há muito anos. compunham o tratamento principal da depressão até meados dos anos 80. Esse grupo de fármacos ainda é uma alternativa mesmo nos dias atuais, especialmente antidepressivos de gerações mais recentes. Os três principais exemplos pertencentes aos ADTs são: O mecanismo de ação dos ADTs norepinefrina (NE) pelas terminações nervosas, dessa maneira, prolongando o tempo de permanência d neurotransmissores na sinapse. Dependendo do fármaco, podem diferir na sua seletividade por 5 mesmo que sejam capazes de inibir a recaptação de ambos. amitriptilina e nortriptilina, têm uma seletividade clomipramina, outro fármaco pertencente a essa mesma classe, possui seletividade maior para transportadores de 5-HT, o que a torna diferenciada. Embora eficazes no tratamento da depressão, esses fármacos mais recentes, como os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs). Isso se deve, em grande parte, aos efeitos adversos característicos d afetam diretamente alguns receptores, incluindo os receptores colinérgicos muscarínicos, os receptores de histamina e os próprios receptores de 5 dos ADTs, é possível entender efeitos adversos comuns como: embaçada e retenção urinária. Já o antagonismo nos receptores histamínicos (H sedativo dessa classe, de forma semelhante ao que acontece com fármacos anti tratar alergias, que também levam a sedação atribuída ao antagonismo dos receptores Contraindicação a todos os fármacos pertencentes a essa classe terapêutica são que apresentem problemas cardíacos como infarto agudo do miocárdio recente, distúrbios de condução cardíaca ou insuficiência cardíaca congestiva, devido a u Do ponto de vista farmacocinético via oral, ligam-se intensamente a proteínas plasmáticas (90 à 97%) e ocupam muitos tecidos extravasculares, o que resulta em valores elevados de volume de distribuição. Sofrem extensa metabolização hepática, incluindo enzimas do citocromo P (CYP2D6). Tanto fármacos originais quanto metabólitos ativos apresentam tempos de meia-vida longos. Imipramina foi o primeiro medicamento da classe dos ADTs ANTIDEPRESSIVOS ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS transtorno depressivo maior, é uma condição com alta prevalência e já possui alternativas farmacológicas para seu tratamento há muito anos. Os antidepressivos tricíclicos compunham o tratamento principal da depressão até meados dos anos 80. Esse grupo de fármacos ainda é uma alternativa mesmo nos dias atuais, especialmente devido ao seu baixo custo antidepressivos de gerações mais recentes.Os três principais exemplos pertencentes aos ADTs são: imipramina, amitriptilina os ADTs consiste na inibição da recaptação de serotonina (5 pelas terminações nervosas, dessa maneira, prolongando o tempo de permanência d Dependendo do fármaco, podem diferir na sua seletividade por 5 mesmo que sejam capazes de inibir a recaptação de ambos. Os três exemplos citados, imipramina, amitriptilina e nortriptilina, têm uma seletividade resultante um pouco maior para NE do que 5 , outro fármaco pertencente a essa mesma classe, possui seletividade maior para torna diferenciada. Embora eficazes no tratamento da depressão, esses fármacos passaram a ser substituídos por outros mais recentes, como os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs). Isso se deve, em grande cterísticos dos ADTs. Além do seu efeito sobre a captura de aminas, afetam diretamente alguns receptores, incluindo os receptores colinérgicos muscarínicos, os receptores de histamina e os próprios receptores de 5-HT e adrenérgicos (α1). Considerando os efeitos anti , é possível entender efeitos adversos comuns como: boca seca, constipação intestinal, visão embaçada e retenção urinária. Já o antagonismo nos receptores histamínicos (H1) é responsável pelo efeito , de forma semelhante ao que acontece com fármacos anti-histamínicos utilizados para tratar alergias, que também levam a sedação. Outro efeito adverso característico é a hipotensão ortostática, atribuída ao antagonismo dos receptores α1-adrenérgicos. a todos os fármacos pertencentes a essa classe terapêutica são que apresentem problemas cardíacos como infarto agudo do miocárdio recente, distúrbios de condução ardíaca congestiva, devido a um potencial para causar arritmias cardíacas. farmacocinético, esses fármacos são bem absorvidos quando administrados pela se intensamente a proteínas plasmáticas (90 à 97%) e ocupam muitos tecidos extravasculares, esulta em valores elevados de volume de distribuição. Sofrem extensa metabolização hepática, incluindo enzimas do citocromo P (CYP2D6). Tanto fármacos originais quanto metabólitos ativos vida longos. foi o primeiro medicamento da classe dos ADTs. Amitriptilina foi desenvolvida após uma modificação na estrutura da imipramina. Nortriptilina é um metabólito ativo da amitriptilina, que também passou a ser empregado. PARTE 2 é uma condição com alta prevalência e já possui antidepressivos tricíclicos (ADTs) compunham o tratamento principal da depressão até meados dos anos 80. Esse grupo de fármacos ainda é baixo custo quando comparados aos amitriptilina e nortriptilina. a recaptação de serotonina (5-HT) e pelas terminações nervosas, dessa maneira, prolongando o tempo de permanência desses Dependendo do fármaco, podem diferir na sua seletividade por 5-HT ou NE, xemplos citados, imipramina, maior para NE do que 5-HT. A , outro fármaco pertencente a essa mesma classe, possui seletividade maior para passaram a ser substituídos por outros mais recentes, como os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs). Isso se deve, em grande . Além do seu efeito sobre a captura de aminas, os ADTs afetam diretamente alguns receptores, incluindo os receptores colinérgicos muscarínicos, os receptores de do os efeitos anti-muscarínicos boca seca, constipação intestinal, visão ) é responsável pelo efeito histamínicos utilizados para Outro efeito adverso característico é a hipotensão ortostática, a todos os fármacos pertencentes a essa classe terapêutica são casos de pacientes que apresentem problemas cardíacos como infarto agudo do miocárdio recente, distúrbios de condução m potencial para causar arritmias cardíacas. quando administrados pela se intensamente a proteínas plasmáticas (90 à 97%) e ocupam muitos tecidos extravasculares, esulta em valores elevados de volume de distribuição. Sofrem extensa metabolização hepática, incluindo enzimas do citocromo P (CYP2D6). Tanto fármacos originais quanto metabólitos ativos foi desenvolvida é um metabólito ativo da amitriptilina, que ser empregado. INIBIDORES DA MONOAMINOXIDASE (MAO) Outro grupo de fármacos ainda mais antigos que os ADTs no tratamento da depressão foram os inibidores da monoaminoxidase (IMAOs). Como inibidores da MAO, esses fármacos comprometem a capacidade do corpo de metabolizar monoaminas endógenas (ex.: 5-HT, NE e dopamina) e até mesmo algumas aminas exógenas advindas da alimentação. Existem duas formas moleculares semelhantes de MAO, codificadas por genes diferentes, ou seja, duas isoformas diferentes. A MAO-A tem preferência para 5-HT como substrato, tanto que em camundongos com genes da MAO-A intencionalmente comprometidos, ocorre aumento do acúmulo cerebral de 5-HT, e em menor grau de NE. A MAO-B, por outro lado, tem maior importância na degradação da dopamina. Os dois fármacos pertencentes a essa classe que figuram no mercado brasileiro e são opções terapêuticas para tratamento da depressão incluem: Moclobemida, inibidor reversível da MAO-A. Tranilcipromina, inibidor irreversível da MAO-A. Hoje em dia, esses fármacos também passaram a ser menos utilizados na prática clínica em detrimento de fármacos mais recentes, como os ISRSs, devido a sua toxicidade e elevada quantidade de interações alimentares e medicamentosas. Referências bibliográficas BRUNTON, Laurence L. ((org)). As bases farmacológicas da terapêutica de Goodman & Gilman. 12ª ed. Rio de Janeiro, RJ: McGraw-Hill, 2012. CORDIOLI, Aristides Volpato. Psicofármacos: consulta rápida. 5ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2015. KATZUNG, Bertram G. Farmacologia básica e clínica. 13. ed. Porto Alegre, RS: AMGH, 2017. RANG, H. P. et al. Farmacologia. 8. ed. Rio de Janeiro, RJ: Elsevier, 2016. ANTIDEPRESSIVOS PARTE 3 INIBIDORES SELETIVOS DA RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA A depressão, ou transtorno depressivo maior, é um distúrbio com alta prevalência e capaz de comprometer de forma intensa a qualidade de vida das pessoas. Nesse contexto, uma das classes de medicamentos introduzida na década de 80 que ganhou destaque foi a dos inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs). Alguns dos exemplos mais importantes dessa classe incluem: fluoxetina (Daforin®, Prozac®), paroxetina, citalopram, escitalopram e sertralina. Como o próprio nome da classe já indica, o mecanismo pelo qual esses fármacos agem é uma inibição da recaptação da serotonina (5-HT), principal maneira pela qual essa monoamina encerra sua ação. Com esse término de ação pela recaptação reduzido, a permanência da 5-HT na sinapse é prolongada. Foi demonstrado que esse mecanismo leva, secundariamente, ao aumento da expressão de fatores tróficos, como o BDNF, que influencia positivamente a manutenção e desenvolvimento do tecido cerebral e, além disso, estimula a neurogênese a partir de células progenitoras encontradas no hipocampo. Os ISRSs acabaram substituindo os antidepressivos tricíclicos como fármacos de escolha para o tratamento da depressão. Os antidepressivos tricíclicos eram uma classe de fármacos com mecanismo de ação semelhante, porém mais inespecífica para inibição de transportadores, menos segura e mais rica em efeitos adversos do que os ISRSs. Os ISRSs não se ligam a receptores muscarínicos, de histamina ou outros receptores. Além do seu uso como antidepressivos, ISRSs também são eficazes no tratamento dos distúrbios de ansiedade, como ansiedade generalizada, pânico, ansiedade social e transtorno obsessivo-compulsivo. Do ponto de vista farmacocinético, os ISRSs são bem absorvidos após administração pela via oral e valores de meia-vida (t1/2) elevados. Especificamente a fluoxetina possui t1/2 em torno de 48 horas, mas seu metabólito desmetilado norfluoxetina, que também é ativo, apresenta de 180 a 240 horas de t1/2, esses valores extremos da fluoxetina fazem com que preparações de liberação entérica possam ter uma posologia de administrações 1 vez por semana. Outra implicação dessetempo de meia-vida tão longo é que a interrupção abrupta do tratamento (sem desmame) não chega a ser tão prejudicial. A inibição potente do transportador para recaptação de 5-HT na periferia pode estimular em excesso receptores 5-HT3 no trato gastrintestinal desencadeando náusea, vômitos e diarreia. Da mesma maneira, uma estimulação excessiva dos receptores 5-HT2 cerebrais podem resultar em insônia e perda da libido. INIBIDORES DA RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA-NOREPINEFRINA Os fármacos pertencentes a essa classe são capazes de inibir tanto o transportador responsável pela recaptação de norepinefrina (NET), quanto o transportador responsável pela recaptação de serotonina (SERT). Esse é o mesmo mecanismo de ação de fármacos mais antigos, os antidepressivos tricíclicos, no entanto, diferentemente do que acontece com seus antecessores, os inibidores da recaptação de Dinheiro não traz felicidade, José! Então, ao invés de te dar um aumento, vou te dar um Prozac®. serotonina-norepinefrina (IRSNs) não agem diretamente sobre outros receptores, como os receptores muscarínicos ou adrenérgicos. Os fabricantes desses fármacos alegam melhora na eficácia terapêutica em relação aos ISRSs devido ao efeito adicional sobre a transmissão noradrenérgica, conferindo um benefício terapêutico adicional. Os dois principais exemplos de IRSNs no mercado brasileiro são duloxetina e venlafaxina. Mesmo inibindo os transportadores de ambos neurotransmissores, serotonina e norepinefrina, apresentam sutis diferenças com relação a seletividade para um ou outro. Em geral, a inibição do transportador de serotonina (SERT) tende a ser maior do que o de norepinefrina (NET) em todos os fármacos dessa classe. A duloxetina é bem absorvida pela via oral, liga-se intensamente a proteínas plasmáticas (superior a 90%), e sofre extenso metabolismo hepático por meio das enzimas do citocromo P450 levando a produção de metabólitos inativos que são eliminados principalmente pela urina. A venlafaxina, por outro lado, é o antidepressivo que apresenta menor ligação a proteínas plasmáticas (até 30%) dentre todos, e quando metabolizado pela CYP2D6, gera o metabólito ativo O-desmetilvenfalaxina. Referências bibliográficas BRUNTON, Laurence L. ((org)). As bases farmacológicas da terapêutica de Goodman & Gilman. 12ª ed. Rio de Janeiro, RJ: McGraw-Hill, 2012. CORDIOLI, Aristides Volpato. Psicofármacos: consulta rápida. 5ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2015. KATZUNG, Bertram G. Farmacologia básica e clínica. 13. ed. Porto Alegre, RS: AMGH, 2017. RANG, H. P. et al. Farmacologia. 8. ed. Rio de Janeiro, RJ: Elsevier, 2016. ANTIDEPRESSIVOS PARTE 4 UTILIZAÇÃO CLÍNICA A depressão, ou transtorno depressivo maior, apresenta diferentes manifestações clínicas de ordem emocional (ex.: tristeza, pessimismo e desamparo), físicos (ex.: fadiga e perda do interesse sexual) e intelectuais/cognitivos (ex.: memória deficiente). Os objetivos do tratamento da depressão consistem em reduzir os sintomas, reduzir ao máximo os efeitos adversos, garantir a adesão do paciente ao esquema prescrito e evitar episódios depressivos adicionais. Algumas terapias não farmacológicas podem compor a primeira linha de tratamento, como psicoterapia ou eletroconvulsoterapia, no entanto, dezenas de fármacos estão disponíveis para ser utilizados nos diferentes subtipos e fases de depressão. As diretrizes internacionais costumam categorizar as abordagens farmacológicas de acordo com a gravidade dos sintomas do paciente. Quanto maiores a gravidade da depressão e a duração dos sintomas, mais claro é o benefício desses medicamentos. Não existem evidências que garantam a necessidade de farmacoterapia para casos de depressões leves. Já nos quadros de depressão moderada, o uso de antidepressivos é a primeira linha de tratamento. Nessa população inicia-se preferencialmente com inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs), em função da sua boa tolerabilidade – poucos efeitos adversos e baixos riscos associados ao uso – e comprovada eficácia. Naturalmente, alguma terapia não farmacológica em associação pode ser útil, por exemplo, o tratamento combinado de psicoterapia e farmacoterapia apresentam melhor eficácia do que ambas as técnicas isoladas. Antes de iniciar qualquer tratamento, especialmente nos casos graves, é necessário avaliar a presença de risco de suicídio ou outros riscos que indiquem a necessidade de internação. Aparentemente, antidepressivos tricíclicos (ADTs), ISRSs e inibidores da recaptação de serotonina-norepinefrina (IRSNs) apresentam eficácia semelhante em pacientes ambulatoriais com depressão grave. No entanto, deve-se ter em mente que os ADTs são potencialmente letais, e não devem ser prescritos a pacientes ambulatoriais com risco de suicídio que não tenham familiares que possam se responsabilizar pela guarda do antidepressivo. Após o início do tratamento, recomenda-se aguardar de 4 a 8 semanas pela resposta terapêutica, período normalmente referido como fase aguda do tratamento. Nesse período, fármacos com mais efeitos adversos, como os ADTs, podem iniciar com metade da dose terapêutica a fim de minimizar esses efeitos. Pode acontecer de a depressão estar acompanhada de sintomas psicóticos, e nesses casos a combinação com um fármaco antipsicótico se faz necessária no manejo do paciente. Gravidez e lactação. Naturalmente, devem-se priorizar alternativas não farmacológicas, mas havendo necessidade, os ISRSs sertralina e citalopram devem ser priorizados na gestação assumindo-se certos cuidados. Já durante a amamentação, os níveis séricos no lactente costumam ser indetectáveis quando as mães estão em uso de nortriptilina (ADT), sertralina e paroxetina (ISRS). Uma informação relevante é que a interrupção do tratamento antidepressivo durante a gravidez aumenta a probabilidade de recidiva em cinco vezes, sendo, portanto indicado continuidade do tratamento na gravidez, especialmente naquelas pacientes com história de recidiva. Além do tratamento da depressão, fármacos antidepressivos podem compor o tratamento de outras condições, por exemplo: Dor neuropática (ex.: amitriptilina – ADT) Transtornos de ansiedade (ex.: ISRSs e IRSNs) Abandono do tabagismo; aqui se destaca um fármaco chamado bupropiona, que não se enquadra em nenhuma das classes citadas anteriormente, e seu mecanismo consiste na inibição da recaptação de norepinefrina e dopamina. Referências bibliográficas BRUNTON, Laurence L. ((org)). As bases farmacológicas da terapêutica de Goodman & Gilman. 12ª ed. Rio de Janeiro, RJ: McGraw-Hill, 2012. CORDIOLI, Aristides Volpato. Psicofármacos: consulta rápida. 5ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2015. KATZUNG, Bertram G. Farmacologia básica e clínica. 13. ed. Porto Alegre, RS: AMGH, 2017. RANG, H. P. et al. Farmacologia. 8. ed. Rio de Janeiro, RJ: Elsevier, 2016. WELLS, Barbara G. Manual de farmacoterapia. 9. ed. Rio de Janeiro, RJ: McGraw-Hill do Brasil, 2016. DEPRESSÃO MAIOR Com psicose Leve Moderada Moderada a grave Terapias não farmacológicas Sem resposta Tratamento inicial com antidepressivo (AD) de 1ª linha Tratamento inicial com AD de 1ª linha + antipsicótico Aumento de dose Aumento de dose
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