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INSTITUTO BRASILEIRO DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS – IBET
AMANDA BARBOSA CZEPULA
MÓDULO: CONTROLE DE INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA
SEMINÁRIO II: SISTEMA, COMPETENCIA E PRINCIPIOS
CURITIBA
2021
1. Que é sistema? Há diferença entre sistema e ordenamento jurídico? Pode-se dizer que o direito positivo se caracteriza como um sistema?
Para Paulo de Barros carvalho sistema é uma expressão ambígua, que pode ser utilizada para vários contextos.
Para o mundo jurídico sistema são as normas de direito posto que tem uma racionalidade para que possa ser compreendido pelos destinatários da norma.
O supracitado autor assevera que:
“Dentro dessa plurivocidade haverá́ sempre uma acepção de base e outra (ou outras) que podemos chamar de contextual (ou contextuais), como observa Luis Alberto Warat. Surpreendido no seu significado de base, o sistema aparece como o objeto formado de porções que se vinculam debaixo de um princípio unitário ou como a composição de partes orientadas por um vetor comum. Onde houver um conjunto de elementos relacionados entre si e aglutinados perante uma referência determinada, teremos a noção fundamental de sistema.”[footnoteRef:1] [1: CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 30 ed. São Paulo: Saraiva, 2019. p. 181] 
Portando para encontrar o significado de sistema e “a conjunção de elementos governados” pela sua ideia, devemos nos atentar a significação de base.[footnoteRef:2] [2: Ibidem. Idem, p. 182.] 
Os sistemas podem ser classificados em reais/empíricos e proposicionais. Os primeiros são formados por objetos do mundo físico e social, já os segundos por proposições, pressupondo linguagem.
Os sistemas proposicionais podem ser classificados em (i) nomológicos quando meramente formais, “as partes componentes são entidades ideais”; (ii) nomoempíricos quando as proposições têm referencia empírica, esse tipo de sistema pode ser de proposições (ii.i) descritivas compostas por sistemas de enunciados científicos; ou (ii.ii) prescritivas com sistemas que se voltam a conduta social, sistema de regras morais, jurídicas etc).[footnoteRef:3] [3: Ibidem, idem, p. 183.] 
Ainda, conclui Paulo de Barros, que a categoria de sistemas reais acaba sendo declinada, pois para ele a linguagem é um elemento indispensável para constituir a realidade, sendo, portanto, “impeditivo de conceber-se objetos reais que seriam simplesmente captados por nossa intuição sensível, sem passar pelo filtro da linguagem”[footnoteRef:4]. [4: Ibidem, idem, p. 185.] 
Portanto, seguindo essa linha de raciocínio, conclui-se que todos os sistemas são proposicionais.
No mundo jurídico, as normas estão dispostas numa estrutura de hierarquia e formam o sistema do direito, essa hierarquia permite que ele mesmo se autorregule em sua criação e transformações, cada norma encontra-se fundamentada em uma norma superior, e essas ultimas derivam de regras de menos hierarquia.[footnoteRef:5] [5: Ibidem, idem, p. 186.] 
Alguns autores distinguem ordenamento e sistema, para eles se alcança o status de sistema os enunciados prescritivos que foram objetos de interpretação e organização pelo cientista do direito que forma que não há mais contradições sobre a norma e está pronto para ser compreendido pelo destinatário.[footnoteRef:6] [6: Ibidem, idem, p. 189.] 
Já o ordenamento é o texto bruto, aquele que foi produzido pelo órgão competente “seria o conjunto ou a totalidade das mensagens legisladas que integrariam um domínio heterogêneo, uma vez que produzidas em tempos diversos e em diferentes condições de aparecimento”.[footnoteRef:7] [7: Ibidem, idem, p. 189.] 
 Portanto, para os autores que diferenciam sistema e ordenamento, o direito positivo não se caracteriza como sistema, pois esse pressupõe a atividade do cientista do direito que atribui sentido as normas e as organiza em um todo.
“Observado segundo esses padrões, o direito posto não alcançaria o status de sistema, reservando-se o termo para designar a contribuição do cientista, a atividade do jurista que, pacientemente, compõe as partes e outorga ao conjunto o sentido superior de um todo organizado. Ordenamento e direito positivo, de um lado, sistema e Ciência do Direito, de outro, seriam binômios paralelos, em que os dois últimos termos implicam os primeiros.”[footnoteRef:8] [8: Ibidem, idem, p, 189.] 
Contudo, seguindo o entendimento de Paulo de Barros Carvalho, creio que ordenamento jurídico, e direito positivo se caracterizam como sistema, pouco importando se o teor da norma é prescritivo, descritivo, exclamativo, interrogativo elas possuem o mínimo de coesão para o destinatário da norma.[footnoteRef:9] [9: CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário: linguagem e método. 7 ed. São Paulo: Noeses, 2018 p. 225] 
“Ora, a despeito de tomar as variações terminológicas como precioso recurso para a construção da descritividade própria do discurso cientifico, não vejo como se pode negar a condição de sistema a um estrato de linguagem tal como se apresenta o direito positivo. Qualquer que seja o tecido de linguagem de que tratamos, terá́ ele, necessariamente, aquele mínimo de racionalidade inerente às entidades lógicas, de que o ser sistema é uma das formas. Pouco importa, aqui, se o teor da mensagem é prescritivo, interrogativo, exclamativo ou meramente descritivo. A verdade é que o material bruto dos comandos legislados, mesmo antes de receber o tratamento hermenêutico do cientista dogmático, já se afirma como expressão linguística de um ato de fala, inserido no contexto comunicacional que se instaura entre enunciador e enunciatário. E o asserto se confirma quando pensamos que o trabalho sistematizado que a doutrina elabora, em nível de sobrelinguagem, pode, perfeitamente, ser objeto de sucessivas construções hermenêuticas porque a compreensão é inesgotável.”[footnoteRef:10] [10: Ibidem, idem, p. 225 e 226.] 
Sendo assim, não apenas o direito positivo se trata de um sistema, como também a Ciência que o interpreta.
“O direito positivo é um sistema nomoempírico prescritivo, onde a racionalidade do homem é empregada com objetivos diretivos e vazada em linguagem técnica. A Ciência que o descreve, todavia, mostra-se um sistema não só́ nomoempírico, mas também teorético ou declarativo, vertido em linguagem que se propõe ser eminentemente científica.”[footnoteRef:11] [11: Ibidem, idem, p. 227.] 
2. Que se entende por “sistema constitucional tributário”? Qual sua função no direito tributário?
O sistema constitucional tributário está dentro do sistema constitucional, dentro dele existem diretrizes fundamentais que regulam todo o direito tributário, são as normas constitucionais que tratam da matéria tributária.[footnoteRef:12] [12: CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 30 ed. São Paulo: Saraiva, 2019, p. 199.] 
“A homogeneidade desse grupamento de regras está determinada, assim pela natureza lógica das entidades normativas, que pelo assunto sobre que dispõem. Atribuem-lhe unidade duas circunstâncias: estarem todas elas legitimadas pela mesma fonte — a norma hipotética fundamental — e consubstanciarem o ponto de confluência do direito positivo, no que concerne à matéria que lhes dá conteúdo.”[footnoteRef:13] [13: Ibidem, idem, p. 199] 
Portanto, são normas tributárias, que assumem o caráter hierárquico de normas constitucionais.
A função do sistema constitucional tributário diz respeito sobre todos os aspectos do direito tributário, dispõe sobre os poderes concedidos ao Estado quanto ao seu direito de tributar, como também assevera garantias as pessoas que limitam esses poderes do Estado. Sobre o aspecto normativo, permite uma construção de normas harmoniosas, que visa a segurança jurídica das relações tributárias. E com isso acaba por enunciar princípios, dado seu grau de hierarquia, influenciando sobre todas as outras regras que lhe são subordinadas.[footnoteRef:14] [14: Ibidem, idem, p. 200.] 
Por ser a Constituição Federal um sistema rígido, as normas tributárias dispostas ali acabam dando pouca opçãopara o legislador ordinário sobre o assunto, dessa forma traz até mais segurança para o direito tributário no todo.
Qualquer norma tributária que esteja disposta fora da Constituição e tem fundamento de validade incompatível com as normas de hierarquia superior é incompatível com o ordenamento e deverá ser invalidade pelo órgão competente.[footnoteRef:15] [15: CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário: linguagem e método. 7 ed. São Paulo: Noeses, 2018, p. 233] 
3. Que é princípio, como é e para que serve? Há diferença entre regras e princípios? No caso de conflito, qual deve prevalecer? E no caso de conflito entre princípios, qual critério deve informar a solução? (Vide anexos I e II).
Princípios são preceitos que devem ser observados pelo legislador e exercem importante influência sobre o ordenamento.
No direito o uso da palavra princípio tem 4 significações, conforme esclarece Paulo de Barros Carvalho:
“Em Direito, utiliza-se o termo “princípio” para denotar as regras de que falamos, mas também se emprega a palavra para apontar normas que fixam importantes critérios objetivos, além de ser usada, igualmente, para significar o próprio valor, independentemente da estrutura a que está agregado e, do mesmo modo, o limite objetivo sem a consideração da norma. Assim, nessa breve reflexão semântica, já divisamos quatro usos distintos: a) como norma jurídica de posição privilegiada e portadora de valor expressivo; b) como norma jurídica de posição privilegiada que estipula limites objetivos; c) como os valores insertos em regras jurídicas de posição privilegiada, mas considerados independentemente das estruturas normativas; e d) como o limite objetivo estipulado em regra de forte hierarquia, tomado, porém, sem levar em conta a estrutura da norma.”[footnoteRef:16] [16: CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 30 ed. São Paulo: Saraiva, 2019. p. 201 e 202.] 
No que diz respeito aos dois últimos significados, os princípios podem se apresentar como valor ou critério objetivo.
O acesso aos princípios como valores acontece pela intuição emocional, são por exemplo os princípios valorativos da justiça, segurança jurídica, igualdade. Já os princípios como limites objetivos visam atingir certos fins, não são valores, mas se voltam para realizar valores de forma indireta, exemplo é o principio da anterioridade.[footnoteRef:17] [17: Ibidem, idem, p. 206 e 207.] 
“Seja como for, os princípios aparecem como linhas diretivas que iluminam a compreensão de setores normativos, imprimindo-lhes caráter de unidade relativa e servindo de fator de agregação num dado feixe de normas. Exercem eles uma reação centrípeta, atraindo em torno de si regras jurídicas que caem sob seu raio de influência e manifestam a força de sua presença. Algumas vezes constam de preceito expresso, logrando o legislador constitucional enunciá-los com clareza e determinação. Noutras, porém, ficam subjacentes à dicção do produto legislado, suscitando um esforço de feitio indutivo para percebê-los e isolá-los. São os princípios implícitos.”[footnoteRef:18] [18: Ibidem, idem, p. 207.] 
Não há supremacia entre os princípios expressos sobre os implícitos pelo simples fato de os primeiros serem enunciados com clareza, só poderá se falar em supremacia pelo conteúdo intrínseco, cogitando-se assim falar em princípios e sobreprincípios.[footnoteRef:19] [19: Ibidem, idem, p. 207.] 
“São explícitos, os princípios da legalidade, isonomia, capacidade contributiva, vedação da cobrança de tributos com efeito de confisco, irretroatividade, anterioridade, anterioridade nonagésimal, limitação aos tráfegos de bens e pessoas por meio de tributos, uniformidade tributária e não cumulatividade. São implícitos, os princípios da segurança jurídica do contribuinte, da justiça tributaria, da tipicidade e da vinculabilidade da tributação.”[footnoteRef:20] [20: GRUPENMACHER, Betina Treiger. Sistema e princípios constitucionais tributários. P. 149.] 
Os princípios, regras e valores são espécies do gênero norma, a diferença entre os princípios e as regras está no fato de que os primeiros podem ser aplicados em inúmeras situações diversas, já as regras só se aplicam a situações especificas.[footnoteRef:21] [21: ESPÍNDOLA, Ruy Samuel. Conceito de Princípios Constitucionais. São Paulo: Revista dos Tribunais, p. 64.] 
No caso de conflito entre princípios e regras entendo que as regras deverão prevalecer pois atendem especificadamente o tema central do conflito.
Já no conflito entre princípios conforme esclarece Paulo de Barros Carvalho [footnoteRef:22] existem alguns que são chamados de sobreprincípios, estes constam no preambulo da Carta Magna e são “indispensáveis a qualquer ordem jurídica que se pretenda racional nas sociedades pós-modernas.” Entre os sobreprincípios estão o da segurança jurídica, certeza do direito, igualdade, liberdade e justiça, no caso de conflito, estes deverão sempre prevalecer. [22: CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário: linguagem e método. 7 ed. São Paulo: Noeses, 2018, p. 284] 
Ainda, no conflito entre princípios não corre a invalidação daquele que foi mitigado, mas tão somente um “sopesamento, por meio do estabelecimento de relações de precedência condicionada.”[footnoteRef:23] [23: Souza, Rodrigo Telles de. A distinção entre regras e princípios e a derrotabilidade das normas e direitos fundamentais. 2011. P. 17.] 
4. Identificar, nas situações a seguir, se algum princípio foi desrespeitado e, em caso afirmativo, indicar qual:
a) instituição e regulamentação de dever instrumental por meio de instrução normativa (vide anexo III): ofensa ao principio da legalidade e legalidade estrita pois é norma que disciplina a matéria tributária, envôlta na regra-matriz de incidência tributária e torna possível a realização concreta do direito subjetivo do sujeito ativo.
b) estipulação de graus de risco da atividade laborativa (para o SAT) por meio de decreto (vide anexo IV); ofensa ao principio da estrita legalidade, pois quando ocorre a estipulação dos graus de riscos está se atribuindo uma alíquota para a atividade atingida peça contribuição para o seguro de acidente do trabalho (SAT) e portanto interferindo na quantificação do tributo.[footnoteRef:24] [24: TOMÉ, Fabiana Del Padre. O resgate da legalidade tributária. In: IX CONGRESSO NACIONAL DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS DO IBET. São Paulo: Noeses, p. 381 e 382.] 
c) multas sancionatórias na percentagem de 75% (vide anexos V e VI): princípio do não-confisco, art. 150, IV da CF.
d) imposto de importação com alíquota de 150%: principio do não-confisco, proporcionalidade e capacidade contributiva.
e) lei municipal ou distrital que institui responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa; não ocorre violação a princípios se amparada em lei complementar que atribuam essa responsabilidade ao município, por exemplo o art. 6º da Lei 116/2003.
f) elaboração, pelo CONFAZ, de lista de produtos semielaborados sujeitos à incidência do ICMS (vide anexo VII): principio da estrita legalidade, art. 150, I da CF.
g) penhora, em execução fiscal, de automóvel de pequeno valor utilizado para transportar portador de necessidades especiais (vide anexo VIII). ofensa aos princípios da dignidade humana pois conforme decisão do STJ no REsp 1436739/PR “é indispensável à existência digna do executado, ou seja, o interesse meramente patrimonial do credor colide com um interesse mais relevante, qual seja, a dignidade da pessoa humana.”
h) quebra do sigilo bancário em favor da fiscalização.
i) a imposição da desistência das discussões judiciais e administrativas para adesão a parcelamento de débitos: princípio do direito de petição, art. 5º, XXXIV, “a” da CF.
j) desconsideração de negócio jurídico realizado pelo contribuinte mediante planejamento tributário em razão de ausência de propósito negocial nos atos praticados pelo contribuinte: princípio do não-confisco, pois embora a liberdade do contribuinte possa ser disciplinada, ela não pode ser eliminada.[footnoteRef:25] Também ocorreofensa ao principio da estrita legalidade tributária, na medida em que deveria haver uma lei complementar para disciplinar a matéria de restrição a planejamento tributário.[footnoteRef:26] [25: NETO, Luis Flavio. Normas de competência e o regramento brasileiro aplicável aos planejamentos tributários., p. 824.] [26: Ibidem, idem, p. 826.] 
5. Considere as informações a seguir para responder ao final.
Regras de Futebol 2018/2019 CBF
Regra 12
(...)
Se o árbitro aplicar uma vantagem depois de uma falta punível com cartão amarelo ou expulsão, a advertência deve ser aplicada quando a bola estiver fora de jogo.
(...)
Num jogo de futebol, um jogador sofre falta, mas segue a jogada e marca o gol. Analise o caso sob a ótica das regras e princípios e responda:
a) Há regra existente e aplicável à infração (falta)? Qual o papel desempenhado pela lei da vantagem (regra ou princípio)? Princípios podem excepcionar regras? 
Sim, a própria regra 12, pois no caso de vantagem a falta deverá ser aplicada logo após.
Quanto a lei da vantagem, entendo que se trata de um principio valorativo implícito, pois só será aplicada a vantagem caso o arbitro assim entenda no momento, portanto é uma intuição emocional, como já citei anteriormente.
Princípios podem excepcionar regras, como explica Rodrigo Telles de Souza[footnoteRef:27] “os princípios são formulados, em geral, de forma aberta e indeterminada, não há como enumerar possíveis exceções à sua aplicação e, do mesmo modo, prever exaustivamente as exceções que os princípios possam trazer às regras. A construção de uma norma completa é praticamente inconcebível. Regras e princípios devem ser considerados em sua contínua interação. As regras do ordenamento jurídico possuem infinitas possibilidades de exceção, justamente com base nos princípios.” [27: Souza, Rodrigo Telles de. A distinção entre regras e princípios e a derrotabilidade das normas e direitos fundamentais. 2011. P. 19] 
b) Qual a relação entre a lei da vantagem (futebol) e o brocardo nemo auditur turpitudinem allegans (ninguém pode se beneficiar da própria torpeza)?
A relação está no fato de que o jogador que fez a falta não pode se beneficiar com a paralisação da jogada em que poderia ocorrer o gol. 
Portanto, a torpeza estaria na falta realizada pelo jogador que pretenderia a paralisação da jogada do time adversário.
c) O gol deve ser validado? Com base na regra ou no princípio? Justifique sua resposta.
Sim, deve ser validado, com base no principio da lei da vantagem, pois como dito anteriormente é um principio valorativo que vai ser definido no momento do lance pelo arbitro da partida, se aplicado o principio, ao final da jogada aplicar-se-á a regra 12.
6. Que é, como é e para que serve a competência tributária? Quais as características da competência tributária? Qual a diferença entre competência tributária e capacidade tributária? Analisar a facultatividade do seu exercício relativamente à Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n. 101/00), que veda a transferência voluntária de receitas a entes que tenham deixado de instituir algum tributo de sua competência. (vide anexo IX)
Competência tributária é prerrogativa atribuída as pessoas politicas dos planos federal, estadual e municipal para edição de normas de matéria tributária, trata-se de um tema constitucional na medida em que as normas de competência estão dispostas na Carta Magna.[footnoteRef:28] [28: CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário: linguagem e método. 7 ed. São Paulo: Noeses, 2018, p. 248 e 249.] 
A competência tributária quando exercida, introduz novas normas no ordenamento através de uma séria de atos chamado em seu conjunto de procedimento legislativo.[footnoteRef:29] [29: Ibidem idem, p. 249.] 
Segundo Roque A. Carrazza, são 6 as características da competência tributária, privatividade, indelegabilidade, incaducabilidade, inalterabilidade, irrenunciabilidade e facultatividade do exercício.
Já Paulo de Barros acredita que apenas 3 dessas características resistem a uma critica severa, são elas, a indelegabilidade, irrenunciabilidade e incaducabilidade.[footnoteRef:30] [30: CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 30 ed. São Paulo: Saraiva, 2019. P 283.] 
A privatividade cai por terra quando a CF disciplina sobre a possibilidade de a União instituir impostos que não são de sua competência no caso de guerra externa (art. 154, II, CF).
Quanto a inalterabilidade essa também não se efetiva, na medida em que a reforma constitucional, por meio do poder constituinte derivado pode alterar as competências de cada ente.
Já sobre a facultatividade, embora seja regra, há uma exceção, o ICMS, os Estados e o DF são obrigados a legislar sobre essa exação, explica Paulo de Barros que se “houvesse uma só unidade da federação que empreendesse tal procedimento e o sistema do ICMS perderia consistência, abrindo-se ao acaso das manipulações episódicas, tentadas com tanta frequência naquele clima que conhecemos por ‘guerra fiscal’.”[footnoteRef:31] [31: Ibidem, idem, p. 285 a 286.] 
A diferença entre competência tributária e capacidade tributária está no fato de a primeira dizer respeito a legislar sobre matéria tributária, é o sujeito impositor da norma, já a segunda sobre a possibilidade de integrar a relação jurídica como sujeito ativo, sendo o credor.[footnoteRef:32] [32: CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário: linguagem e método. 7 ed. São Paulo: Noeses, 2018, p. 255 e 256.] 
“O estudo da competência tributária é um momento anterior à existência mesma do tributo, situando-se no plano constitucional. Já a capacidade tributária ativa, que tem como contranota a capacidade tributária passiva, é tema a ser considerado no ensejo do desempenho das competências, quando o legislador elege as pessoas componentes do vínculo abstrato, que se instala no instante em que acontece, no mundo físico e social, o fato previsto na hipótese normativa.”[footnoteRef:33] [33: Ibidem, idem, p. 256.] 
Ainda, na competência tributária, embora quem receba os poderes para legislar não seja obrigado a exercê-los (com exceção do ICMS), fica proibida a transferência de sua competência para qualquer outra pessoa politica, trata-se do principio da indelegabilidade da competência tributária e não se aplica para a capacidade tributária, sendo possível que o ente político nomeie outra entidade para figurar como sujeito titular de direitos subjetivos.[footnoteRef:34] Essa é a regra estampada no art. 7º do CTN. [34: Ibidem, idem, p. 256.] 
Sobre a Lei de Responsabilidade Fiscal, Betina Grupenmacher[footnoteRef:35] entende que os artigos 11 e 14 da Lei 101/2000 “anularam obliquamente faculdades legislativas e administrativas atribuídas pelo Texto Constitucional a Estados e municípios”, contudo segundo a autora isso foi feito para preservação do Pacto Federativo e também porque não há impedimento à renuncia de receita. [35: GRUPENMACHER, Betina Treiger. Lei de Responsabilidade Fiscal: Responsabilidade Fiscal, Renúncia de Receitas e Guerra Fiscal.] 
O que buscou os arts. 11 e 14 da referida lei não foi impor vedação à renuncia fiscal, mas tão somente o dever de o ente público informar como irá compensar tal renúncia afim de cumprir com as metas orçamentárias.[footnoteRef:36] [36: Ibidem, idem.] 
7. Proposta de Reforma Tributária Nacional que substitua os impostos estaduais e municipais sobre bens e serviços, por um imposto único de competência da União por emenda constitucional viola os Princípios do Pacto Federativo e do Federalismo Fiscal? E se esta emenda prever expressamente o repasse obrigatório da integralidade ou parte do produto da arrecadação desse imposto único para os estados e municípios?
Acredito que sim, pois estaria se retirando dos Estados e Municípios uma arrecadação que traz autonomia a esses entes, e, portanto, confrontando o disposto no art. 60, §4º, I da CF.
Eduardo Marcial Ferreira Jardim[footnoteRef:37], assevera que o principio legislativo é uma cláusula pétrea, não podendo ser modificado nem por meio de emenda constitucional,ainda, “repercute diretamente na tributação, a exemplo de não compaginar-se com a federalização do ICMS, pois essa hipótese pressupõe retirar dos Estados uma parcela relevante de sua autonomia financeira, daí o flagrante desconcerto com o pacto federativo”. [37: JARDIM, Eduardo Marcial Ferreira. Curso de direito tributário. São Paulo: Noeses, p. 89.] 
Contudo, se houvesse o repasse da arrecadação para os Estados e Municípios não haveria redução da autonomia desses e, portanto, não ocorreria a afronta ao principio do pacto federativo e do federalismo fiscal.
8. A Emenda Constitucional n. 39/02 acrescentou à Constituição o art. 149-A e parágrafo único, dispondo:
“Art. 149-A. Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III.
Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica”.
Com fundamento nesse dispositivo, a Prefeitura de Itumambé instituiu o seguinte tributo:
Prefeitura Municipal de Itumambé, Decreto Municipal 3.708 de 10/10/03 (DOM 13/10/03)
Art. 1º Fica instituída contribuição para o custeio do serviço municipal de energia elétrica que tem como fato gerador a prestação do serviço de energia elétrica pelo Município.
Art. 2º A base de cálculo é o valor da fatura de consumo de energia elétrica.
§ 1º A alíquota é de 0,5%.
§ 2º Os contribuintes que morarem na região central pagarão 50% a mais do valor devido.
Art. 3º Contribuinte é o consumidor de energia elétrica.
Art. 4º Compete à Secretaria de Finanças fiscalizar o abatimento realizado pela concessionária.
Art. 5º A importância devida a título dessa contribuição deve ser paga até o último dia do mês subsequente e recolhida pela concessionária de energia elétrica juntamente com a fatura mensal de consumo, ficando a concessionária responsável pelo abatimento do montante recolhido da fatura municipal.
Parágrafo único. O não-pagamento da contribuição, ou o não repasse, implica multa de 150 UFIRs.
Art. 6º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação, devendo produzir todos os seus efeitos a partir do dia 01/11/03.
{...].
Pergunta-se:
a) O sistema constitucional tributário brasileiro admite alterações na faixa de competência tributária das pessoas políticas? Há alguma vedação à ampliação da competência tributária municipal por meio de emenda constitucional? Em caso afirmativo, qual(is)?
O sistema constitucional tributário via de regra não permite alterações quanto a competência tributária das pessoas politicas, trata-se de um principio implícito do art. 2º da CF, o ente politico tem a faculdade de instituir o tributo o qual detém a competência, mas não exercendo esse direito não poderá transferi-lo a outro ente.
Explica Paulo de Barros Carvalho:
“A faculdade legislativa de instituir tributos e sobre eles dispor, inaugurando a ordem jurídica, não pode ser delegada, devendo permanecer no corpo das prerrogativas constitucionais da pessoa que a recolher do Texto Superior. Essa regra vedatória não encontra registro expresso na Constituição. Ora, ao definir a incidência do imposto, já́ terá́ o legislador esgotado sua competência, pelo que poderá passar adiante tão somente a capacidade para ser sujeito ativo, o que é perfeitamente admissível. Transferir capacidade ativa não é transferir competência tributária, e assim o problema se resolve.”[footnoteRef:38] [38: CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 30 ed. São Paulo: Saraiva, 2019. P 228 e 229.] 
Contudo no caso de uma reforma constitucional através do poder constituinte derivado poderá haver a alterações quanto a competência tributária.
“Finalmente, quanto à inalterabilidade, embora, de fato, as competências tributárias não possam ser alteradas, reduzidas ou ampliadas, pelas próprias pessoas políticas titulares do seu exercício, o legislador constituinte poderá fazê-lo no exercício do Poder Constituinte derivado, o que, aliás, com não rara frequência, acontece no Brasil.”[footnoteRef:39] [39: GRUPENMACHER, Betina Treiger. Sistema e princípios constitucionais tributários. P. 146.] 
b) Os Municípios podem, na criação de tal contribuição, com fundamento no art. 149-A da CF, utilizar uma das materialidades que lhes foram atribuídas constitucionalmente para a instituição de impostos? E das materialidades atribuídas aos Estados, Distrito Federal e União por ocasião da repartição constitucional das competências para instituição de impostos? Há vedação constitucional quanto à materialidade eleita: “consumir energia”? Justifique (vide anexo X).
A contribuição criada deve guardar relação com a atividade que serve de pressuposto para a exigência da exação, portanto não pode eleger qualquer uma das materialidades a que tem competência, ademais por lógica não poderá utilizar materialidade atribuída ao Estado, DF ou União.
“b) As taxas e contribuições de melhoria, tributos direta e indiretamente vinculados à atuação estatal, respectivamente, podem ser instituídos por qualquer das pessoas políticas. Conquanto à primeira vista pareça que o constituinte não repartiu entre elas o poder para criar taxas, tal equívoco se desfaz por meio do exame dos dispositivos constitucionais que disciplinam as competências administrativas das várias esferas: União, Estados, Distrito Federal e Municípios só estão autorizados a instituir e cobrar taxas na medida em que desempenhem a atividade que serve de pressuposto para sua exigência. O mesmo raciocínio deve ser efetuado com relação às contribuições de melhoria: tendo em vista a necessária vinculação (ainda que indireta) à atuação estatal, é permitida sua instituição apenas pela pessoa jurídica de direito público que realizar a obra pública geradora de valorização nos imóveis circunvizinhos.”[footnoteRef:40] [40: CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário: linguagem e método. 7 ed. São Paulo: Noeses, 2018, p. 248 e 249 e 250.] 
Portanto, os municípios não poderão instituir contribuição de iluminação pública com a materialidade “consumir energia”, pois as operações relativas a energia elétrica é de competência dos Estados e DF, conforme art. 155 da CF, sobre esse fato também há afronta ao principio do não-confisco.
c) Quais princípios tributários não foram observados pela Prefeitura de Itumambé ao instituir esse tributo? A Prefeitura pode escolher quais princípios tributários quer aplicar e afastar os outros?
Afronta ao principio da estrita legalidade, na medida em que a instituição da contribuição de melhoria se deu por decreto e não por lei.
Ofende também o principio da anterioridade e anterioridade nonagésimal, pois o decreto municipal foi publicado em 13/10/2003 e determina sua produção de efeitos a partir de 01/11/2003, sendo assim, não respeita o período de 90 dias disciplinado no art. 150, III, “c” da CF e também o exercício financeiro para o ano seguinte da sua publicação, conforme art. 150, III, “b”.
Principio da isonomia tributária e não-confisco quando aumenta em 50% a base de cálculo da contribuição para os contribuintes da região central.
Principio da tipicidade tributária, pois elege como base de cálculo elemento que não corresponde com a hipótese de incidência tributária, além disso, sua base de cálculo será a mesma do ICMS sobre operações de energia elétrica, que é de competência do Estado.[footnoteRef:41] [41: GRUPENMACHER, Betina Treiger. Sistema e princípios constitucionais tributários. P. 157.] 
d) A alteração do prazo de pagamento deve respeitar o princípio da anterioridade? Em qual o critério da Regra-Matriz de Incidência figura o prazo para pagamento do tributo? (Vide anexo XI).
Não, o art. 150, III, “c” da CF fala sobre instituição ou aumento de tributo, portanto, não se inclui na hipótese de alteração do prazo para pagamento, nesse sentido a Súmula 669 do STF que foi convertida na Súmula vinculante 50: “Norma legal que altera o prazo de recolhimento de obrigação tributária não se sujeita ao princípioda anterioridade.”
O prazo para pagamento do tributo não compõe a regra-matriz de incidência tributária, mas sim a norma primária punitiva, compondo o critério temporal desta.[footnoteRef:42] [42: TOMÉ, Fabiana Del Padre. O resgate da legalidade tributária. In: IX CONGRESSO NACIONAL DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS DO IBET. São Paulo: Noeses, p. 377.] 
9. Como a conjugação das noções de sistema, competência e princípios com a ideia de hierarquia normativa pode significar limitações ao poder de tributar? Qual o papel do intérprete nessa construção?

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