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1 Beatriz Almeida – Medicina UFCG Turma 78 Acidente Vascular Encefálico Isquêmico: Corresponde a 80-85% dos AVC’s no mundo o Definição: infarto por isquemia prolongada de um território do encéfalo (cérebro, cerebelo ou tronco encefálico) nutrido por uma artéria que sofreu uma oclusão aguda. A ausência completa de circulação cerebral leva à morte do tecido cerebral em 4-10min. O AVEi cursa com infarto cerebral – morte celular. o Etiopatogenia: 1. Embolia: o trombo forma-se à distância, no coração esquerdo, na aorta, numa artéria extracraniana (carótida, vertebral) ou mesmo numa artéria intracraniana, deslocando--se na direção do fluxo sanguíneo até ocluir uma artéria distal, de menor calibre – maioria dos AVCi 2. Aterotrombose: forma-se um trombo sobre uma placa de ateroma na própria artéria “culpada” pelo AVE. Subtipos de AVE isquêmico: 1. Cardioembólico: A condição mais associada é a FA Fenômenos tromboembólicos decorrem da formação de trombos murais no átrio ou VE, em consequência à estase atrial. Geralmente provoca um déficit neurológico súbito em segundos ou minutos, que persiste estável, sem piorar nas próximas horas ou dias. A artéria mais acometida é a artéria cerebral média e seus ramos. Embolia paradoxal: é a embolia arterial cuja fonte emboligênica é a veia. Na presença de um FOP ou CIA o trombo pode passar do AD para o AE, migra para a circulação encefálica e produz um AVEi. Cerca de 15% da população adulta tem FOP, embora a embolia paradoxal nesses pacientes seja raríssima. Eco: abaulamento do septo em direção ao AE (aneurisma do septo interatrial) O Eco com microbolhas (soro fisiológico agitado) é útil para comprovar essa possibilidade. 2. Aterotrombótico e arterioembólico: AVE aterotrombótico: formação do trombo no próprio ponto de obstrução arterial, pode ser subclassificado em aterotrombose de grandes e médias artérias ou pequenas artérias perfurantes (AVE lacunar) AVC aterotrombose de grandes e médias artérias: é quase exclusivo de indivíduos acima dos 50 anos com fatores de risco para aterosclerose A artéria mais incriminada no AVE aterotrombótico é a carótida interna (origens mais comuns: próximo à bifurcação carotídea e, em 2º lugar, no sifão carotídeo). Seguida pela artéria vertebral, e pelas as artérias intracranianas, como a origem da cerebral média, artéria basilar proximal e, bem menos frequente, a origem das cerebrais posterior e anterior. A maioria desses AVC são precedidos por episódios de AIT. Costuma evoluir de forma progressiva, com o déficit neurológico se instalando ao longo de horas ou até 1-2 dias. Pode piorar em “saltos” (AVCi em evolução) O território mais acometido é o da artéria cerebral média. AVE lacunar: é um AVE isquêmico pequeno, de até 2 cm de diâmetro, localizado na região central do cérebro ou na ponte. A patogênese é a obstrução de pequenas artérias perfurantes e o processo envolvido pode ser um trombo (aterotrombose) ou a lipo- hialinose (depósito de material lipídico hialino na parede destas artérias). Representa 15-20% dos AVEi sintomáticos, mesmo pequenos, quando sintomáticos podem se manifestar com déficit neurológico importante. Quase sempre o AVE lacunar ocorre em pacientes hipertensos. As regiões acometidas são: o cérebro, a cápsula interna, o tálamo e os gânglios da base, e, no tronco encefálico, a base da ponte. AVE arterioembólico: corre pelo destacamento de um fragmento do trombo carotídeo (mais comumente na bifurcação carotídea), que segue o fluxo sanguíneo até se alojar em um ramo arterial 3. Causas raras: síndrome de Moyamoya, displasia fibromuscular 4. Criptogênico: sem causa definida 2 Beatriz Almeida – Medicina UFCG Turma 78 o Fatores de risco: HAS, DM, dislipidemia, tabagismo, idade > 50 anos, sexo masculino, HF+, FA, estenose carotídea, prótese valvar (especialmente metálica), IAM (parede anterior), cardiopatias dilatada e restritiva, AIT prévio, forame oval patente, CIA Diagnóstico: American Heart Association / American Stroke Association (AHA/ASA) Todo déficit neurológico focal súbito > 15 minutos tem como diagnostico principal um AVE. Diagnóstico diferencial: epilepsia (estado pós-ictal – paralisia de Todd), hipoglicemia, aura de enxaqueca e hipotensão arterial em pacientes com aterosclerose prévia das artérias intra ou extracranianas. o Conduta: 1. Internação hospitalar 2. Estabilização o paciente: sinais vitais, glicemia Hemograma, glicemia, bioquímica básica, lipidograma, Coagulograma, ECG e MNM. 3. Solicitar TC de crânio não contrastada ou RM de crânio (encéfalo) OBS: o AVE isquêmico só aparece na TC após 24-72 horas e, na abordagem inicial, sua principal utilidade é excluir a presença de hemorragia. No caso de clínica compatível com AVE e TC normal, tratar como AVE isquêmico e repetir a TC dentro de 72h. TC 2-3 dias após: área hipodensa (cinza) com discreto edema, 10 dias após: área ainda mais hipodensa (preta), sem edema, com retração, podendo repuxar algum ventrículo (hidrocefalia localizada ex-vacuum) TC de Perfusão (CTP): utiliza contrastes especiais e a TC helicoidal, aptas a detectar a penumbra e a injúria isquêmica precocemente RM de crânio convencional é melhor que a TC para detectar: 1. AVEi nas primeiras 24-72 horas (46% x 10%). 2. AVEi de tronco, cerebelo e lacunar (em qualquer tempo) RM de difusão (DWI): detecta áreas de injúria isquêmica que aparecem após 30min do início dos sintomas. RM de perfusão (PWI): utilizando o gadolíneo, avalia a existência de uma área mal perfundida (isquêmica). o Angiografia convencional: indicada quando o paciente irá se submeter a um procedimento terapêutico local, como a trombólise intra-arterial. o Angio-TC e Angio-RM: são técnicas não invasivas que têm como objetivo avaliar a vasculatura extra e intracraniana. Indicados, se disponível, para investigar a aterotrombose carotídea, vertebrobasilar e intracraniana, no caso de o Duplex-scan e o Doppler Transcraniano (TCD) trazerem resultados inconclusivos. 3 Beatriz Almeida – Medicina UFCG Turma 78 Tratamento: 1. Obter uma via aérea definitiva nos pacientes com depressão importante do nível de consciência. Suplementação de O2 nos pacientes hipoxêmicos, objetivando SatO2 > 94% 2. Depleção volêmica: é comum e deve ser prontamente tratada, evitando-se soluções hipotônicas (salina 0,45%, soro glicosado) para não contribuir para um edema cerebral. 3. Glicemia capilar: deve ser logo realizada e tanto a hipoglicemia (< 60 mg/dl) quanto a hiperglicemia (> 180 mg/dl) precisam ser corrigidas. 4. Febre: antitérmicos imediatamente, pois a hipertermia é deletéria aos neurônios. 5. Hiponatremia < 130 mEq/L deve ser logo corrigida, pois está associada a edema cerebral e piora do quadro neurológico. 6. Verificar critérios para trombolítico venoso (rtPA = Alteplase): Tempo “porta-agulha” é de até 60min Tempo delta-T < 4h e 30min Critérios para o uso de rtPA no AVCi agudo: Principais critérios de inclusão: Diagnóstico clínico de AVE causando déficit neurológico mensurável Início dos sintomas dentro do delta T (< 4,5 h) Idade ≥ 18 anos. Critérios de exclusão (contraindicações): TCE significativo ou AVE nos últimos 3 meses. Sintomas sugestivos de hemorragia subaracnoide. Punção arterial em sítio não compressível nos últimos 7 dias. História prévia de hemorragia intracraniana. Neoplasia intracraniana, MAV ou aneurisma. Cirurgia intracraniana ou intraespinhal recente. PA sistólica > 185 ou PA diastólica > 110 mmHg. Sangramento interno ativo. Diátese hemorrágica aguda, incluindo (mas não limitada a): plaquetas < 100.000/mm³, uso de heparina nas últimas 48 horas com alteração no PTTa, uso de anticoagulantes com INR > 1,7s ou TP > 15s, uso