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Joëlle Moreira - Medicina UFPE Endocrinologia DIABETES MELITO METABOLISMO GERAL DA GLICOSE Período pós prandial: ⇡glicemia ⤍ ⇡insulina pelas células β pancreáticas ⤍ leva a glicose para dentro da célula ⤍ substrato energético. Parte dessa glicose é armazenada dentro da célula como glicogênio (anabolismo), para ser usada no jejum – síntese de glicogênio hepático e muscular (gliconeogênese), de triglicerídeos nos adipócitos (lipogênese) e de proteína nos tecidos (síntese proteica). ⇒ A glicose é a principal fonte de energia dos neurônios. Sem reserva de glicose o SNC entra em colapso. Diante de déficit extremo de glicose o fígado produz corpos cetônicos que são um tipo de combustível alternativo ⤍ problema: cetoacidose. ⇒ A insulina é um hormônio anabólico (armazenamento de macromoléculas, na forma de glicogênio, gordura e proteína). Período do jejum: ⇣glicose ⤍ ⇣insulina + ⇡hormônios contra-insulínicos (glucagon, adrenalina, cortisol e GH - catabólicos = pegam as macromoléculas armazenadas e formam glicose ⤍ gliconeogênese, glicogenólise e lipólise). Esse novo equilíbrio hormonal propicia o catabolismo e a utilização de ácidos graxos como principal substrato energético. ⇒ Jejum prolongado (após 24-48hs) ⤍ catabolismo ⤍ acaba a reserva de glicogênio ⤍ lipólise exagerada ⤍ formação de corpos cetônicos (náusea, vômitos). ⇒ Hipoglicemia: tremor, palidez, sudorese e taquicardia – clínica adrenérgica. Hipoglicemia de repetição faz diagnóstico diferencial com feocromocitoma e tireotoxicose. ⇒ O uso de βbloqueador máscara as manifestações hipoglicêmicas. DIABETES MELLITUS TIPO 1: . Diabetes insulinodependente ou diabetes juvenil - Autoimune (anti-ICA, anti-GAD, anti-IA2) ou idiopática ⤍ destruição das células beta pancreáticas ⤍ deficiência absoluta de insulina - Hipoinsulinismo absoluto (peptídeo C indetectável ou < 0,1) - Início na infância ou adolescência (10-14 anos) - Frequência relativa: 5-10% - Paciente com massa corporal normal - Tendência à cetoacidose diabética Clínica: semelhante a um jejum absoluto ● ⇡hormônios contra-insulínicos ⤍ catabolismo exagerado ⤍ ⇡glicose sérica – O paciente come muito (polifagia), mas emagrece ● ⇡osmolaridade sérica ⤍ poliúria e polidipsia ● Lipólise exagerada ⤍ corpos cetônicos ⤍ cetoacidose metabólica ⤍ morte PATOGÊNESE: Acredita-se que a destruição das células beta pancreáticas decorre de uma agressão por fator ambiental (infecções - rubéola congênita, enterovírus, parotidite e sarampo; deficiência de vit. D e exposição precoce ao leite bovino e trigo), em indivíduos suscetíveis geneticamente. A hiperglicemia permanente ocorre quando temos uma destruição de 90% das ilhotas. DIABETES AUTOIMUNE LATENTE EM ADULTOS (LADA) DM autoimune com velocidade de destruição da ilhotas mais lenta do que na DM1. É uma forma híbrida da DM1 e 2 (autoimune + excesso de peso e resistência à insulina). Pode ser definida, segundo a IDS, como DM em > 30 anos, independente de insulina por pelo menos 6 meses após diagnóstico e presença de pelo menos um autoanticorpo. DIABETES MELLITUS TIPO 2: . - Resistência à insulina ⤍ perda progressiva da secreção de insulina - Início em adultos com excesso de peso e ≥ 30-40 anos - Assintomáticos ou oligossintomáticos - Frequência relativa: 90-95% - Pacientes com sobrepeso ou obesos (80%) - Complicação aguda mais característica: Síndrome hiperosmolar hiperglicêmica (SHH) - 70-90% desses também têm síndrome metabólica (dislipidemia, obesidade abdominal, resistência à insulina, tolerância alterada à glicose ou DM e hipertensão) ⤍ risco cardiovascular elevado Clínica: Costuma abrir o quadro com complicações: ● Macrovasculares: IAM, DAP, AVE ● Microvasculares: retinopatia, neuropatia, nefropatia PATOGÊNESE: ● Resistência periférica à ação insulínica nos adipócitos e, principalmente, no músculo esquelético ○ ⇡resistência periférica à insulina ⤍ precisa de mais insulina ⤍ fadiga secretória ⤍ hiperglicemia gradual ⤍ DM. ● Secreção deficiente de insulina pelo pâncreas ● Resistência insulínica no fígado ⤍ ⇡produção hepática de glicose Octeto ominoso de DeFronzo Joëlle Moreira - Medicina UFPE Endocrinologia FATORES DE RISCO Obesidade Idade ≥ 45 anos HAS Parentes de primeiro grau com DM2 Dislipidemia (HDL < 35 mg/dℓ e/ou TG > 250 mg/dℓ) Diagnóstico prévio de intolerância à glicose Raça/etnia DM gestacional ou macrossomia fetal Tabagismo ⇒ Há evidências de que o consumo crônico de café diminui o risco para o DM2. Este risco também pode ser diminuído com um estilo de vida saudável (dieta e atividade física). DIAGNÓSTICO: . CLÍNICO: + DM1: poliúria, polifagia e polidipsia + DM2: se presença de sintomas, são inespecíficos: tontura, dificuldade visual, astenia e/ou cãibras, vulvovaginites de repetição e disfunção erétil. 80% têm excesso de peso. LABORATORIAL: Se não houver diagnóstico clínico claro, precisamos de 2 resultados anormais da GJ, HbA1C ou glicemia de 2h no TOTG. Se resultados discordantes, repete teste com valor acima do corte. 1. Glicemia de jejum: - DM: 2 valores ≥ 126 mg/dl, em dias diferentes - GJ alterada: 100-125 mg/dl ⤍ fazer TOTG - Hiperglicemia inequívoca (> 250-300 mg/dl) + descompensação metabólica aguda ou sintomas óbvios de DM ⤍ desnecessário repetir exame 2. Teste oral de tolerância à glicose: - Coletar sangue em para GJ, depois o pct toma 75 g de glicose anidra), dissolvidos em 250 a 300 ml de água e tem o sangue novamente colhido após 2h. - Deve ser realizado pela manhã, com 8-14 horas de jejum e pelo menos 3 dias de dieta sem restrição de carboidratos (ingestão superior a 150 g/dia). 3. Hemoglobina glicada: - DM: HbA1c ≥ 6,5% - Pré-diabético: HbA1c entre 5,7 e 6,4% - É a média das glicemias dos últimos 2 a 3 meses - Avaliação do tratamento: pacientes com controle glicêmico estável ⤍ dosagem 2x/ano; pct não estável ⤍ dosagem frequente - a cada 3-4 meses Risco relativo de complicações segundo valores de HbA1c Falsa elevação da HbA1c IRC, hipertrigliceridemia, álcool, esplenectomia, deficiência de ferro, toxicidade por chumbo e toxicidade por opiáceos. Falsa diminuição da HbA1c Qualquer condição que diminua a meia- vida das hemácias (anemia hemolítica, esferocitose, eliptocitose, lise desencadeada por deficiência de G6PD), perda de sangue, transfusão de sangue recente, gravidez ou parto recente, altas doses de vitamina C ou E (1 g/dia), hemoglobinopatias (não com HPLC), hemoglobina F (com imunodetecção) e dapsona 4. Glicemia ao acaso: - > 200 mg/dl em paciente com sintomas clássicos de hiperglicemia ou crise hiperglicêmica 5. Outros exames: - Frutosamina: Proteína glicada (principalmente albumina) que reflete a glicemia nos últimos 7-14 dias. Não é equivalente a HbA1c. Pode ser usado nos pcts que tenham condições que alterem os valores da HbA1c ou quando se que avaliar mudanças do controle glicêmico a curto prazo. - Glicosúria: baixa sensibilidade pois só surge quando a glicemia é > 180 mg/dl. Joëlle Moreira - Medicina UFPE Endocrinologia - Pesquisa de corpos cetônicos: característicos de CAD. Método nitroprussiato ⤍ pesquisa os níveis de acetoacetato e acetona no sangue e urina. Dosagem de βOHB capilar (nos glicosímetros) ⤍ < 0,6mmol/l = normal; > 1 mmol/l = hipercetonemia e > 3 mmol/l = CAD. - Dosagem do peptídeo C: analisa a capacidade secretória do pâncreas. Faz a determinação do peptídeo C basal e 6 minutos após a injeção intravenosa de 1 mg de glucagon. DM1: 0,35 ng/ml no basal e de 0,5 ng/ml após estímulo; DM2: 2,1 basal e 3,3 ng/ml após estímulo. Diabetes gestacional GJ ≥ 92 mg/dl, após 1 hora ≥ 180 mg/dl e após 2 horas ≥ 153 ng/dl. Na primeira consulta do pré -natal, uma GJ ≥ 126 mg/dl faz diagnóstico de diabetes pré -gestacional, e valores entre 92 e 125 mg/dl são diagnósticos de DMG RASTREAMENTO: . Rastrear pacientes sintomáticos, com queixas de vulvovaginite de repetição e disfunção erétil. Nos assintomáticos: ● Todo indivíduo com 45 anos de idade (se a glicemia for normal, repeti- la a cada 3 anos ou mais frequentemente, se fatores de risco para diabetes)● < 45 anos com IMC ≥ 25 kg/m2 e fatores de risco adicionais para diabetes ● Uso prolongado de glicocorticóides ou antipsicóticos atípicos Segundo a ADA, pesquisar DM2 bianualmente, a partir dos 10 anos de idade ou no início da puberdade, se sobrepeso (IMC > 85 opercentil para idade e sexo ou peso, 120% do ideal para a altura) e dois ou mais dos seguintes fatores de risco: ● História familiar de DM2 em parentes em primeiro e segundo graus ● Determinadas raças ou etnias (p. ex., índios norte americanos, negros, latino americanos etc.) ● Sinais de resistência insulínica ou condições associadas à resistência insulínica (p. ex., acantose nigricans, HAS, dislipidemia, SOP ou recém nascido com baixo peso para a idade gestacional) ● História materna de DM ou DMG na gestação da criança
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