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Gabryell G. Machado de Rezende - UFR Diabetes Mellitus Definição • Doença metabólica que tem como característica a hiperglicemia resultante de defeitos na secreção e/ou na ação a insulina. • A insulina pode estar baixa ou alta (porém não tem ação adequada) Hiperglicemia • Glicemia de Jejum (8 hrs): ≥126 • Glicemia pós 2 hrs do TOTG: ≥200 • Glicemia ao acaso: ≥200 (na presença de sintomas clássicos de hiperglicemia) • HbA1c: ≥6,5% *fatores que elevam a HbA1c – hemoglobinopatias, anemias carenciais, esplenectomia, doença renal, hipertrigliceridemia, bilirrubinemia e ureia. *fatores que abaixam o HbA1c: hemoglobinopatias, anemia hemolítica, hemorragias, transfusão de sangue, auto-hemoterapia, dapsona, gravidez e vitamina C e E. Confirmar Teste • Se um teste apresentar hiperglicemia deve-se confirmar diagnóstico utilizando outro método, ou o mesmo método em dia distinto. • Não precisa confirmar se glicemia ao acaso ≥200 com sintomas clássicos de DM!!!! Sintomas Clássicos • Os 4 Ps: ▪ Poliúria – urina em excesso ▪ Polidipsia – sede excessiva ▪ Polifagia – fome em excesso ▪ Perda de peso – pois insulina é anabólico e está com ação diminuída Pré-diabetes • GJ: 100 a 125 (glicemia de jejum alterada) • 2 hrs do TOTG: 140 a 199 (intolerância a glicose) • HbA1c: 5,7 a 6,4% Classificação • Autoimune ▪ Diabetes Mellitus Tipo 1 – em menos de 6 meses vai ser necessário uso de insulina (investigar doença celíaca e D. de Hashimoto) ▪ Diabetes Tipo 1 Latente do Adulto (LADA) – paciente demora mais entre o inicio dos sintomas até necessidade do uso de insulina (pelo menos 6 meses) • Diabetes Gestacional ▪ Diagnóstico na gestação • Diabetes Mellitus Tipo 2 ▪ Mais prevalente, associado à resistência à insulina • Outros Tipos ▪ MODY – defeito genético, autossômico dominante, hiperglicemia com menos de 25 anos ▪ Insuficiência Pancreática ▪ Hemocromatose Gabryell G. Machado de Rezende - UFR Fisiopatologia • O organismo vai ficar como se estivesse de “jejum o tempo inteiro” – pois a glicose não vai entrar na célula – por isso irá aumentar a ação de hormônios contrainsulínicos • Hormônios contrainsulínicos (Glucagon, Adrenalina, Cortisol e GH) – glicogenólise, gliconeogênese e lipólise • Lipólise gera ácido graxos e corpos cetônicos (os cc podem cursar com cetoacidose diabética) DM1 • Autoimune poligênica – HLA (DR3, DR4, DQ2 e DQ8) • Produção de anticorpos que mediam a destruição das células beta pancreáticas • 1A – detectado anticorpos no sangue • 1B – anticorpos indetectáveis (idiopática) DM2 • Resistência à insulina (principal) ou deficiência na secreção • Fator de risco principal: obesidade visceral • No início da resistência à insulina ocorre hiperplasia e hipertrofia das cél. beta para manter a glicemia – com o tempo elas param de funcionar e a DM2 se assemelha à DM1 • Quando a insulina se liga ao receptor na célula, provoca a fosforilação de tirosina que ativa o GLUT-4 medeia a captação de glicose. • No DM2, quando a insulina se liga ao receptor há fosforilação da serina, que não ativa o GLUT- 4. Por isso, não há captação de glicose. Octeto de Defronzo (DM2) • Diminuição de secreção de insulina por células beta devido ao aumento da toxidade da glicose. • Aumento da secreção de Glucagon pelas células alfa – leva a quebra de glicogênio no fígado e rim, aumento da hiperglicemia • Aumento da lipólise – pela falta da ação da insulina que gera aumenta triglicerídeos • Aumento da produção de glicose hepática • Diminuição do efeito da incretina – hormônios produzidos no intestino que informam ao pâncreas que há alimento no TGI. (GLP-1e GIP) GLP-1 avisa ao hipotálamo para diminuir a fome • Aumento da reabsorção de glicose – o limiar para eliminar glicose pela urina é maior no DM2, sendo necessário uma glicemia maior para eliminação • Disfunção de neurotransmissores – sensação de fome MODY • Doença genética • Autossômica dominante • Não-autoimune • DM MODY altera a produção de fatores que interferem nos mecanismos de regulação de glicose. • Apresenta-se como uma “mistura” do DM 1 e DM 2 • Paciente jovem e magro • Ausência de autoanticorpos Gabryell G. Machado de Rezende - UFR • Manifestações clínicas parecidas com DM2 Fatores de riscos Não modificáveis • Não caucasiano/asiático • Idade ≥45 anos • HF de primeiro grau com DM Modificáveis • IMC≥25 • Obesidade central • Sedentarismo Outras doenças • HAS • Doença Cardiovascular • Ovários Policísticos • HDL < 35 • TG > 250 Quadro Clínico DM 1 • Manifestação precoce (crianças ou adolescentes 10-15 anos) • LADA – manifestação insidiosa, apresentando sintomas quando adulto jovem. • Geralmente pacientes são magros • Quadro agudo e clássico (poliúria, polidipsia, polifagia e perda de peso) • O quadro pode iniciar como cetoacidose diabética: ▪ Hipocalemia ▪ Hálito de acetona ▪ Náusea, vômito e dor abdominal (pelo atrito entre folhetos intestinais desidratados) ▪ Respiração de Kussmaul (tentativa de eliminar o H+ pela respiração) • Glicemia > 200 com autoanticorpos (ICA, IAA, Anti-GAD65, Anticorpo antitirosina-fosfatase IA-2 e IA-B2, Znt8) • Não respondem bem aos antidiabéticos orais (AO) • Peptídeo C < 0,1 ou ausente DM 2 • 80% são obesos • Forma mais progressiva e assintomática • Diagnóstico tardio (>45 anos) • Glicemia < 200 • Sem autoanticorpo • Peptídeo C > 0,1 • Boa resposta aos AO • Difícil evoluir pra cetoacidose diabética (níveis de insulina baixos ainda conseguem impedir uma CAD) • Pode ocorrer estado hiperglicêmico hiperosmolar não cetótico: ▪ Hiperglicemia grave >600 ▪ Desidratação profunda (poliúria, polidipsia, mucosas secas...) ▪ Hipotensão arterial ▪ Taquicardia e taquipneia ▪ Rebaixamento do nível de consciência ▪ Não a sintomas gastrointestinais, respiração de Kussmaul e hálito cetônico Complicações crônicas Microvasculares • O DM 2 provoca lesão endotelial na parede vascular devido ao estresse oxidativo provocado pelo aumento da inflamação na parede. • Cronicamente essas lesões alteram a vasodilatação e podem se agravar com trombose e leitos vasculares incompetentes ▪ Retinopatia diabética ▪ Nefropatia diabética ▪ Neuropatia diabética ▪ Pé diabético Gabryell G. Machado de Rezende - UFR Macrovasculares • Semelhante ao processo microvascular, somado à glicosilação de proteínas e aceleração do processo aterosclerótico ▪ Doença Arterial Coronariana ▪ Doenças Cerebrovasculares ▪ Arteriopatia Periférica Diagnóstico • Clínico + laboratorial • Pode pedir qualquer um dos 3, porém glicemia em jejum é mais barato Glicemia em Jejum ▪ Ideal – 100 ▪ Pré-diabetes – 100-125 ▪ Diabetes - ≥126 TOTG (jejum mais glicemia 2 hrs pós ingestão de glicose) ▪ Ideal - <140 ▪ Pré-diabetes – 140-199 ▪ Diabetes - ≥200 HbA1c (reflete controle glicêmico dos últimos 4 meses) ▪ Ideal – 5,7% ▪ Pré-diabetes – 5,7 – 6,4% ▪ Diabetes – 6,5% • Se primeiro exame vier alterado – repetir ou solicitar exame com método diferente • Se 1 exame alterado e outro normal – repete o alterado ou realiza um diferente dos 2 anteriores • 2 exames alterados – Diabetes confirmado!!!! **Quadro clínico (4Ps) + glicemia aleatória ≥ 200 – diagnóstico de DM!!! (sem necessidade de exames laboratoriais) ** Rastreio • Idade ≥ 45 anos • Obesidade +1 fator de risco