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TUTORIA 3 – MÓDULO 2 MILENA BAVARESCO PROBLEMA 3 – A GESTAÇÃO CHEGOU MÓDULO 2 Laurinda, 32 anos, G3P1A1, compareceu a ESF de referência queixando-se de náuseas e vômitos incoersíveis, relatou algumas modificações nas mamas, as aréolas estavam de cor diferente com alguns “caroços pequenos”. Quando interrogada pelo Dr. Paulo, este descobriu que havia um atraso menstrual de pelo menos 40 dias, desta forma foi realizado na própria unidade um teste rápido (Bhcg), e descobriu então que se tratava de uma gestação. Dr Paulo iniciou então as orientações relatando que seriam notadas algumas modificações tanto locais como sistêmicas (Sistema tegumentar, osteoarticular, respiratório, digestório, circulatório, hematológico, endócrino e metabólico, urinário, imunológico, dentre outros) e explicou tudo “timtimportimtim” ademais prescreveu Ácido Fólico, Sulfato Ferroso e solicitou alguns exames. Com 37 semanas e 2 dias de gestação, chegou a Maternidade Augusta Bastos queixando de perda de líquido iniciado há 3 horas atrás; refere parto normal há 2 anos e abortamento espontâneo há 3 anos sem necessidade de curetagem; comunicou que houve um sangramento na gestação anterior devido a laceração em colo uterino; Idade Gestacional de 37 semanas e 2 dias, calculada pela regra de Naegele; relatou que não fez corretamente o pré-natal ou qualquer outro exame solicitado no início da gestação. Foi atendida por um residente do primeiro ano de Ginecologia e Obstetrícia, que anotou o seguinte exame: BCF 142 bpm ; DU ( Dinâmica Uterina) 2 / 20”/10’; AFU (Altura de fundo uterino) 33 cm. Ao toque: colo médio 70% esvaecido; bolsa rota, líquido meconial fluido; ficou em dúvida quanto a apresentação fetal. Diante disso o residente chamou o preceptor, Dr Paulo que enfatizou ao residente que era importantíssimo um exame físico bem feito; disse que a paciente tinha bacia ginecóide; conjugata vera anatômica = 11 cm • conjugata vera obstétrica = 10,5 cm • conjugata diagonalis = 12 cm; o feto estava em situação longitudinal; apresentação cefálica, com deflexão do 3º grau, concordou com a dilatação e o apagamento do colo uterino e sem titubear indicou cesariana. RN único, vivo, sexo masculino Apgar 9/10, realizado cesariana devido a DCP (Desproporção céfalo- pélvica). TERMOS DESCONHECIDOS: ▪ Regra de Naegele: somar sete dias ao primeiro dia da última menstruação (multigesta) ou dez (primigesta) e subtrair três meses ao mês em que ocorreu a última menstruação (ou adicionar nove meses, se corresponder aos meses de janeiro a março). ▪ Líquido meconial: O mecônio corresponde às primeiras fezes do bebê, sendo uma massa compacta formada por todos os componentes dissolvidos e absorvidos pelo bebê no líquido amniótico. Geralmente, o mecônio é eliminado apenas depois do nascimento, quando o recém-nascido começa a se alimentar. ▪ Bacia ginecóide: Arredondada, mas com diâmetro transverso e oblíquo maiores. É a bacia mais comum nas mulheres (50%). É uma bacia favorável ao parto normal. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA: fisiologia da gestação. TUTORIA 3 – MÓDULO 2 MILENA BAVARESCO OBJETIVO 1 DISCUTIR SOBRE AS MODIFICAÇÕES FISIOLÓGICAS DO ORGANISMO MATERNO DURANTE A GESTAÇÃO SISTEMA CIRCULATÓRIO ADAPTAÇÕES HEMATOLÓGICAS DO ORGANISMO MATERNO: ▪ O volume de sangue aumenta entre 30 a 50% durante a gravidez, a hipovolemia está associada ao aumento das necessidades de suprimento sanguíneo dos órgãos genitais. ▪ Volume Sanguíneo e Plasmático: o aumento da volemia ocorre por causa do aumento do volume plasmático em cerca de 45 a 50%. ▪ O volume de células vermelhas aumenta em 30% chegando no estado de hemodiluição. ▪ Sistema renina-angiotensina-aldosterona tem maior atividade. ▪ Eritrócitos: as mulheres grávidas possuem 450 ml a mais de eritrócitos -> maior aumento no terceiro trimestre. ▪ Hemoglobina: reduzida por causa da hemodiluição. ▪ Leucócitos: aumento – 5.000 a 14.000/mm3 – durante o parto o valor pode chegar a 29.000. ▪ Plaquetas: nível plaquetário reduzido por causa da hemodiluição. ADAPTAÇÕES CARDIOVASCULARES DO ORGANISMO MATERNO: ▪ Ocorre um novo equilíbrio circulatório – em gestantes com cardiopatia, pode levar a descompensação clínica já no primeiro trimestre por causa da sobrecarga hemodinâmica. ALTERAÇÕES HEMODINÂMICAS ▪ Aumento da frequência cardíaca em até 15 a 30 bpm. ▪ Elevação do volume sistólico que leva ao aumento do débito cardíaco. ▪ Débito cardíaco chega a aumentar 50% na 5ª semana de gravidez, se estabiliza por volta da 24ª semana e depois atinge o ápice em 80% no pós-parto por causa do retorno venoso. ▪ Pode ocorrer queda da PA durante o segundo semestre – diastólica diminui em 5 a 15 mmHg e sistólica diminui em 3 a 5 mmHg. TUTORIA 3 – MÓDULO 2 MILENA BAVARESCO ▪ Ocorre aumento da pressão venosa nos membros inferires por causa da compressão das veias pélvicas pelo útero. ▪ As adaptações circulatórias iniciam com 6 semanas e completam entre o fim do primeiro semestre e o início do segundo. CORAÇÃO ▪ O diafragma se eleva por causa do aumento do volume abdominal -> altera a posição cardíaca. ▪ Coração desvia para cima e para esquerda, ligeiramente rodado para a face anterior do tórax. ▪ Aumento do volume por causa do aumento do volume sistólico e da hipertrofia dos miócitos. SISTEMA ENDÓCRINO E METABOLISMO ▪ No útero gravídico, tem-se uma grande produção de hormônios esteroides, proteicos e neuropeptídios. A ENDOCRINOLOGIA DA GRAVIDEZ É DIVIDIDA EM: ▪ Ovariana: corresponde as primeiras 8-9 semanas, quando o corpo lúteo é responsável pela secreção de esteroides. ▪ Placentária: a partir das 8-9 semanas, quando a placenta é responsável por produzir esteroides. ▪ OBS.: a relaxina + progesterona inibem a contratilidade espontânea do útero, sendo importantes para a manutenção da gravidez. HORMÔNIOS NEUROPEPTÍDICOS ▪ Hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH): produzido pelo citotrofoblasto, estimula o sincício a produzir hCG e esteroides. ▪ Hormônio liberador de corticotrofina: modula a hipófise e a suprarrenal. Pode estar envolvido no determinismo do parto, pois decresce rapidamente no final da gestação. ▪ Ativina e inibina: ativina aumenta a liberação de hCG e progesterona e a inibina exerce efeito contrário. ▪ Tireóide: aumento de 40-100% nos hormônios tireoidianos e aumento do seu volume. METABOLISMO ▪ Glicídico: a fim de prover suprimento ininterrupto de glicose e de aminoácidos para o concepto, a gestante não consome mais indiscriminadamente a glicose como antes. Sua fonte de energia principal são os ácidos graxos livres. ▪ Lipídico: há acúmulo de lipídios nos tecidos da gestante e a hiperlipidemia gestacional. Esse aumento nos depósitos de gordura maternos é especialmente decorrente da lipogênese aumentada; ela corresponde à elevação na síntese de ácidos graxos e do glicerídeo glicerol, indicando que a formação dos triglicerídeos está exaltada. A tendência de acumular gordura cessa durante o último trimestre da gravidez, quando o metabolismo lipídico se transmuda para estado catabólico. TUTORIA 3 – MÓDULO 2 MILENA BAVARESCO ▪ Benefícios da hiperlipidemia para o feto: Sob condições de jejum, o fígado materno mostra aumento da atividade da LPL (lipoproteína lipase) tornando-se órgão receptor de triglicerídeos circulantes que são usados como substrato para a síntese de corpos cetônicos, e esses compostos rapidamente se difundem pela placenta e são utilizados pelo feto. ▪ A indução da LPL nas mamas por volta do parto dirige triglicerídeos circulantes para essa glândula, visando à produção de leite. Por esse mecanismo, ácidos graxos essenciais da dieta materna que circulam na forma de triglicerídeospodem se tornar disponíveis para o lactente. ▪ Hidroeletrolítico: aumento da retenção de líquido (8 a 10 ℓ). Essa alteração aumenta o débito cardíaco e o fluxo plasmático renal, diminui a concentração de albumina, reduz a concentração de hemoglobina e do hematócrito, causa edema periférico. ▪ Cálcio: o aumento do Ca²+ no esqueleto fetal se faz principalmente à custa da maior absorção de Ca²+ no intestino da mãe, consequência da ação direta do aumento da vitamina D3 de origem placentária e materna (renal) no enterócito. PELE E FÂNEROS ▪ Estrias: devido ao estiramento das fibras colágenas. ▪ Cloasma ou Melasma: hiperpigmentação da face (estímulo aos melanócitos). ▪ Linha nigra: aumento da concentração de melanina na linha alba. ▪ Aumento da pigmentação da vulva e das aréolas mamárias. ▪ Hipertricose: aumento de pelos na face e em outras regiões, crescimento mais acentuado dos cabelos. As unhas podem ficar mais quebradiças, pode surgir eritema palmar, hipertrofia das glândulas sudoríparas e sebáceas. SISTEMA ESQUELÉTICO – POSTURA ▪ O peso adicional da gravidez (útero, feto e anexos) desestabiliza o equilíbrio materno ao colocar seu centro de gravidade para frente. ▪ Para corrigir o seu eixo corporal, a gestante assume atitude involuntária de lordose lombar, posiciona seu tórax para trás e volta a coincidir seu centro de gravidade com o eixo de seu corpo. TUTORIA 3 – MÓDULO 2 MILENA BAVARESCO ▪ A grávida também amplia a sua base de sustentação (uma outra forma compensatória), afastando discretamente um pé do outro. Esta postura modifica a sua marcha. ▪ O andar oscilante, com passos curtos e lentos, base de sustentação alargada e um maior ângulo dos pés com a linha média descreve a marcha típica da gestante denominada anserina. SISTEMA DIGESTÓRIO ▪ Aumento do apetite e sede. ▪ Presença de náuseas e vômitos no primeiro trimestre. ▪ Hipertrofia gengival acentuada. ▪ Diminuição da contratilidade da musculatura lisa dos intestinos -> constipação. ▪ Alteração anatômica: desvio do estômago e apêndice para cima e para direita, intestinos deslocados para esquerda. SISTEMA RESPIRATÓRIO ▪ A expansão do volume sanguíneo e a vasodilatação da gravidez resultam em hiperemia (aumento do fluxo sanguíneo) e edema da mucosa do sistema respiratório superior. Essas alterações predispõem a gestante a congestão nasal, epistaxe e até mesmo a alterações da voz. ▪ Ocorre expansão da circunferência torácica de 5 a 7 cm. Embora o diafragma se eleve aproximadamente 4 cm pelo aumento do útero gravídico, sua função não é comprometida. Ocorre dispneia em 60 a 70% das gestantes. SISTEMA NERVOSO CENTRAL ▪ Ocorrem discretas alterações de memória e de concentração, geralmente no último trimestre. ▪ Sonolência -> alto nível de progesterona. ▪ Memória verbal e velocidade de processamento menor. SISTEMA URINÁRIO MODIFICAÇÕES ANATÔMICAS: ▪ Os rins se deslocam para cima pelo aumento do volume uterino e aumentam em tamanho cerca de 1 cm. ▪ Ocorre dilatação da porção superior desse sistema a partir de 7 semanas em até 90% das gestantes e pode persistir até 6 semanas do pós-parto. ▪ Essa dilatação pode aumentar a estase urinária (estagnação da urina na bexiga), predispondo a gestante a infecções urinárias, pielonefrite (doença inflamatória infecciosa causada por bactérias que atingem o parênquima renal e o bacinete, a porção do TUTORIA 3 – MÓDULO 2 MILENA BAVARESCO OBJETIVO 2 DESCREVER OS TIPOS DE PARTO, MODIFICAÇÕES E COMPLICAÇÕES (ABSOLUTA E RELATIVA) rim dilatada em forma de funil) e nefrolitíase (cálculo renal). MODIFICAÇÕES FISIOLÓGICAS: ▪ Aumento do fluxo plasmático renal e da TFG (taxa de filtração glomerular). ▪ A hipercalciúria é comum na gravidez pelo aumento da absorção do cálcio intestinal. A glicosúria também é fisiológica na gravidez. ▪ Igualmente, a proteinúria (microalbuminúria) é fisiológica na gravidez, sendo normais valores de proteína na urina de até 300 mg/dia. ÚTERO MODIFICAÇÕES GRAVIDÍCAS ▪ Coloração uterina -> passa a ser violácea. ▪ Consistência do útero -> amolecida. ▪ Alteração de volume -> 700 a 1.200g, capacidade total de 5L. ▪ Até as 20 semanas -> forma esférica e ocupa abdome. OVÁRIOS ▪ Aumento da vascularização -> plexo vascular ovariano dilatado. ▪ Rede venosa local aumenta em número e calibre. VAGINA, VULVA MAMAS VAGINA ▪ Hiper vascularização -> hiperemia e edema. ▪ Sinal de Kluge -> fica arroxeada. ▪ Hipertrofia das células musculares -> aumento da espessura e elasticidade. VULVA ▪ Raiz da coxa e grandes lábios pode apresentar manchas hipercrômicas. ▪ Coloração arroxeada pela hipervascularização. ▪ Pode ocorrer varizes vulvares. PARTO VAGINAL ▪ Há dois tipos de partos vaginais: 1. Partos vaginais naturais, apenas com pequenas intervenções extremamente necessárias; 2. partos vaginais cirúrgicos, que acontecem com anestesia, aplicação de ocitocina e/ou com episiotomia (corte de aproximadamente 4 cm feito no períneo, com anestesia local ou peridural). Nos partos vaginais cirúrgicos as anestesias podem ser locais, peridurais ou raquidianas. A anestesia local é aplicada diretamente na região genital, no período expulsivo do trabalho de parto, para a realização da episiotomia, se necessário. ▪ A anestesia peridural é uma associação de anestésicos aplicada no espaço peridural que possibilitam à mulher não sentir dor, sem nenhum ou com mínimo efeito sobre a motricidade. O parto sob anestesia peridural abole a dor e paralisa apenas a metade inferior do corpo da mulher e a parturiente pode manter-se consciente e presenciar o nascimento do bebê. Essa forma de anestesia pode requerer a colocação de um cateter para aplicação contínua. ▪ A anestesia raquidiana proporciona rapidez e simplicidade na aplicação, que é única, de efeito mais rápido e mais potente. Com ela, a paciente participa ativamente de todo trabalho do parto. ▪ Em alguns poucos casos, faz-se necessária a anestesia geral, o que leva a uma perda da consciência da parturiente e não lhe permite escutar as primeiras manifestações do bebê após sair do útero materno. Além disso, a anestesia geral se utiliza de remédios que atravessam a barreira placentária produzindo graus variados de depressão fetal. ▪ Muitas mulheres optam pelo parto vaginal com um mínimo ou nenhuma anestesia, de modo a poderem cooperar ativamente no processo de nascimento do concepto. Geralmente, essas gestantes participam de TUTORIA 3 – MÓDULO 2 MILENA BAVARESCO treinamento prévio de respiração e relaxamento para poder controlar e administrar as contrações uterinas. ▪ A vantagem do parto vaginal é que a criança nasce sem ninguém interferir e a mulher se recupera muito rapidamente, em cerca de 3 dias. Apenas 3% dos bebês nascidos dessa forma necessitam passar por uma UTI neonatal. ▪ A desvantagem para a mãe é que o parto vaginal pode levar a ruptura de períneo e a um maior quadro hemorroidário, já para o bebê existe um cansaço que ocasiona uma nota mais baixa na escala de APGAR. Se o parto vaginal for excessivamente doloroso e traumático, ele pode gerar na mãe emoções de hostilidade e rejeição em relação ao bebê. ▪ O parto vaginal é contraindicado se a mulher tem hipertensão arterial, problemas ósseos na pelve ou problemas renais. Sendo o parto cesáreo a melhor opção. Se a grávida tem pré-eclâmpsia ou está com hipertensão fora de controle, o médico pode tentar compensar a patologia e só depois fazer o parto. Também pode ser difícil ou impossível o parto vaginal em que a criança se apresenta sentada ou transversa ou possui a cabeça grande em relação a pelve materna. A FÓRCEPS ▪ Ou parto vaginal cirúrgico. O fórceps é um instrumentocirúrgico que se utiliza para auxiliar o parto e facilitar a passagem da cabeça do bebê pelo canal vaginal. ▪ É uma pinça arredondada, desenhada especialmente para sujeitar a sua cabeça na altura das orelhas. ▪ Não é de uso rotineiro, mas é utilizado em diversos casos: o Na apresentação pélvica o fórceps é utilizado para proteger a cabeça, que sairá por último. o Caso o concepto esteja em posição, mas não continue descendo pelo canal de parto e comece a apresentar sinais de estresse fetal. o Por conta da anestesia peridural a mãe não pode empurrar o concepto. o Contrações uterinas fracas. o Mãe exausta com o trabalho de parto. ▪ Antes de iniciar um parto operatório vaginal, o médico deve: o Confirmar: a dilatação cervical completa, o polo cefálico encaixado na estação +2 ou mais baixo, a ruptura das membranas, a posição compatível com o parto operatório vaginal. o Drenar a bexiga materna. o Avaliar clinicamente as dimensões pélvicas (pelvimetria clínica) para determinar se a pelve é adequada. ▪ Durante a fase de expulsão, quando o colo do útero se encontra completamente dilatado e o concepto desceu ao canal do parto, o médico coloca o fórceps dentro da vagina. TUTORIA 3 – MÓDULO 2 MILENA BAVARESCO ▪ Quando o instrumento é posicionado nos lados da cabeça do bebê, o médico gentilmente puxa enquanto mãe empurra. Assim o parto se realiza normalmente. A utilização do fórceps é frequentemente acompanhada de uma episiotomia (incisão efetuada na região o períneo para ampliar o canal de parto). ▪ Geralmente é mais indicado que a cesárea de emergência. Seus riscos são: o Marcas no rosto do bebê que desaparecem em poucos dias. o Podem ocorrer lesões no nervo facial, no entanto, essas lesões são geralmente temporárias e melhoram dias depois do parto sem nenhum tipo de tratamento. o Lesões na vagina e/ou bexiga materna. ▪ Dessa forma, a utilização do fórceps deve ser feita em partos onde o seu uso traga mais benefícios que riscos. CESARIANA ▪ Também chamado de parto cesáreo ou cesárea, é uma forma de parto feita através de cirurgia. A cesariana é uma forma de parto realizada através de um ato cirúrgico, no qual é feita uma incisão no abdômen e outra no útero para se chegar ao concepto. ▪ Costuma ter duração média de 45 minutos a 1 hora. O nascimento do bebê costuma ocorrer já nos 15 minutos de ato cirúrgico, mas o obstetra ainda precisa de pelo menos mais 30 minutos para realizar todas as suturas, incluindo útero, músculos e pele. ▪ Geralmente, exceto os casos de emergência, a incisão cesariana é feita horizontalmente, em uma região baixa do abdome, já na altura dos pelos pubianos. Habitualmente são utilizadas a anestesia peridural ou raquidiana. A anestesia geral na cesárea só e feita em situações especiais. VANTAGENS: ▪ Escolher previamente a data exata do nascimento. ▪ Reduzir o estresse materno durante o parto por passar a ideia de um ambiente plenamente controlado, onde tudo ocorre de forma previamente estipulada. ▪ Parto curto e com duração previsível. ▪ Impede a ocorrência de nascimentos pós termo (+42 semanas). ▪ Elimina o risco de complicações relacionadas ao trabalho de parto vaginal, como lesão do plexo braquial relacionado a distorção do ombro, traumas ósseos (fratura da clavícula, crânio e úmero) ou asfixia por complicações intraparto. ▪ Reduz o risco a longo prazo de prolapso uterino ou de bexiga e incontinência urinária materna. RISCOS E DESVANTAGENS: ▪ Maior risco de infecções, trombose dos membros inferiores, hemorragias, reações aos anestésicos. TUTORIA 3 – MÓDULO 2 MILENA BAVARESCO OBJETIVO 3 CONHECER AS PRINCIPAIS FASES DO TRABALHO DE PARTO ▪ Recuperação mais prolongada após o trabalho de parto. ▪ Maior incidência de dor no pós-operatório. INDICAÇÕES ▪ pode ocorrer previamente, ou somente na hora do parto, caso algo imprevisível surja durante o trabalho de parto normal. ▪ Concepto em posição errada, de lado ou com a cabeça para cima. ▪ Concepto muito grande, ocorrendo desproporção entre o seu tamanho e a pelve da mãe. ▪ Gravidez gemelar. ▪ Placenta implantada de forma anormal (placenta prévia). ▪ Mães infectadas com doenças que podem ser transmitidas durante o parto (herpes genital ou HIV). ▪ Suspeita de anomalia genética no concepto. ▪ Mioma volumoso que possa obstruir a passagem do bebê. ▪ Cirurgia uterina prévia, como remoção de miomas. ▪ Trabalho de parto vaginal que não evolui. ▪ Protusão do cordão umbilical para fora do útero antes do bebê sair. ▪ Hemorragia intensa por descolamento prematuro da placenta. ▪ Sofrimento fetal antes ou durante o parto (redução da FC fetal). ▪ O estudo a respeito do trabalho de parto é relacionado a 3 fases principais: 1. DILATAÇÃO OU PRIMEIRO PERÍODO: ▪ Seu início se dá através das contrações uterinas rítmicas, que irão começar a alterar ativamente a cérvice e cessam quando a ampliação desta está completa (10cm). ▪ Essa dilatação do colo uterino ocorre devido a tração das fibras longitudinais do corpo, que irão se encurtar durante as contrações uterinas e a outros fatores (bolsa das águas e apresentação). ▪ Esse primeiro período é compreendido em duas fases, a fase de latência (dilatação cervical gradual) e fase ativa (dilatação cervical rápida). As dores do período pré-parto sucedem as dores da fase de dilatação. ▪ Nesse período o diafragma cervicossegmentário se abre e dá origem ao canal do parto, ou seja, ocorre a continuidade do trajeto uterovaginal, com dois fenômenos predominantes: apagamento do colo, ou desaparecimento do espaço cervical, com a incorporação dele à cavidade uterina; e a dilatação da cérvice. ▪ O apagamento e a dilatação são fenômenos distintos, nas primíparas ocorrem em ordem sequencial (1º apagamento, 2ª dilatação) e nas multíparas TUTORIA 3 – MÓDULO 2 MILENA BAVARESCO simultaneamente. Com essa dilatação do primeiro período a bolsa passa a ter maior contato com a cérvice e passa a se assemelhar a um cone, devido a sua interposição as bordas da cérvice. ▪ A amniorrexe com evasão parcial do líquido, ocorre em 80% dos casos, seja ao final da dilatação ou início da expulsão. Essa ruptura de membranas pode ser prematura (ausência de trabalho de parto), precoce (início ao parto), oportuna (ao final da dilatação) e tardia (simultânea a expulsão do feto). ▪ Ainda a respeito da ruptura de membrana, temos o termo espontânea (ocorre sem envolvimento médico), provocadas ou artificiais (ação médica – dedo ou instrumentos) e intempestivas (escape quase total do líquido). ▪ Na visão clínica, a ampliação do diafragma cervicossegmentário corresponde a esta etapa. 2. EXPULSÃO OU SEGUNDO PERÍODO: ▪ É iniciada com a dilatação completa e é encerrada com a saída fetal. Essa fase é caracterizada pela relação entre contrações uterinas, força contrátil do diafragma e da parede abdominal. A união destes pontos dá origem a uma cinta muscular que irá comprimir o útero de cima para baixo e para trás. ▪ No desenrolar do segundo período também irá ocorrer o aumento da intensidade e frequência das contrações (podendo chegar a 5 contrações a cada 2 minutos). Graças a essas contrações o feto irá seguir para o canal de parto (criado pelo período de dilatação), transpor o colo dilatado, e passa a distender de maneira lenta e progressiva a parede inferior do diafragma vulvoperineal. ▪ Com a compressão das paredes vaginais, do reto e da bexiga, o polo inferior do feto provoca, de modo reflexivo, o aparecimento de contrações voluntárias da prensa abdominal. Surge, então, a vontade espremer, que são movimentos involuntários (puxos) semelhantes aos da evacuação e micção. ▪ Assim, o concepto continua a descer pelo canal de parto, pressiona o períneo (que sedistende), encosta- se as paredes do reto (eliminando algum conteúdo) e turgesce o ânus. ▪ A vulva entreabre-se, vai se dilatando lentamente, e aos poucos vai sendo penetrada pelo feto; esse processo irá ter duração variável por depender das condições da mãe e do concepto, o feto então irá se libertar do corpo materno sendo ligado apenas pelo cordão umbilical. Elimina-se o líquido amniótico com sangue da cavidade uterina. ▪ Posteriormente, o útero irá se retrair e seu fundo ficará na cicatriz umbilical. ▪ Na visão clínica, a passagem do feto pelo diafragma vulvoperineal corresponde a esta etapa. 3. SECUNDAMENTO OU TERCEIRO PERÍODO: ▪ Também chamado de decedura e delivramento. Trata- se do estágio pós nascimento do concepto, caracteriza- se pelo descolamento ou desprendimento da placenta e seus componentes para fora das vias genitais. Esta fase é composta de 3 passos: DESCOLAMENTO: ▪ Ocorre basicamente por conta da retração do músculo uterino após o nascimento do concepto. Dessa forma, a superfície interna do útero é diminuída e por fim ocasiona o descolamento da placenta. ▪ O ponto de início do descolamento é denominado hematoma retroplacentário. São dois os tipos de mecanismos no descolamento: ▪ Baudelocque-Schultze: cerca de 75% dos casos. Nessa situação a placenta na parte superior do útero inverte- se e desprende-se pela face fetal, em forma de guarda- chuva. TUTORIA 3 – MÓDULO 2 MILENA BAVARESCO OBJETIVO 4 ELUCIDAR A DIVISÃO DO MECANISMO DE PARTO EM TEMPOS. ▪ Baudelocque-Duncan: cerca de 25% dos casos. Nessa situação a placenta localizada na parede lateral do útero começara sua desinsercão pela borda inferior. O sangue irá se exteriorizar antes da placenta. DESCIDA: ▪ As contrações uterinas e a gravidade fazem com que ocorra a migração da placenta para o segmento inferior, cérvice e vagina. EXPULSÃO OU DESPENDIMENTO: ▪ No canal vaginal, a placenta irá provocar uma nova sensação de puxo (podem ocorrer esforços semelhantes ao do 2º período de parto) que será responsável por expulsar o órgão para fora. ▪ Nem sempre há o descolamento da placenta de forma normal e ativa. Nesses casos é necessária a intervenção do obstetra. No antigo local onde a placenta estava inserida, forma-se uma ferida (vasos abertos) com sangramento até que se obliterem. 4. QUARTO PERÍODO OU PERÍODO DE GREENBERG: ▪ Tende-se a considerar o prazo de 1 hora após a saída da placenta como um 4º período. Essa fase tem importância por conta dos riscos de hemorragia e ao descuido daqueles que acompanham as puérperas. ▪ Com o descaso após o parto, algumas mulheres podem ter complicações sérias. As fases que caracterizam o quarto período são: ▪ Miotamponagem: com a retirada da placenta o útero se contrai e passa a ser localizado um pouco abaixo do umbigo. Essa retração uterina determina a ligadura viva dos vasos uterinos, sendo o primeiro passo contra a hemorragia. ▪ Trombotamponagem: trata-se da formação de trombos nos grandes vasos uteroplacetários, formando o hematoma intrauterino que recobre, de modo contínuo, a ferida aberta no local placentário. Esse é o segundo passo na defesa contra a hemorragia, quando o estágio de contração fixa do útero ainda não foi alcançado. ▪ Indiferença miouterina: o útero se apresenta de forma indiferente, ora está contraído ou relaxado, isso aumenta o perigo de haver um enchimento de sangue. Essa indiferença tende a ser maior conforme o prolongamento das três primeiros estágios de parto. Também é valido para partos muito rápidos, polidrâmnio (excesso de líquido amniótico), gravidez múltipla e nascimento de conceptos macrossômicos, isso por conta da excessiva distensão da matriz. ▪ Contração uterina fixa: geralmente, após 1h, o útero adquire maior tônus e assim se mantém. ▪ De um modo geral, o estudo da mecânica do parto analisa os movimentos da cabeça, sob ação das contrações uterinas, a transitar pelo desfiladeiro pelvigenital. ▪ Pelo seu trajeto através do canal de parto, o feto é forçado a fazer certo número de movimentos, denominado mecanismo do parto. ▪ Esses movimentos são puramente passivos, e ajudam o feto a passar pelo canal. Geralmente, o mecanismo de parto é constante, variando em seus pormenores com o tipo de apresentação e a morfologia da pelve. Considerando a apresentação cefálica fletida em bacia ginecoide, temos os tempos do mecanismo de parto que acontecem de modo contínuo e entrelaçado: INSINUAÇÃO ▪ Também denominada de encaixamento. É a passagem da maior circunferência da apresentação através do anel do estreito superior. Para a correta insinuação, é preciso que haja redução dos diâmetros da cabeça, o que é obtido pela orientação de diâmetros e por flexão. São dois os processos de insinuação: TUTORIA 3 – MÓDULO 2 MILENA BAVARESCO ▪ Insinuação estática: processada na gravidez (em mais de 50% das primigestas). Trata-se da flexão por aconchego no segmento inferior e na descida, conjuntamente com o útero, por tração dos ligamentos sustentadores do órgão e pressão das paredes abdominais. ▪ Insinuação dinâmica: surge ao fim da dilatação cervical ou no início do período expulsivo nas multíparas. Trata- se da flexão por contato com o estreito superior da bacia e descida à custa das contrações expulsivas. DESCIDA ▪ De modo a completar a insinuação, a cabeça migra aproximando-se do assoalho pélvico. A atitude e o sentidos são mantidos, apenas exagerando um pouco a flexão. A descida, então, ocorre desde o início do trabalho de parto e tem seu fim na expulsão fetal. Nesse mecanismo, o movimento da cabeça é turbinal, ou seja, à medida que o polo cefálico roda, vai ocorrendo o trajeto descendente. ▪ Rotação interna da cabeça: quando a extremidade cefálica distende e dilata, o conjunto musculoaponeurótico (compõe o diafragma pélvico) sofre movimento de rotação que leva a sutura sagital a se orientar no sentido anteroposterior da saída do canal. ▪ Insinuação das espáduas (escápulas): ao mesmo tempo da rotação interna da cabeça, e sua progressão no canal, verifica-se a penetração das escápulas através do estreito superior da bacia. O diâmetro biacromial (distância entre o acrômio direito e esquerdo) mede cerca de 12cm e é incompatível com os diâmetros do estreito superior, porém no período expulsivo há uma redução considerável por conta do aconchego dos ombros, forçados pela constrição do canal. A cabeça vai progredindo e as escápulas descem até o assoalho pélvico. DESPRENDIMENTO ▪ Com a conclusão do movimento de rotação, o suboccipital coloca-se sob a arcada púbica; e a sutura sagital orienta-se em sentido anteroposterior. ▪ A nuca do feto irá apoiar na arcada púbica e a cabeça oscila em torno desse ponto, com movimento de dobradiça. Vão sendo feitos movimentos de deflexão, libertando-se o diâmetro suboccipitobregmático, depois pelo suboccipitofrontal, suboccipitonasal e, assim por diante, até o desprendimento completo. ROTAÇÃO EXTERNA DA CABEÇA: ▪ Quando a cabeça está livre no exterior, ela sofre novo e ligeiro movimento de flexão, pelo seu próprio peso, voltando a occipital para o lado onde se encontrava na bacia (restituição). ROTAÇÃO INTERNA DAS ESPÁDUAS: ▪ Iguais aos motivos da rotação interna da cabeça, as espáduas também sofrerão movimento de rotação a fim de orientarem o biacromial na direção anteroposterior da saída do canal. DESPRENDIMENTO DO OVOIDE CÓRMICO ▪ É a exteriorização das cinturas escapular e pélvica do feto. TUTORIA 3 – MÓDULO 2 MILENA BAVARESCO OBJETIVO 5 COMPREENDER AS HEMORRAGIAS PÓS-ÁRTO (REGRA DOS 4TS) ▪ Após a rotação das espáduas -> ombro anterior vai se fixar no subpúbis -> apresentando a inserção braquial e delgada como ponto de apoio -> então desprende pelo movimento de abaixamento. ▪ O ombro posterior vai sedesprender por movimento de elevação -> então corre a expulsão completa. ▪ Após o desprendimento dos ombros -> o resto do ovoide é expelido. INTRODUÇÃO ▪ A hemorragia pós-parto (HPP) ou hemorragia puerperal é uma patologia que se caracteriza como uma emergência obstétrica e é hoje uma das principais causas de mortalidade no mundo e a segunda maior causa no Brasil. ▪ As principais formas de definição da HPP são: o Perda sanguínea acumulativa ≥ 500mL nos partos por via vaginal ou ≥ 1000mL por via cesárea; o Qualquer perda sanguínea acumulativa ≥ 1000mL nas 24 horas após o parto; o Qualquer perda sanguínea capaz de causar instabilidade hemodinâmica. ▪ Ela pode ser classificada como hemorragia pós-parto primária (precoce), quando ocorre nas 24 horas após o parto, ou secundária (tardia), quando ocorre entre 24 horas e 6 a 12 semanas pós parto. ▪ Em casos mais graves, o sangramento vaginal pode provocar o que classificamos de hemorragia pós-parto maciça, que ocorre quando há perda sanguínea acumulativa que: o Seja ≥ 2000mL nas primeiras 24 horas pós parto; o Necessite transfusão ≥ 1200mL (4U) de concentrado de hemácias; o Resulte uma queda ≥ 4mg/dL nos níveis da hemoglobina; o Provoque algum distúrbio da coagulação. EPIDEMIOLOGIA PRIMÁRIA (PRECOCE) ▪ Quando a hemorragia ocorre dentro de 24h do puerpério. ▪ Trata-se da forma mais comum de hemorragia obstétrica maior e cerca de 75% ocorrem pela atonia uterina. É em geral, definida como a perda de sangue > 500ml após o parto vaginal ou > 1000ml após o parto cesáreo. SECUNDÁRIA (TARDIA) ▪ Quando o sangramento excessivo incide entre 24h e 6 a 12 semanas. Ocorre em 1% dos partos, geralmente é associada a atonia uterina, retenção de restos ovulares com infecção (endometrite) e muito particularmente a doença de von Willebrand. TUTORIA 3 – MÓDULO 2 MILENA BAVARESCO FATORES DE RISCO ▪ descolamento prematuro da placenta (DPP), placenta prévia/acreta, retenção placentária, gravidez gemelar, pré-eclâmpsia, história de hemorragia pós-parto, obesidade, anemia, idade materna avançada, macrossomia fetal, cesárea, episiotomia mediolateral, parto vaginal operatório, parto prolongado, febre intraparto. QUADRO CLÍNICO ▪ A apresentação clínica da HPP se dá pela presença de sangramento vaginal, porém, em casos de parto por via cesárea ou ruptura uterina, o acúmulo de sangue pode estar em região intra-abdominal, ou até mesmo represado na forma de hematomas. ▪ Há outros sinais clínicos que podem aparecer diretamente relacionados com a quantidade de perda sanguínea, ou seja, que varia de acordo com o grau de choque. ▪ Porém tais sinais podem aparecer tardiamente, piorando o prognóstico das pacientes. Usualmente as puérperas hígidas manifestam os primeiros sinais de choque hipovolêmico somente após perdas volêmicas superiores a 20%. ▪ Dessa forma, foi criado o índice de choque (IC), um parâmetro clínico que diagnostica e reflete mais precocemente o estado hemodinâmico da paciente, podendo ser útil para prever a necessidade de transfusão maciça. O cálculo do IC é feito através da divisão da frequência cardíaca pela pressão arterial sistólica da puérpera. PRVENÇÃO USO UNIVERSAL DE OCITOCINA PARA PREVENÇÃO DA HPP ▪ O manejo ativo no 3º período do trabalho de parto é a maneira efetiva de prevenir a hemorragia pós-parto. ▪ Ela combina o uso universal de 10 UI de ocitocina, por via intramuscular (IM), após o desprendimento do ombro anterior do feto. ▪ Tal medida reduz em > 50% a ocorrência de HPP. Outra opção de profilaxia caso a paciente esteja com acesso periférico é através da “Regra dos 3”, detalhada abaixo. CLAMPEAMENTO OPORTUNO DO CORDÃO UMBILICAL ▪ Associado ao uso da ocitocina, o clampeamento de cordão umbilical deve ser realizado apenas após o 1º minuto de nascimento de recém- -nascidos a termo, exceto se houver contraindicações (sofrimento fetal, feto prematuro). TRAÇÃO CONTROLADA DO CORDÃO UMBILICAL ▪ Realiza-se a ligadura do cordão umbilical com uma pinça anatômica próximo ao períneo e segura-se o cordão clampeado com uma das mãos e realiza-se concomitantemente a manobra de Brandt-Andrews com a outra mão. ▪ A tração controlada do cordão umbilical somente deve ser realizada por profissional devidamente capacitado em função dos riscos associados à sua realização intempestiva, como rompimento do cordão umbilical e inversão uterina. TUTORIA 3 – MÓDULO 2 MILENA BAVARESCO MASSAGEM UTERINA/VIGILÂNCIA 4º PERÍODO DO TRABALHO DE PARTO ▪ Verificação do tônus uterino a cada 15 minutos nas primeiras 2 horas em todas as puérperas, iniciando imediatamente após a saída da placenta. CONTATO PELE A PELE PRECOCE ▪ Recomenda-se a realização do contato pele a pele entre mãe e filho por pelo menos uma hora. Trata-se de uma política pública de saúde que deve ser estimulada, além de tal medida apresentar vários benefícios para o binômio mãe-filho. DIAGNÓSTICO ▪ O diagnóstico da hemorragia pós- -parto é eminentemente clínico, feito através da visualização do sangramento vaginal, exceto nos casos de acúmulo de sangue na cavidade uterina ou em alguns eventos de rotura uterina com hemorragia intraperitoneal. ▪ Os efeitos da hemorragia na mulher dependerão do volume de sangue prévio à gestação, do aumento desse volume durante a gravidez e do grau de anemia após o parto. A mensuração da perda sanguínea pode ser feita de forma qualitativa ou quantitativa. ESTIMATIVA VISUAL ▪ A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que se utilize a estimativa visual (qualitativa) de perda de sangue para identificação da HPP, pela facilidade de utilização. ▪ No entanto, esse método é pouco acurado e frequentemente subestima a perda sanguínea. A quantidade estimada de perda de sangue está detalhada na tabela abaixo. TUTORIA 3 – MÓDULO 2 MILENA BAVARESCO ESTIMATIVA POR MEIO DA PESAGEM DE COMPRESSAS ▪ Apesar de mais confiável que o método de estimada visual, ainda pode subestimar a perda sanguínea pela possível presença de líquido amniótico junto ao sangue, além de exigir treinamento da equipe. ▪ A fórmula de estimativa da perda volêmica a partir da pesagem das compressas é apresentada a abaixo: ESTIMATIVA ATRAVÉS DO USO DE DISPOSITIVOS COLETORES ▪ Outra opção de estimativa de perdas volêmicas é o uso dos dispositivos coletores, também conhecidos como bolsas, sacos ou fraldas coletoras. ▪ Oferecem uma melhor estimativa da perda sanguínea do que a estimativa visual. Usualmente são posicionados logo após o parto vaginal (para evitar o acúmulo de outras secreções no coletor, tais como líquido amniótico), em um nível abaixo ao da paciente. ▪ Ao final, o sangue acumulado é mensurado e determina- -se a perda sanguínea exata. ESTIMATIVA ATRAVÉS DE PARÂMETROS CLÍNICOS ▪ Como descrito no tópico “Quadro Clínico”, a perda sanguínea pode provocar alterações significativas no estado hemodinâmico da paciente. ▪ Dessa forma, podemos utilizar o grau de choque e índice de choque para o diagnóstico da HPP. Tal método tem a vantagem de dimensionar com exatidão a perda sanguínea, além de orientar e avaliar a resposta do tratamento da paciente. TRATAMENTO MASSAGEM UTERINA BIMANUAL ▪ A Manobra de Hamilton é a primeira manobra a ser realizada nos casos de atonia uterina, enquanto se realiza o uterotônico e aguarda-se o seu efeito. ▪ O esvaziamento da bexiga antes da compressão é essencial para aumentar a eficácia da manobra. BALÃO DE TAMPONAMENTO INTRAUTERINO (BTI) ▪ O BTI pode ser utilizado no controle temporário ou definitivo da HPP. ▪ Pode ser muito útil para viabilizar transferências. Os balões são capazes de reduzir anecessidade de abordagem cirúrgica, em especial a histerectomia e podem ser utilizados tanto após parto vaginal quanto após cesariana. ▪ O BTI está indicado nos quadros de atonia, quando o tratamento medicamentoso falhou em conter o TUTORIA 3 – MÓDULO 2 MILENA BAVARESCO sangramento. Essa tecnologia também tem se mostrado útil nos casos de placenta prévia. ▪ São contraindicações para o uso dos BTI: neoplasias invasivas ou infecções cervicais, vaginais ou uterinas e sangramentos arteriais que requerem abordagem cirúrgica. ▪ Não há evidências consistentes que recomendem o uso rotineiro do balão nos casos de coagulopatias. Algumas anomalias uterinas podem contraindicar o seu uso. Existe potencial risco de rotura uterina nos casos acretismo placentário. ▪ O tempo de permanência recomendado para o balão é de, no máximo, 24 horas. Pode ser utilizado em concomitância com o traje antichoque não pneumático e/ou suturas compressivas. ▪ Durante o uso do balão sugere-se realizar antibioticoprofilaxia (ex: cefazolina 1 grama, EV, de 8/8h) e manter os uterotônicos (ex: ocitocina). Recomenda-se encher o balão com líquidos mornos (ou pelo menos em temperatura ambiente), evitando líquidos frios ou gelados pelo risco de indução de hipotermia. ▪ A retirada do BIT deve ser gradual (retirar 50 mL de cada vez) e em ambiente que tenha possibilidade de tratamento definitivo pelo risco de novo sangramento. ▪ Deve-se monitorar continuamente o sangramento e o estado hemodinâmico da paciente durante o seu uso e retirada. TRAJE ANTICHOQUE NÃO-PNEUMÁTICO EM OBSTETRÍCIA ▪ O traje antichoque não-pneumático (TAN) consiste de uma veste de neoprene (com fixadores em velcro), que recobre a paciente do tornozelo ao abdome, de forma segmentada. ▪ Não necessita dispositivo pneumático para realizar a compressão dos membros e não recobre a região perineal, o que permite a realização de procedimentos obstétricos que envolvam a manipulação do canal do parto. Maiores detalhes sobre o traje antichoque estão descritos no anexo. TUTORIA 3 – MÓDULO 2 MILENA BAVARESCO TRATAMENTO CIRÚRGICO REGRA 4 TS TÔNUS ▪ A atonia uterina é a principal causa de HPP e, portanto, deve ser tratada de forma agressiva, mesmo casos que inicialmente pareçam pouco ameaçadores. ▪ Seu tratamento inicia com a massagem bimanual seguida do uso de uterotônicos, que se falham estará indicado o uso do balão de tamponamento intrauterino. ▪ Nesse momento deve-se aventar o uso do TAN. Se ainda assim persistir o sangramento, está indicado a laparotomia para a realização das suturas hemostáticas (compressivas e vasculares) ou mesmo da histerectomia. ▪ A histerectomia é o último passo da sequência do tratamento da atonia, contudo quando indicada não deve ser postergada. ▪ Está indicado o uso do ácido tranexâmico assim que se diagnosticar a hemorragia e em concomitância aos uterotônicos. O Fluxograma 2 apresenta a sequência do atendimento da atonia uterina. TRAUMA ▪ Sempre que se estiver diante de um sangramento pense na possibilidade de lacerações ou hematomas no canal do parto. ▪ Assim, realize nova revisão do canal de parto nos casos de HPP para afastar tal causa. Avaliar a presença de lacerações do canal de parto e hematomas. ▪ Suturar lacerações e drenar hematomas quando indicados. Investigar rotura e inversão uterina, e hematoma de ligamento largo ou retroperitoneal (especialmente nos casos de trauma de canal de parto importantes). ▪ Nos casos de pacientes com cesariana anterior que evoluíram para parto vaginal, recomenda-se a revisão rotineira do seguimento uterino, para verificar a presença ou não de rotura uterina. O Fluxograma 3 apresenta a sequência de manejo das lacerações de trajeto. TECIDO ▪ Atualmente tem sido crescente os casos de hemorragia por retenção placentária, especialmente em função do aumento das cesarianas e, por conseguinte, dos casos de acretismo placentário. ▪ Existem ainda situações em que a placenta não se desprende do leito uterino no tempo esperado e que, portanto, necessita de extração manual para sua completa extração. TUTORIA 3 – MÓDULO 2 MILENA BAVARESCO ▪ Às vezes ainda pode ocorrer retenção de tecidos placentários por dequitação incompleta e esse material impedir a contração uterina adequada. O Fluxograma 4 apresenta resumidamente a abordagem desses casos. ▪ Tem surgido propostas de rastreio da posição placentária no pré-natal em toda gestante com cesariana anterior ou cirurgias uterinas prévias. ▪ Nos casos de placenta prévia ou de localização na parede anterior uterina (cicatriz cirúrgica de cesariana) recomenda-se encaminhá-las para centros de referência de manejo de acretismo placentário. ▪ O objetivo é evitar o diagnóstico de acretismo apenas no intraoperatório, situação que aumenta sobremaneira a morbimortalidade relacionada a placentação anômala. ▪ No centro especializado deve-se confirmar ou não a presença de placenta prévia e/ou acretismo placentário. As pacientes com suspeita de acretismo ou com placenta prévia devem preferencialmente ter seus partos nesses centros especializados, com estrutura adequada e equipe preparada. ▪ Pacientes com placenta prévia ou suspeita de acretismo (placenta na parede anterior em gestante com cicatriz uterina prévia não avaliada adequadamente), que são admitidas em qualquer hospital para o parto, devem ter reserva de sangue para atender uma possível hemorragia puerperal grave. ▪ O diagnóstico antenatal do acretismo placentário e o planejamento da sua abordagem são medidas capazes de se reduzir a morbimortalidade materna relacionada a HPP secundária à placentação anômala. TROMBINA/DISTÚRBIOS DE COAGULAÇÃO ▪ Relacionam-se às coagulopatias congênitas ou adquiridas (exemplo: CIVD, uso de anticoagulantes, dentre outros). O seu tratamento deve focar na causa específica. ▪ Deve-se ter cautela com propostas cirúrgicas nessas situações. O TAN é uma opção auxiliar interessante no controle temporário do sangramento. O Fluxograma 5 apresenta a abordagem das coagulopatias como causas de HPP. TUTORIA 3 – MÓDULO 2 MILENA BAVARESCO
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