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Saúde da Mulher - SP 4 FISIOLOGIA Aumento da excitabilidade uterina próximo ao termo Parto significa o nascimento do bebê. Ao final da gravidez, o útero fica progressivamente mais excitável, até que, por fim, desenvolve contrações rítmicas tão fortes que o bebê é expelido. Não se sabe a causa exata do aumento da atividade uterina, mas pelo menos duas categorias principais de eventos levam às contrações intensas, responsáveis pelo parto: 1. Mudanças hormonais progressivas que aumentam a excitabilidade da musculatura uterina; e 2. Mudanças mecânicas progressivas. Fatores Hormonais que Aumentam a Contratilidade Uterina Há uma maior proporção de Estrogênios em relação à Progesterona. ➔ A progesterona inibe a contratilidade uterina durante a gravidez, ajudando, assim, a evitar a expulsão do feto. ➔ Por sua vez, os estrogênios têm tendência definida para aumentar o grau de contratilidade uterina, em parte porque elevam o número de junções comunicantes entre as células do músculo liso uterino adjacentes, mas também devido a outros efeitos pouco entendidos ainda. ➔ Tanto a progesterona quanto o estrogênio são secretados em quantidades progressivamente maiores durante grande parte da gravidez, mas, a partir do sétimo mês, a secreção de estrogênio continua a aumentar, enquanto a de progesterona permanece constante ou até mesmo diminui um pouco. ➔ Por isso, já se postulou que a produção estrogênio-progesterona aumenta o suficiente até o final da gravidez para ser pelo menos parcialmente responsável pelo aumento da contratilidade uterina. Já a ocitocina causa a contração do útero. ➔ A ocitocina é um hormônio secretado pela neurohipófise que, especificamente, causa contrações uterinas. ➔ Existem quatro razões para se acreditar que a ocitocina pode ser importante para aumentar a contratilidade do útero próximo ao termo: 1. A musculatura uterina aumenta seus receptores de ocitocina e, portanto, aumenta sua sensibilidade a uma determinada dose de ocitocina nos últimos meses de gravidez. 2. A secreção de ocitocina pela neuro-hipófise é, Larissa Moitinho parto normal consideravelmente, maior no momento do parto. 3. Muito embora animais hipofisectomizados ainda consigam ter seus filhotes a termo, o trabalho de parto é prolongado. 4. Experimentos em animais indicam que a irritação ou a dilatação do colo uterino, como ocorre durante o trabalho de parto, pode causar reflexo neurogênico, através dos núcleos paraventricular e supraóptico, que faz com que a hipófise posterior (a neuro-hipófise) aumente sua secreção de ocitocina. Os efeitos de hormônios fetais no útero: A hipófise do feto secreta grande quantidade de ocitocina, o que teria algum papel na excitação uterina. ➔ Além disso, as glândulas adrenais do feto secretam grande quantidade de cortisol, outro possível estimulante uterino. ➔ E, mais, as membranas fetais liberam prostaglandinas em concentrações elevadas, no momento do trabalho de parto, que também podem aumentar a intensidade das contrações uterinas. Fatores Mecânicos que Aumentam a Contratilidade Uterina A simples distensão de órgãos de musculatura lisa geralmente aumenta sua contratilidade. Ademais, a distensão intermitente, como ocorre repetidamente no útero, por causa dos movimentos fetais, pode também provocar a contração dos músculos lisos. ➔ Observe, particularmente, que os gêmeos nascem em média 19 dias antes de um só bebê, o que enfatiza a importância da distensão mecânica em provocar contrações uterinas. Há razões para se acreditar que a distensão ou a irritação do colo uterino seja particularmente importante para provocar contrações uterinas. ➔ Por exemplo, os próprios obstetras, muitas vezes, induzem o trabalho de parto, rompendo as membranas, de maneira que a cabeça do bebê distenda o colo uterino mais efetivamente que o usual, ou irritando-o de outras formas. Não se sabe o mecanismo pelo qual a irritação cervical excita o corpo uterino. Já foi sugerido que a distensão ou irritação de terminais sensoriais no colo uterino provoque contrações uterinas reflexas; no entanto, as contrações poderiam ser resultantes da pura e simples transmissão miogênica de sinais do colo ao corpo uterino. O início do trabalho de parto — um mecanismo de feedback positivo para o seu desencadeamento Durante grande parte da gravidez, o útero sofre episódios periódicos de contrações rítmicas fracas e lentas, denominadas contrações de Braxton Hicks. ➔ Essas contrações ficam progressivamente mais fortes ao final da gravidez; então, mudam subitamente, em questão de horas, Larissa Moitinho e ficam excepcionalmente fortes, começando a distender o colo uterino e, posteriormente, forçando o bebê através do canal de parto, levando, assim, ao parto. Esse processo é denominado trabalho de parto, e as contrações fortes, que resultam na parturição final, são denominadas contrações do trabalho de parto. ➔ Não se sabe o que muda subitamente a ritmicidade lenta e fraca do útero para as contrações fortes do trabalho de parto. ➔ Entretanto, com base na experiência com outros tipos de sistemas de controle fisiológico, propôs-se uma teoria para explicar o início do trabalho de parto. A teoria de feedback positivo sugere que a distensão do colo uterino pela cabeça do feto torna-se, finalmente, tão grande que provoca forte reflexo no aumento da contratilidade do corpo uterino. ➔ Isso empurra o bebê para frente, o que distende mais o colo e desencadeia mais feedback positivo ao corpo uterino. ➔ Assim, o processo se repete até o bebê ser expelido. Em primeiro lugar, as contrações do trabalho de parto obedecem a todos os princípios de feedback positivo, ou seja, quando a força da contração uterina ultrapassa certo valor crítico, cada contração leva a contrações subsequentes que vão se tornando cada vez mais fortes, até atingir o efeito máximo. Em segundo lugar, dois conhecidos tipos de feedback positivo aumentam as contrações uterinas durante o trabalho de parto: 1) A distensão do colo uterino faz com que todo o corpo do útero se contraia, e tal contração distende o colo ainda mais, devido à força da cabeça do bebê para baixo; e 2) A distensão cervical também faz com que a hipófise secrete ocitocina, que é outro meio de aumentar a contratilidade uterina. Resumindo, podemos assumir que múltiplos fatores aumentam a contratilidade do útero ao final da gravidez. Por fim, uma contração uterina torna-se forte o bastante para irritar o útero,especialmente no colo, o que aumenta a contratilidade uterina ainda mais devido ao feedback positivo, resultando em segunda contração uterina mais forte que a primeira, uma terceira mais forte que a segunda, e assim por diante. ➔ Quando essas contrações se tornam fortes o bastante para causar esse tipo de feedback, com cada contração sucessiva mais forte que a precedente, o processo chega ao fim. ➔ Poderíamos questionar a respeito dos muitos casos de trabalho de parto falso, nos quais as contrações ficam cada vez mais fortes e depois diminuem e desaparecem. Lembre-se de que para o feedback positivo persistir, cada novo ciclo devido Larissa Moitinho ao processo de feedback positivo deve ser mais forte que o precedente. Se em algum momento, depois de iniciado o trabalho de parto, as contrações não conseguirem reexcitar o útero suficientemente, o feedback positivo poderia entrar em declínio retrógrado, e as contrações do trabalho de parto desapareceriam. AS CONTRAÇÕES MUSCULARES ABDOMINAIS DURANTE O TRABALHO DE PARTO Quando as contrações uterinas se tornam fortes durante o trabalho de parto, sinais de dor originam-se tanto do útero quanto do canal de parto. ➔ Esses sinais, além de causarem sofrimento, provocam reflexos neurogênicos na medula espinal para os músculos abdominais, causando contrações intensas desses músculos. ➔ As contrações abdominais acrescentam muito à força que provoca a expulsão do bebê. MECANISMOS Mecanismos do Parto As contrações uterinas durante o trabalho de parto começam basicamente no topo do fundo uterino e se espalham para baixo, por todo o corpo uterino. Além disso, a intensidade da contração é grande no topo e no corpo uterino, mas fraca no segmento inferior do útero adjacente ao colo. ➔ Portanto, cada contração uterina tende a forçar o bebê para baixo, na direção do colo uterino. No início do trabalho de parto, as contrações ocorrem apenas a cada 30 minutos. ➔ À medida que o trabalho de parto progride, as contrações finalmente surgem com tanta frequência quanto uma vez a cada 1 a 3 minutos, e sua intensidade aumenta bastante, com períodos muito breves de relaxamento entre elas. ➔ As contrações da musculatura uterina e abdominal combinadas durante a expulsão do bebê causam força descendente do feto equivalente a 12 kg, durante cada contração forte. Felizmente, essas contrações do trabalho de parto ocorrem intermitentemente, pois contrações fortes impedem ou às vezes até mesmo interrompem o fluxo sanguíneo através da placenta e poderiam causar o óbito do feto, se fossem contínuas. ➔ Na verdade, o uso excessivo de diversos estimulantes uterinos, como a ocitocina, pode causar espasmo uterino em vez de Larissa Moitinho contrações rítmicas e levar o feto ao óbito. Em mais de 95% dos nascimentos, a cabeça é a primeira parte do bebê a ser expelida e, na maioria dos outros casos, as nádegas apresentam-se primeiro. ➔ Quando o bebê entra no canal de parto primeiro com as nádegas ou os pés, isso é chamado apresentação pélvica. A cabeça age como uma cunha que abre as estruturas do canal de parto enquanto o feto é forçado para baixo. ➔ A primeira grande obstrução à expulsão do feto é o próprio colo uterino. ➔ Ao final da gravidez, o colo se torna friável, permitindo-lhe que se distenda quando as contrações do trabalho de parto começam no útero. 1) O chamado primeiro estágio do trabalho de parto é o período de dilatação cervical progressiva, que dura até a abertura cervical estar tão grande quanto a cabeça do feto. ➔ Esse estágio, geralmente, tem duração de 8 a 24 horas, na primeira gestação, mas muitas vezes apenas alguns minutos depois de várias gestações. 2) Quando o colo está totalmente dilatado, as membranas fetais geralmente se rompem, e o líquido amniótico vaza subitamente pela vagina. 3) Em seguida, a cabeça do feto se move rapidamente para o canal de parto, e, com a força descendente adicional, ele continua a forçar caminho através do canal até a expulsão final. Trata-se do segundo estágio do trabalho de parto, e pode durar tão pouco quanto 1 Larissa Moitinho Segundo o Freitas O nascimento fetal compreende o período que vai desde o início das contrações regulares até a expulsão da placenta. O TP (trabalho de parto) pode ser definido como a sequência de contrações uterinas involuntárias e coordenadas que resultam no apagamento e na dilatação do colo uterino. ● Tais contrações associadas ao esforço voluntário da parede abdominal levam à expulsão, através do canal do parto, dos produtos da concepção (Archie, 2007). O parto transcorre segundo a “teoria da menor resistência”, ou seja, a apresentação fetal tem que se adaptar aos menores diâmetros possíveis a fim de transpor as dimensões e os contornos mais favoráveis que são alcançados durante o trajeto do parto, vistos na Figura 20.5 (Biswas; Craigo, 1994, Cheng; Canghey, 2007). ● Assim, o mecanismo do parto depende da morfologia e da configuração da pelve (parte óssea e musculoaponeurótica), da apresentação e do tamanho fetal e da contratilidade uterina. O mecanismo do parto é uma combinação de eventos que são contínuos e simultâneos. ● Uma vez que em 95 a 96% dos casos o parto se processa em apresentação cefálica fletida, ou apresentação de vértice (Cheng; Canghey, 200 minuto, depois de várias gestações, até 30 minutos ou mais, na primeira gestação. Separação e Expulsão da Placenta Durante 10 a 45 minutos depois do nascimento do bebê, o útero continua a se contrair, diminuindo cada vez mais de tamanho, causando efeito de cisalhamento entre as paredes uterinas e placentárias, separando, assim, a placenta do seu local de implantação. ➔ A separação da placenta abre os sinusoides placentários e provoca sangramento. ➔ A quantidade de sangue limita-se, em média, a 350 mililitros pelo seguinte mecanismo: as fibras dos músculos lisos da musculatura uterina estão dispostas em grupos de oito ao redor dos vasos sanguíneos, onde estes atravessam a parede uterina. ◆ Portanto, a contração do útero, depois da expulsão do bebê, contrai os vasos que antes proviam sangue à placenta. ◆ Além disso, acredita-se que prostaglandinas vasoconstritoras, formadas no local da separação placentária, causem mais espasmo nos vasos sanguíneos. Dores do Trabalho de Parto A cada contração uterina, a mãe sente dor considerável. ➔ A cólica, no início dotrabalho de parto, provavelmente se deve, em grande parte, à hipoxia do músculo uterino, decorrente da compressão dos vasos sanguíneos no útero. ➔ Essa dor não é sentida quando os nervos hipogástricos sensoriais viscerais, que carregam as fibras sensoriais viscerais que saem do útero, tiverem sido seccionados. Entretanto, durante o segundo estágio do trabalho de parto, quando o feto está sendo expelido através do canal de parto, uma dor muito mais forte é causada pela distensão cervical, distensão perineal e distensão ou ruptura de estruturas no próprio canal vaginal. ➔ Essa dor é conduzida à medula espinal e ao cérebro da mãe por nervos somáticos, em vez de por nervos sensoriais viscerais. Involução do Útero depois do Parto Durante as primeiras 4 a 5 semanas depois do parto, o útero involui. ➔ Seu peso fica menor que a metade do peso imediatamente após o parto no prazo de uma semana; e, em quatro semanas, se a mãe amamentar, o útero torna-se tão pequeno quanto era antes da gravidez. ➔ Esse efeito da lactação resulta da supressão da secreção de gonadotropina hipofisária e dos hormônios ovarianos durante os primeiros meses de lactação. ➔ Durante a involução inicial do útero, o local placentário na superfície endometrial sofre autólise, Larissa Moitinho causando uma excreção vaginal conhecida como “lóquia”, que primeiro é de natureza sanguinolenta e depois serosa, mantendo-se por cerca de 10 dias, no total. ➔ Depois desse tempo, a superfície endometrial é reepitalizada e pronta mais uma vez para a vida sexual normal não gravídica. HORMÔNIOS Um dos fatores responsáveis por estimular as contrações uterinas na mãe é uma cadeia de produção de hormônios fetais. ➔ Inicialmente, o hormônio liberador de corticotrofina (CRH placentário) é secretado pelo hipotálamo do feto. ➔ Em seguida, esse hormônio ativa a produção de adrenocorticotrofina (ACTH) pela hipófise. ➔ Por sua vez, o ACTH estimula a secreção de cortisol pelo córtex da suprarrenal. ➔ Finalmente, o cortisol participa na síntese de estrógenos. Assim, a contração do útero dá-se pela atuação de esteroides. Além disso, a hipófise posterior do feto secreta ocitocina, que 1) Estimula contrações peristálticas na musculatura lisa uterina e; 2) Induz a liberação de prostaglandinas pela decídua. Enfim, as prostaglandinas sensibilizam as células do miométrio – ao provocar-lhes contratilidade – à ocitocina. Ainda há a atuação considerável dos estrogênios na contratilidade do miométrio e na secreção tanto de ocitocina quanto de prostaglandinas. ● Portanto, pode-se dizer que a atividade da ocitocina é um fator de grande importância para o trabalho de parto. FASES Define-se o início do trabalho de parto a partir da entrada da paciente ao centro obstétrico, com dilatação cervical entre 3 e 4cm, contrações significantes e membranas fetais íntegras. O processo, conforme já dito, caracteriza-se por contrações uterinas sequenciais, que tendem a modificar a Larissa Moitinho configuração plástica do colo do útero e a descida da apresentação fetal. Clinicamente, divide-se o parto propriamente dito em quatro fases ou estágios principais: 1. Dilatação ou apagamento do colo do útero; 2. Expulsão ou parto do feto; 3. Estágio da placenta, dequitação, delivramento, decedura ou secundamento; 4. Período de Greenberg. Para a Febrasgo (Federação brasileira de Ginecologia e Obstetrícia), as fases do TDP, às quais será dado enfoque, ocorrem consonantemente com as fases do parto. 1. Dilatação ou apagamento do colo do útero (“borramento”) Nessa fase, inicia-se a dilatação progressiva do colo uterino até a cérvice expandir-se totalmente. ➔ A mulher sente dolorosas contrações rítmicas que vêm, primeiramente, a cada 30 minutos e, depois, a cada 10 minutos. ➔ O saco amniótico é comprimido contra o canal cervical, contribuindo parcialmente para a formação da “bolsa d’água”, de modo que ambos passam a exercer pressão para dilatar as porções baixas do útero. ➔ No entanto, se as membranas fetais estiverem rompidas, a pressão é efetuada pela parte “exposta” do feto (normalmente a cabeça). Além disso, é possível realizar divisões funcionais do trabalho de parto em função do tempo, conforme descrito em gráfico por Friedman. ➔ Na primeira parte desse gráfico, há a divisão preparatória ou de aceleração, momento no qual se iniciam mudanças plásticas no colo uterino. ➔ Em seguida, tem-se a desaceleração máxima ou dilatação rápida, quando a dilatação vai de 3 a 9cm. ➔ Por fim, ocorre a desaceleração ou divisão pélvica, anterior à dilatação completa. Também é comum separar o padrão de dilatação em fase latente (preparação) e fase ativa (dilatação) – esta última contém as fases de aceleração, de dilatação rápida e de desaceleração. Larissa Moitinho Fase latente Caracterizada por contrações uterinas regulares e perceptíveis, mas pouco dolorosas, responsáveis pela dilatação de 3 a 5cm. ➔ Caso essa fase estenda-se por mais de 20 horas (primíparas) ou 14 horas (multípara), diz-se que houve prolongamento anormal das contrações. Fase ativa A partir desse momento, as contrações tornam-se dolorosas, pois a frequência e intensidade aumentam progressivamente no intuito de promover a rápida dilatação do colo uterino. ➔ Costuma durar de 2,4 a 5,2 horas em multíparas e de 4,6 a 11,7 horas em primíparas. 2. Expulsão ou parto do feto; Esse estágio refere-se à expulsão do bebê, processo iniciado a partir da dilatação completa do colo uterino (cerca de 10cm). ➔ Embora as contrações tenham significativa relevância nessa segunda etapa, a principal força vem, na realidade, dos músculos abdominais e do diafragma, que elevam a pressão intra-abdominal. Após passar pelo colo e pela vagina – distendida pela impulsão fetal – o feto sai do corpo da mãe e é denominado, então, recém-nascido (RN) ou neonato. ➔ A saída do feto evolui com a descida do polo cefálico e esta, por sua vez, é dividida em duas fases: 1) Pélvica e; 2) Perineal. OBS¹:Enquanto em (1) a apresentação fetal está acima do plano +3 de DeLee; em (2), a apresentação está abaixo do plano +3 de DeLee. OBS²:Para as mulheres primíparas, a expulsão dura cerca de 50 minutos; já para as mulheres multíparas, cerca de 20 minutos. 3. Estágio da placenta, dequitação, delivramento, decedura ou secundamento; Essa fase começa a partir do nascimento do RN e é encerrada pela expulsão da placenta e das membranas fetais. ➔ Taiselementos são expelidos, após a expulsão do feto, graças às contrações uterinas restauradas e à pressão intra-abdominal aumentada. ➔ Quando o estágio da placenta dura mais de 60 minutos, ocorre a placenta retida, visto que normalmente – em cerca de 90% dos casos – essa fase dura apenas 15 minutos. Nesse período do trabalho de parto, podem acontecer dois tipos distintos de dequitação: Larissa Moitinho 1) De Baudelocque-Schultze ou central, quando a placenta estava inserida posteriormente ao fundo do útero ou; 2) De Baudelocque-Duncan ou periférica, quando a placenta estava inserida na parede lateral do útero. No primeiro mecanismo, predominante, a exteriorização da face placentária fetal é seguida pela eliminação do coágulo (hematoma retroplacentário). Porém, em situações mais raras, o sangramento – devido ao descolamento pela face materna – é seguido da exteriorização placentária. Em ambos os casos, é comum que ocorra perda sanguínea de até 500mL. 4. Período de Greenberg. Após a dequitação, sucede esse estágio, conhecido pela retração uterina e pela formação de coágulos fisiológicos. ➔ Esses coágulos impedem as grandes hemorragias e são dependentes da contração uterina, do miotamponamento e do trombotamponamento. Assim, espera-se que, dentro de 1 hora após o parto, o útero adquira maior tônus, entrando na fase de contração uterina fixa que atua na manutenção da hemostasia uterina. Entretanto, quando o trabalho de parto é prolongado ou abrupto, a hemostasia uterina pode ser comprometida, levando a perdas sanguíneas significativas. ➔ Isso porque, nessa situação de desequilíbrio, os períodos de contração e relaxamento miometrial (fase de indiferença miouterina) são prolongados, de maneira que alimentam a perda sanguínea. Larissa Moitinho Larissa Moitinho Segundo o Freitas Definição e Epidemiologia Trata-se da interação entre o feto, a bacia e o útero. ➔ Por convenção, a orientação fetal na cavidade uterina é descrita em relação à situação, apresentação, atitude e posição fetais. ➔ Estes pontos podem ser estabelecidos clinicamente por palpação abdominal, exame vaginal e ausculta do feto. O Feto A cabeça fetal é representada pelo polo cefálico, que se divide em crânio e face. Ossos do Crânio: 02 ossos parietais, 02 frontais, 02 temporais, 01 occipctal, 01 esfenoide, 01 etmoide. Suturas: ● Metópica: sutura que separa os ossos frontais; ● Sagital: entre os ossos parietais; ● Coronal: entre os frontais e os parietais; ● Lambdoide: entre os parietais e occipital; ● Temporal: entre os parietais e temporais; Principais fontanelas associadas a estática fetal: ● Bregmática: o encontro entre a sutura sagital e coronal apresentando formato de losângulo. ● Lambdoide: encontro entre os ossos parietais e occipital apresentando formato triangular. Atitude Fetal Ao final da gestação o feto assume uma postura característica descrita como atitude ou hábito, sendo assim, atitude diz respeito a relação do feto com seu proprio eixo. ➔ O feto torna-se dobrado ou curvado sobre si mesmo, esta postura característica resulta do modo de crescimento fetal e sua acomodação à cavidade uterina. ● Eixo anteroposterior (fletido e defletido) ● Eixo laterolateral (Sinclitismo e Assinclitismo) SinclitismoA - encaixamento do polo cefálico fetal com a sutura sagital com a mesma distância entre a sínfise púbica e o promontório sacral. AssinclitismoB e C - flexão lateral da cabeça do feto; sutura sagital não está na linha média; pequenos assinclitismos são Larissa Moitinho estática fetal normais; graus extremos levam a distócia; importante fator na aplicação do forceps. ● Obliquidade de Litzmann (pube); ● Obliquidade de Nägele (sacro). POSIÇÕES É a relação do dorso fetal com pontos de referências do abdome materno. ● Esquerda: quando o dorso do feto se apresenta à esquerda do abdome materno. ● Direita: quando o dorso do feto se apresenta à direita do abdome materno. ● Anterior: quando o dorso do feto é voltado para diante do abdome materno. ● Posterior: quando o dorso do feto é voltado para trás do abdome materno. SITUAÇÃO É a relação entre o eixo longitudinal fetal e o da mãe, sendo longitudinal ou transversal. O casionalmente os eixos fetal e materno podem cruzar em um ângulo de 45 graus, formando uma situação óbliqua, instavel e que sempre se torna longitudinal ou tranversal no momento do parto. ➔ Logitudinal (cefálica e pelvica)> 90% dos casos ➔ Transversal ~ 1% APRESENTAÇÃO É a relação entre o polo fetal e estreito superior da pelve materna. ● Em geral, até o sexto mês de gestação, a cabeça fetal é comumente encontrada no fundo uterino (apresentação pélvica). ● Após essa idade gestacional, é comum a ocorrência de um movimento circular do feto sobre seu eixo, quando ele assume a apresentação cefálica. Larissa Moitinho EUTÓCICO O parto eutócico é um parto normal, no qual não se verificam alterações e que se inicia e conclui de forma espontânea, sem necessidade de intervenção médica. ➔ Neste tipo de parto, o feto encontra-se em posição fetal cefálica e flexionada e a sua saída é vaginal. DISTÓCICO Distocia fetal é a ocorrência de anormalidades de tamanho ou posição fetal, resultando em dificuldades no parto. ➔ O diagnóstico é feito por exame clínico, ultrassonografia ou pela resposta à evolução do trabalho de parto. CESÁRIA A cesariana, definida como o nascimento do feto mediante incisão na parede abdominal e uterina, é uma das cirurgias abdominais mais comumente realizadas em mulheres no mundo todo. ● O Brasil, ao lado do Chile, Argentina e Itália, figura entre os quatro países com os maiores índices de cesariana. ● É um procedimento que data desde a Antiguidade, mas que, nos últimos dois séculos, mudou muito em termos de indicações, objetivos, técnicas e consequências. Indicações De modo geral, a cesariana é recomendada quando as circunstâncias naturais não são favoráveis ao bem-estar materno e fetal. Isso quer dizer que a cesárea será indicada quando o parto normal oferece riscos para a mãe e para o bebê. ➔ As quatro indicações de cesarianas mais comuns são: cesariana prévia, distocia ou falha de progressão do trabalho de parto, apresentação pélvica e condição fetal não tranquilizadora (Villar et al., 2006). Larissa Moitinho TIPOS DE PARTO CONCEITOS O partograma é um documento oficial que deve ser preenchido a partir do momento quea gestante entra em trabalho de parto. ➔ Como o partograma é parte do prontuário, ele deve ser corretamente preenchido e aberto na hora correta. ➔ Existem dois critérios importantes para determinar o trabalho de parto: dilatação de pelo menos 3 centímetros e pelo menos 2 contrações efetivas. O partograma compreende 4 partes, que devem ser preenchidas de hora em hora, ou quando a gestante for reavaliada. Identificação da paciente A primeira parte é a identificação da paciente. ➔ Cada serviço pode ter um cabeçalho especificado, mas normalmente temos o nome completo, documento/ atendimento, idade da gestante e idade gestacional. Dilatação e altura do feto A segunda parte refere ao acompanhamento da dilatação e a altura do feto, duas informações que devem ser anotadas a cada toque vaginal que for realizado. ● O preenchimento é feito a partir da esquerda para a direita e além das outras duas informações, é necessário anotar a hora real e/ou a hora de registro. ➔ O triângulo é referente a dilatação e está correlacionado com a escala à esquerda. ➔ Já o círculo representa a altura do feto, respeitando os planos de De Lee ou de Hodge. Temos também duas linhas: a linha de alerta e a linha de ação. Elas podem estar presentes ou não no partograma, se não estiverem será de responsabilidade de quem abre o partograma desenhá-las. ● Ambas estão em um ângulo de 45 graus e devem estar espaçadas em 4 quadrados. E a linha de alerta deve começar na segunda hora do partograma. ➔ Linha de Alerta: o trabalho de parto deve acompanhar a linha, por isso, se a representação do parto ultrapassar essa linha, devemos prestar atenção. ➔ Linha de Ação: mostra a necessidade de intervenção, não necessariamente cesárea! Batimentos Fetais A terceira parte é o registro de Batimentos Fetais e deve ser marcado apenas com um ponto na frequência que o feto apresenta no momento do exame. ● Em seguida, há o registro das contrações. Larissa Moitinho PARTOGRAMA ● Para as contrações efetivas, deve-se preencher todo o quadrado. ● Se elas não forem efetivas, mas durarem entre 20 e 39 segundos, pinta-se apenas metade do quadrado, traçando uma linha na diagonal. ● O número de quadrados que pintar, representa a quantidade de contrações em 10 minutos. Uso (ou não) de ocitocina, aspecto do líquido amniótico e aspecto da bolsa A quarta e última parte, é onde será anotado se há ou não uso de ocitocina, o aspecto do líquido amniótico e o aspecto da bolsa. • BOLSA: A bolsa pode estar íntegra (I) ou rota (R) . • LÍQUIDO AMNIÓTICO (LA): o líquido pode ser claro (LC) ou meconial (LM). Lembrando que apenas com o rompimento da bolsa é possível avaliar o líquido amniótico. • OCITOCINA: é importante marcar a dose que está sendo utilizada. IMPORTÂNCIA A importância do partograma se confirma quando, num momento definido, avalia-se a completa evolução do parto; traz todas as informações necessárias: a dilatação cervical, a descida da apresentação, a posição fetal, a variedade de posição, a frequência cardíaca fetal, as contrações uterinas, a infusão de líquido e a analgesia. ➔ O exame completo de todas essas variáveis permite conhecer a evolução do parto e os fatores etiológicos responsáveis pela sua evolução normal e anormal. Palpação obstétrica (Manobras de Leopold Zweifel) Esta técnica visa à identificação da apresentação, posição e situação fetal. ➔ Temos a apresentação cefálica, pélvica ou córmica. ➔ Situação transversal oblíqua ou longitudinal. ➔ Posição direita ou esquerda. ◆ Variedade de posição (anterior, posterior e transversa). Modos de realizar as manobras e achados, bem como as relações útero fetais, conhecimentos fundamentais para se avaliar a apresentação, situação e posição, devem ser pesquisados em Zieguel e Cranley (1985); Brasil (2006a); Rezende (2005) e treinados durante a prática nas unidades de saúde. A palpação obstétrica constitui-se de quatro tempos: Larissa Moitinho AVALIAÇÃO DA POSIÇÃO FETAL CONCEITOS O período pós-parto, também conhecido como puerpério, inicia-se após o nascimento do concepto e a saída da placenta. ● O final do puerpério não é tão bem definido, sendo muitas vezes descrito como seis a oito semanas após o parto, período em que as modificações anatômicas e fisiológicas do organismo materno, em especial do seu aparelho reprodutor, são marcadamente notadas: ➔ Dextrodesvio. ➔ Consistência firme e gradual involução uterina. ➔ Regeneração endometrial. ➔ Alongamento do colo uterino com retomada gradativa de imperviedade. ➔ Crise vaginal pós-parto (descamação atrófica de seu epitélio) acompanhada por processo de ressurgimento de pregueamento e tônus de suas paredes. Didaticamente, o puerpério se divide em três etapas: ● Do 1º ao 10º dia – puerpério imediato ● Do 10º ao 45º dia – puerpério tardio ● Além do 45º dia – puerpério remoto MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ➔ Temperatura: fenômenos fisiológicos como ingurgitamento mamário (relacionado à apojadura) e proliferação com ascensão de bactérias vaginais à cavidade uterina justificam discreta elevação de temperatura por volta do 3º dia, cuja duração não excede 48 h. ➔ Dor abdominal: tipo cólica, exacerbada durante as mamadas, de maior intensidade durante a 1ª semana. Decorre de contrações uterinas por ação local da ocitocina, liberada na hipófise posterior pelo reflexo de sucção mamilar. ➔ Lóquios: secreção vaginal pós-parto composta por sangue, fragmentos deciduais, bactérias, exsudatos e transudatos vaginais. ◆ Apresenta odor forte e característico, com volume e aspecto influenciados por Larissa Moitinho puerpério gradual redução do conteúdo hemático. ➔ Aparelho urinário: edema e lesões traumáticas do trígono vesical e uretra podem acarretar retenção urinária. ◆ A esta, soma-se a maior capacidade vesical e eventual cateterismo para justificar predisposição à ocorrência de ITU. ➔ Aparelho digestivo: comum o retardo na primeira evacuação, pelo relaxamento da musculatura abdominal e perineal, assim como pelo desconforto em caso de episiorrafia e hemorróidas. ➔ Alterações psíquicas: breves crises de choro por instabilidade emocional, com marcantes mudanças de humor (disforia pós-parto ou blues puerperal) incidem em mais de 50% das pacientes nas duas primeiras semanas do puerpério. ➔ Mamas: o colostro já pode estar presente desde a 2ª metade da gravidez, ou no mais tardar, surge nos primeiros dias pós-parto. ◆ Apojadura com ingurgitamento mamário por volta do 3º dia pós-parto. ALTERAÇÕESLABORATORIAIS ● Ascensão dos níveis de hemoglobina e hematócrito em relação à gestação. ● Manutenção, por até uma semana, da leucocitose do trabalho de parto, em especial à custa de granulócitos. ● Não há desvio para esquerda. ● Linfopenia relativa e eosinopenia absoluta são comuns. ● Maior prevalência de complicações tromboembólicas é atribuída à associação de fatores clínicos (em especial limitação de mobilização) e alterações na coagulação sanguínea (elevação de fibrinogênio e plaquetas com manutenção do nível elevado de fator VIII em relação ao final da gravidez). CONDUTAS NO PUERPÉRIO FISIOLÓGICO Exame físico: ➔ Verificação de sinais vitas (PA, frequência cardíaca, temperatura), avaliação de coloração da pele e mucosas. ➔ Exame das mamas. ➔ Palpação abdominal (importante que não ocorra manipulação voluntariosa do útero visando manutenção intra-cavitária dos coágulos imprescindíveis a trombotamponagem) e avaliação de peristalse. ➔ Perdas vaginais: de relevância clínica destacam-se as variações na duração dos lóquios (não deve exceder o final da 2ª semana), constatação de redução diária de seu volume e eventual evolução patológica para padrão fétido de odor. ➔ Inspeção perineal (se pós-parto vaginal). Larissa Moitinho ➔ Membros inferiores: descartar empastamento de panturrilhas. Orientações: ● Deambulação: deve ser estimulada desde as primeiras horas do pós-parto e permitida, com supervisão (devido a ocorrência de lipotímias), desde que cessados os efeitos da anestesia. ○ O desconforto causado pela flacidez abdominal nos primeiros dias de puerpério pode ser minimizado com o uso de faixas ou cintas apropriadas. ● Alimentação: pode ser liberada logo após o parto transpélvico. ○ Não há restrições alimentares. ○ A dieta deve conter elevado teor de proteínas e calorias. ○ Importante incentivar a ingesta hídrica. ● Higiene: a vulva e o períneo devem ser lavados com água e sabão após cada micção e evacuação; orientar a higiene sempre na direção do ânus e evitar o uso de papel higiênico. ● Episiorrafia: desnecessária a prescrição rotineira de antissépticos e pomadas cicatrizantes; compressas de gelo na região perineal podem reduzir o edema e o desconforto da episiorrafia nas primeiras horas. ● Aleitamento: manutenção das mamas limpas e elevadas, através de sutiã apropriado; ○ Ingurgitamento mamário por ocasião da apojadura deve ser abordado com esvaziamento manual, compressa gelada após amamentação e, eventualmente, uso de ocitócico, spray nasal antes da mamada. ○ Em caso de ingurgitamento mamário na ocasião da apojadura: ■ Retirar o excesso de leite, após amamentação, por esvaziamento manual. ■ Bombas de sucção devem ser evitadas. ■ Compressa de gelo após amamentação por, no máximo, 10 minutos. ● Alta obstétrica: salvo intercorrências, pode ser autorizada após 48 horas. Em se tratando de parto vaginal, admite-se antecipá-la quando, além de evolução puerperal fisiológica em parto eutócico, constata-se ausência de comorbidade materna. ● Atividade sexual: liberada após 4 semanas do parto, respeitado o conforto e desejo da paciente. ● Revisão: consulta obstétrica deverá ser rotineiramente agendada para 30 a 40 dias após o parto, ocasião em que, demais do exame ginecológico, reassegura-se manutenção da amamentação e Larissa Moitinho procede-se orientação individualizada quanto à contracepção. Exames laboratoriais: ● Checagem sistemática da tipagem sanguínea materna, titulações de sífilis e HIV. ● Em caso de puérpera Rh negativo não sensibilizada (PAI negativa) torna-se obrigatória a verificação da tipagem sanguínea do recém-nato, além do Coombs direto. ● Em caso de paciente HIV positivo, suspensão da amamentação com comunicação imediata à pediatria. ● VDRL sugestivo de sífilis (sempre após análise comparativa com titulação pré-natal), contactar a pediatria. Medicamentos ● Não faz parte da rotina a prescrição de ocitocina no pós-parto transvaginal, após a saída do CO. ● Sua utilização profilática na dose de 5 a 10 UI EV (fracionadas e diluídas nas etapas de cristalóides) no pós-operatório de cesariana se justifica por reduzir a incidência de hemorragia puerperal, por atonia uterina. ● Sulfato ferroso 300 mg/dia VO deve ser mantido pelo menos até o 3º mês de puerpério. Diabetes Mellitus Gestacional (DMG): é a mulher com hiperglicemia detectada pela primeira vez durante a gravidez, com níveis glicêmicos sanguíneos que não atingem os critérios diagnósticos para DM. FISIPATOLOGIA A gestação se caracteriza um estado resistência à insulina. Essa condição, aliada à intensa mudança nos mecanismos de controle da glicemia, em função do consumo de glicose pelo embrião e feto, pode contribuir para ocorrência de alterações glicêmicas favorecendo o desenvolvimento de DMG. ➔ Alguns hormônios produzidos pela placenta e outros aumentados pela gestação, tais como lactogênio placentário, cortisol e prolactina, Larissa Moitinho DIABETES GESTACIONAL podem promover redução da atuação da insulina em seus receptores e, consequentemente, um aumento da produção de insulina nas gestantes saudáveis. ➔ Esse mecanismo, entretanto, pode não ser observado em gestantes que já estejam com sua capacidade de produção de insulina no limite. ➔ Essas mulheres têm insuficiente aumento de produção de insulina e, assim, podem desenvolver diabetes durante a gestação. DIAGNÓSTICO O Ministério a Saúde recomendou no Manual de Gestação de Alto Risco de 2012 o uso o uso de fatores clínicos de risco para DMG, associados a uma glicemia de jejum no início da gravidez (antes de 20 semanas ou tão logo seja possível), para o rastreamento de DMG. ● Na presença de glicemia de jejum de 85mg/dL a 125 mg/dL ou de qualquer fator de risco clínico as gestantes deveriam realizar o TOTG com 75g de glicose. O diagnóstico de DMG seria estabelecido diante de pelo menos dois valores maiores ou iguais a 95 mg/dL (jejum), 180 mg/dL (1ª hora) e 155 mg/dL (2ª hora). Mulheres que apresentassem duas glicemias de jejum ≥ 126mg/dL também receberiam o diagnóstico de DMG confirmado, sem necessidade de realizar o teste de sobrecarga de glicose. ● Caso fosse observado apenas um valor anormal no TOTG com 75 gramas, o teste deveria ser repetido com 34 semanas. CONSEQUENCIAS Gestante CURTO PRAZO: na gestação Na gestação, o DMG leva ao desenvolvimento de complicações adicionais que têm efeitos adversos na saúde da mãe e do filho, como distúrbios hipertensivos, ocorrência de polidrâmnio e a necessidade de realização de primeiracesárea. ● No período pós-parto imediato pode atrasar o início da amamentação e afetar a saúde da mulher e de seu filho. ● As mulheres com diagnóstico de DMG na primeira metade da gestação representam um subgrupo de alto risco para aumento das complicações obstétricas e clínicas. LONGO PRAZO: seguimento da vida As mulheres com DMG apresentam maior chance de recorrência do DMG em gestações futuras e também maior risco de desenvolverem DM2 ao longo da vida. ● Aquelas com obesidade ou as que necessitaram de insulina para o controle glicêmico na gestação têm maior risco de desenvolver DM2 no futuro. ● A resistência à insulina é a base fisiopatológica tanto do DMG como do DM2 e pode ser abordada com medidas que levam ao aumento da sensibilidade à insulina, como adequação nutricional, exercícios e medicamentos. Essas intervenções reduzem o risco de DM2 em mulheres de alto risco, como naquelas com história pregressa de DMG. Larissa Moitinho Bebê CURTO PRAZO: NA GESTAÇÃO E NASCIMENTO O risco mais comumente associado ao DMG não tratado é o crescimento fetal excessivo. ● As complicações neonatais mais graves são a síndrome do desconforto respiratório, a hipoglicemia e a hiperbilirrubinemia. A macrossomia fetal ocorre porque a glicose, que cruza a placenta por mecanismo de difusão facilitada, passa em maior quantidade ao feto. ● Como consequência, o feto desenvolve hiperglicemia e por ter um pâncreas normal desenvolve hiperinsulinemia. ● Esta associação hiperglicemia-hiperinsulinemia estimula o crescimento fetal e a glicose em excesso é armazenada como gordura no feto causando a macrossomia, aumento da deposição de gordura no tórax-abdome, com consequente maior risco de distocia de ombro, que aumentaos riscos de tocotraumatismos e de intervenções cesarianas. A hiperinsulinemia fetal parece também ser o fator etiológico do atraso na produção do surfactante pulmonar que leva ao aumento do desconforto respiratório. LONGO PRAZO: SEGUIMENTO DA VIDA As evidências atuais ressaltam que a exposição fetal intra-uterina ao DMG está associada com risco futuro elevado de obesidade, DM2 e doença cardiovascular. ● O ambiente hiperglicêmico adverso que o feto de mãe com diabetes está exposto na vida intrauterina tem papel crucial no desenvolvimento futuro de doenças: é a teoria de Barker, da Origem do Desenvolvimento de Saúde e Doença (DOHaD). ● O feto se adapta ao ambiente intrauterino por meio de mudanças na expressão gênica que o prepara para condições similares após o nascimento. Controlar com rigor a glicemia materna elevada, além de reduzir as complicações perinatais a curto prazo, reduz as chances de que esta criança desenvolva obesidade, diabetes e alterações do metabolismo lipídico até mesmo antes da adolescência. GUYTON, A.C.; HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. 11ª ed. Rio de Janeiro, Elsevier Ed., 2006. MARTINS-COSTA, Sérgio. Rotinas em Obstetrícia. 7 ed. Artmed, 2017 e alterações. Eduardo, F. C. Febrasgo - Tratado de Obstetrícia. Rio de Janeiro; Grupo GEN. MOORE. Keith L. - Embriologia Clínica 8ª edição. Rio de Janeiro; Editora Elsevier. Larissa Moitinho REFERÊNCIA SADLER. Langman - Embriologia Médica 13ª edição. Rio de Janeiro; Grupo GEN. SAITO. Emília - Fisiologia do parto: contratilidade uterina e períodos clínicos do parto. USP, São Paulo. Disponível em: <https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php /3907858/mod_resource/content/1/Contra tilidade%20Uterina%20%2B%20Per%C3 %ADodos%20Cl%C3%ADnicos%20Parto %203%20agosto%202017.pdf>. ASSISTÊNCIA AO PUERPÉRIO: Rotinas Assistenciais da Maternidade-Escola da Universidade Federal do Rio de Janeiro . http://www.me.ufrj.br/images/pdfs/proto colos/obstetricia/assistencia_ao_puerperi o.pdf Organização Pan-Americana da Saúde. Ministério da Saúde. Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. Sociedade Brasileira de Diabetes Rastreamento e diagnóstico de diabetes mellitus gestacional no Brasil. Brasília, DF: OPAS, 2016. https://www.diabetes.org.br/profissionais /images/pdf/diabetes-gestacional-relatori o.pdf Organização Pan-Americana da Saúde. Ministério da Saúde. Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. Sociedade Brasileira de Diabetes Tratamento do diabetes mellitus gestacional no Brasil. Brasília, DF: OPAS, 2019. https://www.diabetes.org.br/profissionais /images/pdf/Consenso_Brasileiro_Manejo _DMG_2019.pdf Larissa Moitinho http://www.me.ufrj.br/images/pdfs/protocolos/obstetricia/assistencia_ao_puerperio.pdf http://www.me.ufrj.br/images/pdfs/protocolos/obstetricia/assistencia_ao_puerperio.pdf http://www.me.ufrj.br/images/pdfs/protocolos/obstetricia/assistencia_ao_puerperio.pdf https://www.diabetes.org.br/profissionais/images/pdf/diabetes-gestacional-relatorio.pdf https://www.diabetes.org.br/profissionais/images/pdf/diabetes-gestacional-relatorio.pdf https://www.diabetes.org.br/profissionais/images/pdf/diabetes-gestacional-relatorio.pdf https://www.diabetes.org.br/profissionais/images/pdf/Consenso_Brasileiro_Manejo_DMG_2019.pdf https://www.diabetes.org.br/profissionais/images/pdf/Consenso_Brasileiro_Manejo_DMG_2019.pdf https://www.diabetes.org.br/profissionais/images/pdf/Consenso_Brasileiro_Manejo_DMG_2019.pdf
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