Buscar

RESUMO - PATOLOGIA DAS MAMAS

Prévia do material em texto

Helena Costa Franco 
PATOLOGIA DAS MAMAS 
ANATOMIA DA MAMA 
- A mama é constituída por um sistema de ductos 
que se ramificam a partir da papila mamária. 
- Unidade terminal ducto-lobular ou lóbulo 
mamário (UTDL) – ducto terminais + seus 
dúctulos. 
- Entre esses sistemas de ductos há tecido 
fibroadiposo da mama. 
 
 
 
 
- Células epiteliais ou luminais: são células 
cuboides/colunar que estão em contato com o 
lúmen. 
- Células mioepiteliais: função de contração da 
mama. 
- Membrana basal 
- Célula progenitora: não se difere na histologia 
das outras células. 
- Hiperplasia mamária: várias camadas de 
células epiteliais (o normal é só 1 célula). 
→ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DAS 
PATOLOGIAS MAMÁRIAS 
- Categorias principais: 
1- Dor/mastalgia: lesões inflamatórias (mastites) 
• Saber diferenciar que a dor é realmente 
na mama, ver se a dor é cíclica (é comum 
dor/desconforto na segunda fase do ciclo, 
antes do período menstrual) ou acíclica 
(fala a favor de dores inflamatórias). 
• Mastite aguda da lactação – decorre 
devido ao trauma repetido que provoca 
fissuras, que funcionam como porta de 
entrada para as bactérias. 
• Abscesso subrareolar “recidivante” – 
principal fator de risco é o tabagismo; os 
produtos tóxicos do tabaco podem ser 
agressivos ao epitélio mamário, levando a 
uma metaplasia escamosa do ducto 
mamário, que produz queratina e como 
consequência, com o passar do tempo, 
Helena Costa Franco 
haverá obstrução do ducto mamário, 
impedindo a drenagem adequada de 
secreções, que podem levar a infecção 
secundária e abscesso, que podem 
fistulizar e drenar líquido. 
OBSERVAÇÃO: cerca de 1% ou menos dos 
cânceres de mama se manifestam como dor 
mamária. Quando há dor, geralmente ele é um 
estágio muito avançado. 
2- Massa palpáveis/ “nodosidade”: deve-se 
fazer diferenciação entre mama densa (resposta 
alterada e estímulo hormonal) e nódulos. 
• Característica do nódulo: bem 
delimitado ou não, aderindo a planos 
profundos ou não. 
OBSERVAÇÃO: nódulos mamários tem 20% de 
chance de ser câncer de mama, suspeita que 
aumenta com a idade da paciente. 
3- Descarga mamilar: secreção pelo mamilo. 
• Láctea: amamentação; tumor de hipófise 
produtor de prolactina. 
• Amarelo-esverdeada-opacas: associada 
a cistos. 
• Quando se preocupar: cerca de 5% dos 
casos podem ser devido a um câncer, por 
isso, devemos no preocupar com a 
descarga UNILATERAL, UNIDUCTAL 
(secreção que sai de apenas um ducto), 
secreção ESPONTÂNEA e secreção em 
aspecto “água de rocha” (transparente) 
ou aspecto “água de carne” 
(sanguinolento). 
OBSERVAÇÃO: a principal causa de descarga 
papilar sanguinolenta é o papiloma ductal, lesão 
benigna que se desenvolve no interior dos ductos 
mamários e é muito vascularizada, o que causa 
sangramento. 
→ PROPEDÊUTICA DAS PATOLOGIAS 
MAMÁRIAS 
Estudos por imagem: 
- Mamografia: permite a detecção precoce de 
várias lesões. 
o Limitação: pacientes que apresentam 
mamas densas (pacientes jovens), pois 
não faz contraste evidente entre a lesão e 
a densidade da mama. Devido a isso, a 
mamografia é usada a partir dos 40 anos, 
idade em que a mama se torna menos 
densa. 
- Ultrassonografia: vê melhor as mamas densas 
(principalmente em pacientes jovens). 
- Ressonância magnética nuclear: maior custo, 
não é usado de rotina. Usada principalmente em 
casos de ruptura de próteses e detecção de 
carcinomas mamários ocultos (muito pequenos). 
- Punção/biópsia da mama: realizada quando 
há algum exame alterado com necessidade de 
investigação adicional. 
o Punção aspirativa por agulha fina 
(PAAF): como o lumem da agulha é muito 
fino, não é possível identificar a histologia, 
mas é possível fazer a identificação de 
número de células (estudo citológico) 
Identificação: lesões císticas (tanto para esvaziar 
quanto para estudar o conteúdo da lesão) e 
investigação de lesões com suspeita de 
benignidade (em que paciente não tenha acesso 
a core biopsy). 
o Core biopsy (agulha grossa): usada nos 
casos de lesões palpáveis/maiores. O 
lumem da agulha é maior, possibilitando 
ver fragmentos filiformes da lesão = 
estudo histológico. 
Vantagens: pode ser usada em ambientes 
ambulatorial, quando dá positivo realmente 
podemos acreditar na positividade deste exame 
e, em casos selecionados, é possível aproveitar o 
material para realização de exame imuno-
histoquímico. 
Limitações: lesões que clinicamente e pelo 
exame de imagem aparentam ser malignas, mas 
a core biopsy veio negativa → pode ser um 
resultado falso-negativo. 
- Mamotomia (biópsia a vácuo): agulha ainda 
mais grossa. 
Indicação: lesões não palpáveis da mama. É feita 
guiada por ultrassom. Nesse caso, obtêm-se 
fragmentos cilíndricos e é possível retirar 
completamente a lesão. 
Desvantagem: exame muito caro. 
- Biópsia excisional: retirar completamente a 
lesão mamária por meio de cirurgia aberta. 
PATOLOGIA DA MAMA 
→ LESÕES BENIGNAS NÃO NEOPLÁSICAS 
Helena Costa Franco 
- Podem ser proliferativas ou não proliferativas 
- São o grupo de lesões mais comuns. 
1 – LESÕES EPITELIAIS BENIGNAS NÃO 
NEOPLÁSICAS E NÃO PROLIFERATIVAS 
Alterações fibrocísticas da mama: 
- Epidemiologia: ocorrem entre 30-45 anos de 
idade. 
- Patogênese: desequilíbrio da resposta ao 
estímulo hormonal cíclico (ciclo menstrual). 
Algumas áreas diferentes da mama respondem 
de maneira diferente, de modo que em algumas 
áreas pode haver formação de cistos, que podem 
gerar reação inflamatória crônica, que leva a 
fibrose. Por isso são encontrados cistos e fibrose. 
- Clínica: massa palpável (área mais rígida e 
densa), descarga papilar (caso cisto tenha 
ligação com o ducto papilar, quando ele se 
rompe, a secreção sai pelo mamilo) que pode ser 
opaca ou multicolorido. 
- Importância prática: não há risco de evolução 
maligna (não são precursoras de câncer de 
mama). 
 
Hiperplasias epiteliais: 
- Normal: duas camadas de células (1 células 
mioepiteliais e 1 de epiteliais). 
- Hiperplasia: duas ou mais camadas de células 
epiteliais. 
- Importância: alguns tipos funcionam como fator 
de risco para câncer e mama (exemplo: 
hiperplasias epiteliais atípicas – chance 5-11x 
maior do que a população normal, principalmente 
se houver história familiar de câncer de mama). 
- Diagnóstico: é histopatológico 
- Como desconfiar: alterações mamográficas 
(como microcalcificações vistas ao exame de 
imagem, que podem estar associadas com áreas 
de hiperplasia). A partir dessas alterações, há 
uma abordagem cirúrgica com posterior análise 
histopatológica que identifica hiperplasia. 
2 – LESÕES BENIGNAS NEOPLÁSICAS DA 
MAMA 
Fibroadenoma 
- Tumor benigno mais comum da mama 
- Epidemiologia: 20-35 anos (não significa que 
não existe em pacientes com mais idade). 
- Patogênese: relação hormonal (aumenta de 
volume durante a gravidez e diminui na pós-
menopausa) 
- Relevância clínica: risco pequeno de câncer 
de mama (ocorre em tipos especiais – 
fibroadenomas complexos que tem cistos de 
mais de 3mm – com risco de 1,5x). 
OBSERVAÇÃO: fibroadenomas simples não tem 
risco. 
 
Tumor de Phyllodes 
- Semelhante ao fibroadenoma, com proliferação 
de ductos e fibrose. 
- Pode ser benigno, localmente agressivo ou 
maligno (20%) – Localmente agressivo ou 
maligno quando: tamanho maior que 4cm; 
margens irregulares; atipia celular estromal; 
mitoses (mais que 10 mitoses em campos de 
grande aumento); áreas de necrose. 
- Evolução: rápido padrão de crescimento e 
volume da lesão maior 
- Epidemiologia: pico de acometimento em torno 
da 5° década de vida. 
 
→ LESÕES MALIGNAS NEOPLÁSICAS 
Helena Costa Franco 
3 – CÂNCER DE MAMA – CARCINOMA 
MAMÁRIO – NEOLPASIA MALIGNA 
MAMPARIA 
- Queixas clínicas/alterações no exame físico: 
o Presença de nódulos palpáveis 
o Descarga mamilar/papilar – unilateral, 
uniductal, espontânea, “água de 
rocha/cristalino” ou hemorrágica.o Alterações na pele: retrações 
abaulamentos, inversão do mamilo. 
- Anormalidades mamográficas: a partir da 
categoria 4 de BIRADS já tem chance de ter 
neoplasia maligna. 
o 4 – 30% de chance 
o 5 – 95% ou mais de chance 
- Achado incidental: pacientes que retiram 
fragmentos de mama porque fizeram 
mamoplastia e quando o material vai para o 
anatomopatológico, detecta-se o câncer. 
- Investigação de derrames papilares: 
principalmente através da coleta citológica do 
líquido/secreção. 
- Metástases: alguns pacientes já abrem o 
quadro com metástase cerebral e /ou osso. 
- Fatores de risco: 
o Idade: principalmente em pacientes 
>50anos de idade. 
o História familiar: 1/3 das pacientes tem 
parentes de primeiro grau com a doença. 
(Ter história familiar positiva não significa 
que é de caráter hereditário, pois para ser 
hereditário precisa ter a mutação nos 
genes BRCA1 ou BRCA2. 
o Fatores genéticos: (5-10% dos casos) – 
mutações nos genes BRCA1 e BRCA2 
(são genes supressores de tumor que 
controlam mutações; quando estão 
mutados/alterados, predispõe câncer de 
mama pois deixam de exercer sua função 
de supressor tumoral). Nas pessoas que 
tem essa mutação, a chance de 
desenvolver câncer varia de 80-90%, o 
que pode motivar a mastectomia 
profilática (antes do envolvimento do 
câncer). – Isso acomete pacientes mais 
jovens (<50anos), podem desenvolver 
tumor bilateral e que é mais resistente aos 
tratamentos 
quimioterápicos/medicamentoso. 
o Algumas doenças mamárias prévias: 
hiperplasia epiteliais atípicas (5-11x mais 
chance do que a população normal), 
carcinoma mamário prévio. 
o Fatores hormonais: estimulo estrogênico 
prolongado em um tecido que é 
geneticamente susceptível. O estímulo 
prolongado pode ser endógeno (menarca 
precoce ou menopausa tardia, pacientes 
que não engravidam e/ou não 
amamentaram, pacientes obesas devido a 
maior conversão periférica de andrógenos 
em estrógenos) ou exógeno (ACO – 
apesar de ser controverso essa 
associação – porém terapia de reposição 
hormonal é sim um fator de risco: quando 
ocorre há mais de 5 anos e principalmente 
quando é feita com estrógeno + 
progesterona). 
o Fatores ambientais: álcool, 
sedentarismo. 
- Classificação histopatológica: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Helena Costa Franco 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Helena Costa Franco 
 
→ Disseminação do Câncer de mama 
- Invasão local: músculos, costelas. 
- Linfática: ocorre principalmente para linfonodos 
axilares (no momento do diagnóstico 30-50% dos 
pacientes já tem metástases axilar). 
- Hematogênica: pulmão, fígado, ossos, ovários, 
SNC. 
OBSERVAÇÃO: nos carcinomas lobulares é 
comum ver metástases para cavidades serosas 
como peritônio e pleura, TGI e meninges. 
→ Fatores prognósticos e preditivos: 
- Metástases em linfonodos: fator mais 
importante, quanto mais linfonodos acometidos, 
pior é. 
- Tamanho do tumor: <1cm tem melhor 
prognóstico e >3cm tem pior prognóstico. 
- Subtipo histológico: ductal tem pior 
prognóstico do que lobular. 
- Grau histológico do tumor: pouco 
diferenciado tem pior prognóstico do que bem 
diferenciado. 
- Índice prognóstico do Nottingham: avalia o 
grau de diferenciação do tumor. 
- Índice proliferativo: quanto maior, pior é. 
- Invasão linfática e sanguínea: pior 
prognóstico 
- Angiogênese e linfagiogênese: pior 
prognóstico. 
→ Fatores preditivos de resposta terapêutica: 
pesquisa de determinado antígeno para ver qual 
perfil bioquímico a paciente vai expressar, o que 
pode definir qual é o melhor tratamento para ela. 
- Imunohistoquímica de resposta terapêutica: 
lâmina é feita a partir de um material retirado de 
biópsia, fundo da lâmina é azul e se o antígeno 
que você estiver pesquisando estiver positivo, 
aparecerá uma cor marrom. 
 
- Outros cenários: 
- Pacienre negativa para os três tipos de 
receptores: tumores triplo negativos → como não 
tem boa resposta ao tamoxifeno e herseptim, os 
tumores são mais agressivos com pior 
prognóstico. Esse tipo costuma ser mais comum 
em pacientes jovens com mutações em BRCA1 e 
BRCA2.

Continue navegando