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PRINCÍPIOS ANESTÉSICOS EQUIPAMENTOS DE ANESTESIA A anestesiologia começou há > 150 anos, com a administração da primeira anestesia com éter, que possuíam altos risco de mortalidade e morbidade devido a equipamentos primitivos, drogas propensas a complicações e falta de monitoração adequada, entretanto, os rápidos progressos tecnológico e farmacológico resultaram na capacidade de prover anestesia segura para procedimentos cirúrgicos complexos. Posteriormente, avançou-se para aparelhos de anestesia que reduzem a possibilidade de fornecer misturas hipóxicas de gases, os vaporizadores que fornecem doses mais acuradas de agentes inalatórios, e os ventiladores intraoperatórios de anestesia que fornecem suporte ventilatório mais preciso. Além disso, os avanços farmacológicos incluem drogas de curta ação com poucos efeitos colaterais - os maiores avanços são dispositivos de monitoração, que incluem analisadores da concentração de O2 administrado, capnógrafos, oxímetros de pulso e analisadores de gases anestésicos. Coeficiente de solubilidade sangue/gás (S/G): medida da captação do agente pelo sangue, em geral, agentes menos solúveis (baixo S/G), como óxido nitroso e desflurano, tem indução e despertar mais rápidos, já, em agentes com alta solubilidade há indução e despertar mais lentos. Concentração alveolar mínima (CAM): medida da potência, é a concentração necessária de agente para prevenir o movimento em resposta à incisão da pele em 50% dos pacientes - CAM alta são menos potentes. Incluíam inicialmente éter, óxido nitroso e clorofórmio, que possuíam limitações importantes, posteriormente, desenvolveram-se drogas que facilitam a rápida indução e despertar, são elas: isoflurano, sevoflurano e desflurano. ÓXIDO NITROSO: CAM = 104%, incapaz de fornecer anestesia adequada a pressão atmosférica, influencia minimamente a respiração e a hemodinâmica, tem baixa solubilidade no sangue, frequentemente combinado a um dos agentes voláteis para permitir uma dose menor do segundo agente, limitando efeitos colaterais, reduzindo custos e facilitando rápida indução e despertar. ISOFLURANO: agente inalatório halogenado mais utilizado, tem baixo custo de produção, odor irritante, menor redução do débito cardíaco, menor sensibilização aos efeitos arritmogênicos das catecolaminas e mínimos efeitos metabólicos. Em CAM < 1,0 há pequeno aumento no fluxo sanguíneo cerebral e na pressão intracraniana (PIC) e deprime a atividade metabólica cerebral em maior grau. DESFLURANO: rapidamente captado e eliminado, tem odor irritante, está associado à taquicardia e à hipertensão, se sua concentração for aumentada rapidamente, quando expostos a cal soldada, são parcialmente convertidos em monóxido de carbono. PRINCÍPIOS FARMACOLÓGICOS O aparelho de anestesia moderno fornece oxigênio e gases anestésicos ao paciente, além de ter ventiladores que permitem suporte suporte respiratório eficaz e monitores integrados que medem com precisão a oferta de oxigênio, concentrações de gás inspirado e expirado, pressões nas vias aéreas, ventilação minuto e fluxos de gases frescos. AGENTES INALATÓRIOS Morfina, hidromorfina e meperidina são agentes de ação intermediária de custo menor, utilizados na analgesia pós-operatória. Fentanil: opióide sintético, 100-150 vezes mais potente que a morfina, usado para manutenção da anestesia, com rápido início de ação e curta duração. Opióides sintéticos novos de curta duração (sufentanil e alfentanil) são rapidamente metabolizados e excretados. Remifentanil: opióide metabolizado por esterases séricas, de ação ultracurta, usado com frequência em anestesia exclusivamente venosa (anestesia venosa total), sendo útil como parte da sequência de indução de anestesia devido ao seu rápido início e curta duração de ação. Os opióides reduzem a dose de agentes inalatórios, limitam a hipertensão e taquicardia associadas com manipulações, como entubação endotraqueal e incisão cirúrgica, fornecem analgesia que se estende ao período pós-operatório imediato e facilitam o despertar tranquilo, agem como anestésicos completos proporcionando analgesia, hipnose e amnésia, e, são adicionados a soluções de anestésicos locais em bloqueios peridurais e subaracnóideos para melhorar a qualidade da analgesia. BLOQUEADORES NEUROMUSCULARES: impedem o movimento em resposta ao estímulo nociceptivo, são necessárias doses mais altas para fornecer condições satisfatórias de entubação do que para o relaxamento cirúrgico, este pode ser potencializado com outras drogas anestésicas, as respostas individuais variam amplamente e há dificuldade de detecção de bloqueios sutis que podem estar associados a problemas pós-operatórios. Seu uso necessita de uma estratégia para assegurar o retorno à função muscular adequada na conclusão da anestesia, muitas complicações estão relacionadas à reversão inadequada ao término da cirurgia ou à avaliação inadequada da reversão - geralmente, são revertidos com um anticolinesterásico associado à atropina ou glicopirrolato, para impedir efeitos muscarínicos. 1. Agentes despolarizantes (não competitivos): tem efeitos agonistas nos receptores colinérgicos da junção neuromuscular, causando contrações como fasciculações, seguidas por relaxamento profundo. Succinilcolina: único despolarizante em uso clínico, útil para entubação endotraqueal devido ao rápido início e curta duração de ação, está associado à hipercalemia e hipertermia maligna, pode ser administrada em 1 dose alta, que é rapidamente metabolizada pela pseudocolinesterase plasmática, com duração de ação de 5 minutos. Os efeitos colaterais incluem bradicardia e hipercalemia grave, com risco de morte, em pacientes com queimaduras, paraplegia, quadriplegia e trauma grave, além disso, causa fasciculações musculares visíveis, sendo causa de dor muscular pós-operatória. 2. Agentes não despolarizantes (competitivos): competem com a acetilcolina pelos receptores, com a magnitude do bloqueio dependente da disponibilidade de acetilcolina e da afinidade do agente pelo receptor. Usados quando a succinilcolina é contraindicada, em pacientes que se antecipa entubação traqueal fácil e quando é necessário relaxamento intraoperatório para facilitar o acesso cirúrgico, tem efeitos adversos relacionados com vagólise ou liberação de histamina. Tiopental: indução rápida e confortável, em pacientes hipovolêmicos e com ICC, podem levar à hipotensão grave em função da depressão cardíaca, produz rápido despertar devido à redistribuição do agente a partir do encéfalo para os tecidos periféricos, especialmente gordura - em doses mais altas ou após a infusão prolongada, há o aumento dos níveis sanguíneos e a ação do tiopental circulante devem ser reduzidas através de metabolismo hepático, limitado a 10%/h. Cetamina: produz estado dissociativo de anestesia, aumenta a PAl e a FC e diminui a hiperatividade brônquica, causando depressão cardíaca direta - causa o menor grau de depressão ventilatória e perda do reflexo de proteção das vias aéreas, sendo o único anestésico para procedimentos curtos e superficiais, pois produz amnésia profunda e analgesia somática. Propofol: indutor em procedimentos ambulatoriais, gente de curta ação associado a um despertar tranquilo e sem náusea - em pequenas doses tem sido utilizado para sedação em procedimentos curtos, tem como limitações: dor à injeção e redução da PA, produz excelente broncodilatação. Etomidato: componente imidacólico que produz poucas alterações hemodinâmicas, tem como efeitos adversos: dor e queimação à injeção, movimentos musculares anormais (mioclonias) com supressão vagal. Desmedetomidina: α2-agonista adrenérgico seletivo que tem propriedades amnêsticas, sedativas e analgésicas, utilizada como sedativo pré-operatório, adjuvante anestésico e sedativo-hipnótico para a sedação em pacientes críticos, causa mínima depressão respiratória, mas pode ter efeitos cardiovasculares significativos, incluindo bradicardia e hipotensão. Usados principalmente para indução da anestesia e como parte de uma combinação de múltiplas drogaspara produzir anestesia balanceada. AGENTES INDUTORES: AGENTES INTRAVENOSOS OPIOIDES: usados em pacientes submetidos à anestesia geral e são administrados como adjuvantes aos pacientes que recebem anestesia regional ou local, produzem anestesia profunda e depressão cardíaca mínima, tem como desvantagens: depressão ventilatória, hipnose e amnésia insatisfatórias. SELEÇÃO DE TÉCNICAS E DROGAS ANESTÉSICAS Como o paciente será posicionado? Qual é a duração esperada da cirurgia? É esperado que o paciente retorne para casa após um procedimento ambulatorial ou a internação hospitalar é necessária? (Em caso de redução de custo) Os custos das novas drogas são justificados pelo benefício clínico previsto? Inicia com a avaliação anestésica pré-operatória, sendo importante o reconhecimento de doenças preexistentes e o uso crônico de medicações sugerem que certas abordagens podem ser preferíveis a outras, assim, as necessidades do procedimento cirúrgico e do cirurgião são então consideradas: Qual é o local da operação? Desse modo, o anestesiologista discute as opções relativas ao cuidado anestésico com o paciente, assim, com orientações do cirurgião, ambos escolhem uma técnica anestésica - a evolução contínua das drogas anestésicas, a melhora na acurácia e aplicabilidade de dispositivos de monitoração, e a melhora paralela no manejo de doenças crônicas pode, ajustar a estratégia anestésica de forma individual e personalizada. SELEÇÃO DE TÉCNICAS ESPECÍFICAS: deve-se considerar se o procedimento pode ser realizado apropriadamente utilizando assistência anestésica monitorada, anestesia regional ou anestesia geral. LIDOCAÍNA (XILOCAÍNA) - 1% E 2% Tem ação efetiva e segura, baixa toxicidade (no SNC, pode causar convulsões), uso tópico (gel ou spray) ou infiltração local, droga antiarrítmica, pH próximo da neutralidade (baixa reação tecidual), baixa tolerância (1-2 min para começar a fazer efeito), dura em média 1-2 hora, possui dose máxima de 7 mg/kg e, se associada a vasoconstritor, 10 mg/kg. Útil para operações sobre as extremidades superiores e inferiores, pelve e parte inferior do abdome, geralmente, os pacientes permanecem acordados e, se necessário, podem receber sedação intravenosa ou analgésicos suplementares, fornecendo excelente controle pós-operatório da dor, no entanto, seus riscos específicos devem ser considerados, entre eles incluem cefaleia pós-punção dural, toxicidade por anestésicos locais e lesão nervosa periférica - além disso, uma anestesia regional insuficiente pode requerer mudança rápida para sedação mais profunda ou anestesia geral. Anestesia regional visa o bloqueio dos movimentos e analgesia em uma determinada região do corpo, já a anestesia local consiste no bloqueio reversível da condução nervosa, em uma área delimitada determinando perda das sensações sem alteração do nível de consciência ou ação muscular. DROGAS ANESTÉSICAS LOCAIS: importante na anestesia intraoperatória, divididas em 2 classes em uso corrente: amio ésteres e amino amidas (ésteres e amidas), cujo mecanismo de ação é o bloqueio dose-dependente dos fluxos de sódio nas fibras nervosas, e diferem em relação às características físico-químicas, como: pKa (metade da droga está na forma básica não ionizada e metade na forma catiônica), ligação a proteínas (se aumentada provoca longa duração da ação) e grau de hidrofobicidade (quanto maior a hidrofobicidade, maior a potência). ANESTESIA REGIONAL Qualquer procedimento planejado sob anestesia local, regional ou assistência monitorada pode necessitar de conversão para anestesia geral se a escolha inicial for insatisfatória. pKa: agentes com baixo pKa tem início mais rápido, como os agentes anestésicos locais mais comuns tem pKa alto, por isso são pouco eficazes em meios acidóticos (inflamados), nos quais estão, primariamente, na forma ionizada, que não penetra nas fibras nervosas. BUPVACAÍNA (MARCAÍNA) - 0,5% E 0,75% Em altas doses é anestésico, em baixas doses é analgésico, administrado por infiltração local e bloqueio epidural, tem alta potência (maior que a lidocaína), média latência (2-10 min), média a alta toxicidade (principalmente no SNC e cardiovascular), longa duração (2-5 horas após injeção epidural e até 12 horas após bloqueio nervosos perífericos, tem dose máxima de 2 mg/kg, e, se associada a vasoconstrictor, 4 mg/kg ROPIVACAÍNA (NAROPIN) - 0,2%, 0,75% E 1% Ação semelhante a bupivacaína, tem média potência, longa latência e longa durança, média a baixa toxicidade - é a mais utilizada pelos anestesistas. Associação do anestésico local com o vasoconstritor; Toxicidade. Agentes anestésicos locais: tem potência, duração de ação e início da ação variáveis após administração subaracnoide, as doses tipícas e duração de ação são determinadas pela solubilidade lipídica, ligação a proteínas e pKa de cada agente. Geralmente, é associado à adrenalina para prolongar a ação anestésica, pois a absorção ocorre de modo gradual, reduzindo também a toxicidade, para isso, deve-se considerar as condições clínicas do paciente (comorbidades, a exemplo de problemas de coagulação) - sendo contraindicada em casos de HAS, hipertireoidismo, cardiopatia grave, aterosclerose avançada e feocromocitoma. Depende do local da injeção e da velocidade da absorção, tendo como sintomas principais, os que envolvem o SNC e sistema cardiovascular, os sinais precoces de uma dose excessiva ou injeção intravascular inadvertida são dormência ou formigamento da língua ou dos lábios, gosto metálico, sensação de cabeça leve, zumbido ou distúrbios visuais, tais sinais podem progredir para fala empastada, desorientação e crises convulsivas - doses maiores de anestésicos locais podem levar ao colapso cardiovascular. A melhor profilaxia é a aspiração para detectar a punção vascular inadvertida antes de injetar altas doses de anestésicos locais e o conhecimento da dose máxima segura da droga a ser injetada - além da adição de epinefrina, que diminui a absorção - ademais, os tratamentos primários são oxigenoterapia e suporte ventilatório,se uma crise convulsiva não interrompe espontaneamente deve-se administrar um benzodiazepínico ou tiopental, podendo ser necessário um suporte circulatório. ANESTESIA ESPINAL, SUBARACNÓIDEA OU RAQUIANESTESIA: várias aplicações para operações urológicas do abdome inferior, perineal e das extremidades inferiores, é obtida pela injeção de anestésicos locais, com ou sem opioides, no interior do espaço subaracnóide, o que fornece bloqueios sensitivo e motor excelentes logo abaixo do nível do bloqueio, tem início rápido e previsível, sendo determinada por fatores como a velocidade de início e sua duração. Volume e dose: quanto maior a dose, maior a extensão da dispersão cefálica e a duração do bloqueio subaracnoide, além disso, a injeção rápida das soluções ocasiona fluxo turbulento e dispersão imprevisível dentro do espaço liquórico. Posição do paciente e baricidade das soluções: a posição do paciente no momento da injeção e e até que o anestésico local se ligue firmemente ao tecido do sistema nervoso central determinarão o nível do bloqueio. Considerando que o líquido cefaloespinal possui gravidade específica baixa, há soluções hipobáricas (soluções preparadas em água), isobáricas (soluções puras) e hiperbáricas (soluções de anestésicos locais misturados à dextrose a 5%). Vasoconstritores: a adição de adrenalina a anestésicos locais (de curta ação) irá aumentar sua duração de ação. Adição de opioides: pequenas doses de fentanil ou morfina prolongará a duração da analgesia e aumentará a tolerância à dor. Fatores anatômicos e fisiológicos: nível de bloqueio espinal maior pode resultar de fatores anatômicos (obesidade, gravidez e aumento da pressão intra-abdominal), operação prévia do canal espinal e curvatura anormal da medula, que diminuem o volume relativo do espaço subaracnoide. Idosos tendem a ser mais sensíveis à injeção intratecal de anestésicos locais, assim, a anestesia espinal contínua com cateteres epidurais de calibre maior pode fornecervantagens de uma ação combinada e habilidade de administrar doses adicionais em alguns idosos. Além da alta possibilidade de induzir cefaleia pós-punção dural em jovens. Complicações: hipotensão (às vezes refratária, como consequência do bloqueio simpático, em geral responde prontamente a infusão rápida de líquidos e pequenas doses de vasopressores, como efedrina), bradicardia, cefaleia pós-punção (principalmente no sexo feminino, idade jovem e agulhas mais calibrosas), neuropatia radicular transitória, dor lombar, retenção urinária, infecção, hematoma epidural e excessiva dispersão cefálica resultando em comprometimento cardiorrespiratório, além de rara lesão neurológica - se a dura-máter é puncionada inadvertidamente, causa uma lesão dural maior. Contraindicações: sepse, bacteremia, infecção no local de punção, hipovolemia grave, coagulopatia, anticoagulação terapêutica, aumento da pressão intracraniana e recusa do paciente. A raquianestesia possui início mais rápido, de resultado mais satisfatório e é menos frequentemente associada à dor lombar Anestésico local pode ser adicionado de forma controlada e o tempo de início do bloqueio pode ser melhor controlado. Doses posteriores sequenciais de anestésico podem ser administradas e a anestesia pode ser mantida em procedimentos mais longos. Anestésicos locais ou opiáceos podem ser administrados por vários dias, garantindo a analgesia pós-operatória prolongada. ANESTESIA EPIDURAL: outra forma de bloqueio regional neuroaxial, tem aplicação em vários procedimentos abdominais, torácicos e da extremidade inferior, consiste na injeção de anestésicos locais, com ou sem opiáceos, no interior do espaço epidural torácico ou lombar, geralmente, um cateter é inserido após o espaço epidural ser localizado com uma agulha. Vantagens: tem vantagens específicas para operação torácica (controle da dor, menor sedação e melhora da função pulmonar), operação vascular periférica (diminui a perda sanguínea e a trombose venosa profunda durante a artroplastia total do quadril) e operação gastrointestinal. Complicações e contraindicações da epidural são similares às da raquianestesia - outra complicação rara é o abcesso epidural em pacientes com dor lombar após injeção epidural. A heparina de baixo peso molecular (HBPM) para profilaxia de trombose venosa profunda aumenta a incidência de hematomas epidurais associados à remoção ou posicionamento de cateteres epidurais. BLOQUEIO DE NERVO PERIFÉRICO: o bloqueio dos plexos braquial, lombar e nervos periféricos é um método eficaz de prover anestesia para procedimentos cirúrgicos envolvendo extremidades superiores e inferiores - todos os pacientes devem receber avaliação pré-operatória completa, visto que a anestesia geral pode ser utilizada se o bloqueio for insuficiente. Vantagens: menor estresse fisiológico, evitar a manipulação da via aérea e as complicações potenciais associadas à entubação traqueal, e evitar também os efeitos adversos potenciais associados à anestesia geral. Esta suplementa a anestesia local realizada pelos cirurgiões, assim, o acompanhamento por anestesiologistas geralmente é solicitado porque o paciente ou o procedimento requer doses maiores de sedativos ou opioides, ou porque o paciente, portador de doença aguda ou crônica, requer monitoração cuidadosa ou suporte respiratório ou hemodinâmico - assim, engloba uma variedade de profundidades de sedação, de mínima a breves intervalos de inconsciência completa. SEDAÇÃO CONSCIENTE: ou sedação moderada, processo no qual um profissional não anestesiologista administra sedação para procedimentos cirúrgicos, nele o paciente pode responder ao estímulo tátil ou verbal, mantém a via aérea patente, sem nenhuma intervenção para mantê-la pérvia, possui ventilação espontânea e preserva função cardiovascular. ASSISTÊNCIA ANESTÉSICA MONITORADA Estado reversível de inconsciência, composta por 4 componentes: amnésia, analgesia, inibição de reflexos autonômicos e relaxamento da musculatura esquelética, geralmente, são alcançados por uma combinação de anestésicos intravenosos e analgésicos, anestésicos inalatórios e, frequentemente, relaxantes musculares - essas drogas podem causar alteração desejáveis ou indesejáveis, por isso, os efeitos farmacológicos dos agentes devem ser combinados à fisiopatologia dos problemas clínicos dos pacientes. Entre asalterações adversas associadas às drogas anestésicas estão depressão respiratória, depressão cardiovascular e perda da patência e proteção das vias aéreas, já entre as complicações estão lesão dentária, hipoxemia (com a possibilidade de lesão ao sistema nervoso central), hipotensão, parada cardíaca e aspiração de conteúdo gástrico ácido (podendo levar a lesão pulmonar grave). ANESTESIA GERAL As drogas utilizadas para a sedação moderada geralmente consistem em opioides, como fentanil ou morfina, frequentemente combinados a um ansiolítico, como midazolam, cuja titulação requer uma estimativa cuidadosa do nível de dor e ansiedade do paciente e as necessidades para o procedimento cirúrgico. Há uma margem entre sedação mínima, que pode ser inadequada para continuação da operação, e a sedação profunda, que pode resultar em comprotimento da via aérea e depressão respiratória e cardiovascular. TÉCNICAS DE ANESTESIA Mucosas: trato respiratório superior, conjuntiva, ouvido, ânus e trato geniturinário; Utilizada para passagem de sonda vesical, passagem de sonda nasoenteral, sonda nasogástrica e sonda retal; Uma das técnicas de anestesias mais simples, sendo aplicadas em um lugar específico para bloquear a dor em pequenas regiões da pele, pode ser feita através de gel ou spray, assim, funciona bloqueando os receptores para dor na pele e os nervos mais superficiais, impedindo que os mesmos consigam enviar sinais dolorosos para o cérebro. TÉCNICA: o creme ou líquido com anestésico é aplicado diretamente no local, gerando anestesia nas membranas, mucosas do olho, nariz, boca, genitais, esôfago, árvore traqueobrônquica e garganta, atingem rapidamente a circulação e seu efeito máximo ocorre de 2 a 5 minutos após aplicação. INDICAÇÕES: EFEITOS ADVERSOS Reações alérgicas, efeitos cardiovasculares (arritmias e parada cardiorrespiratória) e efeitos neurológicos (parestesia perioral, zumbidos e estocomas visuais, tontura, abalos musculares e convulsões localizadas e generalizadas - coma) PREVENÇÃO: aspiração antes da injeção (detectar punção vascular inadvertidas, se aparecer sangue provavelmente houve punção de algum vaso, então não se deve injetar o anestésico local nessa região, apenas na pele), conhecimento da dose máxima segura e adição de epinefrina (diminui absorção de forma gradual). TRATAMENTO: O2 suplementar, monitorização (oxímetro de pulso, ECG e monitoramento da PA), suporte ventilatório, anticonvulsivantes e suporte cardiovascular (em caso de arritmia ou parada cardiorrespiratória). ANESTESIA TÓPICA Para passagem de sondagem vesical pela uretra feminina o anestésico local em gel é colocado em volta da sonda e introduzido, já na uretra masculina, como é mais extensa, utiliza-se um frasco de lidocaína em gel (seringa de 20 ml0 e se infunde a lidocaína em gel através da uretra do paciente. MEDICAÇÕES: podem ser usados lidocaína ou procaína, nas seguintes apresentações: gel, spray, pomada e solução. ANESTESIA INFILTRATIVA INDICAÇÕES: em pequenos procedimento superficiais e profundos (pele, TSCS e mucosas). MEDICAÇÕES: podem ser usadas lidocaína e bupivacaína. Possui desvantagem porque necessita de maior quantidade de anestésico para uma pequena área, podendo ocorrer reações tóxicas. Realiza-se a infiltração direta de anestésico sob a lesão sem considerar os nervos da pele, seja no local da lesão quanto ao seu redor, para que toda a região ao redor da ferida esteja contemplada com efeito anestésico, pode ser mais superficial, atingindo somente a pele ou mais profunda, incluindo órgãos abdominais - assim, promove uma anestesia rápida junto com o relaxamento muscular. TÉCNICA: deve ser realizadoapós a antissepsia e preparação do campo cirúrgico, deve- se inserir uma agulha de 25 ga subcutaneamente, aspire e deposite o anestésico até formar uma bolha visível (botão anestésico), remova a agulha e reintroduza na extremidade da bolha; continue até completar o comprimento da incisão planeada; antes de encerrar a cavidade abdominal, numa incisão não bloqueada, insira a agulha subcutaneamente e deposite o anestésico em leque no músculo, peritoneu e ao longo da incisão. INDICAÇÕES: em pequenos procedimento superficiais (pele, TSCS e mucosas), como exérese de verrugas, nervos e cistos. MEDICAÇÕES: podem ser usadas lidocaína e bupivacaína, nas seguintes apresentações: solução associada ou não a um vasoconstrictor. BLOQUEIO DE CAMPO Técnica que atinge maior área de anestesia da pele, comparando com a técnica infiltrativa, pois a aplicação é feita perto de ramos terminais maiores dos nervos. TÉCNICA: deve ser realizado após a antissepsia e preparação do campo cirúrgico, deve-se inserir uma agulha maior, aspire e deposite o anestésico até formar uma bolha visível (botão anestésico), remova a agulha e reintroduza na extremidade da bolha, continue a fim de infiltrar o anestésico sob a lesão em área delimitada para aumentar o campo anestésico. BLOQUEIOS REGIONAIS (NERVO PERIFÉRICO) Aplicado por especialistas, é feito no tronco nervoso principal, o que impede que o imp ulso nervoso seja propagado para as ramificações desse tronco - podem contemplar somente um nervo maior, o que também impede a propagação posterior - comumente realizada nos braquiais (cirurgia no braço ou ombro), cervicais (cirurgia no pescoço), nervo ciático e femoral (cirurgias abaixo do joelho). TÉCNICA: consiste em anestesiar uma região delimitada por um plexo ou nervo específico, sendo utilizada nos plexos braquial, lombar e nervos periféricos. VANTAGENS: menor estresse fisiológico quando comparado a raquidiana e a peridural, evita intubação orotraqueal (IOT) e anestesia geral, há possibilidade de instalação de cateter. COMPLICAÇÕES: toxicidade, lesão nervosa em função de um bloqueio inadvertido e injeção intravascular. BLOQUEIO DE DEDO DA MÃO Evitar injeção de grandes volumes, uma vez que por ser um compartimento há pouca elasticidade da região, pode acabar ocluindo um vaso e causar isquemia; Evitar uso de vasoconstrictor, para evitar isquemia. Bloqueios anestésicos são empregados em dedos de mãos para pequenas intervenções cirúrgicas, associados ou não a garroteamentos digitais, pois o uso de anestesia geral é de maior risco, desnecessário e de custo elevado. TÉCNICA: deve ser realizado após a antissepsia e preparação do campo cirúrgico, deve- se inserir uma agulha, aplica-se 2-3 ml do anestésico na região lateral e na base dos dedos antes de atingir o osso, visto que o plexo nervoso digital passa pela base e ao lado dos dedos. MEDICAÇÕES: podem ser usadas lidocaína e bupivacaína. RAQUIANESTESIA Consiste na injeção de anestésico local e opióides no espaço subaracnóide após perfurar a dura-máter, fornecendo bloqueio sensitivo e motor logo abaixo do nível do bloqueio, assim, o paciente perde totalmente a capacidade de movimentar as pernas e sentir dor. TÉCNICA: injeção no espaço subaracnóideo da coluna vertebral, assim o anestésico entrará em contato com o líquor, para isso o paciente deve ficar deitado de lado ou sentado para introdução do anestésico na coluna, possui o efeito inicial mais rápido, produzindo dormência temporária e relaxamento muscular. A presença do anestésico dentro da coluna espinhal bloqueia os nervos que passam pela coluna lombar, fazendo com que estímulos dolorosos vindos dos membros inferiores e do abdômen não consigam chegar ao cérebro. INDICAÇÕES: procedimentos de curta duração, principalmente para procedimentos ortopédicos de membros inferiores e cesarianas - diversos fatores que influenciam a altura do bloqueio, pela distribuição do anestésico pelo líquido cefalorraquidiano, como: anatomia da coluna, idade, posição do paciente, peso, altura, local da injeção, quantidade do anestésico, etc. VANTAGENS: dispensa manipulação da via aérea e pode ser usada em operações urológicas (abdômen inferior, perineal e MMII) COMPLICAÇÕES: infecções do líquor pela entrada de microorganismos pela agulha, cefaléia pós-punção pela saída do líquor, hipotensão, bradicardia, retenção urinária e dor lombar. CONTRAINDICAÇÕES: sepse, infecção do sítio de punção, hipovolemia grave, coagulopatia e HIC. ANESTESIA PERIDURAL Consiste na injeção de anestésico local e opióides no interior do espaço epidural (entre dura-máter e ligamento amarelo da coluna vertebral na região sacral/caudal, lombar, torácica ou cervical), ou seja, não chega a perfurar a dura-máter. Há possibilidade de inserir um cateter para introdução do anestésico de maneira contínua ou em períodos, utilizando principalmente a técnica de resistência, exercida pelo ligamento amarelo, havendo um livre fluxo para injeção - a adição de adrenalina aumenta a duração da anestesia TÉCNICA: o anestésico é injetado na região peridural, que fica ao redor do canal espinhal, sendo injeto por um cateter, que é implantado no espaço peridural, ela pode continuar a ser administrada no pós-operatório para controle da dor nas primeiras horas após a cirurgia, apenas mantendo a infusão de analgésicos pelo cateter. VANTAGENS: possibilidade de posicionamento de cateter, anestesia mantida por tempo prolongado, indicada para procedimentos abdominais, torácicos e parto normal (reduz a sensação de dor da parte inferior do corpo, atuando nas raízes dos nervos espinhais). COMPLICAÇÕES: semelhantes a raquianestesia (diminuição da PA, cefaleia pós-punção se houver saída de líquido espinhal, dores nas costas ou no local da injeção), além do risco de perfuração da dura-máter. LAYANE SILVA