Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Unidade 1 1-Unidade Conceitos fundamentais de avaliação muscuoesquelética OBJETIVOS DA UNIDADE - Apresentar os conceitos fundamentais da avaliação fisioterapêutica; - Caracterizar as etapas da avaliação - fisioterapêutica; - Compreender o método de avaliação das funções musculares; - Compreender a perimetria de membros superiores e inferiores. TÓPICOS DE ESTUDO Introdução do estudo da avaliação fisioterapêutica Definição, importância e características da avaliação fisioterapêutica - Anamnese - Exame físico -Escalas funcionais e de qualidade de vida Avaliação das funções musculares -Testes musculares dos membros inferiores - Testes musculares dos membros superiores - Testes musculares da coluna vertebral - Testes musculares da face e olhos Perimetria de membros superiores e inferiores - Perimetria dos membros superiores - Perimetria dos membros inferiores Introdução e alguns conceitos básicos A avaliação é parte essencial do trabalho do profissional de fisioterapia. É a partir dela que ele terá condições de delinear os objetivos do seu trabalho e definir estratégias, baseadas em seu repertório de conhecimentos, para atender às necessidades de assistência de seu paciente. O estudo desse conteúdo deve ser abrangente, tendo em vista a complexidade do ser humano. Por isso, o estudante deve ser capaz de compreender o indivíduo que buscou atendimento e identificar suas habilidades, limitações, a presença de sintomas associados a doenças e o impacto disso nos seus diversos órgãos e sistemas (RONCHI et al., 2012). Ter conhecimentos prévios em fisiologia humana, anatomia e biomecânica é importante para que o estudante possa correlacionar os achados encontrados na sua avaliação com os parâmetros de normalidade (CIPRIANO, 2012). Diante das informações obtidas na avaliação, o profissional de fisioterapia terá condições de elaborar o diagnóstico e prognóstico deste paciente. Neste contexto, a doença ou queixa que trouxe o indivíduo ao atendimento fisioterapêutico é apenas mais um dado e não deve ser tomada como diagnóstico principal. Ou seja, ao fisioterapeuta, mais importante do que um diagnóstico etiológico, anatômico ou sindrômico (comumente utilizados na área médica), é a elaboração do diagnóstico fisioterapêutico ou cinesiológico funcional. Este diagnóstico é elaborado ao final do processo de avaliação, e leva em consideração a funcionalidade do paciente e as disfunções do movimento que impactam essa função de maneira individual. Podemos compreender que dois indivíduos com o mesmo diagnóstico etiológico podem ter comportamentos distintos com relação a sua função e, portanto, a condução do trabalho fisioterapêutico também deverá ser diferenciada (MOTA; MELLO; FERREIRA, 2013) A avaliação deve seguir uma sequência de procedimentos, iniciando com uma etapa em formato de entrevista, em que serão coletadas informações para a identificação deste indivíduo, seus dados clínicos e histórico de saúde. A seguir, deve-se realizar o exame físico, a partir de testes específicos para avaliação dos sistemas corporais e da sua funcionalidade. O fisioterapeuta deve desenvolver a capacidade de interpretar exames complementares trazidos por seu paciente e correlacioná-los com as informações obtidas na sua avaliação. O processo de avaliação deve ser contínuo, e o desenvolvimento e treino de habilidades específicas é fundamental para a formação de um bom profissional Desenvolver uma boa comunicação, permitirá ao profissional extrair do paciente os dados relevantes durante a entrevista, ou anamnese, considerando, não apenas os dados clínicos relacionados ao histórico da lesão, mas suas correlações psicossociais (LLANO et al., 2013). O registro destas informações é tão importante quanto sua coleta e deve ser realizado de forma clara e que permita a sua reprodutibilidade, bem como a continuidade de condução terapêutica por outro profissional, caso necessário (RONCHI et al., 2012). A atualização baseada em evidências científicas deve ser constante, acrescentando ao repertório de recursos de avaliação, escalas de avaliação funcional e de qualidade de vida validadas internacionalmente, permitindo que o profissional esteja inserido no cenário global da fisioterapia e em permanente aprimoramento (MEAD, 2005). O treino das habilidades práticas, a repetição dos testes específicos e o domínio dos instrumentos de avaliação permitem que o profissional minimize erros durante o procedimento, tenha uma melhor organização da sequência desses procedimentos e deixem o paciente mais seguro e confortável durante o processo avaliativo O conhecimento e respeito ao código de ética profissional deve ser inerente ao exercício da profissão. Deve haver respeito à confidencialidade das informações coletadas, e que serão utilizadas somente no contexto profissional ou multiprofissional, sempre com o objetivo de oferecer a melhor assistência ao seu paciente. A repetição dos procedimentos avaliativos deve ocorrer de forma sistemática para revisão do programa terapêutico, verificação da evolução do paciente, planejamento de alta e elaboração de orientações para manutenção do quadro do paciente pós alta. Veja o Quadro : A correta coleta e registro dos dados permite a elaboração de laudos, pareceres, atestados e relatórios sempre que se fizer necessário. Vale ressaltar que a etapa avaliativa é procedimento indispensável da rotina do fisioterapeuta, não devendo ser substituída pela avaliação de outro profissional. Além de garantir sua autonomia como profissional de saúde, ela permite o planejamento de ações adequadas de prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde. Definição, importância e características da avaliação fisioterapêutica A avaliação fisioterapêutica é o primeiro contato do fisioterapeuta com o paciente. É muito comum que este paciente venha encaminhado por um outro profissional, em geral um médico, porém o fisioterapeuta tem autonomia para atender qualquer paciente que o procurar, desde que respeite os parâmetros assistenciais fisioterapêuticos estabelecidos pelos Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (BRASIL, 2012). A avaliação é dividida em duas etapas principais: anamnese e exame físico. ANAMNESE A anamnese é a primeira fase do processo, e consiste em uma entrevista para coleta de dados que permitirão a identificação de problemas, definição de diagnóstico e planejamento da assistência (SANTOS; VEIGA; ANDRADE, 2011). O termo anamnese, em sua origem, significa trazer de volta à mente, portanto pretende-se, nessa etapa, rememorar os fatos relacionados com o indivíduo e suas manifestações de doença (BALDUÍNO et al., 2012). O fisioterapeuta pode utilizar uma ficha estruturada com os tópicos a serem abordados, no entanto, mais do que um procedimento sistemático e rígido, é extremamente importante que o profissional saiba realizá-la de maneira fluente e fale de maneira eficaz, demonstrando empatia e habilidade para incentivar o paciente a contar os fatos relevantes ao processo terapêutico (ENGELHORN, 2019). Essas informações devem ser registradas no prontuário do paciente, que é um documento obrigatório de registro das informações. Este documento deve ser armazenado pelo fisioterapeuta ou serviço de saúde, mas as informações contidas nele são de propriedade do paciente. Dessa forma, deve ser mantido em local que respeite o sigilo e confidencialidade das informações, que só podem ser divulgadas com a autorização do paciente ou seu representante legal (BRASIL, 2012). - Identificação do paciente Devem constar nome completo do paciente, naturalidade, gênero, estado civil, data de nascimento, profissão e endereço. Estas informações são pessoais e dão individualidade ao prontuário.Além disso, elas podem contribuir com a construção da história da moléstia que será elaborada a partir da queixa do paciente. Algumas doenças podem ser mais comuns a indivíduos do sexo masculino do que do feminino, por exemplo, ou serem mais comuns a determinadas profissões, como é o caso de certas doenças pulmonares decorrentes da exposição do indivíduo a substâncias nocivas, como o amianto e a silicose. - Queixa principal (QP) Deve-se questionar o paciente sobre o motivo pelo qual ele está procurando o serviço de fisioterapia. Alguns sintomas comuns são dor, fraqueza, rigidez, hipersensibilidade e dificuldade de realizar movimento (SAUNDERS, 1993). O paciente pode ter dificuldade em definir essa queixa, bem como pode ter mais de uma queixa. Procure ser sintético nesta informação, maior detalhamento deve ser deixado para a história da moléstia. - História da moléstia As informações relacionadas à queixa do paciente devem ser organizadas de forma cronológica, considerando-se os fatos anteriores ao surgimento do problema (história da moléstia pregressa) até fatos atuais que interferem na intensidade ou alívio do sintoma, bem como suas características (história da moléstia atual). O fisioterapeuta deve fazer perguntas que conduzam o paciente e que auxiliem na organização dos fatos: Em que momento a queixa se iniciou? Ela se iniciou de maneira súbita, após um trauma ou acidente? O início foi insidioso, sem causa aparente? É a primeira vez que esses sintomas aparecem ou eles se repetem de tempos em tempos? Quais são os fatores de melhora ou de piora destes sintomas? Eles estão relacionados a algum posicionamento específico ou a algum estado emocional? No caso de dor, é importante diferenciar se a dor é aguda, contínua ou intermitente, profunda, em pontadas, queimação, bem localizada ou difusa. Ao coletar essas informações, o profissionalcomeça a compreender o mecanismo da lesão que originou os sintomas e, à medida que ganha mais experiência e adquire mais conhecimentos técnicos, será capas de associar os sintomas a doenças específicas. É importante saber se o paciente já realizou algum tratamento prévio, não apenas fisioterapêutico, e quais os resultados obtidos. - Antecedentes pessoais Registros de doenças crônicas, fraturas, cirurgias e implantes devem ser anotados, tanto para complementação da história, como para direcionar a terapêutica e determinar o prognóstico do paciente. É importante questionar o paciente sobre os diversos aspectos de saúde, incluindo sono e aspectos emocionais. - Antecedentes familiares Informações sobre doenças de parentes consanguíneos. - Atividade de vida diária (AVDs) e atividades de vida prática ou profissional (AVPs) Conhecer um pouco a respeito do cotidiano do paciente, atividades que costuma realizar e aquelas que apresentam dificuldade em função de sua queixa principal, permitem que o planejamento do tratamento vá de encontro às necessidades do paciente. Informações sobre a prática de esportes e hobbies devem ser consideradas. -Medicamentos em uso Registrar os nomes dos medicamentos em uso. É bastante comum que o paciente chegue ao fisioterapeuta após consulta com médico e início do tratamento medicamentoso e, portanto, pode haver mudança na intensidade dos sintomas ao longo das sessões iniciais em função dos medicamentos. O fisioterapeuta deve estar ciente disso para poder avaliar a eficácia do seu plano de tratamento. Em alguns casos, o paciente não refere à presença de doenças em seus antecedentes pessoais, mas relata uso de medicamento contínuo para determinada doença como hipertensão arterial sistêmica, por exemplo. Diante destas informações, o fisioterapeuta tem a responsabilidade de verificar a coerência destes fatos, sempre com o objetivo de oferecer uma melhor assistência ao seu paciente. O desconhecimento da presença de doenças crônicas pode comprometer a escolha dos recursos terapêuticos e colocar a vida do paciente em risco. -Exames complementares Devem ser registrados os resultados ou laudos dos exames complementares trazidos pelo paciente e que tenham relevância para o quadro apresentado por ele. O fisioterapeuta tem autonomia para solicitar exames complementares, mas eles devem ser solicitados somente quando ele considerar que há uma real necessidade. Como o próprio nome diz, os exames devem complementar as informações obtidas na avaliação clínica e não trazer informações que podem confundir o profissional. EXAME FÍSICO Na etapa do exame físico, o fisioterapeuta vai buscar os sinais relacionados às queixas do paciente. Estes sinais são observáveis e não relatados pelo paciente. É importante informar o paciente sobre cada procedimento que será realizado, recebendo sua autorização para a realização deles. Isso aumenta a segurança do paciente e estreita o vínculo com o fisioterapeuta. Como o examinador irá tocar o paciente, é fundamental a higienização das mãos antes de iniciar o exame físico. Para alguns procedimentos, como avaliação postural, é necessário o uso de roupas específicas, como traje de banho. O paciente deve ser informado antes da avaliação, para não haver constrangimento. A inspeção permite a identificação de sinais visíveis, como inchaço, vermelhidão, hematomas, alterações na pele (descamações), manchas, palidez, cicatrizes e alterações de volume. É por meio da inspeção que será realizada a avaliação postural. Devido à sua complexidade, ela costuma ser colocada separadamente na ficha do paciente. Pela palpação são percebidos os sinais adquiridos pelo toque, como presença de calor, características do edema, alteração de sensibilidade, presença de nódulos e dor. O movimento do paciente deve ser avaliado identificando-se a amplitude de movimento (ADM) e a força muscular. Testes específicos para confirmação do diagnóstico também fazem parte do exame físico (CIPRIANO, 2012). ESCALAS FUNCIONAIS E DE QUALIDADE DE VIDA Diversas escalas ou questionários podem ser utilizados para complementar a avaliação fisioterapêutica. Uma das escalas mais utilizadas no meio médico é a Escala Visual Analógica (EVA), que pode ser usada para quantificar a dor ou outro sintoma do paciente. Apresentada como uma linha de 10 cm, com a frase ausência de sintoma, no extremo inferior (0 cm), e máximo do sintoma, no extremo superior (10 cm), serve para que o paciente localize, ao longo da linha, a intensidade do sintoma apresentado (MARTINEZ; GRASSI; MARQUES, 2011). Ao ser questionado sobre sua dor, o paciente deve assinalar na régua de 10 cm o número que representa a intensidade da sua dor, sendo a nota 0 a ausência de dor e 10 a maior intensidade da dor. A EVA é um instrumento objetivo para avaliar a dor, uma queixa com muitos componentes subjetivos. Uma nota alta atribuída nessa escala pode ter impactos diferentes na qualidade de vida e funcionalidade dos pacientes. Por isso, existem outros instrumentos para avaliar a dor em mais de uma dimensão, sendo o questionário McGill de dor um dos mais utilizados. Questionários padronizados, já testados e validados na literatura, são utilizados para mensurar vários aspectos da saúde do indivíduo. As respostas obtidas por meio do questionário são traduzidas para um score numérico, e esta informação pode ser usada para a comparação da condição do indivíduo ao longo do tratamento. Existem inúmeros questionários para avaliar qualidade de vida, sono e impacto funcional de doenças nas atividades cotidianas do paciente. Escolha questionários que já sejam traduzidos e validados em português. Uma busca cuidadosa na literatura irá mostrar muitas possibilidades. Avaliação das funções musculares O movimento humano depende da integridade e bom funcionamento dos músculos. A fraquezaou o desequilíbrio muscular são comuns a diversos distúrbios neuromusculares. Portanto, a mensuração da força muscular será fundamental para a avaliação funcional do paciente, permitindo identificar se essa fraqueza tem origem em déficit neurológio ou desuso (KENDALL et al., 2007). Os testes de força muscular podem ser realizados de forma manual, mecânica com uso de dinamômetros ou de forma dinâmica por meio de testes de performance. Os dinamômetros oferecem uma precisão maior no quesito de quantificação da força, no entanto, além do custo elevado, apresentam limitações no ajuste do posicionamento do paciente e não são adaptáveis para todas as partes do corpo. Dessa forma, são mais indicados para situações controladas de pesquisa e para grupos musculares específicos, como a força de preensão e pinça manuais. Os testes de performance muscular podem ser bastante úteis no ambiente esportivo, mas com menor utilidade no contexto de reabilitação. Os testes de força manual são de baixo custo e sua execução depende da experiência do examinador e demanda conhecimento, habilidade e precisão. A boa escolha do teste muscular é aquela que auxilia na resolução de problemas e direciona a terapêutica. Para a realização adequada dos testes de força manual, é necessária a compreensão de alguns termos utilizados na sua descrição: - Posição de teste: o paciente será posicionado de maneira que possa realizar o movimento livremente e com o máximo de estabilidade, porém deve iniciar em uma posição em que a gravidade seja anulada. Caso o paciente não consiga realizar o movimento nesta condição, o examinador irá palpar a musculatura com o intuito de perceber a contração. Se o paciente for capaz de realizar o movimento, a contração deverá ser realizada em oposição à força de gravidade, de forma a ter sua força desafiada; - Movimento de teste: solicita-se ao paciente a ação do músculo ou grupo muscular que está sendo testado. Deve-se sempre utilizar um comando verbal adequado à compreensão do paciente como: dobre o braço ou levante a perna, ao invés dos termos técnicos, como flexione seu cotovelo ou flexione seu quadril; - Fixação: para uma boa acurácia do teste, deve haver uma boa estabilidade do corpo ou segmento corporal a ser testado. Essa firmeza ou estabilidade pode ser oferecida pela mesa de exame, pelo examinador ou pelo próprio peso corporal do paciente. A fixação evita o surgimento dos movimentos compensatórios; - Compensação ou substituição: na presença de fraqueza ou ausência de força muscular, é muito comum que o paciente tente compensar com a utilização de outros músculos. O examinador deve tentar evitar essa substituição com a fixação adequada, e ser minucioso ao observar a presença dessas substituições. Outra razão para o surgimento das compensações é o excesso de força utilizada erroneamente pelo examinador na colocação da pressão e resistência; - Pressão e resistência: nos casos em que o paciente é capaz de realizar um movimento adequadamente contra a força da gravidade, é necessário aplicar uma força externa, oferecida pelo examinador, para avaliar a força além do grau regular. Em geral, a pressão é aplicada próxima da extremidade distal do segmento em que o musculo testado está inserido. - Graduação: para uma padronização da mensuração muscular, foram criadas escalas que classificam o indivíduo de acordo com sua capacidade de realizar a contração muscular e vencer uma resistência externa. O Quadro 2 mostra a escala de Oxford que é amplamente utilizada no Brasil: Os músculos podem ser testados em grupos que realizam uma função, ou de maneira individual, considerando a ação muscular específica. A escolha da realização do teste de uma ou outra forma dependerá da finalidade da avaliação, bem como das condições clínicas e cognitivas do paciente na hora da realização do exame. Devemos considerar que o paciente a ser avaliado encontra-se fragilizado e, por isso, o examinador deve ter cuidado ao manipular a área lesada. Ele deve posicionar o paciente de maneira a evitar desconforto e dor. Deve haver delicadeza no teste de músculos fracos, e habilidade ao aplicar pressão ou resistência, de maneira que permita ao indivíduo produzir a resposta ideal. Dessa forma, a sequência dos testes a serem realizados deve ser escolhida de forma a evitar mudanças de decúbito desnecessárias. A sugestão é aproveitar a posição em que o paciente se encontra na entrevista para iniciar os testes. Em seguida, fazer todos na posição em pé, e só então solicitar que o paciente sente na maca para depois se deitar em decúbito dorsal, lateral e ventral, para os demais testes. Lembrando que não é necessário realizar todos os testes de todos os grupos musculares do corpo para todos os pacientes. Os músculos a serem testados estão relacionados com a condição clínica apresentada pelo paciente. Para fins didáticos, neste material, os testes serão apresentados por região. TESTES MUSCULARES DOS MEMBROS INFERIORES - Quadril Os movimentos realizados pelo quadril são flexão, extensão, adução, abdução, rotação lateral e rotação medial. A flexão do quadril é realizada pelos músculos iliopsoas e reto femoral. A extensão é realizada pelo glúteo máximo e pelos isquiotibiais. A abdução fica por conta dos glúteos médio e mínimo. O grupo dos adutores é composto pelos adutores longo, curto, magno, pectíneo e grácil. A rotação externa é realizada pelo piriforme, obturador interno, gêmeo superior e inferior, quadrado femoral e a rotação interna pelo obturador externo. Os principais testes musculares da região do quadril são - Iliopsoas: o paciente deve ser colocado em decúbito dorsal. O examinador estabiliza a crista ilíaca oposta. O examinador solicita ao paciente uma flexão do quadril em posição de abdução e rotação lateral discretas. O paciente deve manter o joelho estendido para estabilidade da patela. Para resistência, o examinador deve colocar uma pressão contra a face ântero-medial da perna, na direção da extensão e discreta abdução; - Adutores: o paciente deve ser colocado em decúbito lateral sobre o lado direito, para testar esse lado (e vice-versa), com o corpo em linha reta e os membros inferiores (MMII) e a coluna lombar retas. O examinador mantém a coxa que está em cima em abdução. O paciente deve segurar-se à mesa para manter-se estável. O examinador deve solicitar ao paciente a adução para cima do membro inferior de baixo, sem rotação, flexão ou extensão do quadril nem inclinação da pelve. Para resistência, o examinador deve colocar uma pressão contra a face medial da extremidade distal da coxa, na direção da abdução; - Glúteo máximo: o paciente deve ser colocado em decúbito ventral, com o joelho flexionado a 90°. Esta posição minimiza a participação dos músculos isquiotibiais, que além de extensores do quadril, são, também, flexores de joelho. Nesta posição, os músculos das costas e laterais do abdome do paciente costumam ser suficientes para dar estabilidade ao movimento. Se for necessário, o terapeuta estabiliza a pelve do paciente. O examinador deve solicitar ao paciente a extensão do quadril com o joelho flexionado. Para resistência, o examinador deve colocar pressão contra a parte inferior da região posterior da coxa, na direção da flexão do quadril. - Glúteo médio: o paciente deve ser posicionado em decúbito lateral com a perna de baixo flexionada e a pelve discretamente rodada lateralmente. O examinador deve estabilizar a pelve e solicitar ao paciente a abdução do quadril, com extensão e rotação lateral discretas. Para resistência, a pressão deve ser colocada contra a perna, próximo ao tornozelo, na direção da adução e de uma discreta flexão; - Glúteo mínimo: para realização desse teste,o paciente deve manter a mesma posição do teste do glúteo médio, mas solicitar ao paciente que mantenha a posição neutra do membro inferior a ser testado durante a abdução. A resistência deve ser no sentido da adução. Joelho A articulação do joelho realiza os movimentos de flexão e extensão. O quadríceps é responsável pela extensão. Os músculos bíceps femoral, semitendíneo e semimembranáceo são conhecidos por isquiotibiais, devido a sua origem e inserção, e são responsáveis pela flexão do joelho. Os testes destes dois grupos musculares são: - Quadríceps femoral: o paciente deve estar sentado com os joelhos fletidos na lateral da mesa. O examinador pode manter a coxa firmemente para baixo sobre a mesa e solicitar a extensão total do joelho, sem rotação da coxa. Para resistência, deve-se colocar pressão contra a perna, acima do tornozelo, na direção da flexão; - Semitendíneo e semimembranáceo: devido a sua localização, estes músculos não podem ser testados separadamente. O paciente deve ser colocado em decúbito ventral. O examinador deve manter a coxa firmemente para baixo sobre a mesa e solicitar a flexão do joelho entre 50° e 70°, com a coxa em rotação medial e a perna rodada medialmente sobre a coxa. Para resistência, deve-se colocar uma pressão contra a perna, de forma proximal ao tornozelo, na direção da extensão do joelho; - Bíceps femoral: o paciente deve ser colocado em decúbito ventral. O examinador deve manter a coxa firmemente para baixo sobre a mesa, e solicitar a flexão do joelho entre 50° e 70°, com a coxa em discreta rotação lateral e a perna rodada lateralmente sobre a coxa. Para resistência, deve-se colocar pressão contra a perna, de forma proximal ao tornozelo, na direção da extensão do joelho . Tornozelo e pé Os movimentos de flexão plantar e extensão, ou dorsiflexão, ocorrem na articulação do tornozelo. Já os movimentos do pé são movimentos combinados que ocorrem em três planos, e são chamados de pronação (abdução, eversão e extensão) e supinação (adução, inversão e flexão plantar). Os testes dos principais grupos musculares da região são: - Gastrocnêmio: o paciente deve manter-se em pé, e pode se equilibrar colocando uma mão sobre a mesa, mas não deve transferir peso para a mão. Ele deve retirar um dos pés do chão e fazer a elevação do corpo a partir dos dedos do pé, empurrando o peso corporal diretamente para cima. A resistência externa para este movimento será o próprio peso corporal. A inclinação do tronco para frente e a flexão dos joelhos são indicativos de fraqueza muscular - Sóleo: o paciente deve ser colocado em decúbito ventral, com o joelho flexionado pelo menos a 90°. O examinador segura o membro inferior em ponto proximal ao tornozelo e solicita a flexão plantar da articulação do tornozelo, sem inversão ou eversão do pé. Para resistência, coloca-se uma pressão contra o calcâneo, tracionando o calcanhar na direção caudal (na direção da dorsiflexão); - Tibial anterior: o paciente pode ficar em decúbito dorsal ou sentado (com o joelho flexionado se houver contração do gastrocnêmio). O examinador segura o membro inferior, logo acima da articulação do tornozelo, e solicita a dorsiflexão do tornozelo e inversão do pé, sem extensão do hálux. Para resistência, deve-se colocar a pressão contra o lado medial, superfície dorsal do pé, na direção da flexão plantar e eversão do pé; - Extensores longo e curto do hálux: o paciente pode ficar em decúbito dorsal ou sentado. O examinador estabiliza o pé em discreta flexão plantar e solicita que o paciente puxe o dedo para cima. Para resistência, a pressão deve ser colocada contra a superfície dorsal das falanges distal e proximal do hálux, na direção da flexão (empurrar o dedo para baixo). TESTES MUSCULARES DOS MEMBROS SUPERIORES Ombro O ombro é uma articulação complexa, e de grande mobilidade. Sua estabilidade depende do equilíbrio muscular. Os movimentos dessa região acontecem em todos os planos de movimento. A flexão do ombro envolve os músculos bíceps braquial, coracobraquial e fibras anteriores do deltoide. A extensão fica por conta do tríceps braquial e fibras posteriores do deltoide. Na abdução temos a participação fundamental do supraespinal e a ação das fibras médias do deltoide. Na adução temos o peitoral maior com a participação do coracobraquial. O manguito rotador é um grupo de músculos responsável pelas rotações e é composto pelo subescapular e redondo maior, que rodam o ombro medialmente, o infraespinal e o redondo menor rodam o ombro lateralmente. Existe uma relação íntima entre a ação destes músculos e os músculos responsáveis pela estabilização da escápula, sendo os principais o levantador da escápula, romboides e fibras inferiores e médias do trapézio, bem como alguns músculos que atuam na região cervical da coluna vertebral, sendo o mais importante o trapézio superior. Por esta razão, didaticamente os testes destes músculos serão apresentados juntos: - Coracobraquial: o paciente pode ficar sentado ou em pé. Ele deve manter o cotovelo totalmente flexionado, com o antebraço supinado e o úmero rodado lateralmente. Deve-se solicitar ao paciente a flexão do ombro. Para resistência, o examinador deve colocar pressão no terço distal do úmero no sentido da extensão e abdução discreta; - Supraespinal: o paciente pode ficar sentado ou em pé, com o membro superior a ser testado na lateral do corpo. A cabeça deve estar virada para o lado oposto, e o paciente deve inclinar a cabeça discretamente e olhar para cima. Deve-se solicitar que o paciente faça uma abdução do úmero, sendo que o supraespinal participará dos primeiros graus do movimento, estabilizando a cabeça do úmero na cavidade glenóide. Para resistência, deve-se aplicar uma pressão contra o antebraço, na direção da adução; - Deltoide: este músculo possui três porções que devem ser testadas separadamente. O paciente deve permanecer sentado. Para testar as fibras médias, solicita-se uma abdução do ombro sem rotação. Uma pressão deve ser colocada no sentido da adução para resistência ao movimento. Para testar as fibras anteriores, adiciona-se uma discreta flexão à abdução, e a resistência será no sentido da adução com extensão. Para testar as fibras posteriores, adiciona- se uma discreta extensão ao movimento da abdução, e a resistência será no sentido da adução com flexão; - Peitoral maior: possui duas porções. O paciente deve estar deitado em decúbito dorsal. Para testar as fibras superiores, o examinador deve estabilizar o ombro oposto mantendo-o firmemente sobre a mesa. Deve- se solicitar que o paciente mantenha o cotovelo estendido e, com o ombro a 90º de flexão, faça uma adução horizontal do úmero. Para resistência, deve ser aplicada uma pressão contra o antebraço na direção da abdução. Para testar as fibras inferiores, o examinador deve estabilizar a crista ilíaca oposta, mantendo-a firmemente contra a mesa. Deve-se solicitar que o paciente mantenha o cotovelo estendido e, com o ombro fletido a 90º realize uma adução do ombro, levando o mesmo em direção à crista ilíaca oposta. A pressão para resistência deve ser feita no antebraço no sentido da extensão e abdução; - Rotadores laterais (infraespinal e redondo menor): deve-se deitar o paciente em decúbito ventral. O paciente deve manter o ombro abduzido a 90º e o cotovelo flexionado. O examinador coloca uma das mãos embaixo do braço do paciente para estabilizá-lo, enquanto solicita a rotação lateral do úmero, com o cotovelo mantido em ângulo reto. A outra mão do examinador coloca pressão no antebraço no sentido da rotação medial, para resistência; - Rotadores mediais (subescapular e redondo maior): deve-se deitar o paciente em decúbito ventral. O pacientedeve manter o ombro abduzido a 90º e o cotovelo flexionado. O examinador coloca uma das mãos embaixo do braço do paciente para estabilizá-lo, enquanto solicita a rotação medial do úmero com o cotovelo mantido em ângulo reto. A outra mão do examinador coloca pressão no antebraço no sentido da rotação lateral, para resistência. - Levantador da escápula e romboides: deite o paciente em decúbito ventral. Peça a ele que faça uma adução e elevação da escápula, com rotação medial do ângulo inferior (cotovelo flexionado). Para conseguir essa posição, um comando verbal eficiente seria: dobre seu cotovelo e mantenha-o junto ao seu corpo enquanto manda sua escápula para trás. Para resistência, uma pressão é colocada na direção da abdução da escápula, da rotação lateral do ângulo inferior e contra o ombro do paciente, com a outra mão na direção da depressão. De maneira simplificada, o examinador tenta afastar o cotovelo do paciente para longe do tronco, enquanto mantém seu ombro para baixo; - Trapézio fibras médias: coloque o paciente em decúbito ventral. O membro superior a ser testado deve estar com o ombro em abdução de 90º, rotação lateral e com o cotovelo estendido. Deve-se pedir ao paciente que faça uma adução da escápula. Para resistência, coloca-se uma pressão contra o antebraço em uma direção descendente à mesa; - Trapézio fibras inferiores: coloque o paciente em decúbito ventral, com o membro superior a ser testado posicionado diagonalmente acima da cabeça, alinhado com as fibras inferiores do trapézio. Deve-se pedir que o paciente faça uma adução com depressão da escápula. Para resistência, coloca-se pressão contra o antebraço em uma direção descendente à mesa; - Trapézio fibras superiores: o paciente deve estar sentado, e o examinador posicionado atrás dele. O paciente deve ser orientado a aproximar a nuca do ombro, mantendo a face virada na direção oposta. O examinador coloca uma pressão contra o ombro na direção da depressão e contra a cabeça, na direção da flexão anterolateral. Cotovelo Os movimentos que acontecem na articulação do cotovelo são a flexão e a extensão. Os músculos flexores são o bíceps braquial, braquial e braquiorradial. A extensão é realizada pelo tríceps braquial. Os movimentos de pronação e supinação não acontecem na região do cotovelo, mas na articulação radioulnar. Estes, associam-se tanto à articulação de cotovelo quanto à articulação do punho e, didaticamente, são abordados juntos. O bíceps braquial é o principal músculo responsável pela supinação, auxiliado pelo músculo supinador. A pronação fica por conta dos músculos pronador quadrado e pronador redondo: - Bíceps braquial e braquial: o paciente pode estar posicionado em decúbito dorsal ou sentado. O examinador coloca a mão sob o cotovelo do paciente para protegê-lo contra a pressão da mesa. O examinador deve solicitar ao paciente uma flexão do cotovelo em ângulo reto ou levemente inferior, mantendo a supinação. Para resistência, deve-se colocar uma pressão contra a porção inferior do antebraço, na direção da extensão. A supinação favorece a ação do músculo bíceps, devido à direção de suas fibras. No caso do músculo braquial, a supinação ou pronação não afetam sua ação. Não é possível isolar a ação destes músculos devido à sua localização; - Braquiorradial: coloca-se o paciente em decúbito dorsal ou sentado. O examinador coloca a mão sob o cotovelo do paciente para protegê-lo contra a pressão da mesa. Deve-se solicitar ao paciente a flexão do cotovelo, com o antebraço em posição neutra, entre a pronação e a supinação. Para resistência, deve-se colocar uma pressão contra a porção inferior do antebraço na direção da extensão; - Tríceps braquial: deve-se colocar o paciente em decúbito ventral, com o ombro em abdução de 90º. Peça ao paciente que faça a extensão do cotovelo até uma posição levemente inferior à extensão completa. Para resistência, coloca-se pressão contra o antebraço, na direção da flexão. Pode-se, também, testar esse músculo em decúbito dorsal, com o ombro em aproximadamente 90º de flexão, com o membro superior perpendicular à mesa. Pede-se ao paciente uma extensão do cotovelo até uma posição levemente inferior à extensão completa. Para resistência, coloca-se uma pressão contra o antebraço, na direção da flexão; - Pronadores redondo e quadrado: coloque o paciente sentado ou em decúbito dorsal. O cotovelo deve ser mantido bem ao lado do paciente ou ser estabilizado, para evitar a abdução do ombro. Pedir ao paciente a pronação do antebraço, com o cotovelo parcialmente flexionado. Para resistência, coloca-se pressão na porção inferior do antebraço, acima do punho (para evitar a torção do punho) e na direção da supinação do antebraço. Se quisermos testar o pronador quadrado isoladamente, repetimos o teste com o cotovelo completamente flexionado para tornar a cabeça umeral do pronador redondo menos eficaz, por ficar em uma posição encurtada; - Supinador: para diminuir a participação do músculo bíceps braquial, podemos colocar o músculo em uma posição de alongamento ou de encurtamento. Para testar o supinador com o bíceps alongado, o paciente deve estar sentado ou em pé e o examinador deve manter o ombro e o cotovelo do paciente estendidos. Deve-se pedir ao paciente que faça a supinação do antebraço, colocando uma pressão na extremidade distal do antebraço, acima do punho, na direção da pronação. Para testar o músculo com o bíceps em uma posição encurtada, o paciente deve estar em decúbito dorsal, enquanto mantém o ombro em flexão, com o cotovelo completamente flexionado. Deve-se pedir ao paciente que faça a supinação do antebraço, enquanto o examinador coloca pressão na extremidade distal do antebraço, acima do punho, na direção da pronação. Punho e dedos O punho realiza os movimentos de flexão, extensão, abdução ou desvio radial e adução ou desvio ulnar. Os dedos fazem movimentos de flexão, extensão, adução e abdução, e o polegar diferencia-se dos demais dedos por realizar também a oponência. Os principais músculos dessa região são: - Flexor ulnar do carpo: coloque o paciente sentado ou em decúbito dorsal. Mantenha o antebraço dele em supinação, apoiado na mesa ou sustentado por você (o examinador). Solicite ao paciente a flexão do punho em direção ao lado ulnar. Para resistência, coloque pressão contra a eminência hipotenar, na direção da extensão ao lado radial; - Flexor radial do carpo: coloque o paciente sentado ou em decúbito dorsal. Mantenha o antebraço dele em posição um pouco antes da supinação completa, apoiado na mesa ou sustentado por você (o examinador). Peça ao paciente a flexão do punho em direção ao lado radial. Coloque pressão contra a eminência tenar, na direção da extensão ao lado ulnar; - Extensores radiais longo e curto do carpo: coloque o paciente sentado com o cotovelo a aproximadamente 30º de flexão. Mantenha o antebraço dele apoiado sobre a mesa em posição pouco abaixo da pronação completa. O paciente deve fazer uma extensão do punho em direção ao lado radial com os dedos fletidos. Aplique uma pressão contra o dorso da mão, ao longo dos 2º e 3º metacarpos, na direção da flexão no lado ulnar - Extensor radial curto do carpo: coloque o paciente sentado, com o cotovelo totalmente flexionado e com o tronco inclinado para frente. O antebraço deve estar apoiado em posição pouco abaixo da pronação completa. Deve-se pedir ao paciente a extensão do punho em direção ao lado radial. O examinador deve colocar pressão contra o dorso da mão, ao longo do 2º e 3º metacarpos, na direção da flexão do lado ulnar; - Extensor ulnar do carpo: coloque o paciente sentado ou em decúbito dorsal. Mantenha o antebraço dele em pronação completa, apoiado na mesa ou sustentado por você. O paciente deve fazer a extensão do punho emdireção ao lado ulnar. O examinador coloca pressão contra o dorso da mão, ao longo do 5º metacarpo, na direção da flexão para o lado radial; - Flexor profundo dos dedos: o paciente deve estar sentado ou em decúbito dorsal. Mantenha o punho dele em discreta extensão. O examinador estabiliza as falanges proximal e média. O paciente realiza a flexão da articulação interfalangeana distal (IFD) do 2º, 3º, 4º e 5º dedos da mão, uma por vez. A pressão dever ser colocada contra a superfície palmar da falange distal, na direção da extensão; - Flexor superficial dos dedos: o paciente deve estar sentado ou em decúbito dorsal. O examinador estabiliza a mão do paciente com o punho em posição neutra ou em discreta extensão. Deve-se realizar a flexão da interfalangeana proximal com a interfalangeana distal estendida, do 2º, 3º, 4º e 5º dedos, testando uma de cada vez. A pressão deve ser feita contra a superfície palmar da falange média, na direção da extensão; - Extensor dos dedos: coloque o paciente sentado ou em decúbito dorsal. O examinador estabiliza o punho, evitando a extensão completa. O paciente realiza a extensão das metacarpofalangeanas do 2º ao 5º dedos da mão, com as interfalangeanas relaxadas. A pressão deve ser colocada contra as superfícies dorsais das falanges proximais, na direção da flexão. TESTES MUSCULARES DA COLUNA VERTEBRAL Na região cervical da coluna vertebral estão presentes músculos que permitem movimentos da cabeça em todas as direções, e garantem estabilidade em várias posições. Os movimentos realizados pela região cervical são flexão, extensão, flexão lateral ou inclinação e rotação. As regiões torácica e lombar compõem as partes superior e inferior do tronco, respectivamente. Os músculos dessa região são responsáveis pela estabilidade e bom alinhamento da coluna vertebral e atuam em conjunto com os músculos da pelve Flexores anteriores do pescoço: neste grupo, temos os músculos longo da cabeça, longo do pescoço e reto anterior da cabeça. Participam como auxiliares desse movimento o esternocleidomastoideo, escaleno anterior, supra-hioídeos e infra-hioídeos. Para testá- los, o paciente deve estar em decúbito dorsal, com os cotovelos flexionados e mãos acima da cabeça, repousando sobre a mesa. Os músculos abdominais devem estar contraídos para dar estabilização ao movimento. No entanto, se for necessário, o examinador deve estabilizar o tórax. Ele deve solicitar a flexão da coluna cervical pela elevação da cabeça da mesa, com o queixo deprimido e levado em direção ao esterno. A resistência é realizada contra a fronte, na direção posterior; - Flexores anterolaterais do pescoço: os músculos testados são o esternocleidomastoideo e os escalenos. O paciente deve estar em decúbito dorsal, com os cotovelos flexionados e as mãosao lado da cabeça, repousando sobre a mesa. Se os músculos abdominais não forem suficientes para estabilizar o movimento, o examinador deve apoiar o tórax do paciente. Solicita-se o movimento de flexão ântero-lateral do pescoço (flexão com a cabeça virada para o lado). A resistência deve ser oferecida contra a região temporal da cabeça, obliquamente na direção posterior; - Flexores póstero-laterais do pescoço: os músculos que participam deste teste são, principalmente, o esplênio da cabeça, esplênio do pescoço, semiespinal da cabeça, semiespinal do pescoço e eretor da espinha cervical. O paciente deve estar deitado em decúbito ventral, com os cotovelos flexionados e as mãos acima da cabeça, repousando sobre a mesa. O paciente deve fazer a extensão póstero-lateral do pescoço, com a face virada para o lado que estiver sendo testado. Para resistência, é colocada pressão contra a face póstero-lateral da cabeça, na direção ântero-lateral; - Quadrado do lombo: o paciente deve estar em decúbito ventral e, do lado a ser testado, o membro inferior deve ser posicionado em discreta extensão e abdução suficiente para ficar alinhado com as fibras do músculo quadrado do lombo. O paciente deve realizar a elevação da pelve, enquanto o examinador traciona o membro inferior, opondo-se diretamente à linha de tração do músculo; - Extensores do tronco: neste teste, atuam os músculos eretores da espinha, auxiliados pelo latíssimo do dorso, quadrado lombar e trapézio. O paciente deve estar em decúbito ventral, com as mãos cruzadas atrás das nádegas ou atrás da cabeça. O examinador estabiliza os membros inferiores contra a mesa. Solicita-se ao paciente a extensão do tronco até a amplitude de movimento total do indivíduo. A resistência é oferecida pela força da gravidade e pela posição das mãos; - Abdominais superiores: são os músculos responsáveis pela flexão do tronco. O paciente deve estar deitado em decúbito dorsal com os membros inferiores estendidos. A falta de flexibilidade da musculatura posterior do tronco pode restringir a mobilidade e, por isso, deve ser examinada para que não seja interpretada como fraqueza muscular. O paciente deve iniciar o enrolamento do tronco, mantendo a pelve retificada até o ponto máximo de ação dos músculos abdominais e, sem interromper o movimento, iniciar a flexão do quadril até sentar-se. A resistência ao movimento é oferecida, inicialmente, pelo peso da cabeça, parte superior do tronco e pelos membros superiores colocados em várias posições. A flexão do quadril oferece forte resistência aos músculos abdominais. A graduação é um pouco diferente da encontrada na escala de Oxford, citada anteriormente: o Grau normal: com a mãos cruzadas atrás da cabeça, o paciente é capaz de flexionar a coluna vertebral e mantê-la flexionada, enquanto entra na fase de flexão do quadril e chega à posição sentada. Se necessário, os pés podem ser mantidos para baixo, pelo examinador, durante a fase de flexão de quadril; o Grau bom: com os membros superiores cruzados no tórax, o paciente é capaz de flexionar a coluna vertebral e mantê-la flexionada, enquanto entra na fase de flexão do quadril e atinge a posição sentada. O momento que exige mais força é justamente quando os músculos flexores do quadril começam a elevar o tronco; o Grau regular (+): com os membros superiores estendidos para frente, o paciente é capaz de flexionar a coluna vertebral e mantê-la flexionada, enquanto entra na fase de flexão do quadril e atinge a posição sentada; o Grau regular (-): com os membros superiores estendidos para frente, o paciente é capaz de flexionar a coluna vertebral, mas é incapaz de manter a flexão enquanto entra na fase de flexão do quadril. Abominais inferiores: os músculos abdominais inferiores são responsáveis pela manutenção da retificação da pelve durante a elevação dos membros inferiores, a partir do decúbito dorsal. Participam dessa ação o reto abdominal e as fibras laterais do obliquo externo. O paciente deve estar deitado em decúbito dorsal, e o examinador o auxilia a elevar os membros inferiores até a posição vertical, mantendo os joelhos esticados. Deve-se solicitar ao paciente que retifique a pelve e mantenha a retificação enquanto desce as pernas lentamente. A força será graduada de acordo com a capacidade de manter a região lombar retificada sobre a mesa, durante o abaixamento lento dos membros inferiores. A Figura 2 ilustra a graduação da força dos músculos abdominais inferiores. O paciente inicia com as pernas a 90º e vai descendo até próximo de zero: TESTES MUSCULARES DA FACE E OLHOS Os músculos faciais também são denominados músculos da expressão ou da mímica. A maioria destes músculos é inervada pelo nervo facial. Eles trabalham em conjunto e são responsáveis por movimentos, como fazer careta, levantar a sobrancelha, sorrir, franzir a testa, olhar de surpresa etc. (KENDALL et al., 2007). Os testes desses músculos diferenciam-se dos demais e, por essarazão, não são necessárias posição de teste, fixação e resistência por parte do examinador. Em vez disso, solicita-se que o paciente imite expressões faciais do examinador ou de uma fotografia. Os principais testes dos músculos faciais e oculares são ilustrados na Figura : Perimetria de membros superiores e inferiores A perimetria, ou medida de perímetros, consiste na medida da circunferência de um membro a partir de um ponto anatômico previamente estabelecido. É um método simples e barato, que permite a identificação de mudanças na dimensão dos membros. Tal mudança pode ocorrer em função de edemas e de alterações no trofismo muscular (CARVALHO et al., 2006). Essa medida deve ser realizada de forma simétrica, de modo a permitir a comparação entre os membros e a evolução ao longo do tratamento. É indicado que as medidas sejam feitas pelo mesmo examinador, para minimizar erros de medida entre observadores. No entanto, na impossibilidade de manter o examinador, é fundamental a padronização e registro dos locais a serem medidos no prontuário do paciente. Para a realização do procedimento, deve-se utilizar uma fita métrica com medida em centímetros. A partir do ponto de referência, deve-se envolver toda a circunferência e registar o valor obtido no prontuário. Orienta- se esticar a fita métrica e passá-la por trás do segmento a ser medido, apoiar uma ponta de fita e fechar a circunferência deixando justo, mas sem apertar demais. O conhecimento da anatomia palpatória é necessário, já que os pontos de referência são medidos a partir das estruturas ósseas. São utilizadas de duas a três medidas ao longo de cada segmento corporal. A escolha de qual segmento corporal medir está relacionada à queixa e ao quadro clínico do paciente. Por exemplo, se um paciente estiver com uma lesão nos joelhos, será importante fazer a perimetria de MMII, mais especificamente de coxa. Já em um edema pós mastectomia, será necessária a perimetria de MMSS. Além da perimetria, a técnica de deslocamento de água (DA) é amplamente utilizada para avaliação do edema, sendo considerada um método bastante confiável. Ela se baseia no princípio de Arquimedes, que determina que um objeto imerso na água desloca uma quantidade de líquido semelhante ao volume daquele objeto. Para o procedimento, o membro será imerso em um reservatório com água de tamanho compatível com o tamanho de membro a ser avaliado. Um recipiente com demarcações é acoplado a ele para coletar a água deslocada (OLIVEIRA et al., 2006). PERIMETRIA DE MEMBROS SUPERIORES As medidas podem ser feitas com o paciente sentado. Deve-se pedir para o paciente despir o membro superior, inclusive tirar pulseiras e relógio. O examinador deve buscar palpar o olécrano (Figura 4). Ele é facilmente visualizado e palpado com a flexão total da articulação do cotovelo. Trata- se da projeção óssea da porção terminal da ulna, de contorno cônico e ápice relativamente agudo (HOPPENFELD, 1987). A partir deste ponto, deve-se usar um lápis dermatográfico para fazer marcações. Dez centímetros acima e teremos a medida do braço mínimo; vinte centímetros acima e teremos a medida do braço máximo. Se voltarmos para o ponto inicial e marcarmos dez centímetros abaixo, teremos a medida do antebraço máximo. Em seguida, deve-se localizar os processos estiloides do rádio e da ulna. Para localizar o processo estiloide do rádio, palpe a extremidade distal do antebraço na porção lateral. Observe um pequeno sulco que delimita o início da mão. Retorne ao ponto mais proeminente que corresponde ao processo estiloide do rádio. O processo estiloide da ulna localiza-se na porção medial, próximo ao dedo mínimo do paciente. Trata-se de uma estrutura mais grosseira e proeminente que o processo estiloide do rádio, sendo facilmente palpada e visualizada. A partir do processo estiloide do rádio, marque 10 cm acima e teremos a medida do antebraço mínimo. E, finalmente, o último ponto avalia a região articular e fica abaixo dos processos estiloides do rádio e da ulna. Portanto, a partir dos pontos marcados, o examinador deve usar a fita métrica e medir a circunferência: - Braço máximo: 20 cm acima do olecrano; - Braço mínimo: 10 cm acima do olecrano; - Antebraço máximo: 10 cm abaixo do olecrano; - Antebraço mínimo: 10 cm acima do processo estiloide do rádio; - Punho: abaixo dos processos estiloides do rádio e da ulna. PERIMETRIA DE MEMBROS INFERIORES Para a realização destas medidas, o paciente deve estar, idealmente, em trajes de banho. As medidas podem ser feitas com o pacientedeitado ou em pé. No entanto, devido a contração muscular presente na postura em pé, há diferença entre as duas medidas. Por isso, deve ser registrado no prontuário do paciente qual a posição escolhida, para que ela possa ser repetida nas avaliações seguintes. Inicialmente o examinador deve localizar o trocânter maior (Figura 6). Para chegar até ele, inicialmente, deve-se localizar as cristas ilíacas (Figura 6). Para isso, com o paciente em pé, fique em frente a ele, com as mãos ao redor da cintura, e faça uma suave pressão para baixo. A estrutura óssea percebida bilateralmente é a crista ilíaca. O trocânter maior pode ser palpado cerca de 10 cm abaixo da crista ilíaca, na região lateral da coxa (HOPPENFELD, 1987). Assinale esse ponto para realizar a perimetria do quadril. O próximo ponto a ser localizado é a patela . Ela é uma proeminência óssea facilmente visualizada na face anterior do joelho. A partir da patela, fazemos as medidas de perimetria de coxa, marcando de 10 em 10 cm acima dela. Essa é a medida mais indicada para medir o trofismo do músculo quadríceps. Em seguida, identifique a fossa poplítea . Ela se localiza na face posterior do joelho, e é delimitada superiormente pelos tendões dos músculos isquiotibiais e inferiormente pelo gastrocnemio. Faça uma marcação 10 cm abaixo da fossa poplítea, para realização da perimetria da perna máxima. As últimas estruturas a serem localizadas são os maléolos lateral e medial (Figura 9). Essas estruturas são bastante proeminentes e se localizam nas extremidades da fíbula e da tíbia, respectivamente, sendo que o maléolo lateral é mais distal que o maléolo medial. A medida da circunferência ao redor dos maléolos é denominada perimetria de tornozelo, e é importante para identificação da presença de edema. Diante da localização dos pontos, portanto, o examinador pode fazer a perimetria dos membros inferiores conforme: - Quadril: toda a circunferência do quadril na altura dos trocânteres - Coxa: de 10 cm em 10 cm acima da patela - Perna máxima: 10 cm abaixo da fossa poplítea - Tornozelo: menor circunferência acima dos maléolos. SINTETIZANDO A avaliação fisioterapêutica é uma etapa muito importante do processo de trabalho do fisioterapeuta. Ela é realizada no primeiro encontro do fisioterapeuta com o paciente e deve se repetir integralmente, ou em partes, sempre que houver necessidade de rever aspectos importantes, verificar se o paciente evoluiu, ou não, e se já se encontra em condições de ter alta terapêutica A primeira etapa da avaliação se chama anamnese, e é uma entrevista em que devem ser coletadas informações relacionadas ao problema trazido pelo paciente e sobre sua saúde em geral. Na segunda etapa da avaliação, o fisioterapeuta irá examinar o paciente por meio de procedimentos específicos. Os testes de força muscular fazem parte do exame físico e irão ajudar na compreensão dos distúrbios do movimento apresentados pelos pacientes. Para isso, deve-se seguir uma técnica cuidadosa, para que não haja erros na interpretação dos seus resultados. Alterações nos volumes dos membros podem ocorrer em função das alterações do trofismo muscular,que são o aumento ou diminuição da massa muscular e da presença de edemas. Para avaliação dessas alterações, podemos usar a perimetria que é um método acessível e de fácil reprodutibilidade.
Compartilhar